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SENTENÇA. O pedido de tutela antecipada foi indeferido (fls. 176) sobrevindo agravo (fls.

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SENTENÇA

Processo nº: 0038369-89.2009.8.26.0053

Classe – Assunto: Procedimento Ordinário - Assunto Principal do Processo << Nenhuma informação disponível >>

Requerente: Luis de Melo Lima e outros RequeridoLitisconsorte

Passivo:

MUNICÍPIO DE SÃO PAULO e Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Alexandre Jorge Carneiro da Cunha Filho

Vistos.

LUIS DE MELO LIMA, ANTONIA VANESSE DE MELO DA SILVA, JEREMIAS VERÍSSIMO DA SILVA, MARTA VICENTE FERREIRA, ELIANA DE ALMEIDA, AMELIA DA CRUZ, JOSE FRANCISCO DA SILVA, LAURICE VIANA DA SILVAF, DELZUITE DE MELO SILVA, ADONIAS SILVA SOUZA, LUCENIA CRISTINA DE SOUZA, CLEONICSE MARQUES COUTINHO, ARACI MARIA TECCO, VALDECI MALHADO DA SILVA FILHO, ANTONIO CARLOS SANTOS LEITÃO, LUIZ CARLOS COSTA SOEIRO, MARIA DA CONCEIÇÃO OLIVEIRA GOMES, EDSON GOMES, SALAUSTIANA FERNANDES LEITÃO, MATINAIR DE SOUZA RIBEIRO, LEONARDO HENRIQUE DAS DORES, qualificado(s) na inicial, ajuizou(aram) ação de Procedimento Ordinário em face de MUNICÍPIO DE SÃO PAULO e Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - CDHU pretendendo que a CDHU seja condenada a integrá-los em programas de interesse social definitivos. Requerem ainda que a Municipalidade lhes concedam os benefícios do Programa Bolsa Aluguel ou outro subsídio até que estejam integrados a programas de habitação, bem como, indenizá-los pelos eventuais prejuízos decorrentes de eventual despejo forçado decorrente de imissão na posse ou em consequência de eventual desapropriação, em razão de suas moradias serem objeto de Ação de Desapropriação pela CDHU. Com a inicial os documentos de fls. 34/175.

O pedido de tutela antecipada foi indeferido (fls. 176) sobrevindo agravo (fls. 209/231).

Citada (fls. 202), a CDHU contestou alegando a litigância de má-fé e a carência da ação em virtude do oferecimento de atendimento habitacional aos moradores dos cortiços (fls.

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246/252). Com a contestação os documentos de fls. 253/278.

Citada (fls. 206), a Municipalidade contestou alegando em preliminar a legitimidade passiva. No mérito, sustenta que o dever de oferecer programas habitacionais de interesse social está limitado à existência de recursos financeiros, sendo legítimo ao Estado estabelecer critérios para os programas de atendimento habitacional e que o pedido tal qual formulado é de absoluta ingerência do Poder Judiciário pois está no campo da discricionariedade da Administração Pública (fls. 233/244).

Designada audiência de conciliação, onde foi dado prazo para que a CDHU informasse sobre o possível atendimento habitacional dos requerentes (seja via aluguel no valor de R$ 400,00, seja via oferecimento de unidade habitacional), solução que deverá perdurar até o fim da ação de usucapião (fls. 328/329). A proposta para a solução amigável não foi aceita pela requerida (fls.334/339) tendo os autores apontado novas exigências para eventual acordo (fls. 341/349). Concedido 15 dias de prazo para a requerida se manifestar novamente.

Sentença de extinção sem julgamento de mérito face a desistência de alguns coautores, prosseguindo-se a ação quanto aos demais (fls. 350).

A nova proposta dos autores também não foi aceita pela requerida, sendo que esta requereu a extinção do feito tendo em vista que a inclusão de cidadãos em programas habitacionais não constitui obrigação legal a ser imposta pelo Poder Judiciário ( fls. 356/359).

Juntados termos de desistência da ação dos requerentes Valdeci Machado da Silva Filho (fls. 362/364) e Eliana de Almeida (fls. 366/368).

É o relatório.

Fundamento e decido.

Passo ao julgamento do feito no estado em que se encontra, por tratar de matéria de direito, estando os fatos devidamente demonstrados nos autos.

Fls. 362/364 e 366/368 – à vista de desistência formulada pelos requerentes Valdeci e Eliana, o feito com relação a estes deve ser extinto sem julgamento do mérito, nos termos do que prevê o art. 267 VIII do C.P.C..

Afasto a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelo Município, à luz do que prevê o inciso IX do art. 23 da Constituição da República.

Também não há que se falar em carência da ação já que a CDHU, embora tenha demonstrado atenção ao problema dos reclamantes (fls. 249/250), não foi assertiva ao reconhecer que estes devem, desde o momento em que saírem do cortiço, ser atendidos até solução habitacional definitiva.

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Isto é, em que pese terem sido oferecidas três alternativas aos requerentes (termo de atendimento futuro, carta de crédito ou ajuda de custo – fls. 248), restou incerto se no dia seguinte à desocupação do local os moradores já terão efetivamente onde estabelecerem nova residência.

Passo à análise do mérito.

Embora este juízo tenha empreendido esforços no sentido de que as partes entabulassem um acordo, única forma de efetivamente resolver rapídamente a lide, que envolve três processos (concomitantemente ao presente corre nesta Vara a ação de desapropriação n° 0102318-92.2006.8.26.0053 promovida pela CDHU e junto à 2ª Vara de Registros Públicos da Capital tramita o processo n° 0005415.09.2010.0100), a tentativa restou infrutífera.

Assim sendo, de rigor o prosseguimento da ação, cabendo a este juízo apreciar o mérito do pedido formulado nesta demanda.

As políticas públicas dirigidas ao atendimento do direito à moradia dos cidadãos não são, via de regra, individualmente exigíveis, já que inseridas em um âmbito maior, de diretriz a ser permanentemente perseguida pelo Poder Público, cuja concretização, paulatina, depende da disponibilidade orçamentária em determinado exercício financeiro.

Por outro lado, o reconhecimento do direito social à habitação, consagrado no art. 6° da Constituição da República, não pode ser tomado como um mero protocolo de intenções, de modo que, dadas as peculiaridades de um caso concreto, o intérprete da Carta Maior pode ser chamado a dar substância ao quanto previsto na Lei Fundamental.

Assim, como medida excepcional, em havendo confrontamento entre direitos de diferentes ordens, entende-se que, dadas as peculiaridades da situação posta à apreciação judicial, uma ação governamental que em princípio seria discricionária acaba ganhando contornos de vinculação.

É o que se dá, em especial, quando pessoas estabelecem moradia precária por longo período em dado local, circunstância agravada pela inépcia da fiscalização a cargo dos agentes estatais, que, apesar de terem o dever legal de agir e de impedir que a ilegalidade persista, inescusavelmente se omitem, contribuindo para gerar fatos consumados, cujos efeitos não conseguem ser simplesmente apagados da realidade.

Dessa forma, ainda que não se possa dar guarida a continuidade de uma situação sem amparo legal, não se pode recusar a um indivíduo efeitos jurídicos de uma detenção continuada, em decorrência da qual este estabeleceu por anos o centro de sua vida civil (domicílio) em determinado imóvel, dado elementar ao exercício da cidadania.

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A partir de tais considerações, sendo incontroverso que os demandantes estão na área há mais de 10 anos, inclusive tendo a própria Administração admitido que ofereceu a possibilidade de os envolvidos serem inseridos em programa de acesso à moradia, tem-se que estes têm direito ao referido atendimento quando deixarem o local, devendo receber o auxílio aluguel no valor previsto para tal programa (atualmente ao que consta R$ 400,00), por prazo indeterminado, até solução habitacional definitiva.

Embora em extensão menor do que a ora estabelecida, em caso análogo o E. Tribunal já se manifestou sobre a impossibilidade da simples retirada de famílias que ocupavam área pública a tempo considerável sem qualquer contrapartida fazendária:

“Agravo de instrumento Possessória - Reintegração de posse - Pretensão a retomada de área pública invadida - Esbulho caracterizado - O poder do particular sobre terras públicas não é posse, mas mera detenção - Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância - A função social da propriedade não pode prevalecer sobre a supremacia do interesse público, que está intimamente ligada ao princípio da finalidade e dele decorrente o sub-princípio da indisponibilidade do interesse público, que tem como efeito a indisponibilidade dos bens públicos, enquanto afetados com essa característica - Obrigatoriedade da Municipalidade amparar a família desalojada, mas ficando desobrigada de incluir os agravados em programa habitacional Recurso provido parcialmente” (TJSP 2ª Câmara de Direito Público Des. Rel. Nelson Calandra AI n° 811.446-5/1-00 data do julgamento 30/06/09) (g.n.).

Quanto à ação de usucapião que está pendente de julgamento junto à 2ª Vara de Registros Públicos, caso reconhecido o direito dos autores quanto ao bem, estes farão jus à indenização pela desapropriação promovida pela CDHU.

Logo, em se alterando à respectiva situação econômica, fica ressalvado o direito de o Poder Público suspender o benefício dirigido aos moradores que efetivamente venham a receber o montante da reparação a ser fixada.

Finalmente, registro que, embora a CDHU afirme que entre as opções que dispõe para contemplar moradores de cortiço não está o pagamento de aluguel, tem-se que tal medida é prevista pela Administração direta para atendimento de pessoas sem moradia, além do que é a mais adequada ao caso, haja vista a possibilidade de ser reconhecido o direito dos demandantes à indenização por perda de propriedade.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE a ação, nos termos do inciso I do art. 269 do C.P.C., para, obrigando as rés, condicionar a saída dos requerentes do local ao recebimento de bolsa aluguel (no valor hoje estabelecido para o referido

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programa junto à Administração), por tempo indeterminado, até solução habitacional definitiva para os envolvidos (carta de crédito para aquisição de imóvel, por exemplo).

As requeridas também deverão buscar meios de facilitar a mudança dos requerentes.

Caso a ação de usucapião promovida pelos demandantes seja julgada procedente, a partir do momento em que lhes for facultado o levantamento da indenização, ficam as rés autorizadas a suspender o benefício habitacional, caso cessada a condição de hipossuficientes.

Havendo sucumbência parcial, as partes deverão partilhar as custas e despesas processuais, sendo que cada qual arcará com os honorários de seu patrono.

Com relação aos requerentes Valdeci Machado da Silva Filho e Eliana de Almeida, JULGO EXTINTA a ação, sem julgamento de mérito, nos termos do inciso VIII do art. 267 do C.P.C., sem condenação nos ônus da sucumbência.

P.R.I.C.

Referências

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