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Epistola Aos Hebreus- Severino Pedro Da Silva

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Academic year: 2021

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anônima, ela traz em seu conteúdo todos os demais pensamentos divinos inseridos nas Escrituras de ambos os Testamentos. De igual modo, as palavras de Paulo encontradas em Atos e nas 13 epístolas que trazem o seu nome, são encontradas também aqui — o que torna esta epístola de uma magnitude

encantadora e esplendorosa.

O pastor Severino Pedro da Silva comentou os 303 versículos da Epístola aos Hebreus, usando interpretações técnicas — lógicas e espirituais —, e nelas destacando Jesus como sendo a figura central em cada cena apresentada: seja ela histórica ou profética. Parabéns a ele e a nós

por esta valiosa obra! São Paulo, 2002 José Wellington Bezerra da Costa

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Prefácio ... ... ... ... ... ... ... 5

1. Mais Excelente do que os Anjos... 9

2. Uma tão Grande Salvação... 35

3. Não Endureçais os vossos Corações... 49

4. O Prometido Repouso .... ... ... 65

5. O Sumo Sacerdote Eterno... ... 81

6. O Caminho da Perfeição ... ... 93

7. Melquisedeque e o Sacerdócio de Cristo ... 115

8. O Novo Concerto... ... ... ... . 139

9. O Tabernáculo... ... . 151

10. Sacrifícios e Ofertas... ... ... . 179

11. Pela Fé... 209

12. Perseverança em meio às Provações... . 243

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I- Introdução

Antes de analisarmos a exegese da Epís­ tola aos Hebreus e sua aplicação prática à vida cristã, é necessário nos a termos ao contexto histórico e aos fatos que levaram o seu autor a escrevê-la. É preciso ainda que observemos suas referências ao Antigo Testamento, pois além da menção de várias passagens de Josué, Juizes, Salmos, entre outros livros, seu conteú­

do está intrinsecamente ligado ao Pentateuco — sobretudo aos livros de Gênesis, Êxodo e Levítico —, em que o autor se baseia para abor­ dar temas como o Tabernáculo, o sacerdócio levítico e o seu simbolismo à obra redentora de Cristo.

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

II. Seu Autor

Há várias opiniões sobre a autoria da Epístola aos Hebreus. Sua mudança de estilo, tanto no início como no final, é bas­ tante diferente das epístolas de Paulo. Vejamos os argumentos apresentados por alguns comentaristas a este respeito:

Clemente de Alexandria afirmou que Paulo escreveu esta carta em hebraico e Lucas a traduziu para o grego. A igreja de Alexandria aceitou a autoria paulina e colocou esta entre as cartas de Paulo. Contudo, outros-expositores não concordam com este pensamento e sugerem uma lista enorme de nomes que pudessem tê-la escrito. Parece que o autor desta carta não era um apóstolo; ou se era, escreveu-a através de um amanuense (Hb 2.3). Nesse caso, Paulo seria então seu autor, porque seus pensamentos estão inseridos nela do começo ao fim:

(Hb 1.2,3; 6.1; I Co 8.6; 2 Co 4.4; Cl 1.15-17); (Hb 2.14-17; 5.8; Rm 5.19; 8.3; G14.4; Fp 2.7,8); (Hb 9.28; I Co 5.7; Ef 5.2); (Hb 8.6; 9.15; 2 Co 3.6-11); (Hb 11.8-12,17-19; Rm 4.17-20; G1 3.6-9); (Hb 2.4; I Co 12.4-11,27-31); (Hb 2.6,9; SI 8; I Co 15.27); (Hb I2.I; I Co 9.24-27, etc.).

As circunstâncias em Hebreus 13 são simplesmente as de Paulo, nas cartas reconhecidas como paulinas. Compare o seguinte:

Hebreus 13.23 com a amizade de Paulo e Timóteo

Hebreus 13.18 com Romanos 15.30; 2 Coríntios 1. 11; Atos 23.1; 24.16; 2 Coríntios I.I2; I Timóteo 3.9; 2Timóteo 1.3

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Hebreus 13.19 com Filemom 22; Filipenses 1.24,25 Hebreus 13.20,25 com Romanos 15.33; I Timóteo 5.28; 2 Timóteo 3.18.

Existem idéias similares em Hebreus com outras cartas paulinas. Por exemplo: Cristologia:

Hebreus 1.3 com Colossenses 1.15

Hebreus 1.2,3,10,11,12 com Colossenses 1.16,17; I Coríntios 8.6 Hebreus 1.4-14; 2.14-17 com Filipenses 2.5- 11; Efésios 1.20-23; Hebreus 2.9; 9.26; 10.12 com I Timó­ teo 2.6; Efésios 5.2; I Coríntios 15.3. Os dois concertos: Hebreus 10 com Colossenses 2.16,17

Hebreus 8.1-6; 4.1,2 com I Coríntios 10.11 Hebreus 7.18 com Romanos 8.3

Hebreus 8.8-12; 7.19; 8.13 com 2 Coríntios 3.9-11

Vários termos usados em Hebreus são similares aos ter­ mos de outras cartas paulinas. Exemplo:

Hebreus 1.5 com Atos 13.33. Esta citação é mencionada por Paulo em Hebreus para referir-se a Cristo, mas não é usa­ da em nenhuma outra passagem do Novo Testamento.

Hebreus 2.4 com I Coríntios 12.4,6,11

Hebreus 2.10 com Romanos 11.36; Colossenses 1.16; I Coríntios 8.6; Hebreus 2.16 com Gálatas 3.29; 4.16

Hebreus 4.12 com Efésios 6.17 Hebreus 6.3 com I Coríntios 16.7

Hebreus 10.19 com Romanos 5.2; Efésios 2.18; 3.12 A autoria paulina foi aceita por Clemente de Alexandria perto do final do século II d.C., e Hebreus foi encontrado

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

numa coleção de livros atribuídos a Paulo, no Egito. Eusébio acreditava que Hebreus fora escrita por Paulo em hebraico e traduzido para o grego por Lucas. Numa passagem de sua

História Eclesiástica, falando das epístolas paulinas, ele disse: “Por

outro lado, é evidente e claro que as catorze cartas [de Roma­ nos aos Hebreus] são de Paulo. Contudo, não é justo ignorar que alguns rechaçaram a Carta aos Hebreus, dizendo que a igreja de Roma não a admitiu por crer que não é de Paulo”.1

Alguns eruditos questionam a não-autoria paulina, porque são encontradas 168 palavras em Hebreus que nunca foram usadas por Paulo em qualquer outra passagem do Novo Testa­ mento, e mais 124 que não aparecem nos escritos de Paulo.

Mas este argumento não invalida sua autoria se quiser­ mos atribuí-la a ele. Talvez sua solicitação pela presença de Marcos, dizendo que ele lhe seria “muito útil para o ministé­ rio” (2Tm 4.11) fosse, sem dúvida, para que este o ajudasse na redação final da Epístola aos Hebreus. Em seus dois últi­ mos anos de vida, Paulo se volta para os seus: os judeus (I Co 9.20-22). E agora seu grande desejo e missão seria convencê- los da superioridade de Cristo sobre a antiga aliança, e tam­ bém da importância do sacerdócio de Cristo, que seria um sacerdócio eterno, segundo a ordem de Melquisedeque, supe­ rior àquele outorgado a Arão e seus descendentes. Marcos te­ ria, então, as qualidades necessárias para ajudá-lo nesta grande tarefa. Ele pertencia à tribo de Levi, tribo esta ligada direta­ mente ao sacerdócio (cf. At 4.36; Cl 4.10). Algumas Bíblias, especialmente pertencentes a edições antigas, traziam em seus títulos: Epístola de S. Paulo aos Hebreus. A BIBLIA SAGRA­ DA, Edição Barsa de 1967, baseada na INTER-AMERICAN COPYRIGHT UNION de 1910, publicada pela Catholic

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Press, traz como título: Epístola de S. Paulo aos Hebreus. Mas a maioria das outras versões não dizem assim. H. Wayne House oferece um gráfico pró-e-contra da autoria desta epís­ tola, além de Paulo, mencionando os seguintes personagens:

Lucas

Argumentos Favoráveis: Existem similaridades de estilo entre os escritos de Lucas e o texto de Hebreus.

• A similaridade de estilos pode ser justificada por uma “atmosfera comum”. Além disso, Hebreus é uma obra mais requintada que Lucas e Atos.

• Os pensamentos paulinos em Hebreus poderiam ser ex­ plicados facilmente, uma vez que Lucas foi companheiro e cooperador do apóstolo.

Argumentos Contrários: Lucas era apenas mais uma das pessoas próximas ao apóstolo; assim, embora isso o torne pro­ vável candidato à autoria de Hebreus, seria apenas mais um entre muitos.

Estêvão

O discurso de Estêvão registrado por Lucas assemelha-se muito ao livro de Hebreus: a revisão da história dos judeus, o chamado de Abraão, a perda da posse da terra, o Tabernáculo construído por ordem divina, a lei mediada por anjos, o cha­ mado para “sair”, a idéia da “Palavra viva”, alusão a Josué e o chamado celestial. As similaridades entre Hebreus e o discur­ so de Estêvão argumentam mais a favor de Estêvão como au­ tor do que do próprio Lucas, embora se presuma que foi Lucas quem escreveu o discurso.

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

Apolo

Argumentos Favoráveis: Apolo era judeu de Alexandria. O autor de Hebreus também era judeu, provavelmente com influência alexandrina.

• Embora as características e circunstâncias demonstrem que Apolo poderia ter escrito a epístola, como não há outros escritos de Apolo para que se faça uma compara­ ção, não há evidência de que ele de fato seja o autor. Ou­ tra pessoa que viveu no século I, anônimo para nós e com as mesmas qualificações, pode ter escrito Hebreus.

• Apolo era homem instruído. O autor de Hebreus era instruído, sendo este o escrito do Novo Testamento de melhor composição grega, sob o aspecto do estilo e da lógica. Nenhuma tradição antiga apóia Apolo como autor. Seria difícil entender a falha da Igreja em Alexandria em preservar tal tradição, se Apolo realmen­ te tivesse escrito. Apoio tinha um ensino preciso acerca de Jesus (At 18.25). O escritor de Hebreus faz uma apresentação exata e precisa a respeito de Jesus. Atos 18.24 em diante nada diz sobre Apolo sendo treinado no pensamento filônico, o qual a Epístola aos Hebreus parece refletir. Apolo é retratado como um dos homens que usavam mais poderosamente o Antigo Testamento (At 18.24). O autor de Hebreus usa de forma poderosa o Antigo Testamento na sua argumentação, demonstran­ do grande capacidade em usar o seu entendimento. Marcos faz 15 citações do Antigo Testamento, Mateus faz 19, Lucas faz 25, e João, no Apocalipse, faz 245, o que também os credencia para tê-la escrito.

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Apolo era fervoroso de espírito, o que também se observa no autor da epístola, que escreve com paixão e “ousadia”. Isso não era condição para que ele escrevesse Hebreus, pois cada crente na Igreja Primitiva era exortado a ser “fervoroso no espírito” (Rm 12.11). Apoio tinha excelente reputação na Igreja Primitiva (cf. At 18; 1 Co 1.12). O contato entre Paulo e Apoio pode explicar as expressões e os pensamentos paulinos e também justificar a menção a Timóteo em Hebreus 13.23.

Argumentos Contrários: Tiago, Cefas e João eram consi­ derados como as colunas na igreja de Jerusalém; eles, e não Apoio, seriam mais credenciados para escrever Hebreus.

Barnabé

Argumentos Favoráveis: Como levita, natural de Chipre (At 4.36), Barnabé estaria qualificado para escrever sobre os regulamentos levíticos da Lei. As características alexandrinas do livro tornam improvável que tenha sido escrito por um judeu de Chipre. Talvez houvesse relação entre Barnabé como o “filho da consolação” (At 4.36) e a “palavra de consolação” (Hb 13.22 — exortação) mencionada pelo autor de Hebreus. A comprovação histórica é precária e de origem ocidental. Esperar-se-ia mais, já que Barnabé era uma figura bem conhe­ cida. A autoria de Barnabé é atestada por Tertuliano, que pa­ rece expressar o consenso (provavelmente romano), e por Gregório de Elvira e Filástrio (bispo de Bréscia no século IV). E improvável que um discípulo posterior em Jerusalém tivesse escrito Hebreus 2, 3 e 4. Barnabé era considerado na Igreja Primitiva como ministro da consolação, o que o capacitaria a escrever Hebreus.

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

Argumentos Contrários: Barnabé não produziu nenhu­ ma obra (existe uma que leva o seu nome, mas é considerada apócrifa) com a qual Hebreus possa ser comparado, de modo que não há prova intrínseca.

Priscila e Áquila

Argumentos Favoráveis: (Com a predominância de Priscila) A qualidade deles como professores foi compro­ vada pelo mestre Apoio (At 18.26). Seu sucesso como pro­ fessores poderia qualificá-los como possíveis autores, mas não deixaram nenhuma obra escrita com a qual Hebreus pudesse ser comparado. Ambos eram intimamente associ­ ados a Timóteo (At 18.5; 19.22; I Co 16.10,19). São ape­ nas dois entre um grande grupo de pessoas relacionadas com Paulo e Timóteo. Se as saudações em Romanos 16.3- 16 são dirigidas a moradores de Roma e se Hebreus foi escrito em Roma, é significativo o fato de que abrigavam uma igreja em sua casa, em Roma (Rm 16.5; cf. I Co 16.10,19). Terem sido membros da Igreja em Roma de ma­ neira alguma os torna prováveis autores. A saudação é am­ bígua; e se é uma saudação para pessoas em Roma, muitos outros também se qualificariam como prováveis autores. As transições entre “nós” e “eu” podem ser explicadas pela dupla autoria. O uso do plural não é prova sólida de dupla autoria, uma vez que Hebreus 13.19 está enfaticamente no singular, assim como 11.32 e 13.22,23. Há uma tendência anti-feminista na maior parte da Igreja pós-apostólica; um exemplo disso é o texto ocidental (especialmente o Códice D), que pode ser responsável pela supressão do nome da autora. A posição significativa das mulheres nos

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ministéri-os de Jesus, de Paulo e da igreja subapministéri-ostólica revela a ati­ tude apropriada que a Igreja tinha para com as mulheres, apesar de alguns líderes provavelmente terem sido contrá­ rios. A menção de mulheres na lista dos heróis, em Hebreus

11, pode refletir a visão de uma mulher.

Argumentos Contrários: A menção de mulheres na lista de heróis também poderia ser feita por um homem, conforme os livros de Lucas 8 e Romanos 16. O tema do peregrino em Hebreus 11.13-16 pode referir-se à expulsão deles de Roma, por ordem do imperador Cláudio. No entanto, não existe evi­ dência histórica que apóie essa alegação. O interesse no Tabernáculo pode provir do fato de terem sido fabricantes de tendas. O interesse no Tabernáculo é tipológico, e não da pers­ pectiva de um fabricante de tendas. Aquila e Priscila, com pre­ dominância de Priscila, foram seus autores, sem apresentar ne­ nhum argumento — pensa-se. O particípio em Hebreus 11.32, o qual nesse caso indica o sexo do autor, revela que este era do sexo masculino. O tom autoritário da epístola falaria contra Priscila como autora, em vista do ensino do Novo Testamento, especialmente o ensino de Paulo (I Co 14.34,35; I Tm 2.11).

Silvano

Entre as mais modernas conjeturas acerca da autoria de Hebreus está Silvano. Silvano pode ser comparado com o mesmo Silas que foi companheiro de Paulo. Ele era conheci­ do da Igreja em Jerusalém, pois de lá foi enviado com Judas, outro ministro do Evangelho, para cooperar na Igreja em Antioquia (At 15.22,34,40). Era também conhecido da Igre­ ja em Roma, tendo estado lá com Pedro durante a escrita de I

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

Pedro (I Pe 5.12). Os eruditos que defendem esta tese sus­ tentam que Silvano, tendo vivido em Jerusalém e sendo judeu, estaria informado acerca do culto no templo.

Além destas, há outras conjeturas sobre o autor deste livro: Timóteo, Clemente de Roma, Filipe, o evangelista, entre outros.2

III. Quando Foi Escrita

Levando em consideração Hebreus 10.1 em diante, pare­ ce que esta epístola foi escrita antes do ano 70 d.C. Neste capítulo, o escritor sagrado faz alusão à adoração no Templo, em Jerusalém, e aos sacrifícios diários que eram oferecidos pelos sacerdotes ordinários e também do sacrifício anual que era oferecido pelo sumo sacerdote pelo pecado, em favor de toda a nação (vv. 1,11). Isso nos leva a entender que o santu­ ário ainda se encontrava de pé. Talvez tenha sido escrita entre os anos 64 e 67 d.C., visto que o ano da morte de Paulo, segundo estima-se, é 68 d.C.

IV Onde Foi Escrita

A passagem de Hebreus 13.4 parece dizer que o autor escreveu esta epístola de algum lugar na Itália. E, se foi Pau­ lo o seu autor, então teria escrito de algum cárcere romano. Antes de seu julgamento como digno de morte pelo tribunal romano, “... Paulo ficou dois anos inteiros na sua própria habitação que alugara...” (At 28.30). Mas parece que todo este período ele dedicou somente para a pregação do Evan­ gelho e para atendimento espiritual àqueles que o procura­ vam. Ali ele “recebia todos quantos vinham vê-lo”. Passados

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os dois anos, Paulo foi condenado à morte — sendo em se­ guida transferido de sua casa para o famoso cárcere Mamertino, construído no segundo século a.C., onde pas­ sou os últimos dias de sua vida. Cremos que ali, solitário, ele escreveu esta epístola, onde nela empregou todo o seu co­ nhecimento espiritual e poder de erudição.

V Propósito para que Foi Escrita

O verdadeiro propósito desta epístola foi para mostrar aos crentes hebreus a superioridade de Cristo e de sua graça sobre o antigo concerto, como sendo um empreendimento “melhor”. E através desta conscientização, encorajá-los a não voltarem para o judaísmo, que havia terminado sua missão justificadora com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Hb 10.9). Jesus é superior. Nos capítulos 1—4 de Hebreus, o escritor enfatiza que Cristo é superior na sua pessoa. Ele é melhor do que os profetas, os anjos, Moisés, Josué e o sábado. Ele é superior aos sacerdotes dos tempos do Antigo Testa­ mento. Cristo é superior como sacerdote. Os capítulos 5—10 relembram aos cristãos judeus que Cristo é superior como nosso Sacerdote. O seu caminho é melhor do que o sacerdó­ cio terrestre, o antigo concerto, os sacrifícios de animais ou as oferendas diárias. Cristo abriu um caminho melhor. Nos ca­ pítulos 11—13, Cristo abriu um caminho melhor para chegar­ mos a Deus; podemos ter fé para crer nEle e em todas as coisas; podemos ter esperança de que nos fará vitoriosos so­ bre todas as nossas provações, e podemos demonstrar amor uns aos outros segundo a medida de amor que Cristo nos deu. Cristo é melhor do que as tradições.

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

Com o passar dos séculos, os judeus tinham criado inú­ meras tradições paralelas aos mandamentos de Deus e algu­ mas de suas ordens. Além do Pentateuco e dos outros livros que compõem o Canon hebraico, existiam as tradições orais e outras obras escritas, repletas de outros ensinamentos que iam sendo adquiridos no dia-a-dia da vida do povo escolhido. Com a presença de Jesus entre eles, algumas destas tradições foram questionadas e rejeitadas pelo novo ensinamento de Cristo. Contudo, observamos que a Igreja do primeiro século d.C. era, na sua maioria, composta de crentes judeus. Isto sem dú­ vida levou alguns deles, que abraçavam a fé em Jesus, a conser­ varem consigo algumas de suas tradições — levando-os a acei­ tarem a fé e ao mesmo tempo, continuarem guardando suas tradições (cf. At 15.1). O autor sagrado mostra-lhes que “... se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Isto não somente incluía a velha natureza, que agora em Cristo fora substituída por uma nova natureza, mas também as velhas tra­ dições e ordenanças da Lei. Estas também tinham sido subs­ tituídas pela fé e a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que doravante era “o meio” e “a causa” da justificação de judeus e gentios (Jo 1.I7).

VI. Seu Conteúdo

A Epístola aos Hebreus é composta por: • 13 capítulos;

• 303 versículos;

• 6.454 palavras (Edição Revista e Atualizada);

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3.17 [duas vezes], 18; 7.11; 9.14,17; 10.29; 11.32; 12.7,9);

• Citações do Antigo Testamento. Além de seu conteúdo principal, a Epístola aos Hebreus encontra-se pontilhada de citações em seus 13 capítulos. Todos, sem exceção, con­ têm passagens do Antigo Testamento (cerca de 85 ao todo). Algumas dessas passagens envolvem até livros inteiros, quando é desenvolvido um tema. Veja o quadro a seguir: 1. AT: 2 Samuel 7.14; Salmos 2.7; 45.6,7; 104.4; 110.1 = Hebreus 1.5-13

2. Gênesis 33.5; Isaías 8.18; Salmos 8.4-6; 22.22 = Hebreus 2.6-8,12,13

3. Êxodo 12.37-51; Salmos 95.7-11 = Hebreus 3.7-11,15 4. Gênesis 2.2; Josué 11.23; Salmos 95.11 = Hebreus 4.3,4,5,7

5. Salmos 2.7; 110.1,4 = Hebreus 5.5,6,10

6. Gênesis 22.16,17; Salmos 110.1,4 — Hebreus 6.14,20

7. Gênesis 14.18-20; Números 18.21-28; Salmos 110.4 = Hebreus 7.1,2,10,11,15,17

8. Êxodo 25.40; Jeremias 31.31-34 = Hebreus 8.5,8-12

9. Êxodo 24.8; 25— 40; 30.10; Levítico 16; Números 19 = Hebreus 9.1-7,13,14,18-21

10. Deuteronômio 31.6; 32.35,43; Salmos 40.6-8; Habacuque 3.3,4 = Hebreus 10.5-9,30,37,38, etc.

11. Gênesis I; 2 = Hebreus 11.3 Gênesis 4.3-5; 10; 11 = Hebreus 11.4 Gênesis 5.24 = Hebreus 11.5

Gênesis 6.13-22; 7.1-22 = Hebreus 11.7a Gênesis 8.1-22 = Hebreus 11.7b

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

Gênesis 12.6-9 = Hebreus 11.9 Gênesis 21.1-3 = Hebreus 11.11 Gênesis 18.11 = Hebreus 11.12a Gênesis 22.17 = Hebreus 11.12b Gênesis 22.1-19 = Hebreus 11. 17 Gênesis 15.4 = Hebreus 11. 18 Gênesis 27.4-40 = Hebreus 11.20 Gênesis 48.1-20 = Hebreus 11.21

Gênesis 50.24,25; Êxodo 13.19; Josué 24.32 = Hebreus 11.22 Êxodo 2.2,3 = Hebreus 11.23a

Êxodo 1.15,16,22 = Hebreus 11.23b Êxodo 2.II = Hebreus 11.24-26 Êxodo 12.37-41 = Hebreus 11.27 Êxodo 12.1-28 = Hebreus 11.28 Êxodo 14.16-31 = Hebreus 11.29 Josué 6.15,20 = Hebreus 11.30 Josué 6.22,23 = Hebreus 11.31 a Josué 2.1-21 = Hebreus 11.31b Juizes 6—8 = Hebreus 11.32a Juizes 5 = Hebreus 11.32b Juizes 13—17 = Hebreus 11.32c Juizes II; 12 = Hebreus 11.32d

1 Samuel I—31 = Hebreus 11.32e 2 Samuel 1—24 = Hebreus 11.32f Daniel 6 = Hebreus 11.33

Daniel 3 = Hebreus 11.34, etc.

12. Provérbios 3.11,12; Gênesis 25.29-34; 27.1-46; Êxodo 19.12,16; Ageu 2.6 = Hebreus 12.5,16-21,26

13. Gênesis 19.1 -17; Deuteronômio 31.6; Salmos 27.1; 56.4,11 ; Levítico 6.14-19; Números 5.9,10; 19.3 = Hebreus 13.2,5,10,11

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Dos versículos 35 a 40 de Hebreus 11, são apresentadas referências e inferências gerais.

VII. O Primogênito de toda a Criação

1 Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e

de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou- nos, nestes últimos dias, pelo Filho,

O autor sagrado usa aqui uma linguagem geral para re­ presentar o Antigo Testamento, onde Deus falou e se apresen­ tou “aos pais, pelos profetas” de muitas maneiras. Depois ele faz alusão a Cristo como a figura central na inspiração e pre­ paração plenária do Novo Testamento e por extensão, na su­ cessão da Igreja até o arrebatamento.

2 a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.

O pensamento humanista moderno e secular está ligado à teoria da evolução. Basicamente, tal teoria defende que todas as coisas que vemos no mundo que nos rodeia apareceram por acaso, e isso implica a exclusão de toda e qualquer participa­ ção divina. Em contraposição, as Escrituras declaram que a ordem, a diversidade, a complicada interdependência e beleza do mundo natural foram criadas por um Deus vivo e auto- existente, e que na criação houve a participação direta do Fi­ lho, conforme é descrito por Paulo, quando diz: “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, se­ jam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1.15-18).

3 O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela. palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas;

Um dos argumentos defendidos por Tomás de Aquino em sua Suma Teológica, quando aborda as cinco vias que conduzem a Deus, é o da Ordem do Mundo. A prova da ordem do mundo (ou, segundo Tomás de Aquino, o argumento das causas finais) se apóia no princípio da finalidade e toma a seguinte forma: A organização complexa, objetivando um fim, exige uma inteligên­ cia ordenada. Esta prova parte do princípio da ordem universal, através da qual é demonstrado o supremo poder pessoal que exis­ te no Filho de Deus. Essa ordem é evidente: considerado no seu conjunto, o universo nos aparece como uma coisa admiravelmen­ te ordenada, em que todos os seres, todos os elementos, por mais diferentes que sejam, contribuem para o bem geral do universo. Jamais uma estrela, planeta ou cometa entraram na órbita dos outros. A natureza obedece rigidamente às leis estabelecidas por Deus. O universo não ultrapassa qualquer limite além daquilo que lhe foi prescrito. Todo este complexo de seres e coisas encon- tra-se orientado e sustentado “... pela palavra do seu poder”.

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VIII. A Excelência de Jesus acima dos Anjos

4 feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto

herdou mais excelente nome do que eles.

Um dos pensamentos principais do escritor nesta epís­ tola é mostrar a superioridade do Filho de Deus sobre os seres e as coisas, e aqui neste versículo os anjos são tomados nesta contextualização. Cristo herdou mais excelente nome do que estes poderes angelicais, ainda que na esfera celeste seus nomes sejam honrados e admirados (Jz 13.18; Lc 1.19), mas o nome JESUS é nome por excelência! Paulo descreve como este nome é maravilhoso e que foi escolhido por Deus Pai nas esferas da existência, dizendo: “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para gló­ ria de Deus Pai” (Fp 2.9-11).

5 Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? F outra vez: Fu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?

Existem entre os comentaristas das Escrituras discordância no que diz respeito à palavra “hoje”, na passagem em foco. Alguns opinam que ela se refere ao “hoje do tempo”, quando Jesus foi gerado no ventre da virgem; enquanto outros sugerem que ela se aplica ao “hoje da eternidade”, quando Jesus fora gerado no eterno querer de Deus. Nesse caso, o “hoje” aqui se

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus 26

referia à eternidade passada. Não tendo assim, portanto, ne­ nhum vínculo com o tempo presente do calendário sucessivo. Em cerca de 300 d.C., um sacerdote egípcio chamado Ário começou a ensinar que Jesus não era o eterno Filho de Deus, mas simplesmente um ser celestial, criado por Deus antes da criação do universo. Para refutar tal heresia foi criado o Credo de Nicéia, na Bitínia (atual Turquia), em 325 d.C. Ele incluía algumas declarações importantes a respeito de Jesus, para tor­ nar claro que Jesus era tanto homem como Deus, visto que fora “gerado” e não “criado”. Originalmente, o Credo de Nicéia dizia: “Creio em um Deus, o Pai Todo-poderoso, Criador dos céus e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis. E no Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, gerado, não feito, sendo de uma substância como o Pai, por quem todas as coisas foram feitas; que por nós, homens, e nossa salvação, veio dos céus e foi encarnado pelo Espírito Santo no ventre da Virgem Maria, e foi feito homem; foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos. Ele sofreu e morreu e foi sepultado; e no terceiro dia ressusci­ tou, segundo as Escrituras, e ascendeu aos céus, e está sentado á direita do Pai. E voltará de novo, com glória, para julgar tanto os vivos como os mortos, cujo reino não terá fim”. Através deste Credo o arianismo foi condenado, e o próprio Ário foi anatematizado. Depois, acrescentou-se o Espírito Santo como parte da Santíssima Trindade e a única Igreja, cristã apostólica, como regra de fé e modelo de doutrina. Esta outra parte que posteriormente fora adicionada, dizia: “E creio no Espírito Santo, o Senhor e Doador da vida, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; que falou pelos profetas. E creio na única Igreja, cristã apostólica.

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Reconheço um batismo pela remissão dos pecados, e aguardo a ressurreição dos mortos, e a vida do mundo, que vem. Amém”.

6 E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.

De acordo com alguns eruditos das Escrituras, a frase “ou­ tra vez introduz no mundo o Primogênito” aponta claramente para a encarnação de Cristo, acontecimento este que, talvez os anjos, sem uma explicação por parte de Deus, jamais entenderi­ am. Eles foram adoradores de Cristo antes deste período, mas ignorando seu estado de humilhação, quando “... aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fp 2.7). Era necessário, portanto, que Deus, o Pai, ordenasse a estes elevados poderes que Jesus, mesmo tornando- se “menor do que os anjos, por causa da paixão da morte”, o fez por uma necessidade premente da salvação da pessoa humana. Mas Ele continuava o mesmo Deus, em sua natureza e essência, quando era por eles adorado no trono da sua glória. Então, Ele foi por eles (os anjos) aceito sem restrição alguma (cf. I Pe 3.22).

7 E, quanto aos anjos, diz: O que de seus anjos faz ventos e de seus ministros, labaredas de fogo.

Esta citação é tomada por alegoria de Salmos 104.4, que diz: “Faz dos ventos seus mensageiros, dos seus ministros, um fogo abrasador”. Esta figura de linguagem é aqui usada para mos­ trar que os anjos foram criados para serem servos, e não senho­ res, tal como as forças físicas da natureza eram dependentes e

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28

Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

finitas. Houve um tempo em que alguns destes seres caíram na tentação e pecaram, sendo assim levados pelo “vento” da rebe­ lião e consumidos pelo “fogo” do orgulho em seus corações. Mas Jesus em tudo foi submisso ao Pai, e jamais transgrediu um só mandamento ou uma só ordem que dEle tinha recebido. Este era o seu objetivo principal: fazer a vontade de Deus, como Ele mesmo dissera: “... eu desci do céu não para fazer a minha vonta­ de, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38). Com efeito, porém, Ele pode ter sido tentado a fazer algo que fosse contrário à vontade de Deus. Mas não cedeu a tal pensamento contrário à natureza do seu ser. Por esta razão o escritor sagrado conclui: Ele “... em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15b).

8 Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste

pelos séculos dos séculos; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino.

Os gnósticos procuravam degradar o Filho de Deus, di­ zendo que Ele não era Deus, mas apenas uma emanação em processo de evolução. Contudo, o próprio Deus Pai chama seu Filho de Deus. A pessoa que aqui está falando é a mesma que vinha falando nos versículos anteriores e, sem dúvida al­ guma, é a pessoa do Pai, que aqui está em foco! A superiorida­ de do Filho fica demonstrada nesta argumentação sobre os anjos, mostrando a infalibilidade de seu trono e de sua justiça. Cerca de 8 livros do Novo Testamento foram escritos com o propósito de direta ou indiretamente refutarem determinadas heresias gnósticas, que procuravam negar a divindade de Jesus Cristo como sendo Deus. Mas o autor de Hebreus nos apre­ senta Jesus como sendo Deus e igual ao Pai em essência, poder

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e glória e em uma comunhão coeterna, em tudo sendo exalta­ do pelo Pai.

9 Amaste a justiça e aborreceste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros.

Tanto as Escrituras do Antigo Testamento como as do Novo afirmam que Jesus seria um Rei Ungido. Na passagem em foco, parece que alguns anjos foram ungidos por Deus para exerce­ rem missões especiais. Pelo menos o querubim que estava no Jardim do Éden recebera uma espécie de unção para proteger, conforme é depreendido em Ezequiel 28.14, que diz: “Tu eras querubim ungido para proteger, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas” (ênfa­ se do autor). Alguns anjos que permaneceram fiéis ao lado de Deus também foram “eleitos”, o equivalente da palavra “ungi­ dos” (I Tm 5.21), mas nenhum destes seres recebeu uma unção tão especial como aquela que recebera Jesus. Sua unção foi com­ pleta em todas as dimensões da existência (cf. SI 45.7; Is 61.1; Lc 4.18; At 4.27). E, portanto, com este sentido que se destaca a unção de Cristo, quando o autor sagrado afirma: "... Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espirito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do dia­ bo, porque Deus era com ele” (At 10.38, ênfase do autor).

IX. A Criação e o Julgamento do Homem

10 E: Tu, Senhor, no princípio, fundaste a terra, e os

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30

Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

O conceito evolucionista tem oferecido várias explicações sobre o surgimento do universo, incluindo céus e terra, dizen­ do que o aparecimento de céus e terra, com seu sistema cós­ mico, deu-se através de um big bang. Segundo essa teoria, o universo surgiu de uma grande explosão cósmica, o big bang, entre 8 bilhões e 20 bilhões de anos atrás. Até então, as estru­ turas do universo concentravam-se em um único ponto, de temperatura e densidade energética altíssima. Esse ponto ex­ plode — é o instante inicial — e começa assim a sua expansão, que continua até hoje. Nosso ponto de vista se baseia na ade­ são firme das Escrituras. Elas afirmam que os céus e a terra — todo o universo — têm sua origem em Deus, que os criou (Hb 11.3). Qualquer outra explicação além desta não passa de vaga teoria nascida de imaginações vazias, criada simplesmente para confundir a mente e a imaginação das pessoas (cf. I Tm 6.20).

11 eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles,

como roupa, envelhecerão,

Uma vez que o céu superior, onde está instalado o trono de Deus, é eterno, não é, pois, sujeito a qualquer mudança. Cremos que a passagem e transformação aqui em foco se pro­ cessará nos céus atmosféricos e astronômicos. Pedro fala disso em estado de grande expectativa, dizendo: “Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há se queimarão... aguardando e apres- sando-vos para a vinda do Dia de Deus, em que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?” (2 Pe

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3.10,12) Tais acontecimentos terão início durante o período sombrio da Grande Tribulação, quando boa parte do universo visível será abalada por cataclismos iminentes (Ap 6.12-14; 17.20). Contudo, sua consolidação final somente se dará no Dia do Senhor, que por extensão, incluirá também o Juízo Final, quando céus e terra passarão com grande e estrepitoso estrondo, conforme já mencionado (cf. Ap 20.11).

12 e, como um manto, os enrolarás, e, como uma veste,

se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão.

O escritor sagrado continua em sua narrativa descreven­ do a expurgação dos céus e da terra, porém mostrando que nenhuma mudança haverá em Cristo, que para sempre conti­ nuará “o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” em seu ser, em seu caráter e em seu poder. A idéia gnóstica procurava ensinar que existia uma hierarquia de mediadores entre Deus e o ho­ mem, e que para este chegar à presença de Deus, era necessário atingir todos estes degraus de mediações. Com tais heresias, eles excluíam a Cristo do plano eterno da redenção. Porém, as Escrituras afirmam que Cristo é eterno, e o único Mediador entre Deus e os homens. E sendo eterno como Ele o é, Ele é Deus, não estando sujeito nem ao tempo e nem ao espaço.

A eternidade é definida quanto àquilo que é infinito em relação ao tempo. O tempo marca extensão. Deus é eterno! Uma vez que existe pela própria necessidade de sua existência. O tempo marca o início da existência criada; e como Deus nunca teve início de existência, o tempo não se aplica a Ele e nem a Jesus, que possui a mesma natureza do Pai.

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Comentário Bíblico: Epístola aos Hebreus

13 E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha

destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?

Aqui é tomada uma passagem do Antigo Testamento para representar o triunfo de Cristo sobre seus inimigos. Eles serão colocados “debaixo de seus pés” e serão esmagados como vasos de oleiro. Na antiguidade, quando um exército era derrotado, era costume os vencedores colocarem seus pés sobre os pescoços de seus inimigos vencidos, como sinal de extrema e degradante humilhação (SI 110.1). Cristo está assentado à mão direita do Pai, exercendo todo o poder e autoridade, até que seus inimigos, incluindo o último inimi­ go, que é a morte, sejam aniquilados. “Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império e toda a potestade e for­

ça. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte” (I Co 15.24-26).

14 Não são, porventura, todos eles espíritos ministra-

dores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?

Os anjos são nossos conservos e ministram a nosso favor quando são designados por Deus para certas funções, sejam elas terrenas ou celestiais. Contudo, jamais devemos pensar que os anjos são mediadores entre Deus e os homens no que diz respeito à salvação. Tal posição de mediador pertence

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so-mente a nosso Senhor Jesus Cristo. “Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, ho­ mem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção...” (I Tm 2.5,6). Pedro, quando argüido diante da Suprema Corte ju­ daica acerca da pessoa de Jesus e de suas obras miraculosas, disse: “... Em nenhum outro nome há salvação, porque tam­ bém debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12).

1 CESARÉIA, Eusébio de, História Eclesiástica, CPAD, Rio de

Janeiro, 1999.

2 HOUSE, Wayne. H., O Novo Testamento em Quadros, Editora

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Uma tão Grande Salvação

I. A nossa Salvação

1 Portanto, convém-nos atentar, com mais

diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos delas.

O escritor agora procura voltar a atenção para aquilo que acabou de ser dito no capítulo primei­ ro acerca da elevada dignidade de Cristo e sobre seu poder de salvar. Ele chama a atenção dos san­ tos para que atentem “com mais diligência” para o grande valor da salvação que tinham recebido por meio do Evangelho da graça de Deus. As coisas que eles tinham visto e ouvido eram suficientes para lhes garantir a certeza de que Jesus era o

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Cris-to, o Filho de Deus, e que seu sacrifício expiatório tinha sela­ do um novo pacto, feito por meio do seu sangue. Desviar-se, portanto, destas coisas, era voltar as costas para o maior e melhor benefício de Deus a eles concedido, que doravante eram justificados em Cristo, sem o rigor da Lei (cf. Rm 10.4). “Desviar-se” é o inverso de “enviado”, e a vontade de Deus no procedimento cristão é que cada crente seja um enviado. As­ sim falou o Senhor Jesus depois de sua ressurreição, quando dava instruções aos seus discípulos: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21).

2 Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu ajusta

retribuição,

A palavra proferida pelos anjos em ambos os Testamen­ tos, anunciando castigos ou determinando bênçãos, foi pro­ nunciada em várias ocasiões; mas a lei de Moisés, conforme depreendemos de textos e contextos sagrados, deve aqui es­ tar em foco. Estêvão lembrou aos judeus, dizendo: “Vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes” (At 7.53). E em Gálatas 3.19, Paulo diz que a Lei “... foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro”. Era crença comum entre os judeus dos últimos dias que a Lei fora mediada por meio dos anjos. Essa Lei era firme — era a Palavra de Deus —, e sua violação produziria sofrimentos apropriados, como punição. Ainda que Deus seja tardio em irar-se, contudo chega o momento em que Ele põe termo à sua misericórdia, para aplicar a sua correção reparadora. Em alguns casos isso envolve apenas um indivíduo em

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particu-Uma tào Grande Salvação

37

lar; mas em outros, envolve nações inteiras. Essas punições são justas, e não explosões arbitrárias de vingança, pois sua própria justiça vindicava a Lei.

3 como escaparemos nós; se não atentarmos para uma

tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a

ouviram;

A palavra “salvação” encontra-se nas páginas do Novo Testamento com profundo significado e infinito alcance, e no texto em foco seu significado assume uma posição ainda mais elevada pelo expressivo termo “grande”. Isso se deu porque mui grande foi o nosso pecado (SI 19.13). A reden­ ção em Cristo, o perdão dos pecados, a transformação se­ gundo a sua imagem através da santificação, a glorificação e toda a plenitude de Deus, e a vida última alcançada em Cris­ to, são razões que tornam a redenção em “grande salvação”, porque esta foi efetuada por um grande Salvador, Jesus Cris­ to, o nosso Senhor. Por esta razão podemos dizer: “Bendito o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo! E nos levantou uma salvação poderosa...” (Lc 1.68,69). As­ sim, “... onde o pecado abundou, superabundou a graça; para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo, nos­ so Senhor” (Rm 5.20,21).

4 testificando tamhém Deus com eles, por sinais, e

milagres, e várias maravilhas, e dons do Espirito Santo, distribuídos por sua vontade?

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Aqui neste versículo está em foco a operação miraculosa do Espírito Santo em ambos os Testamentos, mas a ênfase maior recai do Pentecostes ao período quando esta epístola estava sendo escrita, quando as manifestações dos dons espirituais eram evidentes em cada reunião. No entanto, as bênçãos mate­ riais em plenitudes também são aqui adicionadas nas vidas cristãs e por extensão, nas vidas de outros povos. Paulo lembrou aos povos da Licaônia, dizendo: “... [Deus] não se deixou a si mes­ mo sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e de ale­ gria o vosso coração” (At 14.17). E em Efésios 3.20, Paulo acrescenta: “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, se­ gundo o poder que em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus Cristo...” (ênfase do autor). E ainda em Filipenses 4.19, o apóstolo reforça o mesmo significado do pensamento, quando diz: “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus”.

II. Cristo e sua Natureza Divina

5 Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de que falamos;

Este mundo vindouro de que fala o texto será adminis­ trado pelo Filho de Deus. Ele é quem será exaltado ali, e não os anjos ou outro personagem da esfera terrena ou celestial. O mundo futuro era concebido pelos judeus para indicar o reino messiânico de Cristo; mas aqui indica algo que vai mais além: ele inclui também o estado eterno, quando tanto o Filho como o Pai serão “tudo em todos” (cf. I Co 15.28). Na esfera celestial,

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Uma tão Grande Salvação 39

onde não existe disputa pelo poder, ganância por grandeza ou ostentação, tudo é tratado em sentido comum. Por esta razão, “há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chama­ dos em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef 4.4-6). Por isso nos é dito que aqueles que praticam o mal, não “... [têm] herança no Rei­ no de Cristo e de Deus”. Assim, fica evidenciado que o Reino eterno, onde Jesus será o Soberano Dominador, pertence tanto a Deus Pai como a seu Filho Jesus Cristo (Ef 5.5).

6 mas, em certo lugar, testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites?

Certa vez, alguém testificou, usando o trecho de Salmos 8.4-6, que diz: “Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos e de glória e de honra o coroas- te. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés”. Esta passagem fala de Cristo em primeiro plano e também fala do homem. Porém, podemos ver a questão da ênfase aqui — o que é dito do princí­ pio ao fim deve aplicar-se tanto a Cristo como aos homens, pois Ele se tornou verdadeiro homem, compartilhando perfeitamente da posição humana. Era impossível que Cristo morresse sendo apenas Deus — porque Deus não pode morrer (I Tm 6.16). Ele possui em sua natureza a imortalidade. Portanto, Cristo se humanizou para poder morrer e assim, por meio de sua morte, poder salvar os homens.

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7 Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, de glória e de honra o coroaste e o constituíste sobre as

obras de tuas mãos.

A linguagem aqui empregada dignifica tanto a pessoa de Cristo como sua obra redentora em favor dos homens. Cristo, por amor de nós, sendo Deus — se fez homem; sendo Senhor — se fez servo, sem queixar-se — se fez pobre, sendo divino — se fez humano, sendo Senhor dos anjos; por amor dos pecado­ res, se fez menor do que eles, quando “... aniquilou a si mes­ mo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mes­ mo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Fp 2.7-9). Existem várias manei­ ras através das quais alguém pode conseguir alguma espécie de glória e honra. Uma delas pode ser técnica — preparada por alguém que dispõe dos meios e das circunstâncias. Pode ser também por usurpação — por alguém que, usando de meios ilícitos e esperteza, consegue atingir uma posição elevada aos olhos humanos. E pode ser, ainda, por merecimento — como aqui, no caso de Cristo. Ele foi coroado de glória e de honra pelo Pai, porque é digno de toda a honra e de toda a glória!

III. O Reino Eterno

5 Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora, ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas;

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Uma tào Grande Salvação 41

O total domínio de Cristo começará seu processo de acele­ ração no princípio de formação do reino milenial, quando a dispensação da plenitude dos tempos terá início, e quando Deus “tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef 1.10). Já no Armagedom, a grande vitó­ ria de Cristo sobre o Anticristo e suas hostes aponta para esse tempo do fim, quando todos os inimigos do Filho de Deus entrarão num processo acelerado de enfraquecimento. Cristo reinará. Todos os seus inimigos, sejam eles humanos ou angelicais, serão destruídos. “Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força” (I Co 15.24). Quando isso acontecer, “... então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (v. 28).

9 vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora Jeito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.

Estes seres celestiais já contam na presente era com a feli­ cidade da vida última, isto é, são seres imortais. Esta capaci­ dade lhes dá condição de serem superiores aos homens, que são seres mortais. Porém, quanto à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, são inferiores a Ele em cinco pontos. Ainda que por um pouco de tempo, “Jesus... fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte” (Hb 2.9).

1o — Os anjos são “criaturas” de Deus. Ainda que chama­

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original peculiar ao Senhor Jesus, que é chamado de “O unigênito Filho de Deus”. Por este motivo, Jesus foi “feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1.4).

2° — Em razão da adoração, os anjos são inferiores a Cris­ to; eles são adoradores, enquanto Cristo é adorado!

3° — Os anjos são ministros da salvação; Jesus é o Autor da salvação. Isso certamente o coloca acima de qualquer posi­ ção angelical.

4° — Os anjos foram criados; Cristo é o Criador.

5o — Os anjos são súditos; Cristo é o Senhor. Ora, tanto

no passado como no presente, e, mormente no futuro, os an­ jos foram, são e serão súditos do Reino de Deus, porém Cris­ to foi, é e sempre será o soberano Senhor (Hb 2.5-9).

IV O Cristo Glorificado

10 Porque convinha que aquele, para quem são todas as

coisas e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse, pelas aflições, o Príncipe da

salvação deles.

O Filho de Deus, quando se humanizou, despojou-se de toda a sua glória que tinha com o Pai. Por cuja razão Ele orou, dizendo: “... agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”. Mais adiante, continuando sua Oração Sacerdotal, nosso Senhor diz ao Pai que repartiu com seus discípulos a glória que dEle havia recebido: “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um” (Jo 17.5,22). Portanto, este privilégio de se

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apre-Uma tào Grande Salvação 43

sentar ao Pai levando consigo “muitos filhos à glória” lhe pertence por direito e por resgate. Uma vez que a missão de Cristo foi completada, Ele foi glorificado. Contudo, esta missão foi consumada por meio de suas aflições. “Porventura, não convinha que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?” — assim afirma o texto de Lucas e o contexto que temos aqui neste versículo (Lc 24.26).

11 Porque, assim o que santifica como os que são

santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos,

O direito de filiação divina dar-se-á para aqueles que aceitam a Jesus como Salvador. A esses, Jesus “... deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jo 1.12,13). A partir daí, dentro da comunidade cristã, o termo “irmão” é usado para indicar o amor mútuo, a compaixão e o respei­ to por aqueles que confiam em Cristo e pertencem à mesma família espiritual. Os anjos não são chamados de nossos irmãos, porque pertencem a uma outra ordem elevada, isto é, uma ordem espiritual. Mas na esfera do trabalho para Deus, eles são nossos conservos (Ap 22.9). Contudo, o mais importante neste contexto é que aquEle que nos santifica (Jesus) chama-nos de “meus irmãos” e de “meus amigos” (Mt 28.10; Jo 15.14).

12 dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos,

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O louvor, em si mesmo, é um sacrifício que agrada a Deus (Hb 13.15). E Cristo em tudo procurou fazer a von­ tade do Pai, e sempre lhe oferecia este tipo de sacrifício dos lábios, dando-nos assim o exemplo de que até o louvor que a Deus oferecemos deve passar por Ele. É isso que depreendemos de Hebreus 13.15, que diz: “... ofereçamos sempre, por ele [Jesus], a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”. Muitos têm pensado que Jesus era uma pessoa extremamente sisuda. Contudo, pelo contrário, Jesus era bem-humorado. Seu por­ te era impressionante e sua presença sempre inspirava confi­ ança e segurança naqueles que o seguiam. E tudo quanto Ele fazia, o fazia de coração e com toda a pureza e dignidade de sua alma e como forma de gratidão a Deus.

13 E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra

vez: Eis-rne aqui a mim e aos filhos que Deus me deu.

Historicamente falando, parece que o pano de fundo desta primeira citação é a passagem de Salmos 18.2, enquanto na segunda pode estar em foco Gênesis 33.5; Isaía.s 8.18 e João 17.12. A primeira delas deve ser a citação de Gênesis que está em foco, e saiu dos lábios de Jacó, quando disse a seu irmão Esaú: “[estes são] Os filhos que Deus graciosamente tem dado a teu servo”. E a segunda deve ser Isaías 8.18, que diz: “Eis- me aqui, com os filhos que me deu o Senhor...” No dia do arrebatamento, todos os filhos de Deus comparecerão perante o Pai, conduzidos por Jesus, o seu primogênito — e ali Ele dirá aos anjos e também ao próprio Pai: “Eis-me aqui a mim e aos

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Uma tào Grande Salvação

45

filhos que Deus me deu”. Todos estes filhos eram filhos de Deus, mas durante a dispensação da graça foram transferidos por direito e por resgate para nosso Senhor Jesus Cristo. Ele mesmo afirmou que isso fora feito por um ato da própria vontade de Deus, dizendo: “Manifestei o teu nome aos ho­ mens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste, e guardaram a tua palavra” (Jo 17.6).

14 E, visto que os filhos participam da carne e do sangue,

tamhém ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte,

isto é, o diabo,

O Diabo é citado em 7 livros do Antigo Testamento e em 19 do Novo Testamento. Porém, a única ocorrência que temos do seu nome na Epístola aos Hebreus é aqui no versículo 14. A humanidade de Jesus, que o possibilitou de participar “... da carne e do sangue” (tornar-se humano), foi necessária para Ele e benéfica para a humanidade. Somente através deste caminho de humilhação Ele tornou-se capaz de ‘... aniquilar o que tinha o império da morte, isto é, o diabo”. Esse triunfo de Cristo sobre o Diabo e seu império de terror é enfatizado por Paulo, quando diz: “Havendo [Cristo] riscado a cédula que era contra nós nas suas orde­ nanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os prin­ cipados e potestades, os expôs publicamente e deles triun­ fou em si mesmo” (Cl 2.14,15). A cédula que era contra nós era o “império da morte”. Com efeito, porém, este império foi por Cristo aniquilado (Jo 5.24; Ap 2.11).

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13 e livrasse todos os que com medo da morte, estavam

por toda a vida sujeitos à servidão.

O pecado praticado pelo primeiro homem, Adão, fur­ tou da humanidade a verdadeira vida de liberdade, impondo sobre cada criatura humana o silêncio da morte — assim a morte passou a todos os homens...” (Rm 5.12). Este esta­ do de morte e servidão afetou toda a criação e esta passou a gemer. Por esta razão, há uma “... ardente expectação” de cada criatura, esperando a “manifestação dos filhos de Deus”. Este gemido da criação é um gemido doloroso. No entanto, com a morte de Cristo na cruz, se inicia uma nova era de libertação: primeiro para todo aquele que crê no seu nome e aceita seu plano redentor; segundo, numa era futura, que será o Milênio. Deus, por meio de Cristo, libertará sua cria­ ção da servidão que o pecado lhe impôs. E em lugar da ser­ vidão que coloca sua criação num estado triste e inativo, estabelecerá seu Reino eterno de poder e glória, que terá início no Milênio e continuará por toda a eternidade (cf. Rm 8.18-23; 2 Pe 3.13).

16 Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas

tomou a descendência de Abraão.

Ao ser questionado pela mulher samaritana diante do poço de Jacó a respeito do lugar ideal para adoração, Jesus lhe respon­ deu: “Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos ju­ deus” (Jo 4.21,22). Alguns comentaristas opinam que o nome

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Uma tão Grande Salvação

de Adão aqui fosse mais apropriado, para completar a frase: “a descendência de Adão”, pois todos os homens, judeus e genti­ os, são seus descendentes. Entretanto, o nome Abraão talvez seja mais abrangente, indicando todos aqueles que são seus des­ cendentes espirituais, tornando-se assim no “Israel de Deus” (G1 6.16). E, em sentido direto, Cristo é sua “posteridade”. Portanto, o período de preparação para que o plano da reden­ ção se completasse foi confiado não aos anjos, mas à descen­ dência (os judeus) de Abraão, através da qual viria o “descen­ dente” — que é Cristo — para consumar a redenção.

17 Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.

Na Epístola aos Hebreus, Cristo é chamado por vários apelativos no que diz respeito à ordem sacerdotal. Isso demons­ tra sua superioridade em termos comparativos aos filhos de Arão, ou até mesmo a um outro sacerdote de uma ordem ou casta sacerdotal qualquer, terrena ou celestial. Cristo é, portanto: • Um sumo sacerdote (4.15; 5.6,10; 6.20);

• Um fiel sumo sacerdote (2.17);

• Sumo sacerdote da nossa confissão (3.1); • Grande sumo sacerdote (4.14; 10.21);

• Um outro sacerdote [quer dizer, especial: como nem mes­ mo Arão ou Melquisedeque o foram], mas o próprio Fi­ lho de Deus (7.11,28);

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• Sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado (7.26);

• Sumo sacerdote tal — além de qualquer possibilidade que a mente humana possa compreender (8.1);

• Sumo sacerdote dos bens futuros (9.11).

Com respeito, porém, à sua humanidade, Ele se tornou: “semelhante aos irmãos”.

18 Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado,

padeceu, pode socorrer aos que são tentados.

Aprendemos de vários textos sagrados que a tentação em si não é ainda o pecado, mas ela pode conduzir a pessoa ao pecado. Socorrer aqueles que estão sendo tentados faz parte da missão misericordiosa do Filho de Deus. E esse pensamen­ to que encontra-se encravado no texto em foco, quando diz: “... naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode so­ correr aos que são tentados”. Algumas tentações nos sobre­ vêm como verdadeiras flechas inflamadas do maligno, “... mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima [além] do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (I Co 10.13). Em outras ocasiões, elas são neutralizadas antes mesmo de atingir os salvos. E por esta razão que Jesus nos ensinou a orar e mandou também que orasse-mos, dizendo: “... não nos induzas à tentação” e acres­ centa: “... vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 6.13; 26.41). Este “escape”, providenciado por Deus em meio à tentação, é que nos faz triunfar por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

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Não Endureçais os vossos Corações

I. O Sumo Sacerdote da nossa Confissão

1 Pelo que, irmãos santos, participantes da

vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão,

A palavra “confissão”, usada no texto em foco, exprime duas idéias importantes para o cristianismo. Io — Ela traz o sentido da formalidade de

um voto, de um acordo legal, indicando, no vo­ cabulário cristão, a solene lealdade que os homens devem a Cristo como seu Senhor e Salvador. Doravante, sempre envolverá mais do que mera aceitação de um credo, de uma confissão de de­ terminadas doutrinas ou decretos preestabeleci- dos. Em sentido elementar, mas espiritual, é a

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entrega da alma a Cristo, naquela atitude dominada pela fé: “A saber: Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rm 10.9).

2o — Em sentido litúrgico, isso traz em si a idéia de um

confessionário, onde o pecador arrependido busca perdão para seus pecados. No caso dos santos, esse confessionário são os pés de nosso Senhor Jesus Cristo. Jesus foi constituído por Deus como “... apóstolo e sumo sacerdote da nossa confis­ são”. Diante dEle: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I Jo 1.9).

2 sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa.

O próprio Deus falou isso a respeito de Moisés quando argumentava com Arão e Miriã, dizendo: “Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa” (Nm 12.7). Alguns personagens são tomados como figuras nesta epístola para exemplificar aquilo que fizeram de bem ou mal. Veja a lista que se segue, onde são mencionados na primeira citação:

Do lado espiritual: • Deus (1.1), • Os anjos (1.4), • O Espírito Santo (2.4), • Jesus (2.9), • O Diabo (2.14).

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Não Endureçais os vossos Corações

Do lado humano:

• Abraão (2.16), Moisés (3.2), Davi (4.7), Josué (4.8), Arão (5.4), Melquisedeque (5.6), Levi (7.5), Judá (7.14), Abel (11.4), Caim (11.4), Enoque (11.5), Noé (11.7), Isaque (11.9), Jacó (11.9), Sara (11.11), Esaú (11.20), José (11.21), Faraó (11.24), Raabe (11.31), Gideão (11.32), Baraque (11.32), Sansão (11.32), Jefté (11.32), Samuel (11.32), Timóteo (13.23).

Outros foram citados através de seus atos, mas são omiti­ dos seus nomes.

3 Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do

que Moisés quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.

O escritor sagrado retoma aqui nesta passagem o mes­ mo sentimento que já expressara antes no versículo 9 do capítulo anterior, quando afirma: “Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte...” Deus exaltou seu Filho acima de qualquer poder ou autori­ dade, porquanto sua glorificação foi suprema. “O qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-lhe sujei­ tado os anjos, e as autoridades, e as potências” (I Pe 3.22). Qualquer tributo feito a uma casa é uma honra concedida a seu edificador. Aqui, a casa é claramente “a família de Deus” (Ef 3.14,15). Por inferência, Moisés fazia parte dessa famí­ lia. Mas o construtor (cf. Hb 1.2) é Deus, que opera por

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meio do Filho. Cristo é o Senhor da Igreja, que é a sua casa, mas é também seu “fundador e edificador”. Esta casa é cha­ mada de “casa de Deus”, porque do ponto de vista divino, ela é a Igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade, de acordo com aquilo que declara Paulo e também outras de­ clarações similares do Novo Testamento (cf. I Tm 3.15).

4 Porque toda casa é edificada por alguém, mas o que

edificou todas as coisas é Deus.

Deus é declarado nas Escrituras como sendo o grande e admirável construtor do universo. Este conceito se aplica tan­ to ao universo físico como ao universo espiritual. Contudo, o argumento aqui em foco diz respeito à edificação de um edifí­ cio espiritual. Como casa de Deus, a Igreja também é a habita­ ção do Espírito Santo de Deus, coletivamente falando. Tal como nos tempos da Antiga Aliança, o templo era considerado o lugar onde Ele manifestava a sua presença. Portanto, é evidente que a Igreja é sua própria casa: “A qual casa somos nós” (Hb 3.6; I Pe 2.5). Assim, cada ser humano que tem um encontro com Jesus torna-se uma casa “varrida e adornada”, edificada “... para morada de Deus no Espírito” (Lc 11.24,25; Ef 2.22), cumprindo-se assim as palavras de Jesus, quando disse: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23).

5 E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar;

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