O RISCO DE CAPTURA NAS AGÊNCIAS DE
REGULAÇÃO
DOS SERVIÇOS PUBLICOS: UMA
ABORDAGEM
ABORDAGEM
À LUZ DA TEORIA ECONÔMICA
Eliane Rocha de La Osa CabezaO RISCO DE CAPTURA NAS AGÊNCIAS DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS PUBLICOS: UMA ABORDAGEM
À LUZ DA TEORIA ECONÔMICA
AGENDA
1 - Alguns aspectos sobre as Agências Reguladoras Brasileiras 2- Riscos Regulatórios
3- Teoria Econômica
4- Regulação & Captura: Alguns aspectos sobre a possibilidade de coexistência
Agências Reguladoras
1- ALGUNS ASPECTOS SOBRE AS
AGÊNCIAS REGULADORAS BRASILEIRAS
Foram instituídas com a
intenção de:
d Serem um instrumento de Estado e não de governointenção de:
Serem uma organização pública independente d Atuaremcom isenção ao gerir contratos que
transcendem períodos de governo
As agências Reguladoras
1- ALGUNS ASPECTOS SOBRE ASAGÊNCIAS REGULADORAS BRASILEIRAS
Devem atender o trinômio
independência credibilidade Capacidade técnica
Agências Reguladoras
1- ALGUNS ASPECTOS SOBRE AS
AGÊNCIAS REGULADORAS BRASILEIRAS
São autarquias sob regime Recebem os privilégios Possuem sob regime especial privilégios
outorgados pela lei que as criou, bem como os comuns a todas as autarquias Possuem função normativa, função executiva e função judicante
1- ALGUNS ASPECTOS SOBRE AS
AGÊNCIAS REGULADORAS BRASILEIRAS
A produção de normas A REGULAÇÃO ENVOLVE: A produção de normas (FUNÇÃO NORMATIVA) A fiscalização e controle (FUNÇÃO EXECUTIVA) A solução de conflitos (FUNÇÃO JUDICANTE) b
COM VISTAS A ATINGIR O TRINÔMIO INDEPENDÊNCIA, CREDIBILIDADE E CAPACIDADE TÉCNICA, FOI OUTORGADO ÀS AGÊNCIAS EM SUAS RESPECTIVAS LEIS CRIADORAS:
1- ALGUNS ASPECTOS SOBRE AS
AGÊNCIAS REGULADORAS BRASILEIRAS
Autonomia administrativa
Autonomia
Financeira NormativoPoder
Estabilidade de seus dirigentes
2- RISCOS REGULATÓRIOS
RISCOS DE CAPTURA NO ÓRGÃO REGULADOR
Há risco quando o órgão regulador dispõe de quadros técnicos com qualificação
baixa e com remuneração inferior a dos
técnicos da empresa regulada
Há risco quando da aceitação da
assimetria de informações em um nível
acima do razoável (sem auditar ou aplicar métodos que possibilitem a técnicos da empresa regulada aplicar métodos que possibilitem a
redução das assimetrias geradas)
Pode gerar dependência à empresa regulada, Pode gerar impossibilidade prática dos técnicos contestarem a empresa regulada
2- RISCOS REGULATÓRIOS
RISCOS DE “CAPTURA” DO ÓRGÃO REGULADOR
Decorre: Dos objetivos divergentes dos envolvidos no processo regulatório Das assimetrias de informação existentes Das repetidas interações administrativas entre regulador e regulado
2- RISCOS REGULATÓRIOS
A PRINCIPAL CAUSA DOS PROBLEMAS REGULATÓRIOS ESTÁ RELACIONADA À
ASSIMETRIA DE INFORMAÇÕES (envolve 2 dimensões principais)
(envolve 2 dimensões principais)
DIMENSÃO EXÓGENA
Ou seleção adversa: o regulador não
possuir o mesmo nível de informações que
o regulado em relação à fatores exógenos
que afetam a eficiência da concessionária
DIMENSÃO ENDÓGENA
Ou risco moral: somente o regulado
conhece o resultado de determinados
movimentos endógenos, possibilitando a manipulação do esforço pelas concessionárias do serviço, (obtendo
vantagens na revisão dos contratos ou
2- RISCOS REGULATÓRIOS
Mecanismos para tentar reduzir os riscos
(delimitados no próprio marco regulatório)
Não coincidência de mandatos dos diretores Previsão de estabelecimento de canais de comunicação com a sociedade Quarentena Transparência
2- RISCOS REGULATÓRIOS
O RISCO DE CAPTURA PODE SER MINIMIZADO OU ELIMINADO ATRAVÉS: De audiências de conciliação envolvendo Da divulgação permanente dos Da sistematização de audiências públicas conciliação envolvendo governo, usuários e prestadores de serviço permanente dos direitos dos consumidores
Alguns doutrinadores defendem que as agências multissetoriais são teoricamente mais difíceis de sofrer captura
2- RISCOS REGULATÓRIOS
• É fundamental, mas não imprescindível, para afastar o risco de captura e dar legitimidade social às suas iniciativas.
•A ausência de procedimentos transparentes na gestão da agência
TRANSPARÊNCIA NA GESTÃO DAS AGÊNCIAS
•A ausência de procedimentos transparentes na gestão da agência faz com que a sociedade não contemple com seriedade os processos de tomada de decisão com prazos curtos, especialmente quando envolverem aumentos tarifários;
•Num primeiro momento, maquia e afasta o risco de captura, mas
não garante que as ações do regulador sejam tomadas sem a interferência da empresa concessionária.
2- RISCOS REGULATÓRIOS
CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA ANÁLISE DA REGULAÇÃO ECONÔMICA: GRUPOS DE PRESSÃO Visam promover o interesse comum de seus membros. RENT-SEEKING
(ou rendas não-econômicas)
é toda atividade empreendida na disputa por rendas existentes na economia com o detrimento do bem-estar social.
2- RISCOS REGULATÓRIOS
• As práticas de RENT-SEEKING, são determinadas pela atuação
da agência reguladora. Se idônea, nenhum dos grupos de interesse
irá agir de forma a buscar rendas não econômicas;
• Tanto os encarregados pelas normas que orientam a atividade regulatória, quanto os responsáveis pelo controle e fiscalização da regulatória, quanto os responsáveis pelo controle e fiscalização da empresa, podem estar sujeitos à cooptação por parte dos grupos de interesse e envolvidos em atividade de rent-seeking;
Isso, no ambiente regulatório, é conhecido como
2- RISCOS REGULATÓRIOS
Quando uma agência confunde o interesse público com o
interesse privado, não conseguindo atuar de forma
imparcial, por ter sucumbido ao Poder Econômico dos
regulados, passando a defender os interesses destes e não regulados, passando a defender os interesses destes e não mais do interesse público, diz-se que ela foi
3- TEORIA ECONÔMICA
ANTECEDENTES
Os serviços públicos em muitos países, antes das reformas, eram considerados instrumentos de política para brindar favores a
TEORIA DA CAPTURA
considerados instrumentos de política para brindar favores a amigos do partido no poder, existindo muita corrupção;
Uns defendiam a privatização como instrumento para reduzir a corrupção
Outros sinalavam que as características dos setores, a privatização e a regulação poderiam criar oportunidades para a corrupção e pressão dos grupos de interesses
TEORIAS TEORIA POSITIVA DA
ESCOLA DE CHICAGO
Não considera a informação assimétrica e só contempla o
TEORIA DA ESCOLA DE TOULOUSE
MODELO PRINCIPAL-AGENTE
Permite explicar a discrição do
3- TEORIA ECONÔMICA
assimétrica e só contempla o
lado da oferta (o da industria), sem analisar o lado da demanda
(o do regulador)
Permite explicar a discrição do
regulador, a verdadeira fonte de rendas monopolísticas e os motivos pelos quais as industrias têm poder para
influenciar o regulador (foi desenvolvida
a partir da Escola de Chicago)
PARA ANALISAR CORRUPÇÃO E CAPTURA: MODELO PRINCIPAL – AGENTE - CLIENTE
A abordagem da teoria principal-agente está relacionada:
TEORIA DA ESCOLA DE TOULOUSE (Principal-Agente) 3- TEORIA ECONÔMICA tanto à assimetria de informações quanto àquelas relacionadas aos direitos de propriedade Envolve o relacionamento entre dois atores econômicos
FIRMA REGULADA (agente) AGÊNCIA REGULADORA (principal)
CICLO DA AGÊNCIA, SEGUNDO A TEORIA PRINCIPAL-AGENTE: RISCO DE CAPTURA BAIXO
NO INICIO
RISCO DE CAPTURA ELEVADO COM O PASSAR DO TEMPO 3- TEORIA ECONÔMICA
Quando o interesse e a supervisão do
poder legislativo e dos cidadãos
ainda é forte, e a motivação dos
reguladores é alta, regulador frequentemente atua em favor do interesse público
Quando vem diminuindo o interesse no debate público pela regulação e o
contato torna-se costumeiro entre
A CAPTURA PODE SER DIFERENCIADA POR 3 CRITÉRIOS ATOR
ATIVO
TEMPO TRANSCORRIDO
Entre uma captura ex ante e uma captura ex post
DIFERENÇA EXISTENTE
Entre a captura legal e a
captura oculta através de corrupção 3- TEORIA ECONÔMICA corrupção Regulador pode ser capturado pela indústria ou por políticos Pois a captura não tem
por si só uma conotação de ilegalidade. Pode incluir a corrupção, com
atividades legais dentro
do sistema político, o que se conhece como lobby
EX POST ex post, a regulação já está vigente e se tenta capturar o poder executivo EX ANTE a regulação ainda não existe e se tenta capturar o poder legislativo para influenciar no desenho das instituições reguladoras
CORRUPÇÃO E A CAPTURA COM BASE NO MODELO PRINCIPAL – AGENTE – CLIENTE – PAC:
ENVOLVE 4 ATORES 3- TEORIA ECONÔMICA EMPRESAS REGULADAS REGULADOR (ou poder executivo) CIDADÃOS (geralmente os usuários) AGENTES POLÍTICOS (ou poder legislativo)
• Natureza multi-principal da estrutura de governo:
- o regulador pode dividir o controle com a empresa;
- o poder legislativo pode dividir o poder com o regulador;
ANÁLISE DA CORRUPÇÃO E A CAPTURA COM BASE NO MODELO PRINCIPAL – AGENTE – CLIENTE – PAC
3- TEORIA ECONÔMICA
- o poder legislativo pode dividir o poder com o regulador; - a administração e o poder legislativo podem estar divididos em diferentes grupos e agências;
• Na regulação, a definição dos principais (agência reguladora) e dos agentes (Industria) não é nítida;
• Num mesmo nível, um mesmo ator pode trocar de agente
• Toda captura produz efeitos negativos nos objetivos da regulação;
• A captura significa que as regras da regulação se distorcem a favor da empresa às expensas dos usuários ou da sociedade: não se
3- TEORIA ECONÔMICA
favor da empresa às expensas dos usuários ou da sociedade: não se garante a eficiência atributiva (preços reflitam os custos e a sustentabilidade financeira da empresa);
• Não se consegue a eficiência produtiva, porque a corrupção e as atividades de lobby têm custos que se incluem no preço e elevam o custo marginal.
4- REGULAÇÃO & CAPTURA: ALGUNS ASPECTOS SOBRE A POSSIBILIDADE DE COEXISTÊNCIA
MESMO OS SERVIÇOS PÚBLICOS
CARACTERIZAM-SE POR POSSUIREM FALHAS DE MERCADO:
Possuem estrutura Existem fortes Possuem estrutura
de MONOPÓLIO
NATURAL em um
dos anéis da cadeia produtiva
Existem fortes
EXTERNALIDADES
meio ambientais e sociais
4- REGULAÇÃO & CAPTURA: ALGUNS ASPECTOS SOBRE A POSSIBILIDADE DE COEXISTÊNCIA
OS BENS PRODUZIDOS NOS SERVIÇOS PÚBLICOS SÃO ESPECIAIS, PRINCIPALMENTE A ÁGUA E ELETRICIDADE
A eletricidade não pode ser armazenada
A água é um bem essencial e não tem nenhum substituto, - Assim, se há a intenção de envolver o setor privado na prestação destes bens para aproveitar sua excelência de gestão ou atrair capital privado para fazer os investimentos necessários, deve-se considerar as FALHAS DE MERCADO;
4 - REGULAÇÃO & CAPTURA: ALGUNS ASPECTOS SOBRE A POSSIBILIDADE DE COEXISTÊNCIA
ASSIM, A REGULAÇÃO TORNA-SE NECESSÁRIA E HÁ DOIS PONTOS MUITO IMPORTANTES PARA
ESTA DISCUSSÃO
Toda regulação Embora exista Toda regulação implica em oportunidades e incentivos corruptos Embora exista regulação ineficiente,
também existem falhas
de mercado
Essas falhas têm conseqüências tão graves que a corrupção não pode servir de pretexto para deixar
4- REGULAÇÃO & CAPTURA: ALGUNS ASPECTOS SOBRE A POSSIBILIDADE DE COEXISTÊNCIA
• As teorias consideram que o SETOR PRIVADO é por si só
mais eficiente que o SETOR PÚBLICO, e que é melhor deixar o mercado agir;
• O problema das falhas de mercado é real e o governo • O problema das falhas de mercado é real e o governo
deve cumprir um papel ativo para superá-las e garantir um
desenvolvimento eficiente e eqüitativo da economia;
•A alternativa mais apropriada para a produção pública seria a produção privada regulada;
•Num ambiente de privatização, o serviço público requer
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A privatização ocorrida no Estado brasileiro, que demandou a regulação, ocorreu sem uma reforma das funções de
governo que fortalecesse as instituições;
• Isso possibilitou: • Isso possibilitou:
- o incremento de relações corruptas;
- o estabelecimento de monopólios privados; e - o enfraquecimento da credibilidade do Estado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• A crise das agências reguladoras é fato, pois houve
problemas sistêmicos na introdução do modelo
regulatório implantado no Brasil, calcado no modelo norte-americano;
• Como a economia influência sobremaneira o Direito e • Como a economia influência sobremaneira o Direito e não foi feita uma abordagem da regulação à luz do direito
e da economia, o processo regulatório implantado no país já
iniciou em desvantagem;
• Apesar das falhas de mercado terem possibilidades de serem corrigidas pela regulação, ocorrem as falhas de
governo (como a ineficiência, a corrupção, os custos, o
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Se há interesse em envolver o setor privado na prestação dos serviços públicos de forma a aproveitar sua excelência de
gestão ou atrair capital privado para fazer os
investimentos necessários, há que se considerar as falhas
de mercado;
• Abolir a regulação seria entrar no jogo da indústria, ou seja, entrar em mercados com pouca concorrência e com usuários cativos;
• À luz da TEORIA ECONÔMICA constata-se a
CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Uma das soluções para o problema seria minimizar este “mal necessário”, mediante:
- mecanismos e políticas de prevenção no processo de - mecanismos e políticas de prevenção no processo de regulação, ou/e
- adaptação do modelo regulatório para atender as especificidade do Brasil, que poderia ser inclusive alguma mudança no arcabouço regulatório;