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Modelo de gestão de RCD´s em territórios de baixa densidade populacional

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Academic year: 2021

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MODELO DE GESTÃO DE RCD’S EM TERRITÓRIOS DE BAIXA

DENSIDADE POPULACIONAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DO AMBIENTE

PAULA ISABEL GOMES CASTRO

ORIENTAÇÃO:

PROFESSOR DOUTOR CARLOS AFONSO DE MOURA TEIXEIRA UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Biologia e Ambiente

MODELO DE GESTÃO DE RCD’S EM TERRITÓRIOS DE BAIXA DENSIDADE POPULACIONAL

Dissertação de Mestrado em Engenharia do Ambiente

Paula Isabel Gomes Castro

Orientação:

Professor Doutor Carlos Afonso de Moura Teixeira Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Composição do Júri:

Presidente Professor Doutora Edna Carla Janeiro Cabecinha da Câmara Sampaio Professora Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Vogais Professor Doutor Carlos Afonso de Moura Teixeira Professor Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Professora Doutora Cristina Madureira dos Reis

Professora Auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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As Ideias Expressas na Presente Dissertação são da Inteira Responsabilidade da Autora.

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Aos meus pais, António e Dete, os pilares da minha vida.

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I

Agradecimentos

Para que tenha sido possível a realização deste trabalho, há um conjunto de pessoas às quais tenho que prestar os meus agradecimentos.

Em primeiro lugar quero agradecer ao meu orientador o Prof. Doutor Carlos Afonso de Moura Teixeira, Professor auxiliar do Departamento de Biologia e Ambiente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, pela orientação, informação e disponibilidade que teve para comigo, cujo auxilio foi determinante para a organização e revisão do presente trabalho, bem como para a explicação de alguns assuntos relevantes sobre o tema.

À minha família, pelo apoio incondicional que me deram, em especial ao meu marido, aos meus pais, e irmã pela paciência e carinho com que sempre me ouviram e a sensatez com que sempre me apoiaram e ajudaram.

Por fim gostaria de estender os meus agradecimentos a todos aqueles que anonimamente me foram ajudando, fornecendo informações, algumas das quais essenciais para a prossecução deste trabalho.

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III

Resumo

No âmbito da gestão dos resíduos, em geral, urge a problemática dos RCD, cada vez mais actual e de grande importância, sendo o problema ainda mais marcante em zonas de baixa densidade populacional.

Os RCD apresentam uma composição muito heterogénea, motivo pelos quais as suas fileiras devem ser separadas em obra e posteriormente encaminhadas para a indústria recicladora. O planeamento e os meios postos à disposição para a separação dos rcd’s, devem ter em atenção o tipo de obra a que se referem, e a legislação a que está sujeita essa obra, visto que, actualmente, as obras particulares não necessitam de ter um Plano de Gestão de Resíduos. Para o caso de obras particulares, a legislação prevê o encaminhamento controlado desses resíduos, através dos Serviços Municipais ou de um operador autorizado.

Embora a legislação sobre a gestão de rcd’s tenha aligeirado de modo pragmático os deveres dos produtores de rcd’s de obras particulares, cabe às autoridades municipais zelar para que este fluxo (que é pequeno em termos de produção individualizada, mas não o é em termos de conjunto), seja devidamente encaminhado.

Numa análise global complementada pela pesquisa de dados estatísticos e recolhidos junto do município de Chaves, denota-se uma lacuna muito grande no devido encaminhamento desta tipologia de resíduos, uma vez que no Município não existe nenhuma solução para os rcd’s dada pela entidade responsável pela gestão dos resíduos do município, a empresa rede ambiente. Regista-se falta da aplicação da legislação em vigor.

Contudo, com a aplicação do modelo de gestão de rcd’s proposto nesta dissertação será possível a realização de uma gestão adequada destes resíduos no município de Chaves, visto existirem localmente algumas empresas com licença de gestão de algumas tipologias de rcd’s. Para isso acontecer apenas têm que ser criadas sinergias entre as entidades públicas (Câmara Municipal de Chaves e Juntas de Freguesia) e as entidades privadas (Rede Ambiente e empresas com licença de gestão de rcd’s).

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V

Abstract

In the context of waste management, in general, there is an urgent problem of RCD, increasingly topical and of great importance, being even more striking problem in areas of low population density.

The RCD present a very heterogeneous composition, for which reason their ranks should be separated into work and then carried to the recycling industry.

The planning and the resources made available for the separation of rcd's, should note the type of work to which they refer, and laws which govern this work because, currently, the particular works do not need to have a Plan Waste Management.

For the case of private works, the law provides for controlled routing such wastes through the Municipal Services or an authorized operator.

Although the legislation on the management of rcd's has lightened pragmatically duties of producers rcd's private works, it is the municipal authorities ensure that this flow (which is small in terms of individual production, but it is not in terms of set), is properly routed.

A comprehensive analysis complemented by research and statistical data collected from the municipality of Chaves, we denote a very large gap in proper routing of this type of waste, since the city there is no solution to rcd's given by the responsible entity waste management in the municipality, the company network environment. Record the lack of enforcement of existing legislation.

However, with the application of management's rcd model proposed in this dissertation will be possible to perform an appropriate management of this waste in the city of Chaves, since locally there are some companies with license management of some types of rcd's. For this to happen just have to be synergies between public authorities (Municipality of Chaves and Parish Councils) and private entities (Network Environment and businesses with management license rcd's) created.

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VII

Índice

Índice de Figuras………...……….IX Índice de Quadros………...…………XI Siglas e Abreviaturas………...………XIII 1- Introdução………...………...1 1.1- Enquadramento………...……….1 1.2- Objectivos da Dissertação………1 1.3- Organização da Dissertação……….2

2- Abordagem aos resíduos de construção e demolição……….3

2.1- Caracterização dos RCD’s………...3

2.2- Classificação dos RCD’s………..5

2.3- Reutilização, reciclagem e valorização de RCD´s………...6

2.4- Quantificação dos RCD’s………..11

2.5- Impacte ambiental………..………13

3- Enquadramento Legislativo………...21

3.1- Panorama actual na União Europeia………..………21

3.2- Panorama actual em Portugal……….………23

4- Gestão de Resíduos de Construção e Demolição………..……33

4.1- Gestão de RCD's na Europa………...……33

4.2- Gestão de RCD's em Portugal………39

5- Gestão de RCD's em zonas de baixa densidade populacional………49

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VIII

5.2- Caracterização do município de Chaves………56

5.3- Aplicação do modelo criado ao caso de estudo (Município de Chaves) e análise de resultados……….………..59

6- Conclusões………...……67

6.1- Trabalhos futuros……….………..68

7- Referências bibliográficas……….……….69

Anexos………..73

Anexo 1- Modelo de guias de transporte de resíduos de construção e demoliçã……..74

Anexo 2- Anexo I do lei n.º 46/2008, de 12 de Março, alterado pelo decreto-lei n.º 73/2011, de 17 de Junho………...………..77

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IX

Índice de Figuras

Figura 1- Composição dos RCD na zona Norte de Portugal……….. 4

Figura 2 - Percentagem de reciclagem de RCD em relação à quantidade produzida na UE e Noruega………. 9 Figura 3 - Quantidade de RCD gerados anualmente em Portugal………. 11

Figura 4 - Possíveis vias para a reutilização, valorização e destino final dos RCD’s… 24 Figura 5 - Hierarquia da gestão de resíduos defendida pela U.E………... 26

Figura 6 - Casos particulares de entidades responsáveis pela gestão dos RCD………. 27

Figura 7 - Enquadramento legal do transporte de RCD………. 29

Figura 8 - Certificados RCD e Registo no SIRAPA……….. 30

Figura 9 - -Projecto Iguana Verde, em Stavoren……… 35

Figura 10 - Fluxo económico na gestão de RCD………... 38

Figura 11 - Acções do projecto REAGIR……….. 40

Figura 12 - Etapas do Sistema Integrado de RCD proposto pela AMALGA………… 45

Figura 13 - Modelo proposto de gestão de rcd’s em territórios de baixa densidade populacional………... 55

Figura 14 - Localização geográfica de Chaves……… 56

Figura 15 – Deposições ilegais de rcd’s em Chaves……… 58

Figura 16 – Modelo proposto de gestão de RCD’s aplicado ao Município de Chaves…… 63

Figura 17 - Exemplo de aprovisionamento contentorizado de rcd’s em obra……….. 64

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XI

Índice de Quadros

Quadro 1 - Composição dos RCD por tipo de actividade, em percentagem de peso.... 3 Quadro 2 - Diferentes formas de classificação de RCD……….... 5 Quadro 3 - Classe 17 – Resíduos de construção e demolição (incluindo solos

escavados de locai contaminados)………... 7

Quadro 4 - RCD cuja reciclagem é directa e o seu reaproveitamento possível…...….. 10 Quadro 5 - Resumo dos impactes ambientais causados pelo processamento de

agregados naturais e agregados reciclados………... 15 Quadro 6 - Tipos de perigos associados aos RCD………. 18 Quadro 7 - Taxa de produção per capita de RCD’s em países europeus………... 33 Quadro 8 - Variáveis para efeito do cálculo dos indicadores relevantes para o cálculo

de RCD’s……… 51

Quadro 9 – Indicadores compostos com potencial de utilização no cálculo da

produção de RCD’s……… 51

Quadro 10 - Quantidade de resíduos estimados em resultado da utilização dos

indicadores com potencial de utilização pelo respectivo índice de produção de RCD... 52 Quadro 11- Edifícios licenciados por tipo de obra para o ano de 2012. ... 61 Quadro 12- Proporções da composição de rcd’s para 6,88 m3.ano-1.habitação-1……... 62

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XIII

Siglas e Abreviaturas

AMALGA- associação de Municípios Alentejanos para a Gestão do Ambiente APA – Agência Portuguesa do Ambiente

CCP- Código dos Contratos Públicos CFC’s- Clorofluorocarbonetos

CMB- Câmara Municipal do Barreiro

CTVRCD- Centro de Triagem e Valorização de RCD DL- Decreto-Lei

GAR- Guias de Acompanhamento de Resíduos INE – Instituto Nacional de Estatística

LER - Lista Europeia de Resíduos PCB’s- Policlorobifenilos

PERSU- Plano Estratégico Sectorial de Gestão de Resíduos Industriais PPGR- Plano de Prevenção e Gestão de Resíduos

RCD’S- Resíduos de Construção e Demolição

REAGIR- Reciclagem de Entulhos no Âmbito da Gestão Integrada de Resíduos RIP- Resíduos Industriais Perigosos

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos RU- Resíduos Urbanos

SUMA- Serviços Urbanos e Meio Ambiente UE- União Europeia

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1.Introdução

1.1-Enquadramento

O desenvolvimento e crescimento gradativo e desordenado da população mundial e dos resíduos por ela produzidos têm suscitado enorme preocupação no que concerne ao destino final a dar a esses resíduos, não só pelas limitações em termos de espaço e matérias-primas, mas também pelos impactes ambientais e sociais associados. A quantidade de resíduos produzida no país continua a crescer e alguns aterros estão a esgotar-se rapidamente.

Em Portugal a indústria da construção lida anualmente com milhares de toneladas dos mais diversos materiais. Uma fracção desses materiais acaba por ser considerada Resíduos de Construção e Demolição (RCD). Está-se a falar de milhares de toneladas que quer inutilizados no decorrer de novas construções, quer resultantes de restaurações ou demolições de construções existentes, constituem um problema que ainda não tem uma solução aceitável mas que terá necessariamente que ser resolvido, se se quiser que a indústria da construção em Portugal seja sustentável.

O problema de gestão de RCD agrava-se quando se refere às produções geradas por pequenas obras/ reparações/ reconstruções de particulares, que na sua generalidade costumam ser depositados ilegalmente na paisagem.

Em zonas de baixa densidade, a problemática da gestão de RCD torna-se muito mais complexa, visto os municípios não estarem dotados com meios logísticos para a gestão destes resíduos. È assim fundamental dotar os municípios de ferramentas de gestão integradas. Os resíduos provenientes da construção civil, devem ser encarados como uma matéria-prima, que se for aproveitada de forma eficaz, pode gerar mais-valias.

1.2-Objectivos da dissertação

Sendo a problemática dos RCD uma preocupação em Portugal nos últimos anos, o trabalho a desenvolver tem como objectivo conceber e validar um modelo de gestão de RCD para territórios de baixa densidade, valorizando os resíduos da construção civil.

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1.3-Organização da dissertação

Face aos objectivos traçados, a presente dissertação organiza-se em seis capítulos centrais. O capítulo 1 é constituído pelo enquadramento do trabalho e dos objectivos que se pretendem alcançar, assim como pela própria estrutura da dissertação.

O capítulo 2 aborda a classificação e caracterização dos resíduos de construção e demolição, a reutilização, reciclagem e valorização dos rcd’s, assim como a sua quantificação e impacte ambiental.

O capítulo 3 foca o enquadramento legislativo a nível internacional e a nível nacional. No capitulo 4 é feita uma abordagem ás práticas de gestão de rcd’s na Europa e em Portugal.

No capítulo 5 apresenta-se o cerne da dissertação onde se faz uma abordagem à problemática da gestão de rcd’s em zonas de baixa densidade populacional. Neste capítulo propõem-se um modelo de gestão de rcd’s para essas zonas e aplica-se o mesmo a um Concelho com essa problemática, o Concelho de Chaves.

Por fim no capítulo 6, são feitas as considerações finais e apresentadas as principais conclusões obtidas com a realização deste trabalho; são abordados possíveis desenvolvimentos futuros.

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3

2.

Abordagem aos resíduos de construção e demolição

2.1-Caracterização dos RCD’s

De acordo com a definição constante do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro, entendem-se por RCD os “resíduos proveniente de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração conservação e demolição e da derrocada de edificações”.

Neste contexto, os principais tipos de resíduos produzidos são: tijolos, pedras, argamassa e betão; metais; madeira; plástico; vidro; papel e cartão; resíduos perigosos. Pontualmente surgem outros tipos específicos de resíduos, dependendo do tipo de construção e materiais utilizados, como estuque, gesso ou carpetes. São ainda produzidos em obra, resíduos de embalagem (madeira, plástico e cartão ou papel), resíduos produzidos pelos trabalhadores (resíduos orgânicos, latas de alumínio, vidro e papel) e paletes de madeira (normalmente devolvidas e reutilizadas pelos fornecedores) (Jalali, 2006).

Na construção existem diversos materiais que são considerados perigosos, pelo que devem ser processados e transportados com especial cuidado e separados dos restantes RCD. A contaminação dos RCD com estes materiais inviabiliza uma reutilização posterior, passando todos os resíduos contaminados a ser considerados como resíduos perigosos. No caso de edifícios antigos, existe maior probabilidade da existência de materiais perigosos, tais como o amianto, clorofluorocarbonetos (CFC’s) e policlorobifenilos (PCB’s), do que em novos edifícios, uma vez que o controlo destes materiais tem vindo a intensificar-se. Relativamente à gestão do amianto, a sua gestão adequada é imperativa face aos seus efeitos negativos na saúde. Quanto maior a exposição ao amianto, maior a probabilidade de se desenvolver problemas graves de saúde como o cancro do pulmão. Os sintomas demoram vários anos, desde a exposição, até aparecerem.

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4 Quadro 1- Composição dos RCD por tipo de actividade, em percentagem de peso (adaptado de Statistics

Norway, 2006)

Composição Construção Reabilitação Demolição Total

Betão e tijolos 45,79 47,69 84,16 67,24

Madeira 13,67 30,31 6,42 14,58

Metal 1,32 3,59 4,33 3,63

Gesso 6,25 5,72 0,15 2,77

Papel, cartão e plásticos 4,5 0,89 0,27 1,14

Vidro 0,47 0,41 0,12 0,26

Isolamentos 1,87 0,51 0,07 0,49

Amianto - 0,7 0,32 0,38 Outros resíduos perigosos 0,23 0,04 0,04 0,07

Outros 25,89 10,13 4,13 9,44

A estimativa dos diferentes materiais que compõem os RCD provenientes de uma determinada fonte é importante do ponto de vista da previsão da gestão dos custos dos resíduos e/ou receita de venda dos materiais separadamente, sendo para aplicação noutras obras. Alguns materiais constituem importantes fontes de receita, tais como plásticos e metais (Coelho e Brito, 2011a).Tendo em conta que os agentes de reciclagem de RCD cobram taxas de acordo com a densidade que o material apresenta, o nível de contaminante e existência de materiais específicos no RCD, o cálculo da composição de RCD demonstra ser importante para ambas as partes, produtores e gestores da reciclagem de RCD (Coelho e Brito, 2007).

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2.2-Classificação dos RCD’s

Os resíduos de construção e demolição são classificados de diferentes formas. São classificados segundo:

 A Lista Europeia de Resíduos (LER, 2004);  O tipo de obra;

 O tipo de material que se encontra presente;  O destino final dos resíduos.

Quadro 2- Diferentes formas de classificação de RCD (Fonte: Projecto Reagir ,2007).

Classificação segundo a Lista Europeia de

Resíduos

Após a Lista Europeia de Resíduos ter sido transporta para a portaria nº 209/2004, de 3 de Março, os RCD são classificados pelo código 170000, em que os últimos 4 dígitos variam de acordo com o tipo de RCD em questão.

Classificação segundo o tipo de obra

Resíduos de construção – material com origem em novas obras de construção de edifícios e infra-estruturas.

Resíduos de Demolição – material com origem em obras de demolição de edifícios ou infra-estruturas.

Resíduos de Remodelação – material com origem em obras de remodelação ou reparação de edifícios e infra-estruturas

Classificação segundo o tipo de material que se

encontra presente

Resíduos inertes – solo, terra, tijolos, telhas, etc.

Resíduos não inertes – embalagens, plástico, madeira, metal, vidros, etc.

Resíduos perigosos – óleos, tinta, solventes, amianto, etc.

Classificação de acordo com o destino final dos

resíduos

Resíduos reutilizáveis – material que pode ser reutilizado directamente no local da obra ou noutra

Resíduos recicláveis – material que pode ser reciclado

Resíduos não recicláveis – material que, devido às suas características ou por se encontrar contaminado, não pode ser reciclado.

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Legalmente os RCD’s devem ser classificados de acordo com a Lista Europeia de Resíduos - LER, publicada através da Portaria n.º 209/2004, de 3 de Março.

A LER assegura a harmonização e uniformização da identificação e classificação de resíduos, ao mesmo tempo que visa facilitar o conhecimento pelos agentes económicos, do regime jurídico a que estão sujeitos.

Os diversos tipos de resíduos abrangidos na LER são definidos pelo código de seis dígitos para os resíduos e, respectivamente, de dois e quatro dígitos para os números dos capítulos e subcapítulos, sendo os capítulos a fonte geradora de resíduos e os subcapítulos os resíduos gerados.

Os RCD estão associados ao código LER 17 (Quadro 3) — Resíduos de construção e demolição (incluindo solos escavados de locais contaminados).

Os RCD podem ser resultantes de obras de macro escala ou de micro escala (obras privadas de pequenos produtores), sendo que estas são as que traduzem enorme preocupação na gestão dos seus resíduos em territórios de baixa densidade populacional, visto as produções serem de pequena dimensão.

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7 Quadro 3- Classe 17 – Resíduos de construção e demolição (incluindo solos escavados de locais contaminados) (Fonte: Portaria n.º 209/2004 de 3 de Março)

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(*) Resíduos considerados perigosos

Para além dos resíduos constantes no capítulo 17 da LER, existem outros resíduos frequentemente contidos nos RCD denominados fluxos especiais, como sejam:

 resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE);  resíduos de embalagens;

 policlorobifenilos (PCB);  óleos usados;

 pneus usados.

2.3-Reutilização, reciclagem e valorização de RCD´s

Após a produção de rcd’s por uma determinada obra, estes podem ser reciclados ou reutilizados em outras obras ou na mesma de onde estes têm origem.

A reutilização e a reciclagem são estratégias de minimização de resíduos que beneficiam na redução da procura sobre novos recursos naturais; utilizam resíduos que de outra forma teriam como destino final o aterro; e diminuem a energia necessária para a produção de novos materiais. A reutilização comparativamente com a reciclagem é a opção mais vantajosa, pois a sua eficácia na diminuição do desperdício e na procura de recursos é superior. Na reutilização, os materiais reaproveitados não passam por qualquer tipo de processamento, já na reciclagem, os materiais usados são processados para produzirem um novo produto.

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9 Figura 2- Percentagem de reciclagem de RCD em relação à quantidade produzida na UE e Noruega (Fonte:

(Eurostat e ETC/RWM, 2008, com base em relatórios nacionais e estatísticas) (Fischer e Werge 2009)).

A reciclagem de RCD´s é limitada a alguns tipos de resíduos (como se apresenta no quadro 4). Ao considerar um material reciclável, segundo Mindess et al (2003), três grande áreas precisam de ser levadas em consideração: a compatibilidade com os outros materiais; as propriedades do material e a económica. Se se tiver uma visão puramente económica, a reciclagem de RCD´s apenas é atractiva quando o producto reciclado é competitivo com os recursos naturais, relativamente ao custo e à quantidade (Tam e Tam, 2006).

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10 Quadro 4- RCD cuja reciclagem é directa e o seu reaproveitamento possível (Fonte:GTZ-Holcim, 2007)

Material Processo Utilização final

Aço Limpeza Reutilização dos elementos de aço Reciclagem Novos componentes de aço

Alumínio Limpeza Reutilização dos elementos de alumínio Reciclagem Novos componentes de alumínio Plásticos Reciclagem Novos produtos

Limpeza Reutilização dos elementos em janelas, espelhos, entre outros Vidro Britagem Agregados reciclados

Reciclagem Novos produtos Embalagens Reciclagem Novas embalagens

Isolamento Limpeza Reutilizado Reciclagem Novos produtos Placa de gesso

cartonado

Limpeza Reutilizado

Britagem Regulador de solos Reciclagem Novos produtos de gesso

Segundo Hendriks & Janssen, (2003), existe um modelo referente aos RCD com o objectivo de nos guiar para a melhor decisão no que respeita à reutilização/reciclagem ou outro destino deste tipo de materiais. Este modelo é designado por Deltf ladder, dando uma ordem aos resíduos de acordo com o destino:

1. Prevenção;

2. Reutilização na construção; 3. Reutilização dos produtos; 4. Reutilização dos materiais; 5. Aplicações úteis;

6. Imobilização com aplicação útil; 7. Imobilização sem aplicação útil;

8. Combustão com aproveitamento energético; 9. Combustão;

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2.4- Quantificação dos Resíduos de Construção e Demolição

Os RCD significam cerca de 1/5 do total de resíduos produzidos em Portugal, sendo que está de acordo com o que se passa noutros países europeus (Coelho e Brito, 2011b; Symonds Group Ltd, 1999).

Figura 3- Quantidade de RCD gerados anualmente em Portugal (Fonte: 1997,1998 (Mália, 2010);

1999,2001,2002,2007 (Amôeda, 2009); 2004 (Barandas, 2009))

Segundo a APA (2010), no ano de 2005, em Portugal foram produzidos aproximadamente 7,5 milhões de toneladas por ano de RCD. No entanto, de acordo com um estudo desenvolvido na Universidade do Minho, para o mesmo ano aponta uma produção de 3,3 milhões de toneladas de RCD e para o ano de 2004 uma produção 3,1 milhões de toneladas (Barandas, 2009). Como se pode verificar, existe alguma variação de valores estimados, que dependem dos métodos utilizados para a quantificação dos RCD.

Têm sido desenvolvidos diversos métodos no sentido de se encontrar estimativas dos RCD’s produzidos, no entanto, um dos motivos do problema de fiabilidade é o facto de não existir um método único para a sua quantificação, obtendo-se assim valores finais distintos. Apresentam-se de seguida alguns desses métodos (Sepúlveda, 2007):

 Método de contribuição per capita (0,325 t.hab-1) –Este é um dos métodos mais utilizados para o cálculo de quantidades de RCD, e baseia-se num rácio de

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12

contribuição per capita de 325 kg.hab-1.ano-1 (para Portugal). Este método depende muito do nível de desenvolvimento económico, social, assim como outros factores;  Método do índice de volume de produção de resíduos por área de construção (0,12

m³.m-²) , demolição (0,95m3.m-2) -método que utiliza índices de volume de produção de entulhos por área de construção e demolição;

 Método que estima os RCD em função da quantificação de RU (1,65xRU) – Esta metodologia propõe que se estime a quantidade de RCD em proporção à produção de Resíduos Urbanos (RU), o que consiste em multiplicar o valor anual de produção de RU pelo factor 1,65.Método dependente da quantificação dos RU, sendo assim pouco rigoroso;

 Método que utiliza um índice de resíduo, em função do tipo de edifício, do conforto, e das características geométricas (por exemplo 50 kg.m-2 para construção de habitação unifamiliar) – através deste método, apresentado pelo Projecto Wambuco (Manual Europeu de Resíduos da Construção de Edifícios, 2002), poderá determinar-se a quantidade de resíduos que poderão vir a ser produzidos numa obra, ajudando assim no planeamento da gestão de resíduos no seu estaleiro.

Um dos métodos que se pode utilizar será através da contabilização do volume de RCD recolhidos pelas empresas responsáveis pela recolha e transporte dos RCD até à sua deposição final. Este método é baseado em entrevistas feitas às empresas de recolha, através de questionário, onde se estima (NETO, 2004):

 O número de contentores/dia retirados das obras e transportados até à sua deposição final em locais autorizados;

 O número de contentores/mês retirados das obras e transportados até à sua deposição final em locais autorizados;

 A avaliação da capacidade volumétrica dos contentores retirados;

 O cálculo do volume total/mês de RCD através do número de contentores retirados das obras e pela sua capacidade volumétrica.

Outro dos métodos utilizados para a quantificação dos RCD produzidos, foi proposto por Sepúlveda (2007). Neste método trabalha-se com duas variáveis: Áreas Licenciadas segundo tipo de obra (Construção Nova, Ampliação/Alteração, Reconstrução ou Demolição) e através de Índices de Resíduos produzidos segundo o tipo de obra. Este método foi utilizado por este

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autor para a quantificação de RCD produzidos em Portugal com resultados bastante satisfatórios.

2.5- Impacte ambiental

Os impactes ambientais enunciados têm em linha de conta quer aspectos ambientais naturais (físicos, químicos e biológicos), quer aspectos ambientais humanos (sociais e económicos). Estes dizem respeito aos resíduos de construção e demolição, componentes dos RCD e às matérias-primas (recurso natural). Abrangem também, os materiais perigosos, tóxicos ou inertes que compõem os RCD, estejam esses associados apenas à sua presença ou ao processo de produção dos mesmos. As consequências ambientais da reciclagem, reutilização ou eliminação dos mesmos são também contempladas nos impactes mencionados.

Os resíduos de construção e demolição podem causar impacte ao ambiente em níveis distintos, independente do destino que lhes seja dado, ou seja, os RCD irão causar impacte ambiental caso sejam depositados em aterro, reutilizados, reciclados ou incinerados. O impacte causado depende dos materiais que compõem os resíduos.

Neste sub-capítulo aborda-se o impacte ambiental associado aos RCD e tenta-se compreender qual o destino que constitua menor impacte para o ambiente.

Para além da utilização da matéria-prima de origem, ou seja, recurso natural, do tratamento dos agregados naturais através da extracção, processamento e separação destes, geram-se impactes ambientais óbvios. No entanto, para além deste ainda existem impactes associados ao transporte, armazenamento e natureza dos materiais a utilizar/utilizados em determinada obra (Symonds Group Ltd, 1999).

Segundo Symonds Group Ltd (1999), no que se refere aos impactes associados à extracção de recursos naturais, estes dependem em escala e detalhe do recurso a extrair, podendo ser:

 Ruído e poeiras;

 Alguma poluição atmosférica;  Vibração;

 Poluição dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos;  Impactes visuais e estéticos;

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 Mudanças de habitats naturais e possível destruição de artefactos históricos.

A utilização de agregados naturais pode causar impactes para o ambiente como é explicado anteriormente. No que diz respeito à poluição atmosférica, esta pode ser provocada devido ao recurso a explosões, mas mais devido à utilização de motores de combustão interna. Relativamente à vibração, esta pode ser causada, também, pelas explosões, que podem causar a abertura de fissuras nas rochas modificando o percurso de drenagem, provocando poluição nos recursos hídricos subterrâneos. No diz respeito aos recursos hídricos, tanto superficiais como subterrâneos, estes podem ser poluídos e sofrem com isto impacte devido à utilização de lubrificantes e óleos na maquinaria aquando da extracção dos recursos naturais (Symonds Group Ltd, 1999).

Segundo Monteiro (2012), estes impactes podem não ser só ambientais, podem também afectar a saúde pública, assim sendo, alguns destes apresentam-se como impactes na saúde humana, no entanto, nesta dissertação, os impactes na saúde humana tem uma importância secundária, dando mais enfâse aos impactes ambientais de uma forma geral.

Ao propiciar a utilização de agregados naturais, ao invés de agregados reciclados provenientes de RCD, está-se a fomentar a construção de mais aterros ou o alargamento dos existentes e consequentemente o aumento do depósito em aterro. Ainda que a maior parte dos RCD seja inerte, existem sempre impactes associados tanto ao transporte, como à composição, com a existência de alguns materiais nocivos ao ambiente, como gesso (Symonds Group Ltd, 1999). A utilização de agregados de RCD e não agregados primários favorece a escapatória a alguns impactes mas, introduz outros. O impacte dos agregados de RCD na saúde humana seria superior pois a obtenção e reutilização destes é mais provável de ser feita num ambiente urbano. (Symonds Group Ltd, 1999):

Os agregados provenientes dos RCD também causam impactes ao ambiente, tal como os agregados naturais, sendo que há uma coincidência em alguns dos impactes tanto na utilização de agregados de RCD como na utilização de agregados naturais. Relativamente ao impacte ruído e odor, este é causado pela utilização de motores de combustão interna. Os impactes relativos à poluição de recursos hídricos são devidos à utilização de lubrificantes e óleos na maquinaria, tal como nos impactes causados pela utilização de agregados naturais. Relativamente ao impacte visual e estético, este é causado quando o local de

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construção/demolição é numa zona verde ou urbana, tal também acontece com os impactes relativos á mudança de habitats naturais e possível destruição de artefactos históricos se o local de construção/demolição é numa zona verde (Symonds Group Ltd, 1999).

Os impactes ambientais associados ao transporte e entrega de RCD reciclados ou de recurso natural são semelhantes caso o transporte seja feito por estrada. No entanto, caso o RCD possa ser processado e utilizado no mesmo local é posto de parte os impactes associados ao transporte e entrega dos mesmos, mas, é difícil encontrar um local de reciclagem de RCD no mesmo local da utilização dos RCD reciclados, sendo mais provável que o tratamento de fracturação tenha o equipamento no mesmo local da obra. É de importante compreensão que esta informação é relativa à fracção inerte dos RCD, pois é a que se pode reciclar em agregados (Symonds Group Ltd, 1999).

O quadro seguinte resume os impactes ambientais que o processamento dos agregados naturais e agregados reciclados podem causar.

Quadro 5– Resumo dos impactes ambientais causados pelo processamento de agregados naturais e agregados

reciclados (Fonte: Monteiro, 2012)

Impactes Agregados Naturais Agregados reciclados

Ruido e poeiras +++ ++

Poluição atmosférica +++

Vibração ++ ++

Poluição dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos

+++ +

Poluição estética e visual +++ +

Mudança de habitats naturais e destruição de artefactos históricos

+++ +

Legenda: + impacte ambiental

Dentro dos impactes listados anteriormente, denota-se que dependem do processamento dado aos RCD, ou seja, o nível de impacte causado pelo processamento dos RCD depende da intensidade em que são tratados. Também se pode compreender que o impacte mais importante é o associado aos recursos hídricos. Para evitar tal é necessário investir na

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mitigação dos mesmos, desta forma passa a existir um outro tipo de impacte, o impacte económico (Symonds Group Ltd, 1999).

Ambientalmente torna-se mais desejável a reciclagem de RCD em agregados derivados de RCD do que o processamento dos recursos naturais para a produção de agregados naturais, ou seja, é mais nocivo para o ambiente o processamento de recursos naturais para a produção de matéria-prima, que o processamento de RCD para mesmo efeito (Symonds Group Ltd, 1999).

Os RCD são constituídos por vários tipos de materiais, sendo agrupados em diferentes categorias. No entanto, nem sempre estas categorias estão isoladas, sendo possível haver uma mistura de materiais e consequente contaminação e este tipo de contaminação ocorre em locais de construção e demolição. É aqui que está a grande preocupação, principalmente quando a mistura envolve materiais classificados como perigosos, como por exemplo o amianto, alguns metais pesados (como chumbo), solventes e adesivos (Symonds Group Ltd, 1999).

Alguns materiais que compõem os RCD são ideais para a reciclagem e tratamento, com intuito de se tornarem em agregados de RCD, como é o caso dos materiais com o código 170100 da lista europeia de resíduos, no entanto outros materiais não são os mais indicados, tais como o amianto (170105) e o gesso. Os materiais com amianto não são indicados para reciclagem pois libertam fibras perigosas para a atmosfera se esmagados, no caso dos materiais com gesso também não são indicados para a reciclagem em agregados pois, o gesso afecta negativamente a qualidade dos agregados derivados de RCD (Symonds Group Ltd, 1999).

Nos locais de construção ou de demolição podemos encontrar alguns materiais potencialmente perigosos ou tóxicos. Seguidamente são enumerados alguns desses materiais para as respectivas actividades.

Em locais de construção é possível encontrar materiais perigosos, mas também é possível encontrar materiais, que por si só, não são perigosos (alguns adesivos, revestimentos e isolantes), mas a sua interacção com outros materiais perigosos pode torna-los como tal. Estes são alguns dos elementos perigosos ou possivelmente perigosos que podem existir num local de nova construção (Symonds Group Ltd, 1999):

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 Aditivos de betão com base em solventes;  Químicos de impermeabilização;

 Adesivos;

 Emulsões com base de asfalto;  Fibras minerais;

 Algumas tintas e revestimentos;  Madeira tratada;

 Resinas;

 Placa de reboco;

 Garrafas de gás vazias ou parcialmente vazias.

Nos locais de demolição, tal como acontece nos locais de nova construção, também se verifica a presença de materiais perigosos e outros que, por si só, não o são (como lâmpadas de amianto, mercúrio ou sódio), mas quando em contacto com outros materiais de natureza perigosa, tornam-se como tais. Alguns dos elementos perigosos ou potencialmente perigosos que podem estar presentes num local de demolição (Symonds Group Ltd, 1999) são:

 Aditivos de betão com base em solventes;  Químicos de impermeabilização;

 Adesivos;

 Equipamento eléctrico contendo componentes tóxicos;  Refrigerantes com base em CFC;

 Sistemas de combate a fogos com base em CFC;  Materiais biologicamente perigosos;

 Garrafas vazias ou parcialmente vazias.

No que se refere à actividade de remodelação e aos materiais perigosos, existe uma mistura de materiais de construção e demolição, uma vez que a maior parte dos elementos constituintes do edifício sofrem uma alteração considerável. A probabilidade da existência de uma percentagem elevada de materiais perigosos nas actividades de remodelação é superior que nas de construção ou demolição (Symonds Group Ltd, 1999).

Alguns materiais podem não ser perigosos no local mas, tornam-se perigosos dependendo do destino. Por exemplo, algumas madeiras tratadas ou revestidas podem emanar fumos tóxicos

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quando incinerada, por outro lado a madeira não tratada quando reciclada pode diminuir o valor do agregado, aplicando-se o mesmo a vários plásticos e têxteis. O geso quando colocado em aterro pode libertar sulfureto de hidrogénio, um gás ácido, este material quando reciclado pode diminuir a qualidade do agregado (Symonds Group Ltd, 1999).)

O quadro seguinte explica de forma sucinta os tipos de perigos associados aos RCD.

Quadro 6- Tipos de perigos associados aos RCD (Fonte: Symonds Group Ltd, 1999).

Fluxos de Resíduos Exemplos

Alguns fluxos de RCD são perigosos pois os materiais originalmente utilizados contem uma elevada proporção de materiais que são perigosos.

Amianto, chumbo, alcatrões, tinta e resíduos conservantes, adesivos, agentes ligantes e zelantes e certos plásticos.

Alguns materiais tornam-se perigosos como resultado directo do ambiente em que existem á vários anos.

Fabrica onde reacções á superfície entre os materiais de construção originalmente não perigosos e químicos existentes no ar (ou água) poluído associado com processos perto ou dentro da fábrica, resulta na alteração desses materiais para perigosos, e requerendo especial manuseamento e tratamento.

Alguns fluxos de RCD tornam-se perigosos se materiais perigosos são colocados nestes e/ou subsequentemente misturados com estes.

Exemplo clássico das tintas com base de chumbo numa pilha de tijolos e betão, tornando tudo o material perigoso

Segundo Hutter (2000), a forma como alcançar a sustentabilidade ecológica ou ambiental está relacionada com a maneira como lidamos com os resíduos em sociedade. De acordo com um estudo feito pelo Instituto Mundial de Pesquisa, mostra-se que cerca de metade a um terço dos resíduos produzidos anualmente, em países industrializados, volta para o ambiente como resíduo no espaço de um ano (Monteiro, 2012).

De acordo com Klang (2002) citado por Monteiro (2012), demonstra-se que um ciclo fechado de materiais, por reutilização ou reciclagem, nem sempre é o melhor caminho. Por vezes, a

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reciclagem de determinado material produz mais impactes ambientais que o contrário sendo, por isso, importante fazer uma avaliação da gestão dos resíduos antes de tomar alguma decisão.

A gestão de Rcd’s em territórios de baixa densidade populacional intensifica ainda mais essa problemática visto as produções serem diminutas e estarem distanciadas entre si e do local de reciclagem. É pois fundamental ter em conta os custos de recolha de transporte e os métodos de tratamento.

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3-

Enquadramento Legislativo

Na União europeia a legislação específica para os RCD é inexistente, no entanto, alguns países europeus criaram regulamentações de forma a estimular uma adequada gestão de RCD. Contudo, ainda existe uma percentagem elevada de países europeus em que a gestão de RCD se encontra numa fase embrionária, como é o caso de Portugal, que só em 2008 aprovou legislação para regular a produção de RCD.

3.1-Panorama actual na União Europeia

Ao nível da União Europeia, é inexistente legislação especifica para o fluxo de RCD, contrariamente ao que acontece com outros fluxos de resíduos (pilhas, embalagens, veículos em fim-de-vida). Porém, existem linhas estratégicas e programas que foram sendo estabelecidos ao longo da existência da EU.

Actualmente está em curso o Sexto Programa Comunitário de Acção em Matéria de Ambiente, publicado em 2002 (Decisão nº1600/2002/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de Julho de 2002), denominado "Ambiente 2010: o nosso futuro, a nossa escolha"(Miranda, 2009).

Este programa comunitário de acção foca-se em quatro domínios de acção prioritários: natureza e biodiversidade, alterações climáticas, ambiente, saúde, e qualidade de vida e recursos naturais e resíduos.

Para cada um destes domínios são apontados objectivos e metas, sendo identificadas algumas acções com vista a alcançar essas metas. No que refere à gestão dos recursos naturais e dos resíduos o objectivo é garantir que o consumo de recursos renováveis e não renováveis não ultrapasse os limites que o ambiente pode suportar, dissociando o crescimento económico da utilização dos recursos, melhorando a eficácia da sua utilização e diminuindo a produção de resíduos. O objectivo especifico no que respeita ao resíduos é reduzir o seu volume final em 50% até 2050.

Segundo Miranda (2009), para atingir este objectivo têm como plano realizar determinadas acções, conforme é referido na Decisão n.º 1600/2002/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de Julho de 2002.

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 Elaborar uma estratégia para a gestão sustentável dos recursos, estabelecendo prioridade e diminuindo o consumo;

 Eliminar as subvenções que fomentam a excessiva utilização dos recursos;  Fiscalizar a utilização dos recursos;

 Elaborar uma estratégia para a reciclagem dos resíduos;

 Integrar o princípio da utilização eficaz dos recursos no âmbito da política integrada de produtos, dos sistemas de atribuição do rótulo ecológico, dos sistemas de avaliação ambienta, etc.;

 Melhorar os sistemas existentes de gestão dos resíduos e investimento na prevenção quantitativa e qualitativa;

 Integrar a prevenção dos resíduos na politica integrada de produtos e na estratégia comunitária relativa às substâncias químicas.

A Actual Directiva Quadro dos Resíduos /Directiva 2008/98/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Novembro, quebra a linha de pensamento seguida até então, constituindo a nova filosofia europeia em termos de prevenção e gestão de resíduos.

 Minimizar o impacte negativo da produção e gestão de resíduos na saúde humana e no ambiente;

 Harmonizar a legislação a nível europeu, clarificando não só as definições usadas mas também a distinção entre valorização e eliminação, e resíduo e não resíduo;

 Reduzir o uso de recursos e propiciar a aplicação prática da hierarquia de gestão de resíduos;

 A prevenção de resíduos deverá constituir a primeira prioridade e a reutilização e reciclagem deverão ter prioridade em relação à valorização energética dos resíduos;

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Com a publicação desta directiva, a UE passa de uma política que se concentrava essencialmente na eliminação de resíduos para uma que privilegia o uso desses resíduos como subprodutos, de modo a poupar os recursos naturais.

Apesar de a directiva 2008/98/EC não ser específica para nenhum tipo de resíduos, nesta existem duas importantes referências aos RCD:

 na alínea c) do artigo 2.º, onde é excluído do âmbito de aplicação da directiva "o solo não contaminado e outros materiais naturais resultantes de escavações no âmbito de actividades de construção, sempre que se tenha a certeza de que os materiais em causa serão utilizados para efeito de construção no seu estado natural e no local em que foram escavados;"

Nesta referência encontra-se uma solução para os solos de escavações, que representam a maior fracção dos RCD e que, em alguns casos, como descreve a alínea, não deveriam sequer ser considerados como resíduos.

 na alínea b) do n.º2 artigo 11.º, onde se expressa que, "até 2020, a preparação para a reutilização, reciclagem e valorização de (...) resíduos de construção e demolição não perigosos (...) sofre um aumento mínimo de 70% em peso."

Nesta referência são traçadas metas para a reciclagem de RCD que precisa de ser impulsionada na UE, já que, tirando alguns países que apresentam elevadas taxas de reciclagem, a grande maioria continua a não aproveitar convenientemente os resíduos que produz, apresentando taxas de reciclagem muito diminutas.

3.2-Panorama actual em Portugal

O regime jurídico de gestão de resíduos foi aprovado em Portugal pela primeira vez em 1985 através do Decreto-Lei n.º488/85. Este documento incentivava: a menor produção de resíduos; o desenvolvimento de processos tecnológicos que permitissem a reciclagem dos resíduos; a eliminação dos resíduos não reciclados em condições de máximo aproveitamento do seu potencial energético. Porém, a rápida evolução do direito comunitário determinaria a revogação daquele diploma pelo Decreto-Lei n.º310/95, que tratou de operar a transposição para a ordem jurídica interna das directivas europeias, e mais tarde, a revogação deste pelo

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Decreto-Lei n.º 236/97, que estabelecia as regras gerais para uma adequada gestão de resíduos.

Posteriormente, a 5 de Setembro de 2006, surge o Decreto-Lei nº 178/2006, que vem revogar o anterior 236/97, e aplica-se a operações de gestão de resíduos, compreendendo toda e qualquer operação de recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos, bem como às operações de descontaminação de solos e a monitorização dos locais de deposição após o encerramento das respectivas instalações.

Em Portugal, a gestão de RCD foi até ao ano de 2008 regulada pelo Regime Geral de Gestão de Resíduos (Decreto-Lei.º178/2006, de 5 de Setembro), e pela legislação específica referente aos fluxos especiais frequentemente contidos nos RCD. A classificação dos RCD nesta altura era tida como ambígua: eram considerados como um dos fluxos de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no PERSU (Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos), como Resíduos Industriais (RI) pelo PESGRI (Plano Estratégico Sectorial de Gestão de Resíduos Industriais) e, até incluídos na categoria dos Resíduos Industriais Perigosos (RIP). devido à possibilidade da presença de componentes perigosos.

Em 2008 foi aprovada legislação específica para operações de gestão de RCD, através do Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março, que entrou em vigor a 12 de Junho de 2008. Este diploma estabelece o regime das operações de gestão de resíduos resultantes de obras ou demolições de edifícios ou de derrocadas, nomeadamente a sua prevenção e reutilização e as suas operações de recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação, de forma a não constituir perigo ou causar prejuízo para a saúde humana ou para o ambiente.

Este veio especificamente regular toda a gestão da produção de RCD, clarificando algumas dificuldades encontradas para a gestão deste tipo de resíduos no Decreto-Lei nº 178/2006, de 5 de Setembro.

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25 Figura 4 – Possíveis vias para a reutilização, valorização e destino final dos RCD’s. (Fonte: Reis, 2010)

Dentro de todas as formas representadas na (Fig.4), algumas são preferenciais ao abrigo do disposto na legislação comunitária e nacional, por promoverem o reuso e a reciclagem dos resíduos.

No entanto, com algum pragmatismo, fez-se algum esforço de inclusão de quantidades de resíduos que, quer por serem de constituição muito complexa, quer pela diminuta quantidade, quer ainda pela distância do local onde se produzem, tem dificuldade de serem absorvidos por um sistema de gestão mais apropriado.

A situação mais desejada seria a de todo e qualquer RCD produzido fosse canalizado para um operador licenciado, onde é mais fácil verificar-se o encaminhamento mais aconselhado dessa quantidade de resíduo.

O licenciamento da actividade de operador nas actividades de armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação de RCD é regulado pelo Decreto-Lei nº 46/2008, de 12 de Março, e pelo Regime Geral de Gestão de Resíduos definido pelo Decreto-Lei nº 178/2006, de 5 de Setembro, nos artigos 23º a 44º. Os requisitos mínimos para o exercício de operador de RCD constam do Decreto-Lei nº 46/2008, no artº 8º do Anexo I.

Quaisquer das operações acima referenciadas, deixam de carecer de licenciamento desde que executadas na própria obra, ao abrigo do previsto no artigo 13º do Decreto-Lei nº 46/2008, de

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12 Março. As exigências relacionadas com os resíduos tratados na própria obra prendem-se essencialmente com a qualidade final dos mesmos para os fins a que se destinam, e com a hierarquia das operações admitidas.

Tendo em conta a importância de uma abordagem que garanta a sustentabilidade ambiental da atividade da construção lógica do ciclo de vida, são definidas metodologias e práticas a adotar nas fases de projeto e execução da obra que privilegiam a aplicação dos princípios de prevenção e da redução e da hierarquia das operações de gestão de resíduos.

Figura 5- Hierarquia da gestão de resíduos defendida pela U.E. (Fonte: Reis, 2010)

A hierarquia da gestão de RCD engloba um conjunto de acções que devem ser realizadas, de forma, que a gestão de RCD seja eficiente e ambientalmente sustentável (desde a escolha/recepção do material até à produção de resíduos pela actividade escolhida). Isto irá permitir que todos os resíduos produzidos sejam reutilizados na própria obra ou noutras obras e que sejam encaminhados para a reciclagem, impedindo que estes sigam para aterro ou incineração. Por outro lado, o consumo de matérias-primas diminuirá, havendo uma melhor e mais eficaz gestão dos recursos naturais (Mália, 2010).

O decreto-lei nº46/2008, de 12 de Março, considera como princípio fundamental de gestão de RCD’s a prevenção da produção destes resíduos, diminuindo a incorporação de substâncias perigosas na construção, bem como o recurso à triagem na origem e a sistemas de

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reutilização, reciclagem e outras formas de valorização, de maneira a diminuir a quantidade e a perigosidade dos resíduos a eliminar.

A redução é a operação mais eficiente de contribuir para a minimização da produção de resíduos, uma vez que conduz a uma redução de matéria-prima utilizada bem como a uma redução nas embalagens usadas para transportar e compactar o material.

Se nenhuma das operações for possível, os resíduos têm de ser encaminhados para as incineradoras ou depositados em Aterros.

Destas duas, a operação mais viável e que deve ser a primeira opção de encaminhamento final é a incineração ou valorização energética porque ao permitir a redução do volume de resíduos, através da combustão, produz energia eléctrica.

A deposição dos resíduos em aterros, sendo a última das opções de gestão dos resíduos, é a menos desejável pois a valorização dos resíduos é quase nula (Couto e Couto 2010).

O referido decreto-lei veio introduzir a questão da corresponsabilidade na gestão dos RCD’s por parte de todos os intervenientes no seu ciclo de vida.

Figura 6- Casos particulares de entidades responsáveis pela gestão dos RCD (Reproduzido de

[www.apambiente.pt])

Como tal, o artigo 3.º enuncia que os RCD’s produzidos em obras isentas de licença ou de comunicação prévia são da responsabilidade da entidade responsável pela gestão dos resíduos urbanos. Por outro lado sempre que for impossível identificar o produtor do resíduo, a responsabilidade da sua gestão recai sobre o seu detentor. O mesmo artigo refere ainda que a

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responsabilidade destas entidades só deixa de ser vinculativa quando os RCD’s são entregues a uma entidade licenciada para o efeito.

Este quadro legislativo contempla a correta gestão em obra e valorização dos resíduos produzidos, bem como orientação de demolições efetuadas por forma a instituir o princípio de gestão e redução na produção de RCD’s.

O Decreto-Lei n.º 46/2008 prevê que “Os solos e as rochas que não contenham substâncias

perigosas provenientes de actividades de construção devem ser reutilizados no trabalho de origem de construção, reconstrução, ampliação, alteração, reparação, conservação, reabilitação, limpeza e restauro”, ou reutilizados noutra obra sujeita a licenciamento ou

comunicação prévia, na recuperação paisagística de explorações mineiras e de pedreiras, na cobertura de aterros destinados a resíduos ou ainda em locais licenciados pela câmara municipal.

Este diploma estabelece a obrigatoriedade da elaboração de um Plano de Prevenção e Gestão de Resíduos (PPGR) de construção e demolição nas empreitadas e concessões de obras públicas, onde sejam assegurados princípios gerais de gestão de RCD’s e das demais normas aplicáveis. O Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Janeiro que transcreve o Código dos Contratos Públicos (CCP) refere que o plano faz parte dos elementos da solução da obra, nomeadamente do projeto de execução e que o dono de obra é responsável pela correta execução do plano de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição. O supracitado PPGR deve conter: a caracterização da obra a efetuar, com descrição dos métodos construtivos a utilizar tendo em vista os princípios referidos no artigo 2.º e as metodologias e práticas referidas no artigo 5.º do referido decreto-lei; a metodologia para a incorporação de reciclados de RCD’s; a metodologia de prevenção de RCD’s, com identificação e estimativa dos materiais a reutilizar na própria obra ou noutros destinos; a referência aos métodos de acondicionamento e triagem de RCD’s na obra ou em local afeto à mesma, devendo, caso a triagem não esteja prevista, ser apresentada fundamentação da sua impossibilidade; a estimativa dos RCD’s a produzir, da fração a reciclar ou a sujeitar a outras formas de valorização, bem como da quantidade a eliminar, com identificação do respetivo código da lista europeia de resíduos.

Para obras particulares sujeitas a licenciamento ou comunicação prévia, define as obrigatoriedades do produtor, nomeadamente promover a reutilização de materiais e

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introdução de RCD’s na obra; assegurar a existência na obra de um sistema de acondicionamento adequado que permita a gestão seletiva dos RCD’s; assegurar a aplicação em obra de uma metodologia de triagem de RCD’s ou, quando tal não seja possível, o seu encaminhamento para operador de gestão licenciada; assegurar que os RCD’s são mantidos em obra o mínimo tempo possível, sendo que, no caso de resíduos perigosos, esse período não pode ser superior a três meses; cumprir as demais normas técnicas respetivamente aplicáveis; efetuar e manter, conjuntamente com o livro de obra, o registo de dados de RCD’s, de acordo com o modelo constante do anexo II ao presente decreto-lei, do qual faz parte integrante (artigo 11).

O Decreto-Lei n.º 46/2008 de 12 de Março descreve que as operações de RCD’s, nomeadamente valorização, armazenagem, triagem e eliminação estão sujeitas a licenciamento conforme descrito no Decreto-Lei n.º 178/2006 de 5 de Setembro. Por outro lado a deposição em aterro só é permitida após triagem e sendo esta ação sujeita a licenciamento segundo termos do Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de Maio.

Na conceção de obras públicas e empreitadas, o projeto de execução é acompanhado de um Plano de Prevenção e Gestão de RCD’S (PPGR), tendo segundo o artigo 10.º do Decreto-Lei n.º 46/2008 de 12 de Março, a obrigatoriedade de “assegurar o cumprimento dos princípios

gerais de gestão de RCD’s e das demais normas aplicáveis”.

No que concerne ao transporte dos RCD’s o Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março, prevê no seu artigo 12.º a definição de uma guia específica para o transporte de RCD’s.

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Assim, o transporte de RCD’s deve ser acompanhado de guias de acompanhamento de resíduos, cujos modelos constam dos anexos I e II da Portaria n.º 417/2008, de 11 de Junho. O modelo constante do anexo I deve acompanhar o transporte de RCD’s provenientes de um único produtor ou detentor, podendo constar de uma mesma guia o registo do transporte de mais do que um movimento de resíduos. O modelo constante do anexo II deve acompanhar o transporte de RCD’s provenientes de mais do que um produtor ou detentor.

O operador de gestão de RCD’s após a recepção dos resíduos deve enviar ao produtor um certificado de recepção de RCD’s, no prazo máximo de 30 dias, que comprova a recepção dos mesmos nas suas instalações (artigo 16º).

Figura 8- Certificados RCD e Registo no SIRAPA (Reproduzido de [www.apambiente.pt])

Recentemente surgiu o Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho, que estabelece a terceira alteração do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de Setembro e transpõe a Diretiva n.º 2008/98/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro, de 2008.

Das alterações instituídas pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, a Agência Portuguesa do Ambiente (2012) destaca, entre outras:

 Reforço da prevenção da produção de resíduos e fomentar a sua reutilização e reciclagem, promover o pleno aproveitamento do novo mercado organizado de

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resíduos, como forma de consolidar a valorização dos resíduos, com vantagens para os agentes económicos, bem como estimular o aproveitamento de resíduos específicos com elevado potencial de valorização;

 Clarifica conceitos-chave como as definições de resíduo, prevenção, reutilização, preparação para a reutilização, tratamento e reciclagem, e a distinção entre os conceitos de valorização e eliminação de resíduos, prevê-se a aprovação de programas de prevenção e estabelecem-se metas de preparação para reutilização, reciclagem e outras formas de valorização material de resíduos, a cumprir até 2020;

 Incentivo à reciclagem que permita o cumprimento destas metas, e de preservação dos recursos naturais, prevista a utilização de pelo menos 5% de materiais reciclados em empreitadas de obras públicas;

 Definição de requisitos para que substâncias ou objectos resultantes de um processo produtivo possam ser considerados subprodutos e não resíduos;

 Critérios para que determinados resíduos deixem de ter o estatuto de resíduo;

 Introduzido o mecanismo da responsabilidade alargada do produtor, tendo em conta o ciclo de vida dos produtos e materiais e não apenas a fase de fim de vida, com as inerentes vantagens do ponto de vista da utilização eficiente dos recursos e do impacte ambiental.

A sua gestão adequada contribui para a preservação dos recursos naturais, quer ao nível da Prevenção, quer através da Reciclagem e Valorização, além de outros instrumentos jurídicos específicos, constituindo simultaneamente o reflexo da importância deste sector, encarado nas suas vertentes, ambiental e como sector de actividade económica, e dos desafios que se colocam aos responsáveis pela execução das políticas e a todos os intervenientes na cadeia de gestão, desde a Administração Pública, passando pelos operadores económicos até aos cidadãos, em geral, enquanto produtores de resíduos e agentes indispensáveis da prossecução destas políticas.

O Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de Junho procede, ainda, à alteração dos seguintes diplomas: Decreto-Lei n.º 366-A/97, de 20 de Dezembro, Decreto-Lei n.º 111/2001, de 6 de Abril, Decreto-Lei n.º 153/2003, de 11 de Julho, Decreto-Lei n.º 196/2003, de 23 de Agosto, Lei n.º 3/2004, de 3 de Janeiro, Lei n.º 190/2004, de 17 de Agosto, Decreto-Lei n.º 46/2008, de 12 de Março e Decreto-Decreto-Lei n.º 210/2009, de 3 de Setembro.

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4- Gestão de Resíduos de Construção e Demolição

4.1- Gestão de rcd's na Europa

Segundo um estudo realizado por Cristian Fincher, European Topic Center on Resource and Waste Management (ETC, 2009), por ano são produzidos aproximadamente 850 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição, na União Europeia. Este valor representa 31% do total de resíduos produzidos na EU-27.

Até hoje, as investigações efetuadas, em Portugal, para apurar a quantidade de RCD’s baseiam-se principalmente em valores per capita e inquéritos às empresas de gestão de RCD’s. Tal conduziu a valores que traduzem com pouca exatidão a situação real dos resíduos no país, levando à necessidade de se adotar diferentes metodologias que possam proporcionar valores mais rigorosos.

Por outro lado os mesmos autores afirmam que a taxa de produção média de resíduos em novas construções é aproximadamente 150 kg.m-2 e 250 kg.m-2 para obras de recuperação/ampliação e demolição (Pereira, et al, 2004). Em obras, o processo utilizado não interfere diretamente no volume de resíduos gerado, pois esse entulho faz parte do processo. Porém algumas técnicas como a da demolição seletiva e a desconstrução minimiza a contaminação dos RCD’s, aumentando o potencial de reutilização e reciclagem dos mesmos, necessitando no entanto de mão-de-obra mais qualificada e requer mais tempo que a demolição tradicional.

Na Europa, a origem de RCD’s atinge valores entre 0,52 e 2,56 t.hab-1

.ano-1, como se pode observar no Quadro 7.

Quadro 7 - Taxa de produção per capita de RCD’s em países europeus (Fonte: Wambuco)

Origem dos resíduos Unidade Dinamarca Alemanha França Portugal Espanha

Construção t.hab-1.ano-1 0,13 0,73 0,28 0,32 0,52-0,76 Demolição 0,34 0,05 0,23 Obras Viárias 0,07 0,18 1,66 0,02 Escavação 0,12 1,6 desc 0,26

(54)

34

Dinamarca

A Dinamarca devido ao grande volume de RCD produzidos, 37% do volume total de resíduos (Danish Environmental Protection Agency, 2007), assim como ao diminuto espaço de armazenamento destes em aterros, viu-se obrigada a apostar na reciclagem, sendo actualmente um dos maiores casos de sucesso no que se refere à gestão de RCD (Delgado, 2008). O objectivo de 2004, atingir uma taxa de reciclagem de 90%, foi alcançado em 1997, tendo-se mantido desde então a esse nível (Waste Centre Denmark,2010). A elevada taxa de reciclagem deve-se a dois importantes factores: o elevado imposto a que estão sujeitos os resíduos que não são reciclados e a obrigatoriedade de separação dos resíduos na origem. O imposto sobre resíduos foi criado em 1990, tendo-se revelado um instrumento eficaz no aumento da reciclagem de RDC. Em 1984, a taxa de reciclagem rondava 15% e, em 1994, já era superior a 80% (Veltzé, 2006).

Em 1995, foi publicado o regulamento municipal sobre triagem deRCD (Waste Centre Denmark, 2010). As Câmaras Municipais ficaram responsáveis por elaborar regulamentação sobre os RCD, de modo a aumentar a sua reciclagem.Essa regulamentação deve obrigar à separação de RCD na fonte quando o total de resíduos produzidos exceder uma tonelada (Montecinos e Holda, 2006). Isto significa que mesmo os edifícios de dimensões mais reduzidas estão obrigados a procederem à separação dos resíduos na origem.

Holanda

A Holanda tal como a Dinamarca é um dos países da UE que apresenta um sistema de gestão de RCD mais avançado.

O uso de materiais reciclados é fomentado não só pelo Estado mas também pela própria indústria da construção. Em 1990, foi estabelecida a meta de 90% de reciclagem até 2000, tendo esta sido alcançada em 1999, quando, dos 18 milhões de toneladas de RCD produzidos nesse ano, 16,2 milhões de toneladas foram reutilizados ou reciclados (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001).

As principais aplicações são em agregados para aplicações na construção civil, para construção de estradas, trabalhos em aterros e regeneração de asfalto (Delgado, 2008).

Imagem

Figura 1- Composição dos RCD na zona Norte de Portugal (Fonte: Pereira et al., 2004)
Figura 3- Quantidade de RCD gerados anualmente em Portugal (Fonte: 1997,1998 (Mália, 2010);
Figura 5- Hierarquia da gestão de resíduos defendida pela U.E. (Fonte: Reis, 2010)
Figura 6- Casos particulares de entidades responsáveis pela gestão dos RCD (Reproduzido de  [www.apambiente.pt])
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Referências

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