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Planejamento estrategico em organizações do terceiro setor : o caso SEBRAE 2000

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO ECONÔMICO

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: POLÍTICAS E PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL PROGRAMA DE APOIO À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA - PAP

CONVÊNIO CAPES/ENAP

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ORGANIZAÇÕES DO

TERCEIRO SETOR: O CASO SEBRAE 2000

(2)

11

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR: O CASO SEBRAE 2000

OKLINGER MANTOVANELI JÚNIOR

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do titulo de Mestre em Administração (Área de concentração; Política e Planejamento Governamental), e aprovada em sua forma final pelo Curso de Pós-graduação em Administração.

^ n clsco G Heldemann Coordenador do Curso

/

Apresentada à comissão examinadora Integra i]pelos seguintes professores;

PROF. JOSÉ NILSON REINERT, Dr.

(ORIENTADOR - UFSC)

PROF. E R N r ^ E SEIBEL, PhD

(3)

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I V

AGRADECIMENTOS

Talvez este seja o capitulo mais importante deste trabalho. Gostaria de agradecer a algumas pessoas e instituições que tomaram a minha estada em Florianópolis uma experiência rica e gratificante. São estas.

CAPES e ENAP, pelo importante suporte financeiro e sobretudo por terem acreditado neste projeto, o meu muito obrigado.

SEBRAE, por ter acolhido a proposta deste pesquisador, abrindo as suas portas.

Mirian, Pedro Paulo, Arguello, Filomena, Mônica, Margarete, Jurassi, Celso Lino e Célio Furtado, dentre outros, pessoas do SEBRAE/NA, /SC e /SP, algumas das quais eu aprendi a admirar, não somente enquanto estagiário no antigo CEBRAE, mas que fizeram o apoio decisivo na realização deste trabalho.

Marilda, não somente pela sua simpatia, porém e sobretudo pelo gesto humano, quando precisei do apoio que somente pessoas especiais assumem.

Carmona, não somente pela sua cr.npetência, mas pelo carinho demonstrado, sobretu^lo no memento em que recebi a premiaçâo do PAP.

Silvia, pelos bons papos, dicas e momentos de descontração e estudo na biblioteca setorial.

Márcio, pela cópias tiradas e pelos jogos que fizemos juntos.

Professor Nilson Reinert, cuja firmeza de caráter, competência e correção moral me

levaram a convida-lo para compartilhar deste trabalho. Obrigado Nilson, pelos gestos e palavras, me ensinando que um trabalho cientifico é feito e orientado por gente.

Professor Joel Souto-Maior, por ter me ensinado, através das discussões e práticas em tomo do PEP, e de palavras amigas, a acreditar que é possível se contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.

Professor Seibel, um doutor na acepção maior do termo, que consegue transformar o aprendizado sobre autores e temas complexos em um gostoso 'bate-papo' entre amigos. Quisera a relação entre professores e alunos fosse sempre assim.

Professor Luis Pedone, pelo apoio, desde a graduação, na UnB, tantas vezes me incentivando a fazer o mestrado. Agradeço, também, pela presença na banca examinadora, auxiliando no momento da consolidação deste trabalho, quando ainda em sua fase de projeto de pesquisa.

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Aos 'Cavaleiros do Apocalipse'; Giinei (Barnei), pela amizade e pelos desacordos sobre tantas coisas que concordávamos; Sampaio (El gago), por sempre fazer valer a sua presença alegre, em todos os momentos; Garcia (Zé), pelo poder de decisão, sempre um exemplo e pelas aulas de imitação; Vicente (cabeça), companheiro de lutas parecidas e de algumas e de algumas canções que ainda estamos ensaiando.

Dime e Rosângela, pelo abrigo e pelos bons papos.

Aos amigos Fernando. Mariana. Varela, Painho, Mariaiba, Lauri, Daniel e Cristiane, pessoas das quais, tenho certeza, terei muito orgulho no futuro, pela carreira brilhante que certamente terão.

Janete e Ariindo, pelas canções ao amanhecer, pela confiança e pelo espirito familiar e de convívio fraterno.

A Paulo Henrique de Sousa, amigo do peito e afilhado querido, pelo empurrão na decisão pela carreira acadêmica, dentre outras. Deus te abençoe!

Ao meu primo, irmão e poeta. Mauro, peia luz de sensibilidade que representa para mim. Ao meu amigo, irmão de cor e alma musical, parceiro de seresta, que junto ao Mauro não me deixaram esquecer que a arte imita a vida e que a ciência, sem alma, jamais sobreviverá.

Aos meus primos, Jocimar, Simone e Marcela, pelo apoio decisivo no momento da pesquisa de campo, em Brasilia.

Para uma pessoa muito especial, por ter me incentivado e apoiado definitivamente a decisão mais importante, até hoje tomada por mim e que revolucionou a minha vida, ou seja, ter um dia saldo de casa para estudar. Obrigado Mãe!

Para Alessandra, maninha querida, cuja inquietação e capacidade de indignação frente aos "erros do mundo" me fazem, por vezes, parar para pensar e procurar acertar.

Para minhas avós, Carmelita e Maria, pelas orações.

Sobretudo e muito especialmente eu agradeço à Geovana, peio companheirismo e amor abnegado e sem medidas, sempre ao meu lado nos momento mais difíceis de minha vida.

Agradeço a mim mesmo, sem o qual, nada do que foi escrito e pesquisado, ao menos sob 0 meu ponto de vista, seria possfvel.

Por fim, agradeço a um Deus que se fez presente em cada passo de minha vida e que jamais deixou de me enviar sinais de incentivo e de fé. Eu agradeço a este Deus a oportunidade de estudar

em Florianópolis, lugar onde a sua presença é tão marcante. agir.

(6)

V I

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS E QUADROS... ...viii

LISTA DE ABREVIAÇÕES... ix RESUMO... xl ABSTRACT... xiü I - INTRODUÇÃO ... (01 II - METODOLOGIA... ... 06 2.1 - Problema de pesquisa... 05 2.2 - Objetivo da pesquisa... 06 2.3 - Categorias de análise... 07 2.4 - Perguntas de pesquisa... 10

2.5 - Justificativa Teórica e Prática ... 11

2.6 - Caracterização da Pesquisa... 12

2.7 - Tipos de dados... 13

2.8 - Tratamento dos dados... 14

2.9 - Limitações da pesquisa ... 15

lit - FUNDAMENTAÇÃO TEÓ RICA... 16

3.1 - Razão instrumental Versus'razão substantiva ...16

3.2 - A evolução do planejamento... 22

3.2.1 - Mercado x planificação...22

3.2.2 - Planejamento e tomada de decisão... 23

3.3 - Planejamento estratégico ... 27

3.3.1 - Como surgiu o Planejamento Estratégico... 27

3.3.2 - A variável ambiental e algumas de suas implicações... 29

3.3.3 - A gerência estratégica ...32

(7)

3.3.6 - Planejamento e objetivos... 40

3.3.7 - Planejamento Estratégico para organizações de caráter público ... 42

3.4 - Organizações do terceiro setor ... 3.5 - A co-produção de serviços... 53

3.6 - Democracia, planejamento e participação...59

IV - DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS...88

4.1 - Histórico e perfil da instituição...68

4.1.1 - Os serviços sociais autônomos... 68

4.1.2 - CEBRAE e SEBRAE; da criação à transformação... 71

4.2 - Considerações sobre a natureza organizacional... 79

4.3 - Contextualizaçâo das experiência de planejamento...84

4.3.1 - O processo ocorrido em 1991 ...84

4.3.2 - O processo de planejamento ocorrido em 1993/94 ... 86

4.4 - Aspectos democráticos e estratégicos do processo SEBRAE 2000... 96

4.4.1 - Considerações sobre o nivel de participação...154

4.4.2 - Considerações sobre a abordagem de PE escolhida... 159

4.4.3 - Considerações sobre se a abordagem escolhida propiciou o acordo estratégico na escolha dos objetivos... 167

4.4.4 - Considerações acerca da efetividade do processo... 169

V - CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES... 178

VI - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 191

VII-A PÊN D IC E S 199

V III-A N E X O ... S 209

(8)

V I H

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1 - MODELOS DE PRODUÇÂO DE SERVIÇOS... 56

Figura 2 - NÍVEIS DE PARTICIPAÇAO...62

Figura 3 - DESCRIÇÃO GENÉRICA DAS ETAPAS REALIZADAS... 89

Figura 4 - ACORDO ESTRATÉGICOS DOS OBJETIVOS... 169

Figura 5 - PROCESSO DEMOCRÁTICO DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICOS ... 187

Quadro 1 - TEORIA DA VIDA HUMANA ASSOIADA... 21

Quadro 2 - MODELOS DE TOMADA DE DECISAO... 27

Quadro 3 - PLANEJAMENTO EMPRESARIAL - ABORDAGENS SEGUNDO DIMENSÕES ESPECÍFICAS...34

Quadro 4 - DIFERENÇAS ENTRE O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E O PENSAMENTO ESTRATÉGICO ... 35

Quadro 5 - QUADRO DE CLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DE NATUREZA ORGANIZACIONAL... 48

Quadro 6 - PRINCIPAIS GRUPOS DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR... 49

Quadro 7 - PREMISSAS BÁSICAS, OBSTÁCULOS E ALTERNATIVAS AOS OBSTÁCULOS PARA O PLANEJAMENTO E A GESTÃO ESTRATÉGICOS DE ORGANIZAÇÕES DE CARÁTER PÚBLICO... 52

Quadro 8 - TIPOLOGIAS DE CO-PRODUÇÃO, CONFORME O MODO DE ORGANIZAÇÃO E DE ATUAÇÃO DA POPULAÇÃO... 82

Quadro 9 - ROTEIRO INICIAL DE IMPLEMENTAÇÃO DO SEBRAE 2000... 90

Quadro 10 - 'STAKEHOLDERS' IDENTIFICADOS NAS ENTREVISTAS... 106

(9)

I X

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

B ID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNDE - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico CDN - Conselho Deliberativo Nacional

CDE - Conselho Deliberativo Estadual

CDS - Comitê de Diretores Superintendentes ou Comité de Dirigentes do Sistema CEAG - Centro Estadual de Apoio à Pequeno e Média Empresa

CEBRAE - Centro Brasileiro de Apoio â Pequeno e Média Empresa CONAMPE - Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas

CONPEME - Conselho de Desenvolvimento das Micro, Pequenas e Médias Empresas FIPEME - Programa de Financiamento à Pequena e Média Empresa

FUNDEPRO - Fundo de Desenvolvimento a Produção FUNTEC - Empresa Financiadora de Estudos e Projetos GE - Gestão Estratégica

GEAPEME - Grupo Executivo de Assistência à Média e Pequena Empresa MPE - Micro e Pequenas Empresas (no feminino)

Micro e Pequenos Empresários (no masculino) PE - Planejamento Estratégico

PEP - Planejamento Estratégico Participativo PLP - Planejamento a Longo Prazo

PPBS - 'Planing, Programming, Budging System'

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RBS TV - Rede Brasil Sul de Televisão S/NA - SEBRAE Nacional

S2000 - SEBRAE 2000

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEBRAE/NA - SEBRAE Nacional

SEBRAE/SC, SP, - A sigla após a barra significa ser o agente SEBRAE do estado correspondente da federação

SEBRAE/UF - SEBRAE Estadual

SEBRAE 2000 - Nome do processo de planejamento estratégico analisado SEPLAN - Secretaria de Planejamento

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X I

RESUMO

O estudo desenvolvido, procurou avaliar a experiência de planejamento estratégico SEBRAE 2000, delineada com o intuito de criar diretrizes comuns para todo o sistema SEBRAE. Esta pesquisa procurou analisar a forma com que o processo se desenrolou, descrevendo, contextualizadamente, a abordagem adotada e relacionando-a com a natureza organizacional. Neste sentido buscou-se demonstrar se houve efetividade no processo, sendo este capaz de incorporar as demandas justificadoras da criação e existência da organização. Para que isto fosse possível foram construídos critérios de análise capazes de levantar informações que demonstrassem se o processo perfílou-se tanto com valores democráticos, da sociedade, como com valores outros, oriimdos da relação entre uma organização e seu ambiente.

Adotou-se um processo investigativo do tipo 'estudo de caso' que permitiu responder a perguntas de pesquisa, previamente elaboradas. Os dados primários e secundários foram coletados, respectivamente, por meio de entrevistas semi-estruturadas e observações, bem como pela análise de leis, atas, planos, relatórios e documentos outros. O trabalho pautou-se por imia interpretação de dados qualitativa.

O estudo conseguiu demonstrar que é possível se avaliar a efetividade de um processo. Demonstrou-se também que existem fortes evidências de que os planos que norteiam o processo decisorio da oi^ganização se baseiam em uma ótica de gestão privada. Paralelamente, revelou-se que o SEBRAE é uma organização paraestatal. As paraestatais são criadas por iniciativa do Estado para, ao seu lado ajuda-lo a cumprir suas íunções. Como tal, o SEBRAE não é uma entidade privada, como muitos acreditam, sendo porém híbrida, no sentido de que regula-se tanto pelo direito público como pelo direito privado. Demonstrou-se que o sistema SEBRAE é um

(12)

instrumento de poUtica governamental, cujos objetivos, recursos, patrimônio e esfera de atuação, caracterizam-se como marcadamente públicos. Foi, portanto, descrita sua natureza como sendo do terceiro setor.

A teoria demonstrou que a gestão de organizações públicas e privadas possuem parâmetros bastante díspares, cuja incompreensão pode levar ao insucesso, ineficiência ou baixa efetividade do fwocesso decisorio.

Compreendeu-se que, em uma sociedade democrática e pluralista, organizações de caráter público, como o SEBRAE, devem se pautar por processos de planejamento e gestão cuja abordagem reflita e considere a cultura e história organizacional e os valores sociais (ambiente interno e externo), contemplados, não somente sob o ponto de vista racional formal ou instrumental, porém com especial atenção ao lado substantivo. Enfim, co-produzir, adequadamente, as suas decisões.

Como o SEBRAE 2000 partiu de um ponto de vista equivocado sobre a natureza organizacional, demonstrou algumas insuficiências, tanto sob o ponto de vista democrático como estratégico, chegando a gerar, até mesmo, a não priorização adequada do processo pelos escalões da entidade.

Entretanto, ao se considerar aspectos levantados, sob outras experiências de planejamento estratégico, a maioria mal sucedidas, realizadas ao longo da história da instituição, compreende-se que, este novo processo, embora estera distante do ideal, representou alguns avanços, em relação aos processos anteriores, por ter focado melhor o ambiente interno e externo, procurando trazer uma visão mais participativa de planejamento. No entanto, há muito o que caminhar, para que, legal, moral e socialmente, o sistema venha a desenvolver tun estilo de gestão construido por processos afinados com os valores da sociedade que o abriga.

(13)

X l l l

ABSTRACT

This work soiight to evaluate a strategic planning experience " SEBRAE 2000," which aimed at creating common directives for the entire SEBRAE system. It focused on how the process evolved, describing the context of the adopted approach and attempting to relate it to the nature of the organization. An attempt was also made to demonstrate whether the process was effective and thus capable of incorporating stakeholders' demands that are the main reason for the creation and existence of the organization. To attain this objective, it was necessary to formulate criteria for the analysis of the planning process. The chosen criteria aimed at deterr lining whether the process ^vas as congruent to the democratic values of society as it was to other values- related to the fitness between an organization and its environment.

A case study approach was used in this investigation because it permitted better responses to a previously elaborated research question. Primaiy and secondaiy data were collected, respectively, through semi-structured interviews and observations, as well as through the analysis of regulatory acts, proceedings of meetings, planning reports and other documents. Data interpretation was essentially qualitative.

The study showed that it is possible to evaluate the effectiveness of a process. It also demonstrated the existence of strong evidence that the planning process upon which decisions are based in the organization took place in a closed environment. In tandem with this finding, it was also shown that SEBRAE is an arm of the state, created by it to serve its purposes. Thus, it cannot be considered a private entity, but it is rather a hybrid entity that regulates public rights as much as private rights, having social objectives and making use of markedly public patrimony and resources.

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The theory revision showed that management of public and private organization is based upon different premises which, when ignored, lead to low efficiency or even failure of the decision making process.

It is understood that in a democratic pluralist society, organizations of a public character such as SEBRAE, should aim for processes of planning and management that reflect and consider the organizational culture and histoiy as well as social values of its internal and external environments, seen not only from an instrumentally rational point of view, but fi-om a substantive perspective as well.

Since SEBRAE 2000 started with an equivocal view of the nature of the organization, it is not surprising that some difficulties were identified from both a democratic and strategic point of view. This led to organizational decisions that were made without first establishing adequate priorities through the hierarchical processes within the organization.

However, when one considers the organization’s other strategic planning experiences, the majority of which had little success, this one, although far from ideal, shows that some advances have been made. This progress is due mainly to an explicit consideration of both the internal and external enviroimients, as well as to an attempt at introducing a more participative form of planning.

(15)

X V

"EU SUSTENTO QUE A ÚNICA FINALIDADE DA

CIENCIA ESTÁ EM ALIVIAR A MISÉRIA DA

EXISTENCIA HUMANA".

Berthold Brecht

(16)

I - INTRODUÇÃO

No Brasil, historicamente, as elites dominantes, tem considerado as massas popxüares como elementos passíveis de manobras. Raras foram as vezes em que estas foram valorizadas, pelo poder instituído, como cidadãos com capacidade, não somente de votar, mas de produzir e contribuir igualitariamente com todas as instâncias do desenvolvimento do país. O povo, frente a um país estruturado, ao mesmo tempo, como Estado de Compromisso e de Massas tem sido iludido e usado para legitimar interesses, por vezes, distantes da maioria da população (Weffort apud Schelling, 1991:226). Daí o descaso para com a cultura, a educação e tantos outros valores nacionais, dentre eles o pequeno proprietário.

Não é de hoje que se fala, por exemplo, de economia marginal ou subterrânea, onde se encontram segmentos produtivos que não conseguem um enquadramento diante da rigidez legalista do Estado, distante e deslegitimado.

Muitos autores, como Rouquié (1992), discutem a necessidade da criação e/ou do fortalecimento de um caminho para a maior aproximação entre a sociedade civil e o estado, legitimando o contrato social. Este espaço entre o Estado e a sociedade, precisa ser povoado, não por colonizadores ou parcelas sociais mais privilegiadas, mas pela própria e plural sociedade brasileira, sem distinções.

necessário, hoje, que se ampliem as discussões acerca de modelos alternativos de planejamento e realização dos serviços, muitas vezes mal geridos pelo Estado, sobretudo frente a uma sociedade civil que se organiza cada vez mais e reclama por maiores espaços de participação, questionando os modelos representativos e gestionários tradicionais^

(17)

descentralização, pela co-produção dos serviços públicos (Rosa,1989) e pela gestão de necessidades sociais via organizações do terceiro setor (Ñutt & Backoff, 1992), pelo municÿalismo, pela valorização da micro e pequena empresa (MFE) e dos espaços mais próximos à sociedade e aos indivíduos, pela desburocralização (Bdtrão,1984), pela parceirização (Vale, 1992), pdas soluções locais criativas, apropriadas e baratas (Sachs, 1986).

Neste pcmto, enquadra-se a extinção do antigo CEBRAE (Caitro Brasileiro de Apoio à Pequeno e Média Empresa), enquanto mtidade essencialmente estatal e sua recriação como SEBRAE (Serviço Brasileiro de /^poio às Mero e Pequenas Empresas) mtidade paraestatal de serviço social autônomo, como um passo inqxnlante na caminhada ao encontro das MPEs, com seus reais anseios, os quais confundem-se com os das camadas menos privilegiadas da sociedade. No entanto, este encontro depende da organização deste segmento para pensar autonomammte sua realidade, sem patemalismos^ (Miceli, 1979; Durand, 1979).

O SEBRAE revela-se, hoje, um co-produtor de serviços para a sociedade, sobretudo na área de fomento, institucionalizado pelo Estado e alternativo aos anseios deste segmento social, ou seja, os micro e pequenos empresários.

O enfoque nudor, agora centrado no micro e no pequmo, advindo desta transformação, remete à impressão de que, a or&aázação poderá ter uma esfera de atuação mais próxima da

sociedade, à medida em que, cada vez mais, ^nim(»« a presença destes interesses nos seus conselhos e em outras instâncias dedsórias. Estas Instâncias vêm sendo otgeto de críticas e discussões, pela sociedade dvil, pois, uma entidade paraestatal possui incumbências peculiares ao Estado, e como tal, precisa da presença da sociedade, em suas instâncias decisorias, para que se

2 tome legitima, tal qual a constituição requer e garante .

^ EstM canwntártos sáo fflMwr ftmdamMlados m nota n ralD * dQ capsulo w.

2

o SEBRAE é uma ovgantzaçAo parantatal. portanio cuja naluraon poiHca « w^liclia. Embora nio s«ia (AjeUw db«to dMta pasquita, 6 M am anta rassaHer qua a laparetnsáo positiva da sau trabalho, parante a »oda<la<la. nos úflimos fits anos, vam atrafeido Marassas dMrsos <la cartas Hdaranças qua pratandam aprovalw«a. da saiviços socbds prastados, vlorlosamanla «m Inúmaros aspéclos, para pra|ataram-sa poWIcamarta. o qua poda lavalar-sa um fttor potancMbador da cortlBos tntamos. MuNas dastas Mannças saquar possuam Mstótla da kila Junio ao sagmanlo das Sobra tais tandlndas. constatadas lambém atravta da obsaivaç6as a anliwvlslas. « Wanassanta a lalhira-do colunista da FeBw da sao Paulo, Luis Nassv (vida anexo), qua alartau sobra tal M o. dasanhando alguns comanIMos salxa o avanto da sucassâo no cargo da prssldtncla do Consattio DattwraUvo Nacional do sMama (Fon» SP, 3<V10/94).

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No dia 09 de juBio de 1993, o diretor supeiintendente do SEBRAE/SC, Vimcius Lummertz Silva, afirmara na RBS TV que, o pequeno enqnesañado somente teria vez no MERCOSUL, e toma-se isso como exemplo, quando pudessem organizar seus interesses. Entretanto, entende-se que, a orgfoúzação de interesses transcende a esfera do MERCOSUL. Já em 1987, o ŒBRAE revelava este tipo de posicionamento, na retórica de seu então presidente, Paulo Lustosa, como um caráter poHtico que deveria ser empreendido. Lustosa (1987:03), defendia, em nome da oiganização, a necessidade da

"conscientização, mobilização e organização dos pequenos, para que eles, devidamente estruturados, possam exercitar pressão política legitima e garantir os espaços necessários ao exercício pleno de seu direito de produzir".

Neste caminho, ou sga, com este tq)o de conqireensão crítica, já sinalizada por inúmeras fideranças do próçaío astema SEBRAE, foi desenvolvido o presente trabalho.

Inicialmente, pensava-se em tecer considerações acerca de um processo de planejammto estratégico realizado em 1991, do qual resultou o Plano Diretor do sistema SEBRAE, ainda hoje viente. Posteriormente, pelo contato direto do pesquisador, com a oi]ganização, comiweendeu-se que, o processo de 1991 havia sido finto de uma ação ainda realizada às pressas, sob a pressão de contingências da qx>ca. Soube-se que um novo processo se iniciava em meados de 1993, com o intuito de corrigir algumas das imperfeições desta experiência anterior. Assim, este novo processo, denominado de SEBRAE 2000, foi escolhido como foco de estudo, por se entender que suas proposições possibOitanam melhores contribuições de estudo. O seu propósito princq>al, não era ser mais um plangamento estatégico, mas um plangamento estrat^co participativo.

Teve-se sempre em mente que, para a avaliação estratégica de âtores ambientais é importante que se considere, dentre outros aspectos, as crenças pessoais, a cultura organizacional, o contexto histórico da organização e o grupo envolvido, pois estes são o alicerce das ações (Nutt e Backoff, 1992).

(19)

Deste modo, utilizou-se o conceito de planejamento como siq>orte teórico básico, no sentido de considerar o processo, como elemento central da pesquisa, e não os resultados do planejamento realizado.

Souto-Maior (in Mendonça, 1990) compreende existir "uma relação estreita entre objetivos de uma política e os critérios para avaliá-la". Em uma organização, ou sistema, como o SEBRAE, onde suas linhas diretivas mestras refleton objetivos de um complexo airanjo institucional^, toma-se extremamente difícil conhecer, ponderar e relevar todos os objetivos individuais e dos subgrupos presentes no arranjo, para se estabelecer critérios visando uma avaliação de resultados.

Frente a tal realidade, visualiza-se duas possibilidades: a) contemplar apenas alguns idanos, programas e projetos;

b) "avaHar os processos utilizados por um arranjo institucional, para foimular e implementar políticas, planos, programas e projetos"(Souto-Maior e Gondin).

Cmno a estruturação do SEBRAE, enquanto serviço social autônomo é considerada relativamente precoce, datando de 1991, foi oportuno que, a análise realizada se concentrasse nos processos.

Fox (^ud Souto-Maior e Gondin), coloca que, numa democracia, os processos de formulação e implonentação de políticas públicas são tão ou mais importantes que os resultados. No caso do SEBRAE, pelo seu caráter social ou púbfico, coloca-se tal questão com grande {«-opriedade, sendo inegável a avaliação de processos como premissa de si^n-a importância, já que 0 6 processos levam aos resuttodos. Segundo o próprio Fox, liá maior acordo sobre valores

que determinam quais os [n-ocessos são aceitáveis do que sobre as políticas em questão".

Toma-se, assim, necessária a visualização do modo que as informações foram levantadas e trabalhadas na presente pesquisa. Este é o intuito do jnrôximo capitulo.

^ Ë o ^conjunto «to organteaçiM piihlICOT e privadas, regras • leis raspensiveis peia fotm ulaçte de uma deienninadQ poU lca^eulo-M aior e Gon«ii.1930:0S).

(20)

II - METODOLOGIA

Algumas premissas foram determinantes na realização desta pesquisa, quais sejam; a) uma organização de caráter público deve contemplar maiores mVeis de participação em seus processos de tomada de decisão; b) Uma oi^anização de caráter público, inserida em uma sociedade democrática, deve buscar a efetividade; c) o dirigente de uma organização de caráter público deve pensar e agir estrategicamente (para o consequente alcance da qualidade em seus serviços).

2.1 - Problema de pesquisa

Para a consecução do presente trabalho, foi elaborado o seguinte problema de

*

pesquisa :

‘‘EM QUE MEDIDA O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO - SEBRAE 2000, REALIZADO NO PERÍODO DE 1993 À 1994, FOI CAPAZ DE INCORPORAR, ATRAVÉS DE SEUS ‘STAKEHOLDERS’^ AS DEMANDAS QUE JUSTIFICARAM A CRIAÇÃO E JUSTIFICAM A EXISTÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO?

o problema de pesquisa, acima descrito, face ao desenvolvimento deste trabalho, é uma evoluçS natural do problema anteriormente elaborado, qual seja; * FORAM OU NAO CONSIDERADAS NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉOlCO - SEBRAE 2000,

REALIZADO NO PERfODO DE 1993 A 1994, AS SEOUINTES CATEOORIAS ANALtnCAS: MOTIVACAO, PLURALIDADE, EQÜIDADE, REPRESENTATIVIDADE, RESPONSABILIDADE E ESTRATÉOIAT- Para im Uior compreensão, consultar o «em '2.3‘, relativo às categorias de

análise. 4

Segundo Biyson(1989), este conceito significa ‘Vfualquer pessoa, grupo ou organização que pode extgir atenção, recursos ou resultados da organização, ou 6 afetado por estes resultados*. O caráter politico das organizações está bastante presente neste conceito. Conslderoi>-se. assim, no presente trabalho, o 'stalceholder' o representante e agente diretamente relacionado com as demandas.

(21)

2.2 - OBJETIVO DA PESQUISA

Como desdobramento natural do problema acima exposto, construiu-se o seguinte objetivo:

Analisar a efetividade do processo de planejamento estratégico SEBRAE 2000, ocorrido no SEBRAE, de 1993 a 1994. A análise dar-se-á por meio de vañáveis tomadas através de seis cat^orías a saber;

a) (motivação) - Verificar os fatores determinantes na opção pelo planejamento; - Identificar os agentes desencadeadores do processo;

- Verificar se hoxive a preociqiação de sensUñlizar os demais participantes, quanto às implicações que o processo desencadearia;

- Verificar o que se esperava do processo;

b) (pluralidade) > Verificar se foram identificados 'stakeholders' para o processo e caso a resposta seja afirmativa, tentar listá-los;

- Verificar se o maior número possível de "stakeholders" foi representado no processo, considerando a natureza e a realidade da oiganização;

c) (eqüidade) - Analisar se todos tiveram oportunidades iguais de partic^ação, no processo;

d) (representatividade) - Analisar se houve a preocupação de que os envolvidos no processo, em nome de a%um gnqx), fossem seus legtíunos representantesr,

e) (responsabilidade) - Verificar se os participantes sentiram-se co-responsáveis pdas decisões e seus efeitos, bem como pela inq)lementação das fases definidas para o processo;

(22)

correta cmisideração ambiental, face à natureza e razão de ser da oiganização, através dos seguintes passos:

- Verificar se o processo fora estanque ou contínuo e progresivo, contemplando o curtOy m é£o e longo prazos, e momentos de avaUaçõo-,

- Verificar se a abordagem considerou, no processo, tanto o ambiente externo como mtemo da oiganizaçSo, em perspectiva diacrônica;

- Analisar se houve um acordo entre os tontadores de decisão internos (e externos, se necessário) e líderes de opinião, para viabilizar a vontade geral para o processo.

> Verificar se houve identificação de mandato e nússüo para a instituição;

- Verificar se foram identificadas questões estratégicas para a instituição, bem como se foram formuladas estratéffas para o gerenciamento das questões, cumprindo satisfatoriamente os momentos de andüse e síntese de informações\

- Analisar se foi estabelecida uma wOo de sucesso para a instituição, bem como se o processo se pautou por uma compreensõo ^ b td da oiganização em uma perspectiva integrada;

2.3 - ratiMynrias dg análisg

Com a evolução das ciências sociais, certos conceitos, muitos dos quais tratados no coipo teórico deste trabalho, mostram-se recorrentes na literatura clássica e contemporânea. A preocupação com ceitos valores sociais consagraram, através da história, inúmeros conceitos que permearam a teoria democrática, como as noções de representatividade, igualdade e pluralidade (Laski, 1978). Deste modo, justificam-se as preociq>ações constantes nos critérios selecionados

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para o presente trabalho de avaliação^.

Compreende-se, segundo o referencial escolhido, que o SEBRAE é uma oiganização do terceiro setor (Nutt e Backoff 1992) que presta um serviço social e não uma oiiganização estritamente privada, tendo, portanto que prestar conta dos seus atos à sociedade. Esta observação pode ser melhor compreendida ao se verificar que, em seu próprio Plano Diretor, há a seguinte menção: "os seus produtos e serviços devem, pois, favorecer a satisfação da necessidade social que justificou sua criação. A sociedade paga por isso" (p.06).

Deste modo, ai^ectos substantivos e não apenas instrumentais (Ramos, 1989/Rosa, 1989) foram buscados^ para fundamentar esta pesquisa. Buscou-se consideará- los, no sentido de tentar focar parte do relacionamento entre o SEBRAE e seus demandatários em termos de objetivos expressos no plano SEBRAE 2000, facilitando, dessa maneira, reflexos e ganhos em efetividade.

Como observar-se-á, a s^;mir, este critério de desempenho, nonnalmente assoda- se mais a resultados que a processos.

De acordo com Limeira e Souto-MaicM- (1993), o conceito de efetividade está diretamente relacionado com a noção de racionalidade substantiva, procurando determinar "quando os fins da sociedade são alcançados". Coadunando-se com essa idéia, Sander (apud Ribas, 1988:24) entende efetividade como "a cj^addade de a oi^ganização produzir a solução ou resposta desejada pelos participantes da comunidade".

Como o foco central deste trabalho não está na indagação acerca de se os fins, resultados ou pretensões sociais foram ou não alcançados, mas ao passo anterior à resolução destas demandas, na presente pesquisa, o conceito de efetividade foi compreendido de modo mais simplificado. Procurou-se, pelo conceito de efetividade, determinar quando as demandas sociais

^ Para uma inalhor com pneraáo consiiKar apéndtca.

Para nwlhor com|H««raAo. consuMar capRulo *3.1*. 6

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estariam representadas no orocesso de elaboração do planejamento estratégico do SEBRAE.

A metodologia utilizada foi elaborada com a pretensão de trazer à tona, estes aspectos substantivos, reladonados com a efetividade, por meio de uma contextualização e de uma análise calcada em categorias ou critérios.

Para tanto, foram utilizados dois grupos de categorias de análise, consideradas recorrentes e complementares. O primeiro, procurou levantar, no processo SEBRAE 2000, infonnaçdes perfiladas com alguns valores democráticos da sociedade. O segundo grupo, procurou evidenciar valores outros, oriundos da relação estratégica entre uma organização e o seu ambiente.

As categorias democráticas (pluralidade, eqüidade, representatívidade e responsabilidade) foram aditadas a partir da obra de Souto-Maior e Gondin (1990) e Souto- Maior e Limeira (1993) . O segundo grupo (estratégia, efetividade e fatores motivacionais dos grupos e indivíduos envolvidos no processo), baseou-se nas obras de Motta (1982 e 1991), Mintzbei« (1987 e 1994), Nutt e Backoff (1992) e Ansofif (1987).

Assim sendo, entendeu-se por efetividade, nesta pesquisa, como uma categoria, cuja conq>reensão está inqjUcita nos critérios de análise. Desta forma, considerando-se as diretrizes do sistema como ñutos de um processo de pdanejamento, cuja elaboração e possíveis reformulações, devem reâetir a razão de ser da oiganização, à medida em que se percebeu a presença de certas categorias no processo, foi possível determinar a maior ou menor possibilidade de incoiporação de objetivos sociais. Portanto, a efetividade foi verificada pela constatação da presença conjunta destas cat^orias, d^oo'áticas e estratégicas, consideradas como evidenciadoras de efetividade, já que auxiliaram a compreender se o processo de planejamento facilitou a incorporação das demandas sociais justificadoras da enstànda da oíganização.

^ Parta d o t Bwn acta», ftirani McolMdos « com injldos a partir da crtIM os da avaUaçáo proposto* pelos autores Já citados. Foram utilizados am Inúmeras pesquisas para anaUsar aspectos democrtOcos e éticos em processos polBIcos de envoMmento participativo. Mostram-se pertinentes enquanto coadunados com a perspectiva de busca, relacionada com anseios de um modelo de p a rtic ip a ^ gerendal e de democracia na gestéo empresaild. ora em voga na IHendura das oigantcaç^es* (Banvto. 1993:43). Para memor compreenséo, veja tamt>tm. Mendonça. Paulo Sérgio Mranda - AvMaçáo do Processo Orçamentérto com Partldpaféo Popular da PtefaRura Municipal de Floitanápolls/SC no período de 1986 a 1988; DIssertaçte de Mestrado, UFSC. Ftorlanépolls, dez.1990.

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Para uma melhor compreensão dos aspectos estratégicos do processo, buscou-se, também, a descrição da abordagem de planejamento utilizada.

Para a delimitação da abordagem foi efetuado um esforço no sentido de se descrever, com base na teoria, um conjunto de posturas e iniciativas relacionadas com o ato de conceber e realizar, metodolc^camente, um processo de planejamento. Foi operadonalizada através do enquadramento das observações extraídas dos dados primários e secundários, segundo uma matriz anaUtica. A matriz foi construída com três linhas de abordagem: 1* Planejamento organizacional clássico, 2* Planejamento estratégico e 3* Planejamento e administração estratégicos (Motta, 1991).

2.4 - Perguntas de pesquisa

Tecidas as consido^ações adma, foram elaboradas as seguintes peiguntas de pesquisa:

1 - O SEBRAE é uma oiganização de que natureza (pública, privada ou do terceiro setor)?

2 - 0 processo SEBRAE 2000 levou em consido-ação as categorias de análise dispostas a seguir, quais sejam, motivação, pluralidade, eqüidade, representatividade, responsabilidade e estratégia? 2.1 - Qual o nível participativo que prevaleceu no processo SEBRAE 2000?

3 - Qual a abordagem de planejamento oiganizacional (Planejamento Oiganizacional Clássico, Planejamento estratégico ou Planejamento e Administração Estratégicos) que prevaleceu no Processo de Desenvolvimento Estratégico - SEBRAE 2000, realizado para o sistema SEBRAE em 1993/94?

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3.1 - Os objetivos extraídos do processo de planejamento, constantes nos relatónos do SEBRAE 2000, foram estrategicamente acordados?

4 - 0 processo SEBRAE 2000 facilitou a incorporação das demandas, que justificaram a criaçio e justificam a existencia da organização, nos objetivos declarados do SEBRAE?

2.5 - Justiflcativa teórica e orática

Não são mutos os estudos acerca de oiganizações sem fins lucrativos, congêneres ao SEBRAE. O presente trabalho pretendeu, antes de tudo, respeitar a real natureza da oiganização. Com este pressuposto, ou seja, não considerando o planejamento estratégico em oi^ganizações públicas passível de um mesmo pressiqwsto que os realizados em oiganizações privadas, o trabalho prociu^ ponderar fatores considerados relevantes para as oiganizações do terceiro setor.

A busca de imia nova estruturação e maior legitimação social do Estado brasileiro passa pela co-produção de serviços públicos e por organizações do terceiro setor, geridas com critérios diferenciados e socialmente embasados, o que reflete a importância de estudos deste tipo para as reformas estruturais da nação.

O próprio Sistema SEBRAE se mostra interessado em seu auto-conhecimento para vislumbrar melhores possibilidades de realizar suas fimções. Análises, advindas do ambiente acadêmico, como a aqui realizada, possibilitam que as tomadas de decisão sejam realizadas com critérios mais abrangentes, extrapolando a "miniestrutura de referência” (Motta, 1991:100) dos dirigentes, trazendo à luz evidências obscurecidas pelo "status quo" organizacional e pela perspectiva individual, hábitos e crenças correntes.

A teoria e a prática do planejamento também se encontram em amplo desenvolvimento, pois muitos desafios têm sido propostos e inúmeros avanços vêm sendo construídos com a

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utilização de elementos das ciências humanas.

2.6 - Caracterização da pesquisa

O método utilizado foi o do estudo de caso "ex poet facto", bem como da técnica da pesquisa de avaUaçSo em sua variante formativa.

"Entendemos por avaliação toda a forma de raciocínio na quai não se trata de observar ou de comparar fatos em si e sim de comparar um fato (situação ou desempenho) em relação a normas ou critérios previammte definidos e selecionados entre normas ou critérios possíveis"(ThioUent, 1984:48).

As avaliações formativas possuem certo caráter descritivo, sendo utilizadas, sobretudo nos estágios iniciais de programas ou projetos, fornecendo informações aos administradores sobre a melhor forma de iniciá-los, "revê-los e ^»imorá-los” (Selltiz, 1987:58)

A s ^ foi estudado o caso do SEBRAE, como airanjo institucional de grande complexidade analítica, numa perspectiva onde os fenômenos são avaliados junto de sua realidade e contexto.

O estudo de caso busca compreender a totalidade de uma sitiiação, enfocando uma ou um grupo de otganizações. Permite o uso de diversas variantes técnicas, como as que foram utilizadas no presente trabalho, fazendo uso de entrevistas, questionários e observações, com dados primários e secimdários.

Segundo Nisbet e Watt(j^ud Lüdke, 1986:21), o estudo de caso divide-se em três fases seqttenciais e complementares:

a) Fase "aberta e exploratória" - Nesta, se realiza o levantamento e análise de dados secundários. b) "Mais sistemática em termos de coleta de dados” - Nesta fase aplicando-se os questionários a serem elaborados, com entrevistas à população pertinente.

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conteúdo dos itens a) e b), complementados pelas observações efetuadas e, posteiionnente, realizado o relatório conclusivo e critico.

A presente pesquisa se inseriu em uma perspectiva diacrônica, com corte longitudinal, já que , contextualizando o objeto de estudo ao longo do tempo, enfocou preponderantemente imi curto periodo de sua história, 1993/1994. O nível de análise, para efeito didático compreensivo e de realização da pesquisa foi o societário.

Considerou-se como unidades de análise- o SEBRAE, unidade central, situada na cidade de Bra^a/DF e os 'stakeholders' (Biyson) envolvidos no planejamento, ou seja, principalmente os indivíduos envolvidos na elaboração e implementação do processo avaliado. Opinaram, principabnente, os membros do Grupo de Planejamento Estratégico (GPE) e membros do primeiro e segundo escalão do sistema.

A abordagem definida foi de predominância qualitativa.

2.7 - Tipos de dados

O trabalho se operacdonalizou |^la coleta de dados em fontes:

a) primárias (questionários, entrevistas senú-estruturadas e informais) - Foram realizadas 16 entrevistas senú-estruturadas, as quais foram a fonte {HÍncipal para a análise do processo SEBRAE 2000. A grande maioria destas foi realizada ao longo do mês de junho de 1994, com a duração de 25 à 60 minutos, sendo que muitos contatos vêm sendo travados desde janeiro de 1993. Dentre os 13 membros do GPE (Gnqso de Planejamento Estratégico, soido 10 fixos e cerca de 03 esporádicos), foram entrevistadas 11 pessoas. Além destas foram ouvidos 04 dos prin'.^ipais membros do primeiro e segundo escalão da diretoria executiva 6o SEBRAE/NA. Foi ouvido um membro estratégico do Conselho deliberativo Nacional e por fim, complementarmente, foram colhidas impressões, observações e opiniões, sobretudo de modo informal, através de membros de

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SEBRAEs estaduais, no sentido de se ter uma iiiq)ressão mais próxima da realidade de cada um deles quanto ao processo.

Foram elaborados três roteiros de entrevista. O primeiro aplicado aos elementos diretamente envolvidos no processo e aos elementos do primeiro e segundo escalão que já passaram por outras experiências internas. O segundo destinado ao consultor que comandou o processo; e o terceiro aplicado à membros antigos do sistema para um aprimoramento histórico e contextual.

b) secundárias (relatórios, atas, estatutos, e outros documentos, direta ou indiretamente relacionados com o processo SEBRAE 2000).

2.8 - Tratamento dos Dados

Os dados foram ccnrelacionados por meio da técnica de anáUse qualitativa cotejando os seguintes passos;

- Análise documental: "Segundo Canlley (apud Ludke e André, 1986:38) buscando identificar informações factuais nos documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse”. É a fase em que se verificou a pertinência e validade de determinadas informações constantes em textos escritos. Como "técnica de análise de comunicação"(Badin ^ud Chizzotti, 1991:98) foi complementada pela análise de conteúdo.

- Análise de conteúdo: Buscou "compreender criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente..." (Chizzotti). Trouxe à luz elementos implícitos no contexto de uma mensagem, tanto de caráter preponderantemente qualitativo como quantitativo, já que segundo Richardson(1985:191), ambas não se excluem. Pretendeu-se, por meio desta técnica, trazer contribuições que sejam as mais válidas e fiéis possíveis à realidade analisada.

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que é impossível "conceber a existência isolada de um fenômeno social, sem raízes históricas, sem significados culturais...". Através desta técnica vdeu-ee dos dois passos anteriores e inseriu-se um terceiro, que enfocou a constância e retroalimentação entre os dados analisados, buscando "a máxima amplitude na descrição, explicação e C(nnpreensão do foco de estudo" (Trivinos).

2.9 - Limitações da pesquisa

Como qualquer método, o estudo de caso também possui suas limitações, as quais devem ser consideradas.

Embora o método consiga estabelecer um alto nível de vaHdade interna e controle de explicações rivais, não o faz, em termos de validade externa, com a mesma propriedade.

Deve-se, ao efetuar este tipo de estudo, manter no horizonte a relação do caso com o todo, que poderá ser melhor conqireendido se este estudo de caso fizer parte de uma seqüência de outros estudos.

Deste modo, o estudo ganhará em cientificidade quando atendidos os requisitos acima e mantendo-se fiel ao referencial teórico orientador da pesquisa.

(31)

n i - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 - Razão instrumentai i razão substantiva

Sobretudo a partir do segundo quartil do século XIX, que Polanyi (1947) denominou de 'a idade das máquinas’, sedimentou-se um conjunto de pressupostos de vida que passaram a submeter os desejos, benefícios e interesses humanos ao prisma econômico. As relações sociais começam a se guiar pelo insuigente paradigma econômico. O mercado cresce de importância e as necessidades humanas (Marcuse in Fit^erald, 1983:240) passam, cada vez mais, a ser geridas por este instrumento, criatura, coisa, ou segundo Polanyi, uma ilusão gerindo o homem.

Os motivos que animaram o ser humano ao longo de sua história, como a religião, a estética, o costume, ”a honra e o oi^gulho, a obligação pública e a moral, o auto-respeito e a decência moral eram agora considerados irrelevantes à produção e estavam significativamente em um mundo 'ideal'" (Polanyi, 1947:04).

Autores como Rochefoucauld e Hobbes (in PCrshman, 1979:45) trabalham, o que hoje se entende como um reducionismo, no sentido de transformar as paixões e quase todas as virtudes em simples interesse próprio. O momento histórico parecia trazer incutida tal necessidade.

Cresce a noção de que, a prosperidade material de cada indivíduo seria a pedra de toque que definiria o sucesso ou não da vida associada <w social. Uma somatória de indivíduos felizes, pelo alcance de riquezas materiais, goaria uma sociedade mais justa e feUz.

Tal linha de pensamento, ao se fortalecer, coloca como pressuposto maior, o cálculo utilitário de ccHiseqüências, ou seja, o melhor meio para se atingir determinados fins. Este

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cálculo começa a fundamentar consideravelmente a sociedade modenui.

Dentre outros motivos, certos interesses e paixões refletiam diretamente os interesses e as paixões das classes dominantes da era pré-burguesa (Lõwi, 1985:37). Eram considerados elementos perturbadores, por refletirem, diretamente as classes que controlavam, por exemplo, todo o conhecimento social da época, ou seja, a Igreja, o poder feudal e o Estado Monárquico. A derrubada das bases que sustentavam estas instituições fizeram parte da empreitada intelectual de uma época.

Assim, tal empreitada que, em dado momento, possina um cunho transformador é tida por muitos pesquisadores, como Ramos e Hirshman, como base reducionista e mecanicista das dimensões humanas. Talvez se viva hoje uma nova empreitada.

Como afirma Rosa (1989:47), é lugar comum a afirmação de que o homem é um ser racional e da razão se vale para a elaboração teórica do conhecimento. A noção de razão é, portanto, um conceito fundamental da modernidade.

Entretanto, o próprio conceito de razão, que foi historicamente compreendido de uma determinada maneira quando a esfera do econômico se inseria naturalmente na do social, começa a sofi%r transformações epistemológicas, sendo associado ao cálculo utUitáiio de conseqüências, e a motivação humana, na necessária subdivisão entre interesse e paixão (Hirshman, 1979).

Weber contempla a noção de razão substantiva como estreitamente relacionada à "determinados postulados de valor", implícitos nas ações sociais, enquanto a razão fonnal, funcional ou instrumental, baseia-se no cálculo utilitário de conseqüências (Rosa).

"Na racionalidade fiwcional, existe a possibilidade real de se calcular o que pode vir a ocorrer ao se implementar uma determinada ação. Já no plano da racionalidade substantiva, o cálculo utilitário não é possível, visto que as ações humanas, nesta perspectiva, podem ou

não ser contempladas'^ (p.48).

'*No conceito Weheriano, a racionalidade siAstantiva é um processo voltado para a elaboração do quadro de referências que serve de hase para a ação adaptativa dos processos de racionalidade instrumental"

(33)

Sendo "um valor social, definido subjetivamente” (p. 12), depende e vaiia, no entanto, conforme o ponto de vista do observador.

Existem outras possibilidades interpretativas para estes conceitos. No presente trabalho, compreende-se que a adoção de visões coadimadas com as proposições weberianas, neste ponto, são válidas por possibilitar a noção de indissociabilidade dos mesmos á compreensão da muMdimensionalidade humana.

Modernamente houve um distanciamento da noção clássica do cpie seda a razão. Ambos os conceitos são necessários para a recomposição da noção clássica de razão, onde, o homem pensa e sente substantivamente segundo diversos postulados próprios e põe em funcionamento (ou operacionaliza) as suas intenções, valendo-se do cálculo que ele faz **das conseqilências que advirão das suas ações” (Carvalho de Vasconcelos).

Ramos(1989:08-09), interpretando Hoikheimer, afirma que...

"com o iluminismo, 'o pensamento se transforma em mera tautologia...’. Na perspectiva do iluminismo, o mundo é escrito em fórmulas matemáticas, e o desconhecido perde seu transcendente

significado clássico, tomando-se alguma coisa relativa às

capacidades de cálculo disponíveis. *Como restiltado final do processo, temos de um lado a pessoa, o ego abstrato despojado de toda a substância, exceto de sua tentativa de transformar tudo que existe no céu e na terra em meios de autopreservação e, de outro lado, uma natureza vazia, degradada à condição de mero material, mera matéria-prima a ser dominada, sem outro propósito que o da sua pura dominação pelo ser humano" (Horkheimer in Ramos,1989:09).

Ramos complementa, baseado na percepção de muitos autores acerca desta deformidade, afinnando que o que a idade moderna denomina de razão, possui um cunho extremamente fímcionalista de visão de realidade, fazendo com que outros elementos inqportantes do mundo real humano sejam, ou mal compreendidos, ou deocados de lado. A ciência, por exemplo, ao separar fato e valor, incorre nestas falhas (Lowy, 1991 :cq).II).

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Segundo Ramos, o homem é um ser complexo que possui, do mesmo modo, necessidades complexas, as qiuds extrapolam os limites da materialidade.

Marcuse procura separar estas necessidades em verdadeiras e falsas, configurando as primeiras, como alimratação, vestuário e moradia ao nível cultural alcançável. Seriam verdadeiras por se tratarem de pressupostos minimos a qualquer outra necessidade. As segundas seriam as "superimpostas ao indivíduo por interesses sociais particulares... que perpetuam

«

a labuta, a agresavidade, a miséria e a injustiça" (in Fitzgerald:240).

Assim, explicar o homem, ou a ciência social, a partir desta razão instrumental, utQitáña ou funcional é, no mínimo, relegar ao ser humano, um absurdo reducionismo psicológico de suas múltiplas necessidades, reduzindo a ^>enas uma dimensão, a íimcional, as mcessidades multidimensionais do homem, seja em contato com outros homens ou com a natureza.

A razão é imi valor diferenciador para a sociedade moderna, sendo condição de distinção entre o ser humano e os outros animais. Entretanto, "se a razão distingue os homens dos animais, a privação da razão o faz retomar ao seu estado original de criatura inferior” (Carvalho de Vasconcelos, 1993:09). Assim sendo, qualquer reducionismo racional é um decréscimo à condição humana.

Desse modo, embora a razão moderna exprima "uma experiência deformada da realidade", esta visão serve aos interesses representados pelo paradigma econômico ou de mercado (VoegeKn in Ramos:20).

Ramos (p.22), em suas críticas, afirma que, a ciência social, mais do que viabilizar o mercado, quase como um ser supremo, deve ter outras preocupações mais nobres. Grande nobreza s«ia tentar visar, não a unidimensionalização dos desejos humanos, porém ter em vista a consciência critica de cada paradigma regente de cada realidade histórica e social. "A percepção desta situação está abrindo novos camkihos de busca intdectual" (pJ23), e de

Como exampto, n te é ram encontrar uma TV cobuUa em um batraco da fiavala, enquanto as condlç6es mMinas da higiene e aUmentaçfio ainda lhes sâo pracMas.

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redimensionamento da vida associada.

O mercado existíu desde "antes da sociedade capitalista moderna" como o "primeiro marco civilizatório ñas relações ente os homens" (Genro, 1992:55). Porém, a inversão de valores oconida, acaba quase que dando vida própria ao mercado. O exagero econonñcista acaba por provocar a reifícação do homem frente à sua criação, tomado-o mercadoria negociável no próprio mercado. Na idade da máquina ou da tecnologia, onde a razão prevalecente é a instrumental, o paradigma reinante é o econômico, onde o mercado determina as necessidades do homem.

Por sua vez, a sociedade modema, devido à sua complexidade, estruturou-se, segundo Etzioni (1989,cap.I), em inúmeras organizações que satisfariam suas necessidades. Com a prevalência da razão instrumental, tal pensamento acabou incidindo sobre a teoria das (vganizações, como se a oiganização também tivesse vida própria e servisse ao mercado e não ao homem.

”0 homem toma-se, portanto, um fromento do processo produtivo gjobal. E a ideologia organizacional fornece os subsídios necessários à peipetuação deste fato" (Rosa:5S). Tudo passa a denotar a noção de que os fatos sociais ocorrem autonomamente, independentemente da psique humana (Ramos:19), tomando o homem "um ser contemplativo da história" (Rosa:53), que não age, porém ^enas se comporta. Deste modo, tem-se que, "a razão é o conceito básico de qualquer ciência da sociedade e das organizações" (Ramos,cap.3).

A racionalidade instrumental ou funcional, sendo o símbolo básico com que a sociedade se auto interpreta, toma, certamente, tai leitura viciada.

A inobservância dos valores presentes, em qualquer análise, elimina toda e qualquer perspectiva crítica e consciente da realidade.

O presente trabalho procurou, através do estudo de algumas proposições gestionárias de uma oiganização do terceiro setor observar estes valores, dando sua parcela de contribuição na busca do equiHbrío entre o substantivo e o instrumental, dando a cada qual sua

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parcela contributiva na construção equilibrada da vida em comum.

O quadro, a seguir, exemplificado em maiores detalhes na obra de Ramos (1989), pode dar urna melhor noção compreensiva acerca de algumas proposições sobre a vida associada, compiladas com base em inúmeros autores, como Kari Polanyi, Horicheimer, Habermas, Voegelin, Weber, Marcuse, dentre outros.

Quadro 1 - TEORIA DA VIDA HUMANA ASSOCIADA

FORMAL SUBSTANTIVA

I. Os critérios para ordenação das associações humanas são dados socialmente

I. Os critérios para a ordenação das associações humanas são racionais, isto é, evidentes por si mesmos ao senso comum individual, independentemente de qualquer processo

n.

Uma condição fundamental da ordem social é que a economia se transforme num sistema auto-r^ulado

n. Uma condição iimdamental da ordem social é a regulação política da economia

nL O estudo científico das assodações humanas é livre do conceito de valor: há uma dicotomia entre valores e fatos

m. O estudo científico das associações humanas é normativo: a dicotomia entre valores e fatos é falsa, na prática, e, em teoria, tende a produzir uma análise defectiva

IV. O sentido da história pode ser captado pelo conhecimento, que se revela através de imia série de determinados estados empíricos-temporais

IV. A história toma-se significante para o homem através do método paradigmático de auto- interpretação da comunidade oigaidzada. Seu sentido não pode ser catado por categorias serialistas de pensamento

V. A ciência natural fornece o paradigma teórico para a correta focalização de todos os assuntos e questões suscitados pela realidade

V. O estudo científico adequado das associações humanas é um tQX) de investigação em si mesmo, distinto da ciência dos fenômenos naturais, e mais abrangente que esta

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3.2 - Evolução do Planejamento 3.2.1 - Mercado x planiflcação

Dentro do contexto evolutivo citado no capítulo anterior, as técnicas de gestão vêm acompanhando as formas de pensar e os vak)res sodais erigidos pela história.

Até a Primdra Grande Gueira e a crise econômica de 1929, o pensamento neo-clássico do laissez faire' (Soares, 1985:18) gozou de amplo regozijo, sem criticas consistentes. Diferentemente dos economistas clássicos, preocupados com o crescimento e a distribuição, os neo-clássicos criam que os homens, na busca de seus objetivos individuais e na divisão do trabalho, alcançariam o bem-comum, socialmente justo e uma distribuição de riquezas eficiente., ou seja, o racionalismo individual levaria ao sodal ou coletivo (Soares: 18).

Na década de 30, as inovações revisionistas defendidas por Keynes ganham ressonância e os argumentos neo-clássicos ganham uma dupla subdivisão: a microeconomia considera que ”o mecanismo dos preços leva à distribuição eficiente dos recursos”, e a macroeconomia atribui imi novo papel ao Estado, ao "adotar a política de estabilização adequada"(EDman, 1980:29) para garantir a superação das crises, o pleno emprego e o crescimento econômico.

Deste modo, do *Estado mínimo', começa-se a pensar no Estado como um importante regulador. Surgem as concepções que levam, cada vez mais, ao fortalecimento teórico confonnativo da economia planificada ou do planejamento socialista. Tal conformação compreende uma possibilidade racional ampliada do indivíduo, procurando in ^ r à economia de imi país como um todo, o fimcionamento eficiente, característico "das operações internas de uma empresa" (Bukarin apud EUman:32). Coincidentemente, hoje ainda se tenta inqnimir a mesma mentalidade de empresa ao Estado, considerando os avanços ocmridos na teoria democrática e na gestão oi]ganizacional contemporânea.

(38)

sut]giu como um instrumento, que possibflitana mover os fatores, micro e macro econômicos relevantes às relações produtivas de uma nação. Este serviria de aporte racional à tomada de decisão, na escolha do melhor meio para se atingir determinados fins e se obter os mais eficientes resultados. Assim, nimi primeiro momento, o cálculo utíUtárío de conseqüências já está implícito no planejamento.

O interesse pelo planejamento cresce cada vez mais. Suas técnicas se aperfeiçoam através de um longo processo histórico, durante o qual as forças do mercado foram cada vez mais "controladas por atos de intervenção pública e particular” (Soares-1985;23).

Foi no repensar do papel do Estado que o planejamento mais sistemático surgiu, a partir do seguinte questionamento; como intervir na economia?

Em virtude disso, não somente a administração pública aprimora este mecanismo, mas também as empresas privadas para melhorar seus modos de gestão interna. Com o advento das grandes coiporações toma-se corrente o seguinte paradoxo: ao mesmo tempo em que dissemina a ideologia liberal e mais recentemente, a neo-liberal, ou não intervencionista, as empresas aprimoram sua c^acidade de buria e controle sobre o tão defendido mercado (Galbraith, 1988:53-165).

Percebe-se, assim, que o planejamento seria um instrumento útil, tanto ao administrador público como ao privado, podendo ser usado tanto no interesse particular, em detrimento do coletivo, c(Hno inversamente.

3.2.2 - Planejamento e tomada de decisão Modelo racional compreensivo

Com a entrada do sécuJo XX, razões diversas levam inúmeros estudiosos à procura da compreensão da sistemática implementada nas economias socialistas, no sentido de absorver o que lhes parecia positivo, empreendendo os avanços que lhes parecessem necessários à

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