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CAUSOKA5

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Academic year: 2021

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1 - PEÃO DE ONÇA (contado por Jesilane do Bené)

Seu Júlio, notando a falta da porda tordilha, pediu para seu filho Didi da Onça, que fosse procurá-la. Didi da Onça saiu pelos campos, pés de serras e acabou dando numa capoeira, beirada de mato. Ao avistar a porda, subiu na árvore e ficou esperando. Quando ela passou embaixo, pulou na anca e meteu-lhe o bridão na boca. Meteu espora e foi dando uma queda pelo caminho. Chegando lá, apeou, notou o engano, mas deixou ela amarrada no moirão e foi se dar com o pai:

— Tá aí pai.

— Mas filho, não está vendo que isto é uma onça?

— Ver, inté que vi, mas o que fazer agora, a bicha já está mansa.

2 -ESPINGARDA DO DIDI DA ONÇA (contado por Bené)

Seu Marco da Serra tinha uma rocinha na Índia, mas as rolinhas estragavam tudo: a roça, a couve, as alfaces, comia a canjiquinha dos pintinhos e tudo o que era comida. Seu Marco falou com Didi da Onça e este receitou um veneno para as rolinhas. Passou-se uma semana, e Seu Marco voltou, reclamando que as rolinhas nem chegavam perto do veneno. Seu Didi da Onça lhe prometeu fazer uma espingarda especial. Era só contar a quantidade de rolinhas e colocar a mesma quantia de chumbo na espingarda, esta tinha a propriedade de conceder um chumbo prá cada rolinha. Seu Marco chamou a mulher e passou a contar as rolinhas. No dia que a espingarda chegou, Seu Marco pôs a quantidade certa de chumbo na espingarda, fez pontaria e atirou,

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mas acabou acertando uma caixa de marimbondos Cassununga. Os marimbondos saíram em perseguição a Seu Marco, e ele, meio sem saber o que era, gritou:

— Corre Rita! Nóis erramo na contagem das rolinhas e tem chumbo procurando gente prá matar.

3 - MANDIOCA (contado por Bené)

Chegou uma mulher reclamando para Seu Crécio de que tudo na sua quitanda estava muito caro, mas teve uma surpresa com determinada mercadoria:

— E a mandioca, Seu Crécio, quanto custa? — A mandioca é de graça...

4 - PEDRA 90 ( contado por Bené )

Matéia já tinha tomado umas cachaças e ia descendo prá praça da Matriz, ao avistar Zé Guaraná pensou: "vamos ver se Zé Guaraná é mesmo pedra 90". Chegando perto do Zé, sentou e foi logo perguntando:

— Seu Zé, o senhor está vendo um mosquito ali na ponta da torre da igreja?

Ao que Zé Guaraná arrematou:

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5 - PREÇO DE MAÇÃ ( contado por Bené )

Chegou uma mulher, perguntando o preço da maçã, lá na quitanda do seu Crécio. Ao saber que o preço da maçã era dois contos, retrucou:

— Mas como pode uma maçã em Baependi custar dois contos se lá em São Paulo, custa só um.

Seu Crécio explicou:

— Minha filha, a maçã aqui custa dois contos, lá em São Paulo custa um, na argentina custa apenas quinhentos réis e se você for lá na roça onde é plantada, você vai comer de graça...

6 - CANÁRIO COMPOSITOR

Seu Crécio era dono de quitanda e um exímio negociante, especializado no trato com turistas. Certa vez, chegou um perguntando preço de tudo que era passarinho, fazendo mil indagações e ele respondia a tudo pacientemente.

Porém, demonstrou todos seu talento ao responder uma pergunta do veranista:

— Mas Seu Crécio, como pode aquele canário cantador custar a metade daquele cuja gaiola está logo abaixo e não dá um assobio?

— Meu filho, o canário de cima canta, mas o debaixo é quem compõe.

7 - JUROS DO DINHEIRO PERDIDO

Perdeu-se uma carteira com documentos e quinhentos réis. Já se passara uma semana quando Zé Melão anunciou no

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alto-falante da Matriz que o Dr. Cícero ficaria muito grato a quem lhe devolvesse a carteira. O rapaz que a achou, pensou que levaria mais vantagem devolvendo também a tutaméia dos quinhentos réis, pois sua honestidade provavelmente seria melhor recompensada. Não contava ele, porém, com a já famosa austeridade do Dr. Cícero:

— Rapaz, vou até fazer um negócio que ainda não fiz nem para filho meu, não vou te cobrar os juros do dinheiro que ficou com você por mais de uma semana...

8 - AUTO PROMOÇÃO

Pedro Poté e Chico Canivete eram os pintores dos cartazes que anunciava os filmes do Cine Centenário e que ficavam na porta do Bar Fecha Nunca.

Certa vez, já com o cartaz quase pronto, ficaram esperando os nomes dos artistas principais. Depois de muita demora, resolveram o problema de maneira inédita. Apesar da pouca cultura, a experiência lhes possibilitou descobrir que o filme era francês e ainda lhes deu subsídio para pintar o nome dos astros principais:

"PIERRE POTÉ E FRANÇOIS CANNIFF" 9 - CANÁRIO PERNETA

Como todo comprador, o veranista comprou um canário do seu Crécio e voltou no dia seguinte para reclamar:

— Mas seu Crécio, o canário que o Sr. me vendeu só tem uma perna! — e teve por resposta:

— O senhor quer o canário prá cantar ou prá dançar? 10 - PAPAGAIO JAPONÊS

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veranistas e como a saída era pequena, resolveu pintá-las de verde para vender como papagaio. O veranista ao ver aquele estranho pássaro foi logo perguntando:

— Mas que passarinho é este Seu Crécio? — É um papagaio.

— Mas papagaio dorme de dia? — Não. Mas este é papagaio japonês. — E ela fala?

— Falar não fala mas presta uma atenção...

11 - NA CONTA DO ANTÔNIO (contado por Zé Pena)

Zé Adolfo chegou no bar do Tião Cristiano para comprar umas coisinhas na conta do Antônio do Rosendo, como o Tião estava duvidando, ele foi até o Antônio, que estava em uma rodinha conversando lá do outro lado da rua e pediu:

— Antônio posso comprar um sanduíche na sua conta? — Pode. Respondeu Antônio.

Como a fama de Zé Adolfo não era das boas, Cristiano resolveu se assegurar:

— Pode vender Antônio?

— Pode sim. Respondeu Antônio fazendo sinal de OK com a mão.

Zé Adolfo encheu uma cestinha, levou em casa e voltou, querendo comprar mais, como Tião Cristiano se recusava a vender, Zé Adolfo foi até Antônio do Rosendo:

— Antônio, posso comprar um maço de cigarro na sua conta?

Apesar da censura da esposa, Antônio concordou:

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ante a incredibilidade de Tião Cristiano.

Apesar de não acreditar no que estava acontecendo, o dono do bar vendeu cestinha de coisas a Zé Adolfo.

Antônio do Rosendo, depois de mais um tempo de conversa, resolveu, ir ver a conta a ser paga. Ao ver o total da conta e as explicações de Cristiano, saiu procurando Zé Adolfo para o ajuste de contas.

12 - PALETÓ DO ZÉ GUARANÁ (contado por Roberto do Mauro)

Zé Guaraná estava contando um de seus causos, quando lá pelo meio da história, foi interpelado por um dos ouvintes:

— Mas cumpadre, o seu paletó pesava 13 kg? Qual tecido pode ser assim tão pesado?

— O tecido até que não era tão pesado, a maior parte do peso vinha dos botões...

13 - CRÉCIO X CIRO

Seu Ciro, com a obsessão de se manter afastado de doenças, cuidava bem de sua alimentação, comendo bastante verdura, as quais adquiria, sem nada pagar, na quitanda de seu irmão Crécio. Seu Crécio não via aquilo com bons olhos, mas não tinha coragem de cobrar o irmão. Um dia seu Ciro chegou, olhou para uma linda cabeça de alface e perguntou:

— Mas que linda cabeça de alface, Crécio. Onde foi que você comprou?

— Lá no leprosário de três Corações, fizeram uma grande horta e eu para ajudá-los sempre compro lá.

Ao ouvir a resposta Seu Ciro foi saindo de fininho e perguntou:

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14 - ÚLTIMO DESEJO ( contado por Jairo Barbudo )

No enterro do patriarca da família, de acordo com seu pedido, sua mulher e filhos foram depositando um pouco do dinheirinho que dispunham no caixão.

Quando chegou a vez de um dos filhos, ele recolheu todo o dinheiro e colocou um cheque nominal ao pai, explicando:

— Se ele precisar, lá ele troca...

15 - PORCO COM CANJIQUINHA ( contado por Tinho, neto do Crécio )

Seu Crécio, lá na sua juventude, já era negociante e viajava muito. Havia uma casa de um conhecido seu que sempre lhe dava pouso. Sempre que podia, aproveitava a hospitalidade do amigo, que desta vez estava com um problema sério. Cerca de dez capados seus estavam com canjiquinha.

Assim que chegou, Crécio tomou ciência do problema, mas como o dono da casa e os filhos foram prá roça de café, a ainda bonitona mulher do homem ficou incumbida de mostrar os capados pro Crécio, prá ver se ele dava jeito. Seu Crécio naquela época, bem jovem, era muito paquerador e aproveitou a situação prá passar uma cantada na mulher. A mulher não disse nem sim nem não, simplesmente ficou calada, e aquilo deixou Crécio com a pulga atrás da orelha, mas ele preferiu acreditar que ela nada contaria ao marido e sua partida repentina é que poderia levantar suspeita. Resolveu ficar por aquela noite.

No jantar estava todos à mesa, seu Crécio, o dono da casa, a mulher e seus seis filhos já grandes, quando a mulher começou a

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falar:

— Sabe bem, nosso amigo Crécio me fez hoje uma proposta...

Crécio começou a gelar quando a mulher começou a falar e, quando a ouviu dizer da proposta, teve vontade de sair correndo, mas agüentou firme. A mulher continuou:

— Me disse que vai nos comprar a porcada toda!

— Sustento! Compro! E pago à vista! arrematou Crécio já de pé.

16 - CAPETA DA TEATRO ( contado por Zé Pena )

No teatro de Baependi, Juquinha Serva fazia o papel de capeta e entrava em cena voando. Era ajudado pelo impulso que uma gangorra lhe proporcionava com o salto de uma pessoa que lhe assistia.

Como seu ajudante ficou doente teve a preocupação de arrumar outro com o mesmo peso para substituí-lo. Logo na sua primeira apresentação o iniciante não quis fazer feio e caprichou num grande salto. O “capeta”, assustado com tamanha altura, jamais atingida, lá de cima gritou:

— Nossa Senhora Aparecida do Norte!

17 - CAVALO BRINQUINHO ( contado por Bené )

Todo domingo pela manhã, Juvenal Pereira colocava o arreio em seu cavalo Brinquinho e saía do Mato Dentro para vir assistir a missa das 10:30 na Matriz. Na entrada da cidade, porém,

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parava para enrolar um cigarro de palha. Certo dia, Zé Garcia vinha também lá daquelas bandas, de forma que veio conversando com Seu Juvenal, o qual, como todos os domingos, trajava seu impecável terno branco e o chapéu de abas largas. Na entrada de cidade, como de costume, Seu Juvenal falou:

— Brinquinho vamos fumar um cigarrinho?

O cavalo parou e seu Juvenal enrolou seu cigarrinho ante o inconformado comentário de Zé Garcia:

— Mas este Brinquinho é mesmo ensinado, não é seu Juvenal?

— Pode ver.

Numa quarta-feira, Zé Garcia apareceu na casa de seu Juvenal pedindo Brinquinho emprestado para ir à uma festa em Caxambu. Apesar de inspirar pouca confiança, Zé Garcia conseguiu o cavalo emprestado, pois seu Juvenal levou em conta que ele era filho do coronel Vicente Pereira de Seixas e irmão de dona Dodoca. Zé Garcia pegou o cavalo e começou andar pelas ruas de Baependi, usando uma afiada espora. De vez em quanto, falava:

— Brinquinho, vamos fumar um cigarrinho?

Quando Brinquinho parava, ele o chamava nas espora e o cavalo saía em disparada.

A única condição exigida por seu juvenal era a de que o cavalo estivesse lá no Mato Dentro antes da sua hora de ir para a missa de Domingo, cumprida por Zé Garcia que levou Brinquinho sábado à tarde. No domingo pela manhã, Zé Garcia ficou escondido atrás de uma moita na estrada da cidade para ver seu Juvenal enrolar seu cigarrinho. Como de costume, na entrada seu Juvenal falou:

— Brinquinho, vamos fumar um cigarrinho?

O cavalo saiu em disparada deixando no chão seu Juvenal com seu terno branco todo sujo de terra.

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18 - A ONÇA DO DIDI DA ONÇA ( contado por Cem Arapuá )

Foi lá por volta de 1965, seu Didi da Onça reuniu sua turma de caçada e foram para São Tomé das Letras. Chegando lá, armaram acampamento à beira da Mata da Onça. Logo, Seu Didi expressou sua determinação:

— Hoje vou caçar duas onças, e vai ser à unha!

Falou isto se dirigiu à grande mata. Depois de já ter andado uns dois quilômetros, avistou uma onça de costas, fez pontaria e atirou. A onça nem se mexeu. Atirou de novo, a onça continuou de pé. Ao errar o terceiro tiro, a onça se virou e começou a persegui-lo mata afora. Seu Didi foi quebrando árvore no peito até chegar ao acampamento. Lá chegando, avistou o pessoal numa rodinha contando causos de caçadas, passou por eles e disse:

— Segurem esta aí que daqui a pouco trago a outra!

19 - HISTÓRIA DE PESCADOR ( contado por Chico do Zé Izalino )

Rapataco estava pescando no rio Baependi quando um curioso se aproximou e perguntou:

— Você pesca com o quê?

— Pesco de vara, se não der nada, pesco de rede, se por tudo ainda não pegar nada, meto bomba na água.

— Posso saber onde estão a rede e as bombas?

— Dentro do saco, debaixo d'água, seguros por esta corda. E apontou para uma corda que emborcava nas águas do rio.

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— Não.

— Sou o guarda-florestal Marciano... Rapataco não se apertou:

— E o senhor, sabe com quem está falando? Perguntou inquisidor.

— Não. Respondeu o policial cautelosamente.

— Com o maior mentiroso da redondeza. E puxou a corda que nada continha em sua extremidade.

20 - CHICO DO SEU CRÉCIO ( contado por Neném da lanchonete )

Era tempo de jabuticaba e o Chico, o macaquinho que seu Crécio tinha em sua quitanda, trepado na jabuticabeira, apanhava as frutinhas, levava-as à bunda, comia umas e jogava outras fora.

As irmãs lá da Nhá Chica, passando por ali, não puderam deixar de ver aquela pouca vergonha e foram logo dando uma bronca:

— Seu Crécio o Sr. já viu o que o macaquinho está fazendo?

Seu Crécio respondeu:

— É que o coitado já entalou uma vez e agora fica medindo antes de comer.

21 - A CAÇADA DO MATÉIA ( contado por Bené )

Matéia foi caçar na Serra da Macieira. Com ele foram Tuta, Zé Pena, Cláudio Rolo e uma cachorra perdigueira. Era mês

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de julho e além do frio o vento era forte.

Estavam todos na barraca tomando uma pinguinha para esquentar, quando ouviram alguém bater palmas lá fora. Tuta mandou Zé Pena ir lá ver o que era, mas este com medo, pediu para Cláudio Rolo e como estavam os três com medo, mandaram o Matéia, que era o valentão e atirava muito bem. Matéia passou a mão na garrucha, caçou a lanterna e foi ver o que era. Apesar do vento forte que deslocava até o foco da lanterna, pode ver que as palmas eram provocadas pelas orelhas da cachorra perdigueira.

Mas o pior ainda estava por vir, resolveram levantar acampamento de tardinha e na descida da Serra uma cascavel mordeu o pneu do JEEP, todos sabiam que cascavel quando morde gente, deixa a pessoa cega, mas não podia imaginar que aquilo iria apagar os faróis do JEEP.

22 - O SUICÍDIO DO DADÁ ( contado por Bax )

Dadá, filho do seu Quinca açougueiro, era um menino muito difícil e um dia saiu de casa prometendo suicídio. Seu Quinca saiu procurando por ele, pois já havia tempo que não aparecia em casa.

Ao saber que Dadá andava rondando a ponte do Rio Baependi, seu Quinca começou a procurar pelo corpo, da Cachoeira do Inferninho para cima e aos curiosos explicou:

— Como o danado era muito teimoso, é bem capaz do corpo ter subido com a correnteza.

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( contado por Bené )

Matéia foi pescar, mas como estava mais prá cachaça do que prá pescaria, levou duas garrafas de pinga e se esqueceu de levar isca. Adão, pescador compenetrado, apesar de ter pouca isca, arrumou umas vinte minhocas pro Matéia. Matéia deixava sua vara na água e ia tomar conta da pinga. Não pescou nada, mas acabou com a isca. Ficar na beira do rio sem pescar não tinha graça, Matéia voltou a pedir isca pro Adão, mas este vendo aquele desperdício, negou.

Matéia passou a mão na garrafa de pinga e foi dar uma volta prá refrescar a cabeça. Na beira do caminho viu uma cobra com a boca aberta e lhe derramou um gole de pinga goela abaixo. Já estava desistindo da pescaria e foi buscar a vara para ir embora, mas teve uma surpresa, lá estava a cobra com uma perereca na boca querendo trocar a isca por gole de pinga.

24 - BARATO QUE SAI CARO ( contado por Bené )

Antônio, filho de Zé Ovídio, ficou doente e o jeito foi chamar o Dr.Cícero para uma consulta. O Doutor curou Antônio e quando Zé Ovídio quis saber o preço do tratamento, ele disse que não era nada não. Dr. Cícero foi dar uma voltinha pela fazenda e quando via uma abóbora elogiava tanto que Zé Ovídio ficava sem graça e a oferecia: assim foi indo com as leitoas, um carro de milho, um saco de feijão e uma bezerra.

De outra feita, Zé Ovídio caiu do cavalo e ficou com uma bruta ferida nas costas. Pensou em procurar o Dr. Cícero, mas desta vez foi mais precavido e procurou saber antes quanto lhe custaria o tratamento.

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— Dr. Cícero, quanto o senhor cobra para curar uma ferida deste tamanho?

— E mostrou com a mão o tamanho de uma pequena ferida.

Dr. Cícero relutou, mas acabou por antecipar seu preço. — Pro senhor, posso fazer por cem mil réis.

— Neste caso deixa que eu mesmo curo, pois a minha ferida é bem maior do que eu mostrei e o senhor vai me "quebrar".

25 - COSTUME

( contado por Jessilane, filho do Bené )

Na fazenda de seu Júlio, pai de Didi da Onça, havia uma mina que dava uma água muito boa, mas só que ela ficava do outro lado do rio. Para atravessá-lo, há uns vinte anos tinham colocado um bambu gigante, que por todo este período, agüentara bem o rojão.

Desta vez a enchente tinha sido forte e acabara levando o bambu. Seu Júlio não teve problema, pois a água de tão acostumada fazendo o mesmo trajeto continuou a fazer o mesmo trajeto.

26 - PRATO DE COMIDA

Zé trovão, o primeiro Hyppie do mundo, segundo Zé Ferreira, passava todas as tardes na casa do Dr. Cidinho e ganhava um prato de almoço. Dona Beth, incomodada com a irregularidade da hora do almoço do Trovão, lhe propôs:

— O senhor pode passar aqui todos os dias ao meio-dia que o seu prato já estará servido.

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— Se é assim, pode deixar, não gosto de compromisso. Respondeu Trovão e nunca mais voltou para pegar seu prato de almoço.

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27 - CASA DO TROVÃO ( contado por Zé Ferreira )

Cortaram a árvore onde trovão construíra sua casa com caixotes, pedaços de telhas e outros bagulhos achados na rua.

Zé Ferreira e outros amigos resolveram lhe prestar ajuda se oferecendo para construir uma casa, mas ficaram surpresos com a resposta do Trovão:

— Vocês me arrumem só a árvore e deixa que a casa eu faço...

28 - JEEP ATOLADO Matéia chegou em casa apavorado e disse: — Papai venha me ajudar, pois o jeep se atolou. — Se atolou ou atolou-se? Quis saber Didi da Onça. — Que diferença faz papai? Indagou Matéia já irritado. — Muita. Se atolou significa que foram as rodas da frente que atolaram; atolou-se significa que foram as de trás e se atolou-se significa que foram as quatro.

29 -COMENDO BOSTA

Um caixeiro viajante foi passar pela chácara do Dr. Cícero bem na hora do almoço e como já conhecia bem sua fama, estudou um meio de descolar um pouco de comida. Colocou no embornal uns pedaços de bosta seca e depois de muita conversa, como viu que o Dr. não ia mesmo lhe convidar para almoçar, tirou um pedaço de bosta do embornal.

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Dr.Cícero falou:

— Imagine se eu vou deixar você comer isto! E virando para seu camarada emendou:

— Antônio! Pega uma fresquinha prá ele lá no curral!

29-A - GUARDA-CHUVA DO TOMÉ ( contado por Rui do Zé Izalino )

Tomé viu um ônibus passando com um guarda-chuva dependurado na janela e não perdeu tempo, foi ao orelhão e telefonou pro Tinho:

— Tinho, esqueci meu guarda-chuva dependurado na janela do ônibus que está passando pela praça, na hora em que ele passar perto do seu bar, pegue o guarda-chuva prá mim.

Tinho concordou e ficou na porta de seu bar esperando pelo ônibus. Quando viu o guarda-chuva foi logo pegando.

Ao ver alguém tentando tomar o guarda-chuva, o passageiro reagiu:

— Largue meu guarda-chuva! Gritou, segurando forte o objeto, enquanto o ônibus permanecia parado na esquina.

— O guarda-chuva é do Tomé! Reagiu Tinho, tentando tomar o guarda-chuva do passageiro.

Depois de tanta confusão, Tinho só não apanhou porque o motorista era um conhecido seu.

30 - PAPEL RASGADO ( contado por Bené )

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papel de homem traído e zé do Mamede trazia um bilhete do amante para sua mulher no momento em que ele entrava em cena. Ao ouvir barulho do Ernesto chegando em casa, Zé do Mamede levou a mão no bolso para pegar o isqueiro e queimar o bilhete, suou frio quando viu que o bolso estava vazio e improvisou rasgando o bilhete.

Quando Ernesto entrou, olhou para o chão e viu o papel picado. Resolveu também improvisar:

— Mulher? Que sinto? Sinto o cheiro de papel rasgado!

31 - MORREU FEITO PASSARINHO... ( contado por Bené )

Tio Lauro já ia andando lá prás bandas da Lavrinha, depois de umas dez doses de pinga, quando encontrou uma casa onde havia velório. Resolveu dar uma paradinha para tomar um cafezinho com biscoito. O pessoal entrava e saía da salinha onde estava o defunto e de vez em quando um dizia que ele morrera feito um passarinho.

Por um momento, Tio Lauro ficou sozinho na sala com o defunto. Nisso, chegou mais um para velar e fez a clássica pergunta:

— Tão moço! Mas do que foi que ele morreu?

— Do que ao certo não sei não, mas pelo que andam falando, acho que foi de estilingada.

32 - FORMIGAS

Zico vinha andando pela beirada da linha, quando resolveu pegar o beco do pontilhão para sair em frente à pedreira do Hugo

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Pompeu. Pisou num formigueiro de quenquém, mas só foi dar pelo fato lá na rua, quando as formigas que já haviam caminhado bastante pelo seu corpo resolveram lhe picar. Zico não agüentou e foi logo tirando as calças. Dona Maria do Ananias e a Aparecida do Ascânder que vinham passando, perguntaram assustadas:

— Mas o que é isso? Ao que Zico respondeu: — Que é isso!? É correição...

33 - MULAMBO

Mulambo é o apelido de um caminhãozinho 1950 comprado do seu Acácio pelo seu Vico. Certo dia, seu Vico levantou bem cedo, pois precisava transportar um boi de Baependi à sua fazenda, lá prás bandas de Conceição do Rio Verde.

Como não havia tirado licença para o transporte, o jeito era andar bem cedo e escapar da fiscalização. Mas o destino lhe colocou no trevo para Soledade uma patrulha Rodoviária, que depois de pará-lo foi logo pedindo:

— Sua habilitação profissional, por favor? — Não tenho. — Setas do caminhão? — Não tem — Placa traseira? — Caiu. — Luz de freio? — Não tem. — Extintor de incêndio? — Não tem. — Cinto de segurança? — Não tem.

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senhor vai ter que deixar a chave dele conosco, pois seu caminhão ficará preso.

— Não tem chave.

— Então o Sr. faz o seguinte, se formos te multar, mesmo vendendo boi e o caminhão não vai dar para pagar, então toca o caminhão que nós vamos fazer que não vimos, tá bom?

Ao que Vico respondeu:

— Então me façam só mais um favorzinho, dêem uma empurradinha que ele também não tem partida...

34 - QUEM É DOIDO? ( contado por Zé Pena )

José Válter, conhecido por Zé Varti, autodenominado Zé Valtíssimo, para não fugir à regra de usar o sufixo íssimo a todas as coisas, sofreu contratempos.

Apesar de andar sempre bem vestido e comandar uma banda de instrumentos feitos de bambu, ensinado a criançada a tocar, lá perto da casa do Lopinho, ultimamente não estava falando coisa.

Resolveram pela sua internação no hospício de Barbacena. Alugaram a kombi do Gentil e, Mateus ficou incumbido de levá-lo.

No hospício de Barbacena, foram ter com o médico responsável pelo Manicômio, que foi logo querendo saber:

— Quem é o louco?

Zé Varti, todo alinhado, apontou para Mateus, em péssimo estado e falou:

— É ele.

Os seguranças foram logo tomando Mateus pelo braço, que se assustou e lutando com os seguranças gritou:

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— Me larguem! O doido é ele.

— Segurem que ele está tendo uma crise! Assegurou Zé Varti.

Meteram uma camisa-de-força em Mateus e o caso foi dado por encerrado.

Zé Varti voltou logo de Barbacena e Mateus andou sumido por uns tempos...

35 - A HISTÓRIA DO PÃO-SUZINHO

Sérgio Higino este era seu nome antes do recreio daquele dia de aula em que resolveu comprar merenda no Bar do Miguel:

— Miguel, quanto é o pão com mortadela? — É mil e quinhentos.

— E o pão com manteiga? — É mil.

— Então me vê um pão-suzinho!

36 - BARCO ENCALHADO ( contado por Tinho, neto do Crécio )

Era um dia de teatro no velho prédio do Luiz Thimoti. Ernesto e Crécio remavam dentro de uma canoa, representando dois sobreviventes de um naufrágio. A peça já estava em seu último ato, quando o encarregado de fazer a canoa andar, teve problemas, pois apesar de força redobrada com que puxava a corda, a canoa encalhada em uma tábua solta teimava em ficar enganchada.

Já estava na hora de fechar a cortina, mas daquele jeito a canoa ficaria do lado de fora. Crécio e Ernesto improvisaram um

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diálogo enquanto todo o elenco fazia força para puxar a canoa. Como nada conseguiram, improvisaram mais ainda, arregaçaram as calças e saíram, pé ante pé, andando em alto mar para desencalhar o barco salva-vidas.

37 - FRANGO DO DR. CÍCERO

Mário do posto foi almoçar na casa do Dr. Cícero. Na mesa só tinha arroz, feijão e batata. Mário servia-se bem devagar, ficou ficava hora, prá ver se aparecia mais alguma coisa. Já estava quase desistindo quando ouviu Dona Alice gritar lá da cozinha:

— Posso levar o frango?

— Ainda não. respondeu Dr. Cícero.

Mário esperou mais um pouco, mas como a cena se repetia e o frango nada de aparecer, achou que comendo o arroz com feijão, poderia ser premiado com a carne de frango. Quando Mário estava quase terminando de comer, Dona Alice voltou a perguntar:

— Posso levar o frango?

— Agora pode. Respondeu Dr. Cícero, para alegria de Mário.

Dona Alice levou o frango e o amarrou ao pé da mesa. O frango, faminto, comia os grãos de arroz que tinham caído no chão...

38 - LADRÃO DE JABUTICABA (contado por Zé Dimas)

O professor Zé Divino de Oliveira ouviu alguns barulhos lá no quintal e como era tempo de jabuticaba, logo diagnosticou o

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caso. Saiu na janela e viu um ladrão trepado na jabuticabeira, enchendo seu saco. Com sua astúcia, encontrou uma saída diplomática e gritou:

— Mariquinha, traz a espingarda!

— Mas como, você nunca teve espingarda. Gritou-lhe a desavisada esposa.

— Ladrão, leva a Mariquinha prá você! Gritou Zé Divino...

39 - TOMÉ COME, TINHO PAGA O PATO (contado por Zé Dimas)

Tomé não perdia uma oportunidade para aprontar alguma com o coitado do Tinho do Bar Fecha Nunca. Nem mesmo quando estava na zona se esqueceu do seu predileto amigo. Na hora de pagar, disse que era o Tinho do Bar e que pela manhã, ela, sua companheira ocasional, poderia passar pelo seu bar e receber o pagamento.

Com aquela luz negra e um pouco de álcool na cabeça a mulher engoliu e lá estava ela, no dia seguinte, tentando receber do Tinho o que Tomé havia desfrutado:

— Vim receber pela noite de ontem!

— Mas eu nem vou a estes lugares. Respondeu Tinho, que pela aparência da mulher já descobrira a que tipo de pagamento ela se referia.

— Na hora de comer come, né? Mas na hora de pagar fica mijando prá trás.

Engrossou a mulher de vida fácil.

Ao ver sua esposa, Dona Terezinha, descendo em direção ao bar Tinho se apressou:

— Quanto é?

— Cento e cinqüenta.

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Tomé entrou no bar e perguntou se ele lhe havia pago a de ontem.

Com a resposta afirmativa do seu amigo, sacou o talão de cheque e reembolsou o Tinho. Depois de muito reclamar que o cheque não tinha fundos, Tinho recebeu outro, desta vez de um banco que já havia fechado. Tomé demorou mas pagou, pois não poderia perder seu grande amigo.

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40 - ESTA É VERDADE

Zé Guaraná, grande "pescador", nos relatou a seguinte história:

"Domingo passado fumo pescar, eu e meu fio de criação. Peguemo a canoa e quando nóis já tava com as varas dentro d’água, um peixe bem grande pulou prá fora d’água. No reflexo, lhe joguei meio quilo de queijo que tava na minha mão. O peixe demorou uns cinco minutos e vortou a pulá. Passei a mão no tamborete e empurrei goela abaixo. Quando o peixe pulou pela terceira vez, não tive escolha, joguei meu próprio fio.

Tamanho era do peixe e o do meu espanto, que eu até tinha esquecido do facão na cintura. Quando o peixe tornou a pular acertei um golpe mortal com o facão. Porém, minha maior surpresa foi quando resolvi abrir a barriga do baita, lá tava meu filho sentado no tamborete, comendo um pedaço de queijo".

41 - O ROUBO DO MULAMBO

Era domingo, Depois de uma derrota do Botafogo, Seu Vico resolveu fazer uma visita à Dona Gi, sua irmã. Como a casa estava aberta, foi entrando. Não encontrando ninguém, resolveu pregar um susto no povo. Colocou no quartovaso que estava na sala, virou cadeiras de perna pró ar, mexeu em quase tudo, mas não levou nada consigo. Chamaram polícia, procuraram pelo ladrão no forro da casa e nas redondezas, pois pensaram que ele não teve tempo suficiente para concluir o roubo. Como não acharam o ladrão. Começaram a suspeitar que aquilo fosse brincadeira de alguém e como o Seu Vico era o único da família que não estivera presente, logo deram com a história.

No dia seguinte, Seu Vico levou um saco de mandioca para acalmar os ânimos de sua irmã Gi, o que não foi suficiente para se evitar a vingança por parte dos sobrinhos, Ró e Zeca, que

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se aproveitaram da fragilidade do Mulambo, o velho caminhão do Seu Vico, que nem possuía chave de ignição, para lhe pregar uma peça. Pegaram o caminhão e o esconderam lá por perto do Montserrat. Seu Vico, já desconfiado, logo deu pela história, saiu procurando pelo caminhão e não demorou muito para encontrá-lo. Levou o caminhão embora e devolveu o susto aos sobrinhos:

— Me disseram que vocês deixaram o caminhão perto do Montserrat, fui lá e não o encontrei. Roubaram meu caminhão.

42 - O APELIDO DO VIAJANTE ( contado por Zé Ferreira )

O viajante chegou a Baependi já sabendo de sua fama em apelidar as pessoas que por aqui passam, mas pensou consigo: comigo eles vão quebrar a cara.

Chegou e foi direto para o Hotel Central. Não saiu do quarto prá nada. A única coisa que fez foi sair na janela de vez em quando prá ver o movimento da praça e a banda que tocava no coreto, tendo sempre a preocupação de fechar a janela quando voltava a seus afazeres. No dia seguinte pela manhã pediu a conta ao camareiro e ficou esperando para ver a menção de seu nome, mas o camareiro gritou lá de cima para Dona Clarice:

— Manda a conta do "Cuco” aí prá nóis!

42-A - CONHAQUE COM DEFUNTO (contado por Tinho)

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muito fria. Seu Crécio, então, teve a idéia e começou a fazer uma vaquinha para comprar uma garrafa de conhaque. A viúva, muito solícita, também quis contribuir, mas recebeu uma negativa de Crécio:

— Não. Pode deixar. A senhora já entrou com o defunto...

43 - CARONA E CAIXÃO (contado por Tinho)

Seu Crécio já ia em seu caminhãozinho fazer uma entrega em São Pedro quando um lhe pediu carona. Ele parou e mandou o caroneiro subir na carroceria, junto com o caixão que levava. No meio do caminho começou a chover forte e o caroneiro não teve outra escolha, entrou no caixão e puxou a tampa.

Mais prá frente, seu Crécio acolheu outro caroneiro, que teve a mesma idéia de se esconder da chuva dentro do caixão e, mesmo com medo de estar velando um defunto, levantou a tampa e escutou:

— Já tem gente... O primeiro caroneiro disse isso e não teve mais tempo para explicações, pois o outro pulou do caminhão.

44 - A ÉGUA DO CRÉCIO

Seu Crécio tinha uma égua amarrada numa árvore, perto de sua quitanda, quando chegou outro bom negociante, o Bieca, que lhe propôs uma barganha:

— Vende a égua, seu Crécio? — Vendo sim.

— Breganha noutra égua?

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— O senhor pode fazer o negócio com base em minhas informações, pois são tão precisas quanto um relógio suíço.

Mesmo desconfiado, Seu Crécio começou a assuntar: — É certa de boca?

— É a Rosita do Zé Pelúcio. — Bonita de anca?

— É a Leopoldina do Seu Henrique. — Boa de pelo? — É um veludo. — Come milho? — É um munho. — E a altura? — É um andaime. — E o andar, é bonito? — É a Antonieta Caputo. — Marcha? — É um batalhão. — A égua é forte? — É a capital do Ceará.

Já tendo prestado as informações necessárias, Bieca quis saber a respeito da égua do Crécio:

— E a sua égua, seu Crécio?

— Posso te garantir que a égua é um touro. Bieca deu um tapa na anca da égua e ela caiu: — Você não disse que a égua era forte?

— Mas você pegou ela desprevenida, se assustou e caiu. — Não tem nenhum outro defeito?

— Está na sua vista.

Bieca deu uma olhada na égua e fechou negócio com seu Crécio, pensando estar passando a manta. Mais tarde descobriu que a égua era cega.

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Ted estava louco para tirar uma aquele dia e a empregada nada de voltar da rua. Apesar do sono e do cansaço, não desistiu e colocou a engenhosidade a seu serviço.

Do seu quarto em frente à copa, amarrou um barbante ao pé do sofá e a outra ponta atou a seu pé, esperando que a empregada ao passar por ali batesse o pé no barbante e isto viesse a acordá-lo, pois o barbante lhe daria um leve puxão no pé e arrebentaria.

Quando a empregada chegou, ao passar pela copa, tropeçou no barbante, só que o barbante era mais forte do que ele podia imaginar: a empregada caiu, o puxão o derrubou da cama e o barulho do sofá arrastado fez sua mãe levantar para ver o que estava acontecendo. Ted e Funaro parecem jogar no mesmo time, pois "QUASE DEU CERTO".

46 - ZÉ BRASILINO, O MÉDICO DO TEATRO (contado por Tinho, neto do Crécio)

Zé Brasilino, um Esaú lá das bandas do São Pedro, assistiu a uma peça de teatro e ficou encantado, queria de todo jeito uma pontinha numa peça.

Seu Crécio, diretor na época, não acreditava nos talentos de Zé Brasilino, mas resolveu lhe dar o papel de médico, que em toda a peça tinha apenas uma participação, precisando decorar apenas uma frase.

Zé Brasilino ensaiou um ano inteiro e no dia da estréia ficou impaciente. Cada vez que a mulher pedia por um médico para seu marido, Zé Brasilino queria entrar em cena, mas era contido pelo diretor da peça.

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liberado para entrar em cena e proferiu a sua frase: — Cheguei para salvá-lo!

— Chegaste tarde, Doutor, o homem já morreu! Respondeu a viúva.

Zé Brasilino entre decepcionado e raivoso, achou que devia uma explicação ao público e se desculpou:

— Culpa do filho-da-puta do Crécio, que não queria me deixar entrar...

47 - PADEIRO

A história de Baependi não é escrita só nesta terra, mas também lá fora, por seus filhos ausentes.

Houve um baile em Cruzília. Baixou todo mundo prá lá. Com o término do baile, voltaram todos, menos Zé Adolfo, que por sua mania de dormir em qualquer lugar, acabou perdendo a carona.

Já eram lá pelas cinco da manhã, quando ele se deu com o fato. Duro e com fome, ele não resistiu ao embrulho de pão colocado sobre o beiral da janela da casa, em frente ao lugar por onde passava.

Quando ele acabou de apanhar o embrulho, a dona da casa abriu a janela, com o mesmo intuito. Apesar da cruel fatalidade, ele não se deixou apanhar, devolveu os pães e gritou:

— AO PA-DEI-RO.

48 - DEFUNTO DE TEATRO

Ernesto terminava a cena estendido no chão e a cortina fechava com ele já morto. Naquele dia ele não ficara em lugar bem apropriado a quando o pau da cortina, um pedaço da madeira

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comprida sobre o qual a cortina se enrolava e que garantia sua melhor postura quando fechava, veio baixando, ele, com o rabo dos olhos viu que aquilo ia lhe cair bem em cima da cabeça e, não teve saída, deu um pulo e avisou:

— É o último suspiro!

49 - FORDINHO DO ASCÂNDER ( contado por Bené)

Ascânder comprou um fordinho 1926, reuniu a turma e foi curtir em Caxambu. Quando estavam passando bem em frente à praça, escutaram um barulho, como se alguma peça tivesse caído. Como ninguém tinha coragem de descer para ver o que era,Ascânder teve uma boa saída:

— Se está andando não faz falta.

Já de volta à Baependi, na subida do Morro Mariano, resolveram ligar o farol; a estrada continuou escura, mas o pasto ficou iluminado.

50 - TREINADOR AUTORITÁRIO (contado por Zé Ferreira)

Neném Bicalho chegou na cidade e foi logo contratado como técnico do Botafogo Futebol Clube. Seus métodos autoritários faziam que suas ordens fossem comprida sem nenhuma hesitação. Conta-se que um dia seu time estava dando muito balão quando o técnico lá da torcida gritou:

— No chão!

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51 - LEITE DE CABRA

A velha, aos 84 anos, já estava bem ruim havia uns dois anos, mas nos últimos dias, todos estavam esperando pela sua morte.

Rezavam terço sem parar, colocavam vela na mão da velha e nada. Até que surgiu a idéia salvadora, disseram que ela não morria por falta de forças e que seria preciso dar um pouco de leite de cabra para que ela ganhasse sustância. Feito o aconselhado, foi batata, com meio litro de leite de cabra a velha pacotou.

52 - CARNAVAL EM AIURUOCA (MINEIRO MACHO) (contado por Marina)

Cesinha foi para o carnaval de Aiuruoca. Lá um rapaz da terra, aproveitou para tirar uma casquinha de uma menina que estava com ele, passando a mão na perna dela. Cesinha respondeu com uma direita na testa que fez com que o rapaz já bêbado, virasse duas cambotas e até sarasse do fogo. Cesinha ainda inquieto perguntou:

— Onde foi que ele passou a mão? A menina respondeu:

— Na perna.

— Ainda bem, pois não sei como um cara destes pode passar a mão, sendo que eu não passei.

E arrematou:

— Se fosse namorada minha eu matava. 53 - BOLO DO BIECA

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(contado por Bené)

Bieca tinha uma casa de jogos onde costumavam se reunir o Crécio, o Ariosto, seu Juquinha e outros.

Um dia Bieca resolveu presenteá-los com um bolo de fubá, mas como não tinha muita prática, colocou meio quilo de bicarbonato. Na hora de assar, o bolo cresceu tanto que foi até preciso escorar a tampa do forninho.

Quando o bolo foi servido, seu Juquinha foi logo comendo um pedaço e seus olhos deram de saltar, a sua abotoadura de ouro pegou na testa do seu Ariosto.

54 - BOIADA DO DIDI DA ONÇA

Didi da Onça estava contando que certa vez comprou cinqüenta garrotes, colocou lá no seu pasto no Mato Dentro e ficou dois anos sem ir lá ver o que estava acontecendo, mas pelo tempo, calculou que já estavam no ponto de abate. telefonou para o frigorífico, tratou o preço da arroba e contratou um carreteiro para fazer o transporte.

Lá pela uma e meia da madrugada do dia seguinte, foi acordado pelo carreteiro que explicou:

— Seu Didi, sua boiada foi refugada. O frigorífico alegou excesso de gordura.

55 - PADRINHO RICO

Tio Itamar, enquanto presidente da Liga, foi convidado para ser padrinho de casamento de um Juiz de Futebol, o Maria Preta. Estranhando o fato de ter sido escolhido para padrinho, pois tinha com ele pouca intimidade, perguntou:

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seu conhecido?

— O senhor me dá presente bão, agora o Big, até terno eu vou ter que comprar prá ele.

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56 - JEEP DO PEDRO LOPES (contado por Roberto do Mauro)

Pedro Lopes comprou seu primeiro Jeep, mas ainda estava muito arraigado aos seus tempos de cavaleiro. Sua primeira gafe foi mandar fechar a porteira para o Jeep não fugir, mas a segunda lhe deu maior dor de cabeça.

Ao encontrar um conhecido, soltou do volante para cumprimentá-los e acabou batendo no barranco. No mesmo dia comentou com a mulher:

— Podem me chamar de orgulhoso, mas não comprimento mais ninguém.

57 - QUADRO VIVO

Antônio Pena ficou três meses ensaiando sua participação como agitador na encenação da vida, paixão e morte de Jesus Cristo, tradição de Baependi. Depois de tanto ensaiar sua fala "Crucifica-o", na hora da apresentação soltou:

— Crucifica ele!

58 - MARRETA DO DIDI DA ONÇA

Seu Didi da Onça estava trabalhando com sua marreta de 5 quilos, quando ela saiu do cabo. Aí ele não teve escolha recorreu ao seu santo mais forte:

— Minha Nossa Senhora Aparecida!

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59 - VAGABUNDO APRESSADO (contado por Evanil)

Zé Fraqueza vinha na sua costumeira carreira, quando seu Crécio lhe chamou.

— Diga logo que estou com pressa!

— Pressa? Mas o que é que você está fazendo? Perguntou Crécio curioso ao homem que nunca trabalhou.

— Andando à toa...

60 - CAÇADORES DE ONÇA (contado por Evanil)

Armando Bortone, Zé Pena, Álvaro Pena e Matéia foram caçar na Serra do canjica. Lá ficaram arranchados num casebre de condições precária. Como o perigo de onça era real, colocaram uma mesa escorando a porta e uma bacia em cima desta para dar o alarme, caso a onça forçasse a porta. Estavam jogando um truco quando os dois cachorros começaram a rosnar. Só poderia ser a tal onça. Como ninguém se dispunha a enfrentar o perigo, Matéia pegou a espingarda e foi enfrentar a fera. Ao iluminar os dois cachorros, pode ver o motivo de tanto barulho, estes brigavam por um pedaço de lingüiça que haviam roubado.

61 - COISAS DA POLÍTICA

Na época dos comícios, a turma do "Toninho" resolveu numerar os carros que acompanhavam, para mostrar a superioridade numérica, mas a contagem tinha uma falha: Não

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havia carro número 16 ( 16 era o número de seu principal adversário ).

62 - TELEFONE NO SÃO PEDRO (contado por Chiquinho do Bar)

Pela primeira vez na vida, Rubinho foi falar ao telefone. Do outro lado da linha estava Zé Lota, lá no São Pedro. Temendo não ser ouvido Rubinho esticou bem o fio do telefone, saiu na janela e, direcionando sua voz pros lados de São Pedro falou gritado:

— Zé lota, mas que maravilha, nem acredito que é você mesmo que está falando...

63 - SUPOSITÓRIO DO MIGUEL (contado por Chiquinho do Bar)

Miguel era dono do bar do colégio Montserrat e como estava com um começo de gripe, resolveu procurar um médico que lhe ministrou alguns supositórios. Dois dias depois estava Miguel reclamando ao professor Humberto:

— Além de não baixar a febre, este comprimidão estão é me dando enjôo.

64 - ENGENHEIRO (contado por Chiquinho do Bar)

Alziro, era assim que o conheciam antes de ir procurar emprego em São José dos Campos, pois lá ganhou o apelido, ao

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chegar numa construção e travar o seguinte diálogo: — Vocês têm alguma vaga aí?

— Depende, o senhor tem estudo? — 4º ano primário.

— Para o senhor não temos, pois só há vagas para engenheiro

— Tem problema não, prá quem tá na bosta qualquer merda serve!

65 - E ASSIM SE FEZ A ZONA (contado por Petrônio)

Chegou na cidade umas caboclas da roça, muito bonitas, que logo descambaram para a vida fácil. Patota, homem que gostava de resolver as coisas na hora, foi logo dizendo a uma delas:

— Oh Rita! Na tua casa todas dá, por quê ocêis num arrenui e fais um cambaré prá nóis?!

66 - AGUANDO O MOLHADO (contado por Petrônio)

A patroa de François viajou, mas lhe deixou uma severa recomendação:

— Chova ou faça sol, quero minhas plantas regadas todos os dias.

Quando estava voltando da viajem, deparou com François de calção, botas de borracha Sete Léguas amarelas, capa e guarda-chuva, regando as plantas do jardim debaixo de uma

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chuva danada.

Nota: François é aquele que, de calção e bota, anda empurrando um carrinho de mão com placa, seta, retrovisores e radinho de pilha aí pela rua, carregando não sei o que.

67 - SORTE GRANDE (contado por Petrônio)

Todo mundo viajou e a patroa de François encomendou: — Venha dormir comigo hoje, pois fiquei sozinha. François foi, jantou, colocou pijama, toca e ficou esperando. Quando patroa foi dormir, perguntou assustada:

— François, o que você está fazendo na minha cama? — Uai! A senhora não disse que era prá mim vir dormir com a senhora?

68 - RÁDIO DE PILHA (contado por Petrônio)

Cota estava ouvindo seu radinho de pilha quando Dona Júlia avisou:

— O Felizalle acabou de ser enterrado. Não quero ver este rádio ligado dentro de casa. Ouviu Cota?

— Sim senhora, pode deixar.

No dia seguinte ao ouvir as músicas no rádio, Dona Júlia foi se dar com a empregada.

— Já não lhe disse que não quero rádio ligado?!

— A senhora disse que não queria ele ligado dentro de casa, então eu coloquei ele lá no quintal...

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Passados alguns dias, Cota foi autorizada a ligar novamente seu radinho, mas Dona Júlia ficou implicada com uma coisa: sempre ouvia o som, mas nunca via o rádio.

— Cota não precisa mais esconder o rádio, pode ouvir à vontade!

— Tô escondendo não, Dona Júlia, ele está ali dentro do piano.

— Dentro do piano? Mas fazendo o quê?

— Coloquei ele lá dentro para o som ficar parecido com o da vitrola...

69 - PLANTADOR DE MACARRÃO (contado por Chiquinho do Bar)

Cabeçudo estava tomando uma cervejinha no Bar do Chiquinho, quando anunciou aos colegas de ócio:

— Agora vou ser empresário, vou plantar macarrão lá na lavrinha!

Ao que Zé Grande retrucou:

— Mas como? Seu pai acabou de vender lá!

70 - TIRANDO CARTEIRA (contado por Chiquinho do Bar)

Totonho Ezaú foi tirar carteira. Lá , o examinador lhe deu as instruções:

— Me dê sua indentidade e saia bem devagar!

Totonho lhe deu a carteira de indentidade, desligou o carro, abriu a porta com cuidado e saiu bem devagarinho...

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71 - SERRADOR (contado por Chiquinho do Bar)

A pedido da mãe, o irmão do Daniel foi serrar o galho do abacateiro que avançava sobre a casa. Como não achava posição, sentou do lado da ponta do galho e começou a serrar. depois de meia hora o galho caiu, com ele caiu o serrador, que depois de dois dias de hospital, morreu.

72 - BANDEIRA DO BRASIL

Era tempo de eleição e Joaquim Alvarenga Maciel estava em campanha, tentando ser vereador pela Piracicaba e, ao pedir os votos da família de uma professora da escola rural, teve por resposta:

— Posso lhe arrumar uns quinze votos, desde que o senhor nos arrume uma bandeira do Brasil, em falta na nossa escolinha.

— Se você me arrumar estes votos, não vou lhe trazer uma, mas duas. E tem mais: da cor que você quiser...

73 - REGIME DE ENGORDA (contado por Chiquinho do bar )

Quando criança, Pedrinho do escritório era muito magrinho, então, sua mãe resolveu levá-lo ao Dr. Ítalo. O médico depois de examiná-lo disse:

— Não há nada de errado com o menino, ele é magro por ser este seu tipo físico, mas ele pode engordar um pouco se comer bastante massa.

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Pedrinho seguiu a dieta médica por uns dois meses, mas em vez de engordar, andava com crises de vômitos, foi quando sua mãe resolveu consultar outra vez o Dr. Ítalo:

— Doutor o menino tem passado mal! — Mas que tipo de massa ele tem comido? — Massa de tomate ETTI...

74 - HOTEL BARATO

Márcio Mângia tinha tomado todas. Quando chegou em casa, Nael não quis deixa-lo entrar. O jeito era descolar um hotelzinho. Foi até o Hotel Nhá-Chica, mas achou muito caro. Foi até a rodoviária, perguntou quanto era a passagem para Caxambu, pagou adiantado, cinco de ida e cinco de volta e dormiu até as seis da manhã.

75 - FOGÃO ECONÔMICO

Mané estava vendendo a um turista o seu famoso fogão econômico, quando Arapuá, de maldade, disse ao turista:

— Você vai comprar este fogão? Vai gastar um metro de lenha só para ele esquentar.

Mané ficou um perigo e o viajante já estava indo embora quando Arapuá, já meio arrependido, conseguiu com que ele comprasse o fogão ponderando:

— O fogão gasta bastante lenha, mas tem uma coisa, depois que ele esquenta, demora uns seis meses para esfriar.

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76 - MALA DE MINEIRO (contado por Petrônio)

Petrônio morava no Rio e resolveu levar seu velho lampião a querosene para decorar o apartamento. Na mesma mala se encontrava dois quilos de lingüiça da Dona Conceição, dois litros de pinga, um saquinho de louro, um tapete de retalhos, um queijo mineiro, um quilo de farinha de fubá, uma caçarola e uma frigideira. Levava com especial cuidado sua preciosa mercadoria, sendo o lampião antigo de real valor.

Quando foi desembarcar no Rio, acordou assustado, pois todos já haviam saído do ônibus. Ao pegar sua mala que estava no corredor, notou uma estranha marca, concluindo não ser sua. Foi reclamar ao motorista, o qual lhe garantiu ser aquela a última mala a permanecer no ônibus. Petrônio então, resolveu abrir a mala para tentar entrar em contato com seu dono, mas ao avistar uma escritura de fazenda viu que não seria necessário. Deixou a mala na rodoviária e também seu telefone e endereço, garantindo:

— Logo receberei o telefonema anunciando a devolução de minha mala.

No dia seguinte, já no seu serviço, Petrônio recebeu o telefonema e pediu para sua chefe para ir buscar a bendita mala, no que foi atendido.

Chegou lá trajando o terno de trabalho, contrastando com a maioria dos presentes, mas seu aperto foi maior quando o funcionário da rodoviária exigiu que ele abrisse a mala na frente de todos, para ver se faltava alguma coisa. Petrônio se recusou garantindo não haver problemas, mas o funcionário foi persistente. A platéia assistia curiosa àquela cena, sem entender direito e entendeu menos ainda quando Petrônio levou a mala para um canto para ver o lampião, deu uma olhadinha e fechou correndo, garantindo estar tudo ali e em perfeitas condições...

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77 - CARRO ANTIGO (contado por Petrônio)

Foi um pessoal de Baependi fazer compra em São Paulo e como Mané Beatriz queria uma peça para seu carro antigo, deixaram-no em um lugar onde havia diversas lojas do ramo e seguiram em frente, prometendo que logo depois voltariam para pegá-lo.

Mané Beatriz resolveu não ir muito longe, com medo de se perder e ficou rodiando o lugar onde o haviam deixado, visitava as lojas sem se mudar de quarteirão. Ao passar pela terceira vez por uma mesma loja de peças, o proprietário dasabafou:

— Olha moço, o seu carro é tão velho que nem a gasolina é capaz de servir...

78 - BALANÇA DO CRÉCIO (contado por Petrônio)

Acácio tinha um açougue ao lado de sua venda e tinha tratado de comprar uma porcada naquele dia, só que pediu ao dono para não lhes dar comida. Juntamente com Crécio, foram direto para a fazenda. Logo que chegaram ao chiqueiro, Acácio jogou uma espiga de milho aos capados, que só cheiravam a espiga, mas não se davam ao trabalho de comê-la. Ao sentir que fora logrado, Acácio anunciou:

— Não compro.

Crécio o chamou num canto e conseguiu convencê-lo a fazer o negócio com o seguinte argumento:

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79 - AJUDA DE VIZINHO (contado por Petrônio)

Terezona estava transando com Petrônio e gemia de acordar toda a vizinhança. Rita Poté, boa vizinha, logo veio em seu socorro, batendo na porta e perguntando:

— Está precisando de ajuda comadre? — Preciso não. Estou só trepando...

80 - PATOTA NO EXÉRCITO

Foram dois de Baependi servir o exército: Zé Reginaldo muito franzino e Patota, muito peitudo. Nos primeiros dias, veio a lição de atravessar o rio à cavalo. Zé Reginaldo era o primeiro da fila e apesar da insistência do instrutor, relutava em executar o pedido. Patota foi em socorro ao amigo e se candidatou a ser o primeiro, sendo prontamente aceito e na dúvida perguntou:

— Como é que o senhor qué que eu atravesso: em cima do cavalo ou o cavalo em cima de mim?

81 - FÓRMULA DA FELICIDADE (contado por Petrônio)

Rosaura Caputo estava contando prá Dona Júlia que numa noite dessas estava muito triste e resolveu dar uma voltinha pela cidade para arejar a cabeça. Por cada casa que passava, sabedora da vida de seus conterrâneos, dava uma paradinha e pensava nos

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problemas que aquela família enfrentava. Depois de ver muita desgraça, acabou voltando feliz prá casa. Dona Júlia ouviu atentamente a história e fez o seguinte pedido:

— Gostei muito de sua técnica, mas, por favor, não passe lá na rua de casa.

82 - GANCHO VIRADO (contado por Matéia)

O bezerro era danado de varador, só mesmo botando uma canga nele. João Lofe chamou seu camarada Bento e ordenou:

— Vá naquele mato e me traga um gancho assim prá colocar no pescoço deste bezerro — disse fazendo um “V” com os dedos.

João Lofe já estava preocupado, pois seu camarada não costumava demorar na lida. Maior susto, porém, levou ao ver seu camarada, já de tardinha, voltar do mato de mãos abanando.

— Mas Bento, o que lhe aconteceu?

— Passei à tarde toda a procurar o tal gancho.

— Mas não me diga que naquele mato não tem um gancho.

— Gancho inté que tem, mas assim virado prá baixo como o senhor pediu não tem não, senhor.

83 - LUA DE MEL (contado por Petrônio)

Tinha o orgulho de ser um homem metódico e anunciava: — Antes de dormir tomo sopinha, deito de costas e fico

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com a mão na perseguida.

Resolveu sair da rotina por época da lua-de-mel de seu segundo casamento, bancando o rapazinho e tentando dar duas numa só noite, fez tanta força que cagou.

84 - MULHER DE AMIGO

O namorado não aquentava mais. Parecia que todos os homens estavam contra ele naquele namoro. Era só ele dar bobeira e logo ia um fazer umas gracinhas para a sua menina. Pedia apenas o nome do malfeitor. Ela, depois de alguma premeditada relutância deu.

Lá foi ele a ponto de briga, mas chegando perto, pensou melhor. Olhou bem para o adversário, sentiu que ele já sabia do que se tratava, mediu bem seu tamanho e disparou:

— Oh! Rapaz! como é que você mexe com a minha mulher, não é amigo não, sô?

85 - VENENO BOM

Cometeu-se suicídio. No velório conversava-se distraidamente e um estranho travou o seguinte diálogo com um parente próximo do defunto:

— Foi Formicida Tatu? — Não, Neguvon Assuntol. — Este também é muito bom...

86 - DOR DE MATAR

Boi, um rapaz que costumava dar umas cinqüenta voltas na praça por dia com uma razoável rapidez, andava naquele seus

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característicos passos largos dizendo: — Esta dor-de-dente está de matar! — Esta tal dor-de-dente está de morte

— Acho que vou morrer por causa desta dor-de-dente! Como ninguém lhe dava ouvidos, apelou para o suicídio como a única solução: pegou uma cordinha lá no Seu Rosendo, a amarrou num galho de árvore e pulou de cima do tanque. A cordinha cedeu e Boi ficou enforcado, mas não o suficiente para morrer, pois dava para colocar as pontas dos pés no chão. Depois de muito sofrimento a cordinha se arrebentou e o Boi foi salvo.

Passado alguns dias perguntaram ao Boi se ele voltaria a tentar suicídio por causa de dor-de-dente e ele foi objetivo na resposta:

— Não. Suicídio é pior do que dor-de-dente.

87 - PASSAGEM DE TREM

Zé do Belinho comprou passagem de trem de ida e volta prá Lavras. Na hora de apresentar a passagem, não achou a de ida, só a de volta e tentou argumentar: com o cobrador:

— Se eu já tenho a passagem de volta, como não haveria de ter a de ida?

Ao ver infrutífera a argumentação do colega, o caipira que sentava ao lado tentou consolá-lo:

— Liga não. Comprei passagem de ida e de volta, e não vou voltar, quero ver o que ele vai fazer?...

88 - BRINCADEIRA DE MAU GOSTO

O time do Botafogo foi jogar fora de casa, no campo do Verdão, dono da temida torcida de Conceição do Rio Verde. Conseguimos a vitória e a irritação da torcida adversária. já

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prevendo um desenlace nada amistoso, a torcida do Botafogo foi logo saindo de fininho se preparando para voltar para casa. Todo mundo já estava na Kombi, só faltava o Muringa, que vinha vagarosamente arrastando suas sandálias Havaianas. Quando estava a uns dez metros da kombi, tomou uma chapada que quase o fez cair. Apertou o passo e não perdeu a pose:

— O-lha a BRIN-CA-DEI-RA! 89 - SÃO PAULO

(contado por Ney do Hotel Central)

Jorge trabalhava no Hotel Central e se apaixonou pela vendedora de Carnês do Baú da Felicidade. Certa vez, ao saber que o Ney e o Bode iam viajar para São Paulo, insistiu demais para ir com eles, pois queria de todo jeito rever seu amor.

Sem querer dizer não, Ney perguntou-lhe se tinha o endereço.

— Endereço tenho não, mas ela me disse onde morava... — Onde é então, perguntou o curioso Ney.

— Ela mora na rua dos assassinos... Não, na rua dos matadores... Não, na rua dos malandros...

Sem mais tardar, Ney Sacou: — Já sei, Marginal Tietê.

— É isso mesmo, eu sabia que tinha alguma coisa a ver com bandido.

90 - ARROGÂNCIA

Depois de sua época áurea, a nossa querida Dorinha, editora de um dos maiores jornais de Baependi, passou maus bocados. Chegou mesmo a ter que ir morar em uma casinha lá na COAHB. O duro foi fazer a mudança, o rapaz que a ajudava logo na primeira viagem perguntou:

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— Como é, Dorinha, será que vai caber tudo aí dentro? Dorinha sem perder a pose de seus velhos tempos respondeu:

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91 - PEDINDO A PREFERÊNCIA

A mulher ficou viúva cedo e Manezinho Inácio, nascido e criado em Cruzília, mas que vivia em Baependi, foi lá como todo bom cidadão dar os pêsames à jovem e bonita viúva. Para não perder viagem, chamou-a num canto e disse.

— Olha dona, eu sei que é cedo para estar falando nisso, mas caso a senhora um dia vir a dar um passo em falso, eu quero, desde já, lhe pedir a preferência...

92 -COBRA

Com este mesmo título, o fiscal do Banco do Brasil em Baependi certa vez relatou o seguinte:

COBRA - comunico não ter trabalhado na segunda-feira em virtude de ter sido mordido pela epigrafada.

93 - TOMANDO O PONTO (contado por Márcio Mângia)

A professora foi tomar lição do Tio Jairo e lhe fez a clássica pergunta:

— Prá que servem as árvores, Jairo? — Prá nada professora...

— Como prá nada, Jairo. E o pinheiro por exemplo? — Não sei professora.

— Serve prá dar pinhão. E prá que serve pinhão, Jairo? — Já sei, professora, prá jogar Biloca.

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94 - FESTA EM SÃO TOMÉ (contado por Sapoia)

Perguntei ao Zezé como tinha sido a festa lá em São Tomé das Letras, cidade de jovens turistas, e tive por respostas:

— Estava muito boa, Não tive nem trabalho. Fiquei quentando um foguinho do lado de fora da barraca, bem na minha, até que apareceram três lindos brotos de não se ver por estas bandas. As meninas pediram prá dormir na barraca e as acordar quando fosse dormir. Deu hora de tomar remédio e dormir, entrei na barraca...

Já antevendo o sucesso do marvado, concluí: — Comeu as três?...

— Não. Tomei o remédio, acordei as meninas, elas foram embora e eu dormi tranqüilo, pois apesar de você não acreditar, nem tudo é mulher...

95 - VIDA CRUEL (contado por Petrônio)

Um velho amigo de seu Leônidas Turri foi visitá-lo no leito de morte vinte anos depois do último encontro. Seu Leônidas ao ver que o belo rapaz era agora um velho, juntou forças e disparou:

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96 - MULHERENGO E CASAMENTEIRO (contado por Petrônio)

O juiz Paulo Maia estava no seu auge, não havia mulher capaz de lhe dizer não. Mas quebrou a cara com Roseli Caputo:

— O senhor é muito bonito, mas não faz o meu gênero... — Mas então, quem faz seu gênero?

— Eu quero um homem barrigudo, baixo, careca, de olho estalado e gordo.

Paulo Maia, sem acreditar no que ouvia, perguntou:

— Lá em Uberlândia tenho um amigo que possui esta descrição, se eu lhe trouxer você casa?

— Caso.

Lindas crianças nasceram da união de Roseli Caputo e Empadinha.

97 - NA BOSTA (contado por Márcio Mângia)

João Márcio estava de passagem por Serranos e, como todo bom português, trajava seu impecável terno. Heis que um fino homem deixa cair o relógio de bolso com corrente de ouro na fossa e ele dá a brilhante idéia:

— Dê um trocado a um gajo, amarre ele numa corda e nós o descemos devagarinho e, com certeza achará seu relógio.

Assim foi feito, desceram o rapazinho amarrado pela corda bem devagarinho sempre lhe perguntando:

— Pode descer mais? — Pode.

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— Pode puxar que eu já peguei:

O pessoal da corda não agüentou de curiosidade e foi dar uma espiadinha no fruto de tanto trabalho, o que fez o moleque afundar no meio da bosta. Depois de içado, passava a mão pela testa, raspava a merda e atirava no impecável terno de João Marcos, exclamando:

— Foi você quem deu a idéia, não foi?

98 - PERDIÇÃO DE EX DONZELAS

— Lá em casa somos seis mulheres, mas o pai é muito cabeça e disse que a filha dele que se perder é muito boba, pois hoje em dia com tanta pílula por aí a menina só se perde se quiser. Passados uns quatro anos deste relato, metade delas já haviam se perdido...

99 - CALMA CAIPIRA (contado por Petrônio)

Estávamos lá no bar da Dona Lourdes — bar que funciona como aquelas vendas de roça, apesar da invasão do pessoal da cidade, quando lhe perguntei se dava prá sair um frango a molho pardo.

— Dá sim. Disse Dona Lourdes sem desviar o olhar da frigideira onde fritava bolinhos.

— Dona Lourdes, só temos uma hora para tomarmos uma cervejinha e voltarmos para Baependi, pois o Charles vai tomar ônibus lá em Caxambu.

— Pode deixar que dá prá sair a tempo. Respondeu Dona Lourdes sem se despreocupar com os bolinhos.

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Preocupado com a tranqüilidade dela o nosso escasso tempo, insisti:

— Então dá mesmo prá sair rapidinho?

— Dá sim, a água já está fervendo e o frango já está preso...

(100)DEFUNTO VIVO (contado por Márcio Mângia)

Zequinha Izalino havia morrido há pouco. Paulo Toledo, muito parecido com o pai, resolveu passar um susto no povo de Baependi, vestiu a famosa capa preta de Zequinha Izalino e veio passeando pela linha do trem. Ao vê-lo, Toninho Motta levou um bruto susto, fez o sinal da Santa Cruz e foi repetindo:

— Nada devo. Nada temo. Nada devo. Nada temo.

(101)VERME COMEDOR

A mulher de Pedro Lopes voltou do Dr. Ítalo com uma receita contendo dois remédios para matar dois tipos de vermes acusados no exame. Pedro Lopes ao ver tamanho desperdício, foi logo cortando:

— Pode tomar um remédio só, pois ouvi falar que um verme come o outro...

(102)SUSTO DO DESTINO (contado por Matéia)

Na descida do Bicânio tombou um caminhão. O motorista saiu procurando seu ajudante entre a sacaria de farelo

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esparramada pelo chão. Parou um pouquinho prá beber água e ouviu aquela voz bem fraquinha:

— Ro-zi-nha! Ro-zi-nha!

O motorista, perturbado, saiu loucamente à procura do companheiro, pensando estar ele quase morto e chamando pela mulher. O chamado era fraco e irregular o que atrapalhou na localização. Mas ficou feliz em ver que não era o companheiro que chamava, mas um disco sobre o galho da lobeira, que o vento fazia rodar e, ao passar por um espinho, produzia o som.

(102-A)COCO BAEPENDIANO

Laércio dos Três Pinheiros comprou a quitanda do Crécio e logo nos primeiros dias, perdeu a tão recomendada calma de negociante, enquanto uma veranista ia balançando os cocos e exclamava:

— Este não tem água. — Este tem água demais. — Este tá muito grande. — Este tá quebrado.

E logo foi atendida pelo novo quitandeiro:

— A senhora pode escolher o tipo de coco, que a Bahia é logo ali no fundo da horta e eu mando apanhar.

(103)ELEIÇÃO (contado por Petrônio)

Tatá tinha ganhado a eleição. A cidade tava que era só foguete. Dona Mariquinha Tatu, já velha perguntou:

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(104)PROTEÇÃO DE SÃO JORGE (contado por Capiroto)

Matéia estava com seu Jeep cheio fazendo as curvas do Gamarra a 60 por hora, quando os passageiros reclamavam, ele batia no peito e dizia:

— Confio no meu São Jorge! Fazendo referência à medalha de São Jorge que trazia no peito.

Chegando sãos e salvos no Gamarra, Matéia foi agradecer ao seu Santo, mas quando pegou a medalha, lá estava apenas o cavalo. São Jorge tinha rachado fora...

(105)HISTÓRIAS DO ZÉ GARCIA (contado por Capiroto)

Dizem que o Zé Garcia era grande contador de história, mas a ele sãos atribuídos estes pequenos deslizes:

— Na Piracicaba teve uma festa tão animada que só de homens chamados Elpídio havia duzentos."

— Na Guerra de 30 morreu tanta gente que urubu só tava comendo das patentes de Tenente prá cima."

(106)MARIQUINHA TATU (contado por Petrônio)

Mariquinha Tatu, dona da casa onde Zé Varti morava, foi uma velha que morreu tomando pinga. Sempre sentava-se na varanda da casa numa cadeira de vime, com pose aristocrática, usando uma meia de uma cor e a outra de cor diferente, vestia

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