ROBERTO
LÉo
DA
SILVA
CM
388
ANAFILAXIA
AO
PARA-C-ETAMOL
Trabalho de Conclusão .do Curso de Graduação
em
Medicina, apresentado aoDepartamento de Clínica Médica, Centro de Ciências da _Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis
1998
ROBERTO
LÉo
DA
SILVA
ANAFILAXIA
AG
PARACETAMOL
Trabalho de Conclusão
do
Cursode
Graduação
em
Medicina? apresentado aoDepartamento Clínica Médica, Centro de
Ciências da Saúde da Universidade-Federal de Santa Catarina.
Presidente do Colegiado
do
Curse de Medicina: Edsomlosé Cardoso Orientador: Paulo Ferreira LimaCo-Orientador: Ernesto Meyer Neto
Florianópolis
1998
AGRADECIMENTOS
Agradeço
a todosque
tomaram
possível a realização deste trabalho e dealguma forma
participaramcomigo
nesta tarefa, omitirei aqui osnomes
paranão
cometer
nenhuma
injustiça.Agradeço, principalmente, ao Dr. Ernesto
Meyer
Neto,sem
o auxílio eorientação
do
qual, este estudo certamentenão
serianem uma
idéia.A
eleque
desde
o
início,quando
ainda traçávamos planos para a formulaçãodo
meu
trabalho de
conclusãode
curso, participoucomigo neste passoda minha
vida,meu
sincero reconhecimento. VCabe
um
agradecimento especial a R., paciente à qual este trabalho se refere, pela sua disposição e colaboração, dispondodo
seutempo
para participarÍNDICE
P-g. 1 _ Introdução ... ..04
2. Objetivos ... _. 407 3. Relatodo
Caso
... _.08
4. Discussão ... .. 10 5 _ Referências ... . . 23 6.Resumo
... ..27
7.Summary
... ..28
1,
INTRODUÇÃO
As
reações alérgicas,--dos~1nais~diversos tipos, -ao usode
drogaseu
agentes biológicos sãouma
forma-com-um de-respostanão
esperada (adversa-) ao--seuusol.Embora
sejauma
forma-comum
--de -reação --adversa a -drogas,a-
-alergiamedicamentosa
sópode
serdefin-ida-quandoenvolve -ummecanismo
imunológico,mesmo
que
de maneira ainda desconhecida,--edesta maneiraperfazem
menos
de10%
das reações ao uso -de~-drogas, -São -reações›ad-versas imprevisíveisque
ocorrem
em
indivíduoscom
alguma-suscepti-bilidade2-.~G
-restante -destas reaçõessão conhecidas
como
intolerância a drogas, .têm-um mecanismo--não--imunológicoe
podem
ser divididas ~como:--reaçõesde
s-uperdosagem, -efeito -colateral, -efeitosecundário, interação medicamentosa-
e
reações tera-togênicasz -Estas são--efeitosde certa
forma
previsíveisde
-ocorrerem -em pacientes normais,podendo
inclusiveestar relacionados
com
o
efeito farmacológico,da
droga. ~Aind-aexistem
asreações idiosincráticas-
e
--as -pseudoalérgicas-que,-embora-não
--possuindo
um
mecanismo
imunológicocausador,
também,
- -como -as -ale'rgicas,-
não -podem
ser previstas etendem
a ocorrer em- indiv-íduos-susoetiveisärãAs
macromoléculas são maiscomumente
associadas a reações ,ale'›rgicas, pois são capazesde
sensibilizar--o sistema imunológico -do indiv-íduo,podendo
levar a produção de anticorpos-IgG
-ou I-gE. Já as--substânciasde
baixo
peso molecular geralmentenão
estimulam -o -sistema -imunológico a- reagir,mas
-podem
causar respostas imunológicas -após se ligarem- a- umaproteína, -e- este
complexo,
droga-carreador, funciona-como
um
antígenoeompleto
-que leva à -sensibilizaçãodo
sistemaimune do
indivíduo. Neste caso duas possibilidade-devem
ser5
estimular
o
sistema imune;ou
após a ligação droga-proteína ocorrerem alterações estruturaisna
proteína, iniciahnentenão
imunogênica, e esta agircomo
haptenono
processo irnunológicoffif* -As
reações alérgicas a drogaspodem
se manifestar de várias formas, sendoas erupções cutâneas a
forma
maiscomum
e relativamente inofensiva,podendo
também
manifestar-se por reações generalizadas graves,como
na
anafilaxia.Podem
ser classificadas de acordocom
o órgão envolvido, suas manifestaçõesclínicas e síndromes específicas
bem
definidas,como
adoença do
soro. *A
anafilaxia éuma
reaçãomediada
imunologicamente, generalizadaque
envolve múltiplos órgãos e sistemas. Esta reação
depende da
fonrração deIgE
pelo indivíduo contra determinada substância seguido de
uma
ativaçãoou
liberação de mediadores pelos mastócitos
ou
basófilosíNo
caso de serdecorrente
do
uso de drogas, os agentes maiscomumente
incriminados são: soros heterólogos, hormônios, vacinas, antibióticos, relaxantes musculares.”A
reação anafilactóide clinicamente se assemelha à anafilática,mas
éresultado de
uma
liberação direta de mediadoresou
ativação demastócitos/basófilos
sem
haveruma
mediação
por IgE,não havendo
um
mecanismo
imunológico envolvido.O
processo envolvido neste tipo de reaçãoainda
não
ébem
conhecido.Os
exemplos
mais típicos são os contratesradiográficos, os opióides e os anti-inflamatórios
não
hormonais*Paracetamol
ou Acetoaminofen
éuma
das drogas mais usadasem
todomundo como
analgésico e antipirético “W” e possuitambém
uma
fraca atividade anti-inflamatória.*°›“Em
doses terapêuticas as reações adversas são raras.“'*"~”=“Por
outro lado, a sensibilidade à Aspirina e anti-inflamatóriosnão
honnonais émais
comum
eem
5%
destes indivíduospode
haver urna reaçãotambém
ao6
A
anafilaxia devida ao Paracetamolsem
concomitante sensibilidade à Aspirina foi2.
OBJETIVOS
O
objetivo deste trabalho é relatar o caso deuma
paciente,sem
sensibilidade à Aspirina, que apresentou urna- reação ao uso de Paracetamolclinicamente compatível
com
anafilaxia etambém
demonstrar a existência deum
mecanismo
imunológicoIgE
mediado
envolvido neste caso.3.
RELATO Do CASO
Paciente feminina de
30
anos, branca,sem
nenhum
problema
prévio desaúde e
sem
história prévia de alergia conhecida. Ela apresentou, minutos após aingestão de
mn
comprimido
de Paracetamol,mn
rash cutâneo urticarifonne,angioedema
de face e desconforto respiratório. Estes sinais e sintomas regrediramapós o uso de
medicação
anti-histamínica. Elanegava
reações ao uso de Aspirinae Dipirona.
Foi realizado teste cutâneo (prick) para alergenos respiratórios,
que
foi positivo paraDermatophagoídes
pteronissimus (+++), ecom
Paracetamol.Como
não há
disponívelno mercado
um
composto
específico parao
teste cutâneocom
o
Paracetamol, foi preparadauma
soluçãocom
a diluição de 3 formas comerciaisdiferentes de Paracetamol
comprimido
(7 50/7 50/500 mg),que foram macerados
e diluídosem
2ml
de água, obtendo-se então soluçõescom
concentrações de375mg/ml
(duas) e de250
mg/ml.Também
foi utilizadouma
formulaçãocomercial de Paracetamol gotas de concentração de
200
mg/ml.O
controlepositivo
do
teste foi a histamina, e o controle negativo, solução salina glicerinada.O
teste cutâneo foi interpretado 15 minutos após e apresentou resposta positiva(++++)
para todas as formulações testadas de Paracetamol,com
formação dehalo de eritema e pápula de
tamanho
superior ao controle positivo (histamina),não
havendo
reação ao controle negativo.O
mesmo
teste cutâneo foi aplicadoem
4
controles (1 deles atópico),sem
história prévia de alergia a medicamentos,com
todos apresentando resposta negativa aos
compostos
testados ecom
reação9
A
fim
de determinar a existência de .alergiaaoutros
analgésicos,foram
realizados testes de provocação-oralcom
Aspirina e-Dipirona, utilizando-se dosescumulativas. Para a provocação ~oral -com~ Aspirina utilizou-se doses
de
50/100/200/ 150
mg,
em
.intervalos-de
30
minutos, ‹ztotalizando-uma
dose
cumulativa de
500 mg,
_que .foi bem- tolerada,sem
a paciente .apresentar sintomas.A
provocação
oralcom
Dipirona foi -realizadacom
esquema- semelhantee
doses de 150/300/300/600mg,
em
.intewalosde
-30 .mi-nu-tos, -totalizandouma
dose cumulativa de1350 mg,
também
negativa,sem
a
apresentação de-~ sintomas de4.
D1scUssÃo
Foi descrito o caso de
uma
pacienteque
apresentouuma
reaçãoaguda
dehipersensibilidade ao uso de
uma
medicação,o
Paracetamol.O
quadro clínicoapresentado sugere
um
quadro de anafilaxia.O
quadro clinico deuma
anafilaxiatem
uma
grande variação, tantoem
uma mesma
pessoacomo
entre pessoasdiferentes.
Os
sintomas atingem tipicamente diversos órgãos e sistemas, incluindo manifestações cutâneas, pulmonares, cardiocirculatórias, gastrointestinais entre outros.Os
sintomas cutâneos incluem punido, eritema, urticária e angioedema.Os
cardiovasculares incluem hipotensão -podendo
seracompanhado
detaquicardia
ou
menos comumente
bradicardia - e choque. Outros sintomasconsistiriam
em
respiratórios -como
broncoespasmo,edema
de laringe, dispnéia- e gastrointestinais, incluindo náuseas, vômitos, diarréia, cólicas. Estas
manifestações
ocorrem
após a exposição auma
substância à qualo
indivíduoesteja previamente sensibilizado, dentro de
um
tempo
quepode
variar de segimdos a n1inutos.'~2›3~5›*^'A
anafilaxia foi descrita primeiramenteno
iníciodo
séculoXX
por Richete Portier, que a
demonstraram
em
cães previamente sensibilizados poruma
grande quantidade de toxinada
anêmona
marinha,que
era injetadana
tentativa depromover
uma
tolerância auma
reexposição.Mas
ao contráriodo
esperado, os cãesmorriam ou
apresentavam Luna reação mais severa após a administração deuma
segtmda epequena
doseda
mesma
toxina. Este termo foi escolhido por sepensar
em uma
ausência de proteçao a toxina, derivandodo
grego ana: partícula11
Este tipo de reação»
tem
oontudo
-uma
«nature-zaimtmológica,agora
conhecida, e depende- -da
formação
de -anticorpos-da classeIgE
a-umdeterminado
alérgeno, decorrente de-uma
sensibilização- -pre'via. -Estes -- anticorpos
IgE
ocupariam
sítios especificosem-
receptores-de membrana
de- ma-stécitos e basófilos.Em
uma
seguinte exposição ao antígeno- ocorreria- a ligação -destecom
o
anticorpoIgE
localizadona membrana
dos
--mastocitos-ou basófilos,provocando
a liberação de mediadores .inflamatóriose -vasoativos pelos ma-stócitos,
causando
vasodilatação, contração de- musculatura lisa visceral e- -estímulo--à -secreçãomucosa
glandular. Esta --reação ~ e' classificada-como
-do -- tipo- 1 -ou-de
hipersensibilidade
IgE
(imediata)na
classificação proposta por Gelle
Coombs
para reações de hipersensibilidade. -Os -pré-requisitos para-esta-.reação são, então,
primeiramente
uma
exposição a-uma
---substância desconhecida, › -estranhaao
sistema
imune do
pacientee
com
capacidade- suficiente de provocaruma
respostairmme
significantecom
produção- de IgE,-e, posteriormente,uma
reex-posição àmesma
substância.1=5~”Clinicamente estes tipos de. reações, as -mediadas por-anticorpos
do
1ipoIgE,
podem
ser divididasem
dois- subgrupos-(de -alergia):a
.atopiae a
anafilaxia.A
atopia descreveum
grupode
doenças(eomo-exemplo
.a rinite,asma
alérgica e a dermatite atópica), dependentesda
produção
--de IgE,-com- reação- localizadaa
um
determinado órgão. Já-naa
exposiçãoao
alergeno provocariauma
liberação generalizada de
mediadores
pelos mastócitos,provocando
uma
reaçãosistêmica, caracterizada clinicamente-por: -hipotensão ou- choque, broncoespasmo,
contração
da
musculatura lisa -gas-trointest:inal-e
-uterina, -urticáriae
angioedema,podendo
inclusive provocar a morte.*~3=“_
Existe
um
tipo de reação, -conhecidacomo
-anafilactóide, -que muito seassemelha à anafilaxia,
com
sintomas indistin-tos, -ondeporém
não-é -encontradoa
mediação
de anticorposIgE
-enão-há-ummecanismo
imune. Nestas- haveriaum
12
mecanismo
IgE-independentepara
ao-desgranulaçãodos
mastécitos/basófilos eliberação dos mediadores- por- estas -cé-lulas. »Deste~~modo- -o termo- anafilaxia
deveria ser reservado as reações ,onde realmente existe
um
mecarnsmo
IgE
mediado na
gênese destas,z`diferenciando~ uma-a reação verdadeiramente-alérgicade
outracom
mecanismo
não
imunoló__gico.Çontudo,
--omanejo
de
ambas
---e' aindaidêntico nas reações agudas.”
A
presença de,antico1po{gE- -podedemonstrada
in vivo-ou in vitro.Os
testes usados para a deteeçãoadestes anticorpos são~osz testes cutâneos (punctura (prick) e intradérmico) e --os-testes -séricos*
(
fradioalergosorvente -RAST,
alergosorvente fuorescente -
ÂÍAST,
alergosorventede' filamento mrâltiploou
ensaio imunosorvente ligado
À
enzima
-~ »-E{~,I-SA).3,“{3erahnentehá
uma
poa
correlação entre os testes laboratoriais
eos
cutâneos,-principalmente~quandoos
testes cutâneos são fortemente positivosou
clararnentene-gativos.*Desta forma
a
pesquisa in vitro
deve
ser'reser=vada~ aos poucos»-pacientesque
apresentem contra- indicacoes aos teste cutâneos,como
os
-que estaorecebendomedicaçao que
possainterferir
com
a reatividade cutânea; os- que- apresentam-edermografismo
ou
dermatite generalizada e os.
que
temem-estes testes.”Nos
casos de alergia a..drogas
os
testes -cutâneos -geralmente sãoconsiderados de pouco.-valor‹ pois, ‹ devido» ao» seus baixo
peso
molecular, osmedicamentos normalmente não
estimularn o sistemaimune
a produzir anticorposIgE
contra a determinada* drogafi Esta produção de anticorpos acontececom
drogas de alto peso molecular,
como
em
uso de soro heterólogo e insulina, etambém
com
drogas de baixo peso molecularque
previamente secombinem
com
proteínas,
que funcionam
--como carreadoras, ele -destaforma
passam
a
possuircapacidade de estimular
o
sistema imune,como
ocorrecom
a penicilina?Além
desta consideração, deve-se» observar
que
a resposta»ao
te-ste -cutâneopode
ser13
interpretada
como
uma
resposta positiva.”Porém,
em
casosonde
o quadroclinico
da
manifestação é típico deuma
reaçãomediada
porIgE
ehá
uma
históriaprévia de exposição à
medicação
(sensibilização), o teste cutâneo deve serconsiderado
como
mna
útil ferramentano
esclarecimento diagnóstico, se forcorretamente realizado e tiver
o
devido controle.”Quando
se suspeita deum
medicamento
como
causador deuma
reaçãoalérgica
ou
pseudo-alérgica, a partir de critérios clínicos, érecomendada
arealização de
um
teste de provocação oral 7como
procedimento esclarecedordo
agente etiológico
ou
de determinaçãoda
segurançano
usoda
medicação, esteúltimo
em
casosonde
o usoda
droga é necessário enão há
substituto disponívelou
estenão
existe.”Uma
resposta imediata obtidacom uma
baixa dosedo
fánnaco testado apenas sugeriria
um
mecanismo
alérgico,mesmo
na
ausência dedemonstração de IgE nos testes específicos, porém,
sem
comprovar
a naturezada
reação.”A
provocação oral deve ser realizadaem
um
ambienteonde
hajacondições de tratamento de possíveis reações desencadeadas pelo teste, pois
sem
tais condições sua realização é perigosa*Paracetamol e a Aspirina são as duas drogas mais usadas
no
mundo como
analgésico/antipirético.6›”›“›°
A
Aspirina e outras drogas anti-inflamatóriasnão
hormonais
podem
induzir reações alérgicaem
indivíduos susceptíveis,como
urticária e angioedema, rinite,broncoespasmo/asma
e reações anafilactóidesfi”A
~
estas reações,
embora
aindacom
mecanismo
nao
totalmente explicado, têm-seatribuído
um
mecanismo
de bloqueio de síntese de prostaglandinas atravésda
inibiçãoda enzima
ciclooxigenasefi”Mas
esta hipótesenão
consegue explicartodos os casos de reação a AlNE”.S, pois
há
pacientesque
apresentam reaçõesseletivas a determinados grupos de inibidores
da
síntese de prostaglandina.A
estes pacientesum
mecanismo
imunológico é aventado.”14
Paracetamol é
uma
droga, quetem
uma
grande segurançaem
seu uso eque
raras reações adversasou
de hipersensibilidade são relatadasquando usada
em
dosagem
terapêutica.*“›”›”›2° *Cerca
de
5%
-dos -'pacientesque
possuem
sensibilidade à Aspirina. reagem- ao Paracetamol-
em
-testes deprovocação
oral?A
estas reações foi proposto
o
mesmo
mecanismo
de- inibição -da ciclooxigenase, jáque
o Paracetamol étambém
um- inibidor do-mesmo
sistema.” Esta atividade deinibição de ciclooxigenase- pelo -Paracetamol é considerada fracafi- e
pode
serdemonstrada
em
modelos
animais,mas
seu efeito-em
humanos
ainda falta serdemonstrado.” Altas doses de Paracetamol,
acima
de1000 mg, parecem
sernecessárias para provocar
uma
reação significanteem
indivíduos sensíveis àAspirina.1° Assim, ele é geralmente considerado
uma
droga segura para o usoem
pacientes intolerantes ao uso de Aspirina e AINE°S.*6›2*
As
reações ao usodo
Paracetamol são relatadas mais freqüentemente nestecontexto, e as reações anafiláticas são raras.4-6”
Se
considerarmosque
a diferenciação entre reações anafilática e anafilactóidenão
émeramente
semânticae
possuem
diferentesmecanismos na
sua gênese 1”,um
menor número
de reaçõesanafiláticas ao Paracetamol,
sem
'intolerância à Aspirina, será encontrado
na
literatura. Para esta diferenciação é necessário a demonstração de
um
mecanismo
imune IgE mediado
para a caracterizaçãocomo
anafilaxia, seja através de testecutâneo
ou
de pesquisa sérica de anticorpos.^›“Stricker et al.” relatou 5 casos de reações de hipersensibilidade ao Paracetamol notificados ao Centro
Holandês
para
Monitorização deReações
Adversas
porDrogas
(CHMRAD).
Destes casos notificados aoCHMRAD,
asreações consistiam em: broncoespasmo, urticária, hipotensão e taquicardia.
Destes,
somente
um
paciente foi submetido ao teste de provocação oral,que
foi positivo,mas
não
édada
nenhuma
informação adicional sobre otesteou
detalhesda
reação.Nenhum
destes pacientes teve pesquisada apresençade
IgE, seja por15
testes cutâneos
ou
séricos,bem
como
nenhuma
infontnação -sobre sensibilidade àAspirina é mencionada.
“G
mesmo
autor- -citou outros44
casos, notificados aoWHO
Centro de Colaboração Internacional 'para Monitorização 'deDrogas
(CCIMD),
na
Suécia.Dois
casos são descritoscomo
choque
anafilático,um
como
reação anafiláticae
um
como
-*reação alérgica”,mas
nenhuma
informaçãoadicional é mencionada.
Embora
as reações ao-Paraceta1nol sejam consideradas mais -rarasem
crianças, Ellis et al. 21descrevem-os
casos de duas -criança-s, tolerantes-à
Aspirinaem
teste de provocação até 3-25~mg,fcom
-reaçãoao
Paracetamol -e-fazem
urnaanálise espirométrica e .-
da
-liberação --de -histamina -desencadeada peloParacetamol.
Ambos
pacientes-apresentaram-se- -sintomáticos após-um
testede
provocação
com
32
mg
de
Paracetamol, desenvolvendo- congestão nasal, prurido, tosse ebroncoespasmo
que
pode
ser quantificada- pela análise espirornétrica.Após
a administração de 'adr'en"a1ina,ocorreua
reversão dos sintomasMasambos
pacientes apresentaram testes 'cutâneos negativos ao Paracetamol, 'com respostaà histamina (controle positivo) normal, enão houve
diferença significativano
teste in vitro de liberação de histamina.Le
Van Diem
1° descreveum
caso dechoque
anafilático- ao Paracetamol,no
qual a paciente apresentou sintomas
compativeis-com-uma
reação- I-gEmediada
(vômitos, diarréia, piurido; rlispnéia; hipotensão, uftieária).
-A
paciente foisubmetida a teste de provocação oral,
com-500 mg~de
Paracetamol,o
qual foi positivo, apresentando sintomas -similaresao
do- quadro inicial. -Os níveis séricosde histamina estavam elevados durante o período
da
reação,o-que
é-descritocomo
detectávelem
reaçõesio .an-afiláticas.-Mas nenhuma
evidência- dealgum
componente
imunológico foi detectada enão
-foi realizada pesquisade IgE
anti-Paracetamol.
Não
se pode-descartaruma
reação idi-ossincrát-icacom
liberação de16
disso,
nenhuma
informação-sobre-a--sensibilidade ~à Aspirina--des-ta paciente foicitada.
Um
casoonde
a sensibilidade à Aspirina,é pesquisada em'-pacientescom
história prévia de reações ao Paracetamol -foi descritopor
Leung
ef'-alfiem
l992.Os
autoresdescrevem
o caso de cinco pacicntesque-apresentar-am sintomatologia variada após a ingestãode
-f Paracetamol -‹(pfu1=ido, ~-unticária, angioedema,broncoespasmo, eritema, -hipotensão).
-Todos
os-A pacientes for-am consideradostestados quanto a
sua
sensibilidade -à- Aspirina, poistinham
ahistória de usocom
dose
minima
de600 mg,
apósarcação
inici-al,-sendoque›4-dospacientesnão
apresentaramnenhum
sintoma
e ~umf-apresentou inticáfia e- eritema" 2 horasapós ao uso de Aspirina-oral:--O teste ~ de-- provocação oral ~não foi realizado
formalmente, considera.=ndo-se-- estes resultados
como-
testes ~›deprovocação
negativos e positivo -respectivamente. Destes-epacientes,~
somente
dois foram
submetidos a
um
teste de tolerância oral ao Paracetamo1,,,com..doses cumulativas,sendo
ambos
os casos positivos,-mas-necessitando-de -altas‹loses;900~mg› e1650
mg
(dose cumulativa),para
desencadear cri-tema epruridoz O-pacienteque
reagiu amaior
dose de Paracetamol(1650
mg)
foi o quetambém
apresentou reação à Aspirina, sugerindoum
mecanismo' de
inibiçãoda
"síntese 'de prostaglandinas.Não
foi pesquisada a presença de IgE'em'nenhum' dos pacientes.Doan
et al.” descreveuo
caso deuma
paciente* que "apresentou 'reações
graves a múltiplas exposições ao Paracetamol-,~ apresentando eritema, dispnéia e
hipotensão. Posteriormente a paciente foi 'submetidaia
um
teste de provocaçãocom
doses cumulativas,que
foi positivo, apresentando sintomas “similares aos iniciais,com
dose de 191'mg
“de” Paracetamol. C1'inicame'nte'foi "diagnosticadoreação anafilática ao Paracetamol, ao 'quál 'não' foi 'demonstrado existência'de“
1gE
através de imunoensaio
ou
testes cutâneos. A, paciente'tinha" história 'de uso de17
uso prévio de Paracetamol sernbcorrência-de reações-,e
não
foi-submetida aum
teste de provocação
com
Aspirina.Martin et alf' apres__entaram~o -caso--de ~uma1aaciente-que r-lesenvolveu
angioedema
de face e urt=icár=ia-após---o uso-de--Paracetamol.Na
avaliaçãodo
casoforam
realizados testes /queprovocação
-oralao
Paracetamol -eà
Aspirina,obtendo-se resposta p.ositiva
-(comdose
de
7-5mg)
e- negativa- -(com dose de500
mg)
respectivamente. ›Também~-foi demonstrado- a existência- de -IgE específica aoParacetamol através de teste cutâneo (prick)
e
sérico(RAST).
Sugere-se urnareação de hipersensibilidade-do--tipo--1,--atravês~de
dados
clínicose
laboratoriais,como
omecanismo
causal das reações,r1.esta--paciente;sendo-o
primeiro caso deanafilaxia ao Paracetamol
sem
sensibilidade a Aspirina descrito na- literaturapesquisada
(MEDLINE
-19744 998
e pesquisa atravésde
referências dostrabalhos escolhidos).
Schwarz
et al.*° apresentaram-o-caso de-uma
-pacientecom-
sensibilidadeconhecida à Aspirina. e» -outros --A1-NE*~S--que teve- reação a doses baixas de
Paracetamol, apresentando sintomas tanto cutâneos
como
respiratórios. Nestecaso
um
teste de provocaçãocom
dose única de325
mg
de Paracetamol foirealizado e
provocou
sintomas de rinoconjuntivite, urticáiia, tosse ebroncoespasmo
detectávelcom
uma
queda
maior que20
%
nos índice analisadospor espirometria.
Não
foi -pesquisado existência de IgE. Destaca-se -neste casoque
primeiramente a paciente- reagiu ao-Paracetamol e posteriorrnente apresentousintomas ao uso de Aspirina
ou
-A1NE°S.Brown”
descreveu dois casos, nos, quais---a ocorrênciade
episódios de hipotensão,em
pacientes- internados -em -unidades -de» terapia -intensiva,foram
associados ao uso de Paracetamol.
Nenhurn
outro sintoma de anafilaxia foirelatado
em
ambos
pacientes.Em
um
-dos pacientes, foi descrito o desenvolvimentode
rash- --cutâneo compativelcom
reação arlrog-a“~pela--análise18
patológica e
que
regrediucom
a retiradado
Paracetamol.Nenhum
-paciente foisubmetido a teste oral de provocação ao Paracetamol, assim
como
não
foimencionado
sua sensibilidade à Aspirina.-Não- foi pesquisado I-gE nestes casos.Sabbah
et al.” sugere.que
a
anafilaxia- ao Paracetamolpode
serdiagnosticada dentro de»-criterios clínicos, através
de
testes cutâneos, por testesde provocação e por testes laboratoriais. Es-tes testes eonsistiriam-
em:
testede
ativação de basófilos
por
-citometriade
fluxo
›e~dosagem
de
leucotrienoC4.
Ambos
seriam úteisna comprovação
de-reações alérgicasIgE
mediadas. ~Eletambém
descreve o caso de três pacientesque
apresentaram reaçõesurticariformes ao uso de Paracetamol. Destes pacientes
um
apresentava testecutâneo positivo e dois, negativos. Estes ultimos
foram
submetidos a análiseimunológica
acima
citada, que- foi --positivafem ambos. ~Nenhum
paciente foipesquisado quanto a
uma
possível reatividade à Aspirina.Vidal et al.” descreveu
um
caso de hipersensibilidade ao Paracetamolcom
sintomas clínicos compatíveis.
com
anafilaxia,que
eram: eritema, urticária,angioedema, dispnéia-, hipotensão. A- paciente foi
submetida
a teste de provocaçãocom
Paracetamol, -~ Aspir-ina~e
Codeinaz 'Sendo que somente
aoprimeiro
houve
resposta positiva-A
pesquisa' -séricade
lgE« específica foirealizada e teve resposta negativaz
A
-paciente tinha ›história'deuso
posterior areação inicial de Dipirona
sem
apresentarnenhum
sintoma.A
tabela lresume
os achados dos casos descritosna
literaturano
periodopesquisado, de 1974-98, c-orrelacionando
com
os
testesde
provocação -oral -quando
realizados - ercom
-a -demonstração de-lgE
--sérica específica ao19
Tabela 1: Casos de reação tipo alérgica ao Paracetamol descritos na literatura
(MEDLINE
1974-98 e pesquisa através de referências dos trabalhos escolhidos), relacionando
com
idade e sexo, tipo de reação, tempo entre ingesta de medicação e reação, sensibilidade à Aspirina edemonstração de IgE específica.
Autor Id/Sex
Reação
Tempo
TPO
- Par.TPO
-AAS
IgEStricker” caso 1 caso2 caso3 caso4 caso 5 E1115”
caso 1 criança Prur., Br.
caso 2 criança Prur., Br.
Van Diem” 46 F Prur., Br., Hipot., V., D. Leimgõ caso 1 caso2 caso 3 caso4 caso 5 Martin4 Doanl1 Browng caso 1 caso2 Schwarz” Sabbah" caso 1 caso2 caso3 Vidal”
CASO
RELATADO
36M
26M
54F 67F 43F šêêêêê 47F 53F21M
13F 39F adulto 60F 40F 30FBr., Urt., Hipot., Taquic. 1 h
Colapso, Urt. 40 min
Br., Urt. 1 h
Urt., Angioe. 15 min
Br. 1 h
40 min
25 min
30 min
Prur., Urt., Angioe., Br. 20/5 min
Urt., Angioe. 2h
Urt., Angioe., Hipot. 60/20 min
Eritema, Br. 30 min
Urt., Hipot. 30 min
Urt., Angioe. . 20 min
Hipot., Eritema, Br., .C 20 .min
Hipot.
NR
Hipot.NR
Br., Angio. 10 min Urt.NR
Urt.NR
Urt.NR
Prur., Urt., Br., Hipot. 1h
Urt., Angioe., Br. V minutos
Êšššš (+) 32
mg
(+) 32mg
(+) 300mg
(+) 500 mgNR
NR
(+) 750mg
NR
(+) 75mg
(+) 191mg
NR
NR
(+) 325 mgNR
.NRNR
(+) 125mg
NR
NR
História-NR
NR
NR
(-) 325mg
(-) 325mg
NR
(-) 600mg
(-) 600mg
(-) 600mg
(+) 600mg
(-) 600mg
(-) 500mg
H.,._
NR
NR
História+NR
NR
NR
(-) 900mg
(-) 500mg
ššššš TC (-) TC (-)NR
šššNR
NR
TC
(+), RAST (+)RAST
(-)NR
NR
NR
TC (+) TC (-) TC (-)RAST
(-) TC (+)Reações: Prur.: prurido; Urt.: urticária; Br.: broncoespasmo; Hipot.: hipotensão; V.: vômitos; D.: diarréia,
Angioe.: angioedema; Taquic.: taquicardia; C.: cólicas abdominais
NR: Não relatado/realizado no trabalho
História: paciente apresentou (+) ou não (-) reação prévia à Aspirina. Sem realização de teste de provocação
oral
TPO: teste de provocação oral. Com dosagem utilizada em
mg
TC: teste cutâneo para pesquisa de IgE
22
Contudo
estespoucos
relatos de reação adversas ao Paracetamol,em
dosesterapêuticas,
não
chegam
a diminuir a confiabilidadeno
uso destemedicamento.”
Os
testes cutâneosservem
como
uma
ferramenta útil e segurano
diagnóstico destas reaçoes se devidamente realizados, interpretados e
5.
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Réactionsanaphylactiques
ou
anaphylactoídes au paracetamol:A
propos de 3 cas.26
23.
Ring
J,Messmer
K. Incidenceand
severity of anaphylactoid reactions to6.
RESUMO
Paracetamol é
uma
dasmedicações
analgésicas e antiténnicas mais usadasem
todo omundo,
e sua segurança ébem
conhecida, causando raras reaçõesadversas
em
doses terapêuticas.Menos
de5%
dos indivíduosque reagem
àAspirina apresentam intolerância
também
ao Paracetamol, sugerindoum
mecanismo
de inibiçãoda
síntese de prostaglandinacomo
mecanismo
causador.A
hipersensibilidade ao Paracetamolsem
sensibilidade à Aspirina é muito rara.Os
autoresdescrevem
o caso deuma
paciente que apresentou urna reaçãoanafilática ao Paracetamol,
na
qual foi demonstrado a existência deIgE
específicaatravés de testes cutâneos.
A
mesma
pacientenão
apresentava sensibilidade à Aspirina e à Dipirona, constatado pormeio
de testes de provocação oral. Este éo
segundo
caso descritona
literaturacom
uma
reação tipicamente anafilática ecom
demonstração
do
mecanismo
imunológico envolvidoem
pacientes tolerantes à7.
SUMMARY
Paracetamol (Acetaminophen) is
one
of themost
used antipyreticand
analgesic drugs in thecommunity, and
it is considered a safe drug withfew
adverse at a therapeutic dose. Less then
5%
of aspirin-sensitive subjects also react to paracetamol, for that amechanism
of inhibition of prostaglandin synthesishas
been
proposed. Hypersensitivity to paracetamol without aspirin sensitivity isvery rare.
The
authors report a case of an anaphylactic reactiondue
to paracetamol use in ayoung
adultwoman,
theimmune
mechanism
was showed by
detection ofIgE
antibodiesby
skin tests.The
patient did not have aspiiin or dipirona(methamizole) sensibility,
proved on
oral challenge with both drugs.An
acutehypersensitivity reaction to paracetamol is described in this study
by
the secondtime in the literature, in
which
the presence ofIgE
specific isshowed,
in a patient tolerant to aspinn.TCC
UFSC
CM
0388 Ex.l N-Chfim TCC UFSCCM
0388Autor: Silva, Roberto Léo
Título: Anafilaxia ao Paracetamol..
IIHII \||| \|I HIII II I|||H|I|¡||l
972805891 Ac. 253537