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Relação entre obesidade infantil e imagem corporal em crianças da Ilha de São Miguel

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE

INFANTIL E IMAGEM

CORPORAL EM CRIANÇAS DA

ILHA DE SÃO MIGUEL

FILIPE DIAS CARDOSO JORGE

Orientadora: Professora Doutora Eduarda Maria Coelho

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

RELAÇÃO ENTRE OBESIDADE

INFANTIL E IMAGEM CORPORAL EM

CRIANÇAS DA ILHA DE SÃO MIGUEL

FILIPE DIAS CARDOSO JORGE

Orientadora

Professora Doutora Eduarda Maria Coelho

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação da Professora Doutora Eduarda Maria Coelho.

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IV

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Doutora Eduarda Coelho, pela sua disponibilidade, compreensão e apoio em todo este trabalho de investigação. O seu contributo, conhecimentos e sugestões foram determinantes na consecução deste projeto.

À minha esposa Mónica Sá e aos meus filhos Martim e Anamar pelo seu amor.

Aos meus pais e avó por tudo o que fizeram e fazem por mim.

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RESUMO

A obesidade é um problema grave com qual a população mundial se debate. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é como a epidemia global do século XXI e que deve ser compreendida como um problema de população e não apenas como um problema individual. Assim, este estudo tem como principal objetivo verificar a relação existente entre o grau de obesidade infantil e a insatisfação com a imagem corporal em crianças de ambos os sexos.

A amostra deste estudo é constituída por 581 alunos da ilha de São Miguel, sendo que, 273 (47%) são do género masculino e 308 (53%) do género feminino, matriculados no 2º ciclo do ensino básico (M=11,5 e DP=0,95). Para a recolha dos dados da amostra, foi utilizado um questionário, baseado no Health Behaviour in Schoolaged Children (HBSC). Para calcular o IMC, foram recolhidos o peso e a altura dos alunos e utilizados os valores de corte, de Cole et al. (2000), para definir a prevalência de Obesidade. Para avaliar a insatisfação com a imagem corporal foi utilizada a escala das sete silhuetas de Collins (1991). Os testes estatísticos utilizados foram o teste do Qui-Quadrado e o coeficiente de correlação de Spearman.

Quanto aos resultados obtidos neste estudo, a prevalência da obesidade é elevada (29,6%), sendo maioritariamente normoponderais (70,4%). Em função do género, verificou-se que, no grupo normoponderal, 33% correspondem a rapazes, e 37,4% a raparigas. Verificou-se também que a maioria das crianças (47%) não pratica exercício físico em nenhum dia da semana. Analisando os resultados referentes à comparação da insatisfação com a imagem corporal, em função do género, verificou-se que os valores mais elevados encontram-se nas crianças insatisfeitas por serem obesas (rapazes com 45,8% e raparigas com 41,0%). Analisando em função da prevalência da obesidade, constatou-se que, 84,9% das crianças que pertencem ao grupo excesso de peso + obesidade, pretendem emagrecer e que 44,6% das que pertencem ao grupo normoponderal, encontram-se satisfeitas. Somente as crianças que praticam desporto todos os dias, são as que mais se sentem satisfeitas quanto à imagem corporal, e as crianças que se sentem mais insatisfeitas com a sua imagem, por serem obesas, apenas praticam desporto uma vez por semana. Relativamente à correlação entre a imagem corporal percecionada pelas crianças e o IMC, concluiu-se que à medida que este índice aumenta, as crianças manifestam maior insatisfação pela imagem corporal.

(6)

VI

ABSTRACT

Obesity is a huge problem that people all over the world has to discuss on. For the World Health Organization (WHO), the obesity is like a global epidemic of the twenty-first century and that it has to be understood in as a population problem and not just as an individual one. Thus, this study has as main goal prove the relation between the childhood obesity level and the unpleasantness with the body image in children from both sexes.

The sample of this study is formed by 581 students from S. Miguel island, being that, 273 (47%) are from the male gender and 308 (53%) from the female gender, registered on the 2nd Cycle of Basic Education (M=11, 5 and DP=0, 95).

For the research of the sample, it was used a questionnaire, based on the Health Behaviour in Schoolaged Children (HBSC). To calculate the Body Mass Index (BMI), it was collected the weight and the height of the students and used the cut-off, of Cole et al. (2000), to define the prevalence of the obesity.

To evaluate the unpleasantness with the body image it was used the scale of the seven silhouettes from Collins (1991). The statistics tests used were the chi-square test and the correlation coefficient from Spearman.

Regarding the results obtained in this study, the prevalence of the obesity it’s high (29, 6%), being majority by weight (70, 4%). Depending on the gender, it was realized that, in a group by weight, 33% corresponds to boys, and 37, 4% to girls. It was also proved that the majority of children (47%) don’t practice physical exercise in any day of the week. Analyzing the results referring to the comparison of the unpleasantness with the body image, in function of the gender, it was confirmed that the higher values are in the children unpleased of being obese (boys with 45, 8% and girls with 41, 0%). Analyzing in function of the prevalence of the obesity, it was verified that, 84, 9% of the children that belongs to the weight excess group plus obesity pretend to lose weight and that 44, 6% of those that belongs to the by weigh group are satisfied. Only the children that practice sport everyday are satisfied with their body image and the ones who feel more unpleased with their image, for being obese, just practice sport once a week. Comparatively to the correlation between the body image, perceived by the children, and the BMI, it can be conclude that if that index gets higher, the children show more unpleasantness with the body image.

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ÍNDICE GERAL

AGRADECIMENTOS ……….IV RESUMO ………...V ABSTRACT ………VI ÍNDICE GERAL ………..VII ÍNDICE DE QUADROS ………...X ÍNDICE DE FIGURAS ………XII LISTA DE ABREVIATURAS ………...XIII

I. INTRODUÇÃO ………16

II. REVISÃO DA LITERATURA ………20

2.1. OBESIDADE ………...22

2.1.1 Definição ……….22

2.1.2 Prevalência da Obesidade ………...22

2.1.3 Etiologia da Obesidade ………...25

2.1.5 Métodos de Avaliação da Obesidade ………...27

2.2 ATIVIDADE FÍSICA ………..29

2.2.1 Os benefícios da atividade física ……….29

2.2.2 Relação entre a prática desportiva e a perceção da imagem corporal ….31 2.3. IMAGEM CORPORAL ………..32

2.3.1 Perceção da Imagem Corporal ………32

2.3.2 O Corpo na nossa sociedade atual ………..35

(8)

VIII III. METODOLOGIA……….…39 3.1 CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA……….40 3.2 VARIÁVEIS ………40 3.2.1 Variáveis Dependentes ………..40 3.2.2 Variáveis Independentes ……….…...41 3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS ………..….…...41 3.3.1 IMC ……….….…...41

3.3.2 Questionário de Estilo de Vida ………...….42

3.3.3 Imagem Corporal ……….…..…...43

3.4 ANÁLISE DE DADOS ………..…..…..43

IV. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ………..………..….45

4.1 ANÁLISE DESCRITIVA ………..…..………..46

4.1.1 Prevalência da Obesidade ………...…………..……….46

4.1.2 Atividade Física ………46

4.1.3 Insatisfação Corporal ………47

4.2 ANÁLISE COMPARATIVA ………48

4.2.1 Diferenças em função do género ………...48

4.2.2 Diferenças em função da Prevalência da Obesidade ………....50

4.2.3 Diferenças em função da Prática Desportiva ………...52

4.3 ANÁLISE CORRELACIONAL ……….………54

(9)

V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ………55

5.1 ANÁLISE DESCRITIVA ………56

5.2 ANÁLISE COMPARATIVA ………..57

5.3 ANÁLISE CORRELACIONAL ………..59

VI. CONCLUSÕES ………60

VII. PROPOSTAS FUTURAS ………63

VIII. BIBLIOGRAFIA ………..65

(10)

X

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Distribuição dos indicadores de IMC, por cada ilha dos Açores, em função

do género ………..23

Quadro 2 – Correlação do IMC, por cada ilha dos Açores, relativamente ao género e

prevalência da obesidade ………...………..24

Quadro 3 – Comparação do IMC com Portugal Continental e outros países europeus 24 Quadro 4 – Classificação da obesidade e riscos de doença, segundo a OMS ………...28 Quadro 5 – Classificação da obesidade através do IMC, segundo Tim Cole et al …....29 Quadro 6 – Prevalência da obesidade para a mostra total e por género ………45 Quadro 7 – Prática de exercício físico, para a amostra total e por género ………46 Quadro 8 – Caracterização da variável “Quantas horas por semana pratica exercício

físico” ……….………....47

Quadro 9 – Caracterização da imagem corporal percecionada e da imagem corporal

desejada ………..………...47

Quadro 10 – Satisfação das crianças, relativamente à sua imagem corporal …………48 Quadro 11 – Comparação das imagens corporais percecionadas, por género ………..49 Quadro 12 – Diferenças da satisfação da imagem corporal, relativamente ao género ..50 Quadro 13 – Comparação das imagens corporais percecionadas, por níveis de

prevalência da obesidade ……….51

Quadro 14 – Comparação da insatisfação da imagem corporal, relativamente aos níveis

de prevalência da obesidade ……….……...51

Quadro 15 – Percentagem das imagens corporais percecionadas, por níveis, da prática

desportiva ………..……52

Quadro 16 – Diferenças da insatisfação da imagem corporal percecionada,

(11)

Quadro 17 – Correlações significativas entre as variáveis da imagem corporal

(12)

XII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Classificação da obesidade Ginóide e Andróide ………..…22

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS

AF – Atividade Física

IMC – Índice de Massa Corporal PIC – Perceção da Imagem Corporal OMS – Organização Mundial de Saúde DGS – Direção Geral de Saúde

DRSA – Direção Regional de Saúde dos Açores WHO – World Health Organization

APCOI – Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil n – amostra

Freq – número de alunos % - Percentagem

(14)
(15)

I. INTRODUÇÃO

Muitas são as pesquisas já realizadas no campo da obesidade, na procura de entender melhor a sua etiologia e, sobretudo, de a prevenir.

Atualmente a obesidade é um problema grave com qual a população se debate. É uma doença que pode levar ao aparecimento e desenvolvimento de outras doenças. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a obesidade é a epidemia global do século XXI. Segundo a referida Organização, a obesidade é já considerada como a segunda causa de morte evitável e passível de prevenção no nosso país, a seguir ao tabagismo (Direção Geral de Saúde, 2005)

Para Durval (2006), a obesidade reduz a nossa qualidade de vida, atingindo mulheres e homens de todas as etnias e de todas as idades e com elevadas taxas de mortalidade.

Os indivíduos obesos apresentam uma taxa de 50-100% maior quando comparado com os não obesos (Sobral, 1996), e com fatores de risco como, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes, e dislipidemia (Souza, Neto, Reis, et al., 2003).

Para a OMS, a obesidade é uma doença que se caracteriza pelo excesso de gordura corporal acumulada pode atingir um determinado patamar capaz de afetar a saúde (OMS, 2000)

Segundo a Comissão Europeia, Portugal está entre os países europeus com maior número de crianças com excesso de peso, onde 32% das crianças portuguesas, entre os 6 e os 8 anos, apresentam excesso de peso e 14% são obesas (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), 2011). A obesidade infantil está associada a graves problemas de saúde como a asma, osteoporose, colesterol elevado, hipertensão, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, apneia de sono, problemas ginecológicos e ortopédicos e psicológicos (Associação Portuguesa contra a Obesidade Infantil, (APCOI), 2011).

Para além de todos estes problemas associados à obesidade, é importante referir também os problemas psicológicos e sociais que daí podem resultar. Assim, é fundamental que exista uma preocupação e um cuidado maiores pela discriminação e vitimização a que as crianças obesas estão sujeitas (Must & Strauss, 1999).

(16)

INTRODUÇÃO

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Para a OMS, a obesidade deve ser compreendida e enquadrada como um problema de população e não apenas como um problema individual. Assim, deve ter uma abordagem eficaz com estratégias de prevenção da obesidade, envolvendo todos os setores da sociedade (OMS, 2000).

Desta forma, e de acordo com estas diretrizes, a escola surge como o local da sociedade onde a prevenção da obesidade deve ser primordial, podendo intervir ao nível da educação alimentar, do envolvimento familiar e da comunidade em geral e no gosto pela atividade física, para que todos os comportamentos adquiridos na escola possam ser colocados em prática (Coelho et al., 2008).

Isto porque é na adolescência que muitos comportamentos se iniciam, nomeadamente as escolhas que os jovens fazem ao nível da sua alimentação e da sua prática desportiva. As escolhas desses comportamentos poderão influenciar futuramente a morbilidade e a mortalidade nesta fase de vida de cada criança (Oliveira, Albuquerque et al., 2009). Estes mesmos autores referem que, nas idades da adolescência, a educação para a saúde pode influenciar os seus comportamentos na vida adulta. Daí ser bastante importante que haja uma preocupação em estimular precocemente hábitos alimentares saudáveis e de atividade física (AF), reforçando estes mesmos hábitos e estilos de vida saudáveis na vida adulta.

Portanto, a escola desempenha um papel de relevo, para com a educação para a saúde e para com a prática de AF. Isto porque a maior parte das crianças e jovens tem acesso à escola, sendo esta um local de excelência para a intervenção nesses campos (Marques e Gaya, 1999).

Para Oliveira e Albuquerque (2009), o período da adolescência é um período de grande importância na vida do adolescente, marcado pelo crescimento no qual desencadeiam importantes transformações corporais, tornando os jovens vulneráveis a determinados excessos e vários desequilíbrios nutricionais.

Desta forma, os jovens podem apresentar sentimentos negativos acerca de si próprios devido às transformações que o seu corpo sofre, nomeadamente na sua aparência física (Anastácio & Graça Simões, 2006). Para além de todas estas transformações físicas a que o seu corpo está sujeito, dá-se também as mudanças de traços fisionómicos, afetivo, cognitivo e social (Nodin, 2001).

Assim, a imagem e a aparência são conceitos fundamentais para a adolescência. A beleza e a sua perfeição física são muito importantes para os jovens e a obesidade é uma condição que não tem lugar na época atual (Bento, 2004).

(17)

Desta forma, a imagem que cada um desenvolve de si próprio, reflete a sua aparência real. A insatisfação com a própria imagem corporal pode estar associada a um aumento da prevalência de obesidade (Bulik, et al., 2001; Fitzgibbon, Blackman, & Avellone, 2000) citado por Coelho, Mourão-Carvalhal, Santos e Fonseca (2010).

Esta investigação, centrada em obesidade e imagem corporal em crianças do 2º ciclo, da ilha de São Miguel, Arquipélago dos Açores, tem como principal objetivo verificar a relação existente entre o grau de obesidade infantil e a insatisfação com a imagem corporal em crianças de ambos os sexos, e que se encontrem matriculados no 2º ciclo do ensino básico.

Através desse objetivo principal, foram delineados objetivos específicos para a investigação, nomeadamente comparar a insatisfação com a imagem corporal, em função da obesidade, do género e da prática desportiva, bem como relacionar o índice de massa corporal com a insatisfação.

Assim, este trabalho encontra-se estruturado de forma lógica, começando com a parte do enquadramento teórico onde se aborda o tema da Obesidade (definição, prevalência, etiologia, causas e métodos de avaliação), Atividade Física (benefícios e relação entre atividade física e perceção da imagem corporal) e Imagem Corporal (perceção da imagem corporal, corpo na sociedade atual e diferenças por género). Seguindo-se o estudo empírico, que se encontra dividida por quatro partes que incluem a metodologia (caracterização da amostra, variáveis do estudo, instrumentos e procedimentos e análise de dados), apresentação dos resultados, a discussão dos mesmos e as respetivas conclusões, onde se propõem sugestões futuras.

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(19)

II. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 OBESIDADE

2.1.1 Definição

Antes de se começar a falar em obesidade, é importante e fundamental tentar definir o seu termo. O mesmo, muitas vezes, é comparado de forma similar a excesso de peso. Contudo, o termo obesidade é muito mais que isso. É fator de risco, de doença, de um patamar de classificação superior ao excesso de peso. É, de facto, algo bem mais preocupante, ou que deveria ser, do que o simples excesso de peso. É uma doença que poderá ser de alto risco, crónica e que afeta as mais variadas faixas etárias representando uma ameaça às populações mundiais.

Muitos são os autores que definem obesidade, alguns com definições muito semelhantes. Assim, e para que não se corra o risco de repetir definições análogas de diferentes autores, optou-se por pesquisar e investigar uma definição válida e credível, como é o caso da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Sendo esta uma organização de prestígio e de reconhecimento mundial, a mesma menciona a obesidade como sendo uma doença mundial, constituindo um fator de grande risco para o surgimento e progresso de diversas doenças.

Daí que a OMS tenha declarado a obesidade como a grande doença do século XXI.

Assim, esta mesma organização define a obesidade como uma doença no qual o excesso de gordura acumulada no corpo ser chegar ao extremo de colocar em causa a saúde do individuo. Como tal, pode-se considerar uma doença crónica, que apresenta elevados valores de prevalência, principalmente nos países desenvolvidos, que atinge tanto homens como mulheres de diferentes idades e etnias, colocando em causa a qualidade de vida e apresenta elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (WHO, 1997).

Mais recentemente, e adotando uma definição mais curta, a OMS define obesidade como um excesso de gordura corporal acumulada no tecido adiposo, com implicações para a saúde (WHO, 2000).

(20)

REVISÃO DA LITERATURA

22

Para o diagnóstico da obesidade, um indicador é a medição do perímetro da anca e da cintura, uma vez que se consegue determinar a forma como a massa gorda se distribui ao longo do corpo. Desta forma, pode-se classificar a obesidade consoante a localização da gordura no nosso corpo (Silva e Sardinha, 2008): a obesidade ginóide e a obesidade andróide.

Relativamente à obesidade ginóide, as suas características assemelham-se às mulheres obesas, onde a distribuição da gordura se faz preferencialmente na metade inferior do corpo, ancas e coxas.

A obesidade andróide é mais usual nos homens obesos, onde a distribuição da gordura se acumula sobretudo na metade superior do corpo (região abdominal).

Figura 1 – Classificação da Obesidade Ginóide e Andróide (Ornelas, 2004)

2.1.2 Prevalência da Obesidade

Sendo a obesidade uma doença preocupante dos nossos dias e que afeta qualquer faixa etária, a WHO (1997) tem vindo a verificar, em todo o mundo, um aumento gradual da prevalência do excesso de peso e da obesidade.

De acordo com a WHO (2007), os países europeus com maior prevalência de excesso de peso são a Escócia, Albânia e Bósnia Herzegovina, sendo que essa

OBESIDADE CLASSIFICAÇÃO GINÓIDE (TIPO “PERA”) ANDRÓIDE (TIPO “MAÇÔ)

(21)

prevalência na Europa situa-se entre os 32% e 79% nos homens e 28% a 78% nas mulheres. Relativamente à prevalência de obesidade na Europa, esta situa-se entre os 5% e 23% nos homens e 7% a 36% entre as mulheres, verificando-se com maior incidência em países como Malta, Grécia e Escócia relativamente aos homens e nas mulheres as maiores incidências encontram-se na Albânia, Escócia e Bósnia Herzegovina (WHO, 2007).

Segundo a WHO (2007), Portugal tem das mais altas taxas de excesso de peso da região europeia, nas crianças com idades compreendidas entre os 7 e os 9 anos, para ambos os sexos, com uma taxa de prevalência de 32%.

Atenta a este flagelo, a Direção Regional de Saúde dos Açores (DRSA), em 2010, realizou um estudo, que contou com a participação de estudantes do 5º ano de escolaridade, a estudarem e a residirem nas nove ilhas Açorianas. Este estudo tinha como um dos objetivos, avaliar a prevalência da obesidade na população escolar dos Açores.

Verificaram, então, o peso e a altura de todos os referidos alunos e calcularam o IMC.

Relativamente à ilha de São Miguel, o estudo revela valores de 19,9% no IMC dos alunos do sexo masculino e de 19,1% no caso do sexo feminino.

Quadro 1 – Indicadores de IMC, por cada ilha dos Açores, em função do género

(DRSA, 2010).

Mean Std. Deviation Mean Std. Deviation

Corvo Peso 53,1 10,0 48,2 12,3 Altura 154,0 5,7 145,0 3,6 IMC 22,2 2,5 22,9 5,4 Faial Peso 40,0 10,8 44,5 13,1 Altura 144,0 7,6 146,2 8,1 IMC 19,0 3,7 20,5 4,5 Flores Peso 42,3 9,0 43,8 10,2 Altura 144,5 7,0 144,5 8,8 IMC 19,8 3,4 20,6 4,3 Graciosa Peso 45,7 5,1 47,8 15,6 Altura 148,3 5,2 148,8 8,3 IMC 20,3 1,6 21,0 5,1 Pico Peso 42,5 11,3 47,2 12,4 Altura 146,2 6,6 149,2 8,8 IMC 19,6 3,9 20,8 3,8 S.Jorge Peso 43,5 12,1 44,6 17,9 Altura 144,7 7,5 147,0 6,4 IMC 20,3 4,3 19,3 3,4 S.Maria Peso 42,0 10,2 41,8 10,9 Altura 143,6 6,6 146,2 8,2 IMC 19,7 4,0 21,0 13,5 S.Miguel Peso 42,4 10,6 41,5 11,3 Altura 145,8 7,7 145,6 7,4 IMC 19,9 7,2 19,1 4,2 Terceira Peso 43,0 11,3 46,1 12,6 Altura 146,9 9,5 147,5 10,1 IMC 19,7 4,6 21,0 9,5 Masculino Feminino

(22)

REVISÃO DA LITERATURA

24

Foi também realizada uma comparação por ilha relativamente às categorias de peso a mais, obesidade e peso a mais/obesidade. O quadro seguinte, da DRSA, apresenta essa comparação.

Quadro 2: IMC, por cada ilha dos Açores, relativamente ao género e prevalência de

obesidade (DRSA, 2010).

Observando os resultados, uma vez mais, na ilha de São Miguel, o estudo revela serem os rapazes, aqueles com maior percentagem nas categorias estudadas (peso a mais e obesidade).

Posteriormente, a DRSA, com estes valores obtidos, realizou uma comparação com Portugal Continental e com outros países europeus. O quadro seguinte mostra esta comparação realizada por esta Direção Regional.

Quadro 3: IMC, com Portugal Continental e outros países europeus (DRSA, 2010)

Países Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino

França* 14,7 14,3 3,6 3,8 18,3 18,1 Grécia* 26,6 25,0 6,5 5,0 33,1 30,0 Itália* 20,9 18,9 6,7 6,2 27,6 25,1 Espanha* 16,2 18,4 6,6 6,9 22,8 25,3 Portugal* 19,1 21,4 10,3 12,3 29,4 33,7 Açores 19,1 19,9 12,8 10,2 31,9 30,1

Peso a mais Obesidade Peso a mais e Obsesidade Países Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino

Corvo 50,0 33,3 0,0 33,3 50,0 66,6 Faial 13,7 24,7 9,6 12,3 23,3 37,0 Flores 23,1 29,4 7,7 11,8 30,8 41,2 Graciosa 40,0 11,1 0,0 16,7 40,0 27,8 Pico 16,7 35,6 16,7 11,9 33,4 47,5 São Jorge 9,6 17,0 21,2 8,5 30,8 25,5 Santa Maria 20,9 16,2 16,3 10,8 37,2 27,0 São Miguel 20,5 16,4 12,0 8,1 32,5 24,5 Terceira 17,4 25,2 13,6 14,4 31,0 39,6 Açores 19,1 19,9 12,8 10,2 31,9 30,1

(23)

Constata-se que, a nível do arquipélago dos Açores, são as raparigas que apresentam um resultado ligeiramente superior em relação aos rapazes na categoria de peso a mais. Já na outra categoria, obesidade, são os rapazes que apresentam valores mais elevados.

2.1.3 Etiologia da Obesidade

A Obesidade é já vista como a grande desordem nutricional nos países ocidentais. Mas esta epidemia não afeta apenas os países desenvolvidos. Nos países em vias de desenvolvimento tem-se registado e verificado um crescimento significativo de pessoas com excesso de peso e obesas (Garganta, 2003).

E como todas as faixas etárias estão sujeitas a esta epidemia, não é de estranhar que a prevalência da obesidade infantil tenha aumentado, de forma gradual, nas duas últimas décadas em todo o mundo, com especial ênfase nas crianças e adolescentes (Bath & Baur, 2005).

Estes mesmos autores referem também que existe uma forte influência genética na obesidade que seria decorrente de uma desordem nutricional em que vários genes atuariam simultaneamente promovendo uma disposição individual para o excesso de adiposidade.

No entanto, apesar da influência genética no ganho de peso e gordura corporal, os fatores ambientais, principalmente estilo de vida sedentário associado a hábitos alimentares inadequados são determinantes nesse processo (WHO, 1998).

Estes fatores ambientais, particularmente os comportamentos ligados à dieta e Atividade Física (AF) são pontos centrais para a causa da obesidade (Rennie, Johnson & Jebb, 2005).

Para Jebb e Moore (1999), a etiologia da obesidade abrange variados fatores como o comportamento alimentar, mecanismos e armazenamento de gordura, influências genéticas, fisiológicas, ambientais e medicamentosas.

Tabacchi (2007), considera a obesidade como sendo uma patologia multifatorial que resulta da interação de fatores genéticos e ambientais.

Segundo estudos do mesmo autor, o género é um fator geneticamente evidenciado, onde existe uma maior predisposição do sexo feminino ser obeso em todas

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REVISÃO DA LITERATURA

26

as faixas etárias. A raça é outro fator que também influência na acumulação de tecido adiposo, por exemplo, os Hispânicos e os negros têm um maior risco de obesidade relativamente à população branca (Tabacchi, 2007).

Relativamente aos fatores ambientais, o aumento da prevalência da obesidade infantil, sugere que estes fatores coadjuvam a expressão da predisposição genética para o excesso de tecido adiposo (Strauss, 1999).

Nas últimas décadas, o desenvolvimento socioeconómico e a industrialização do mundo conduziram a um ambiente onde a prática da AF tornou-se cada vez mais reduzida e a oferta alimentar que nos é apresentada todos os dias aos nossos olhos, através da fast-food, contribuem para o aumento da incidência da obesidade infantil (Kiess, 2006).

Contudo, pode ser errado atribuir como causa única da obesidade, a falta ou escassez de AF, uma vez que poderá ser o resultado de uma inapropriada energia ingerida. Desta forma, a obesidade não resulta apenas da inatividade física, mas também da falta de correspondência entre a energia ingerida e a dispendida (Bouchard, 1993).

Assim, o aumento do sedentarismo, verificado em todas as faixas etárias, em ambos os sexos, é um dos fatores determinantes da obesidade (Gouveia et al., 2007). Muitos estudos relacionam a diminuição da prática de AF, tanto a nível escolar como extraescolar, com a diminuição da qualidade de vida, com o aumento das taxas de mortalidade e morbilidade cardiovascular e com o risco acrescido de obesidade (Strong et al., 2005). Segundo Strauss (1999), estes hábitos são predominantemente determinados pelo estilo de vida adotado pelos pais: os filhos de pais sedentários tendem a ser também sedentários.

Para Ball et al. (2001), avaliar a relação entre atividade física e gordura corporal em crianças com idade entre 6 e 9 anos é fundamental, pois é nesta fase que se estabelecem padrões alimentares e de exercícios físicos principalmente no ambiente escolar.

Sendo a obesidade considerada como uma nova epidemia do séc. XXI, na qual a sua etiologia apresenta-se como uma das mais complexas, o seu desenvolvimento pode ser de múltiplas causas.

Assim, o excesso de gordura resulta do facto da quantidade de energia que é ingerida no organismo ser superior à quantidade de energia que o mesmo consegue despender. É esta balança energética que faz com que o corpo retenha gordura. De acordo com o Portal da Saúde (2005), esta acumulação de excesso de massa gorda

(25)

poderá ser consequência de uma dieta hiperenergética, com excesso de gorduras, hidratos de carbono e de álcool, aliada a uma vida sem AF, ou seja, sedentária.

Segundo o portal da saúde, faz referência aos fatores que determinam esses desequilíbrios. Assim, os mesmos podem ter origem genética, metabólica, ambiental e comportamental.

O mesmo portal refere que a prevenção e o tratamento da obesidade e excesso de peso, assim como a promoção da AF são prioridades de intervenção, com reconhecimento de organismos como a Organização Mundial de Saúde. Ou seja, uma alimentação saudável e cuidada aliada a uma atividade física regular contribui para diminuir a obesidade, mas também os riscos ligados à hipertensão, às doenças cardíacas, à diabetes e a certas formas de cancro. De um modo mais geral, uma alimentação saudável e a prática de exercício físico permitem melhorar consideravelmente a qualidade de vida.

Deste modo, a OMS refere que a prática de exercício físico tem um papel fundamental na prevenção da obesidade.

2.1.4 Métodos de Avaliação da Obesidade

Utiliza-se com grande frequência, o índice de massa corporal (IMC) como um processo fácil e rápido para se avaliar o nível de gordura de uma pessoa.

O IMC é determinado pela divisão do peso do indivíduo pelo quadrado da sua altura, onde o peso está em quilogramas e a altura está em metros.

A OMS (2000) classifica a obesidade de acordo com o IMC, associando o valor a um risco de doenças, tal como podemos verificar no quadro seguinte.

(26)

REVISÃO DA LITERATURA

28

Quadro 4 – Classificação da obesidade e risco de doenças, segundo a OMS (2000).

IMC Classificação Risco de doenças

abaixo de 18,5 Subnutrição ou abaixo do peso Baixo

entre 18,6 e 24,9 Peso ideal Médio

entre 25,0 e 29,9 Ligeiramente acima do peso -

entre 30,0 e 34,9 Grau I de obesidade Aumentado

entre 35,0 e 39,9 Grau II de obesidade Moderado

acima de 40 Obesidade mórbida Muito elevado

Ainda segundo a mesma Organização, é difícil classificar a obesidade durante a infância e a adolescência pelo simples facto de que a altura corporal está ainda a aumentar e a sua composição encontra-se em contínua mutação (OMS, 2000).

Assim, e porque na infância, o IMC altera-se de forma muito substancial, foi proposto por Cole, Bellizzi, Flegal e Dietz (2000), o estabelecimento de uma definição standard, com pontos de corte específicos para idades compreendidas entre os 2 e os 18 anos, baseada nos valores de IMC de 25 e 30 kg/m2 para excesso de peso e obesidade, respetivamente. O quadro que se segue, representa os valores definidos por Tim Cole et al.

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Quadro 5 – Classificação da obesidade através do IMC, segundo valores de corte específicos, para

idades compreendidas entre os 2 e os 18 anos (Cole, Bellizzi, Flegal & Dietz, 2000)

2.2 ATIVIDADE FÍSICA

2.2.1 Os Benefícios da Atividade Física

Carreiro et al. (1999) consideram a AF como qualquer movimento do corpo produzido pelos músculos esqueléticos, no qual existe um gasto de energia.

Idade (anos)

IMC 25 Kg/m2 IMC 30 Kg/m2

Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

2 18.41 18.02 20.09 19.81 2,5 18.13 17.76 19.80 19.55 3 17.89 17.56 19.57 19.34 3,5 17.69 17.40 19.39 19.23 4 17.55 17.28 19.29 19.15 4,5 17.47 17.19 19.26 19.12 5 17.42 17.15 19.30 19.17 5,5 17.45 17.20 19.47 19.34 6 17.55 17.34 19.78 19.65 6,5 17.71 17.34 20.23 20.08 7 17.92 17.75 20.63 20.51 7,5 18.16 18.03 21.09 21.01 8 18.44 18.35 21.60 21.57 8,5 18.76 18.69 22.17 22.18 9 19.10 19.07 22.77 22.81 9,5 19.46 19.45 23.39 23.47 10 19.84 19.86 24.00 24.11 10,5 20.20 20.29 24.57 24.77 11 20.55 20.74 25.10 25.42 11,5 20.89 21.20 25.58 26.05 12 21.22 21.68 25.58 26.67 12,5 21.56 22.14 26.02 27.24 13 21.91 22.58 26.43 27.76 13,5 22.27 22.98 26.84 28.20 14 22.62 23.34 27.25 28.57 14,5 22.96 23.66 27.63 28.87 15 23.29 23.94 27.98 29.11 15,5 23.60 24.17 28.30 29.29 16 23.90 24.37 28.88 29.43 16,5 24.19 24.54 29.14 29.56 17 24.46 24.70 29.41 29.69 17,5 24.73 24.85 29.70 29.84 18 25 25 30 30

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REVISÃO DA LITERATURA

30

Slattery e Jacobs, (1988), referem que a prática regular da AF é benéfica em todas as idades, pelo facto de fortalecer os músculos e os ossos, promovendo uma melhor qualidade de vida.

Segundo a OMS, a melhor prevenção da obesidade é a prática de AF e uma alimentação saudável, logo nos primeiros anos de vida. (WHO, 2000).

De acordo com a Direção Geral de Saúde (DGS), a prática regular de AF reduz o risco de se poder vir a sofrer de doenças cardiovasculares, cancros e diabetes tipo 2. A DGS refere ainda que, o exercício físico em crianças e adolescentes, trás benefícios físicos, mentais e sociais para a saúde. Estes benefícios, geralmente são obtidos através de, pelo menos, 30 minutos de AF moderada, todos os dias. A DGS menciona, como atividades diárias, o caminhar para o local de trabalho, o subir e descer escadas, o trabalho de jardinagem, o dançar e outros desportos recreativos, presentes no quotidiano das pessoas. Essa participação em AF pode melhorar o sistema músculo-esquelético, o controle do peso corporal e pode também reduzir possíveis sintomas de depressão (DGS, 2007).

Como vantagens, a DGS refere que, uma AF regular proporciona, em primeiro lugar, a redução do risco de morte prematura. Reduz também, o risco de morte por doenças cardíacas ou AVC, do cancro do cólon e diabetes tipo 2. A AF ajuda ainda a prevenir a hipertensão, auxilia o controlo do peso, ajuda na prevenção/redução de osteoporose e reduz o risco de desenvolver dores lombares. A AF reduz também o stress, ansiedade e depressão, promovendo músculos e articulações mais saudáveis e o bem-estar psicológico (DGS, 2007).

Refere ainda a DGS que o exercício físico é um forte meio de prevenção de doenças e que uma AF adequada constitui um dos pilares para um estilo de vida saudável, a par de uma alimentação cuidada e saudável.

Um estudo realizado pelos autores Vítor Lopes, José Maia, et al., sobre a atividade física habitual, em 3742 crianças (6 a 10 anos), no Arquipélago dos Açores, concluiu que existe uma grande variabilidade no nível de AF, em ambos os sexos e em todos os níveis etários, havendo sujeitos classificados de muito ativos, ativos e inativos. Outra conclusão foi a de que os meninos apresentam índices de AF superiores às das meninas.

(29)

2.2.2 Relação entre a Prática Desportiva e a Perceção da Imagem

Corporal

Vários são os estudos já realizados nessa área, relacionando a AF com a PIC. Contudo, e segundo os autores Bar-Or & Baranowski (1994), ainda não existe uma relação de causalidade entre a AF e a obesidade, isto porque não está confirmado nem definido se é a obesidade que provoca a falta de AF ou se é a falta desta que conduz à obesidade.

Num estudo realizado por Grundy et al. (2004), com uma amostra de 700 crianças, confirmou-se que baixos níveis de AF encontram-se associados a níveis elevados de gordura corporal.

Num estudo efetuado por Salusso-Deonier e Schwarzkoph (1991), com 125 estudantes universitários de ambos os sexos, compararam a relação entre estudantes que praticavam aulas de fitness, e estudantes não praticantes de nenhuma AF. Essa relação permitiu aos autores verificarem níveis de satisfação maiores com a imagem corporal nos que praticavam aulas de fitness, em ambos os sexos, do que naqueles que não realizavam nenhuma AF. Assim sendo, concluíram que um dos benefícios psicológicos da participação em atividades físicas é o da melhoria da imagem corporal.

Com o mesmo objetivo de estudar a relação entre a PIC e a AF, Davis e Cowles (1991) estudaram uma amostra constituída por 112 indivíduos do sexo feminino com idades compreendidas entre os 14 e os 58 anos e por 88 indivíduos do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 16 e os 64 anos. Os autores dividiram em dois grupos a sua amostra; os praticantes de AF regular e os não praticantes. Os resultados demonstraram que as mulheres se encontram mais preocupadas com a sua aparência e mais insatisfeitas com a sua imagem corporal do que os homens, nos dois grupos. Relativamente às motivações que levam as pessoas a praticar AF, os autores referem que estas variam consoante o sexo: as mulheres pretendem perder peso e os homens pretendem diminuir a gordura e aumentar a massa muscular.

Outro autor a pesquisar sobre esta relação foi Abrantes (1998) que investigou a variabilidade da satisfação com a imagem corporal, numa amostra de 256 indivíduos de ambos os sexos, entre os 45 e os 65 anos de idade, praticantes e não praticantes de AF. Os resultados apontaram para níveis mais elevados de satisfação com a imagem corporal para os indivíduos do sexo masculino do que os indivíduos do sexo feminino.

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REVISÃO DA LITERATURA

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Neste último, a prática de AF surgiu associada à satisfação com a imagem corporal, tendo as mulheres praticantes apresentado níveis de satisfação com a imagem corporal mais elevados do que as mulheres não praticantes.

Num estudo realizado por Ferrari et al. (s.d.), sobre a insatisfação com a imagem corporal e relação com o nível de AF, em 832 universitários (485 do sexo masculino) de uma universidade pública brasileira, as prevalências de insatisfação com a imagem corporal e inatividade física foram de 10,1% e 14,5%, respetivamente, não havendo associação significante entre a imagem corporal e o nível de AF, estando ainsatisfação com a imagem corporal associada ao estado nutricional dos universitários.

Neste vasto campo de estudo, a maioria dos autores são unânimes em concordar que a imagem corporal se correlaciona positivamente com a AF.

Kreitler e Kreitler (1988) mostraram esta evidência assim como Schontz (1969, citado em Batista, 1995), afirmando que a AF incrementa o interesse pelo corpo assim como o grau de satisfação para com o corpo.

A AF regular parece, então, ser um método potencial para melhorar a satisfação com a imagem corporal em ambos os sexos.

2.3 IMAGEM CORPORAL

2.3.1 Perceção da Imagem Corporal

Schilder (1935, cit. por Vasconcelos, 1995) definiu, pela primeira vez, o conceito de imagem corporal. Segundo o referido autor, a imagem corporal não é mais do que uma representação que formada mentalmente do nosso corpo, podendo a mesma ser alterada com o tempo e segundo as situações.

Assim, para que ocorra essa formação mental, o referido autor considera importantes as relações sociais, culturais, psicológicas e fisiológicas (Schilder, 1968).

Chipkevitch (1987) vai mais longe e distingue a perceção da imagem do corpo por género, no período da adolescência.

Assim, o autor supra citado menciona que os adolescentes já possuem, na sua mente, um corpo idealizado, uma conceção pré-definida, e, quanto mais esse corpo idealizado se distanciar da imagem real, maior será a possibilidade de existir um

(31)

conflito consigo mesmo, comprometendo a sua autoestima. Por sua vez, as adolescentes, mesmo quando estão no peso adequado ou até mesmo abaixo do peso ideal, costumam se sentir gordas ou desproporcionais, o que se denomina de distorção da imagem corporal (Fleitlich et al., 2000). No sexo feminino, com o aumento da idade, há a tendência em querer perder peso; inversamente, no sexo masculino, essa vontade diminui, prevalecendo o desejo de ganhar peso num porte atlético (Vilela et al., 2001).

Tavares (2003), descreve que a imagem corporal é a forma de como o indivíduo se percebe e se sente, em relação ao seu próprio corpo. O mesmo autor refere ainda que, a perceção da imagem corporal é influenciada por componentes físicos, psicológicos, ambientais e comportamentais complexos.

Deste modo, e sendo a adolescência um período marcado por várias transformações físicas e mentais, quer no crescimento quer no desenvolvimento humano, as mesmas são influenciadas pela interação entre fatores biológicos e ambientais (Colli, 1992; Fleitlich, 1997; Gallahue & Ozmun, 2003). São essas transformações na imagem corporal do adolescente que, na maioria das vezes, levam a insatisfação com o próprio corpo (Pinheiro & Giugliano, 2006).

Nas últimas décadas, o estilo de vida que as pessoas têm, vem contribuído para um aumento da gordura corporal em consequência da diminuição de AF e do aumento do consumo de alimentos calóricos e os padrões de beleza exigem perfis antropométricos cada vez mais magros. Este fato tem gerado uma crescente insatisfação das pessoas com a própria aparência (Andrade & Bosi, 2003).

O género feminino, em particular, busca, de forma incessante, um padrão de corpo ideal, associado às realizações pessoais e à felicidade. Estes factos estão entre as principais causas de alterações da perceção da imagem corporal.

A perceção da imagem corporal, quando inadequada, pode ocasionar distúrbios psicológicos e sociais relacionados à própria perceção (Fontes, 2006; Instituto de Nutrição Annes Dias, 2004). Esses distúrbios acentuam-se, principalmente devido à forte influência que os meios de comunicação possuem, sobretudo na criação de imagens corporais padronizadas. A tendência tem ido à procura dos corpos moldados por exercícios físicos, cirurgias plásticas e tecnologias estéticas (Russo, 2005).

Através disto, inúmeros estudos têm identificado uma grande percentagem de crianças e adolescentes insatisfeitos com sua imagem corporal (Brown, Cash & Mikulka, 1990; Cohane & Pope, 2001; Erling & Hwang, 2004; Parhan, 1999;

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REVISÃO DA LITERATURA

34

Rosenblun & Lewis, 1999; Vilela, Lamounier, Dellaretti Filho, Barros Neto & Horta, 2004).

Segundo a Associação Portuguesa para o Estudo da Obesidade (2001), a obesidade pode causar distúrbios ao nível psicológico, nos quais pode estar incluída a alteração ao nível da sua imagem corporal. Os autores Schwartz & Brownell (2004), através dos estudos realizados sobre a perceção corporal, demonstraram que as pessoas obesas sobrestimam o seu tamanho corporal.

Por norma, os obesos possuem uma imagem corporal sua distorcida, pelo simples facto de se sentirem inseguros em relação aos outros, imaginando que os outros veem com hostilidade e desprezo (Correia, 2003).

Num estudo realizado Strauss e Pollack (2003), os autores concluíram que geralmente é reconhecido que, tanto o excesso de peso como a obesidade, têm um impacto negativo sobre a autoimagem e a autoestima nas crianças. Ainda neste estudo, os referidos autores avaliaram o impacto que o excesso de peso tem nas crianças, relativamente às amizades, concluído desta forma que este grupo de crianças tem menos amizades e que estas são menos recíprocas.

Num outro estudo realizado pelos autores Cash e Green (1986) sobre a imagem corporal e o peso corporal, com adolescentes do sexo feminino, concluiu-se que a componente percetual, afetiva e cognitiva da imagem corporal, difere em função do peso corporal.

Num estudo realizado por Oliveira, através da Revista Gymnasium, um dos objetivos da autora foi comparar a perceção da imagem corporal, de 353 adolescentes (186 rapazes e 157 raparigas), dos 13 aos 19 anos de idade, em função da prevalência da obesidade. Para avaliar a PIC, utilizou a Escala das Nove Silhuetas de Stunkard et al. (1983). Os resultados obtidos demonstraram diferenças significativas na imagem corporal percecionada e na insatisfação com a imagem, em função da prevalência de obesidade. Foi ainda concluído que a maior parte dos adolescentes sente-se insatisfeito pelo excesso de peso, sendo essa percentagem mais elevada nos adolescentes com sobrepeso (86,2%) e obesidade (37,3%).

Para o ser humano, a imagem corporal desempenha um papel importante na consciência de si próprio. Ou seja, se a perceção do corpo é positiva a autoimagem também será positiva. Se há satisfação com a imagem do seu corpo, a autoestima será melhor. Com o processo de envelhecimento, há uma diminuição da imagem corporal

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que o ser humano tem de si e da sua autoestima também, interferindo diretamente na qualidade de vida desta faixa etária.

Contudo, a alteração de comportamentos por parte do adolescente em virtude da sua insatisfação relativamente à sua imagem corporal poderá ser um fator de risco para a sua saúde.

Num estudo realizado pelos autores Coelho, E.; Mourão-Carvalhal, I., et al., verificaram a associação entre a perceção da imagem corporal e o índice de massa corporal em crianças com e sem prática desportiva., com idades compreendidas entre os 5,8 e os 17,9 anos. Os resultados desse estudo demonstraram que as crianças e jovens do 1º, 2º e 3º ciclos, ainda não possuem uma boa perceção do seu corpo, sendo moderada a associação entre o IMC e a imagem corporal percecionada, com um coeficiente de correlação entre a imagem corporal e o IMC de 0,561(p=0,000), verificando-se uma melhoria gradual com a idade. Essa perceção da imagem corporal foi avaliada através da Escala de sete Silhuetas de Stunkard (1983). A moda da imagem percecionada foi de 4.

2.3.2 O Corpo na nossa Sociedade Atual

Nos dias de hoje, o corpo desempenha um papel importante na nossa sociedade. Schilder (1980), refere que a imagem corporal é tridimensional, sendo influenciada por fatores intrapessoais, interpessoais e sócio temporais.

Vários são os fatores socioculturais com que atualmente nos deparamos, de forma constante, e que influenciam as relações com o corpo. São estes fatores que fazem com haja insatisfação com a imagem corporal, quer nos homens quer nas mulheres, influenciando diretamente a busca pela melhor aparência física.

Para Damasceno, a imagem corporal envolve um conjunto de fatores psicológicos, sociais, culturais e biológicos. Estes fatores determinam como os indivíduos se veem, acham que são vistos e veem os outros.

Relativamente aos jovens e aos adultos, estes sofrem influências similares para as suas atitudes. Nos idosos, o físico ideal está associado às suas capacidades funcionais, inerentes ao seu envelhecimento. Quanto aos praticantes de AF, o objetivo passa, acima de tudo, por uma busca incessante pelo físico ideal.

(34)

REVISÃO DA LITERATURA

36

Segundo Damasceno e Vinicius, independentemente da faixa etária, existe uma grande influência dos fatores socioculturais, como meios de comunicação, família e grupo de amigos, na tentativa de atingir o corpo ideal.

Para Fisher, existem outros fatores que influenciam a formação da imagem corporal, como o género, idade e meios de comunicação. Através da cultura de um determinado país, pode também ter influência nessa formação, como é o caso dos valores, crenças e atitudes (Fisher, 1999)

Desta forma, a insatisfação com a imagem corporal aumenta à medida que os meios de comunicação expõem belos corpos, fazendo com que os jovens vão ao encontro da anatomia ideal que preconizam (Labre, 2002).

Feingold, num estudo que realizou, concluiu que o grau de insatisfação com a imagem corporal é o principal fator motivacional para que as pessoas iniciem um programa de atividade física (Feingold, 1992).

Para Novaes, que elaborou um estudo sobre a estética e o corpo em espaços de ginásios, refere que a aparência física ou físico idealizado dos praticantes de AF passa a ser um fenómeno sócio cultural, em grande parte das vezes, mais importante do que a própria satisfação económica, afetiva ou até mesmo profissional (Novaes, 2001).

Numa publicação do autor Silva, (1999), Reflexões acerca da expetativa de corpo na modernidade, o mesmo refere que a imagem corporal positiva em crianças encontra-se associada a bons níveis de autoestima, por sua vez, a imagem corporal negativa está relacionada com a depressão e as desordens alimentares.

Hill & Silver e Tiggemann & Wilson-Barrett (1999), confirmam que crianças de ambos os sexos, entre 7 e 12 anos, com excesso de peso, são menos felizes, mais preguiçosos, possuem menos amigos e estão mais suscetíveis a desenvolver distúrbios alimentares do que as crianças magras.

Levine & Smolak (2002), consideram que a insatisfação com o peso e forma corporal entre os adolescentes pode ser considerada um descontentamento natural.

Num estudo já referenciado num tópico anterior, da autora Oliveira, a mesma comparou a perceção e insatisfação da imagem corporal em adolescentes em função do género. Utilizando a Escala das Nove Silhuetas de Stunkard et al. (1983), para uma amostra constituída por 353 adolescentes (186 rapazes e 157 raparigas), a imagem 3 foi a mais selecionada em ambos os géneros, no entanto, a maior parte dos adolescentes masculinos encontravam-se insatisfeitos pela magreza (46,2%), enquanto os femininos, insatisfeitos pelo excesso de peso (60,8%).

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Este estudo revela que os adolescentes Portugueses apresentam elevadas prevalências de insatisfação com a imagem corporal, principalmente, os com sobrepeso e obesidade. Verificamos ainda que o perfil corporal ideal tem-se alterado em função do género. Os rapazes procuram um corpo mais musculado, enquanto as raparigas um corpo magras.

2.3.3 Diferenças por Género

No Simpósio Internacional de Ciências do Desporto, em 2001, na cidade de São Paulo, alguns autores referiram que a magreza estava a ser encarada, por muitas das mulheres, como a situação ideal. Esta era uma tendência cultural que estava a vingar no género feminino. Por outro lado, para os homens, a situação ideal seria a de ter um corpo forte e volumoso (Damasceno, Vinicius, et. al., 2001).

Para Vasconcelos (1995), a puberdade é a altura em que as alterações que ocorrem na adolescência são mais visíveis. O mesmo autor define puberdade como as modificações do foro biológico e sexual. Essas alterações afetam, de uma maneira ou de outra, a formação da imagem corporal do adolescente.

Vários estudos realizados ao longo dos anos têm demonstrado que, tanto a satisfação como a perceção com a imagem corporal, têm variado em função do sexo (e.g. Silberstein et al, 1988).

Assim, são vários os autores (e.g. Silberstein ef ai, 1988; Cash e Pruzinsky, 1990; Dinis, 1996; Abrantes, 1998), que referem que o sexo feminino tem apresentado maior insatisfação com a imagem corporal do que o sexo masculino.

Desta forma, a insatisfação com o próprio corpo e a preocupação com o peso são aspetos importantes para os adolescentes (Dietz, 1994, citado em Pinho e Petroski, 1999).

Num outro estudo realizado por Silberstein et ai. (1988), verificou-se que baixos níveis de peso parecem ter significados diferentes para os dois sexos. As mulheres com um nível de magreza denotam satisfação com o seu peso corporal, enquanto os homens demasiado magros indicam uma certa insatisfação. As mulheres, em relação aos homens, descrevem frequentemente o seu peso como superior ao seu peso real, apresentam níveis mais elevados de ansiedade acerca de serem ou virem a tornar-se gordas e são mais conscientes de pequenas variações de peso (Silberstein, 1988).

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REVISÃO DA LITERATURA

38

O peso corporal parece ser um dos fatores críticos da avaliação da imagem corporal.

Cash et ai. (1986), realizaram um outro estudo com indivíduos de ambos os sexos. Como conclusão, referem que 55% das mulheres e 41% dos homens expressaram insatisfação com o seu peso. Destes valores, 47% das mulheres e 29 % dos homens que foram classificados com peso normal definiram-se com peso acima da média. Em contraste, 40 % das mulheres e apenas 10% dos homens que foram classificados com peso abaixo da média, consideraram-se com peso normal.

Cash (1990), refere que a maneira como o peso é classificado pelas pessoas, tem implicações na sua imagem corporal. Sentir-se gordo é mais determinante no bem estar das mulheres do que no dos homens.

Davis e Cowles (1991), num outro estudo realizado, concluíram o mesmo que outros estudos já aqui referenciados, referindo que o objetivo das mulheres é o de perder peso e serem mais magras, enquanto o dos homens é perder gordura e aumentar a massa muscular.

Desta forma, o peso do corpo apresenta-se como uma variável bastante importante na satisfação, ou não, para com a imagem corporal.

(37)
(38)

METODOLOGIA

40

III. METODOLOGIA

Neste capítulo, proceder-se-á à descrição da metodologia utilizada neste estudo, bem como dos seus instrumentos e procedimentos na sua operacionalização.

3.1 CARATERIZAÇÃO DA AMOSTRA DE ESTUDO

A amostra deste estudo é constituída por 581 alunos da ilha de São Miguel, Arquipélago dos Açores, abrangendo os 6 concelhos da ilha. O quadro seguinte regista o número de alunos por cada concelho que responderam ao questionário e a respetiva percentagem.

Quadro 18 – Frequência de alunos, por concelho.

CONCELHO

FREQ.

%

PONTA DELGADA 148 25,5% RIBEIRA GRANDE 62 10,7%

LAGOA 60 10,3%

VILA FRANCA DO CAMPO 153 26,3%

POVOAÇÃO 38 6,5%

NORDESTE 120 20,7%

TOTAL 581 100%

Do total de alunos, 273 (47%) são do género masculino e 308 (53%) do género feminino. A média de idades é de 11,5 e o desvio padrão de 0,95. O valor mínimo das idades é de 9,2 e o máximo de 15,7.

3.2 VARIÁVEIS

3.2.1 Variáveis Dependentes

As variáveis de estudo utilizadas foram a perceção da imagem corporal real e a insatisfação corporal.

(39)

3.2.2 Variáveis Independentes

As variáveis independentes selecionadas foram a idade, o género (masculino e feminino), a prevalência da obesidade e a prática desportiva.

3.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

Para a realização deste estudo, foi utilizado, como instrumento, o questionário online, baseado no questionário da Health Behaviour in School-aged Children (HBSC). A recolha dos dados foi feita no ano letivo 2011-2012, durante os meses de Fevereiro e Março, nas escolas EBI Ginetes (Ponta Delgada); EBS Nordeste (Nordeste); EB1,2,3/JI de Furnas (Povoação); EBI Gaspar Frutuoso (Ribeira Grande); EBS Vila Franca do Campo (Vila Franca do Campo); EBI Lagoa (Lagoa), abrangendo todos os concelhos da ilha de São Miguel. Para que os questionários pudessem ser preenchidos pelos alunos de cada escola, foi feito, por escrito, um pedido a cada um dos conselhos executivos.

Com a colaboração dos professores de educação física das respetivas escolas, os questionários foram aplicados durante as aulas da referida disciplina, tendo sido também realizado as medições do peso e altura de cada um dos alunos.

3.3.1 IMC

As medições do peso e altura foram feitas durante as aulas de educação física. A medição do peso foi realizada com o auxílio a uma balança digital marca seca. Os alunos foram colocados em posição vertical, em t-shirt e com calção, com os membros superiores estendidos ao lado do tronco, com o olhar dirigido para a frente e com os pés descalços. Os valores da medição foram assinalados em quilogramas (Kg), com aproximação até 100g.

As medições da estatura foram feitas com o apoio de uma fita métrica fixa à parede. A altura total do corpo corresponde à distância máxima entre o ponto de referência do solo e o vértex da cabeça, devendo esta estar posicionada segundo o plano de Frankfort. O aluno descalço e encostado a um plano vertical com os calcanhares,

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METODOLOGIA

42

nádegas, omoplatas e cabeça encostados a esse plano e o mais imóvel possível. Os valores foram registados em centímetros (cm).

Os valores de IMC (peso/altura2) foram calculados e utilizados os valores de corte para definir as prevalências de obesidade, segundo as categorias de normoponderal, excesso de peso e obeso, propostas por Cole et al. (2000). Para tratamento estatístico dividiu-se em duas categorias (1) Normoponderal e (2) Excesso de Peso + Obesidade.

As medidas antropométricas (peso e altura) foram realizadas com o mesmo material e pelos mesmos investigadores.

3.3.2

Questionário De Estilo De Vida

O questionário aplicado foi feito online, sendo que, todas as respostas dadas pelos alunos, iam diretamente para uma base de dados no Excel para posterior tratamento de dados. Apenas as perguntas relativas à idade, peso e altura foi feita pelo avaliador, enquanto que as restantes foi lida pelo mesmo e respondidas pelos alunos. Este questionário é baseado no questionário da Health Behaviour in School-aged Children (HBSC).

Assim, os dados biográficos selecionados dos alunos foram o género (masculino e feminino), a idade e o ano de escolaridade, dados esses que foram relevantes para o estudo. Foram selecionados os dados relativos ao género, idade e ano que frequentam. Após obter a data de nascimento de cada aluno, calculou-se a idade decimal através da sua data de nascimento até à data da medição dos dados antropométricos. Por último, transformou-se em valores decimais (uma casa decimal) o resultado obtido.

O questionário avalia também a imagem corporal (através das silhuetas de Collins) e a ocupação dos tempos livres dos alunos. Contudo, esta última não era relevante para o nosso estudo, pelo que a sua avaliação não foi aplicada. Assim, houve questões que não foram realizadas, uma vez que consideramos que não eram relevantes para o nosso estudo. Neste sentido, as questões realizadas foram: 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 10, 12, 15, 16, 17, 18,19,20,21,22,23, 24,25, 26, 30, 31, 32 e 33. (Anexo único)

(41)

3.3.3

Imagem Corporal

Quanto às informações relativas à autoperceção da imagem corporal de cada um dos alunos, foi utilizada uma escala de sete silhuetas (Collins, 1991), como mostra a seguinte figura.

Figura 2 – Silhuetas de Collins (1991)

Estas figuras são categorizadas de 1 (magreza) a 7 (obesidade). Os alunos selecionavam a opção com a qual melhor representa a sua aparência física (silhueta corporal real). Seguidamente a esta identificação, era pedido ao aluno que selecionasse a figura que mais gostaria de ter (silhueta corporal ideal).

Para o cálculo da satisfação com a PIC, foi subtraída a imagem percecionada (real) à pretendida (ideal). Quando a diferença é negativa, o indivíduo apresenta um desejo de aumentar o seu peso (engordar). Quando essa diferença é positiva é porque pretende emagrecer. Por último, se a diferença é nula, quer dizer que o aluno sente-se satisfeito com a sua própria imagem corporal.

3.4 ANÁLISE DE DADOS

Os dados, após terem sido recolhidos, foram tratados, recorrendo ao programa IBM SPSS, versão1.9, no qual o nível de significância é de p < 0,05.

(42)

METODOLOGIA

44

Para realizar a análise descritiva, recorreu-se à frequência e à percentagem. Para a análise comparativa, utilizou-se o teste do Qui-Quadrado, bem como para a comparação da insatisfação com a imagem corporal, em função das variáveis independentes. Quanto à análise correlacional, utilizou-se o coeficiente de Spearman.

(43)

IV. APRESENTAÇÃO DOS

RESULTADOS

(44)

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

45

IV. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1.

ANÁLISE DESCRITIVA

4.1.1. Prevalência de Obesidade

No quadro 6, é apresentada a prevalência da obesidade para a amostra total e por género.

Quadro 6 – Prevalência da Obesidade para a amostra total e por género

Normoponderal Excesso de peso + Obesidade Total Género Masculino n 192 81 273 % 70,3% 29,7% 47,0% Feminino n 217 91 308 % 70,5% 29,5% 53,0% Total n 409 172 581 % 70,4% 29,6% 100,0%

Podemos observar, relativamente à obesidade, que no total da amostra, 70,4% das crianças (a sua maioria) são normoponderais, enquanto 29,6% apresentam excesso de peso ou obesidade.

Se analisarmos por género, verificamos que a maior parte das crianças analisadas são do género feminino (53,0%), enquanto 47,0% são do género masculino.

Interligando estas duas variáveis, podemos concluir que 33,0% do total da amostra, dizem respeito a rapazes normoponderais e 13,9% a rapazes com excesso de peso ou com obesidade. Relativamente às raparigas, 37,4% são normoponderais e 15,7% apresentaram níveis de excesso de peso ou obesidade.

(45)

4.1.2. Atividade Física

No quadro 7, analisámos a prática de exercício físico, fora da escola com treinador, tendo obtido o elevado valor de 47,0% de crianças que nunca praticaram exercício físico fora da escola com treinador. Destes, 26,1% dizem respeito a raparigas, enquanto 20,9% a rapazes.

Ainda de destacar que 15,9% do total da amostra, afirmaram que praticam exercício físico fora da escola todos os dias, estando estes divididos equitativamente (7,9%), entre rapazes e raparigas.

Quadro 7 – Prática de exercício físico, para a amostra total e por género

Género

Total Masculino Feminino

Pratica Exercício Físico fora da Escola Com Treinador

Nunca n 121 151 272

% 44,4% 49,2% 47,0%

Uma vez por semana n 20 30 50

% 7,4% 9,8% 8,6%

Duas a quatro vezes n 48 53 101

% 17,6% 17,3% 17,4%

Cinco a seis vezes n 37 27 64

% 13,7% 8,8% 11,1%

Todos os dias n 46 46 92

% 16,9% 14,9% 15,9%

Total n 272 307 579

% 47,0% 53,0% 100,0%

Também no quadro 8, podemos observar que entre um mínimo de 0 e um máximo de 20h para rapazes e 24h para raparigas, a média de horas semanais, por semana, de prática de exercício físico, apresenta-se ligeiramente superior nos rapazes, com o valor de 3,31 horas, enquanto a média nas raparigas se situou nas 3,23 horas semanais.

(46)

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

47

Quadro 8 – Caraterização da variável “Quantas horas por semana pratica exercício físico”

Género Média DP Mínimo Máximo

Masculino 3,31 3,18 0 20

Feminino 3,23 3,13 0 24

4.1.3. Insatisfação

No quadro 9, são apresentados os valores das principais medidas estatísticas, moda, mínimo e máximo das imagens corporais percecionada e desejada, pelas crianças analisadas.

Quadro 9 – Caraterização da Imagem Corporal Percecionada e da Imagem Corporal Desejada Perceção da Imagem Corporal Imagem Corporal Desejada Moda 4 4 Mínimo 1 1 Máximo 7 7 n 580 580

Podemos observar, nesse quadro, que os valores da moda são iguais, tanto para a perceção da imagem corporal como para a imagem corporal desejada.

(47)

Podemos igualmente analisar o nível de satisfação das crianças, relativamente à sua imagem corporal.

Quadro 10 – Satisfação das crianças, relativamente à sua imagem corporal

Freq. %

Emagrecer 252 43,4

Satisfeito 207 35,7

Engordar 121 20,9

Assim, verificamos, no quadro 10, que cerca de 43,4% das crianças não estão muito satisfeitas com a sua imagem corporal, tendo-se concluído que pretendem emagrecer, enquanto que 35,7% estão satisfeitas com a imagem corporal que apresentam.

Concluiu-se ainda que apenas 20,9% das crianças não estão igualmente satisfeitas com a sua imagem corporal, pelo que manifestaram interesse em engordar.

4.2.

ANÁLISE COMPARATIVA

4.2.1. Diferenças em Função do Género

No quadro 11, analisamos as diferenças das imagens corporais percecionadas, consoante o género das crianças.

(48)

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

49

Quadro 11 – Comparação das imagens corporais percecionadas, por género

Masculino n (%) Feminino n (%) TOTAL p

Imagem Corporal 1 0 ( ,0%) 1 ( ,3%) 1 ( ,2%) ,438 Imagem Corporal 2 9 (3,3%) 9 (2,9%) 18 (3,1%) Imagem Corporal 3 52 (19,0%) 71 (23,1%) 123 (21,1%) Imagem Corporal 4 127 (46,5%) 125 (40,7%) 252 (43,4%) Imagem Corporal 5 67 (24,5%) 87 (28,3%) 154 (26,6%) Imagem Corporal 6 17 (6,2%) 14 (4,6%) 31 (5,3%) Imagem Corporal 7 1 ( ,4%) 0 ( ,0%) 1 ( ,2%) n (100%) 273 (100%) 307 (100%) 580 (100%)

Para tal, foi utilizado o teste do qui-quadrado, tendo-se concluído que não existem diferenças estatisticamente significativas, (X2=5,866 e p=0,438), relativamente às imagens corporais percecionadas pelas crianças, em função do género.

Podemos ainda afirmar que, tanto nos rapazes como nas raparigas, a maior percentagem encontra-se nas imagens corporais do centro, ou seja, 3, 4 e 5, onde os rapazes reúnem cerca de 90% e as raparigas, 92,1%.

Comparando rapazes com raparigas, verificamos que os valores mais elevados se registam ambos na imagem corporal 4, em que, para os rapazes obteve-se o valor de 46,5% e para as raparigas foi registado o valor de 40,7%.

No que respeita à imagem corporal 1, as raparigas apresentam o valor mais elevado (0,3%), vendo-se como mais magras, enquanto na imagem corporal 7, os rapazes apresentam o valor de 0,4%, vendo-se como mais gordos.

No quadro seguinte, comparamos a satisfação da imagem corporal, consoante o género.

Imagem

Figura 1 – Classificação da Obesidade Ginóide e Andróide (Ornelas, 2004)
Figura 2 – Silhuetas de Collins (1991)

Referências

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