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Percurso multidisciplinar no exercício da atividade de Engenharia Florestal

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

PERCURSO MULTIDISCIPLINAR NO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE DE

ENGENHARIA FLORESTAL

RELATÓRIO: MESTRADO EM ENGENHARIA FLORESTAL

MAFALDA PATRÍCIA CARVALHO TEIXEIRA FERREIRA

Orientação: Professora Aurora Carmen Monzón Capapé

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal

Relatório de atividade profissional, ao abrigo da recomendação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) de 8 de janeiro de 2011, apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia Florestal.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

Para ti, minha FILHA.

O teu amor ensina-me, todos os dias, a ser uma pessoa melhor.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

AGRADECIMENTOS

Desejo de uma forma sincera, expressar aqui o meu apreço e agradecimento a todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

Em primeiro lugar agradeço a Deus por iluminar o meu caminho, por me amparar no Seu regaço nos momentos difíceis e me dar esperança para o dia de amanhã. A Ele que abençoou todos os dias da minha vida.

Agradeço a todas as pessoas que constituem a equipa do departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro pela sua disponibilidade, incentivo, competência e profissionalismo, sendo uma grande referência no conhecimento científico no nosso País.

Uma palavra de apreço à Professora Doutora Aurora Carmen Monzón Capapé pela sua disponibilidade para orientar o presente relatório, sempre atenta ao desenvolvimento dos conteúdos e pelo enorme gosto e entusiasmo pela natureza e pela vida selvagem, que me contagiou.

Reconheço e agradeço a todas as instituições e empresas onde desempenhei funções, sem elas e sem as suas equipas multidisciplinares não teria sido possível desenvolver a minha atividade profissional, desempenhar as diferentes tarefas que me foram sendo confiadas, apresentar este trabalho e, em simultâneo evoluir numa perspectiva de melhoria continua.

Um agradecimento especial para a minha família que amo muito. Aos meus avós de quem tenho muitas saudades. Aos meus pais que sempre me apoiaram de forma incondicional. Ao meu marido, Carlos, pelo encorajamento desde o primeiro minuto que decidi avançar para esta nova etapa académica, pela confiança nas minhas capacidades e por se orgulhar na pessoa em que me tornei. À minha filha, Bárbara, o norte da minha vida e que todos os dias me presenteia com o seu sorriso e com a sua generosidade e a quem peço perdão por não estar sempre presente, como gostaria.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

RESUMO

O percurso profissional nos últimos anos, enquanto técnica superior na área de Engenharia Florestal, permitiu a consolidação dos conhecimentos adquiridos durante a vida académica, a aquisição de competências e experiência de forma contínua, com uma grande e constante vontade em aprender e saber fazer.

Através de uma estrutura cronológica, o presente relatório pretende dar uma visão do percurso profissional, que passou por diversas áreas de intervenção. Este teve inicio na Cooperativa Agrícola de Penela da Beira antes de concluir a licenciatura em Engenharia Florestal, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde desempenhei várias funções no âmbito da produção, comercialização e divulgação da castanha variedade Martaínha. Posteriormente, surgiu a oportunidade de ingressar na Fencaça – Federação Portuguesa de Caça, onde, durante sete anos consecutivos, desempenhei funções de cariz cinegético e com toda a envolvência desde a constituição de uma zona de caça até ao acompanhamento das jornadas de caça e a sua gestão, bem como a participação em todas as ações de promoção do setor. Mais tarde, e durante cinco anos desempenhei funções enquanto profissional liberal como: formadora em várias entidades credenciadas; delegada municipal Censos 2011, no Instituto Nacional de Estatística e oficial de ligação da Afocelca, no Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu. Por último, o ingresso na Felba – Promoção das Frutas e Legumes da Beira Alta, empresa de referência no panorama nacional e internacional, integrando a equipa que promove e valoriza a Denominação de Origem Protegida Maçã de Bravo de Esmolfe e Indicação Geográfica Protegida da Maçã da Beira Alta.

Para além da descrição das tarefas executadas nos diferentes períodos em análise é feita uma análise do setor cinegético em Portugal continental, dando destaque ao que foi feito no setor nos últimos anos e o que pode ainda ser feito ao nível do ordenamento cinegético, evidenciando as vantagens sociais, económicas, ambientais e culturais para o País.

Palavras-chave: certificação de maçã, comercialização de castanha, formação profissional, ordenamento cinegético e zonas de caça.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

ABSTRACT

The professional career in the last years, as a senior forestry engineering technician, allowed me to consolidate knowledge acquired during University life, as well as to acquire skills and background, with a great and constant willingness to learn and know-how.

Through a chronological sequence, this report aims to give an insight into my career path, which went through several areas of intervention and started before completing a degree in Forestry Engineering, in the University of Trás-os-Montes and Alto Douro, at the Agricultural Cooperative of Penela da Beira, where I played numerous roles in the context of production, marketing and distribution of chestnut variety Martaínha. Afterwards, the opportunity has arose for me to join Fencaça - Portuguese Federation of Hunting where, for seven consecutive years, I played part in cinegetic management and with all the surroundings from the constitution of a hunting area to taking part of hunting journeys and their handling, as well as participation in all actions to promote the sector. Later on and for five years, I played roles as self-employed as: trainer in several accredited entities; municipal deputy in Censos 2011, at the the National Institute of Statistics and as a liaison officer in Afocelca, in Viseu District Command of relief Operations. Finally the admission in Felba - Promotion of Fruits and Vegetables of Beira Alta, company of reference in the national and international prospects, making part of the team that promotes and values the Protected Designation of Origin of Bravo de Esmolfe’s apple and Protected Geographical Indication of the Beira Alta’s apple.

In addition to the description of the tasks performed in different periods an analysis is made of the hunting sector in mainland Portugal, giving highlighting to what was done in the sector in the last years and what can still be done at the level of hunting planning, emphasizing social, economic, environmental and cultural advantages.

Keywords: Apple certification, chestnut commercialization, vocational training, hunting management and hunting areas.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

ÍNDICE GERAL

Agradecimentos……….iv Resumo………...………..v Abstract………..………...vi ÍNDICE GERAL………vii Índice de Figuras………...x Índice de Tabelas………...………xi

Lista de Acrónimos e Abreviaturas………..…xii

1. INTRODUÇÃO………..……1

2. QUALIFICAÇÕES ACADÉMICAS E PROFISSIONAIS…..………...3

3. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL………...………5

3.1. Período de 2000 a 2003………..5

3.1.1. Campanha de Comercialização de Castanha………...5

3.1.2. Acompanhamento dos Agricultores Durante a Produção………...7

3.1.3. Certificação e Promoção do Produto………..……8

3.1.4. Conclusão………..….9

3.2. Período de 2003 a 2010………10

3.2.1. Elaboração do POEC, PG e Aparcamento de Gado……….10

3.2.2. Acompanhamento das Zonas de Caça………13

3.2.3. Exames para a Obtenção da Carta de Caçador……….13

3.2.4. Atividades Promocionais………14

3.2.5. Comunicações………..15

3.2.6. Conclusões………...15

3.3. Período de 2010 a 2015………16

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

3.3.1.1. Enquanto Formadora………..17

3.3.1.2. Enquanto Mediadora e Coordenadora………22

3.3.1.3. Conclusão……….23

3.3.2. Delegada Municipal, Censos de 2011, INE……….24

3.3.2.1. Conclusão……….27

3.3.3. Oficial de Ligação da Afocelca, CDOS Viseu……….28

3.3.3.1. Conclusão……….29

3.4. Período de 2016 a 2017………30

3.4.1. A Certificação………...31

3.4.2. Atividades Promocionais………32

3.4.3. Conclusão……….34

4. ANÁLISE DO SETOR CINEGÉTICO EM PORTUGAL CONTINENTAL………..35

4.1. O Ordenamento Cinegético………..35

4.2. Enquadramento Legal………36

4.3. Plano Cinegético……….38

4.3.1. Estrutura, Conteúdos e Documentos do POEC……….38

4.3.1.1. Cartografia………39

4.3.1.2. POEC………41

4.3.1.2.1. Introdução………41

4.3.1.2.2. Plano de Ordenamento………...41

4.3.1.2.3. Plano de Exploração………..44

4.3.1.2.4. Orientações para a Concessionária……….44

4.3.2. Estrutura, Conteúdos e Documentos do PG………...45

4.3.2.1. Cartografia………46

4.3.2.2. PG………..46

4.3.2.2.1. Introdução……….46

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

4.3.2.2.3. Orientações para a Concessionária……….48

4.3.2.3. PAE………49

4.3.3. Campos de Treino de Caça………...49

4.3.4. Aparcamento de Gado………50

4.4. Oportunidades de Melhoria do POEC e do PG………....50

4.5. Benefícios da Atividade Cinegética……….53

4.5.1. O Impacto Social, Económico e Cultural no Mundo Rural………53

4.5.2. A Caça como um Instrumento de Conservação da Biodiversidade………54

4.5.3. A Caça e a Defesa da Floresta Contra Incêndios………..56

4.6. Perspetivas Futuras………57

5. CONCLUSÃO E ESTRATÉGIA FUTURA………59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………..60

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Representação gráfica do número de processo elaborados…..………...……..….11 Figura 2 – Representação gráfica do número de processos de ZCA, conforme enquadramento legal………..…..…11 Figura 3 – Representação gráfica do número de processos de ZCT, conforme

enquadramento legal………..…..12 Figura 4 – Representação gráfica do número de processos de ZCM, conforme

enquadramento legal………..…..12 Figura 5 – Cronograma da recolha dos questionários, fonte INE, 2011………27 Figura 6 – Representação gráfica da idade dos caçadores em valores percentuais, em 2014/2015, (Santos et al., 2015)………...……….…..54

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Datas e locais de realização dos exames para a obtenção da carta de

caçador……….14

Tabela 2 – Formação ministrada em contexto de trabalho………..18

Tabela 3 – Formação ministrada no âmbito dos cursos EFA – B3……….19

Tabela 4 – Formação ministrada no âmbito dos cursos EFA – B2……….20

Tabela 5 – Formação ministrada em GFS e PGF no âmbito do PRODER………...21

Tabela 6 – Formação ministrada no âmbito dos cursos de APF e AAPF………..22

Tabela 7 – Distribuição dos recursos humanos pela área de trabalho………..26

Tabela 8 – Atividades promocionais desenvolvidas em 2016 e 2017………33

Tabela 9 – Exemplo prático do cálculo do número de jornadas, por ano………..47

Tabela 10 – Taxas a cobrar em cada época venatória, por escalão e por espécie cinegética………..……48

Tabela 11 – Número de ZC por tipo legal e por região cinegética, (Santos et al., 2015)……51

Tabela 12 – Número de ZC de cada região cinegética por tipo legal, em percentagem, (Santos et al., 2015)…….………51

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS

AAPF – Atualização de Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos ANPC – Autoridade Nacional de Proteção Civil

APF – Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos

ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica CAP – Certificado de Aptidão Pedagógica

CCP - Certificado de Competência Pedagógica

CDB – Convenção sobre Diversidade Biológica CDOS – Comando Distrital de Operações de Socorro COA – Central de Operações Afocelca

DGADR – Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural DOP – Denominação de Origem Protegida

EFA – Educação e Formação de Adultos

FACE – The European Federation of Associations For Hunting & Conservation GFS – Gestão Florestal Sustentável

ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Florestas IGP – Indicação Geográfica Protegida

INE – Instituto Nacional de Estatística

IUCN – International Union for Conservation of Nature OPC – Organismo Privado de Controlo e Certificação OSC – Organização do Setor da Caça

PAE – Plano Anual de Exploração PAF – Prova de Avaliação Final

PEFC – Programme for the Endorsement of Forest Certification PG – Plano de Gestão

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. PGF – Plano de Gestão Florestal

POEC – Plano de Ordenamento e Exploração Cinegética PRODER – Programa de Desenvolvimento Rural

SIG – Sistema de Informação Geográfica

TOPPS – Train Operators to Promote Best Management Practices & Sustainability UFCD – Unidade de Formação de Curta Duração

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ZC – Zona de Caça

ZCA – Zona de Caça Associativa ZCM – Zona de Caça Municipal ZCT – Zona de Caça Turística

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal

1. INTRODUÇÃO

Este relatório tem como objetivo a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Florestal ao abrigo da alínea b), do artigo 2º, do “Regulamento para a Obtenção do Grau de Mestre pelos Licenciados Pré-Bolonha”, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Nos próximos capítulos do presente relatório, utilizando uma ordem cronológica, são explanadas todas as atividades desenvolvidas profissionalmente, que estão direta e indiretamente ligadas ao exercício da atividade profissional de um Engenheiro Florestal, sendo que será dado uma maior ênfase à atividade desenvolvida na Federação Portuguesa de Caça (Fencaça), por ser o período mais longo e mais representativo da atividade. Por outro lado, e tendo em conta que durante o período em análise, o atual Instituto de Conservação da Natureza e Florestas sofreu quatro alterações orgânicas, por uma questão de metodologia e para agilizar a leitura, serão utilizadas as designações em vigor à data.

A atividade profissional a que se refere o presente relatório divide-se em quatro períodos distintos:

 De 2000 a 2003: Período de transição entre a esfera académica e a esfera profissional, que permitiu concluir a licenciatura e iniciar a atividade profissional na Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, na área de produção, comercialização e divulgação da castanha variedade Martaínha, inserida na Região Soutos da Lapa.  De 2003 a 2010: Exercício de funções na Fencaça, no âmbito do setor cinegético,

englobando todo o trabalho desde a criação de uma zona de caça até ao acompanhamento de todo o seu funcionamento, aconselhamento das respetivas entidades gestoras, bem como todas as atividades promocionais do setor.

 De 2010 a 2015: período durante o qual foram realizadas várias atividades, em regime de prestação de serviços, com destaque para a formação profissional. Como delegada municipal nos Censos 2011, no Instituto Nacional de Estatística e como oficial de ligação da Afocelca, no Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu.

 De 2016 a 2017: Exercício de funções na Felba – Promoção das Frutas e Legumes da Beira Alta, no âmbito da promoção, gestão e valorização da Maçã de Bravo de Esmolfe, Denominação de Origem Protegida e da Maçã da Beira Alta, Indicação Geográfica Protegida, definindo e implementando regras na produção, conservação

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. e comercialização, de acordo com os mais elevados padrões de qualidade e exigência do consumidor.

Nestas quatro etapas profissionais será feita a descrição das diferentes atividades desenvolvidas e será dedicado um capítulo de análise ao setor cinegético, de forma a evidenciar os momentos mais marcantes, para assim se desenharem estratégias para o futuro.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

2. QUALIFICAÇÕES ACADÉMICAS E PROFISSIONAIS

Em 17 de julho de 2002 conclui a Licenciatura em Engenharia Florestal, com informação final de doze valores. Para a conclusão da licenciatura realizei um estudo pioneiro sobre o impacto sócio económico da produção de castanha, variedade Martaínha, na freguesia de Penela da Beira, concelho de Penedono, bem como um enquadramento e caraterização do castanheiro nos Soutos da Lapa e da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira (Teixeira, 2002).

Em 15 de maio de 2003, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) reconheceu-me como Técnica Responsável pela elaboração de Planos de Ordenamento e Exploração Cinegética (POEC), com o nº 188/03 POEC, ao abrigo da alínea a), do nº 1, do despacho normativo nº 6/2001, de 2 de fevereiro. Este reconhecimento só foi possível porque durante o percurso académico frequentei e obtive aproveitamento na disciplina de cinegética.

Após a conclusão da licenciatura, procedi à minha inscrição na Ordem dos Engenheiros tendo sido atribuído o nº 1493/6 enquanto membro estagiário. Dando cumprimento aos estatutos da Ordem do Engenheiros, em vigor nessa data, optei por realizar um estágio de dois anos com a apresentação de um relatório de atividade, onde fiz uma descrição detalhada de todas as atividades profissionais desenvolvidas no período de 10 de outubro de 2002 a 10 de outubro de 2004. Este período compreendeu o último ano de trabalho na Cooperativa Agrícola de Penela da Beira e o primeiro ano de trabalho na Fencaça. O relatório foi avaliado por uma comissão da Ordem dos Engenheiros e, numa cerimónia protocolar, foi-me atribuído um prémio de estágio classificado como digno de distinção. Após a frequência obrigatória do Curso de Ética e Deontologia Profissional foi-me atribuída a Cédula Profissional nº: 44790, passando a membro efetivo do colégio de Florestal.

Reconhecendo na formação técnica especializada um investimento de valor, porque garante e valida competências, reaviva e atualiza conhecimentos podendo assim diferenciar profissionais, existiu da minha parte um esforço e vontade em frequentar cursos de formação profissional, bem como seminários, congressos, debates e workshops, que são elencados no curriculum vitae e que promoveram uma aprendizagem continua. No total frequentei 515 horas de formação profissional, onde alguns dos cursos são obrigatórios para o exercício da profissão e 19 seminários, sendo que todos se revestiram de um caráter

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. relevante porque fornecem novas ferramentas de trabalho, sendo independentes do percurso académico.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

3. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

3.1. Período de 2000 a 2003

Este período marcou o início da vida profissional e permitiu a conclusão da licenciatura através da realização do estágio curricular e respetivo relatório final de estágio, conforme mencionado no capítulo 2, bem como iniciar a carreira profissional na Cooperativa Agrícola de Penela da Beira, concelho de Penedono, distrito de Viseu.

O trabalho que desenvolvi nesta entidade abarcou três vertentes: execução das campanhas de comercialização da castanha nos anos 2000, 2001 e 2002, acompanhamento dos agricultores durante a produção, assim como a certificação e promoção do produto junto do consumidor final, conforme se explana de seguida.

3.1.1. Campanha de Comercialização da Castanha

No ano de 2000, a Cooperativa Agrícola de Penela da Beira adquiriu um calibrador de castanha, equipado com uma linha de limpeza e tratamento e uma linha de calibragem e embalagem e, pela primeira vez, comercializou a castanha já calibrada, ao contrário dos anos anteriores em que o produto era vendido sem qualquer diferenciação entre lotes. Desta forma, esta entidade conseguiu aumentar o seu poder de negociação no mercado e assim valorizar o produto.

Cada campanha era dividida em três fases: o planeamento, o processamento e o balanço. As fases de planeamento e balanço eram da minha inteira responsabilidade com a supervisão da direção da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira. Na fase de processamento a minha função compreendia a realização dos controlos de qualidade, supervisionar todas as rotinas inerentes ao trabalho desenvolvido em armazém, orientar o trabalho de todos os colaboradores e certificar que as tarefas planificadas eram cumpridas.

A primeira fase, o planeamento, consistia em programar todas as entradas e saídas de castanha do armazém. As entradas eram definidas e calculadas com base em dados estatísticos das campanhas anteriores, as médias de produção de cada sócio, a produção

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. esperada e a velocidade de processamento do armazém. Resultando assim, numa tabela, em que fica definido o dia, a hora e a quantidade de castanha que cada sócio devia entregar. As saídas das castanhas do armazém foram escalonadas de forma a satisfazer os contratos de fornecimento previamente estabelecidos com os clientes e as quantidades em stock.

Logo que a castanha começava a ser colhida nos soutos, dava-se início à segunda fase da campanha: o processamento. Consistia em colocar em prática o que foi previamente planeado, onde a castanha era recepcionada, processada e colocada em stock para posterior envio ao cliente. Durante o ato de receção, a castanha era colocada em embalagens com capacidade de aproximadamente 500 kg, pesada e efetuado o registo da quantidade de castanha fornecida por cada sócio. Posteriormente, a castanha era colocada no silo do calibrador e seguia um percurso mecanizado composto por uma limpeza por ação de corrente de ar, criada por dois ventiladores, permitindo limpar impurezas (terras, folhas, etc.). De seguida existia uma pré-escolha manual e, por último, um tambor de calibração que dividia as castanhas por diâmetro, permitindo trabalhar cinco calibres em simultâneo. Os calibres mais usuais eram 40-50, 50-60, 60-70, 70-80 e 80+, no entanto, existia a possibilidade de obter outros calibres, através do ajustamento do calibrador. Este processo terminava com o ensacamento automático. O embalamento era feito conforme as exigências do cliente mas, o mais habitual era a utilização de saco de rede ou serapilheira, de capacidades que variavam dos 5 kg até aos 50 kg. A execução destas tarefas só era possível com a contratação de operadores sazonais, entre 6 a 10 operadores, cuja supervisão estava sob a minha responsabilidade.

Durante todo este processo realizava controlos de qualidade a todos os lotes através de uma amostragem casual, onde se avaliava o calibre, a percentagem de bolores e a percentagem de bichado. A metodologia consistia em pesar um quilo de castanha, contar o número de castanhas e assim determinar o calibre (número de castanhas por quilo). Após a avaliação do calibre, todas as castanhas eram abertas para verificar a presença de bolores ou de bichado, e caso se verifica-se essa presença pesavam-se e determinava-se assim a respetiva percentagem. Se o calibre não estivesse correto e/ou a soma das duas percentagens (bolores e bichado) fosse superior a 3 % era necessário processar novamente esse lote e reajustar o calibrador. Os controlos de qualidade eram revestidos de um carácter muito importante, uma vez que, a qualidade era o lema da Cooperativa e uma exigência dos clientes.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. Estados Unidos era previamente fumigada com brometo de metilo, cumprindo assim medidas obrigatórias de proteção fitossanitária do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Este serviço era prestado por uma empresa credenciada para o efeito, sendo que tinha a função de providenciar toda a logística para o procedimento, que incluía: o agendamento, disponibilização do material necessário e o encerramento do armazém.

Terminado o processamento seguia-se um período de análise de toda a campanha, de forma a encontrar falhas no processo, analisar e ponderar soluções a colocar em prática na campanha seguinte. Foram identificadas algumas falhas que tinham origem nas condições meteorológicas e na mão-de-obra disponível para a apanha do fruto nos soutos. A título de exemplo, quando o outono era mais rigoroso implicava uma queda da castanha mais rápida e alguns sócios, que dependiam de mão-de-obra familiar, acabavam por não ter capacidade para apanhar o fruto com a mesma velocidade que ele caia da árvore. Mas, estas falhas foram contornadas não causando grandes anomalias em todo o funcionamento do armazém e das campanhas.

Estas três campanhas tiveram um balanço positivo porque todo o produto foi escoado e o pagamento aos sócios foi acima dos valores praticados em anos anteriores, e logo após a campanha, o que não acontecia até à data, em que os produtores estavam dependentes de intermediários que lhes pagavam a castanha a baixo preço e com bastante atraso, e outros anos houve, em que nem chegaram a receber o dinheiro.

3.1.2. Acompanhamento dos Agricultores Durante a Produção

Proceder à defesa sanitária dos castanheiros era um dos principais objectivos assumido pelos cooperantes desde a fundação da Cooperativa, isto porque o número de castanheiros infetados com a doença da Tinta e do Cancro era elevado, sem que os produtores tomassem quaisquer medidas recomendadas, na maior parte dos casos por ignorarem como proceder.

Dessa forma, para controlar e combater essas doenças, e com o apoio precioso dos técnicos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e de investigadores da UTAD, a Cooperativa começou a promover jornadas técnicas e diversas ações de informação sobre as doenças, para sensibilizar os associados sobre as formas mais adequadas de proceder face aos castanheiros doentes. Organizaram-se brigadas de

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. limpeza constituídas por produtores e técnicos, que numa fase inicial identificaram e marcaram todas as árvores doentes e posteriormente procederam ao corte e queima das pernadas dos castanheiros com Cancro. Neste processo organizei as jornadas técnicas e as ações de informação, bem como disponibilizei toda a logística necessária ao trabalho das brigadas.

Paralelamente, realizou-se uma campanha de sensibilização dos produtores para uma correta fertilização dos soutos. Numa primeira etapa procedeu-se a uma sessão de esclarecimento sobre a importância da fertilização dos soutos. Posteriormente, efetuaram-se recolhas de solos, onde os proprietários aprenderam a realizarem a colheita, e após o conhecimento do resultado da análise foi explicado individualmente o resultado, onde se abordou o produto, a quantidade e a época para a realização da fertilização. Nesta ação fui responsável por todo o processo: a informação dos cooperantes, o planeamento, a recolha das amostras e a divulgação dos resultados após recurso ao laboratório da Adubos de Portugal.

Estas ações de sensibilização foram importantes para esclarecer os produtores, despertando a sua curiosidade e interesse nas corretas práticas culturais para a obtenção de melhores resultados.

3.1.3. Certificação e Promoção do Produto

As consequências da implementação da certificação são da maior importância para a Cooperativa, isto porque, contribui desde logo para se manter a produção de uma região agrária com possibilidades indiscutíveis e, por outro lado, ao nível do rendimento dos produtores, proporciona a valorização do produto, reconhece a qualidade do produto da região, permitindo a fixação das populações locais e o desenvolvimento dos circuitos comerciais com a consequente retenção do valor económico acrescentado na região. Assim, nas campanhas de 2001 e 2002 a Cooperativa comercializou castanha certificada, trabalhando em parceria com o agrupamento de produtores Cooperativa Bandarra, detentor do uso da Denominação de Origem Protegida “DOP – Soutos da Lapa”. Neste processo, a minha função consistia em colocar as marcas de certificação nos lotes comercializados, conforme normas definidas no caderno de especificações, e responder aos inquéritos elaborados pela Cooperativa Bandarra onde se reportava todo o processo de certificação,

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. como por exemplo: quantidades produzidas e comercializadas, cliente final, preço de venda, etc.

Sendo a promoção do produto um fator determinante para o sucesso da sua comercialização, organizou-se a primeira Feira das Colheitas, que decorreu nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro de 2002, nas instalações da cooperativa em parceria com a Câmara Municipal de Penedono, a Junta de Freguesia de Penela da Beira e a empresa Mania do Monte, com o recurso ao programa Leader+. Neste evento fui responsável pela planificação e organização, em parceria com as entidades mencionadas anteriormente, bem como a receção de todas as entidades oficiais.

O evento permitiu dar a conhecer ao País um produto que muito carateriza a região, bem como a sua associação à gastronomia, ao artesanato e ao turismo. A feira ultrapassou as expectativas quanto ao número de visitantes, bem como a excelente cooperação que existiu entre todas as entidades envolvidas.

3.1.4. Conclusão

O trabalho que desenvolvi durante estes 3 anos foi muito enriquecedor. Permitiu terminar a licenciatura em Engenharia Florestal e ter o primeiro contato com o mercado de trabalho. Cedo percebi que, para o sucesso profissional, era necessário ajustar os conhecimentos académicos às exigências laborais, adquirir uma visão empresarial e uma constante pesquisa e consulta da legislação em vigor, para tal, contei com a ajuda dos excelentes profissionais que constituíam as equipas multidisciplinares de outras entidades parceiras.

Foi muito gratificante verificar o impacto do sucesso das campanhas, que se traduziu não só na circunstância de se terem atingido os objetivos que os associados se propuseram, mas principalmente no fato da quase totalidade dos produtores da aldeia terem aderido ao espírito cooperativo. Fato esse determinante para o desenvolvimento da Cooperativa e para darem continuidade ao trabalho da sua consolidação.

O futuro da Cooperativa depende de muitos e variados fatores, na sua maioria de natureza externa, de qualquer forma, a vontade dos cooperantes em construir o seu futuro dentro ou fora da Cooperativa, será determinante para definir estratégias e metas para o futuro.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

3.2. Período de 2003 a 2010

A um de abril de 2003, iniciei atividade na Fencaça – Federação Portuguesa de Caça, entidade que foi reconhecida como Organização do Setor da Caça (OSC) de 1º nível, pelo Despacho nº 23881/2009, no diário da República nº 211, 2ª série, de 30 de outubro de 2009.

A Fencaça é uma federação de âmbito nacional, fundada em 10 de outubro de 1992, defensora do ordenamento cinegético e do associativismo. Conforme informação disponibilizada no seu site (http://www.fencaca.pt), à data conta com mais de 1000 sócios, entidades gestoras de zonas de caça, que representam mais de 100 mil caçadores. Estas entidades gestoras para se tornarem sócias procediam ao pagamento de uma jóia no valor de 74,82 €, uma quota anual de 179,56 € e aceitavam cumprir os estatutos da federação. Após a sua adesão usufruiam de vários serviços de onde se destacava a assessoria técnica. No decorrer dos 7 anos integrei o corpo técnico, sendo da minha competência elaborar Planos de Ordenamento e Exploração Cinegética (POEC) para a criação de zonas de caça associativas e turísticas, Planos de Gestão (PG) para a transferência da gestão de zonas de caça municipal, aparcamentos de gado, acompanhamento do funcionamento de uma zona de caça, integrar o júri dos exames da carta de caçador sempre que fosse necessário, bem como as atividades promocionais do setor cinegético, conforme se descreve de seguida.

3.2.1. Elaboração de POEC, PG e Aparcamento de Gado

Ao integrar o corpo técnico da Fencaça era da minha competência elaborar os POEC, os PG e aparcamentos de gado requeridos pelas associadas da federação. No anexo I consta uma lista de todos os processos elaborados e aprovados no período em análise. Na totalidade elaborei 230 processos, dos quais 164 processos de zonas de caça associativa (ZCA), 36 processos de zonas de caça municipais (ZCM), 29 processos de zona de caça turística (ZCT) e um aparcamento de gado, (figura 1).

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

Figura 1 – Representação gráfica do número de processos elaborados.

Os processos de ZCA eram submetidos consoante o seu enquadramento legal pelo que realizei 48 processos de renovação, 47 processos de anexação de prédios rústicos a áreas já concessionadas, 45 processos de concessão, 17 processos que contemplavam em simultâneo renovação e anexação, 4 processos de criação de campos de treino de caça, 1 processo de anexação e desanexação, 1 alteração de POEC e 1 processo de transferência de concessão, (figura 2).

Figura 2 - Representação gráfica do número de processos de ZCA, conforme o enquadramento legal.

À semelhança dos processos de ZCA, também os processos de ZCT eram submetidos conforme o enquadramento legal, tendo elaborado 11 processos de concessão,

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 71,3% 15.7% 12.6% 0,40% 29,3% 28,7% 27,4% 10,4% 2,4% 0,6% 0,6% 0,6% Renovação Anexação Concessão Renovação e anexação Campo treino Anexação e desanexação Alteração POEC Transferência Concessão

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. 10 processos de renovação, 5 processos de anexação e 3 transferências de concessão, (figura 3).

Figura 3 - Representação gráfica do número de processos de ZCT, conforme enquadramento Legal.

Relativamente aos processos das ZCM elaborei 17 processos de transferência de gestão, 8 processos de renovação, 5 processos de anexação, 2 processos de renovação e anexação, 2 processos de desanexação, 1 alteração de PG e 1 campo de treino (figura 4).

Figura 4 - Representação gráfica do número de processos de ZCM, conforme enquadramento legal.

No capítulo 4 do presente relatório é feito um desenvolvimento pormenorizado sobre o enquadramento e a elaboração dos processos aqui mencionados.

38% 34,5% 17,2% 10,3% Concessão Renovação Anexação Transferência Concessão 47,2% 22,2% 13,8% 5,6% 5,6% 2,8% 2,8% Transferência Gestão Renovação Anexação Renovação e anexação Desanexação Alteração PG Campo treino

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

3.2.2. Acompanhamento das Zonas de Caça

Durante este período, para além da elaboração dos processos mencionados no ponto anterior, efetuava um acompanhamento e aconselhamento às entidades gestoras e concessionárias das zonas de caça, o que envolvia o preenchimento dos planos anuais de exploração, resultados de exploração cinegética e resultados de execução financeira.

Os planos anuais de exploração (PAE) eram submetidos anualmente pelas entidades gestoras de ZCM, em formulário próprio, até 15 de julho de cada ano, com a proposta de atividades a realizar na época venatória seguinte. Neste documento planificavam-se as espécies cinegéticas a explorar, os processos de caça a utilizar, os totais de abate, os dias de caça, as jornadas de caça, a taxa e a percentagem diária por tipo de caçador.

Os resultados da exploração cinegética eram submetidos pelas entidades concessionárias de ZCA e ZCT e entidades gestoras de ZCM, em formulário próprio, até 15 de junho de cada ano. A não apresentação deste documento leva à suspensão da atividade cinegética na ZC no ano seguinte. Neste documento são identificados o número de peças abatidas de cada espécie e, no caso da caça maior, o número de peças abatidas por processo, sexo e idade, o número de dias de caça, o número de jornadas de caça e o número de caçadores. No caso de uma ZCT, inclui-se o número de caçadores nacionais e estrangeiros e, se possível, o país de origem.

Os resultados de execução financeira são submetidos pelas entidades gestoras das ZCM, até 15 de julho de cada ano onde, em formulário próprio, se identificam as despesas e as receitas inerentes à gestão da ZCM.

3.2.3. Exames para a Obtenção da Carta de Caçador

Nos anos de 2007 e 2008, conforme indicado na tabela 1, fui elemento do júri em exames teóricos para a obtenção da carta de caçador, na qualidade de representante dos OSC. O júri era constituído por um representante do ICNF e um representante dos OSC, o qual verificava a identidade dos candidatos a exame e zelava para que se cumprissem as regras estipuladas pelo ICNF. Numa fase final, os exames são corrigidos através de uma grelha e é comunicado o resultado ao candidato.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. Tabela 1 - Datas e locais de realização dos exames para a obtenção da carta de caçador.

Data: Local:

8, 9, 10 e 11 de maio de 2007 Lisboa

13 de julho de 2007 Viseu

24 de abril de 2008 Leiria

28, 29 e 30 de abril de 2008 Lisboa

Este exame constava de uma prova escrita com 20 questões e debruçava-se sobre os temas: legislação cinegética, biologia das espécies cinegéticas, conceitos de ecologia e de proteção da vida selvagem e da biodiversidade, ordenamento cinegético, meios e processos de caça, sanidade, higiene em animais selvagens e segurança alimentar. Era um exame de escolha múltipla com três hipóteses de escolha, considerando-se aptos os candidatos que respondiam corretamente no mínimo a 15 questões.

3.2.4. Atividades Promocionais

Para além da elaboração dos processos e do acompanhamento de todas as atividades de funcionamento das zonas de caça, participava de forma ativa na organização de eventos promocionais do sector, tais como as provas de Santo Huberto e feiras de âmbito nacional e internacional.

As provas de Santo Huberto destinam-se a caçadores com cão de parar e tem como objetivo “… promover o espírito desportivo do caçador, formá-lo na correta prática do ato cinegético, tendo em consideração os aspectos técnicos, legais e cívicos, a função e utilização do cão de parar, num quadro de respeito pela natureza e pela ecologia”, conforme o artigo 1º do Regulamento do Campeonato Nacional de Santo Huberto da Fencaça. O campeonato é dividido em duas fases: a fase regional e a fase nacional. A fase nacional apura o campeão e vice-campeão que representam Portugal no Campeonato do Mundo de Santo Huberto. As provas são avaliadas por um júri constituído por pelo menos dois juízes, habilitados para o efeito, onde se avalia o caçador quanto à exatidão, educação em matéria de caça, segurança, habilidade e espírito desportivo, e o cão, quanto ao seu ensino, obediência e qualidades naturais inerentes à raça. Neste caso, o trabalho desenvolvido passava por preparar toda a logística necessária ao bom funcionamento das provas, organizando previamente as largadas de perdizes (Alectoris rufa) criadas em cativeiro, nos

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. campos de treino onde se realizavam as provas, bem como a receção, o acompanhamento de todos os concorrentes e do júri.

Durante o período de 2003 a 2010 realizaram-se várias feiras de caça, quer de âmbito nacional quer de âmbito internacional. Estes eventos eram revestidos de grande importância porque permitiam uma proximidade com os caçadores e dirigentes associativos, onde se ouviam as suas principais preocupações e anseios, bem como a troca de experiências que existia entre as várias entidades envolvidas. Foram vários os eventos em que participei onde destaco: 7 edições da Expocaça, no Centro Nacional de Exposições, em Santarém; 2 edições da Norcaça, em Bragança; 4 edições da Feira de Caça e Pesca de Monção; 1 edição Feira de Caça do Concelho de Arruda dos Vinhos; 1 edição Feira de Caça, Pesca e Lazer – EXPOLIMA, em Ponte de Lima; 1 edição da Feira de Caça e Turismo em Macedo de Cavaleiros e uma edição da Feira de Caça, Pesca e de Natureza Ibérica – Feciex, em Badajoz.

3.2.5. Comunicações

Em maio de 2007 participei, na qualidade de oradora convidada, no “1º Workshop de Produção Cinegética e Piscícola”, com a comunicação “ O Coelho Bravo”, na Escola Superior Agrária de Castelo Branco, organizado pela Associação de Estudantes da Escola Superior Agrária de Castelo Branco.

3.2.6. Conclusões

O período de trabalho entre 2003 e 2010 na Fencaça revelou-se um grande desafio profissional e um período muito enriquecedor por vários motivos.

Em primeiro lugar, por ser muito exigente ao nível do horário, pois exigia uma constante disponibilidade para resolver qualquer situação que surgisse a uma entidade ou à pronta resposta a questões levantadas pelo ICNF, e em termos de prazos, dado que muitos dos processos exigiam prazos legais a cumprir, tornando-se assim numa luta contra o tempo.

Por outro lado, num período de 7 anos os serviços competentes sofreram 3 alterações da estrutura orgânica, isto é, em 2003 tínhamos a Direção Geral de Florestas

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. criada pelo Decreto-lei nº 256/1997, de 27 de setembro, em 2004 foi criada a Direção Geral dos Recursos Florestais pelo Decreto-Lei nº 80/2004, de 10 de abril e, em 8 de agosto de 2008 o Decreto-lei nº 159/2008 constitui a Autoridade Florestal Nacional. Estas alterações atribuíram novas competências e obrigaram a novas rotinas administrativas e processuais.

Um outro objetivo consistia em elaborar os processos ao mais baixo custo possível para o cliente, mantendo o mesmo nível de qualidade e rigor. Esta meta era alcançada através da aquisição das cartas cadastrais em formato de papel, em detrimento das cartas cadastrais georreferenciadas, em formato digital, para a elaboração da cartografia e só realizava visitas à ZC se realmente fosse necessário.

Por último, saliento o facto de ter aprofundado os conhecimentos adquiridos na disciplina de cinegética, sobre a biologia das espécies, a sua gestão e ordenamento, bem como a especificidade de cada região no Nosso País. Neste período não houve espaço para realizar outro tipo de tarefas que considero muito importantes na gestão de uma ZC, como é o caso dos censos às espécies cinegéticas.

Desta forma, foi possível adquirir novas competências profissionais ao nível da gestão de tempo, autonomia, responsabilidade e experiência para que numa primeira abordagem ao cliente, soubesse informar se o processo da ZC que estava a ser solicitado viria a ser aprovado, o que me levou ter uma taxa de aprovação de 100 % e executar com mérito as tarefas que eram da minha competência.

3.3. Período de 2010 a 2015

A colaboração na Fencaça terminou em 31 de março de 2010 porque existiu uma redução drástica no volume de trabalho. Perante esta situação iniciei atividade como prestadora de serviços. Durante este período fui formadora em ações de formação profissional; delegada municipal nos Censos de 2011, no Instituto Nacional de Estatística e oficial de ligação da Afocelca, no Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

3.3.1. Formação Profissional

3.3.1.1 Enquanto Formadora

A oportunidade de ser formadora surgiu em 2008 e mantêm-se até hoje, no entanto, por uma questão de estrutura e organização do presente relatório, encontra-se mencionado neste capítulo.

Enquanto formadora tinha como função:

Conceber e produzir os materiais técnicos, pedagógicos e os instrumentos de avaliação de cada Unidade de Formação de Curta Duração (UFCD), como é o caso dos planos de sessão, sumários, manual de apoio, fichas de trabalho e fichas de avaliação.

Ministrar a UFCD utilizando metodologias ativas, centradas no formando, utilizando diversas técnicas, como é o caso da exposição dialogada, demonstração, simulação, estudo de casos práticos, dinâmicas de grupo, entre outras.

Integrar a equipa pedagógica mantendo uma estreita colaboração com os restantes formadores, mediadores e coordenadores para que, em conjunto, se encontrassem as melhores soluções de orientação pessoal, social e pedagógica dos formandos.

Conforme estipulado no Código de Trabalho, todos os trabalhadores têm direito a um número mínimo de trinta e cinco horas de formação contínua, em cada ano de trabalho ou, sendo contratado a termo, por período igual ou superior a três meses, um número mínimo de horas proporcional à duração do contrato nesse ano. Nesse âmbito fui formadora nas Unidades de Formação de Curta Duração (UFCD) mencionadas na tabela 2.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. Tabela 2 - Formação ministrada em contexto de trabalho.

UFCD Nº horas Local Ano

0349 – Ambiente, Segurança, Higiene e

Saúde no Trabalho – Conceitos básicos 50 Seia Viseu e

2010/2011 Higiene e Segurança – Legislação de EPI e

Sinalização

21 Vila Nova de Paiva 0349 – Ambiente, Segurança, Higiene e

Saúde no Trabalho – Conceitos básicos 25 Viseu 2012/2013 Sapador Florestal – Higiene e Saúde

Trabalho

14 Oliveira do Hospital

2014/2015 Sapador Florestal – Equipamento Proteção

Individual

14 Sapador Florestal - Viaturas e equipamentos

coletivos para silvicultura e supressão de incêndios

14

Sapador Florestal - Ergonomia e movimentação manual de cargas

14

Total 152

Os cursos que decorreram em Vila Nova de Paiva e em Oliveira do Hospital, referidos na tabela 2, não consta o código do referencial de formação porque as unidades de formação de curta duração, respetivos conteúdos pedagógicos e objetivos foram desenhados em função do levantamento efetuado pelas entidades patronais conforme as necessidades de formação do trabalhador.

Em 2007 foi publicada a Portaria nº 817/2007, de 27 de julho, que definiu o regime jurídico dos cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA), que surgem como “um instrumento das políticas públicas de educação e formação destinado a promover, através da redução dos défices de qualificação da população adulta, uma cidadania participativa e de responsabilidade, bem como a empregabilidade e a inclusão social e profissional”. A publicação deste diploma criou uma oportunidade para pessoas, com idade igual ou superior a 18 anos, que não possuíam qualificação adequada para a sua inserção no mercado de trabalho e, em simultâneo, sem a conclusão do ensino básico ou secundário, permitindo assim uma dupla certificação.

Durante o período referido fui formadora da componente tecnológica, nas ações descritas nas tabelas 3 e 4, em que os cursos permitiam aos formandos obter dupla certificação de nível 2 (B2) e nível 3 (B3).

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. Tabela 3 - Formação ministrada no âmbito dos cursos EFA - B3.

Curso UFCD Nº horas Local Ano

Técnico dos Recursos Florestais e Ambientais 4431 - Cinegética 25 Seia 2008/2009 4434 - Micologia 25 4442 – Instalação Povoamentos 50 4443 - Condução Cultural de Povoamentos Florestais 50 4448 – Técnicas Inventário Florestal 50

4444 – Silvicultura Especial 50 Viseu 2009/2010 3127 – Prevenção de Incêndios Florestais 50 4431 - Cinegética 25 Lousã 2009/2010 4435 – Áreas Protegidas 25 4430 - Silvopastorícia 25 4433 - Aquicultura 25 4445 - Topografia 50 Lousã 2011/2012 4446- SIG – Silvicultura e Caça 50

4454 – Mecanização Florestal 50

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. Tabela 4 - Formação ministrada no âmbito dos cursos EFA - B2.

Curso UFCD Nº horas Local Ano

Operador Florestal

3141 – Legislação Cinegética e Ambiental 25 Vila Real 2008/2009 3134 – Exploração Cinegética e Atividade

Venatória

25

3136 – Ecossistemas e Identificação de Espécies Cinegéticas

25 3138 – Criação de Espécies Cinegéticas 2 3123 – Operações inerentes à Produção de

Plantas em Viveiros 25 Seia 2009/2010 3128 – Podas e Desbastes 25 3136 - Ecossistemas e Identificação de Espécies Cinegéticas 25 3138 – Criação de Espécies Cinegéticas 25 3137 - Criação de Espécies em Cativeiro 25 3139 – Sanidade em Espécies Cinegéticas 25 3140 – Censos e Técnicas de Repovoamento 25 3141 – Legislação Cinegética e Ambiental 25 3134 – Exploração Cinegética e Atividade

Venatória

25 3129 – Extração de Cortiça 50 3131 – Recolha de Sementes, Frutos e

Pinhas

50 3120 – Normas Proteção e Melhoria do

Ambiente no Trabalho Florestal

50 Oliveira do Hospital

2012/2013 3131 – Recolha de Sementes, Frutos e

Pinhas

50 3127 – Prevenção de Incêndios Florestais 11 3112 – Manutenção de Espaços Florestais 13

Operador Agrícola

6352 – Podas e Enxertia em Fruticultura 50 Pinhel 2012/2013 6352 – Podas e Enxertia em Fruticultura 50 Salzedas

Sapador Florestal

3113 - Fatores Edafoclimáticos e Floresta 25 Vouzela 2014/2015 3121 – Identificação espécies florestais 25

3120 – Normas Proteção e Melhoria do Ambiente no Trabalho Florestal

25

5379 – Cartografia – Noções Básicas 25 3112 – Manutenção de Espaços Florestais 50

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. O desenvolvimento do setor florestal configura uma realidade que urge acompanhar e, por outro lado, os profissionais ligados ao setor sempre almejaram cursos de formação que dessem resposta às exigências legislativas e normativas nacionais e internacionais. Nesse sentido e no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) ministrei ações de formação a dirigentes e quadros técnicos superiores sob os temas da Gestão Florestal Sustentável (GFS) e dos Planos de Gestão Florestal (PGF), conforme a tabela 5.

Tabela 5 - Formação ministrada em GFS e PGF no âmbito do PRODER.

UFCD Nº horas Local Ano

GFS 30 Viseu 2010/2011 PGF 25 Coimbra 2011/2012 GFS 30 Viseu GFS 30 Carregal do Sal GFS 30 Covilhã PGF 25 Viseu PGF 25 Carregal do Sal PGF 25 Covilhã GFS 30 Coimbra PGF 25 Aveiro 2012/2013 GFS 30 Aveiro GFS 30 Viseu 2013/2014 Total 335

Com a publicação da Lei nº 26/2013, de 11 de abril, que “regula as atividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos para uso profissional e de adjuvantes de produtos fitofarmacêuticos” e conforme a alínea a), do ponto 1, do artigo 18º que obriga a que o aplicador dos produtos fitofarmacêuticos disponha de habilitação comprovada através da frequência de uma ação de formação, a partir de 26 de novembro de 2015. Nesse contexto, fui formadora em cursos de Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos (APF) e cursos de Atualização de Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos (AAPF), descritos na tabela 6. Os cursos de APF e AAPF são divididos em sessões teóricas, assumidas pelo formador principal e por sessões práticas que, pela sua especificidade são ministradas por dois formadores, o formador principal e o segundo formador.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. Tabela 6 - Formação ministrada no âmbito dos cursos de APF e AAPF.

Curso Função Nº horas Local Ano

APF Formador principal 35 Moimenta da Beira 2015-2016 Segundo Formador 50 Torre de Vilela; Mortágua

Segundo Formador 20 Tondela Formador principal 109 Tondela Formador principal 35 Viseu

Formador principal 16 Oliveira do Hospital Formador principal 70 Brasfemes

Formador principal 25 Tondela 2016-2017 Segundo Formador 8 Tondela

Formador principal 35 Figueira da Foz Formador principal 75 Viseu

AAPF Formador principal 28 Viseu

Total 506

3.3.1.2 Enquanto Mediadora e Coordenadora

No âmbito dos cursos EFA, no ano letivo de 2011/2012, assumi a função de responsável pedagógica no curso Técnico de Recursos Florestais e Ambientais, que decorreu na Lousã, tendo como função acompanhar os formandos durante os estágios em contexto de trabalho e elaborar os respetivos relatórios de acompanhamento, representando na totalidade 42 horas de trabalho. Ainda neste curso, fui responsável pela conceção da Prova de Avaliação Final (PAF) da qual, fui presidente do júri.

No âmbito dos cursos de APF, assumi a função de coordenadora numa ação que decorreu em Salzedas, no ano letivo de 2012/2013, representando 17 horas de trabalho. Neste caso foi da minha responsabilidade selecionar os formandos para a ação, organizar o dossier técnico pedagógico, providenciar os equipamentos adequados à formação, promover reuniões pedagógicas, em articulação com os formadores, para mediar e resolver conflitos e acompanhar a avaliação de aprendizagens dos formandos.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

3.3.1.3 Conclusão

A formação profissional revelou-se uma excelente oportunidade profissional, tendo ministrado no total 2319 horas enquanto formadora, 42 horas enquanto mediadora e 17 horas enquanto coordenadora.

Perante um quadro de instabilidade face ao emprego na sociedade atual, uma das melhores formas de lidar com a imprevisibilidade do futuro será investir no conhecimento, para aumentar o portefólio de competências, através de uma aposta na formação contínua que, aliado à existência de um código laboral favorável promove a formação profissional.

Ao ponderar as vantagens e desvantagens da formação profissional, podemos elencar como vantagens os seguintes pontos:

Aumentar a habilitação académica. Aumentar as competências profissionais.

Orientar desempregados e promover novas oportunidades

Dar a conhecer novos procedimentos e novos equipamentos incrementados pelos avanços tecnológicos.

Incentivar regras de higiene, segurança e saúde no trabalho, bem como a utilização de equipamentos de proteção individual.

E como desvantagens os pontos seguintes:

Excesso de ações de formação em algumas áreas temáticas

Obrigatoriedade de manter um número mínimo de formandos por cada ação Falta de formandos que leva a que estes frequentem ações sucessivas sem

qualquer intenção em utilizar os conhecimentos adquiridos.

As entidades formadoras credenciadas tinham muita dificuldade em gerir o financiamento das ações, por atrasos nos pedidos de pagamento, levando a atrasos sucessivos nos pagamentos.

A minha função enquanto formadora, mediadora e coordenadora contribuiu para desenvolver novas competências ao nível da mediação de conflitos bem como, na pesquisa constante de informação e conhecimento. Por outro lado, a heterogeneidade dos grupos de formandos exigia uma constante planificação e adequação das metodologias, para se ir ao encontro aos objetivos gerais e aos objectivos específicos de cada ação de formação.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

3.3.2. Delegada Municipal, Censos de 2011, INE

O recenseamento da população e da habitação, os Censos, destina-se a obter informação sobre toda a população residente, as famílias e o parque habitacional, isto é, conhecer o número de pessoas que, num dado momento, habitam um território. A sua execução é da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística (INE) e realiza-se de 10 em 10 anos.

Os Censos constituem a maior operação estatística realizada em qualquer país para se obter informação essencial para o desenvolvimento económico e social, como tal, é um instrumento indispensável ao planeamento e à tomada de decisão, nas mais diversas áreas. Sendo o capital humano um fator determinante para o progresso das sociedades, tem como objetivo fornecer informação que permita o conhecimento aprofundado e rigoroso desse capital, a nível nacional, regional e local.

Para o efeito, é necessário o mapeamento de todo o território, a mobilização e formação de um grande número de profissionais, a realização de uma vasta campanha pública, a adesão de toda a população, a recolha de informação, a compilação de grandes quantidades de informação e a análise e divulgação de grande número de dados. As unidades estatísticas caraterizadas são o edifício, o alojamento, a família e o indivíduo, para tal, todos os alojamentos são observados e todas as pessoas residentes são contadas e caraterizadas através do preenchimento de questionários.

Para levar a cabo esta grande operação o INE organizou-se através de uma estrutura hierárquica vertical, constituída por um gabinete de censos, delegados do INE, 22 coordenadores regionais, 128 delegados regionais, 456 delegados municipais, apoiados por 308 técnicos municipais, 5124 coordenadores e subcoordenadores de freguesia e 18282 recenseadores.

Fiz parte desta estrutura enquanto delegada municipal e tinha como função:  Coordenar a actividade censitária em 12 freguesias do município de Viseu;  Colaborar no recrutamento e seleção dos coordenadores/subcoordenadores

de freguesia e dos recenseadores;

 Assegurar a formação dos coordenadores/subcoordenadores de freguesia, dos recenseadores e do técnico municipal;

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.  Acompanhar e supervisionar os trabalhos de campo na área de intervenção,

de acordo com os procedimentos estabelecidos;

 Executar os procedimentos administrativos associados à contratação e gestão dos colaboradores;

 Garantir o cumprimento e a execução dos procedimentos técnicos e de gestão, de acordo com o definido pela coordenação nacional dos censos 2011;

 Apoiar tecnicamente as juntas de freguesia sempre que necessário; incluindo a realização de tarefas de natureza informática, sempre que não se verifiquem condições ou que a dimensão na respectiva junta de freguesia não o justifique;

 Implementar os procedimentos de acordo com o previsto no controlo e qualidade dos processos;

 Proceder à verificação e emissão dos recibos de pagamento de acordo com as normas e procedimentos definidos.

Numa primeira fase, foram selecionadas as equipas de trabalho, segundo o perfil definido pelo INE, sendo que fui responsável por uma equipa de 72 pessoas, em que 60 delas foram distribuídas conforme mencionado na tabela 7 e por 12 recenseadores, a quem foi dada formação e faziam parte de uma bolsa de suplentes, para o caso de ser necessário fazer alguma substituição.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal. Tabela 7 - Distribuição dos recursos humanos pela área de trabalho.

Freguesia Coordenador Freguesia Subcoordenador Freguesia Recenseador

Boa Aldeia 1 1 Bodiosa 1 4 Coração Jesus 1 2 19 Couto de Baixo 1 1 Couto de Cima 1 1 Orgens 1 4 Repeses 1 4 Ribafeita 1 2 São Cipriano 1 2 São Salvador 1 5 Torredeita 1 2 Vil de Souto 1 1 Total 12 2 46

Assim que foram constituídas as equipas de trabalho, ministrei formação à equipa, com o objectivo de explicar todos os procedimentos a ter para a execução da sua tarefa, bem como a postura que deveriam ter juntos dos cidadãos e fornecer um conjunto de noções básicas sobre como contatar e motivar a população. O recrutamento e a formação decorreram durante os meses de janeiro e fevereiro. Em simultâneo, com o recrutamento e formação foi distribuído pelas sedes de freguesia todo o material censitário, constituído por cartografia, cartão de identificação do elemento da equipa e os questionários. Dos questionários faziam parte 6 conjuntos: questionários de edifício, de alojamento familiar, alojamento coletivo, de família clássico, família institucional e pessoas. Entre os dias 7 e 20 de março, os recenseadores distribuíram os questionários pela sua área de trabalho, para que no momento censitário, dia 21 de março, toda a população pudesse responder aos questionários, quer optassem por responder via internet ou em papel.

Imediatamente após o momento censitário iniciou-se a recolha dos questionários. Entre os dias 21 de março e 10 de abril a recolha da resposta podia ser feita através de internet, e entre os dias 28 de março e 24 de abril a recolha dos questionários era em papel, (figura 5).

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

Figura 5 - Cronograma da recolha dos questionários, fonte INE, 2011.

Para acompanhar as tarefas, o INE disponibilizou um Subsistema de Controlo de Trabalho de Campo, uma plataforma informática de gestão para facilitar toda a organização e controlo das tarefas, bem como documentos a utilizar na execução dos trabalhos de campo. Um sistema com acesso on-line e com permissões pré-definidas.

Todas estas tarefas foram executadas com sucesso e dentro dos prazos, cumprindo com todos os objetivos definidos pelo INE o que permitiu concluir o trabalho com uma avaliação de excelente.

3.3.2.1. Conclusão

Nos Censos 2011 foram alcançadas as metas previstas. De salientar a grande colaboração e adesão por parte da população, tornando-se um fator decisivo para o sucesso da operação. O facto dos cidadãos terem aderido em massa à resposta através da internet, tornou estes censos num momento de viragem no modo de recolha de informação estatística junto da população. Importa ainda referir a importância da colaboração das autarquias locais e a idoneidade de todos os elementos da equipa.

Ao fazer parte desta equipa foi para mim possível adquirir e desenvolver novas competências na área da liderança e gestão de equipas, através da motivação da equipa e da mediação de conflitos. Mais do que coordenar a equipa, o papel do delegado municipal consistia em incentivar e dinamizar cada um dos seus elementos, tornando a equipa eficiente, com todas as complexidades que isso envolvia.

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Percurso Multidisciplinar no Exercício da Atividade de Engenharia Florestal.

3.3.3. Oficial de Ligação da Afocelca, CDOS Viseu

A Afocelca é um Agrupamento Complementar de Empresas do grupo Altri e do grupo The Navigator Company, cuja missão é apoiar o combate aos incêndios florestais nas propriedades das empresas agrupadas (http://www.afocelca.com), mas também nas restantes áreas, sempre que seja solicitado pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) ou, conforme estabelecido na Diretiva Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios Florestais.

A Afocelca tem como objetivo reduzir os custos de proteção e minimizar os prejuízos que os incêndios florestais representam para as suas agrupadas que são detentoras de mais de 215 mil hectares de floresta em Portugal. Para atingir os objetivos a Afocelca tem uma organização simples, funcional e orientada para uma rápida tomada de decisão.

A estratégia da Afocelca assenta numa lógica de que o menor tempo de controlo dos incêndios implica menores perdas para as empresas, pelo que todos os focos de incêndio deverão ser verificados, acompanhados e combatidos com a máxima prontidão. Para o efeito estão definidos os tempos máximos de resposta da organização perante os incêndios; estão estabelecidas as áreas seguras em função dos tempos de resposta; a profissionalização do sistema e a criação de brigadas helitransportadas e o outsourcing como sistema preferencial na contratação de serviços. A tipologia dos meios da Afocelca é composta por uma Central de Operações Afocelca (COA), supervisores de proteção, um Oficial de Ligação no Comando Nacional de Operações e Socorro, 18 Oficiais de Ligação no Comando Distrital de Operações e Socorro (CDOS), 3 torres de vigia integradas na Rede Nacional de Prevenção e Vigilância, 38 Unidades de Prevenção e Vigilância, 19 Equipas de Combate Terrestre, 3 Equipas de Combate Helitransportadas, 3 helicópteros ligeiros para combate com água, colaboradores das empresas agrupadas e outros meios de apoio, como por exemplo os autotanques e Bulldozer em pré-ativação (http://www.afocelca.com).

Nesta perspetiva, fiz parte da equipa da Afocelca enquanto oficial de ligação no CDOS de Viseu nos períodos de 2 de julho a 30 de setembro de 2012, de 1 de julho a 25 de setembro de 2013, de 1 de julho a 15 de setembro de 2014 e de 1 de julho a 28 de setembro de 2015. O oficial de ligação no CDOS é o elemento que efetua a primeira triagem e análise a toda a informação operacional disponibilizada pelas entidades da ANPC, tendo o dever de

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Figura 1 – Representação gráfica do número de processos elaborados.
Figura 4 - Representação gráfica do número de processos de ZCM, conforme enquadramento legal
Tabela 1 - Datas e locais de realização dos exames para a obtenção da carta de caçador
Tabela 2 - Formação ministrada em contexto de trabalho.
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Referências

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