• Nenhum resultado encontrado

A Ç Ã O C O L E T I V A com pedido de tutela de urgência de natureza antecipatória

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A Ç Ã O C O L E T I V A com pedido de tutela de urgência de natureza antecipatória"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

URGENTE – PERECIMENTO DO DIREITO EM 26.07.2018. LESÃO IDENTIFICADA EM 19.07.2018.

Matéria: Servidor Público. Lei n.

12.618/2012. Adesão ao Regime de Previdência Complementar. Equívoco no cálculo do benefício especial. Erro substancial.

SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES E TÉCNICOS FEDERAIS DE FINANÇAS E CONTROLE, UNACON SINDICAL, sindicato de âmbito nacional, inscrito no CNPJ sob o n. 03.659.042/0001-27 e registrado no MTE sob o n. 24000.002140/90, com sede na SHCN 110, Bloco C, subsolo, lojas 69/79, Edifício Lara, Brasília/DF, e-mail: unacon@unacon.org.br, vem, por seus advogados, com fundamento no artigo 8º, inciso III, da Constituição da República (CR), sob o procedimento comum, propor

A Ç Ã O C O L E T I V A

com pedido de tutela de urgência de natureza antecipatória

em desfavor da UNIÃO, com endereço para citação no SAS, Quadra 03, Lotes 5/6, Edifício Multi Brasil Corporate, CEP 70070-030, Brasília/DF, pelas razões de fato e de direito adiante aduzidas.

(2)

I – DA LEGITIMIDADE ATIVA

O UNACON Sindical é uma entidade de âmbito nacional, fundada em 24 de maio de 1989, em Brasília/DF, que congrega os Auditores e os Técnicos Federais de Finanças e Controle, todos com vínculo estatutário1 O atual estatuto está devidamente registrado sob o n. 1.695 do Livro A-3, no 1º Ofício de Registros de Pessoas Jurídicas em Brasília – DF, e sob o n. 24000.002140/90 no Ministério do Trabalho e Emprego (publicado no DOU de 18.4.1990, seção I, p. 7294).

A legitimidade do Autor para que atue nesta demanda como substituto processual de seus filiados decorre de seu estatuto e do disposto no artigo 8º, inciso III, da CR: “ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas”.

O UNACON Sindical atua, na hipótese, em regime de substituição processual (legitimação extraordinária), circunstância na qual, em estrita conformidade com a jurisprudência pátria, afasta a necessidade de anexar à petição inicial lista de beneficiários:

Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo.

2. Sindicato. Substituição processual. Ampla legitimidade.

3. Desnecessidade de comprovação da situação funcional de cada substituído na fase de conhecimento. Precedentes. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.

3. Agravo improvido.

[STF, Segunda Turma, Relator Ministro Gilmar Mendes, ARE 649.764 AgR/SP, DJe 7.3.2014]

A finalidade do texto constitucional e da jurisprudência é facilitar a prestação jurisdicional por intermédio de sindicatos, que atuam como substitutos processuais de seus filiados. São, desse modo, amplamente legitimados para postular em juízo e para assegurar a observância de direitos e de garantias conquistados pelos servidores.

1Nomenclatura do cargo alterada pelo artigo 6º da Lei n. 13.327, de 29 de julho de 2016: “Art. 6º. Os cargos de Analista de Finanças e Controle e de Técnico de Finanças e Controle, integrantes da carreira de Finanças e Controle, de que tratam o Decreto-Lei nº 2.346, de 23 de julho de 1987, a Lei nº 9.625, de 7 de abril de 1998, e a Lei nº 11.890, de 24 de dezembro de 2008, passam a denominar-se, respectivamente, Auditor Federal de Finanças e Controle e Técnico Federal de Finanças e Controle.

(3)

II – DOS FATOS

Com a promulgação da Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998, a Constituição contemplou a possibilidade de os entes federados fixarem como teto de aposentadoria e pensão o limite estabelecido para os benefícios do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), desde que instituíssem o regime de previdência complementar, conforme redação do artigo 40, §§ 14, 15 e 162.

O novo regime, contudo, só foi instituído pela União por meio da Lei n. 12.618, de 30 de abril de 2012:

Art. 1º É instituído, nos termos desta Lei, o regime de previdência complementar a que se referem os §§ 14, 15 e 16 do art. 40 da Constituição Federal para os servidores públicos titulares de cargo efetivo da União, suas autarquias e fundações, inclusive para os membros do Poder Judiciário, do Ministério Público da União e do Tribunal de Contas da União.

Para a implementação do Regime de Previdência Complementar (RPC) no âmbito do Poder Executivo federal, foi criada, em 20 de setembro de 2012, por meio do Decreto n. 7.808, a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp-Exe), entidade fechada responsável pela administração e pela execução dos planos de benefícios de caráter previdenciário dos servidores públicos titulares de cargo efetivo.

A autorização de funcionamento foi concedida em 19 de outubro de 2012, por meio da Portaria n. 604, do Ministério da Previdência Social. Na sequência, houve a expedição, pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), da Portaria n. 44, de 31 de janeiro de 2012, publicada no

2 Art. 40. (...)

§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98, grifos aditados)

(4)

Diário Oficial da União, em 04 de fevereiro de 2013, na qual foram aprovados os Planos de Benefícios dos Servidores Públicos Federais do Poder Executivo e o Convênio de Adesão da União à Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal.

Todos os servidores que ingressarem no serviço público federal a partir de então – 04 de fevereiro de 2013 – podem optar por contribuir apenas para o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) de que trata o artigo 40 da CR, no qual seus proventos serão limitados ao teto do RGPS ou vincular-se também ao fundo de previdência complementar instituída pela União (Funpresp-Exe), como expresso no artigo 3º, inciso I, da já citada Lei n. 12.618/20123

O inciso II do artigo 3º, por sua vez, faculta aos servidores que ingressaram no serviço público federal antes do início da vigência do novo regime a opção pelo RPC ou a permanência no sistema anterior, no qual será observada ou a regra geral do artigo 40 da Constituição, ou alguma das regras de transição previstas nas Emendas Constitucionais n. 20/1998, n. 41/2003 e n. 47/2005, conforme a situação individual de cada um.

A opção pelo RPC está também contida §1º do artigo 1º da Lei n. 12.618/2012, nos seguintes termos:

§ 1º Os servidores e os membros referidos no caput deste artigo que tenham ingressado no serviço público até a data anterior ao início da vigência do regime de previdência complementar poderão, mediante prévia e expressa opção, aderir ao regime de que trata este artigo, observado o disposto no art. 3o desta Lei. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.183, de 2015)

Os servidores que se encaixam nessa situação e que aderirem ao RPC receberão um benefício especial, previsto no artigo 22 da Lei n. 12.618/20124,

3 Art. 3º Aplica-se o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social às aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de previdência da União de que trata o art. 40 da Constituição Federal, observado o disposto na Lei n. 10.887, de 18 de junho de 2004, aos servidores e membros referidos no caput do art. 1. desta Lei que tiverem ingressado no serviço público: I - a partir do início da vigência do regime de previdência complementar de que trata o art.

1º desta Lei, independentemente de sua adesão ao plano de benefícios; e II - até a data anterior ao início da vigência do regime de previdência complementar de que trata o art. 1º desta Lei, e nele tenham permanecido sem perda do vínculo efetivo, e que exerçam a opção prevista no § 16 do art. 40 da Constituição Federal.

4 Art. 22. Aplica-se o benefício especial de que tratam os §§ 1º a 8º do art. 3º ao servidor público titular de cargo efetivo da União, inclusive ao membro do Poder Judiciário, do Ministério Público e

(5)

calculado de acordo com as contribuições feitas para o regime antigo e “pago pelo órgão competente da União, por ocasião da concessão de aposentadoria, inclusive por invalidez, ou pensão por morte pelo regime próprio de previdência da União, de que trata o art. 40 da Constituição Federal, enquanto perdurar o benefício pago por esse regime, inclusive junto com a gratificação natalina” (artigo 3º, §5º, da Lei n.

12.618/2012).

Em outras palavras, as contribuições feitas anteriormente pelo servidor darão origem a parcela específica a ser paga quando da aposentadoria. Nessa sistemática, os servidores que aderirem ao RPC terão sua aposentadoria baseada no seguinte tripé: (i) recebimento de proventos limitados ao teto do RGPS; (ii) recebimento do benefício especial; e, para aqueles que desejarem complementar a aposentadoria por meio da adesão opcional ao Funpresp-Exe, ou a outro plano de previdência privada, (iii) recebimento de benefício complementar.

Dos 3 (três) pilares do RPC mencionados, apenas o primeiro (provento de aposentadoria limitado ao teto do RGPS) pode ser definido no atual momento. O cálculo do benefício especial depende de algumas variáveis, em especial o tempo de serviço público e o valor das remunerações percebidas no período contributivo, consoante fórmula prevista no §2o do artigo 3º da Lei n. 12.618/2012, assim discriminada:

Art. 3º.(…)

§ 2º O benefício especial será equivalente à diferença entre a média aritmética simples das maiores remunerações anteriores à data de mudança do regime, utilizadas como base para as contribuições do servidor ao regime de previdência da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, atualizadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou outro índice que venha a substituí-lo, correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde a do início da contribuição, se posterior àquela competência, e o limite máximo a que se refere o caput deste artigo, na forma regulamentada pelo Poder Executivo, multiplicada pelo do Tribunal de Contas da União, oriundo, sem quebra de continuidade, de cargo público estatutário de outro ente da federação que não tenha instituído o respectivo regime de previdência complementar e que ingresse em cargo público efetivo federal a partir da instituição do regime de previdência complementar de que trata esta Lei, considerando-se, para esse fim, o tempo de contribuição estadual, distrital ou municipal, assegurada a compensação financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição Federal.

(6)

fator de conversão.

§3º O fator de conversão de que trata o § 2o deste artigo, cujo resultado é limitado ao máximo de 1 (um), será calculado mediante a aplicação da seguinte fórmula:

FC = Tc/Tt Onde:

FC = fator de conversão;

Tc = quantidade de contribuições mensais efetuadas para o regime de previdência da União de que trata o art. 40 da Constituição Federal, efetivamente pagas pelo servidor titular de cargo efetivo da União ou por membro do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas e do Ministério Público da União até a data da opção;

Tt = 455, quando servidor titular de cargo efetivo da União ou membro do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas e do Ministério Público da União, se homem, nos termos da alínea “a” do inciso III do art. 40 da Constituição Federal;

Tt = 390, quando servidor titular de cargo efetivo da União ou membro do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas e do Ministério Público da União, se mulher, ou professor de educação infantil e do ensino fundamental, nos termos do

§ 5º do art. 40 da Constituição Federal, se homem;

Tt = 325, quando servidor titular de cargo efetivo da União de professor de educação infantil e do ensino fundamental, nos termos do § 5º do art. 40 da Constituição Federal, se mulher.

Para facilitar o cálculo do valor do benefício e auxiliar a decisão do servidor acerca da migração para o RPC, o Sistema de Gestão de Pessoas (Sigepe) disponibilizou ferramenta que, mediante inserção de dados, fornece estimativa do montante a ser pago a título de benefício especial. O simulador pode ser acessado por meio do Sistema de Gestão de Aceso (Sigac) em https://www.servidor.gov.br/gestao-de- pessoas/sigepe. A título exemplificativo, vale conferir a simulação do Auditor Federal de Finanças e Controle FILIPE LEÃO MARQUES, em anexo (doc. 09).

A Lei n. 12.618/2012 ainda estabeleceu um prazo para o servidor público já em exercício aderir ao RPC: “24 (vinte e quatro) meses, contados a partir do início da vigência do regime de previdência complementar instituído no caput do art. 1º desta Lei” (artigo 3º, §7º). Posteriormente, em 29 de julho de 2016, com a edição da Lei n. 13.328, a data final para opção foi postergada por mais 24 (vinte e quatro) meses e o termo final foi estabelecido em 27 de julho de 2018, próxima sexta- feira.

(7)

Salienta-se que adesão ao RPC por parte dos servidores que poderiam ficar vinculados a regime previdenciário anterior é irrevogável e irretratável, nos termos do § 8º do artigo 3º da Lei n. 12.618/2012:

§ 8º O exercício da opção a que se refere o inciso II do caput é irrevogável e irretratável, não sendo devida pela União e suas autarquias e fundações públicas qualquer contrapartida referente ao valor dos descontos já efetuados sobre a base de contribuição acima do limite previsto no caput deste artigo.

Desse modo, até a final da semana que vem, os filiados ao Autor que já eram servidores públicos em 04 fevereiro de 2013 terão oportunidade de aderir, de forma irretratável e irrevogável, ao RPC.

Inviável afirmar, de forma abstrata, se a escolha pelo novo regime será vantajosa ou não. A decisão depende de aspectos muito pessoais, como tempo para aposentadoria, intenção em permanecer no serviço público, interesse em aderir a fundo de previdência, entre tantos outros, aspectos esses muitas vezes indefinidos para o próprio servidor.

Ao fazer essa escolha, o servidor tem apenas a certeza de que receberá o teto do RGPS e o benefício especial, cujo valor não é previamente estabelecido, mas meramente estimado. Não se sabe, aliás, qual a natureza jurídica do benefício especial para se prever eventual incidência de tributos que reduzirão o valor real da parcela.

Nesse cenário, os filiados ao Autor têm pautado sua opção pelo RPC e, consequentemente, o planejamento da vida futura, em aposentadoria que contará com os valores do teto do RGPS e do benefício especial.

Ocorre que, há menos de 10 (dez) dias do termo final para a adesão ao RPC – 27 de julho de 2018 – foram constatados equívocos na planilha de cálculo disponibilizada pelo Sigepe, que podem reduzir os valores de benefício especial entre 10% (dez por cento) e 15% (quinze por cento) do que o hoje informado.

Ou seja, muitos servidores tomaram decisões pela adesão com base em valor significativamente superior ao que efetivamente receberão quando de suas aposentadorias. E aqueles que ainda não fizeram a escolha passaram a se sentir ainda mais inseguros com relação ao novo regime e não têm condições de fazê-lo em prazo tão exíguo, sem que haja qualquer esclarecimento da Administração Pública quanto aos desacertos identificados.

(8)

Ainda que em 26.06.2018, nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 4.885, o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha indeferido a liminar requerida para suspender o prazo limite de migração ao RPC, o fato novo ora trazido é suficiente para adiar esse prazo uma vez mais, de sorte a viabilizar que as adesões sejam feitas com base em dados corretos e também a permitir a retificação por aqueles que aderiram a partir de informações equivocadas.

III – DO DIREITO

Ao se verificar se a ferramenta disponibilizada pelo Sigepe via Sigac estava de acordo com os parâmetros de cálculo previstos §§ 1º e 2o do artigo 3º da Lei n. 12.618/2012, o Sindicato Autor identificou erros graves, que alteram de forma significativa a estimativa de valor do benefício especial de servidores públicos ingressos na Administração Pública anteriormente a 04 de fevereiro de 2013 e que podem optar pelo RPC.

Foram informados valores significativamente maiores do que os que realmente serão pagos. Essas perspectivas de ganhos não serão honradas, representam erro substancial e colocam em xeque a validade do negócio jurídico.

Para se demonstrar o prejuízo a ser suportado pelos servidores, vale pormenorizar os 2 (dois) equívocos encontrados na planilha de cálculo disponibilizada pelo Sigepe para determinação do valor do benefício especial.

Em primeiro lugar, o valor do 13º (décimo terceiro) salário não aparece como mês à parte, mas sim somado à remuneração do mês em que foi pago.

Com isso, o número de contribuições é subestimado e a média salarial é superestimada, o que resulta em benefícios especiais entre 10% (dez por cento) e 15%

(quinze por cento) mais elevados do que os calculados a partir da planilha de simulação disponibilizada pelo Sigepe.

No caso paradigma do Auditor Federal de Finanças e Controle FILIPE LEÃO MARQUES, ora sob análise, ele ingressou na então Controladoria-Geral da União (CGU), atual Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, em julho de 2004, onde até hoje se encontra em exercício.

O TC (TC = quantidade de contribuições mensais efetuadas para o regime de previdência da União de que trata o art. 40 da Constituição Federal, efetivamente pagas pelo servidor titular de cargo efetivo da União ou por membro do Poder Judiciário, do Tribunal de Contas e do Ministério Público da União até a data

(9)

da opção) correto para inserção na fórmula e apuração do resultado seria de 181 (cento e oitenta e uma) contribuições (entre julho de 2004 e maio 2018 – data base do cálculo Sigepe). Contudo, o sistema apresenta TC igual a 166 (cento e sessenta e seis) contribuições. Em anexo, segue planilha com a demonstração do número correto e do TC registrado no sistema (doc. 10).

Isso ocorre porque no mês de novembro, o simulador somente conta 1 (uma) única contribuição, quando, em verdade, são 2 (duas). Com isso, os salários de novembro são dobrados, o que faz com que a média salarial suba indevidamente, assim como o valor do benefício especial.

Em segundo lugar, os valores do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) utilizados para a atualização dos salários de contribuição não coincide com os disponibilizados em outras fontes, como o IPEADATA. Nos meses de julho, agosto e setembro de 2017, o simulador SIGEPE utilizou IPCA de 2,71%, 2,46% e 2,54%, quando deveria ter utilizado 0,24%, 0,19% e 0,16%, respectivamente.

Em anexo, seguem tabelas comparativas e imagem da tela do simulador do Sigepe que demonstra o equívoco nos índices utilizados (doc. 11).

Dessa forma, os fatores multiplicadores inadequados impactam no reajuste de todos os salários anteriores a setembro de 2017, o que eleva artificialmente a média apurada. Mais uma vez, o servidor é levado a erro ao apurar o valor do benefício especial.

Percebe-se, então, que na expectativa de que o RPC será vantajoso, tendo em vista que, ao realizar simulação em ferramenta disponibilizada pelo Sigepe, o valor do benefício especial estimado se mostrou atrativo, diversos servidores aderiram ao RPC ou estão prestes a fazê-lo.

O negócio jurídico em questão – adesão ao RPC – foi praticado em inequívoco vício de consentimento, pois está errado o dado que fundamenta a decisão dos servidores e é determinante à mudança de regime. O Código Civil (CC), ao tratar dos defeitos dos negócios jurídicos, dispõe o seguinte:

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

Art. 139. O erro é substancial quando:

I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades

(10)

a ele essenciais;

II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;

III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.

Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.

O erro é a falsa percepção dos fatos que leva o agente a realizar conduta que não adotaria se conhecesse a verdade. Segundo Carlos Roberto Gonçalves5:

Erro é a ideia falsa da realidade. Ignorância é o completo desconhecimento da realidade. Num e noutro caso, o agente é levado a praticar o ato ou a realizar o negócio que não celebraria por certo, ou que praticaria em circunstâncias diversas, se estivesse devidamente esclarecido.

De fato, as declarações de vontade contidas nos termos de adesão ao RPC estão viciadas, pois fundamentadas na expectativa de percepção de parcela que comporá a aposentadoria futura do servidor em valor significativamente maior ao que efetivamente será pago. Há aí nítido erro substancial, capaz de macular a tomada de decisão dos ora beneficiários.

Caso se conhecesse o real montante a ser pago a título de benefício especial, vários servidores poderiam tomar decisões diferentes e ainda permanecer no regime previdenciário anterior, vigente quando de seu ingresso no serviço público. Ou seja, nos termos do artigo 140, CC, o erro no cálculo do benefício especial é determinante à declaração de vontade contida na adesão do RPC.

Em razão do patente vício de consentimento, a escolha pelo novo regime de previdência complementar, como negócio jurídico que é, é passível de anulação. Necessário, portanto, corrigir os equívocos ora noticiados e permitir a retificação, pelos servidores optantes, das adesões já feitas levando-se em consideração o real valor de benefício especial. E para os Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle que ainda não optaram, imperioso se faz alargar o prazo de adesão para que possam bem decidir.

5GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2005.

(11)

IV – DA TUTELA DE URGÊNCIA

A hipótese dos autos reclama tutela de urgência antecipatória dos efeitos da prestação jurisdicional concernente à suspensão do prazo final para adesão ao RPC, estipulado para a próxima sexta-feira, 27 de julho de 2018.

Estão presentes nos autos os requisitos autorizadores do deferimento de tutela de urgência, pois há probabilidade no direito invocado e o efetivo perigo de dano ao resultado útil do processo, nos termos do artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015 (CPC/2015).

A probabilidade do direito invocado pelo Autor está demonstrada pelo vício de consentimento a que foram levados os filiados ao UNACON Sindical em razão de erro na simulação do benefício especial, que gerou valores sensivelmente mais elevados que os efetivamente serão pagos aos servidores quando da aposentadoria.

Foi indevidamente considerado o 13º (décimo terceiro) salário como parte integrante da remuneração do mês de novembro, o que reduziu o número TC (quantidade de contribuições mensais efetuadas para o regime de previdência da União) utilizado na forma de cálculo e superestimou o valor da parcela. Além disso, índices inflacionários de correção foram aplicados em percentuais cerca de 10 (dez) vezes maiores, o que contribuiu também para a elevação substancial, que pode chegar a até 15% (quinze por cento).

Esses equívocos configuram erro substancial capaz de invalidar à adesão ao RPC. Os ora beneficiários não puderam ter a estimativa real do valor de parcela integrante de sua aposentadoria futura para tomada de decisão irretratável e irrevogável. Por essas razões, faz-se necessário alargar o prazo para a adesão para a correção e a devida publicização dos ajustes feitos.

Evidencia a probabilidade do direito o fato de que o próprio Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MPDG) ter reconhecido as inconsistências no simulador disponibilizado pelo Sigepe, consoante já amplamente divulgado na mídia (doc. 12):

Após denúncias, ontem, do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), de graves erros no Sistema de Gestão de Pessoas (Sigepe), que prejudicam a simulação da aposentadoria do funcionalismo, o Ministério do Planejamento admitiu que, “na simulação, o valor da gratificação natalina está sendo somado, indevidamente, à remuneração de novembro, o que pode

(12)

influenciar no valor simulado do benefício, uma vez que a gratificação natalina deve ser considerada no cálculo, porém à parte”. De acordo com o órgão, “o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) já foi acionado para devida correção”.

O Planejamento, no entanto, apesar do apertado prazo de menos de 10 dias para a decisão irreversível, não acenou favoravelmente ao principal desejo dos servidores – que usaram o deslize oficial para insistir na postergação do prazo de adesão por mais dois anos. Ao constatar que os equívocos induzem os servidores a erro, por apresentar uma média salarial majorada em mais de 10%, o Fonacate enviou, ontem, um ofício ao ministro do Planejamento, Esteves Colnago, para que a adesão seja postergada para 2020. No entendimento do ministério, porém, não houve exatamente um dano grave aos que usaram o sistema, mesmo com a falha do governo. (...)

(Disponível em http://blogs.correiobraziliense.com.br/ser vidor/planejamento-admite-erro-nos-calculos-do-beneficio - especial-dos-servidores/. Acesso em 20.07.2018)

Quanto ao perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, esse é evidente, pois nos termos da Lei n. 13.328/2016, a data final para opção é 27 de julho de 2018, próxima sexta-feira. E para os servidores da CGU, filiados ao Sindicato Autor, esse prazo foi ainda decotado em 1 (um) dia, dada a necessidade de homologação das decisões pelo órgão, consoante comunicado veiculado na última semana:

COMUNICADO COGEP

Informamos aos servidores públicos, admitidos no Poder Executivo Federal antes de 4 de fevereiro de 2013, que o prazo para optar pelo regime de previdência complementar encerrar-se-á no dia 26/07/2018, tendo em vista que o art. 92 da Lei nº 13.328/2016 fixou a data de 27/07/2018 para homologação por parte desta Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas.

A migração deve ser avaliada minuciosamente pelos servidores, por tratar-se de decisão individual, de caráter irretratável e irrevogável.

Os servidores que optarem pela migração de regime de previdência, com ou sem adesão à FUNPRESP, deverão registrar essa opção no SIGAC/SIGEPE – Sistema de Gestão de Pessoas e também protocolar o Termo de Opção original em duas vias no Serviço de Cadastro e Benefícios – SECAD (10º andar, sala 1018), impreterivelmente, até às

(13)

18h do dia 26/07/2018 (quinta-feira), a fim de que haja tempo hábil para conferência e homologação dos registros no SIAPE -Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos.

Atenciosamente,

Serviço de Cadastro e Benefícios

COORDENAÇÃO-GERAL DE GESTÃO DE PESSOAS COGEP

+55 (61) 2020-7202

Todos esses aspectos evidenciam que a prestação padrão da tutela jurisdicional – apenas por ocasião da prolação de sentença – é ineficaz para resguardar o resultado útil do processo em sua inteireza, o que justifica a necessidade da concessão da tutela de urgência requerida.

V – DO PEDIDO

Pelo exposto, o UNACON Sindical requer o seguinte:

1) seja deferida inaudita altera parte tutela de urgência de natureza antecipatória para suspender o prazo final de adesão ao RPC, estipulado para sexta-feira, 27 de julho de 2018, até a correção dos equívocos ora apontados e que, depois da realização dos ajustes, seja conferido prazo não inferior a 60 (sessenta) dias para regular adesão ao RPC, inclusive por aqueles servidores que eventualmente tenham interesse em retificar a opção pelo novo regime por terem decidido com base em simulação incorreta do benefício especial;

2) seja assinado prazo de 48 (quarenta e oito) horas para o cumprimento da decisão antecipatória, sob pena de multa diária, sem prejuízo de outras sanções cabíveis;

3) seja citada a União para que, caso queira, responda aos termos da presente demanda;

4) seja, ao final, confirmada a tutela antecipada e julgado procedente o pedido para:

4.1) que seja suspenso o prazo final para adesão ao RPC, estipulado para sexta-feira, 27 de julho de 2018, até correção pela Ré dos equívocos ora comprovados na ferramenta do Sigepe que permite simular o valor do benefício especial;

(14)

4.2) que seja conferido prazo não inferior a 60 (sessenta) dias para regular adesão ao RPC, inclusive por aqueles servidores que eventualmente tenham interesse em retificar a opção pelo novo regime por terem decidido com base em simulação incorreta do benefício especial;

5) seja a Ré condenada ao pagamento das custas judiciais e dos honorários advocatícios, fixados em percentual incidente sobre o valor da causa ou, subsidiariamente, mediante apreciação equitativa do Juízo.

Além dos documentos ora carreados, pugna pela produção dos meios de prova que se façam eventualmente necessários para a instrução do feito.

Finalmente, nos termos do artigo 319, inciso VII, do CPC/2015, o Autor esclarece que não tem interesse na autocomposição da controvérsia, visto que a União, por meio do Oficio n. 037/2016/SEPREV/PSVULA/PGF/AGU e do Ofício n. 024/2016/ GAB/PSUULA/PGU/AGU, já demonstrou desinteresse pela realização de audiências de conciliação e mediação em processos em que figure como Ré.

Atribui à causa o valor de R$ 58.000,00 (cinquenta e oito mil reais).

Requer, outrossim, que das futuras publicações conste o nome do advogado Antônio Torreão Braz Filho, OAB/DF 9.930.

Nesses termos, pede deferimento.

Brasília, 23 de julho de 2018.

Larissa Benevides Gadelha Campos OAB/DF 29.268

Bruno Fischgold OAB/DF 24.133

(15)

LISTA DE DOCUMENTOS

DOC. 01: Guia de custas.

DOC. 02: Comprovante do pagamento de custas.

DOC. 03: CNPJ do UNACON Sindical.

DOC: 04: Cópia do registro perante o MTE.

DOC. 05: Ata de Posse da Diretoria do UNACON Sindical.

DOC. 06: Termo de Posse da Diretoria do UNACON Sindical.

DOC. 07: Procuração.

DOC. 08: Estatuto do UNACON Sindical.

DOC. 09: Resultado da simulação do benefício especial de FILIPE LEÃO MARQUES disponibilizado pelo Sigepe.

DOC. 10: Demonstração de erro na contagem de tempo para cálculo TC.

DOC. 11: Demonstração de erro no valor do IPCA.

DOC. 12: Matéria do Blog do Servidor que evidencia ter o MPDG conhecimento sobre os erros existentes no simulador do benefício especial.

Referências

Documentos relacionados

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

O valor da reputação dos pseudônimos é igual a 0,8 devido aos fal- sos positivos do mecanismo auxiliar, que acabam por fazer com que a reputação mesmo dos usuários que enviam

A par disso, analisa-se o papel da tecnologia dentro da escola, o potencial dos recursos tecnológicos como instrumento de trabalho articulado ao desenvolvimento do currículo, e

Chora Peito Chora Joao Bosco e Vinicius 000 / 001.. Chão De Giz Camila e

Promovido pelo Sindifisco Nacio- nal em parceria com o Mosap (Mo- vimento Nacional de Aposentados e Pensionistas), o Encontro ocorreu no dia 20 de março, data em que também

O desenvolvimento das interações entre os próprios alunos e entre estes e as professoras, juntamente com o reconhecimento da singularidade dos conhecimentos