• Nenhum resultado encontrado

J. bras. pneumol. vol.30 número6

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "J. bras. pneumol. vol.30 número6"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

593

Procedimentos Minimamente Invasivos:

Complicações Também Minimizadas ou Subestimadas?

A in co rp o ra çã o d e t é cn ica s m in im a m e n t e in vasivas à prat ica cirú rgica de forma geral, e em especial à Ciru rgia Torácica, se con st it u iu n u m gran de avan ço. In ú meros t êm sido os ben efícios que podem ser oferecidos aos pacientes, com grande gan ho em recu peração e ret orn o precoce à vida normal. Entretanto, tal é o apelo proporcionado por essas n ovas t écn icas qu e qu ase se pode falar em u ma perigosa“t en dên cia” a min imizar t u do!

O fat o de qu e u m a t écn ica cirú rgica clássica p o ssa ser su b st it u íd a p o r o u t ra “m in im a m en t e in vasiva” n ão sign ifica qu e a afecção qu e vai ser t ra t a d a , t a m p o u co a s p o ssíve is co m p lica çõ e s d eco rren t es, t a m b ém t en h a m se “m in im iza d o ”. Deve- se t er em m en t e qu e os preceit os cirú rgicos q u e reg em o t rat am en t o são rig o ro sam en t e o s m esm os, seja n a u t ilização de t écn ica cirú rgica clássica ou min imamen t e in vasiva.

O n ú m e ro d e m a io / ju n h o d e st e a n o d o J BP t ra z d o is a rt ig o s q u e m e re ce m co m e n t á rio n ã o p e l a s i m p l e s u t i l i z a ç ã o d e t é c n i c a s m in im a m e n t e in va s iva s , m a s p e lo t e o r d a s co n clu sõ e s d e sse s t ra b a lh o s.

No prim eiro deles, Du alibe et al.(1) relat am su a

experiên cia com o t rat amen t o do empiema pleu ral a t ra vés d e t o ra co cen t ese, irrig a çã o d o esp a ço pleu ral e u so de an t im icrobian o in t rapleu ral. Em 10 dos 15 casos t rat ados havia sept ações pleu rais. O t ra t a m en t o d e em p iem a p leu ra l a t ra vés d e t o ra co ce n t e se n ã o é m é t o d o n o vo e é d e scrit o n o s t ra t a d o s d e ciru rg ia t o rá cica(2 ). En t re t a n t o ,

a su a in d ica çã o é m u it o re st rit a , p a ra ca so s se le cio n a d o s, e p rin cip a lm e n t e p a ra p a cie n t e s n o s q u a is n ã o h a ja se p t a çõ e s d o e m p ie m a . A p resen ça d a s sep t a çõ es se co n st it u i n u m a g ra ve a m e a ç a a o s u c e s s o d o t r a t a m e n t o p o r q u e p o d e m se r á re a s d e m a n u t e n çã o d o fo co d e i n f e c ç ã o , q u e i m p e d e m a t o t a l e x p a n s ã o p u lm o n a r, e q u e p o d em evo lu ir p a ra u m q u a d ro s é p t i c o e / o u p a r a u m e n c a r c e r a m e n t o p u lm o n a r. No m ín im o , p o d em ret a rd a r em m u it o a cu ra d o p a cie n t e . Isso é co m p a t íve l co m a d e scriçã o d o s a u t o re s d e q u e 2 6 ,6 7 % d o s ca so s

e vo lu íra m co m e sp e ssa m e n t o p le u ra l e q u e o t e m p o m é d io d e in t e rn a çã o fo i d e 1 5 ,1 d ia s.

No sen t id o d e se evit a r esses p ro b lem a s, o Serviço de Ciru rgia Torácica do HC adot a com o con du t a n os casos de coleções pleu rais sept adas a d ren a g em t o rá cica a t ra vés d e t o ra co sco p ia , sim ples ou videoassist ida(3).

Isso assegura que as septações sejam debridadas, a cavid ad e é lim p a e b io p siad a, e a d ren ag em realizada sob visão diret a, o qu e garan t e a maior chan ce de cu ra n o mais cu rt o espaço de t empo.

No seg u n d o t ra b a lh o , Pa rk et a l(4 ) d escrevem

su a exp eriên cia co m 7 8 ca so s d e t ra q u eo st o m ia p ercu t â n ea rea liza d o s n u m a u n id a d e d e t era p ia in t en siva clín ica .

Ap e sa r d o d e t a lh a m e n t o d a d e scriçã o d a m on it orização dos pacien t es e dos preparos pré e t ran soperat órios, n ão foi relat ado sobre qu ais an éis t raqu eais foram realizadas as t raqu eost om ias. E esse é u m pon t o fu n dam en t al n a realização do procedimen t o.

Um a d a s m a is g r a ve s c o m p lic a ç õ e s d a t raqu eost omia é a est en ose da via aérea. Caso essa e st e n o se c o m p ro m e t a a c a rt ila g e m c ric ó id e est aremos dian t e de u ma est en ose su bglót ica cu jo t rat am en t o é m u it o m ais com plicado do qu e de u m a est en ose t raqu eal. Por isso, é fu n dam en t al que, da mesma forma que se faz na técnica cirúrgica clássica, se procu re realizar a t raqu eost om ia en t re o 2º e o 3º an éis t raqu éais n o sen t ido de se afast ar a lesão cirú rgica da cart ilagem cricóide.

Esse fat o cria dificu ldades adicion ais. Além da t ra q u é ia se lo ca liz a r m a is p ro fu n d a m e n t e n o pescoço ao n ível do 2º e 3º an éis, essa área se en con t ra recobert a pelo ist mo da glân du la t ireóide, qu e t ambém deve ser evit ado. Tan t o isso é verdade qu e n o in ício de su as experiên cias, at é m esm o Ciag lia(6) e Griggs(7) qu e foram os in t rodu t ores das

(2)

594

Por isso a afirm ação de qu e a t raqu eost om ia, cla ssica m e n t e u m p ro ce d im e n t o cirú rg ico n a t écn ica h a b it u a l, “vem sen d o su b st it u íd a p o r m an ipu lações sim ples qu e en volvem basicam en t e a pu n ção e dilat ação da t raqu éia e das part es moles adjacen t es” n os parece in adequ ada por su best imar os possíveis riscos decorren t es do procedim en t o. Além disso, com o as com plicações m ais graves da t ra q u eo st o m ia , co m o a est en o se o u a físt u la t raqu eo- in omin ada, cost u mam su rgir t ardiamen t e, parece precoce con clu ir sem o segu imen t o a lon go p ra z o d e sse s d o e n t e s, q u e “se t ra t a d e u m procedimen t o fact ível e com pou cas complicações sé ria s q u e p o ssa m t ra z e r risco s m a io re s a o s p a c ie n t e s ”. Ta n t o e s s a t e m s id o n o s s a p re o cu p a çã o , q u e e m n o sso Se rviço e st a m o s con du zin do u m est u do qu e avalia os pacien t es da n ossa casu íst ica de cerca de 860 casos, bu scan do id e n t if ic a r e n d o s c o p ic a m e n t e a s p o s s í ve is com plicações t ardias das vias aéreas.

Fin a lm en t e, em q u e p ese o s b o n s resu lt a d o s re la t a d o s p e lo s a u t o re s n o s se u s re sp e ct ivo s t ra b a lh o s, d e ve m o s t e r se m p re p re se n t e q u e in d e p e n d e n t e d a t é c n ic a u t iliz a d a , t a n t o a t ra q u eo st o m ia q u a n t o o t ra t a m en t o d o em p iem a p leu ral, co n t in u am sen d o t rat am en t o s cirú rg ico s, n ã o p o d en d o co m o a firm a m Du a lib e et a l., h a ver a “ possibilidade abordagem por profission ais sem t rein am en t o cirú rg ico ”.

MIGUEL LIA TEDDE, FABIO BISCEGLI JATENE

Fa cu ld a d e d e Med icin a d a Un iversid a d e d e Sã o Pa u lo , FMUSP

REFERÊNCIAS

1 . Du a lib e LP, Do n a t t i M I, M u lle r P T, Do b a s h i P N. To ra c o c e n t e se e sva z ia d o ra c o m irrig a c a o e u so d e an t im icro b ian o in t rap leu ral n o t rat am en t o d o em p iem a. J BP 2 0 0 4 :Vo l 3 0 , n º 3 : 2 1 5 - 2 2 .

2 . P a r i s F, D e s l a u r i e r s J , Ca l v o V. E m p y e m a a n d b ro n ch o p le u ra l f ist u la . In : P e a rso n FG; Co o p e r J D; De sla u rie rs J ; Gin sb e rg RJ ; Hie b e rt CA; Pa t t e rso n GA; Ursc h e l, J r. HC. Th o ra c ic Su rg e ry. Se c o n d Ed it io n . P h ila d e lp h ia : Ch u rc h ill Livin g st o n e ; 2 0 0 2 . Ch a p t e r 41 , p . 11 71 - 9 4

3 . Ted d e ML, Min a m o t o H. Dren a g em p leu ra l. In : Va rg a s FS, Teixeira LR, Ma rq u es E. Derra m e p leu ra l. 1 º ed içã o . Sã o Pa u lo : Ro ca ; 2 0 0 4 . Ca p 5 3 :4 8 3 - 4 .

4 . Pa rk M, Bra u er L, Sa n g a RR, Am a ra l ACKB, La d eira J C, Az e ve d o LCP , Ta n i g u s h i LU, Cr u z N e t o LM . Tr a q u e o s t o m i a p e r c u t â n e a n o d o e n t e c r i t i c o : a exp eriên cia d e u m a u n id a d e d e t era p ia in t en siva . J BP 2 0 0 4 : Vo l 3 0 : 2 3 7 - 4 2 .

5 . Te d d e ML, Gre g ó rio MG, J a t e n e FB. Tra q u e o st o m ia p e rc u t â n e a . In : Silva LCC. En d o sc o p ia Re sp ira t ó ria . 1 ª e d iç ã o . Rio d e J a n e iro : Re vin t e r; 2 0 0 2 . Ca p 5 4 , p . 2 5 9 - 6 3 .

6 . Cia g lia P, Firsch in g R, Syn iec C. Elect ive Percu t a n eo u s Dila t a t io n a l Tra ch eo st o m y. A New Bed sid e Pro ced u re; Prelim in a ry Rep o rt . Ch est 1 9 8 5 : Vo l 8 7 :71 5 - 9 . 7 . Grig g s WM, Wo rt h le y LIG, Gillig a n J E, Th o m a s P D,

Referências

Documentos relacionados

Dyspnea scores were determined using the modified Medical Research Council scale, the 1984 and 1993 American Medical Association scales, and the Baseline Dyspnea Index..

Background : Nasal and pharyngeal symptoms are common in patients with obstructive sleep apnoea (OSA) treated with nasal continuous positive airway pressure (CPAP).. However,

When length of hospital stay prior to VAP was compared between the patients with pneumonia caused by multidrug-resistant bacteria and those with pneumonia caused by

Conclusion: Determination of adenosine deaminase levels in pleural fluid is a sensitive and specific method for the diagnosis of pleural tuberculosis and its use can preclude the

Although still preliminary, clinical studies attempting to prevent intubation, reduce the progression of inhalation injury and accelerate the response to the established injury

lung continuous positive airway pressure in improving arterial oxygenation during one-lung ventilation. Operative lung continuous positive airway pressure to minimize FiO 2 during

Another, less common spectrum of the disease is characterized by signs and symptoms of severe respiratory problems, including digital clubbing, as described in both cases reported

Patients suffering from the local form of pulmonary amyloidosis present no systemic lesions, and the presentation may be either parenchymal or tracheobronchial (4)..