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Governança: perspectivas teórico-conceituais

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Academic year: 2021

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P A T R Í C I A T A V A R E S R I B E I R O E N S P - F I O C R U Z

O F I C I N A

C O O P E R A Ç Ã O F I O C R U Z - C O N A S S - C O N A S E M S

“ S A Ú D E E T E R R I T Ó R I O N A F E D E R A Ç Ã O B R A S I L E I R A : E X P L O R A N D O E S P E C I F I C I D A D E S ”

X X X C O N G R E S S O N A C I O N A L D E S E C R E T A R I A S M U N I C I P A I S D E S A Ú D E , V I T Ó R I A / E S , 2 0 1 4

Governança: perspectivas

teórico-conceituais

(2)

Sobre o conceito de governança

 Concentra as mudanças ocorridas nas últimas décadas no Estado, na economia e na sociedade que impactaram o modo de governar.

 Como todo conceito adotado para a compreensão e descrição de processos políticos, suas diferentes definições refletem visões de

mundo, o objeto que pretende-se analisar e as apropriações específicas pelos estudiosos e praticantes das inovações que se objetiva

implementar (governança multiníveis, governança social, governança territorial).

 As diferentes definições carregam a história das disciplinas no interior das quais os conceitos são elaborados (administração pública, ciências sociais).

 Reflete uma escolha, dentre várias possíveis para analisar uma

determinada realidade.

(3)

Reforma administrativa do Estado

 Década de 80 do século passado - início em diversos países de reformas administrativas, com a intenção de

aprofundamento da democracia e de melhoria da eficiência da ação pública através de uma maior proximidade aos

cidadãos.

 Bases - desconcentração e descentralização administrativa, centradas :

na criação de regiões administrativas, de autoridades metropolitanas e de estímulos ao associativismo intermunicipal;

no estabelecimento de diversas figuras de cooperação e contratualização entre a administração central e entidades regionais e locais (regiões,

municípios, cidades), numa base bilateral, ou numa ótica de rede (de

cidades, por exemplo).

(4)

Reformulação do papel do Estado

 Transição de um Estado diretamente interventor e executor, que atua de forma verticalizada e setorializada de acordo com uma visão de comando e controle, para uma outra concepção do papel do Estado, centrada em intervenções de natureza sobretudo reguladora e

estratégica, valorizadoras de relações diversificadas com distintos atores e crescentemente organizadas em rede.

 Reflexo de opções ideológicas favoráveis a uma maior

desregulamentação e privatização da vida econômica e, uma maior preocupação com a diversificação e complexificação das sociedades e dos problemas sociais.

 Multiplicação de figuras como as parcerias (público-público e público- privado) e a contratualização entre o Estado e outras entidades,

induzindo fronteiras cada vez mais porosas entre entidades públicas,

privadas e do terceiro setor.

(5)

Democracia participativa e deliberativa

 Estruturação de parte de alguns setores da sociedade civil,

multiplicação de organizações não governamentais e reforço da capacidade de criação de agendas próprias com forte presença na comunicação social (agenda-setting).

 Aprofundamento da democracia por meio de soluções participativas e deliberativas.

 Envolvimento de atores diversificados (cidadãos, sociedade civil organizada, atores econômicos).

 Uso de metodologias mais descentralizadas de mobilização, diálogo, concertação de interesses e decisão (planejamento estratégico,

orçamento participativo, agenda 21 local, júris de cidadãos), buscando a representatividade da diversidade e complexidade que caracterizam as sociedades de hoje, complementando os mecanismos de decisão

próprios da democracia representativa.

(6)

Governança: Conceito

 1992 – publicação do documento Governance and Development do Banco Mundial

“o exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo”;

“a maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais e econômicos de um país, visando o desenvolvimento”;

“a capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e cumprir funções”

(Gonçalves, 2006)

(7)

Governança: Conceito

 2000 - Comissão das Comunidades Europeias definiu como um de seus quatro objetivos

estratégicos a reforma da governança europeia

“conjunto de regras, processos e práticas que dizem

respeito à qualidade do exercício do poder a nível europeu, no que se refere à responsabilidade, transparência,

coerência, eficiência e eficácia”.

(Comissão das Comunidades Europeias, 2001)

(8)

Governança: Conceito

 Administração Pública - processos político-negociais de identificação de necessidades e construção de objetivos (ou políticas), onde a efetiva implantação e a garantia de

influência e conhecimento sobre os resultados a seus legítimos interessados são condições fundamentais (Knopp &

Alcoforado, 2010).

 Do ponto vista das Ciências Sociais diz respeito à legitimidade de um espaço público em constituição;

repartição de poder entre aqueles que governam e aqueles que são governados; processos de negociação entre os atores

sociais; descentralização da autoridade e das funções ligadas

ao ato de governar (Dallabrida, 2012).

(9)

Governança multiníveis: conceito

 Concertação política intergovernamental, no plano nacional e internacional, introduzindo a ideia e práticas

intergovernamentais que enfatizam a cooperação na

coordenação infra e supranacional de políticas públicas; e a

coordenação territorial de políticas.

(10)

Governança Social: Conceito

 Novos arranjos institucionais baseados na

intersetorialidade, na cooperação, e, na atuação conjunta e concertada entre atores públicos e privados do primeiro, segundo e terceiro setor, que envolvem governos, mercado e sociedade na feitura, implementação, monitoramento e avaliação de políticas, programas e projetos políticos

(Knopp & Alcoforado, 2010).

(11)

Governança Territorial

 O conceito emerge no âmbito do debate sobre

desenvolvimento territorial, no qual planejamento e

gestão territorial, inovadores e compartilhados, assumem centralidade.

 Supõe negociação e formação de consensos entre

múltiplos atores que compartilham objetivos e também conhecem e assumem seu papel em sua consecução.

 Baseia-se no princípio da subsidiariedade, segundo o qual a realização de políticas públicas deve favorecer soluções aos problemas da cidadania a partir da

sociedade civil, da comunidade, e dos governos, nesta

ordem, limitando a interferência do poder público sobre

a autonomia local, ou, em outros termos, dos governos

centrais sobre os locais.

(12)

Governança Territorial

 Trata-se de acordar uma visão compartilhada para o futuro do território em todos os níveis e atores

concernidos para lograr objetivos políticos no território.

Pode-se dizer que é a vertente social do desenvolvimento sustentável (Dasi, 2008).

O desafio é adaptar as políticas públicas ao

território e não o contrário [território usado].

(13)

Governança Territorial

 Em síntese: promoção de uma maior coordenação de

políticas e cooperação entre atores a partir de uma visão

territorial partilhada, em busca da coesão territorial, a

par da coesão econômica e social. Implica em estratégias

espaciais de desenvolvimento, processos alargados de

participação e reforço da identidade de base territorial.

(14)

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E GOVERNANÇA TERRITORIAL

 Os mecanismos de governança no contexto das políticas de ordenamento do território refletem uma visão mais estratégica e colaborativa dessas políticas e a

consagração da governança territorial como um elemento essencial de modelos de governação que pressupõem

uma maior cooperação entre atores e uma melhor coordenação entre políticas, tanto de base territorial como setorial.

 A governança territorial pode ser encarada como mera aplicação dos princípios de boa governança às políticas territoriais e urbanas ou como um processo de

planejamento e gestão de dinâmicas territoriais numa

ótica inovadora, partilhada e colaborativa (Dasi, 2008).

(15)

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E GOVERNANÇA TERRITORIAL

Aspectos positivos:

 Troca de informação e conhecimento e processos de

aprendizagem coletiva que as parcerias e a cooperação em rede proporcionam às várias entidades bem envolvidas.

 Maior partilha de riscos entre os setores público, privado e associativo, sobretudo em investimentos críticos pela sua dimensão ou pela sua natureza inovadora.

 Obtenção de economias de escala através da mobilização de recursos e competências que se complementam entre si.

 Consolidação de uma cultura institucional e organizacional baseada na confiança, no diálogo, na concertação de

interesses e na cooperação, nomeadamente ao nível local.

 Maior possibilidade de disseminação de boas práticas, de

emulação de bons exemplos e de ações de benchmarking.

(16)

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E GOVERNANÇA TERRITORIAL

Aspectos de risco:

 Disponibilidade e capacidade bastante díspares por parte das

várias entidades para se envolverem em soluções inovadoras deste tipo.

 Desproporção entre o esforço inerente à construção de parcerias e de estruturas em rede, os objetivos visados e os resultados obtidos.

 Natureza oportunista de algumas das parcerias e estruturas em

rede, constituídas apenas para dar resposta a requisitos formais de candidatura e avaliação de projetos;

 Dificuldade de gestão sustentável de soluções de governança em

contextos marcados pela persistência de culturas institucionais e

organizacionais centralizadas, verticalizadas e setorializadas e

pelo envolvimento de atores com poderes e motivações por vezes

excessivamente desiguais.

(17)

ALGUMAS QUESTÕES PARA DEBATE (Ferrão, 2010)

 O debate necessário:

 em torno de questões e não de respostas;

 em torno das nossas questões, e não exclusivamente de questões que os outros (nos) colocam;

 ter por base um esforço colaborativo, e não iniciativas isoladas e iluminadas.

 O debate sobre governança territorial não pode limitar-se à busca de soluções que nos permitam fazer melhor o que já fazemos hoje.

 O debate terá de procurar assegurar que consigamos fazer

bem aquilo que teremos que vir a fazer no futuro próximo.

(18)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Comissão das Comunidades Europeias (2001). Governança Europeia. Um Livro Branco. Bruxelas.

 Dallabrida, V. R. (2012). Governança Territorial e

Desenvolvimento: as experiências de descentralização político-administrativa no Brasil como exemplos de institucionalização de novas escalas territoriais de

governança. In: Anais do I Circuito de Debates Acadêmicos - CODE 2011. Brasília: IPEA.

 Dasi, J. F. (2008). Gobernanza Territorial para el

Desarrollo Sostenible: Estado de la Cuestión Y Agenda.

Boletín de la A.G.E. N.º 46 – 2008.

(19)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Ferrão, J. (2010) Governança e Ordenamento do Território.

Reflexões para uma Governança Territorial Eficiente, Justa e Democrática. PROSPECTIVA E PLANEAMENTO, Vol. 17 - 2010.

 Gonçalves, A (2006). O Conceito de Governança (2006).

CONPEDI, Manaus, Anais, 2006.

 Knopp, G.; Alcoforado, F. (2010) Governança Social,

Intersetorialidade e Territorialidade em Políticas Públicas:

o Caso da Oscip Centro Mineiro De Alianças Intersetoriais (Cemais). In: III Congresso Consad de Gestão Pública.

 World Bank, Governance and Development. Washington

DC, World Bank, 1992.

(20)

O Conceito de Território Usado

de Milton Santos

(21)

O retorno do território

Milton Santos (1999)

 Espaço geográfico: sinônimo de território usado.

 Território usado: quadro da vida; abrigo de todos os homens, de todas as instituições e de todas as organizações.

 Território das normas (nacional) ≠ território das empresas (internacional).

(22)

O retorno do território

Milton Santos (1999)

 Uso do território: função da dinâmica dos lugares.

 Lugar:

espaço do acontecer solidário.

possibilidade real e efetiva de comunicação, troca de informação e construção política.

resistente às perversidades impostas pelo mundo.

“espaço banal” e ponto de redes.

(23)

O retorno do território

Milton Santos (1999)

 Mundo: mercado universal e governos mundiais; território de redes.

Mercado:

Mercado universal: das coisas, da natureza, dos ideais, da política.

Atravessa tudo, inclusive a consciência das pessoas.

Democracia de mercado: versão política da globalização perversa.

Governos Mundiais:

FMI, Banco Mundial, GATT, organizações internacionais, universidades

mundiais, fundações que financiam pesquisa.

(24)

O retorno do território

Milton Santos (1999)

 Conflito:

Espaço local, vivido por todos os vizinhos, de solidariedade baseada na contigüidade do território compartilhado

x

Espaço global, habitado por um processo racionalizador e um conteúdo ideológico de origem distante, que chegam a cada lugar com os

objetos e as normas para servi-lo.

(25)

O retorno do território

Milton Santos (1999)

 Tendências:

Interdependência universal dos lugares (comunhão global) , em lugar da antiga comunhão dos lugares com o Universo.

Integração vertical dos lugares, graças aos milagres permitidos pela ciência, pela tecnologia e pela informação.

Possibilidade de integração horizontal para a reconstrução daquela base de vida comum, suscetível de criar normas locais, normas

regionais.

(26)

O retorno do território

Milton Santos (1999)

 A metáfora do retorno do território:

“Mesmo nos lugares onde os vetores da mundialização são mais

operantes e eficazes, o território habitado cria novas sinergias e

acaba por impor, ao mundo, uma revanche. Seu papel ativo faz-nos

pensar no início da história, ainda que nada seja como antes. Daí a

metáfora do retorno.”

(27)

O retorno do território

Milton Santos (1999)

 O grito do território:

A história como movimento.

A resistência dos lugares à globalização perversa.

Construção de novas horizontalidades, baseadas na sociedade

territorial, que nos aproxime da possibilidade de construir uma outra

globalização, capaz de restaurar o homem na sua dignidade.

(28)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Santos, Milton. O retorno do territorio. In: OSAL :

Observatorio Social de América Latina. Año 6 no. 16 (jun.

2005- ). Buenos Aires : CLACSO, 2005.

(29)

OBRIGADA

patriciatr@ensp.fiocruz.br

Referências

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