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Sociologia e Ética Profissional

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Academic year: 2022

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Aula 02

Silvia Cristina da Silva Stephanie Freire Brito

Sociologia e Ética Profissional

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Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA

Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA

Autor

EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA Desenvolvedor

CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS

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SILVIA CRISTINA DA SILVA STEPHANIE FREIRE BRITO

Eu, Silvia, sou Mestre Interdisciplinar em Educação, Ambiente e Sociedade - UNIFAE, Participação docente e discente no Mestrado em Análise do Discurso - Universidade Federal de Buenos Aires; Especialista em Docência do Ensino Superior e Direito e Educação pela Faculdade Campos Elíseos, Pós-graduanda em EAD pela Faculdade Campos Elíseos; Graduada em Ciências Jurídicas e Sociais - UNIFEOB; Vice-diretora Acadêmica na Agência Nacional de Estudos em Direito ao Desenvolvimento - ANEDD;

Especialista em Investigação de Antecedentes em instituições públicas e privadas; Docente e Conteudista em Diversas Instituições Educacionais para Cursos de Graduação e Pós-graduação; Elaboradora de Questões para Concursos Públicos em Várias Organizadoras; Degravadora, Redatora, Tradutora e Intérprete da Língua Espanhola.

Eu, Stefanie, sou Mestranda em Administração - PPGA/UFCG com MBA Marketing e Inteligência de Mercado. Desenvolvo a escrita de materiais didáticos na área de ciências sociais, educação, tecnologias, administração e ambiente. Somos apaixonadas pelo que fazemos e gostamos muito transmitir nossas experiências de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar vocês nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!

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INTRODUÇÃO:

para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência;

DEFINIÇÃO:

houver necessidade de se apresentar um novo conceito;

NOTA:

quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento;

IMPORTANTE:

as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você;

EXPLICANDO MELHOR:

algo precisa ser melhor explicado ou detalhado;

VOCÊ SABIA?

curiosidades e inda- gações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias;

SAIBA MAIS:

textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento;

REFLITA:

se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre;

ACESSE:

se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast;

RESUMINDO:

quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens;

ATIVIDADES:

quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada;

TESTANDO:

quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas;

Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que:

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SUMÁRIO

Positivismo de Augusto Comte e o crescimento moral 10 Preparação para o nascimento da sociologia 10 O positivismo para o crescimento moral da sociedade na

prática 12

O materialismo de Karl Marx e os rumos do desenvolvimento 17 Quem foi Karl Marx e qual sua contribuição na sociologia? 17 Capitalismo e suas implicações rumo ao desenvolvimento,

ou não 20

Os impactos concretos do funcionalismo de Emile Durkheim 24

Princípios de Durkheim 24

O que vem a ser sociologia moral? 29

Weber e ação social na prática 32

Quem foi Max Weber e como ele trabalhou a ética social? 32

A teoria da ação social de Weber 35

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UNIDADE

02

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Você sabia que o campo da sociologia é importante para todas as profissões e que o conhecimento sobre sua construção nos faz compreender claramente a estrutura de sociedade que temos hoje?

Isso mesmo, sem falar que a compreensão da sociologia e seus temas vinculados nos transformam em profissionais cada vez mais capazes de beneficiar o mundo e agregar boas práticas a partir de nossos ofícios.

Os principais pensadores que trabalharam com afinco na construção e desenvolvimento da sociologia têm importantes teorias para nos apresentar e suas contribuições derrubam as barreiras do tempo, se aplicando à uma imensa diversidade de contextos. Obter o conhecimento sobre as diferentes vertentes que constroem esse campo tão amplo e tão importante para qualquer que seja a área profissional, que é a sociologia podem fazer toda a diferença na sua carreira. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!

INTRODUÇÃO

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Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 02. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Compreender a perspectiva teórica positivista instituída por Augusto Comte e seus reflexos práticos para o crescimento e desenvolvi- mento moral;

2. Conhecer os conceitos básicos e fundamentais sobre a teoria materialista de Karl Marx e suas implicações para o desenvolvimento;

3. Inteirar-se sobre os impactos e a contribuição de Durkheim para a sociologia;

4. Conhecer os tipos de ação social estabelecidos por Max Weber e as aplicações na prática.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conheci- mento? Ao trabalho!

OBJETIVOS

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Positivismo de Augusto Comte e o crescimento moral

INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender os fundamentos básicos que irão propiciar o surgimento do positivismo como método para criação de conhecimento aplicado aos estudos sociológicos. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Preparação para o nascimento da sociologia

A área dos estudos das ciências sociais conta com grandes pensa- dores da sociologia que proporcionaram grande contribuição para o surgimento e desenvolvimento deste conhecimento como ciências e que não podemos deixar de conhecer para compreender melhor a dinâmica da sociedade e da ética nas nossas vidas pessoas e profissionais.

Vamos começar na virada do século XVIII para o século XIX quando estava imperando o cientificismo. Mas o que seria o cientificismo?

Convém conhecer melhor a definição deste termo para que possamos prosseguir em nossos estudos.

O termo “cientificismo” se refere a uma vertente do pensamento humano que coloca a razão como poder absoluto. Ou seja, o pensamento construído pela razão tem maior poder de explicar o mundo (tanto o físico como o social) através de sua união com a ciência.

Para a época, tanto o mundo físico como o social, havia um predomínio das ciências naturais, como as ciências exatas existem com muita força nesse momento. Através desse contexto surge o Augusto Comte trazendo um grande avanço para o conhecimento na época, sendo o principal responsável por desenvolver o positivismo.

O grande pensador positivista Auguste Comte nasceu em Montpellier na França (1798-1857), e foi o responsável pelas primeiras delimitações no campo de estudo da Sociologia. A origem do “Positivismo”

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é atribuída ao francês que foi bastante influenciado pelos grandes eventos de sua época como a Revolução Francesa e a próspera Revolução Industrial.

Figura 1 - Auguste Comte.

Fonte: Wikicommons.

O Positivismo vai determinar os princípios reguladores para o mundo, e foi o primeiro pensamento sociológico sistemático. O trabalho de Comte com o positivismo merece tanto destaque, pois foi a primeira área do conhecimento que tratou a sociologia de forma sistemática, institucionalizando-a como ciência.

A ideia de que o conhecimento genuíno só pode ser obtido por meio da experimentação e pela conferência científica, assim, a ciência deve fundamentar-se apenas em observações meticulosas feitas a partir da experimentação sensorial. Para Comte, essa seria a única forma possível de inferir leis que explicariam a relação entre os acontecimentos sociais observados.

Não podemos deixar de mencionar o grande progresso científico durante a Revolução Industrial que permitiu o avanço tecnológico durante este período, desta forma, estas vantagens permitiram modificações profundas na sociedade europeia.

O pensamento sociológico sistemático incluído neste contexto envolve o conceito de sistema. Mas, o que isso quer dizer? Sistema, neste caso, significa que o roteiro do estudo científico irá obedecer a uma sequência que começa pela definição de um objeto, seguido pelo estabelecimento de conceitos e, após isto, vai adotar um método para gerar conhecimento.

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Figura 2: Estrutura do pensamento sociológico sistemático

Fonte: Elaborada pela autora, (2020)

Comte ao observar os fenômenos sociais decorrentes da Revolução Industrial e da Revolução Francesa, os classificou como sendo novos problemas, como sintomas de uma doença a ser tratada e curada. Ele acreditava que os problemas sociais e as sociedades, em geral, deveriam ser estudados com o mesmo rigor científico que as demais ciências naturais tratavam seus respectivos objetos de estudo.

Os fenômenos sociais deveriam ser observados da mesma forma que um biólogo observa os espécimes de seus estudos. Comte propunha uma ciência da sociedade, capaz de explicar e compreender todos esses fenômenos da mesma forma que as ciências naturais buscavam interpelar seus objetos de estudo.

O positivismo para o crescimento moral da sociedade na prática

Uma vez que o positivismo defende que a ciência deve estar preocupada com as experiências reais da sociedade, este campo ganha enorme contribuição na inferência de leis que expliquem com maior assertividade e lógica as relações entre os fenômenos sociais observados na prática.

Compreendendo o relacionamento causal entre aconteci- mentos, os cientistas podem então prever o modo como futuros acontecimentos poderão ocorrer. A abordagem positivista da Sociologia acredita na produção de conheci- mento acerca da sociedade com base em provas empíricas retiradas da observação, da comparação e da experimentação.

(GIDDENS, 2008 p. 8).

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Comte entendia que a história do pensamento humano se desen- volvia em estágios. Nesta filosofia da história, ele elaborou a Lei dos Três Estádios, na qual afirmava que o pensamento e o espírito humano progrediam por meio de três fases diferentes: a teológica, a metafisica e a positiva.

Estádio Principais ideias

Teológico

A religião e as crenças levavam a concluir que tudo que acontecia na sociedade era uma expressão da vontade de Deus, ou seja, as ideias baseadas em Deus guiavam o pensamento e todo o conhecimento que se tinha sobre a sociedade.

Metafísico

As visões de pensamentos relacionavam os acontecimentos com as leis naturais, e não mais as sobrenaturais como predominavam no estádio teológico.

Positivo

As ideias positivistas contaram com grandes contribuições das descobertas e feitos de Copérnico, Galileu e Newton, que inseriram no contexto dos estudos e das pesquisas sociais a aplicação de técnicas científicas. Este foi o método adotado por Comte no contexto da Sociologia.

Fonte: Elaborada pela autora, (2020)

Na prática, o positivismo veio a se estender com maior afinco nos termos da educação, onde o conhecimento passado por meios não comprováveis passou a ser visto com descredibilidade por não haver confiabilidade ou evidências comprovadas. Dessa forma, o crescimento, o desenvolvimento, a ordem e o progresso da sociedade são pavimentados com base no positivismo. Deste modo, o aperfeiçoamento da sociedade, a evolução dos indivíduos e o processo de educação em massa dependem muito dos instrumentos operacionais que forem utilizados.

Enfaticamente, Augusto Comte quer erradicar a anarquia mental tanto das classes ilustradas como dos ágrafos. Por isso, a política popular sempre social, “deve ser acima de tudo moral”. A escola constitui, pois, o espaço privilegiado de ordem e progresso da razão natural. O discurso sobre o espirito positivo culmina com a ordem necessária dos estudos positivos [...]. (MEDINA, 2012).

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No Brasil, o positivismo teve sua maior aplicabilidade no contexto militar, sendo conduzido com maior ênfase por muitos oficiais do exército. No ambiente acadêmico, inicialmente, houve maior aceitação nas ciências exatas e áreas de educação.

As palavras “Ordem e Progresso” escritas no centro da bandeira brasileira evidenciam a influência positiva instaurada por Augusto Comte no âmbito da sociologia, que passou a ser praticada e valorizada no Brasil nas áreas educacionais e políticas.

Figura 3: Bandeira do Brasil com influência positivista

Fonte: Wikicommons.

A partir da década de 70, houve cada vez mais a presença de escolas utilizando os meios tecnicistas de ensino, valorizou cada vez mais a ciência como um conhecimento objetivo, uma vez que as informações transmitidas e obtidas por meio deste método.

Reconhecendo que o processo de educação alcança uma dimen- são em massa, se aplica ao contexto de todas as formações profissionais, e acontece permanentemente em todas as dimensões, seja através de um ambiente escolar, acadêmico, seja através de transmissão de informações pela mídia, e até mesmo através da comunicação informal e cotidiana entre as pessoas, levantamos a relevância da aplicação do positivismo nesse contexto.

Por meio da educação, uma geração pode construir seus aspectos políticos, éticos, morais e seus valores, além de transmitir para as gerações futuras tanto estes elementos, quanto o seu aspecto físico, social e o espiritual.

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Figura 4: Processos de educação

Fonte: Freepik

É inegável reconhecer a importância e o valor do positivismo no processo de construção do conhecimento, no ambiente educacional e sua utilização no meio sociológico, no entanto, deve-se entender que existem outros meios também importantes que atuam nessas mesmas esferas e que contribuem para a construção da educação e do conhecimento.

A educação tem o poder de mudar o homem e, consequen- temente, toda uma sociedade. Como, então, considerar apenas uma dimensão da realidade, ou seja, a dimensão do que é concreto? Negar o que transcende o fato, o real, o concreto, não seria perder a chance de refletir sobre suas causas últimas? Há coisas que não podem ser explicadas ou verificadas pela experiência. As matérias de formação geral são fundamentais para as matérias profissionalizantes. Não seria exagero dizer que aquelas podem servir de substrato para estas. A ciência não é fonte soberana de conhecimento, como queria o Positivismo. (ISKANDAR & LEAL, 2002 p.5).

Sendo assim, concluímos que a perspectiva teórica do positivismo de Augusto Comte impactou a sociedade por todos os tempos à frente, no que diz respeito à educação, formação de conhecimento, jurisdições, condutas morais, formas de comunicação e estruturas técnicas, estruturas políticas, entre outros, e como os reflexos do positivismo impactou na prática na construção ética e moral de toda a sociedade.

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E então? Gostou dessa primeira competência? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste primeiro capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a construção da sociologia conta com a contribuição de grandes pensadores para promover a criação do conhecimento e teorias a respeito do objeto de estudo que é a sociedade. Também podemos relembrar como o cientificismo modifica a história do conhecimento em todas as perspectivas, mas em especial o conhecimento social, que conta com importante participação do francês Augusto Comte, que através da influência das revoluções promove a ideia do conhecimento genuíno por meio do positivismo. É importante pontuar que a estrutura do pensamento sistemático na sociologia é constituída por três elementos que são: definição de um objeto, o estabelecimento de conceitos e a adoção de um método para gerar conhecimento. É importante relembrar que a contribuição do método positivista de Augusto Comte auxilia fortemente na constituição moral das políticas sociais e sua aplicabilidade na construção do conhecimento e fomento da educação em todos os níveis. Tomando por base os aprendizados em torno da teoria positivista de Comte, o profissional em qualquer que seja a sua área de atuação, estará preparado para agregar com maior confiança e responsabilidade as suas ações e contribuições, beneficiando assertivamente toda a sociedade.

ACESSE:

O artigo “O POSITIVISMO PERCEBIDO NAS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO DNA DA MARCA” O artigo faz uma reflexão sobre os questionamentos que sofre a base científica valida os processos e métodos e busca conceituar uma metodologia para criação de marcas com base no positivismo. Disponível em: <https://bit.ly/2zHuxOI>. (Acesso em: 16/02/2020).

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O materialismo de Karl Marx e os rumos do desenvolvimento

INTRODUÇÃO:

Nesta unidade, iremos discutir sobre Karl Marx, sua história e principais obras. Além disso, estudaremos as contribuições dessa vertente de pensamento para o entendimento de fenômenos sociais e como o sistema econômico capitalista interfere no desenvolvimento ou no não desenvolvimento da sociedade.

Quem foi Karl Marx e qual sua contribuição na sociologia?

Considerado no campo de estudo que envolve as ciências sociais, um dos mais influentes sociólogos, Karl Marx nasceu na Prússia em 05 de maio de 1818, região localizada na atual Polônia, e morreu em Londres em 14 de março de 1883.

Ele não tem uma classificação única. A verdade é que Marx foi um grande estudioso do seu tempo. Foi um filósofo, economista, jornalista, sociólogo, historiador. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista (1848) e O Capital (1867-1894) os mais famosos.

Figura 5 – Karl Marx

Fonte: Wikicommons.

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Marx estudou nas universidades de Bonn e Berlim, onde se interessou pelas ideias filosóficas dos jovens hegelianos, depois dos estudos começou a trabalhar em um jornal radical onde deu inicio aos estudos da teoria da concepção materialista da historia.

Sofreu perseguições e em 1843 mudou-se para Paris com sua família, lá conheceu o jovem também alemão Friedrich Engels seu amigo e colaborador dos seus escritos. Mesmo em Paris, Marx não deixou de fazer duras críticas ao governo prussiano e por está razão foi exilado da França e foi viver em Londres, lá continuou a escrever sobre a atividade econômica e social. Também fez campanha para o socialismo e tornou-se um personagem importante para a Associação Internacional dos Trabalhadores.

Mas, o que essas características pessoais têm a ver com a sua importante participação na construção da sociologia? Ora, o ponto alto de Marx acontece quando ele estabelece o vínculo de seus pensamentos a um elemento importante: a prática.

SAIBA MAIS:

Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas formas; o que importa é modifica-lo. (KARL MARX, 1818-1883).

As contribuições de Marx ao pensamento universal podem ser separadas em três terrenos: o da filosofia, o da economia e o da política.

Seu pensamento filosófico se manifesta no materialismo dialético e no materialismo histórico. Toda coisa, todo fenômeno da natureza, incluída a sociedade, vê-se submetida a um processo ininterrupto de nascimento, de desenvolvimento e de morte.

Desta forma, não tem como falar de Karl Marx e não mencionar seu amigo e colaborador, Friedrich Engels, pois estes criaram uma mudança de paradigmas no pensamento da Historia humana. Deram respostas às questões sobre a maneira pela qual, durante o transcurso histórico, passa-se de uma forma de sociedade a outra; como nascem, crescem e morrem os grandes impérios da humanidade.

A exemplo disso podemos citar o Egito dos faraós ao império britânico, passando por Alexandre – o Grande, Felipe da Macedônia,

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o império romano de Júlio Cesar, etc. O motor dessas transformações sucessivas, para Marx, é a luta de classes.

Figura 6: Karl Marx e Friedrich Engels

Fonte: Wikicommmons

O segundo grande descobrimento de Marx é em relação ao pensamento econômico, que é sua obra exclusiva, é a teoria da mais- valia. Esta teoria se desenvolveu na obra O Capital. “O objetivo final desta obra é descobrir a lei econômica do movimento da sociedade moderna”, aqui, o termo usado, sociedade moderna, é uma analogia a sociedade capitalista, diz Marx no prologo do livro.

Com a elaboração da teoria da mais-valia, Marx explica o meca- nismo de exploração do operário pelo capitalista além de demonstrar o processo inevitável do enriquecimento dos empresários e, de outro lado, a pobreza dos trabalhadores e sua progressiva exclusão do processo de produção pelas maquinas, o que leva ao desemprego, as crises do sistema capitalista.

Nesse sentido, Marx previu também os desastres que seriam provocados no meio ambiente pela exploração selvagem e descontrolada das riquezas da Terra.

Em relação ao terreno político, Marx e Engels concluem sobre a necessidade da luta dos produtores e dos oprimidos contra o sistema, demonstram ao proletariado e aos povos do mundo a natureza de sua luta pela libertação, tanto da exploração do capital quanto da dominação imperialista.

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Sobretudo, demonstram que essa luta conduz necessariamente, em um primeiro momento, a vitória do proletariado sobre a burguesia, e, mais tarde, a suspensão das classes com o desaparecimento da exploração do homem pelo homem.

Capitalismo e suas implicações rumo ao desenvolvimento, ou não.

No campo das ciências sociais, do conhecimento da filosofia, da política e da economia, Marx formulou a concepção materialista da história, na qual identificou as relações sociais de produção, aquela que os homens estabelecem entre si e com a natureza na produção social de sua existência, com a estrutura econômica da sociedade, sobre a qual se ergue a ordem política e jurídica, bem como as formas pelas quais os indivíduos representam a realidade, a consciência social.

Nesta concepção, fica clara a dialética como a evolução do ser finito à essência, que Marx retoma da filosofia clássica alemã, despojando-a do mato idealista que então era coberta.

Ao identificar a estrutura econômica como determinante central de uma formação social, concentrou sua atenção no estudo das relações sociais de produção que definem o modo de produção capitalista, sendo este o trabalho que desenvolve com profundidade em seu livro intitulado de O Capital.

Figura 7: A obra “O capital” de Marx e Engels

Fonte: Pixabay.

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Esta obra se inicia com a análise do trabalho como mercadoria.

Produto do trabalho humano destinado à produção e riqueza privada pode considerar-se como trabalho concreto. O ciclo do capital funciona exitosamente quando o capital, em forma de dinheiro, deve se realizar comprando matérias primas, força de trabalho e máquinas para executar o processo produtivo.

O verdadeiro limite da produção capitalista é o próprio capital, e nele está sua própria valorização o que constituem o ponto de partida e de chegada, o motivo e o fim da produção; o fato de que aqui a produção só é produção para o capital, e não o contrário, os meios de produção são simples meios para ampliar cada vez mais a estrutura do processo de vida da sociedade dos produtores.

O conceito de crise, em referência ao capitalismo, indica que se produziu uma ruptura no ciclo de funcionamento normal do capital, que é um ciclo de expansão contínua. Essa crise em que o sistema não funciona com normalidade é uma crise de realização do capital equivalente a um estancamento.

O capital se encontra em crise, entre outros cenários, quando: o capitalista prefere manter o capital em forma de dinheiro sem investir porque entende que a perspectiva da economia não lhe garanta o nível de lucro esperado. Ele para de circular em forma de dinheiro quando não consegue as matérias primas necessárias para sua materialização.

Na fase de capital produtivo, pode haver estancamento se não forem usadas as máquinas em seu pleno potencial produtivo; quando há parada forçosa. Quando não circulam as mercadorias porque não encontram compradores a um determinado nível de preços.

Para Marx, as crises do sistema capitalista são inerentes, formam parte da lógica do seu funcionamento. As crises surgem às contradições internas do sistema, daí que, quando não estamos diante de um evento de crise e o sistema se encontra funcionando “normalmente”, os fatores de contradição no interior do mesmo estão gerando permanentemente as condições que induzem às crises.

O capitalismo é uma estrutura de classes em que a existência e permanência da classe capitalista requer a existência e permanência da classe trabalhadora, e essas classes acabam entrando em conflito entre si, promovendo o que Marx chama de Luta de Classes.

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As condições que se realizam os processos de acumulação levam a redução em forma progressiva. Isto expressa uma tremenda contradição no interior do próprio capital: o mesmo processo que possibilita o seu crescimento se torna, em longo prazo, seu próprio freio: é o que Marx chama de tendência decrescente da quota ou taxa de lucro.

Figura 8 – Crise econômica do sistema capitalista.

Fonte: Pixabay.

Segundo Marx, a taxa de exploração é o resultado da relação entre mais-valia e valor de trabalho. A redução do trabalho necessário a reprodução da força de trabalho é obtida mediante duas alternativas: com a redução dos salários reais dos trabalhadores ou com o aumento da sua produtividade (menos tempo de trabalho com a mesma quantidade de produtos).

A principal consequência da baixa taxa de lucro, é que dá lugar a força de trabalho barata. Nessa situação, os capitalistas insistirão por necessidade, em resolver sua crise apelando para a baixa dos salários diretamente ou por meio de tecnologia importando mão de obra barata e/ou exportando capital para onde considerar que sua rentabilidade será maior.

Entre as sequelas das crises, além de tendência aos monopólios deve-se adicionar que o decréscimo da economia aumenta o desemprego, o qual induzirá, por sua vez. Os trabalhadores a aceitar piores condições de exploração, em lugar de manter o posto de trabalho.

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Figura 9 – Desigualdade social

Fonte: Pixabay.

E essas piores condições de exploração implicam menor poder aquisitivo, menor demanda no mercado que, por sua vez, deprime os preços das mercadorias e, por tanto, é como retornássemos ao um ponto morto. Porque é sabido que, se produz e não se compra e não se vende, não há circulação no mercado. Sem isto, não há realização efetiva da mercadoria, uma das formas de existência do capital.

Marx se concentra em fazer esse tipo de análise por uma visão que defende primordialmente o lado negativo que a mecânica do capitalismo promove diante de uma grande parcela da sociedade. As dificuldades, as crises que o autor debate se arrastam pelo decorrer dos tempos e os fatores que as provocam por muitas vezes é responsabilidade do sistema macroeconômico capitalista.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Leia o artigo “HÁ DUZENTOS ANOS DO SEU NASCIMENTO, O QUE KARL MARX TEM A OFERECER AO SÉCULO XXI?” O artigo comenta elementos centrais do debate imposto por Marx e faz uma relação sobre a aplicação desta teoria nos dias atuais, além de comentar sobre as possibilidades de alternativas ao capitalismo. O artigo está disponível em:

<https://bit.ly/2xiHfT8> Acesso em 18/02/2020.

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Chegamos ao final de mais uma seção desta unidade, na qual trata- mos inicialmente os aspectos conceituais e introdutórios sobre as teorias desenvolvidas por Karl Marx e como a sua trajetória pessoal contribuiu para o desenvolvimento da sociologia aliando vários conhecimentos que conseguiu obter a um importante elemento tanto para o ambiente acadêmico, quanto para a sociedade em geral, que é: a prática. Você deve ter aprendido que os estudos de Karl Marx e Friedrich Engels chamam atenção para a luta de classes como o fator principal em relação ao nascimento, crescimento e morte dos grandes impérios da sociedade, permitindo assim, entendermos que a maior parcela da população pode ter o maior poder em mudar os cenários existentes, se assim quiserem. Também podemos relembrar que Marx formulou a teoria materialista identificando as relações de produção entre os atores da sociedade e como a dinâmica desta relação interfere provocando as maiores dificuldades sociais existentes ao longo da história.

Mais adiante comentamos que as dificuldades decorrentes do capitalismo afetam profundamente os atores mais vulneráveis da sociedade, como as crises econômicas que provocam menor margem de lucro para os empresários e maior exploração de trabalho.

Os impactos concretos do funcionalismo de Emile Durkheim.

INTRODUÇÃO:

Nesta competência, vamos aprender sobre um embasa- mento teórico e prático acerca do funcionalismo de Durkheim, com ênfase as características, tipos e impactos acerca dos fatos sociais!

Princípios de Durkheim.

Também considerado um dos maiores sociólogos de todos os tempos, ele é conhecido por ser um dos pais da sociologia. Mas o que quer dizer um dos pais da sociologia? Quer dizer que ele foi um dos fundadores, e principais pensadores da sociologia. Vamos conhecer ele um pouco melhor a partir de agora.

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Émile Durkheim nasceu em 15 de abril de 1858 na França e morreu em 15 de novembro de 1917, sociólogo, cientista político, antropólogo, psicólogo social e filosofo francês, tornou a sociologia uma ciência e é frequentemente denominado como pai da sociologia e por isso sua obra teve um impacto mais duradouro.

Figura 10 – Émile Durkheim

Fonte: Wikicommmons.

Durkheim foi um estudante de direito e economia e usou esses conhecimentos de jurisprudência e elementos econômicos para interpretar a sociedade. Após isso, ele foi estudar na universidade de Sorbonne que fica em Paris, na França, que foi onde ele fundou a escola sociológica francesa.

A partir deste momento, o estudo em sociologia começa a ganhar um novo corpo. Embora se apoiasse nas obras de Comte em determinados aspectos ele pensava que muitas das ideias do seu predecessor positivista eram demasiado especulativas e vagas, e que Comte não realizara com sucesso o seu programa – dar a Sociologia um caráter científico.

Apesar de assumir essa profunda influência positivista, ao pensar na vida social, pensou que esta vida pode ser regida por leis e cabe a sociologia encontrar estas leis, descobrir ou estabelecer leis que regem a sociedade. E caracteriza seus trabalhos como positivistas ao inserir os métodos científicos aplicados a sociedade. E esta foi uma influência que o Durkheim teve do Comte, por exemplo.

Com essa vertente, a sociologia que estava surgindo com o Durkheim, observa os fenômenos sociológicos, porém, com um olhar um pouco diferente do que estava sendo feito, até então. De acordo

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com o senso comum mesmo, a nossa vida em sociedade é feita por experimentos, experiências e vivências individuais.

No momento em que nos temos a nossa vida privada e a nossa vida individual, nos vamos compondo a sociedade e estes fenômenos sociais que são os objetos de estudo da sociologia. Neste momento, o Durkheim vai olhar para essa hipótese e negar, afirmando que não está correta e então começa a pensar algo diferente, trazer uma nova perspectiva para a sociologia e se destacar dentro deste estudo.

Ele afirma que a sociedade não é uma mera experiência dos indivíduos. Através das suas diversas obras, por exemplo, uma das suas primeiras obras e mais significativas foi ‘Da Divisão do Trabalho Social’

(1893). Em 1895, publicou ‘As Regras do Método Sociológico’.

Figura 11: Obra de Durkheim ‘Da Divisão do Trabalho Social'

Fonte: Wikicommons.

Uma de suas maiores e mais conhecidas obras publicada em 1897, trata-se da sua monografia O Suicídio, um estudo sobre as taxas de suicídio em populações católicas e protestantes, uma investigação pioneira e moderna.

O seu trabalho científico era voltado com a forma como as socie- dades poderiam manter sua integridade e coerência na modernidade, pois Durkheim via a Sociologia como uma nova ciência que podia ser usada para elucidar questões filosóficas tradicionais, examinando-as de modo empírico, ele acreditava que deveríamos estudar a vida social com a mesma objetividade com que cientistas estudavam o mundo natural.

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Seu principio básico era, estudar os fatos sociais como coisas exteriores pelo investigador, porém ele não pretende que uma organi- zação social seja encarada como objeto da mesma natureza que os fenômenos naturais, ao contrário, ele insiste várias vezes em que, a seu ver, a sociedade consiste essencialmente de “representações” de crenças e sentimentos. Sociedades tradicionais com laços sociais e religiosos não são mais assumidas e em que novas instituições sociais têm surgido.

A principal preocupação intelectual da Sociologia, para o autor reside no estudo dos fatos sociais, para ele os sociólogos deviam antes analisar os fatos sociais, ou seja, aspectos da vida social que determinam a nossa ação enquanto indivíduos, tais como o estado da economia ou a influência da religião.

Durkheim acreditava que as sociedades tinham uma realidade própria e de acordo com ele, os fatos sociais são formas de agir, pensar ou sentir que são externas aos indivíduos, tendo uma realidade própria à vida e percepções das pessoas individualmente. Outra característica relevante dos fatos sociais, é eles exercerem um poder coercitivo sobre os indivíduos. A obra do sociólogo abrange uma vasta gama de assuntos, entre eles estão:

„ A importância da Sociologia enquanto ciência empírica;

„ A emergência do individuo e a formação de uma ordem social;

„ As origens e caráter da autoridade moral na sociedade.

Assuntos estes abordados em temas como religião, teoria do desvio e o crime, do trabalho e da vida econômica.

Contudo, a natureza coercitiva dos fatos sociais raramente é reconhecida pelas pessoas como algo constrangedor, pois de uma forma abrangente atuam de livre vontade de acordo com os fatos sociais. Assim, no livro ‘As Regras do Método Sociológico’, Durkheim trata do conceito de representações coletivas em estreita conexas com o conceito, mais abrangente de fatos sociais.

Assim, esclarece que, fatos sociais são todas as maneiras de fazer, fixa ou não, suscetível de realizar sobre o individuo uma coação exterior, ou ainda, que é geral no conjunto de cada sociedade tendo, ao mesmo tempo, existência própria, independente de suas manifestações individuais.

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Figura 12 : Fatos Sociais

MANEIRA

DE FAZER = MANEIRA

DE AGIR = MANEIRA

DE PENSAR = MANEIRA DE SENTIR Fonte: Elaborada pela autora, (2020)

Características dos fatos sociais:

1. São exteriores à consciência individual;

2. Possuem uma capacidade de coação sobre indivíduos;

3. São ao mesmo tempo gerais numa dada sociedade e indepen- dentes de suas expressões individuais.

Desta forma, destaca Durkheim: “para que exista fato social é preciso que pelo menos vários indivíduos tenham misturado suas ações, e que dessa combinação se tenha desprendido um produto novo”. Seu efeito é necessariamente fixar, instituir certas maneiras de agir e certos julgamentos que existem fora de nós e que não dependem da vontade particular tomada a parte.

Como os fatos sociais existem fora de nós e não somos capazes de suprimi-los ou modificá-los à vontade, não temos outro remédio senão nos conformar com sua existência. Isto, porém não significa que ele considere a capacidade de coação dos fatos sociais em tudo semelhante a coação física. Diz ele que a coação social “é devida não à rigidez de certos arranjos moleculares, e sim ao prestígio de que estão investidas certas representações: nisto está o que apresentam de inteiramente especial”.

Sob a noção de coercitividade a teoria durkheimiana engloba, na verdade, diferentes aspectos da relação individuo-sociedade. Em alguns contextos, ela se refere a existência de normas sociais apoiadas em sanções que obrigam os indivíduos a obedecê-las. Em outros, à existência de condições. Em outros, a existência de condições sociais que o indivíduo deve obrigatoriamente levar em conta como meios necessários para alcançar os fins que se propõe.

De outra forma, enquanto normas, os fatos sociais são pensados como aquilo que governa a conduta do indivíduo, mas não se confunde com ela. Desta forma, conclui Durkheim, existe um tempo que exprime razoavelmente essa maneira de ser muito especial uma vez ampliado um pouco seu significado habitual, é o tempo instituição.

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Com efeito, pode-se chamar instituição toda a crença, todo o comportamento pela coletividade, sem desnaturalizar o sentimento da expressão. A Sociologia seria então definida como a ciência das instituições, de sua gênese e de seu funcionamento.

O que vem a ser sociologia moral?

Durkheim trata de separar o social do individual como duas esferas independentes da realidade humana. E insiste que a sociedade não é mera soma de indivíduos, ao contrário. Ele estava preocupado com as mudanças que transformavam a sociedade do seu tempo. Entre a solidariedade social e moral, naquilo que mantem a sociedade unida e impede a sua destruição no caos.

A solidariedade é mantida quando os indivíduos se integram com sucesso em grupos sociais e se regem por um conjunto de valores e costumes partilhados. No seu livro ‘Da Divisão Social do Trabalho’, Durkheim expressou uma análise da mudança social, defendendo que o advento da era industrial representava a emergência de um novo tipo de solidariedade.

Figura 13 – Sociedade

Fonte: Pixabay.

O sociólogo comparou dois tipos de solidariedade, a mecânica e orgânica. Segundo Durkheim, afirma que as culturas tradicionais com um nível reduzido de divisão do trabalho caracterizam-se pela solidariedade mecânica. A maior parte dos indivíduos desta sociedade estar envolvida em ocupações similares, eles estão unidos em torno de uma experiência comum e de crenças partilhadas.

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As sociedades de culturas tradicionais são de natureza repressiva, ou seja, a comunidade castiga prontamente quem quer que ponha em causa os modos de vida convencionais, não sobra espaço para desarmonia individuais.

Já na solidariedade orgânica as forças da industrialização e da urbanização conduziram a uma maior divisão do trabalho, a especialização de tarefas e cada vez maior diferenciação social nas sociedades desen- volvidas haveria de conduzir a uma nova ordem caracterizada por ela.

SAIBA MAIS:

Este tipo de sociedades está unido pelos laços da interdependência econômica entre as pessoas e pelo reconhecimento da importância da contribuição dos outros, visto que, cada individuo necessita dos bens e serviços que só outras pessoas com ocupações diferentes podem fornecer.

Causas do aumento da divisão do trabalho, para Durkheim o direito repressivo compreende tudo aquilo que em linguagem jurídica se denomina direito penal, e o que ele classifica como direito restitutivo, o processual, direito comercial, direito civil, administrativo e constitucional.

Comparando esses dois direitos, o direito repressivo e o restitutivo, em diferentes situações históricas, Durkheim conclui pelo aumento progressivo da importância do direito restitutivo nas sociedades modernas. Isso prova a influência da divisão do trabalho como fator de integração social.

O progresso da divisão social do trabalho lhe parece como o fio de ligação do processo evolutivo que liga as formas de sociedade mais simples às mais complexas, isso ao fato que os segmentos sociais perdem sua individualidade, e as barreiras que os separam se tornam permeáveis.

Assim, ele busca explicar um processo relevante observado ao nível da fisiologia social por mudanças concomitantes da estrutura social, a progressiva aderência dos segmentos ou grupos secundários que compõem a sociedade.

Ele afirma que o sentido geral da evolução das sociedades conduz de uma “estrutura segmentar” a uma “estrutura organizada”. Na estrutura segmentar, a debilidade dos laços entre os segmentos sociais se traduz

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na existência de vazios morais que os separam. A vida social se generaliza quando tais vazios se somam, desaparecendo, assim a sociedade se torna madura para o aparecimento de formas mais complexas de cooperação entre indivíduos e grupos.

Portanto, a divisão do trabalho progride tanto quanto mais existem indivíduos que estejam suficientemente em contato para poder agir e reagir uns sobre os outros, ele chama de densidade dinâmica ou moral.

Podemos dizer que os progressos da divisão estão em relação direta com a densidade moral ou dinâmica da sociedade.

SAIBA MAIS:

Quer se saber mais sobre os estudos provocados por Durkheim? Recomendamos a leitura do artigo “100 ANOS SEM DURKHEIM. 100 ANOS COM DURKHEIM”. O artigo debate os principais aspectos da teoria de Emile Durkheim que caracterizam as ciências sociais, bem como a construção de um dossiê comentando a aplicação da teoria na sociologia dos tempos atuais. Disponível em:

<https://bit.ly/3c0oXp3>. Acesso em 19/02/2020.

Até agora vem gostando do que está sendo estudado? Neste momento, para garantir que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir mais uma vez todo o assunto que nele foi trabalhado. Iniciamos a seção 3.1 com um embasamento teórico e contextualizado acerca da caracterização e dos princípios de Durkheim e explicamos os motivos pelos quais ele é tão conhecido como ‘Pai da sociologia’. É interessante relembrar que Durkheim utilizou os seus conhecimentos de direito e economia para realizar a análise e interpretação da sociedade, sendo fortemente influenciado por Augusto Comte, o sociólogo conta com o método positivista para conceber suas teorias. É importante relembrar que Durkheim nega a opinião de que a sociedade é feita por experimentos, experiências e vivências individuais e passa a expor em suas obras novas formas e métodos científicos de analisar o objeto de estudo da sociologia que é a sociedade. No debate, também foi exposto algumas das obras de Durkheim e como ele defendia o fato de não utilizar os métodos de estudo naturalistas, uma vez que seu foco era investigar

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os fatos sociais, levando em consideração as representações de suas crenças e sentimentos em cada um de seus contextos. Também podemos relembrar como os fatos sociais, intrinsecamente, exercerem um poder coercitivo sobre os indivíduos. Entre os principais temas tratados pelas obras de Émile Durkheim estão: A importância da Sociologia enquanto ciência empírica; a emergência do individuo e a formação de uma ordem social; e as origens e caráter da autoridade moral na sociedade.

Weber e ação social na prática

INTRODUÇÃO:

Nesta competência, vamos trabalhar brevemente sobre quem foi Max Weber e as formas de contribuição para a sociologia do século XIX. Além disso, conheceremos os diferentes modelos de ação social na perspectiva weberiana.

Quem foi Max Weber e como ele trabalhou a ética social?

A literatura afirma que considerar o alemão Max Weber (1864-1920) apenas como um sociólogo é uma maneira limitada e, de certa forma, equivocada de defini-lo, uma vez que os seus principais instrumentos de estudo envolviam uma diversidade de outras áreas.

As obras de Weber da virada do século XIX para o século XX cobriam campos de estudos como a História, o Direito, a Filosofia, e a economia. Caminhar por esses campos permitiu que Weber adquirisse uma diversidade de conhecimento que viria a ser útil para os estudos e entendimentos da sociedade, o que auxilia no processo de desenvolvimento do conhecimento do campo da sociologia.

Weber também foi professor em Heildeberg, que é uma cidade da Alemanha, onde aplicou o seu conhecimento, as ideias e as suas teorias na prática, durante o período da Primeira Guerra Mundial. Após esse período, Weber foi conselheiro do Tratado de Versalhes, que foi a negociação da rendição alemã, e o papel dele foi tentar amenizar os prejuízos que a Alemanha sofreu após sua derrota na guerra.

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Com o fim da primeira Guerra, a Alemanha modifica o seu sistema político e, surge então, sua a República de Weimer. Essa república necessitou de uma constituição e um dos responsáveis por elaborar essa constituição foi Weber.

Diante disso, é possível reparar que o sociólogo foi além de um grande pensador, um grande político, que desenvolveu suas ideias, teorias e produção intelectual por meio da universidade e da sua experiência prática.

Dessa forma, é possível destacar uma importante obra do autor denominada por “A ética protestante e o ‘espírito’ do capitalismo”. Dessa obra, Weber vai vincular assuntos pertinentes à religião e política, buscando entender qual a função da religião na política dentro das práticas da sociedade. Pensando a religião e a política, ele vai perceber e diagnosticar, quais são os valores que ordenam o capitalismo.

A estrutura do sistema macroeconômico que nós vivemos o capitalismo é apoiada em valores e princípios, no qual o pensador vincula de acordo com a abordagem da religião e política. Além disso, o autor relaciona a mudança de tempo e a maneira como nós seres humanos vivemos no tempo vai mudar, e esse fator é observado por Weber.

Outro importante fator considerado, neste mesmo sentido, por Weber é a racionalidade. O pensador faz relações práticas entre o desenvolvimento do capitalismo, da ciência, das técnicas e da tecno- logia, chamando atenção para a ocorrência dos fatos do modelo macroe- conômico, em sua produção intelectual, por meio destes elementos.

Aliando esses pensamentos, ele chama atenção para uma extrema racionalidade existente em nosso mundo.

Figura 14: Racionalidade

Fonte: Pixabay.

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Para ilustrar um pouquinho do trabalho que Weber desenvolveu e como ele relaciona a ética neste contexto, acompanhe a seguir um fragmento de seu livro:

“Na verdade, esta ideia peculiar do dever profissional, tão familiar a nós hoje, mas, na realidade, tão pouco evidente, é a maior característica da ‘ética social’ da cultura capitalista e, em certo sentido, sua base fundamental.” (WEBER, 1967. p. 38).

Mas o que Weber está dizendo neste pequeno fragmento? De certa forma, a mensagem se retrata sobre algo muito comum em nossos dias atuais, como um dever profissional, tem sua base na religião. O autor trás uma visão para analisarmos como a igreja protestante influenciou nesse dever profissional, ou seja, na nossa ética profissional, e em nosso modo de lidar com o trabalho e o mundo do trabalho.

Isso determina os valores que nos orienta, a maneira como lidamos com o tempo e interfere sobre uma maneira mais racional de ações e pensamentos do ser humano. Ou seja, o ser humano se torna mais racional, uma vez que a sociedade capitalista se racionaliza, com o objetivo de colocar esse sistema em movimento.

Você muito provavelmente vai seguir uma carreira profissional, e embora nós saibamos disso, infelizmente a influência que essa ética colocada por Weber não é tão evidente assim para nós, e é por este motivo que as ideias e o conhecimento produzido por Weber é tão importante de ser estudado no processo de formação profissional.

No entanto, questionamos os meios pelos quais Weber consegue produzir este tipo de conhecimento com toda a assertividade e confiabili- dade de suas ideias? Vale relembrar que antes de Weber chegar às suas teorias foi preciso utilizar algum método.

O método utilizado por Weber inclui a estatística, que é fundamental para se entender a sociedade. Além disso, os métodos de comparação e interpretação são aplicados nessa produção de conhecimento para entender a sociedade, comparando casos e interpretando dados coletados.

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Figura 15: Métodos estatísticos

Fonte: Freepik.

Por fim, o entendimento da história é um recurso fundamental e inovador que o Weber trás para a sociologia, e muitos autores consideram esta a maior inovação que o pensador aplica aos estudos desenvolvidos por ele, sobre a sociedade.

A teoria da ação social de Weber

Para Weber, uma das funções da sociologia é compreender a ação social, interpretando-a, para explicar os seus desenvolvimentos e efeitos. Na metodologia desenvolvida por ele, a compreensão consiste na absorção do sentido subjetivo da ação. Ele distingue a sociologia das disciplinas “dogmáticas” como a jurisprudência, a Ética, a Lógica, que se preocupam em definir o sentido exato de seus objetos.

Compreender a ação humana, para Weber, é assimilar seu sentido subjetivo, a compreensão não um processo exclusivo do conhecimento científico. Qualquer pessoa passa boa parte do seu tempo tentando compreender a ação de outras pessoas do seu grupo social. Ele buscava compreender as bases do entendimento humano e quais as operações mentais as pessoas realizavam para entender os atos de alguém.

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Figura 16 – Ação Social

Fonte: pixabay.

Existem ações que passam despercebidas pelo nosso entendi- mento, pois ganharam o status de “hábito”, por exemplo, imagine chegar à casa dos seus avós no fim do dia, você vai até a cozinha e encontra sua avó lidando com panelas no fogão, como costuma fazer todas as tardes.

Você não precisa perguntar-lhe para saber que ela está preparando o jantar que é com essa habitualidade que ela mexe nas panelas e no fogão essa hora. Deste modo, Weber denomina de compreensão atual esse tipo de percepção de sentido que decorre diretamente do curso observável da ação.

Continuando com o mesmo exemplo, suponha que ao chegar na casa da sua vó você a encontre não cozinhando, mas arrumando as malas.

Nesse caso, não bastaria olhar para entender, seria preciso perguntar a ela para saber que sua tia está passando mal em outra cidade e que sua avó foi chamada as pressas. Para Weber ele denomina de compreensão explicativa, pois estas não se contem ao sentido da ação, mas chama seus motivos velados.

No entanto, para Weber, a ação que liga racionalmente meio a fins permanece como a mais importante para interpretação significativa, sendo as varias formas de conduta irracionais interpretadas, o mais das vezes, como graus de afastamento em relação a uma hipotética conduta irracional.

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Porém, essa forma de estabelecer um tipo ideal racional e evidente da atividade social com base a compreensão e dar ao seu método compreensivo a maior validade objetiva possível são criticados por outros estudiosos, apresenta alguns problemas, porem devemos compreender o que é “tipo ideal” na perspectiva weberiana.

Tabela: Tipos de ação social

Ação social racional com relação a fins

São as ações determinadas por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens, utilizando essas experiências como condições e meios para alcançar fins próprios Ação social

com relação aos valores

Determinada pela crença consciente no valor, ético, estético, religioso ou de qualquer outra forma como seja interpretado.

Ação social afetiva

Principalmente emotivo determinado pelos afetos e estado sentimental.

Ação social

tradicional Determinada por um costume arraigado.

Fonte: Elaborada pela autora, (2020).

Para Weber, a noção de tipo ideal decorre da concepção acerca da infinita complexidade do real diante do alcance limitado dos conceitos elaborados pela mente humana.

Todo conceito selecionado é orientado por valores. O sociólogo seleciona aspectos da ação humana que considera culturalmente rele- vantes para o estudo e o faz segundo seus próprios valores. Ao mesmo tempo em que busca encontrar consciência logica a esses aspectos relacionados à realidade.

Ele indica que a seleção do objeto de estudo não termina na escolha do problema. Uma vez que a problemática foi definida, o pesquisador se verá diante de numerosas possibilidades de respostas e situações, contudo, cabe ao pesquisador encontrar explicação diante de algumas possibilidades, delimitando suas hipóteses.

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E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a participação de Max Weber no processo de desenvolvimento da sociologia como ciência foi de extrema relevância, devido, principalmente, à sua diversidade de conhecimentos para entender melhor a sociedade. Iniciamos explicando sobre sua história, o contexto de estudos e as principais obras e seguimos comentando sobre a visão do mundo sociológico que Weber tinha em relação principalmente à mudança do tempo. Também podemos relembrar um fator muito importante tra- tado por Weber, que é a racionalidade inserindo assuntos como a ética e as religiões no dever profissional e na ética profissional. Outro pronto importante tratado por Weber é a teoria da ação social e seus tipos ideais na perspectiva weberiana. Os tipos de ação são: a ação social racional com relação a fins; a ação social com relação aos valores; a ação social afetiva e a ação social tradicional. Ao compreender toda essa dinâmica que envolve a sociedade, esperamos que você entenda que está caminhando os passos certos profissionalmente rumo ao que o mercado a sociedade, e o mundo necessitam. Sucesso e parabéns por finalizar mais uma unidade com êxito!

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar sobre os estudos de Weber e a ação social? Recomendamos a leitura do texto “O PARADIGMA WEBERIANO DA AÇÃO SOCIAL: UM ENSAIO SOBRE A COMPREENSÃO DO SENTIDO, A CRIAÇÃO DE TIPOS IDEAIS E SUAS APLICAÇÕES NA TEORIA ORGANIZACIONAL”. O trabalho resgata a relação da teoria de Weber nas organiza- ções, além de abordar a compreensão da ação social burocrática e a interferência do capitalismo nos programas de treinamento e desenvolvimento empresarial. Disponível em: <https://bit.ly/3aOH6Vp>. Acesso em 20/02/2020.

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Disponível em: <https://bit.ly/2xiHfT8>. Acesso em: 18 de fev. 2020.

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Fundação Calouste Gulbenkian, 2008.

ISKANDAR, Jamil Ibrahim; LEAL, Maria Rute. Sobre positivismo e educação. Revista Diálogo Educacional, v. 3, n. 7, p. 89-94, 2002.

MORAES, L.; FILHO, A.; DIAS, D.; O paradigma Weberiano da ação social: um ensaio sobre a compreensão do sentido, a criação de tipos ideais e suas aplicações na teoria organizacional. Disponível em:

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O positivismo percebido nas etapas de desenvolvimento do dna da marca. Arcos Design, 2014. Disponível em: <https://bit.ly/2zHuxOI>.

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WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo (MIQF Szmrecsáyi & TJMK Szmrecsáyi, Trad. s). São Paulo: Livraria Pioneira.

(Originalpublicado em 1904), 1967

WEISS, R.; BENTHIEN, R.; 100 anos sem Durkheim. 100 anos com Durkheim. Scielo, 2017. Disponível em: <https://bit.ly/3c0oXp3>. Acesso em: 19 de fev. 2020.

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