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CONTRIBUIÇÃO PATRONAL PREVIDENCIÁRIA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO ASPECTOS LEGAIS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL

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Academic year: 2022

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C ONTRIBUIÇÃO P ATRONAL P REVIDENCIÁRIA

D ESONERAÇÃO DA F OLHA DE P AGAMENTO A SPECTOS LEGAIS PARA A CONSTRUÇÃO CIVIL Por Luiz Eduardo Abarno da Costa*

Resultante da conversão da Medida Provisória nº 540, ainda no ano de 2011 foi aprovada a Lei nº 12.546, que, entre outras disposições, alterou substancialmente a incidência das contribuições previdenciárias devidas por empresas de determinados segmentos da economia, dentre os quais, mais recentemente, foi inserida a construção civil. Para tanto, foram editadas as Medidas Provisórias nº 601, de 28 de dezembro de 2012, e nº 612, de 04 de abril de 2013. Em meio aos desalinhos e confusões político- governamentais, a sistemática chegou a perder sua vigência por alguns meses, restabelecendo-se em julho passado com a edição da Lei n. 12.844/2013, passando a produzir efeitos para todas as empresas do setor a partir deste 1º de novembro.

De acordo com o complexo rol normativo, a contribuição previdenciária a cargo do empregador, anteriormente devida na forma Lei nº 8.212/91 à alíquota de 20% sobre a folha de pagamento, a partir da vigência do novo regime teve seu recolhimento atrelado ao percentual de 2% sobre o valor da receita bruta, sem prejuízo do cumprimento das demais obrigações previdenciárias.

A medida, cuja vigência estende-se até 31 de dezembro de 2014, é de adoção compulsória e aplica-se às empresas da construção civil enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 2.0 que, em essência, são compostos, se não por todas, pela maioria das atividades praticadas no setor, inclusive de infraestrutura.

Foram incluídas, também, as empresas optantes do Simples Nacional que se

dediquem às atividades de construção de imóveis e obras de engenharia em geral, em

consonância com o art. 18, § 5º-C, da Lei Complementar n. 123/2006, as quais,

tributadas na forma do Anexo IV, já recolhiam a Contribuição Patronal fora do regime

unificado. A propósito, este é o posicionamento da própria Receita Federal, constante da

Solução de Consulta n. 35, de 25 de março de 2013.

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No que respeita à quantificação da Contribuição, a receita bruta, sobre a qual incidirá a alíquota de 2%, deve ser considerada sem o ajuste a valor presente dos elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo. Além disso, excluem-se da base de cálculo as seguintes rubricas: (i) receitas de exportação, (ii) vendas canceladas, (iii) descontos incondicionais concedidos; (iv) IPI, quando incluído na receita bruta; e (v) ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário.

Para empresas que, a par da construção civil, se dedicam a outras atividades não enquadradas na desoneração, o recolhimento da CPP se dará integralmente à razão de 2% sobre a receita bruta, desde que o CNAE declarado como principal represente a atividade de maior receita auferida ou esperada e esteja previsto entre as atividades sujeitas à desoneração. Sendo assim, a empresa recolherá a contribuição de 2% sobre a receita bruta de todas as suas atividades, não se lhe aplicando qualquer proporcionalização.

Em razão da descontinuidade normativa antes referida, é necessário que se esclareça, no tempo, a vigência da nova sistemática até 1º de novembro. A perda temporária de vigência no novo regime fez com que a Lei n. 12.844 trouxesse regras de transição para obras com matrícula aberta no CEI do INSS, expostas da seguinte forma:

(i) obras matriculadas até 31/03/13 – recolhimento de 20% sobre a folha de pagamentos, até o término da obra;

(ii) obras matriculadas de 01/04/13 a 31/05/13 – recolhimento de 2%

sobre a receita bruta, até o término da obra;

(iii) obras matriculadas de 01/06/13 a 31/10/13 – recolhimento opcional de 20% sobre a folha de pagamentos ou de 2% sobre a receita bruta, até o término da obra;

(iv) obras matriculadas a partir de 01/11/13 – recolhimento de 2%

sobre a receita bruta, até o término da obra.

Note-se que, relativamente às obras cujo CEI foi aberto entre 01/06/13 e

31/10/2013 – item (iii) acima – a opção pela nova modalidade de recolhimento é

irretratável e deve ser feita no primeiro recolhimento de CPP relativo ao

empreendimento.

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Referentemente às atividades de incorporação, é inaplicável a nova sistemática de pagamento da Contribuição Patronal, por ausência de previsão legal. Na hipótese em que a incorporadora também realize a construção dos imóveis, deve-se seguir o critério da atividade principal antes mencionado: decorrendo a maior receita (auferida ou esperada) da atividade de construção, aplica-se a desoneração e recolhe- se a Contribuição de 2% sobre a receita bruta; ao contrário, sendo a maior receita oriunda da venda das unidades correspondentes às frações ideais do terreno (o que invariavelmente ocorrerá), mantém-se o regime de recolhimento à base de 20% sobre a folha de pagamentos.

O regramento também exige que a apuração e o pagamento da contribuição sejam feitos de forma centralizada pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica. Os recolhimentos deverão, ainda, ser feitos por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da competência, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia.

Ademais, deve-se mencionar o dever de retenção a cargo de empresa contratante de serviços abarcados pelo benefício. Nestes casos, notadamente quando houver cessão de mão de obra, a empresa contratante reterá 3,5% do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços. Ou seja, a redução dos encargos da folha de pagamento é do fornecedor contratado, o que pode se revelar problemático para as empresas do ramo da construção civil, intensivas na utilização de mão de obra terceirizada. De qualquer sorte, ocorrendo a retenção, o contratante poderá abater do valor devido de sua Contribuição todo e qualquer valor retido nos pagamentos.

Não é preciso muito para se identificar algumas inconsistências do regime.

Começando pela base de cálculo da Contribuição, a leitura do regramento todo permite concluir pela existência de regras idênticas àquelas previstas pela legislação da contribuição ao PIS e da COFINS, para a definição da base de cálculo da contribuição previdenciária substitutiva da incidente sobre a folha de salários (desoneração). Desse modo, mesmo que prevista a exclusão da receita bruta do valor correspondente ao IPI e ao ICMS, quando cobrados do contribuinte, na condição de substituto tributário, não se permite, entretanto, a exclusão do ICMS incidente sobre a operação própria, quando e se houver, e do ISSQN, incidente sobre a prestação de serviços.

Pelas mesmas razões e fundamentos das questões debatidas no âmbito da

Contribuição ao PIS e da COFINS, é possível que se questione a inclusão do ISSQN

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incidente sobre a prestação de serviços e do ICMS incidente sobre as operações próprias, da base de cálculo da contribuição previdenciária substitutiva.

Além disso, a utilização dos pretensos benefícios pode não resultar em efetiva e concreta redução dos encargos previdenciários para o segmento. Pior: em alguns casos, pode, inclusive, elevar os valores devidos a serem pagos mensalmente.

A contradição é evidente: em uma política de desonerações tributárias da folha de pagamentos, efusivamente anunciada pelo Governo Federal, onde declaradamente se pretende fomentar investimentos produtivos e dinamizar o nível de atividade em setores relevantes da economia doméstica, a sistemática adotada – ao menos sob a forma atualmente regulada – pode acarretar o efeito contrário, isto é, o indevido aumento da já elevada carga fiscal.

Isto se manifesta quando empresas, ainda que possuam atividades inseridas no âmbito da desoneração, possuem uma tal grandeza de faturamento sobre a qual, mesmo aplicada a alíquota de 2%, se deva recolher contribuição patronal previdenciária em valores maiores que aqueles devidos com base na folha de pagamentos. Um exemplo ilustra a afirmação.

Uma empresa que tenha como receita bruta mensal o valor de R$

1.000.000,00, possua 80 empregados, com salário médio de R$ 1.000,00 e que pague R$ 4.000,00 a título de pro labore para seus sócios, teria como base de cálculo da contribuição patronal no regime anterior (20% sobre a folha de pagamento) o montante de R$ 84.000,00, pagando, assim, R$ 16.800,00 de CPP. Já sob a nova modalidade (2%

sobre a receita bruta), o pagamento da Contribuição será de R$ 20.000,00, ocasionado um acréscimo de R$ 3.200,00 por mês.

Ou seja, conquanto o objetivo das medidas governamentais seja a redução dos encargos incidentes sobre a folha de salários, em alguns casos a adoção do novo modelo – que, repita-se, é obrigatória – irá gerar justamente o efeito inverso, qual seja, a elevação da carga tributária.

Seja como for, é imperioso que se tenha o devido cuidado na

implementação da tributação previdenciária substitutiva, evitando a imposição de

penalidades e a cobrança de multas, assim como prudentemente questionando

eventuais distorções verificadas.

(5)

*Advogado, sócio da Magadan & Abarno da Costa Advogados Associados, especialista na área pelo Instituto Brasileiro de Direito Tributário (IBET) e mestrando em Direito Tributário pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Equipe Magadan & Abarno da Costa Advogados Associados www.magadaneabarnodacosta.com.br

contato@magadaneabarnodacosta.com.br

Referências

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