PAUL SETÚBAL . BRONZE, COURO, OURO, SANGUE
02.03.2021 - 03.04.2021
Paul Setúbal: Bronze, Couro, Ouro, sangue
por Priscyla Gomes
"(…) seremos sempre servos da malignidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor [...], quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, mulheres, crianças convertidos em pasto de nossa fúria. A mais terrível de nossas heranças é levar conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. É ela que incandesce, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira"
— Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro[1]
A imagem do sertanejo, com sua cultura e tradição, há muito é
difundida pelos mais diversos gêneros discursivos. Com costumes e
especificidades distintos em cada região do país, a vida do pastoreio,
suas vestimentas, conferiram a essa figura alguns traços tão marcantes
quanto a sina de ver-se associados a uma massa de trabalhadores
exilados da própria terra e de sua subsistência. Isolados ou fora do
alcance do poder do Estado, muitas vezes vítimas de seu aparato
policial, o sertanejo foi repetidamente narrado como um andarilho
ansiando por transformação, oportunidade e justiça. A gênese do
sertanejo confunde-se assim com a formação histórica da
sociedade brasileira, marcada, entre outros aspectos, por conflitos
violentos vinculados à posse da terra e à expansão e integração do
território nacional.
A cultura da criação do gado, intrinsecamente vinculada à figura do
sertanejo, nasceu de um avanço gradativo das pastagens no interior do
continente. A bovinocultura, que originalmente funcionava como
provedora de carne e couro aos canaviais, foi se afastando dos
engenhos e encontrou a vastidão dos pastos naturais no interior do
Brasil. O Centro-Oeste foi um de seus destinos. Majoritariamente
formada pela migração, a região teve na miscigenação com os
indígenas locais a síntese de seu sertanejo. O artista goiano Paul
Setúbal, em “Bronze, Couro, Ouro, sangue”, remonta a essa síntese
marcada pela violência e pela dominação como um traço mordaz
da sociedade brasileira
[1]RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 2000.
Paul Setúbal: Bronze, Leather, Gold, blood
by Priscyla Gomes
"(…) We will always be slave to the distilled malignity installed within us,
both by the feeling of pain […], as well as by the exercise of the brutality on men, women and children converted into the fodder of our fury. The most terrible of our heritages is to bear the scar of the torturer printed on our soul and ready to explode in racist and classist brutality. It is what glows incandescent, even today, in so much Brazilian authority” — Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro[1]
The image of the backcountry dwellers, with their culture and
tradition, is very widespread in Brazilian literature, film and other
expressive genres. Isolated from or outside the scope of governmental
power, and often a victim of its police system, the country person has
repeatedly entered narrations as a wanderer anxious for
transformation, opportunity and justice. The genesis of the country
person is thus blended with the historical formation of Brazilian
society, marked, among other aspects, by violent conflicts linked to
the possession of the land and to the expansion and integration of
the national territory.
The cattle-raising culture, intrinsically linked to the figure of the country
person, was born from a gradual advance of the grazing lands toward
the continent’s interior. The Center-West became one of its homes.
Recurrently read as a territory of passage and marked by
migration, its current population resulted from the miscegenation of
these migrants with the local indigenous people, giving rise to the typical
country person of those parts. The list that composes the title did
not arise by chance. There is an explicit choice of these materials
as clues not only of the elaborate processes of the casting,
modeling, design, sewing and making of the pieces, but also as signs of
the historical formation of a region that blends scant promises of a
developmentalism with a continued abandonment of a large segment of
its population.
[1]RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 2000.
A enumeração que dá corpo ao título não é nada fortuita. Há na escolha
explícita desses materiais as pistas não só de processos elaborados de
fundição, modelagem, desenho, costura e confecção das peças, mas
também de índices da formação histórica de uma região que mescla
curtas promessas de um desenvolvimentismo a um abandono continuado
de uma expressiva camada de sua população. Setúbal, por intermédio da
história da violência que acomete o sertanejo e traços de sua cultura,
remonta parte de uma contra-história do progresso do Centro-Oeste
brasileiro. Recorrentemente lido como um território de passagem, seu
presente ainda pouco reflete as ambições de crescimento e interiorização
expressas na construção de Brasília e diluídas pela pecuária extensiva e o
modelo latifundiário de produção de commodities.
Setúbal denuncia as contradições regionais em o Conto da Roça [2020],
discutindo uma invasão de terras no interior de Goiás após sua
desapropriação ilegal. O episódio é narrado por um pistoleiro que,
auxiliado por um grupo armado, planejou expulsar trabalhadores que
viviam pacificamente no local, mas foi surpreendido por uma tocaia que
terminou em perseguição e troca de tiros. O vídeo evidencia a
disputa entre camadas populares pela posse de terras, com planos
sucessivos de armas e uma constante apologia à bravura, à honra e à
ideia de que a morte do outro possa ser uma forma de atenuar um
histórico de injustiças sociais. Trata-se da imagem do sertanejo que
encontrou no banditismo uma resposta: a virilidade amparada pela
arma e a defesa da propriedade adquirida por meios ilegais como um
falso restabelecimento da ordem.
Through reference to the history of violence that besets the country
dwellers and to the features of their culture, Setúbal refers to part of a
counter-history of progress in Brazil’s Center-West. Recurrently read as a
territory of passage, the current condition in this region still scarcely
reflects the ambitions for growth and interiorization expressed in the
construction of Brasília and diluted by the extensive cattle raising and the
large-landholding model for the production of commodities.
Setúbal denounces the regional contradictions in Conto da Roça [Farm
Tale] (2020), discussing an invasion of lands in Goiás after their illegal
expropriation. The episode is narrated by a gunman who, helped by an
armed group, planned to expulse workers who were living peacefully
there, but his group was surprised by an ambush that ended in a chase
and gunfire. The video evidences the dispute between the common
people striving to possess land, involving weapons and a constant
apology for bravery, for honor and for the idea that the death of another
person can be a way of assuaging a history of social injustices. It concerns
the image of a country person who found an answer in armed criminality:
virility supported by a weapon and the defense of property acquired by
illegal means as a false reestablishment of order.This context involves the
psyche of the country person, who found a way out through armed
criminality, an inherent illogic, a certain inversion of values, which goes
beyond the ideas of brutality and savagery enthroned in the national
literature and cinema. The weapon brandished as a trump card pervades
much of the notion of physical power and masculinity linked to the
country person. This sense of honor and bravery became the recurrent
justification for washing the opposer in blood.
Há nesse quadro da psique do sertanejo, que encontrou no banditismo
uma saída, uma ilogicidade inerente, certa inversão de valores, que não se
resume às ideias de brutalidade e selvageria consagradas na literatura e
cinema nacionais. A arma empunhada como um trunfo permeia muito da
noção de força física e masculinidade atrelada ao sertanejo. Esse senso de
honra e bravura será a justificativa recorrente que lavará de sangue àquele
que se contrapor. Em Sinapses [2015 - 2020], Setúbal mescla, numa
alegoria do pensamento, referências usualmente encontradas em manuais
de armas de fogo, relógios e traquitanas, como se fosse possível extrair da
representação isométrica, a lógica dos aparelhos ideológicos e
repressivos. A referência clara aos consagrados estudos davincianos do
Renascimento parece nos furtar brevemente da natureza dos materiais e
do gotejamento inconfundível das marcas que pontuam toda a tela.
Setúbal nos faz, momentaneamente, ver beleza nessa ideologia do
extermínio. Nos prega essa peça, para logo desconstruí-la.
Em um ensaio dedicado à gênese dos jagunços na literatura, o sociólogo e
crítico Antonio Candido afirma que o “valentão armado atuando
isoladamente ou em bando é um fenômeno geral em todas as áreas onde
a pressão da lei não se faz sentir, e onde a ordem privada desempenha
funções que, em princípio, caberiam ao poder público”[2]. Essa justiça
feita com as próprias mãos é parte fundamental dos questionamentos
expressos nos diversos trabalhos em que Setúbal articula aparatos
policiais a marcas indeléveis da força impressa no bronze fundido. As
faces da violência sistêmica e, muitas vezes institucionalizada, são
exploradas pelo artista numa égide de signos apropriados pelas mais
diferentes corporações, das milícias à cavalaria imperial. A grande peleja
[2019] é uma síntese de temporalidades distintas na formação da força
militar no país.
[2] CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 3a ed. São Paulo: Duas Cidades, 1995. p. 146
In Sinapses [2015– 2020], Setúbal mixes, in an allegory of thought,
references usually found in instruction manuals of firearms, clocks and
apparatuses, as though it were possible to extract from these manuals an
isometric representation of the logic of ideological and repressive
apparatuses. The clear reference to the renowned studies by Da Vinci
during the Renaissance seems to bring us briefly away from the nature of
the materials and the clear dripping of the marks that pepper the entire
canvas. Setúbal gives us a momentary glimpse of the beauty of this
ideology of extermination. He gives us this piece to quickly deconstruct it.
In an essay dedicated to the genesis of the figure of the hired gunman in
literature, sociologist and critic Antonio Candido states that “the armed
thug acting on his own or in a gang is a general phenomenon in all the
areas where the pressure of the law is not felt, and where the private
sector performs functions which, in principle, should be the province of
the public power.” This justice wrought with one’s own hands is a
fundamental part of the questionings expressed in various works in which
Setúbal articulates police apparatuses with the indelible marks of the
force imprinted in the cast bronze. The faces of the systemic and often
institutionalized violence are explored by the artist in a constellation of
signs appropriated from a wide range of corporations, spanning from
militias to the imperial calvary.
Setúbal realiza uma réplica do capacete da Imperial Guarda de Honra
[1822], criada por Dom Pedro I e recriada posteriormente com a
alcunha
de
Dragões
da Independência [1946], ainda hoje
responsáveis pela segurança do Presidente da República. A peça
substitui o dragão original pela figura de um São Jorge
aniquilando com sua lança a besta colonial responsável por uma
das violências fundadoras,
que
continua
a
assombrar
nossos
cotidianos.
Ademais, a maneira com que Setúbal articula elementos de
proveniências mais distintas na construção da sua iconografia
sertaneja surpreende pela transversalidade histórica. Ao desavisados,
a série Pesares [2020] remete à imagem de um pelotão que guarda
falsas relíquias no centro da sala expositiva. Os paramentos de
couro de boi, primorosamente cortados pelo artista a partir de
moldes de alfaiataria, somam-se a boinas, quepes militares e a
alguns itens apropriados de fantasias de carnaval. Setúbal transita entre
a alta cultura e o folclore popular, o militarismo e artigos sexuais, com
passagem por mitos cristãos, excertos de pinturas de Johann Moritz
Rugendas e contos populares.
Para quem adentra à sala, esses corpos que testam os limites da
gravidade e dos materiais, com um misto de insustentável leveza,
parecem aguardar o instante do aboio, o canto dolente do berrante que
promove o lento deslocamento da boiada. A configuração dos corpos e,
mais ainda, a ausência deles é uma clara metáfora de uma andança
histórica que parece estar dubiamente em trânsito, mas inerte. Uma
inércia que ainda no presente admite a violência e o extermínio
como forças estruturantes na formação de uma sociedade e que se
enraizaram com equívoca e incontestável naturalidade.
A grande peleja [The Great Fight] [2019] is a synthesis of
different temporalities in the formation of the country’s military power.
Setúbal makes a replica of the helmet of the Imperial Honor Guard [1822],
created by King Pedro I and later re-created to be responsible for
the safety of the president of the Republic. This piece substitutes the
original dragon by the figure of a St. George wielding his lance to
annihilate the colonial beast responsible for one of the founding
violences, which continues to haunt our daily life.
Moreover, the way in which Setúbal articulates elements from a wide
range of sources in order to construct his iconography of the country
person is surprising for its historical transversality. For the unaware, the
series Pesares [Sorrows] [2020] refers to the image of a squad that
guards fake relics at the center of the exhibition space. The leather
garments, exquisitely cut by the artist based on clothesmaker’s patterns,
appear together with military caps, berets and some items appropriated
from carnival costumes. Setúbal transits between refined culture
and popular folklore, militarism and sexual articles, while including
Christian myths, excerpts from paintings by Johann Moritz Rugendas
and popular tales.
For anyone who enters the room, these bodies that test the limits of
gravity and materials, with a mix of unsustainable lightness seem to be
waiting for the song of the cattle herders, the sad strains that prod the
animals along their way. The configuration of the bodies and,
moreover, their absence, is a clear metaphor of a historical
journey that seems to be doubtfully in transit, but inactive. An
inaction that yet today admits violence and extermination as
structuring forces in the formation of a society – forces which have
taken root with mistaken and incontestable naturality.
"É um comentário sobre a independência do Brasil, uma réplica do capacete imperial do exército no qual o dragão era o símbolo de poder. O capacete aparece na pintura “Independência ou morte”, de Pedro Américo, e réplicas do capacete são usadas ainda hoje pela cavalaria do exército que faz a segurança presidencial nos palácios de Brasília. A escultura substitui o dragão original pela figura de São Jorge aniquilando o dragão, a besta de herança colonial, responsável por massacrar o povo. O dragão como símbolo do poder nos apresenta uma dualidade: o símbolo mitológico cuja força deveria proteger a nação é também a besta que massacra o povo. Próximo das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, o trabalho questiona o papel do Estado que seria de proteger a população, mas também é quem, às vezes, a destrói. O trabalho é também uma ironia: o santo guerreiro, padroeiro justamente da cavalaria, deus da guerra e protetor do povo, dessa vez, destrói o símbolo do poder e da cavalaria. O capacete se apresenta com buracos de perfuração, como se tivesse sido atingido pela lança do santo guerreiro. Na escultura, é possível notar que o próprio santo usa a réplica do capacete, como se fosse possível replicar ao infinito o impasse entre proteção e aniquilação."
[It is a commentary on Brazil's independence, a replica of the imperial army helmet in which the dragon was the symbol of power. The helmet appears in the painting “Independence ou death”, by Pedro Américo, and replicas of the helmet are still used today by the army cavalry that provides presidential security in the palaces of Brasília. The sculpture replaces the original dragon with the figure of São Jorge annihilating the dragon, the beast of colonial heritage, responsible for massacring the people. The dragon as a symbol of power presents us with a duality: the mythological symbol whose strength should protect the nation is also the beast that slaughters the people. Close to the celebrations of the bicentenary of Brazil's independence, the work questions the role of the State that would protect the population, but it is also the one who sometimes destroys it. Work is also an irony: the holy warrior, the patron saint of chivalry, the god of war and the protector of the people, this time destroys the symbol of power and chivalry. The helmet has piercing holes, as if it had been hit by the spear of the holy warrior. In the sculpture, it is possible to notice that the saint himself uses the replica of the helmet, as if it were possible to replicate to infinity the impasse between protection and annihilation.]
Sinapses [Synapsis], 2015 - 2020 . sangue do artista, folha de ouro e terra vermelha sobre tela [artist blood, gold leaf and red sand on canvas] . ed: única [unique] . 150 x 600 cm [3 telas de 150 x 200 cm cada [3
"A pintura funciona como uma ampliação dos processos de conexão cerebral - as sinapses - ou como um grande manual que busca lidar com a formação do pensamento, na qual habitam constelações de fragmentos de imagens retiradas de manuais de armas de fogo, mecanismos movidos por engrenagens, imagens da história da arte e medicina, uma alusão ao pensamento formado por múltiplas conexões. A referência clara aos consagrados estudos davincianos do Renascimento, com seus esquemas e páginas amareladas pelo tempo, sugere uma espécie de construção da subjetividade onde habitam muito das relações autoritárias da contemporaneidade".
["The painting works as an extension of the processes of brain connection - the synapses - or as a great manual that tries to deal with the formation of thought, in which inhabit constellations of fragments of images taken from firearms manuals, mechanisms driven by gears, images of the history of art and medicine, an allusion to the thought formed by multiple connections. The clear reference to the consecrated davincian studies of the Renaissance, with its diagrams and pages yellowed by time, suggests a kind of construction of subjectivity where much of the authoritarian relations of contemporary times inhabit".]
Sinapses [Synapsis], 2015 - 2020 . sangue do artista, folha de ouro e terra vermelha sobre tela [artist blood, gold leaf and red sand on canvas] . ed: única [unique] . 150 x 600 cm [3 telas de 150 x 200 cm cada [3
O grande dragão I, 2020
bronze e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 14 x 40 x 26 cm
O grande dragão II, 2020
bronze e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 15 x 40 x 23 cm "Sobre uma plataforma de aço, o artista apresenta esculturas dilaceradas a partir da cópia em bronze de paramentos de autodefesa e militares: colete, coturnos, coldre de arma de fogo e luvas táticas. Os paramentos, por sua vez, encontram-se rasgados e amassados como se tivessem sido atravessados pela lança dourada que atravessa uma das peças. Das esculturas, brotam cópias em bronze de dentes de cavalo, criando a partir dos rasgos uma espécie de boca ou cavidade, como se o mitológico dragão fosse parte das esculturas. As peças se encontram perfuradas por dentes de ouro (cópia de dentes humanos), como se a gananciosa busca pelo ouro, geradora de tantos conflitos territoriais, agora atacassem as esculturas como se fossem projéteis de armas de fogo".
["On a steel platform, the artist presents lacerated sculptures from the bronze copy of self-defense and military vestments: vest, boots, firearm holster and tactical gloves. The vestments, in turn, are torn and crushed as if they had been crossed by the golden spear that crosses one of the pieces. Bronze sculptures of horse teeth sprout from the sculptures, creating a kind of mouth or cavity from the tears, as if the mythological dragon were part of the sculptures. The pieces are perforated by gold teeth (copy of human teeth), as if the greedy search for gold, generating so many territorial conflicts, now attacked the sculptures as if they were projectiles of firearms".]
O grande dragão IV, 2020
bronze e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 10 x 23 x 17 cm
O grande dragão VI, 2020 bronze
e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 11 x 20 x 15 cm
O grande dragão III, 2020
bronze e ouro [bronze and gold] ed: única [unique] . 10 x 23 x 17 cm
O grande dragão V, 2020 bronze e ouro
[bronze and gold] ed: única [unique] 25 x 50 x 45 cm
Pesares I [Sorrows I], 2020
couro, bronze e pirita [leather, bronze and pyrite] ed: única [unique] . 193 x 82 x 29 cm "As esculturas são construídas a partir de moldes e modelos de objetos de dominação, coerção, alfaiataria e referências históricas. O título Pesares é uma referência ao peso e consequência das experiências que vamos acumulando ao longo da vida. As formas recortadas em couro bovino, vão recriando referências da nossa formação como país e povo, a partir de moldes de costura que trazem à memória a cultura interiorana ou os alforjes e coldres usados para carregar armas de fogo, como uma história incessante de dominação que paira na sociedade. Os paramentos de couro de boi, primorosamente cortados a partir de moldes de alfaiataria, somam-se a boinas, quepes militares e a alguns itens apropriados de fantasias de carnaval. O trabalho transita entre a alta cultura e o folclore popular, o militarismo e artigos sexuais, com passagem por mitos cristãos, história da arte e contos populares. As esculturas carregam uma forte relação humano-animal, no mesmo sentido em que replicamos em nós mesmos, a dominação que exercemos na natureza".
["The sculptures are built from molds and models of objects of domination, coercion, tailoring and historical references. The title Pesares is a reference to the weight and consequence of the experiences that we accumulate throughout life. The shapes cut out of bovine leather, recreating references of our formation as a country and people, from sewing patterns that bring to memory the interior culture or the saddlebags and holsters used to carry firearms, as an incessant history of domination that hangs in society. The ox leather vestments, exquisitely cut from tailoring patterns, are added to berets, military caps and some appropriate items of carnival costumes. The work moves between high culture and popular folklore, militarism and sexual articles, with passage through Christian myths, art history and folk tales. The sculptures carry a strong human-animal relationship, in the same sense that we replicate in ourselves, the domination we exercise in nature".]
Pesares IV [Sorrows IV], 2020 couro, bronze e pirita [leather, bronze and pyrite]
Pesares VII [Sorrows VII], 2020 couro e bronze [leather and bronze]
Pesares II [Sorrows II], 2020
couro e bronze [leather and bronze] ed: única [unique] . 211 x 81 x 48 cm
Pesares III [Sorrows III], 2020
couro e bronze [leather and bronze] ed: única [unique] . 208 x 63 x 36 cm
Pesares V [Sorrows V], 2020
couro, bronze e pirita [leather, bronze and pyrite] ed: única [unique] . 160 x 92 x 31 cm
Pesares VI [Sorrows VI], 2020 couro, bronze e pirita [leather, bronze and pyrite]
Duplo I, 2020 . bronze [bronze] . ed: única [unique] . 60 x 40 x 4 cm
"O artista recorta chapas de bronze usando silhuetas de alvo de tiro e moldes de alfaiataria, criando formas que se assemelham ao corpo humano. Essas formas apresentam fragmentos de objetos de dominação, de maneira a parecerem aprisionadas ao objeto ou terem ferido, rasgado ou amassado as chapas. Duplo faz alusão ao nosso reflexo, pois a silhueta do alvo onde se atira, é ao mesmo tempo o outro e eu".
["The artist cuts bronze plates using shooting target silhouettes and tailoring patterns, creating shapes that resemble the human body. These forms present fragments of objects of domination, in such a way as to appear imprisoned in the object or to have hurt, torn or crushed the plates. Duplo makes reference to our reflection, because the silhouette of the target where it is shot, is at the same time the other and me".]
Tropeiros I [Drovers I], 2019 . bronze [bronze] . ed: 2/3 . 31 x 46 cm + 30 x 42 cm + 34 x 46 cm
"Reconstrução em bronze de antigas chapas de selas usadas em mulas e cavalos que narram o cotidiano social no Brasil: a dificuldade da vida rural, a migração, nomes de antigas fazendas ou as figuras que ainda hoje habitam esse contexto como os muladeiros, boiadeiros, tropeiros ou o Jeca Tatu. No trabalho, o artista recria os modelos das chapas atualizando as narrativas a partir de experiências do interior do Brasil como o narcotráfico, a extração ilegal e destruição de recursos naturais".
["Bronze reconstruction of old saddle plates used on mules and horses that narrate the social daily life in Brazil: the difficulty of rural life, migration, names of old farms or the figures that still inhabit this context today, such as muladeiros, cowboys, tropeiros or Jeca Tatu. In the work, the artist recreates the plate models, updating the narratives based on experiences in the interior of Brazil, such as drug trafficking, illegal extraction and destruction of natural resources".]
Conto da Roça, 2020 . vídeo [vídeo] . 6'00 " . ed: 5 + PA
Clique aqui para assistir o vídeo
"Como se nos contasse uma história, o berimbau tocado por um mestre de capoeira apresenta uma narrativa sobre a luta e conflitos pelo domínio de terras no interior do país. A legenda do filme em formato de conto, história, evidencia uma mentalidade fundada pela violência, com planos sucessivos de armas e uma constante apologia à bravura, à honra e à ideia de que a morte do outro possa ser uma forma de atenuar um histórico de injustiças sociais".
["As if telling a story, the berimbau played by a capoeira master presents a narrative about the struggle and conflicts for land control in the interior of the country. The subtitles of the film in the form of a short story, history, show a mentality founded by violence, with successive plans of arms and a constant apology for bravery, honor and the idea that the death of the other may be a way of attenuating a history of social injustices".]
EDUCAÇÃO [EDUCATION] 2018
Doutor em [Doctor in] Arte e Cultura Visual [Visual Art and Culture], Universidade Federal de Goiás
2014
Mestre em [Master in] Arte e Cultura Visual [Visual Art and Culture], Universidade Federal de Goiás
2013
Licenciatura em [Bachelor in] Artes Visuais [Visual Arts], Universidade Federal de Goiás EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
[SOLO EXHIBITIONS] 2021
Bronze, Couro, Ouro, sangue, Casa Triângulo, São Paulo, Brasil
2018
Corpo Fechado, C Galeria, Rio de Janeiro, Brasil 2016
Dano e Excesso, Andrea Rehder Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil
2015
Aviso de Incêndio, Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil
EXPOSIÇÕES COLETIVAS [GROUP EXHIBITIONS] 2020
No presente, a vida (é) política, Central Galeria, São Paulo, Brasil
2019
Triangular: Arte deste século, Casa Niemeyer, Brasília, Brasil Aparelho, Maus Hábitos, Porto, Portugal
36° Panorama da Arte Brasileira: Sertão, Museu de Arte Moderna, São Paulo, Brasil 29ª Edição do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil Imagética Hot, Galeria DMAE, Porto Alegre, Brasil
2018
Coletiva, Auroras, São Paulo, Brasil
Tensões Contidas, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, Brasil Brasília Contemporânea, Casa Niemeyer, Brasília, Brasil
A você mostrarei, Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil
Demonstração por Absurdo, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil
Antes da Queda, Andrea Rehder Arte Contemporânea, SP-Arte, São Paulo, Brasil Compensação por Excesso, SP-Arte - Setor Performance, São Paulo, Brasil Entre Acervos, Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, Buenos Aires, Argentina Arte, democracia, utopia: Quem não luta tá morto!, Museu de Arte do Rio, Rio de
Janeiro, Brasil 2017
13° Verbo, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil Osso, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil Não Matarás, Museu Nacional, Brasília, Brasil
Negativo (Instauração), Sesc Belenzinho, São Paulo, Brasil
Quando as formas se tornam relatos, Casa da Cultura da América Latina, Brasília, Brasil Videografias Performativas, Dragão do Mar, Fortaleza, Brasil
As Bandeiras da Revolução, Museu do Homem do Nordeste, Recife, Brasil
2016
A Cor do Brasil, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil Diagrama #1, Galeria Elétrica, Belém do Pará, Brasil
Transborda Brasília, Caixa Cultural, Brasília, Brasil Ondeandaaonda, Museu Nacional, Brasília, Brasil
Behind the sun (Grupo EmpreZa), HOME, Londres, Inglaterra Não existo sem meu corpo, R3 Gabinete de Arte, Goiânia, Brasil Sobre o que agora se pode ver, R3 Gabinete de Arte, Goiânia, Brasil Novos Artistas, Andrea Rehder Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil I Salão Mestre D'Armas, Museu Histórico de Planaltina, Brasília, Brasil 1° Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea, Brasília, Brasil
Dark Mofo (Grupo EmpreZa), Museum of Old and New Art, Tasmânia, Austrália V Bienal Internacional de Performance, Nest Art Center, Bogotá, Colômbia Quero que você me aqueça neste inverno, Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil
2015
Ondeandaaonda, Museu Nacional, Brasília, Brasil
Terra Comunal: Marina Abramovic + MAI (Grupo EmpreZa), Sesc Pompéia, São
Paulo, Brasil
Triangulações, Centro Cultural UFG, Goiânia, Brasil
Triangulações, Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza, Brasil Triângulações, Museu de Arte Moderna, Salvador, Brasil
Anotações Singularidades (Grupo EmpreZa), Paço Imperial, Rio de Janeiro, Brasil 2014
III Salão Xumucuis de Arte Digital, Casa das Onze Janelas, Belém do Pará, Brasil Grupo EmpreZa: Eu como você, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil ENTRECOPAS: Arte Brasileira 1950 - 2014, Museu Nacional, Brasília, Brasil
PAUL SETÚBAL
NASCEU EM [BORN IN] APARECIDA DE GOIÂNIA, BRASIL, 1987
Anotações Singularidades (Grupo EmpreZa), Itaú Cultural, São Paulo, Brasil 6x Simultânea, Museu de Arte Contemporânea, Goiânia, Brasil
2013
Novos Artistas, Galeria Coleção de Arte, Rio de Janeiro, Brasil Diálogo Desenho, Museu Universitário de Arte, Uberlândia, Brasil
Acervo MAC, Museu de Arte Contemporânea, Jataí, Brasil SeuMuseu, Museu Nacional, Brasília, Brasil
32° Arte Pará, Museu do Estado, Belém do Pará, Brasil
19° Salão Unama de Pequenos Formatos, Universidade da Amazônia, Belém do Pará,
Brasil 2012
MAB Diálogos de Resistência, Museu Nacional, Brasília, Brasil 9° Salão de Artes, Sesc Amapá, Macapá, Brasil.
11° Salão Nacional de Arte, Mudeu de Arte Contemporânea, Jataí, Brasil 63° Salão de Abril, Galeria Antônio Bandeira, Fortaleza, Brasil
Novíssimos 2012, Galeria Ibeu, Rio de Janeiro, Brasil
2011
Caos e Efeito (Grupo Empreza), Itaú Cultural, São Paulo, Brasil
1° Bienal Internacional de Gravura de Santos, Pinacoteca Benedicto Calixto, Santos,
Brasil 5° Salão de Artes de Ponta Grossa, Centro de Cultura, Galeria João Pilarski, Ponta Grossa, Brasil
Fora do Eixo, Galeria Rubem Valentim, Espaço Cultural 508 Sul, Brasília, Brasil Eu e Outros Eus Possíveis, Galeria Ido Finotti, Uberlândia, Brasil
FAV Nova Inacabada, Galeria da FAV, Goiânia, Brasil
RESIDÊNCIAS [RESIDENCIES] 2020
Delfina Foundation, Londres, Reino Unido [London, UK] 2019
Despina, Rio de Janeiro, Brasil 2018
Pivô Arte Pesquisa, São Paulo, Brasil 2015
Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil 2012
1° Bienal Universitária de Arte, Belo Horizonte, Brasil 2011
Projeto Fora do Eixo vl.3, Salão/Residência, Brasília, Brasil
PRÊMIOS [AWARDS] 2019
Prêmio de Residência SP-Arte Delfina Foundation, Londres, Inglaterra 2018
Prêmio Foco, ArtRio, Rio de Janeiro, Brasil 2017
45° Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, prêmio aquisição, São Paulo, Brasil 2015 Prêmio Marcantônio Vilaça de Artes Plásticas (Grupo EmpreZa)
2014
20° Salão Anapolino de Arte, prêmio aquisição, Anápolis, Brasil 33° Arte Pará, prêmio aquisição, Belém do Pará, Brasil
2012
I Prêmio Jovem Arte-matogrossense (Grupo EmpreZa), prêmio aquisição, Cuiabá, Brasil 31° Arte Pará (Grupo EmpreZa), grande prêmio, Belém do Pará, Brasil
2011
20° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, Goiânia, Brasil
10° Salão Nacional de Arte de Jataí, prêmio aquisição, Goiânia, Brasil 7° Salão de Artes Visuais de Suzano, prêmio aquisição, Suzano, Brasil 30° Arte Pará, prêmio aquisição, Belém do Pará, Brasil
2010
3° Salão de Artes Plásticas, menção honrosa, São José do Rio Preto, Brasil 2009
19° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, Goiânia, Brasil 2008
18° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, Goiânia, Brasil COLEÇŌES PÚBLICAS
[PUBLIC COLLETIONS]
Casa do Olhar Luiz Sacilotto, Santo André, Brasil Casarao das Artes de Suzano, Suzano, Brasil Centro Cultural UFG, Goiânia, Brasil
Funda ão Romulo Maiorana, Belém do Pará, Brasil Galeria Ant nio Sibasolly, Anapolis, Brasil
Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil Museu de Arte de Brasilia, Brasília, Brasil Museu de Arte Contemporanea, Goiânia, Brasil Museu de Arte Contempor nea de Jatai, Jataí, Brasil