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A FLORESTA ATLÂNTICA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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Academic year: 2019

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CRISTINA SOUZA

A FLORESTA ATLÂNTICA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

FLORIANÓPOLIS

(2)

UDESC

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Centro de Ciências da Educação Curso de Pós – Graduação Stricto Sensu

Programa de Mestrado em Educação e Cultura

CRISTINA SOUZA

A FLORESTA ATLÂNTICA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado e Cultura da Universidade do Estado de Santa Catarina, para obtenção do grau de Mestre em Educação (linha de Pesquisa: Interrelações Homem/Natureza).

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Wagner ad-Vincula Veado

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FICHA CATALOGRÁFICA

S89f Souza, Cristina, 1964-

A floresta atlântica e a educação ambiental [manuscrito] / Cristina Souza. – 2005.

138 f. : il. Color.

Cópia de computador (Printout(s)).

Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Santa Catarina, 2005.

“Orientador: Prof. Dr. Ricardo Wagner ad-Vincula Veado”. Bibliografia e apêndices.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais Domingos e Soélia por permanecerem ao meu lado, mesmo nos momentos de total solidão.

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AGRADECIMENTOS

À Maria mãe de Deus, pela presença acolhedora;

Ao Profº. Dr. Ricardo Wagner ad-Víncula Veado, meu orientador, pela confiança e pelo exemplo de pessoa generosa;

Ao Profº. Dr. Gastão Octávio Franco da Luz, da UFPR que por vários anos palmilhou os caminhos da Educação e que através de sua postura e recomendações, contribuiu para o surgimento deste trabalho;

Ao Profº. Dr. Emilio Trevisan, da SUDERHSA que gentilmente atendeu o pedido, e colaborou com suas reflexões para o desenvolvimento das idéias;

A Professora Isa de Oliveira Rocha, por sua disponibilidade em compor a banca.

À coordenação, aos professores e professoras do Programa de Pós – Graduação, Mestrado em Educação e Cultura da UDESC que, com suas valiosas reflexões contribuíram para a elaboração desse trabalho;

As secretárias e estagiárias do Programa de Pós – Graduação, Mestrado em Educação pelo respeito e dedicação em todos os momentos que solicitei;

Aos bibliotecários, funcionários e estagiários das bibliotecas da UNIVALI (Itajaí) e UDESC que se mostraram sempre receptivos em auxiliar-me na busca por obras cientificas que por inúmeras vezes foram solicitadas em diversas bibliotecas do Estado.

Aos colegas da turma do Curso de Mestrado em Educação da UDESC, ano 2002 pela convivência que produziu discussões valiosas, troca de experiências e mudanças de atitudes;

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Às minhas amigas Elizabete, Adriana, Marcela e Carmem presenças constantes nesse eterno caminhar, passo a passo palmilhando por veredas desconhecidas que é a busca incessante por Educação, e nessa caminhada vocês não esqueceram de estender as mãos me acolhendo e ajudando em todos os momentos;

Ao diretor Douglas Roberto e a professora Maria Cristina Teixeira, por terem garantido o espaço para implementação da pesquisa junto aos alunos e alunas da 4ª série, a todos que de uma forma direta ou indireta se disponibilizaram em participar da pesquisa na Escola Estadual Prefeito Amadio Dalago;

Aos alunos e alunas da 4ª série que aceitaram participar desta pesquisa, principalmente as crianças que se mostraram tímidas e tiveram a ousadia de se exporem;

Ao Sr. Pedro da Limeira e família por sua disposição e atenção, concedendo ao grupo dos alunos da 4ª série visitar o ambiente florestal conservado por eles;

Aos meus irmãos Fioravante, Rosa Maria, José e Sorane, que entenderam e apoiaram, a busca por novos horizontes;

As crianças da minha vida, aquelas que já cresceram e insistem em permanecerem crianças, em especial a Francielle;

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RESUMO

Um dos patrimônios naturais brasileiro que mais vêm sofrendo degradações ao longo dos anos é a Floresta Atlântica. Sua exuberância e biodiversidade chamam atenção não somente dos pesquisadores, mas de todas as pessoas preocupadas com a vida das variadas espécies.

A idéia desse trabalho é como o ecossistema Floresta Atlântica, apesar de ser tão complexo e diverso e 120 milhões de brasileiros viverem nesse domínio, pode passar despercebido pela educação escolar. As cidades vão expandindo seus limites e a Floresta Atlântica fragmentando-se, tornando-se verdadeiras ilhas, onde ficam isoladas algumas espécies de animais e plantas. Esses “fragmentos florestais” são limitados por prédios e condomínios, desequilibrando ainda mais os recursos hídricos, a flora, a fauna e a biodiversidade, que conduz inexoravelmente a um processo de empobrecimento e degradação biológica iminente. A pressão exercida sobre os ecossistemas associados da Floresta Atlântica é enorme, notadamente aquela decorrente da especulação imobiliária e da expansão do tecido urbano. Partindo do princípio que para preservar é preciso conhecer, o presente estudo verificou, através dos alunos de quarta série da Escola Estadual Amadio Dallago, na cidade de Camboriú/SC, as concepções que os alunos têm de floresta; o que ocorreu para terem essas concepções; em que contexto a Floresta Atlântica é conhecida por esses alunos; e interpretando até que ponto o professor é determinante diante dessas concepções de floresta que os alunos de quarta série do Ensino Fundamental Séries Iniciais possuem.

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RESUMEN

Uno de los patrimonios naturales brasileros que vine sufriendo más degradaciones hace años, es la Floresta Atlântica. Su exuberância y biodiversidad llaman la atención no solamente de los encuestadores, y si de todas lãs personas procupadas con la vida de diferentes espécies. La Idea de este trabajo es como el bioma de la Floresta Atlântica, a peasr de ser tan complejo y diverso y 120 millones de brasileros vivan em este domínio (Schäffer e Prochnow 2002), puede pasar desapercebido por la educación escolar. Lãs ciudades expandem sus limites y la Floresta Atlântica se fragmenta, transformandose em verdaderas islas, donde quedan isoladas algunas espécies de animales y plantas. Estos “fragmentos florestales” son limitados por edifícios e condomínios cerrados, que desequilibran los recursos hídricos, la flora, la fauna y la biodiversidad, lo que nos lleva inevitablemente a um porceso de pobreza y degradación biológica inminente. La presión ejercida sobre los ecosistemas asociados de la Floresta Atlantica es enorme, principalmente aquella que proviene de la especulación inmobiliaria y de la expación urbana. Partiendo Del pricípio que para preservar es necesário conocer, este estúdio verifico, através de los alumnos de quarto grado de la Escuela Provincial Amadio Dallago, em la ciudad de Camboriú/SC, las concepciones que los alumnos tienen de la floresta; que acurrió para que tengan estas concepciones; sobre cual contexto la Floresta Atlântica es conocida por los alumnos; y interpretando hasta que punto el profesor es determinante delante de estas concepciones de la floresta que los alumnos de cuatro grado del primário tienen.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

MAPA 1: Remanescentes no domínio da Mata Atlântica...23

FIGURA 1: Animais modelados pelas meninas da 4ª série matutino ...96

FIGURA 2: Animais modelados pelos meninos da 4ª série matutino...98

FIGURA 3: Animais modelados pelas meninas da 4ª série vespertino...99

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Concepções de florestas dos alunos da 4a série do período matutino ...84

GRÁFICO 2: Concepções de florestas dos alunos da 4a série do período vespertino ....85

GRÁFICO 3: Concepções de florestas dos alunos do período matutino ...86

GRÁFICO 4: Concepções de florestas dos alunos do período vespertino ...87

GRÁFICO 5: Meios de comunicação e conhecimento... ...88

GRÁFICO 6: Meios de comunicação e conhecimento... ...87

GRÁFICO 7: As florestas e matas conhecidas pelos alunos do período matutino ...90

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LISTA DE ABREVIATURAS

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente DMA – Domínio da Mata Atlântica

EA – Educação Ambiental

FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente MEC – Ministério da Educação

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Área da Mata Atlântica segundo definição do – CONAMA... ...24

QUADRO 2: Remanescentes Florestais no Domínio Mata Atlântica, DMA ...25

QUADRO 3: Estágios sucessionais da vegetação...38

QUADRO 4: Estágios sucessionais da vegetação...40

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LISTA DE APÊNDICES

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - Relação das 38 espécies consideradas como importantes ...147

ANEXO B – Desenho de floresta da professora ...149

ANEXO C – Desenho de floresta dos alunos da 4ª série matutino e vespertino...150

ANEXO D – Desenho das alunas da 4ª série matutino (imagens de floresta) ...164

ANEXO E – Desenho dos alunos da 4ª série matutino (imagens de floresta) ...167

ANEXO F – Desenho das alunas da 4ª série vespertino ...169

ANEXO G – Desenho dos alunos da 4ª série vespertino ...173

ANEXO H – Desenho dos alunos da 4ª série matutino...176

ANEXO I – Desenho das alunas da 4ª série matutino ...178

ANEXO J – Desenho dos alunos da 4ª série vespertino...180

ANEXO K – Desenho das alunas da 4ª série vespertino ...182

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SUMÁRIO

RESUMO...viii

RESUMEN ...ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...x

LISTA DE GRÁFICOS ...xi

LISTA DE ABREVIATURAS...xii

LISTA DE QUADROS...xiii

LISTA DE APÊNDICES ...xiv

LISTA DE ANEXOS...xv

1 INTRODUÇÃO ...17

2 JUSTIFICATIVA...23

3 OBJETIVOS...31

3.1 Objetivo Geral ... 31

3.2 Objetivos Específicos ... 31

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...32

4.1 A floresta Atlântica... 32

4.2 O canal aberto para a educação ambiental... 41

4.3 Entre o discurso único da televisão e a possibilidade da desconstrução desse discurso 50 5 METODOLOGIA ...57

5.1 Tipo de pesquisa ... 57

5.2 Técnicas de Coletas ... 57

5.3 Procedimentos ... 60

5.4 Análise e Interpretação dos Dados ... 67

6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO ESTUDO ...69

6.1 A voz da Educadora... 69

6.2 As representações de florestas dos alunos... 82

7. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO ...126

8 REFERÊNCIAS...130

9 APÊNDICE...139

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1 INTRODUÇÃO

De todos os patrimônios naturais existentes no Brasil, um dos que vem sofrendo degradação é o ecossistema Floresta Atlântica. Segundo Schäffer e Prochnow (2002, p. 12) “São 120 milhões de brasileiros que vivem na área de domínio do bioma Mata Atlântica” e, continuam:

[...] comparada com a Floresta Amazônica a Mata Atlântica apresenta, proporcionalmente, maior diversidade biológica. No caso dos mamíferos, por exemplo, estão catalogadas 218 espécies na Mata Atlântica contra 353 na Amazônia, apesar desta ser quatro vezes maior do que a área original da primeira.

Os remanescentes do ecossistema Floresta Atlântica estão presentes em dezessete Estados da Federação situados ao longo da costa Atlântica. De acordo com Medeiros (2002, p. 103) “[...] Santa Catarina situa-se hoje como o terceiro Estado brasileiro com maior remanescente da Mata Atlântica, resguardando cerca de 1.662.000 há, ou 17,46% da área

original[...]”.

Devemos ter em mente que o Brasil é um país que ocupa parte significativa da Zona Neotropical. E conforme o IBGE (1991, p. 12) “as fisionomias ecológicas aqui observadas são tropicais, com pequenas áreas subtropicais sazonais com vegetação tropical nas encostas

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Savana nos campos do Sul. Além da cobertura vegetal, ocorrem as formações pioneiras do sistema edáfico de primeira ocupação: as restingas e dunas, com influência marinha, os manguezais e campos salinos, com influência flúvio-marinha, e as comunidades aluviais com influência fluvial.

Em cada cobertura vegetal dessas regiões florísticas ocorre uma fauna adaptada às condições ambientais existente.

O município de Camboriú, onde foi aplicada a pesquisa, está localizado no litoral Norte de Santa Catarina, muito próximo a região do Vale do Itajaí. O Estado de Santa Catarina situa-se no Sul do Brasil, bem no centro geográfico das regiões de maior desempenho econômico do país, Sul e Sudeste. Relembrando ainda que a área do Estado corresponde tão somente a 1,12% do território brasileiro e no Mapa Fitogeográfico do Estado de Santa Catarina (Klein, 1978) a cobertura florestal está subdividida em 6 formações vegetais bem distintas: ao longo do litoral Atlântico encontra-se a Vegetação Litorânea, a Floresta Pluvial da Encosta Atlântica, Floresta Nebular, a Floresta de Araucária ou dos Pinhais, os Campos e a Floresta Subtropical.

No Estado de Santa Catarina, a Floresta Atlântica ocupa cerca de 1/3 da superfície do Estado. Para Klein (1978, p. 3)

[...] correndo quase paralelamente ao Oceano Atlântico, enquanto se alargava sensivelmente para o interior na altura do Vale do Itajaí [...] até altitudes compreendidas entre 700 - 800 metros, alcançando uma penetração de aproximadamente 150 km. Ao norte da costa catarinense, bem como no Vale do Itajaí, as encostas são bastante íngremes, formando vales estreitos e profundos, cobertos por densa floresta até quase o alto.

A Floresta Atlântica é formada por uma luxuriante vegetação florestal densa e úmida na qual alguns agrupamentos de diferentes espécies de árvores chegam a ter de 30 a 35 metros de altura. No seu interior temos diversos estratos ou sinusias inferiores, árvores, arvoretas, arbustos e ervas. Além dos estratos, a floresta apresenta uma quantidade extraordinária em epífitas. Klein (Id, p.3) destaca os representantes das famílias das “[...] Bromeliáceas, Orquidáceas, Aráceas, Piperáceas, Gesneriáceas, Cactáceas, diversas famílias de

samambaias (Pteridófitas) e grande número de lianas [...]”.

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tajacu) e mais uma variedade de aves, de répteis, de peixes e de anfíbios. (Capobianco, 2002).

É inquietante desfrutarmos de um patrimônio como a Floresta Atlântica tão diversificado na fauna e flora e esse ambiente, apesar de tão próximo, na circunvizinhança da cidade e da escola pesquisada acaba passando despercebido pela educação formal. Essa insensibilidade em relação a floresta Atlântica não é um caso isolado ou um problema somente da cidade de Camboriú, do Estado de Santa Catarina ou do Brasil, esta questão é global. A floresta tropical, no planeta, vem sendo constantemente agredida por diversas atividades, desde o desflorestamento de enormes áreas para o cultivo de grãos e para a criação de gado bem como a utilização de matérias primas para a industria madeireira e do papel. Mas, além dessas questões econômicas e sociais, a ignorância e a falta de conhecimentos científicos em relação a esses ambientes corroboram para o processo de devastação que esse ecossistema vem sofrendo.

Todas as florestas, especialmente aquelas localizadas nos trópicos, vêm sendo dizimadas pelos vários segmentos da sociedade, pelas grandes corporações alimentícias, pelas industrias de papel e celulose e até pelos camponeses com o aval de governos irresponsáveis que não promovem a justiça no campo e na cidade.

Após anos de destruição e caos, nas florestas do Hemisfério Norte e Sul, uma parte significativa das florestas que resta está localizada nos trópicos, espaço esse que abriga os países em desenvolvimento ou dito do Terceiro Mundo. Na busca do crescimento econômico e social, as autoridades políticas desses países, em muitas situações, devastam o que pouco resta para atingirem os seus objetivos de crescimento econômico, sem avaliar as graves conseqüências dos seus atos para com esses ambientes e para com a sociedade.

As florestas tropicais, como as demais florestas, têm a sua importância e o seu valor. Um desses valores é a diversificação de plantas existentes, as quais, pesquisadas e manipuladas adequadamente, produzem princípios ativos que favorecem a sociedade e conseqüentemente desenvolvem as transnacionais de fármacos. Como nos faz lembrar Myers (1991, p. 48) “[...] os lucros obtidos com esses elementos extraídos das plantas, as vendas mundiais alcançam quase 30 bilhões de dólares”. E o retorno desses lucros, tanto para a sociedade como para os ambientes florestais, é mínimo.

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retornar ao solo como chuva. O desflorestamento de grandes áreas afeta o ciclo de água local. Sem a floresta para estocar água, longos períodos de seca tornam-se mais freqüentes. Dessa maneira, à medida que desaparece a floresta, também são extintas suas espécies.

Nesse sentido, a preservação das florestas dependerá não apenas das autoridades políticas, mas de uma parceria entre os diversos segmentos da sociedade. Os projetos de conservação de florestas tropicais, patrocinados pelos organismos internacionais minimizam a degradação que as florestas constantemente sofrem e também, de alguma maneira, esses projetos promovem o desenvolvimento que, por hora, ainda está sendo discutido já que, de fato, não se sabe bem ao certo quais as reais intenções dessas organizações para a proteção desses ambientes. Vários desses projetos são mantidos por conglomerados transnacionais que possuem suas representações de ambientes florestais e que em diversas situações entram em conflito com as culturas locais.

Diante desse quadro, o melhor a fazer é perguntar: qual está sendo o papel da Educação Ambiental (EA) na educação formal?

Educação Ambiental (EA) que para Medina (2000, p. 15)

[...] é um processo que afeta a totalidade da pessoa, propiciando uma compreensão crítica e global do meio ambiente para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adotar uma posição crítica e participativa a respeito das questões ambientais.

Enquanto que para Noal (2000, p. 384) “O papel da educação ambiental adquire importância ao se inserir gradativamente em um contexto de formulação de políticas públicas

direcionadas para redução das desigualdades”.

Assim também, a EA não é apenas um processo de sensibilização ou percepção ambiental. Vai mais além, é uma mudança de consciência1.

A Educação Ambiental distingue-se da educação geral na tentativa de buscar soluções para as questões ambientais. A EA começou a se configurar nos anos 60 e 70 por força dos movimentos sociais em defesa do meio ambiente.

Em 1972, a ONU (Organização das Nações Unidas) promoveu uma conferência, em Estocolmo na Suécia, onde compareceram representantes de Estado e também membros de organizações da sociedade civil, tendo como objetivo reivindicar soluções para os problemas

1

(21)

ambientais que até então eram simplesmente tratados como conseqüência de uma sociedade capitalista.

A partir dessa conferência surgiram inúmeros estudos e documentos que levaram à reflexão de como o Estado e a sociedade vinham tratando a questão ambiental.

A primeira conferência intergovernamental sobre EA ocorreu em Tbilisi (1977) quando ficou evidenciado que o indivíduo deveria ser despertado a participar ativamente na solução de problemas ambientais do seu cotidiano. Todos esses documentos discutiram a EA e os princípios a serem desenvolvidos na escola. Nesse documento, a EA é definida como:

Um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para atender e apreciar inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. Sato (2002, p. 23)

No contexto nacional brasileiro, a EA ensaiava seus primeiros passos apesar de ser conduzida por um regime político autocrata, vivendo em um ambiente político cerceador dos direitos individuais e sociais. Desse modo, a EA começou a ser institucionalizada através da Política Nacional do Meio Ambiente definida pela lei nº 6.938/81 e com a criação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). O artigo 2º estabeleceu, naquela época, que a EA deveria ser oferecida “em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do Meio Ambiente”. (LEGISLAÇÃO AMBIENTAL, 2000).

Em 1987, na cidade de Moscou (Rússia), realizou-se uma avaliação sobre o desenvolvimento da EA desde a Conferência de Tbilisi. Segundo Pedrini (1997), a partir desta avaliação ficou definido que a EA deveria preocupar-se com a promoção da conscientização e transmissão de informações, bem como com o desenvolvimento de hábitos e habilidades, promoção de valores e estabelecimento de critérios, analisando também quais as metas a alcançar para a década de 90, que seriam:

[...] desenvolvimento de um modelo curricular, intercâmbio de informações sobre o desenvolvimento de currículo; desenvolvimentos de novos recursos instrucionais; promoção de avaliações de currículos, capacitar docentes e licenciados em EA, informar sobre a legislação ambiental. Pedrini (1997, p. 29)

Reigota (1998, p. 62) considera que “[...] a educação ambiental como educação política está empenhada na formação do cidadão nacional, continental e planetário,

(22)

Assim sendo, é através da EA que há possibilidades de vislumbrar uma outra maneira de fazer educação, pois a EA é uma questão de formação do cidadão é um processo a ser construído por intermédio da constante reflexão sobre a vivência de situações concretas, transformando-se num projeto de vida pessoal e coletivo, pois é através de um compromisso coletivo que se vislumbram as diversas maneiras de ampliar a consciência ambiental. A EA permeia o cotidiano das pessoas intervindo nas suas reflexões e criando desafios, busca atitudes de mudanças, visando a interação menos agressiva entre seres humanos e natureza.

(23)

2 JUSTIFICATIVA

Conforme o Dicionário de Botânica (1973), floresta significa: “do latim foresta, terreno ocupado por árvores, bosque”. Enquanto que Mata, em termos botânicos, conforme o dicionário, é “porção de terreno ocupada de árvores da mesma espécie”. No trabalho aqui desenvolvido seguirei as indicações de Hertel (1969, p. 223) no qual a floresta:

[...] é um organismo de vida extremamente complexa, bastante sensível, dentro do qual o húmus, a água, o conjunto das raízes, musgos, as ervas, arbustos, troncos e copas, desempenham certos e determinados papéis, tão importantes como as partes desempenhadas nessa ação em conjunto [...].

Ao passo que o dicionário de Educação Ambiental (Dashefsky, 2001) expressa a floresta em várias categorias: floresta Boreal, Conífera, Decidual Temperada, floresta Nacional de Tongass2, floresta Tropical Úmida. Embora o dicionário auxilie a uma rápida compreensão do termo, floresta, vai além. No mínimo, a floresta deve ser conhecida para ser compreendida como um enorme sistema dinâmico.

O Estado de Santa Catarina tem uma extensão de 95.985 km² e segundo Klein (1978, p. 3) a Floresta Atlântica ocupa “[...] 1/3 da superfície do Estado, correndo quase paralelamente ao Oceano Atlântico enquanto se alarga sensivelmente para o interior na altura do Vale do Itajaí [...]”. Observemos no Mapa 1.

Mapa 1: Remanescentes no domínio da Mata Atlântica em Santa Catarina.

Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica, Schäffer e Prochnow, 2002, p. 18.

2

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Para Medeiros (2002, p. 103)

Com uma extensão territorial de 95.985 km², dos quais 85% ou 81.587 km², estavam originalmente cobertos pela Mata Atlântica, Santa Catarina situa-se hoje como o terceiro Estado brasileiro com maior área de remanescentes da Mata Atlântica, resguardando cerca de 1.662.000 ha, ou 17,46% da área original.

Para uma melhor visualização, podemos observar no Quadro 1, a “Área original da Mata Atlântica” segundo definição do Conselho Nacional do Meio Ambiente, (CONAMA), e no Quadro 2, “Remanescentes Florestais” no Domínio Mata Atlântica (DMA).

QUADRO 1: Área original da Mata Atlântica segundo definição do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA

Área UF Área Original (DMA)

UF

Km²(a) Km² (b) %(c)

AL 27.933 14.529 52,01

BA 567.295 177.924 31,36

CE 146.348 4.878 3,33

ES 46.184 46.184 100,00

GO 341.290 10.687 3,13

MS 358.159 51.536 14,39

MG 588.384 281.536 47,81

PB 56.585 6.743 11,92

PE 98.938 17.811 18,00

PI 252.379 22.907 9,08

PR 199.709 193.011 96,65

RJ 43.910 43.291 98,59

RN 53.307 3.298 6,19

RS 282.062 132.070 46,82

SC 95.443 95.265 99,81

SE 22.050 7.155 32,45

SP 248.809 197.823 79,51

Total 3.428.783 1.306.421 38,10 (a)

IBGE, 1999 (b)

ISA, 1999 (c)

Sobre a área da UF

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QUADRO 2: Remanescentes Florestais no Domínio Mata Atlântica, DMA

Área DMA(1) Remanescentes Florestais

UF

Km² Km² % DMA % Área da

AL 14.529 877(2) 52,01 3,14

BA 177.924 12.674(3) 31,36 1,71

CE 4.878 2.743(2) 3,33 1,87

ES 46.184 3.873(4) 100,00 8,39

GO 10.687 65(4) 3,13 0,02

MS 51.536 396(4) 14,39 0,11

MG 281.536 11.251(4) 47,81 1,91

PB 6.743 584(2) 11,92 1,03

PE 17.811 1.524(2) 18,00 1,54

PI 22.907 24(2) 9,08 0,01

PR 193.011 17.305(4) 96,65 8,67

RJ 43.291 9.289(4) 98,59 21,15

RN 3.298 840(2) 6,19 1,58

RS 132.070 5.065(4) 46,82 1,80

SC 95.265 16.662(4) 99,81 17,46

SE 7.155 1.367(2) 32,45 6,20

Área DMA(1) Remanescentes Florestais

UF

Km² Km² % DMA % Área da

SP 197.823 17.916(4) 79,51 7,20

Total 1.306.421 102.455 7,84 2,90

(1)

ISA, 1999 (2)

Sociedade Nordestina de Ecologia (3)

Fundação SOS Mata Atlântica e INPE (dados de 1990) (4)

Fundação SOS Mata Atlântica, INPE e ISA (dados de 1995)

DFA – Domínio da Mata Atlântica (CONAMA, 1992)

Gonçalves (2002, p. 133) alerta: “A Mata Atlântica e seus associados vivem a perversa situação de figurar entre as mais ricas em termos de biodiversidade e mais

ameaçadas regiões ecológicas do planeta”.

Para Reitz e Klein (1978, p. 11) a vegetação litorânea era originariamente coberta por: “[...] densas e vigorosas florestas, no seio das quais vicejavam árvores fornecedoras de preciosas madeiras, que desde logo chamaram a atenção dos colonizadores”.

(26)

Para Rebelo (2002, p. 57) “Quanto maior a diversidade biológica de uma determinada floresta, maior será a sua diversidade química [...]”. E vai mais além, o óleo extraído dessas partes das plantas tais como: folhas, frutos, flores, raízes e cascas “[...] podem ser usados in natura na formulação de medicamentos, cosméticos [...]”. Muitos dos pesquisadores, vários deles oriundos dos grandes centros de pesquisas internacionais, buscam encontrar na diversidade biológica da floresta tropical brasileira as respostas para suas pesquisas, porém essa procura já ultrapassou o limite da pesquisa, chegando ao extremo de um saque, tamanha a comercialização ilegal de determinadas plantas e conseqüentemente ao patenteamento do princípio ativo das mesmas. Pior do que o saque ocorrido nas florestas brasileiras por parte desses pseudo pesquisadores é a falta de incentivo e de investimentos nas pesquisas produzidas nos centros biotecnológicos do Brasil. O incentivo e incremento à pesquisa de fármacos, genuinamente nacionais, tem que partir das agências fomentadoras de pesquisa do país. Dessa forma, aliando a sabedoria popular com os conhecimentos científicos adquiridos ao longo dos anos de pesquisas e estudos, a população humana poderá se beneficiar da biodiversidade das florestas na produção de remédios, sendo essa uma alternativa para minimizar as dificuldades enfrentadas em localidades tão distantes dos centros urbanos e até mesmo das populações que habitam as áreas periféricas desses grandes centros.

Muitos estudiosos trabalharam incansavelmente para ampliar os conhecimentos sobre as aplicações dos fitoterápicos. Reitz (1950), foi um desses pesquisadores que dedicaram praticamente a sua vida em prol das descobertas de espécies vegetais que até então eram desconhecidas dos meios científicos. Coletas e seleções de espécies adquiridas, com sua obstinação, em meio a exaustivas incursões embrenhadas por todo Estado de Santa Catarina, onde mantinha preservadas as estações de coletas as quais visitava periodicamente para suas observações. Numa época em que as pesquisas de campo eram realizadas por meio de longas caminhadas, tração animal ou então por outros meios que não apresentavam o mínimo conforto, esse estudioso catalogou várias plantas medicinais, beneficiando muitas gerações que fizeram dos vegetais um aliado para combater inúmeras doenças. Reitz (1950) catalogou uma variedade de plantas medicinais das florestas de Santa Catarina entre as quais se destacam:

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Reitz (1950), não se limitou apenas a estudar algumas espécies de plantas medicinais e sim a centenas de espécies, que foram observadas e estudadas, tendo o pesquisador registrado os exemplares desde a colheita até a sua classificação botânica, fitográfica, fitogeográfica, as partes usadas dessas plantas, constituição química, usos terapêuticos. Todo arcabouço botânico conquistado por Reitz e mantido pelo Herbário Barbosa Rodrigues de Itajaí -Santa Catarina, contribuiu e vem contribuindo com os pesquisadores das mais distantes regiões do Brasil e de outros países, que buscam no Herbário uma fonte segura para suas pesquisas. A biodiversidade existente nas florestas de Santa Catarina e do Sul do Brasil colaborou para a realização dessa obra tão inestimável para todos os pesquisadores que dedicam suas vidas para o estudo da flora.

Essa mesma floresta que colabora com tantos estudiosos que buscam em suas espécies vegetais respostas para os mais variados problemas, vem sendo de maneira arrogante fracionada para os mais variados fins pelos diversos segmentos da sociedade.

Cada vez mais, a Floresta Atlântica vem sendo reduzida pelos mais diferentes setores como nos indicam Schäffer e Prochnow (2002, p. 14) “[...] os setores agropecuário, madeireiro, siderúrgico e imobiliário pouco se preocuparam com o futuro das florestas ou

com a conservação da biodiversidade. Pelo contrário sempre agiram objetivando o maior

lucro no menor tempo possível”.

A diversidade das espécies arbóreas das florestas catarinenses contribuiu para a ambiciosa procura por árvores fornecedoras de madeiras nobres. Para Reitz e Klein (1978, p.11) “[...] foi tão importante economicamente, a exploração e a exportação de madeiras que historicamente, se poderia falar nos diferentes ciclos de madeiras em Santa Catarina”.

Além da diversidade e riqueza das florestas catarinenses, outro fator que impulsionou a exploração e exaustão desses recursos naturais foi o grande empreendimento capitalista no inicio do século XX, fato que não passou despercebido pela história catarinense tendo conseqüências para a geografia e a economia do Estado. Um dos símbolos desse empreendimento foram as parcerias entre os investidores estrangeiros e brasileiros no qual a ocupação de vastas áreas de terra gerou uma série de conflitos entre pequenos proprietários, posseiros, índios e habitantes tradicionais. O trem a vapor foi a expressão máxima dessa modernidade e também instrumento do conflito e da dominação que teve como expressão maior a guerra sertaneja do Contestado. O colosso empresarial administrado pelo investidor estrangeiro Farquhar monopolizou em poucos anos milhares de hectares de terras, devastou a flora e aniquilou de maneira desleal os pequenos proprietários.

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A ferrovia implicava no contato direto com a “civilização” e com interesses econômicos fortemente estabelecidos também em outras regiões. Logo começa a utilização, além do gado e da erva-mate de uma outra grande riqueza praticamente inexplorada em moldes “racionais” o pinheiro, fartamente encontrado na região do planalto catarinense. [...] cria Lumber Company.

A Lumber Company teve o objetivo de explorar os recursos florestais disponíveis e montou serrarias com capacidade de extrair, transportar e serrar madeiras sendo que o processo era todo mecanizado. Toda a produção era transportada pelos portos de Paranaguá e São Francisco através da própria companhia. Porém não somente a cobertura florestal da região sofreu com os interesses escusos do truste Farquhar, toda uma população que ocupava a região Contestada começou a resistir com fúria, dando inicio a uma das mais dramáticas guerras sertanejas do Brasil.

Na região do Contestado, a Lumber, dilapidou em poucos anos, as florestas nativas. A (Araucária angustifólia) pinheiro, árvore de grande porte, de dureza e de maior potencial de aproveitamento foi, por tais excepcionais qualidades, a mais cobiçada. Sua importância anterior, para o estoque indígena e para os raros ocupantes era meramente alimentar, graças a uma semente de qualidade nutritiva. Outras espécies arbóreas extremamente duras como as imbuias (Ocotea porosa), canelas (Ocotea catharinensis) e cedros (Cedrela fissilis) também foram objetos prioritários do extrativismo vegetal, estimulando a nascente industria de mobiliário e da celulose papel.

Infelizmente, em um passado recente, a floresta das araucárias (Araucária angustifólia) sofreu com a ambição desenfreada de um grupo que conseqüentemente refletiu na sociedade. Atualmente, diversas espécies arbóreas, das quais muitas são classificadas como nobres, vêm sendo retirada do ecossistema floresta Atlântica que conforme Schäffer e Prochnow (2002, p. 20):

[...] para o corte seletivo foram sempre escolhidas as melhores, mais retas e mais perfeitas árvores da floresta. Não para serem preservadas para matrizes produtoras de sementes, mas para serem derrubadas e vendidas. Aos poucos as melhores canelas, perobas, cedros, araucárias, imbuias e muitas outras espécies nobres foram sendo retiradas da Mata Atlântica.

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Alguns fatores contribuem para acelerar o declínio das populações de animais das florestas. Entre eles a construção de barragens e a rápida urbanização que vem atingindo alguns centros urbanos. As cidades vão expandindo seus limites e a floresta Atlântica fragmentando-se, tornando-se verdadeiras manchas florestais onde ficam isolados uma variedade de animais e plantas. Esses fragmentos florestais são limitados por prédios e condomínios, desequilibrando ainda mais os recursos hídricos, a flora, a fauna e a biodiversidade que conduz a um processo de empobrecimento e degradação biológica iminente. Uma das medidas para minimizar esse desgaste que a fauna silvestre vem sofrendo seriam os corredores ecológicos nas áreas urbanas. De acordo com Schäffer e Prochnow (Id, p. 28) “Os Corredores Ecológicos são áreas que unem os remanescentes florestais possibilitando o livre trânsito de animais e a dispersão de sementes das espécies vegetais.

Também garante a conservação dos recursos hídricos e do solo [...]”. Os animais que conseguem escapar da degradação provocada pela intervenção antrópica se refugiam nesses fragmentos florestais, continuando com o seu ciclo biológico.

Ao refletir como a sociedade humana pode ser responsabilizada pela situação degradante que se encontra a floresta, questiono o próprio modelo de produção que é predatório e contraditório, já que impede muitas vezes que a maioria dessas populações se beneficie dos recursos extraídos das florestas. Embora a maioria da população humana não tenha acesso aos bens que são produzidos, uma minoria da população usufrui desses bens, de maneira irracional. Tanto o Brasil, como outros países, cultuam o desperdício. Aquele velho pensar que os recursos da natureza são inesgotáveis está fixado nas mentalidades das populações dos Hemisférios Norte e Sul, impedindo que se pense outras maneiras de relação da sociedade com a natureza. Na realidade, participamos de um sistema econômico globalizado e esse sistema determina um modo específico de exploração dos recursos naturais e do uso do trabalho humano.

Para as populações tradicionais, que vivem no interior das florestas, os povos de várias tribos indígenas têm na floresta seu hábitat, seu lar; para os botânicos que se aventuram no interior das florestas em busca de respostas para suas pesquisas, as florestas possuem seu significado e valor; para outros grupos, a floresta representa um obstáculo que precisa ser vencido para alcançar seu objetivo de enriquecimento. Dessa maneira, as representações que cada grupo faz do meio natural tem uma conseqüência para esse ambiente. Diegues (2002 p.65) afirma: “Torna-se, assim, necessário analisar o sistema de representações (simbólicas) que indivíduos e grupos fazem de seu ambiente, pois é com base nelas que eles agem sobre o

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Representação nesse trabalho expressa as opiniões, as idéias, as imagens de floresta que possuem os estudantes e professora da escola pública estadual da cidade de Camboriú/Sc. Já que pela circunvizinhança da escola, bairro e cidade, ocorrem fragmentos da floresta Atlântica, inquietou-me saber que os estudantes da 4ª série representam a floresta com seus elementos naturais, porém desconhecem os animais que habitam a floresta brasileira. Como também de maneira muito real expressaram através dos desenhos e discursos a flora, fauna, animais e água, onde a riqueza desses recursos contrasta com os constantes desflorestamentos. Os estudantes, em suas narrativas sobre as florestas brasileiras, desvelaram desconhecer a floresta Atlântica que por sinal está tão próxima dos olhos, mas distantes das percepções dos estudantes, professora e comunidade escolar, mostrando nitidamente que o ambiente florestal é um mundo a parte não fazendo parte do cotidiano desse grupo de estudantes.

É com base nessas representações de floresta, dos estudantes e professora, que se vislumbrou o conhecimento da fauna e flora da floresta Atlântica, bem como sua proteção já que o envolvimento dos estudantes na pesquisa não ficou restrito em saber qual a concepção que o estudante tem de floresta, mas também buscou levar os estudantes a entrarem em contato com esse ambiente, observando suas reações, emoções e como eles pensam em proteger esse ecossistema.

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Verificar as concepções de floresta dos alunos de quarta série do Ensino Fundamental das Séries Iniciais de uma escola da Rede Estadual de Ensino, em Camboriú/SC.

Analisar o que causa estas concepções de floresta.

3.2 Objetivos Específicos

Interpretar até que ponto o professor é determinante diante dessas concepções de floresta que os alunos de quarta série do Ensino Fundamental Séries Iniciais possuem.

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4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 A floresta Atlântica

A cobertura florestal do planeta está se fragmentando de uma maneira assustadoramente acelerada. Segundo Wilson (1997, p. 13) “A cobertura da Floresta Atlântica do Brasil [...] já se foi em 99%. Em condição ainda pior na verdade estão as

florestas de muitas ilhas menores da Polinésia e do Caribe”.

No Estado de Santa Catarina, o quadro de evolução das florestas também não difere muito do cenário nacional e global, embora muitos abnegados, entre eles naturalistas, ecologistas e idealistas tentem interromper o quadro de fragmentação e isolamento que atinge o ecossistema Floresta Atlântica catarinense.

Muitos dos ecossistemas que compõem esse bioma também vêm suportando a intervenção antrópica, mas já dando sinais evidentes de um esgotamento dos seus recursos que, em curtíssimo tempo, estarão completamente exauridos.

Como nos relata Dean (2002, p. 20) “Há quinhentos anos, um povo urbanizado se apossou dessas terras, e seus contingentes e seu consumo da riqueza natural não pararam de

crescer [...]”.

A floresta estava lá com toda a sua evolução natural, em um mundo de competição, onde a dinâmica da vida brindava a todos com um breve momento de soberania, e Dean (Id, p. 29) completa: “[...] a floresta vem à vida e se enche dos ganidos, gritos e guinchos de sapos, pássaros e insetos, envolvidos em um milhão de dramas de caça, fuga e copulação”.

Breve também era a soberania dos primeiros habitantes que fizeram de caáetê seu habitat natural, assim chamavam a floresta verdadeira, a floresta ilesa. Mas para os recém chegados de terras distantes, a floresta era uma reserva viva de madeiras que podia ser extraída ambiciosamente, pois a natureza pródiga lhes oferecia os seus frutos. Por esse pensamento, os recursos da natureza eram inesgotáveis; ao homem foi conferido o direito de estar no centro do universo; a natureza estava submetida ao homem. Por essa idéia foram gestados os sonhos de milhares de pessoas que para o Brasil se aventuraram em busca de terras e algo mais que pudesse dar um rápido enriquecimento e, conseqüentemente, uma breve estada.

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E Dean acrescenta (Ibid, p. 23) “A história florestal corretamente entendida é, em todo o planeta, uma história de exploração e destruição”.

Uma floresta que outrora cobria cerca de um milhão de quilômetros quadrados e que tomava a costa leste da América do Sul. Conforme Dean (2002, p. 25) “Esse complexo tem sido chamado de Mata Atlântica brasileira, associado à outra muito maior, a Floresta

Amazônica, mas distinto dela”. Embora a Floresta Amazônica seja quatro vezes maior do que a área original da Floresta Atlântica, a biodiversidade desta é muito maior.

Segundo Schaffer e Prochnow (2002, p. 12) “Comparada com a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica apresenta proporcionalmente maior diversidade biológica”. Para Dean (Id, p. 25) “A Mata Atlântica era em si mesma de uma diversidade extraordinária, levando-se em conta seu tamanho relativamente modesto”.

Desde os primeiros anos da colonização, não somente o Brasil, mas a América inteira sofreu todo o tipo de degradação por parte dos colonizadores e invasores ingleses, franceses, holandeses e espanhóis. A história do Brasil Colônia demonstra os vários ciclos econômicos desenvolvidos e que foram verdadeiros desastres ecológicos para as florestas.

No período colonial a natureza foi imaginada como uma fonte inesgotável de recursos. Para Raminelli (1999, p.65) “Por longos séculos, a natureza foi concebida como fonte de recursos, concebidos como infinitos”.

O antropocentrismo reinante determinava que a natureza estava ali para servir ao homem inesgotavelmente.

A extração do pau-brasil (Caesalpinia echinata), seguida pelo cultivo da cana-de-açúcar, exploração das Minas Gerais com a conseqüente destruição e/ou contaminação dos recursos hídricos, a pecuária, os cultivos de espécies vegetais estranhas ao nosso ecossistema e desprovidos de técnicas que permitissem o sucesso desses empreendimentos contribuíram para agravar a exploração predatória do meio natural. Raminelli (Id, p. 57) considera que “Essa economia, no entanto, fazia-se em detrimento da Mata Atlântica e da preservação das espécies nativas, pois a natureza do Brasil era imprópria para os interesses mercantilistas”.

A herança cultural legada pelos colonizadores (extrativismo depredatório) reflete-se nos dias atuais em nossa forma de conceber e de nos relacionarmos com as florestas.

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Segundo Gusmão (1990, p.12) “[...] essa primeira etapa da ocupação do território foi caracterizada, principalmente por atividades predatórias, voltadas para a extração de

madeira que visava abastecer o mercado europeu”. Nas etapas posteriores, a preocupação não era apenas ocupar e fixar os povoados no litoral, mas embrenhar-se nas matas a procura de outras atividades produtivas que refletissem além-mar. Essas incursões no interior do país favoreceram a formação dos primeiros núcleos urbanos.

Com toda degradação que o ecossistema florestal sofreu, principalmente a Floresta Atlântica, por parte dos colonizadores europeus, ao ocuparem o território brasileiro, até os dias atuais, a exploração indiscriminada dos recursos, sendo que os desmatamentos para retirada de árvores nobres, as queimadas provocadas para o preparo da terra ao cultivo das monoculturas, os extrativismos, as ocupações, a área da Floresta Atlântica sendo reduzida para que as cidades expandam os seus limites tendo conseqüências sérias para esse ambiente. Dean salienta (2002, p. 31) “Mesmo o que resta é indescritível em termos práticos e imensamente complexos”. Para se ter uma idéia da grandiosidade do bioma Floresta Atlântica somente no Estado de Santa Catarina Klein revela que é:

[...] um problema bastante difícil à obtenção de boa determinação das plantas principalmente em vista à escassa literatura disponível, e, sobretudo em virtude da grande riqueza e diversidade das espécies vegetais existentes em quase todas as áreas do Brasil. Klein (1990, p.11)

Ao tratar de espécies vegetais raras e ameaçadas de extinção como as famílias das Mirtáceas e Bromeliáceas, por se constituírem de muitas espécies endêmicas e raras além de outras famílias e subfamílias como as Solanáceas, Begoniáceas, Leguminosas/ Mimosóideas e Gramíneas, perfazendo um total de cinco famílias e uma subfamília. Klein (Id, p. 13) afirma “[...] totalizando a análise de 865 espécies nativas ou espontâneas de Santa Catarina, das quais 188 são tratadas como sendo raras e ou ameaçadas de extinção [...]”.

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Como relata Dean (Id, p. 32) “Mesmo para os moradores da floresta é difícil decidir sobre a identidade de determinada árvore [...]”, tamanha as complexidades e semelhanças que a floresta multiforme apresenta aos seus curiosos hóspedes humanos intermináveis enigmas e confusões.

Dean (2002, p. 33) ressalta que “Uma única copa de árvore pode abrigar mil espécies de insetos e a Mata Atlântica como um todo pode ter abrigado um milhão delas das quais

apenas pequena percentagem foi ou será um dia, batizada pelos cientistas”.

Nesse ecossistema3 florestal, a dinâmica das trocas de energia se manifesta de maneira que ocorra em um processo de importação e exportação de energia. Tudo que entra tem que sair, num ir e vir contínuo. Essas relações podem ser demonstradas através das plantas que, ao absorverem a luz do sol, fazem a fotossíntese que produz carboidratos usados como fonte de energia para os seus processos metabólicos. A saída da energia e da matéria é representada pela transpiração da planta que perde energia sob a forma de calor e pela água como matéria. Enquanto que a respiração das plantas manifesta-se externamente pela troca de gases que estas efetuam com a atmosfera circundante. Como descrito por Coutinho (s/d, p. 87) “Elas consomem oxigênio do ar e devolvem a ele o gás carbônico. O oxigênio penetra na planta por

difusão, seguindo o gradiente de concentração”. Como a troca de gases efetuada durante a fotossíntese é exatamente inversa à da respiração e como de dia o processo fotossintético excede em muito o respiratório, durante esse período não se percebe este último processo. Contudo elas respiram durante todo o tempo.

Para Dean (2002, p. 33) “[...] a Mata Atlântica foi eficiente na captação de energia solar, absorção de nutrientes do solo, da água de chuva e atmosfera e na reciclagem e

intercâmbio de recursos”.

Outros fatores que também contribuíram para a eficiência e o estabelecimento da Floresta Atlântica foram as chuvas e a temperatura. Contudo o solo não foi tão determinante como se supõe. Considerando que a chuva abundante e clima quente formam solos profundos e argilosos, ricos em ferro, por isto tipicamente avermelhados. Sob essas condições, o desenvolvimento do solo depende em grande parte da cobertura da vegetação e não ao contrário. (Dean, 2002).

A serapilhagem, a decomposição dos frutos, folhas, sementes deve-se a fungos, cupins, grande gama de artrópodes, larvas de besouros e moscas, ácaros e bactérias, cuja

3

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população, associada à sombra e à umidade da floresta fornece condições ambientais para a formação de uma camada fértil de húmus. Assim, a floresta cresce e se espalha sobre um substrato orgânico gerado por ela mesma.

Para Hertel (1969, p. 161) “Somente a floresta com a sua legião de folhas, galhos e ramos, nas mais variadas posições e mais diversas alturas, garante um clima [...] isento de

radiações curtas como que para não prejudicar os agentes humificadores”.

Discorrer sobre a floresta sem refletir sobre o papel do húmus é a mesma coisa que falar de árvores e não falar do solo. E como afirma Hertel (1969, p.183) “O húmus é o elemento fundamental que nos permite falar em solo, pois é ele que sustenta a vegetação”.

No interior do solo apresenta-se uma extraordinária riqueza de elementos da fauna e flora nas quais os agentes biológicos, como insetos, vermes, protozoários, bactérias, algas e fungos auxiliam na decomposição dos materiais orgânicos ali depositados. A riqueza de vida não está apenas sobre o solo da floresta, mas encontra-se oculta nas camadas inferiores desse solo formando um estrato fértil que sustentará a vegetação.

Nesse ritmo frenético de vida natural, a floresta Atlântica vai evoluindo, desenvolvendo formas de vida que poderão ser encontradas em outra formação florestal. E cada espécie cumprindo com sua função no arranjo produtor-consumidor.

Por outro lado, esse tesouro biológico vem sendo dilapidado já que muitas cidades brasileiras, foram crescendo sem planejamento e os fragmentos da floresta Atlântica foram substituídos pelas construções. Os centros urbanos, na sua maioria, são hoje caracterizados pela cobertura artificial do solo e por pavimentações e concretos que o impermeabilizam; reduzindo cada vez mais as poucas áreas verdes existentes nas cidades, tendo conseqüências desastrosas para as populações humanas desses centros que, além de perderem a qualidade de vida, perdem o precioso contato com outras espécies.

Também nas comunidades rurais não se foge à regra de degradação florestal: Muitos agricultores e pecuaristas, em suas propriedades, não reservam áreas de preservação permanente. A pouca cobertura florestal que possuem é degradada com técnicas agrícolas herdadas dos colonizadores; por exemplo: o corte raso da vegetação e as queimadas. Na visão de Schäffer e Prochnow (2002, p. 25) essas áreas de preservação “[...] têm a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem a estabilidade geológica, a biodiversidade [...]”.

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(qualquer que seja a vegetação), como áreas de preservação permanente. Além de dispor sobre a Reserva Legal, nos quais as florestas nativas, primitivas ou regeneradas de domínio particular, somente nesse caso será permitido o desflorestamento, quando se respeitar o limite de 20% da área de cada propriedade com cobertura arbórea. Nessa área da reserva legal, não é permitido o corte raso. Na visão de Moraes (1999, p. 96):

[...] o artigo 16 não criou as reservas legais, apenas que devam ser constituídas, utilizando para tal o licenciamento, pois ao se verificar que na área é possível a exploração, já se deverá identificar aquela que ficará imune. [...] as florestas privadas são suscetíveis de exploração, sendo que , caso queira o proprietário utilizá-las, deverá cumprir certos requisitos presentes nas alíneas”.

Em 1989, ocorreram também algumas modificações no § 2º deste artigo da legislação florestal no qual, independente das espécies de vegetação ser de floresta ou não, 20% da propriedade deveriam evoluir para floresta, inovando novamente através da Lei nº 8.171/91, obrigando-se a plantá-la, se fosse o caso. Desta forma, entende o legislador de que se as áreas de preservação permanente não forem suficientes, estipula-se que de qualquer forma, 20% da propriedade deverá contribuir para a formação de um meio ambiente equilibrado.

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Quadro 3: Estágios sucessionais da vegetação e as relações com os fatores ecológicos bióticos e abióticos

Fatores ecológicos Herbáceo capinzal Arbustivo Capoeirinha (Estágio Inicial) Arvoretas Capoeira (Estágio Médio) Arbóreo Capoeirão (Estágio Avançado) Arbóreo Grande Porte (Floresta)

Luz ***** **** *** ** *

Vento ***** **** *** ** *

Temperatura ***** **** *** ** *

Minerais no solo ***** **** *** ** *

Umidade * ** *** **** *****

Matéria orgânica * ** *** **** *****

Interações

Planta-Animal-Micro-organismos

* ** *** **** *****

Obs.: fatores atuantes em nível do solo. O número de (*) representa a intensidade do fenômeno

Fonte: Sevegnani (2002, p. 101).

Esses fatores ecológicos influenciam na distribuição das espécies, podendo ser fundamentais para a recomposição da vegetação que compete entre si por nutrientes, luz e água. À medida que a cobertura vegetal de uma fase se desenvolve, ela cria condições (de sombra, umidade) para que espécies mais exigentes se adaptem aos poucos até que, com o passar do tempo, sejam substituídas totalmente pela comunidade vegetal da fase posterior.

Para Klein (1979, p. 269) “Os tipos de associações secundárias, principalmente nos seus primeiros estágios, dependem de diversos fatores, entre os quais se destacam as

condições físicas dos solos e a fertilidade dos mesmos”. Para o pesquisador, existe uma diferença entre os tipos de vegetação secundária, sobretudo, em sua série sucessional na região do Vale do Itajaí-Açu, Santa Catarina.

Sevegnani (2002, p. 97) pondera que “durante o processo sucessional novas espécies surgem e outras desaparecem da comunidade”.

Nas primeiras fases de sucessão vegetal, segundo Klein (Id, p. 270), “[...] não é possível, de imediato, o aparecimento de espécies arbóreas da mata higrófila, motivo pelo

qual aparecem as espécies herbáceas, pouco exigentes, de caráter heliófilo e que resistem às

secas”. As espécies mais comuns que colonizam as áreas expostas fortemente pelo sol e que cobrem vastas áreas do Vale do Itajaí, tendo sua formação muito densa ao longo das encostas segundo o autor (Ibid, p.272) “[...] Pteridium aquilinium (samambaia das taperas) por Melinis minutiflora (capim-de-melado), Andropogon bicornis (capim-rabo-de-burro ou

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Entremeadas por espécies herbáceas, arbustos de pequeno porte, a vegetação arbustiva (capoeirinha) vai se desenvolvendo.

Na região do Vale do Itajaí, os arbustos mais comuns, segundo Klein (op. cit, p. 273), são denominados de “[...] Baccharis elaeagnóides (vassourão–brabo), Baccharis calvescens (vassoura-braba), B. dracunculifolia (vassoura) [...]”. Para o autor, trata-se dos estágios sucessionais mais perceptíveis, pois ocorrem as transições das ervas para os arbustos.

A substituição do estágio herbáceo pelo estágio de capoeirinha pode levar até mais de cinco anos, dependendo das condições físico-químicas do solo, do clima e da ação do homem. No estágio de vegetação arbóreo-arbustiva a (capoeira) possui praticamente as mesmas espécies arbustivas da capoeirinha, entremeadas por arvoretas de 5 até 6 metros de altura. Para Klein (1979, p. 274) “[...] osvassourais começam a ser substituídos nas encostas pela Rapanea ferruginea [...] a instalação dessa espécie se processa de maneira muito

agressiva, chegando de 150 a 200 exemplares por 100m² [...]”.

Para Sevegnani (2002, p. 98) “[...] comunidades dominadas pelas capororocas são de difícil trânsito, devido a esse denso emaranhado herbáceo-arbustivo”.

No estrato arbustivo da capoeira predominam algumas espécies que segundo Klein (1979, p. 274), são “[...] Leandra australis [...] vulgarmente conhecidas por pixiricas [...] entremeadas pela erva-são-simão (Vermonia scorpioides) [...]”.

Após a colonização por parte da capororoca (Rapanea ferruginea), essa espécie também começa a diminuir, chegando a ponto de não regenerar. Conforme Klein (Id, p. 274), “[...] começa a se instalar de forma intensiva Miconia cinnamomifolia (jacatirão-açu) marcando o início do estágio seguinte ou seja do capoeirão”.

À medida que a vegetação se desenvolve e vai alcançando um porte maior, as epífitas vão “escalando” rumo a locais mais altos em busca da luz do sol. O estágio de vegetação arbórea, com espécies de grande porte, é chamado popularmente de capoeirão. Após os sucessivos estágios, o solo estará em melhores condições devido à serapilhagem; as espécies mais exigentes conseguem se fixar e se adaptar, os indivíduos atingem um porte muito maior, acima de 12 metros, com muitas árvores chegando, ocasionalmente, até 25 metros ou mais.

Para Klein (Ibid, p. 275), “No interior do capoeirão surgem as árvores pioneiras da mata secundária. [...] Miconia cabuçu (pixiricão), Didymopanax angustissimum

(pau-mandioca, caxeta ou mandioqueiro), Alchornea triplinervia (tapiá-guaçu), árvores estas que

não raro se instalam quase simultaneamente com o jacatirão-açu”.

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As espécies mais freqüentes, neste tipo de capoeirão, são encontradas em um número razoavelmente grande de plantas jovens. Klein destaca (op. cit, p. 275)

[...] Tapira guianensis (cupiúva), Hieronyma alchorneoides (licurana), Ocotea aciphylla (canela-amarela), Sloanea guianensis (laranjeira-do-mato), Copaifera trapezifolia (pau-óleo), Calyptranthes lúcida (guamirim-ferro), Nectandra leucothyrsus (canela-branca), Cryptocarya aschersoniana (canela-fogo), Cabralea glaberrima (canharana), Guapira apposita (Maria-mole) e a própria Ocotea catharinesis (canela-preta).

No estrato médio do capoeirão surgem freqüentemente o Euterpe edulis (palmito) instalando-se de forma intensa.

No estrato inferior, os arbustos heliófitos desapareceram completamente, dando lugar a espécies vegetais ciófitas, adaptadas ao ambiente mais sombrio e úmido do interior da mata. Grande quantidade de epífitas, lianas e pteridófitas (samambaias), entre outras, podem ser observadas em abundância no interior do capoeirão.

Sevegnani (2002, p. 101) demonstra, como pode ser visto no Quadro 4, os estágios sucessionais da vegetação e a riqueza de seres vivos presentes. As sucessões que ocorrem na Floresta Atlântica necessitam de alguns anos para se adaptar e se desenvolver.

Quadro 4: Estágios sucessionais da vegetação e a riqueza dos seres vivos presentes

Fatores ecológicos Herbáceo capinzal Arbustivo Capoeirinha (Estágio Inicial) Arvoretas Capoeira (Estágio Médio) Arbóreo Capoeirão (Estágio Avançado) Arbóreo Grande Porte (Floresta)

Riqueza florística * ** *** **** *****

Riqueza faunística * ** *** **** *****

Riqueza de

microorganismos * ** *** **** *****

Epífitos 0 * * ** *****

Lianas 0 * * ** *****

Serapilheira * ** *** **** *****

Obs.: O número de (*) representa a intensidade do fenômeno

Fonte: Sevegnani (2002, p. 101).

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diferentes ciclos, provocou desequilíbrio ecológico na cobertura vegetal de Santa Catarina. Ressaltam ainda que em paralelo a essa descontrolada exploração de madeiras, seguiu-se um outro fator não menos avassalador da devastação sistemática das florestas catarinenses que é a presença da agricultura.

Klein (1978) intensificou suas pesquisas, em especial atenção, à dendrologia, ao estudo das árvores, sobre o porte e o comportamento de árvores e arvoretas.

Examinando as características dessas árvores como os nomes populares e científicos, as famílias, as dispersões, as indicações sobre as reproduções, as descrições das madeiras e a utilização para os mais variados fins. As preocupações desses pesquisadores não ficaram restritas à catalogação das espécies, mas também em demonstrar que é possível reflorestar algumas espécies. As árvores do Vale do Itajaí consideradas como as mais apropriadas para serem utilizadas nos reflorestamentos seriam 38 espécies. Sugiro verificar no (Anexo-A) a lista das 38 espécies de árvores consideradas como essenciais para o reflorestamento.

Na visão de Rodrigues,

[...] já é tempo de se compreender que a importância de uma floresta não se mede apenas pelo que ela produz de madeira e celulose. Ela tem outras utilidades inestimáveis ao homem: preserva a vida animal, protege e fertiliza o solo, e conserva as fontes de água. Rodrigues (1987, p. 14)

Portanto, para saber ouvir e ver as florestas, principalmente a floresta Atlântica, é necessário educar os sentidos e para isso a educação precisa rever e repensar a forma como vem trabalhando as questões ambientais no espaço escolar; assim como, quais os valores que norteiam as práticas pedagógicas nesses espaços.

Como enfatizam Pádua e Pádua (2002, p. 142) “A Mata Atlântica pode ser uma oportunidade singular de descobrirmos e exercitarmos tais valores”.

4.2 O canal aberto para a educação ambiental

A literatura cientifica do final do século XIX e do inicio do século XX revelou que os autores pesquisadores (biólogos, geógrafos, naturalistas) buscaram compreender a inter-relação e a interdependência entre homem e natureza numa abordagem ambiental. Segundo Dias (2003, p. 76):

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para o ambiente natural. No Brasil, essa preocupação ainda não havia transposto o círculo restrito de poucos intelectuais que cuidavam do assunto.

Associada a essa literatura, e ao fato de ocorrerem as catástrofes naturais bem como os desastres ambientais provocadas pelo estilo de vida dos humanos, também antecederam alguns encontros e discussões versando sobre essa questão. A Educação Ambiental (EA) começou a se configurar nos anos 60 e 70, movida pela conseqüência desses fatos e da necessidade humana em encontrar soluções para uma crise que começava a tornar-se insustentável, provocando uma série de problemas nas vidas de milhões de pessoas.

A ONU (Organização das Nações Unidas) promoveu uma conferência em 1972, na cidade de Estocolmo na Suécia, onde compareceram representantes de 113 países e também membros de organizações da sociedade civil, tendo como objetivo reivindicar soluções para os problemas ambientais que até então eram simplesmente tratados como conseqüência de uma sociedade capitalista, além de estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à humanidade, para a preservação e melhoria do ambiente humano. Desse encontro foi gerada a Declaração sobre o Ambiente Humano visando à cidadania e à preservação ambiental, destacando a EA como assunto oficial. Estabelecendo ainda um Plano de Ação Mundial recomendando que deveria ser estabelecido um Programa Internacional de Educação Ambiental.

A Conferência de Estocolmo também chamou a atenção do mundo para a realidade dos países em desenvolvimento que buscavam sair da crise econômica, não se importando em pagar o preço da degradação ambiental. As conseqüências pelas atitudes nada recomendáveis do governo brasileiro de permanecer alheio ao que tinha sido recomendado nesse evento não tardaram a chegar ao Brasil através de pressões exercidas pelo Banco Mundial e de instituições ambientalistas que já atuavam no país. Ao revelar essa face de descaso com o ambiente, agravado com a intolerância política que se exercia no país, o regime político vigente tentou minimizar a situação criando a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), um órgão que nasceu fadado ao fracasso não fosse a obstinação do professor Paulo Nogueira que lançou as bases das leis ambientais, mesmo contrariando aos interesses políticos e econômicos da época. (Dias, 2003)

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Educação Ambiental, contínua, multidisciplinar, atenta às diferenças regionais e voltadas aos interesses nacionais de cada país.

Em Tbilisi, na Geórgia, ex-URSS, ocorreu um encontro intergovernamental sobre EA, no ano de 1977, na qual foram estabelecidas as metas, os objetivos e as funções para a EA. Para Grün (1996, p. 18) “A conferência de Tbilisi tem sido apontada como um dos eventos mais decisivos nos rumos que a educação ambiental vem tomando”.

Em (1983), a ONU, através da Comissão Mundial para o Meio Ambiente, presidida pela primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, focalizou a relação entre o meio ambiente e o desenvolvimento. Essa comissão teve como objetivo reexaminar os principais problemas do ambiente e do desenvolvimento, em âmbito planetário, de formular propostas realistas para solucioná-los. Em abril de 1987, é publicado o relatório da Comissão Brundtland4, no qual a expressão “desenvolvimento sustentável” foi cunhada pela primeira vez sobre o meio ambiente. Também nesse documento, a educação é concebida como forma de ajudar as pessoas a se tornarem mais criativas e capazes de solucionar os seus problemas. Grün (1996, p. 18) caracteriza esse relatório “[...] por uma mudança de enfoque apontando para a conciliação entre conservação da natureza e crescimento econômico”.

No contexto nacional brasileiro, a EA ensaiava os seus primeiros passos, tendo sofrido os percalços para sua implantação tanto no ensino formal como no não formal. Assim sendo, a EA foi formalmente instituída, pela Política Nacional do Meio Ambiente e definida pela Lei Federal de n° 6.938/81. Para administrar e monitorar a qualidade ambiental no Brasil, o governo criou, como extensão, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Para Pedrini (1998, p.37) “Esta lei foi um marco histórico na institucionalização da defesa da qualidade ambiental brasileira [...]”. O artigo 2º da Lei Federal nº 6.938/81 estabeleceu, naquela época, que a EA deveria ser oferecida “[...] em todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do

meio ambiente” (Legislação Ambiental, 2000).

No parecer 226/87 MEC determinou-se a inclusão da EA como conteúdo a ser explorado nos currículos de primeiro e segundo graus.

Em 1989, a Lei 7797 criou o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), tendo como objetivo desenvolver os projetos que visem o uso racional e sustentável de recursos naturais no sentido de elevar a qualidade de vida da população brasileira.

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Em 1991, o MEC e a Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República, promoveram o Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para a EA, nesse mesmo ano a portaria nº 678 do MEC, determinou que a educação escolar deveria favorecer a EA, permeando todo currículo dos diferentes níveis e modalidades de ensino.

Nesse contexto, as organizações não governamentais (ONGs), comprometidas com os vários movimentos sociais, promoveram os debates sobre os inúmeros problemas ambientais que afligiam os principais centros urbanos do país. As ONGs, em uma tentativa de debater suas idéias com os vários segmentos da sociedade, participaram paralelamente ao evento da Conferência Rio-92. Dessa maneira, os movimentos sociais produziram um contraponto ao mega evento promovido pela ONU na cidade do Rio de Janeiro -Brasil. Com a Conferência das Nações Unidas no Rio de Janeiro foi estabelecida a Agenda 21, tendo como proposta o desenvolvimento sustentável em que se sugeriu a criação de parcerias entre Governos e Sociedades, visando reconquistar a essência da cidadania para uma sociedade melhor e consolidar as discussões para o desenvolvimento do Estado, estabelecendo aliança em toda sociedade para responsabilidade coletiva.

Na Conferência Rio-92, destacaram-se três documentos que se encontram entre as principais fontes para quem quer praticar a EA. Para Czapski (1998, p. 54):

1) A Carta Brasileira para a Educação Ambiental, elaborada pela coordenação de EA do MEC, na qual destaca o compromisso real do poder público federal, estadual e municipal para se cumprir a legislação brasileira visando à introdução da EA em todos os níveis de ensino. E na qual se avalia o processo de EA no Brasil e se estabelecem as recomendações para a capacitação dos recursos humanos;

2) A Agenda 21, proposta de ação para os próximos anos, na qual procura assegurar a promoção do ensino, da conscientização e do treinamento, o acesso universal ao ensino básico, conforme as recomendações da Conferência de EA (Tbilisi, 1977);

3) O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global que delineou princípios e um plano de ação para educadores ambientais. Além da proposta de integrar uma Rede de Educação Ambiental.

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Gráfico 1: Concepções de florestas dos alunos da 4ª série do período matutino.  concepções de florestas 13,64% 18,18% 4,55% 4,55% 13,64%18,18%18,18%9,09%
Gráfico 2: Concepções de florestas dos alunos da 4ª série do período vespertino.  18,18% 12,12% 21,21% 9,09%12,12%9,09%3,03%3,03%3,03%3,03%3,03% 3,03%
Gráfico 3: Concepções de florestas dos alunos período matutino.
Gráfico 4: Concepções de florestas do período vespertino.
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