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DIALETO ITALIANO EM NOSSA COMUNIDADE

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Academic year: 2021

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DIALETO ITALIANO EM NOSSA COMUNIDADE

Marilene Bolzan1 Lisandra Pacheco da Silva 2

Resumo: Encontra-se neste artigo alguns pensamentos e reflexões feitas durante o projeto

na Escola de Ensino Fundamental Dom José Baréa, com os alunos da 4º série do turno da manhã. O objetivo é investigar por que o “dialeto italiano está desaparecendo em nossa comunidade”. Se nossa comunidade foi formada por várias aculturações, por que esta desaparecendo certos fatores importantes, que resgatam e contam a história. Como era a vida nos primórdios? Como se formou o povo aqui presente? E qual a cultura dominante nesta região? Já que estudam o Italiano Standart e confrontam com o que sabem e ouvem surge então a questão. Porque poucos falam ainda o dialeto Italiano? Os que falam não ensinam? Os que sabem o dialeto não se dão conta que devem ensinar reproduzir este comportamento em vários lugares para passar de geração à geração. Após sondagem realizadas através da pesquisa percebe-se um número significativo de pessoas que falam mas não ensinam os que só entendem. A grande maioria entende, mas não consegue falar, é uma região descendente de imigrantes italianos, que apreciam a cultura, porém por vergonha ou por não ensinarem aos jovens o dialeto, o vêem desaparecer.Assim sendo, vê-se a necessidade de informar os resultados da pesquisa , para o maior número de pessoas da comunidade em que a escola está inserida, para que sintam a importância de transferir aos seus, e não deixar essa língua desaparecer e também começarem a ter orgulho de poder fazer parte desta cultura tão rica.

Palavras chave : dialeto- cultura- preconceito e preservação

Introdução

Nossos antepassados partiram da Itália em busca de algo melhor devido à doenças e da situação econômica que se encontravam”i contadini”( os colonos), em sua grande maioria.Após terem aderido às propagandas feitas sobre o nosso país, lançaram-se em busca de sonhos e “ catar la cucanha”, (procurando fazer fortuna) aqui chegaram. A viagem penosa e a situação aqui encontrada contrária aquela antes prometida, fez esse povo lutar, ficar cada vez mais unido e tentar ultrapassar as dificuldades tentando melhores dias. Assim sua língua materna misturou-se com a dos povos daqui formando um dialeto muito característico e diverso. O nosso município, São Marcos, foi colonizado por vários imigrantes mas o italiano é o que mais se adaptou a está região.

A turma da 4ª série da Escola Dom José Baréa de São Marcos, sentiu a necessidade se saber quanto ainda há desta cultura em sua comunidade, se falam em dialeto, quem fala ensina os seus?

Diante da pesquisa de opinião faz-se necessário saber como está o dialeto italiano na comunidade em que a escola está inserida.

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Professora de Língua Italiana na Rede Municipal de São Marcos ² Orientadora do Projeto NEPSO

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Vêneto: uma Língua, um Legado

Há mais de cem anos, muitas famílias italianas do Vêneto, por não terem emprego, casa própria e dificuldades emigraram do seu país natal (Itália) rumo ao Brasil.

Na época o Brasil necessitava de colonos que cultivassem extensas áreas de terras. Foram informados de que cada família teria o direito de conseguir a propriedade de um lote colonial. Foi com a rapidez de um raio que se espalhou a notícia na região do Vêneto. Assim vários habitantes daquela região se apressaram em arranjar as suas trouxas e demandar a América. Estes eram pobres de bens materiais, mas ricos de fé, coragem, saúde e amor ao trabalho. Poucos sabiam ler e escrever, mas em compensação todos sabiam falar perfeitamente o linguajar da região de onde eram oriundos. A viagem foi muito penosa e demorada, com vários percalços, finalmente chegaram no Rio Grande do Sul , foram encaminhados pelo governo para seu destino. Receberam as terras mas, não havia estradas, escolas, nem casas, nem igrejas, só puro mato, árvores gigantescas, animais selvagens e bandos de lindos pássaros. Começaram um árduo trabalho, para plantio e construção de casas para se abrigarem, mas estavam até satisfeitos por terem se tornados donos de bons pedaços de terra, aos poucos tudo foi se encaminhando.

Outra dificuldade foi a comunicação com os brasileiros (comerciantes, autoridades) , não se entendiam, e começaram a aprender o Português, foi dessa maneira que começou a formar-se a nova língua vêneto-sul-rio-grandense. Segundo Alberto Vitor Stawinski :

Como todo idioma popular, a língua vêneto-sul-rio-grandense, com sua perfeita estrutura e identidade própria, pode figurar, sem dúvida ao lado de qualquer outra língua moderna. Está baseada, pois, em normas gramaticais.

Hoje em dia , há cem anos do início da imigração italiana no Rio Grande do Sul, o idioma vêneto está fadado a desaparecer nos centros urbanos. Mas, felizmente apesar de um tanto estropeado e matizado com termos e expressões da língua portuguesa, continua, ainda, vivo e falado no recesso dos lares de origem itálica, situados no interior do Estado do Rio Grande do Sul. Trata-se, pois de salvaguardar herança de tamanho valor

Como os alunos da Escola de ensino Fundamental Dom José Baréa são descendentes de imigrantes italianos, estudam o Italiano Gramatical, ouvem entendem, mas poucos falam o dialeto, propus aos mesmos, depois de explicar o que significa o projeto NEPSO, que pensassem em algo para realizarmos uma pesquisa e que fosse de preferência relacionado com a língua Italiana. Reuniram-se em grupos e após um longo

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tempo surgiram diversas opiniões, mas a que apareceu em número maior foi sobre o tema dialeto.

O dialeto Italiano em nossa comunidade

Os povos europeus começaram as navegações buscando novas terras e novas descobertas, com o tempo foram ficando marcas, registros, suas crenças e sua língua.

Assim nossa comunidade oriunda principalmente da imigração italiana falava no dialeto italiano, mas com vários acontecimentos, guerras, medo, vergonha e necessidade este povo se vê obrigado a falar em Português. “Quando estou em casa ou com amigos falo em dialeto fico mais à vontade” ³

Hoje nossa região, de modo especial, São Marcos, pela inculturação e acolhimento dos valores de cada etnia, vivemos uma riqueza de costumes e tradições, cultivadas por todos. Este é o perfil ou retrato de convivência social. Temos também outra característica a alegria de viver e de tentar o que quer que seja, sonhos, realizações e enfrentamos decepções com coragem e bravura. Temos no sangue o amor pela família, pelo trabalho, pelo progresso e mantemos vivas nossas raízes e costumes dentro de nossas possibilidades: na escola, em casa, e na comunidade. O município de São Marcos, localizado na Encosta Superior do Nordeste, com aproximadamente 20 mil habitantes, em sua grande maioria descendentes de imigrantes Italianos. É um município próspero, onde sua maior fonte é a indústria moveleira e metal-mecânica, tendo uma expressiva área agrícola predominando o cultivo do alho, uva e hortaliças. Também se destaca em todo o país devido ao número de caminhões per capta que possui.

Com base nessas informações turma da quarta série do turno da man ã da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dom José Baréa, considerou importante realizar a pesquisa de opinião com moradores e comunidade escolar. Assim viu-se o crescente interesse e preocupação dos alunos em conservar viva esta memória abordada.

Para a execução da análise foi utilizada uma pesquisa de campo, onde as questões fechadas foram analisadas.

O município de São Marcos, localizado na Encosta Superior do Nordeste, com aproximadamente 20 mil habitantes, em sua grande maioria descendentes de imigrantes Italianos. É um município próspero, onde sua maior fonte é a indústria moveleira e metal-mecânica, tendo uma expressiva área agrícola predominando o cultivo do alho, uva e hortaliças.Também se destaca em todo o país devido ao número de caminhões per capta que possui.

Nossa realidade: a descoberta da pequisa

Assim em diversas aulas foram começando o questionário, reelaborando o mesmo até um consenso. Aplicaram o pré-teste e viram que era necessário modificar uma questão pois era aberta e as respostas não eram a contento, refizeram como uma pergunta fechada e funcionou. Foram a campo aplicar os questionários, (em duplas, escolhidas por proximidade de residências pois fizeram em turno contrário), os mesmos foram aplicados na comunidade em que moram. Alguns comentários sobre a aplicação do questionário.

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Por que esta deixando-se de falar o dialeto italiano em nossas

comunidades? 10 24 17 0 10 20 30 a) por vergonha

b) era preciso falar em Português c) por preconceito

No segmento adulto pode-se observar que deixou-se de falar dialeto italiano em primeiro plano por vergonha, em segundo lugar aparece a seguinte situação , era preciso falar em Português e por último que por preconceito sofrido abandonou-se essa língua.

Você entende o dialeto Italiano?

6 3 0 2 4 6 8 a) sim b) não

No segmento dos jovens podemos observar que a grande maioria entende o dialeto, poucos não entendem, então não seria impossível começarem a falar seria apenas questão de por em prática o que ouvem.

Quando todos puderam devolver os sessenta questionários, começamos a tabulação depois de compreendido o processo de execução, foi uma (festa poderem ver como nascem os dados e gráficos construídos por eles em papel quadriculado, e depois no computador).

“Insegnante, me senti uma pessoa importante, me senti gente grande fazendo perguntas.”

“Professoressa, as pessoas ficaram admiradas com o nosso interesse sobre o dialeto, e gostaram muito de responder”

Após tudo pronto decidiu-se quem apresentaria no VII Seminário Escola e Pesquisa: um encontro possível, o que e como seria falado.

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Conclusão

Percebemos com a pesquisa que a maioria considera que o desaparecimento do dialeto italiano ocorreu porque era necessário falar Português ou por vergonha, muitos entendem o dialeto, porém não o falam, não o praticam e vêem no Italiano Gramatical implantado nas escolas municipais, uma oportunidade para aprender e valorizar a cultura local.

Durante todo o processo ouve maior interesse por parte dos alunos que sempre queriam estar à frente dos passos que devíamos seguir, querendo sempre saber o que viria depois, eles são muito interessados, aprenderam ter mais paciência, comportar-se perante o próximo de maneira adequada (já sabiam, apenas aperfeiçoaram), começaram desenvolver o raciocínio e descobrir o potencial existente em cada um, valorização ainda maior da cultura local e prazer em estarem envolvidos com algo novo, grande porém já na saída do Seminário pediam:

Por favor insegnante faremos de novo no ano que vem?

Vejo então que não houve crescimento apenas meu, foi de grande proveito poder fazer parte deste momento histórico para todos que foi participar do NEPSO, apesar das minhas limitações, incertezas acertos e tentativas, crescemos muito iu e minha turma. Saber escutar sem transformar a opinião do outro, não interferir na vontade da turma apenas alinhavar, vê-los aprendendo cada vez mais me faz sentir orgulho cada vez mais de ter escolhido esta profissão e ter sido seduzida por este projeto NEPSO( para mim, evolução em pensar e fazer).

Concluímos que é da maior importância poder voltar e informar quem respondeu a pesquisa, que é desejo da turma da quarta série da Escola citada, que as pessoas que sabem falar o dialeto possam tentar ensinar aos seus, nem que seja a apenas uma pessoa que consiga pronunciar, aprender uma ou mais palavras, já estariam passando adiante este legado.

Bibliografia :

STAWINSKIi, Vitor Alberto –Dicionário Vêneto Sul-Rio_Grandense. Caxias do Sul: EDUCS,1987.

RIZZON, A. Luiz- Possamai J. Osmar-História de São Marcos. São Marcos,Ed dos autores.1987.

Referências

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