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O livro-brinquedo e a criança: processos de criação

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Academic year: 2021

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O LIVRO-BRINQUEDO E A CRIANÇA:

PROCESSOS DE CRIAÇÃO

Thainá Weingartner Chagas

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Bacharelado em Design

Trabalho de Conclusão de Curso II

Orientação Prof.ª Dr.ª Elizabeth Romani

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Departamento de Artes - DEART

Chagas, Thainá Weingartner.

O Livro-brinquedo e a Criança: Processos de Criação / Thainá Weingartner Chagas. - Natal, 2018.

122f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Bacharel em Design. Orientador: Elizabeth Romani.

1. Livro-brinquedo. 2. Livro para criança. 3. Design Editorial. 4. Processo de Criação. I. Romani, Elizabeth. II. Título.

RN/UF/

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a todos que colaboraram e me apoiaram no desenvolvimento deste trabalho, principalmente a minha orien-tadora Elizabeth Romani, que com muita atenção e disponibilidade, exigiu sempre o melhor de mim neste trabalho, ao mesmo tempo teve muita compreensão e carinho, compartilhando seu conheci-mento sobre esse campo do Design.

A minha banca do TCC I e II, Silvia Matos, Danielle Medeíros e Kívia Medeiros, que com todas as suas contribuições foram essenciais para a construção de um trabalho integro e coeso.

Ao meu namorado, João Vítor Albuquerque, faço um agradeci-mento especial, que além de contribuir formidavelmente com as ilutrações finais do livro constantemente me incentivou e apoiou. Registro, ainda, minha gratidão a Luci de Andrade e Luiz Rodolfo Chagas, meus pais, por acreditarem no meu potêncial e sempre se preocuparem com minha educação; ao meu irmão, Kael, pelo apoio e incentivo, agradecendo, também, a eles pela leitura e contribuições críticas ao trabalho.

A Gabriela Mameri Tinoco, Fernanda Oliveira e Amanda Marques, minhas colegas de curso e amigas, que em diversos momentos deste projeto e da minha graduação realizaram contribuições. O apoio de vocês foi essêncial no meu desenvolvimento pessoal e profissional durante esses anos.

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RESUMO

Este trabalho discute o processo de criação do livro-brinquedo “Ou Isto Ou Aquilo” construído a partir do poema de mesmo nome de autoria de Cecília Meireles. O recorte da pesquisa foi apoiado no referencial teórico e nas inquietações iniciais, desta maneira, foram selecionados para o estudo livros impressos destinados a leitores a partir de cinco anos. Diante da seleção do público-leitor, preten-de-se neste trabalho, estudar e experimentar as possibilidades de projeto gráfico na obtenção de um produto editorial que seja convidativo e incentive à prática de leitura. Propôs-se, para isso, utilizar as técnicas de produção gráfica na obtenção dos recursos interativos para confeccionar um modelo de livro-brinquedo. Além do design editorial, foram discutidos os aspectos condizentes com o público e os mecanismos lúdicos que podem colaborar com o interesse da criança pelo livro. O arcabouço construído neste trabalho permitiu avaliar a participação da criança no desenvolvi-mento de um livro-brinquedo, partindo dos métodos adaptados de Bruno Munari. Obteve como resultado deste trabalho, um modelo final e a uma prévia avaliação com quatro crianças, o que mostrou os pontos que alcançaram ou não êxito como compreensão da narrativa.

Palavras-chave: Livro-brinquedo; Livro para criança; Design editorial; Processo de criação.

Ao projeto AMAR, abrigo de crianças em risco social, onde desen-volvi todas as etapas do trabalho que endesen-volviam crianças, me dando esperança de contribuir com a educação e incentivo a leitura no decorrer da minha carreira como design.

Aos meus amigos, pelo apoio e pela compreensão das incontáveis ausências de minha parte durante a realização deste Trabalho de Conclusão de Curso.

E por último, mas não menos importante, a minha cachor-rinha Capitu, por sempre estar ao meu lado, me dando alegria e companhia.

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ABSTRACT

This work discusses the process of creating the toy book “Ou Isto Ou Aquilo” constructed from the poem of the same name by Cecília Meireles. The cut of the research was supported by the theoretical reference and the initial anxieties, in this way, were selected for the study books printed for readers from five years. Faced with the selection of the reader-audience, this work intends to study and experiment with the possibilities of graphic design in obtaining an editorial product that is inviting and encourages reading practice. For that, it was proposed to use graphic production techniques to obtain the interactive resources to make a toy book model. In addition to the editorial design, it was discussed aspects related to the public and the playful mechanisms that can collaborate with the child’s interest in the book. The framework constructed in this work allowed to evaluate the participation of the child in the development of a toy book, starting from the adapted methods of Bruno Munari. He obtained as a result of this work, a final model and a previous evaluation with four children, which showed the points that reached or did not succeed as an understanding of the narrative.

Keywords: Toy book; Book for children; Editorial design; Creation process.

SUMÁRIO

09 INTRODUÇÃO

12 O LIVRO PARA CRIANÇA E SUAS ESPECIFICIDADES

14 Categorias de livros para crianças

17 O livro-brinquedo

18 A importância da leitura na alfabetização

20 A leitura para criança

24 O DESIGN DO LIVRO-BRINQUEDO 24 Formato e Tamanho 29 Suporte 35 Impressão 38 Acabamento 53 Diagramação 56 Tipografia 62 Ilustração 65 O PROJETO DO LIVRO-BRINQUEDO 65 Procedimentos metodológicos 68 O conteúdo do livro

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Em geral o contato inicial do homem com o livro ocorre na infância, neste período o incentivo à leitura por meio de experiências agra-dáveis é fundamental para que se construa a prática da leitura. Diversos estudiosos da literatura infantil, tais como Zilberman (2015) Perrotti (1990) e Soares (2011), argumentam que o livro é utilizado de maneira errônea nas escolas, sendo seu uso associado à atividade obrigatória, o que acarreta um distanciamento e desin-teresse das crianças pela literatura. Na mesma linha de pensa-mento, Munari (1982) defende que os livros utilizados na escola são, muitas vezes, mal elaborados e tediosos, tornando o contato com estes artefatos gráficos uma experiência negativa.

As primeiras experiências da criança com a leitura devem despertar nelas a vontade de aprender e não ser um exaustivo desafio. Assim ao compreender o universo da criança, deduz-se que a melhor maneira de adquirir satisfação na leitura é brincando. Logo, o contato com o livro deve incentivar a criatividade do leitor, estimu-lando-o ao raciocínio e à imaginação.

A evolução das técnicas de produção gráfica e as recentes discussões sobre o artefato livro possibilitaram a ampliação do mercado editorial para criança. A atual produção explora essa evolução na criação de títulos que estimulam a participação do leitor com o suporte. Esta nova abordagem sobre como projetar um livro permitiu que a aprendizagem da leitura e da escrita ganhasse um caráter mais lúdico.

70 Cecília Meireles

71 Estudo do poema “Ou Isto ou Aquilo”

76 Requisitos do projeto 77 Desenvolvimento do livro 96 Modelo 113 CONSIDERAÇÕES FINAIS 115 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 119 BIBLIOGRAFIA INFANTIL

INTRODUÇÃO

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Diante desta problemática, pretende-se neste trabalho, estudar e experimentar as possibilidades de projeto gráfico na obtenção de um produto editorial que seja convidativo e incentive à prática de leitura. Propõe-se, para isso, utilizar as técnicas de produção gráfica na obtenção dos recursos interativos para confeccionar um livro brinquedo. Além do design editorial, serão discutidos os aspectos condizentes com o público e os mos lúdicos que podem colaborar com o interesse da criança pelo livro. O arcabouço cons-truído neste trabalho tem a finalidade de permitir a proposição de um projeto para um livro-brinquedo como produto final do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

A presente investigação tem como recorte de pesquisa os livros impressos destinados às crianças em início de alfabetização – normalmente coincidente com os primeiros anos de escola – e, portanto, em idades compreendidas entre 5 e 8 anos.

Este trabalho foi dividido em três partes, sendo as duas primeiras designadas para a construção do referencial teórico acerca do livro e do design editorial e a terceira para descrever o processo de criação de um livro-brinquedo. Para isso foi elaborada uma revisão bibliográfica nas áreas de design, educação, literatura infantil e psicologia da criança. Ademais, observou-se diversos títulos encon-trados em livrarias, bibliotecas e escolas, com o objetivo de exem-plificar as lacunas teóricas.

A primeira parte aborda a concepção do livro para crianças segundo Regina Zilberman, Guto Lins, Marilena Bier, dentre outros estudiosos. As categorias de livros propostas por Sophie Van der Linden e Ana Paula Paiva, abrangendo também as características

do livro-brinquedo, descritas por Paiva. Neste primeiro capítulo também se esclarece a importância de títulos que estimulem a leitura como aponta Maria Lúcia Góes, além de compreender as etapas iniciais da leitura segundo Maria Antonieta Cunha, Nelly Novaes Coelho e Umberto Eco.

A segunda parte do trabalho traz um estudo sobre as especifici-dades do design na produção de um livro, buscando conhecer e compreender as diferentes técnicas para concepção do projeto gráfico e seu detalhamento técnico, utilizando como referência importantes nomes do design editorial como Andrew Haslam, Emanuel Araújo, David Bann, dentre outros, além da tese de doutorado de Ana Paula Paiva, uma das pioneiras no estudo de livro-brinquedo no Brasil.

A terceira e última parte apresenta a construção de um livro-brin-quedo para leitores iniciantes, descrevendo a metodologia aplicada na ideação do objeto, adaptada no processo metodológico de Bruno Munari. Além do estudo da narrativa selecionada e o desen-volvimento do projeto do artefato com a participação da criança no processo de criação das ilustrações e verificação do modelo.

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O primeiro passo para projetar um livro destinado à criança, consiste em compreender o objeto, o público-alvo e suas carac-terísticas, assim, deve-se reconhecer os aspectos que configuram um livro para criança e o que difere dos demais títulos. A partir do questionamento sobre o que significa a classificação ou denomi-nação “para criança”, construiu-se este breve referencial teórico. Para este trabalho, buscou-se utillizar o termo “para criança” ao invez de “infantil”, uma vez que o segundo termo pode remeter a algo pueríl, frívolo ou inútil (Dicionário Aurélio, 2018). Deste modo, na utilização do termo “para criança”, busca-se não subestimar as crianças, ou pré-julgalas.

De acordo com Zilberman (2015), a concepção do que hoje enten-demos como “infância”, nasce somente no meio da Idade Moderna. Antes disso, as crianças eram consideradas “pequenos adultos” e incluídas na sociedade como tais. Não se diferenciavam os inte-resses das crianças dos adultos, bem como, não se via neces-sidade de um processo educacional específico. Maria Montessori (1870-1952) foi uma das precursoras no estudo da educação infantil focado nos interesses da infância e do projeto de produto para criança centrado no usuário. A educadora constatou fatores que influenciam positivamente no incentivo à aprendizagem da criança, como por exemplo o ambiente projetado em dimensões adequadas, materiais sensoriais, atividades com jogos e

brinca-deira, entre outros materiais educativos. Utilizando os estudos desta educadora, profissionais de diversas áreas, começaram a desenvolver produtos direcionados à infância, estudando o públi-co-alvo em questão. No caso do livro, não foi diferente, apesar de títulos destinados às crianças terem surgido no final do século XVII (Zilberman, 2015), as características dessa categoria de livros sofreram grandes alterações, pois a sociedade e as técnicas de reprodução gráfica sofreram mudanças, assim como o modo de compreender a criança.

É importante lembrar que a criança de hoje é totalmente diferente daquela do passado e, provavelmente, também será diferente daquela do futuro. A partir desta compreensão, Lins (2002) aponta que o livro para criança, deve ser atualizado e adaptado constan-temente de acordo com as características e necessidades de cada época.

Quanto à produção do texto na literatura para criança, Meireles (1984) aponta quatro procedências narrativas: a primeira delas, é a escrita das histórias tradicionais contadas oralmente, que permeiam a nossa cultura; a segunda, é aquela escrita especifi-camente para uma determinada criança e publicada posterior-mente; a terceira, refere-se ao texto em que o escritor não tinha a criança como público-alvo, porém, o interesse surge naturalmente; e a quarta situação, seria a que se refere às obras, especialmente, pensadas e escritas para a infância.

Já Cunha (1991) considera que a narrativa literária para crianças é a mesma para os adultos, diferindo-se apenas na sua complexibi-lidade. A autora afirma que a narrativa para criança é mais simples,

O LIVRO PARA CRIANÇA

E SUAS ESPECIFICIDADES

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porém tão valiosa quanto para adulto. Além disso, entende que qualquer literatura para criança pode ser lida por adultos, enquanto o inverso nem sempre é possível.

Ao observar o artefato gráfico, Bier (2004) considera que a criança não se atêm à classificação de temas ou adequação à faixa etária na escolha de título (até porque estes aspectos são analisados normalmente pelos pais e/ou responsáveis, educadores e demais adultos que interagem com a criança). O interesse desse público ocorre por meio das ilustrações, cores, tipografia e aspectos físicos. Por isso, ao projetar um livro para criança é fundamental o estudo de todas as características que o compõe.

CATEGORIAS DE LIVROS PARA CRIANÇAS

Diante dos argumentos acima descritos, entende-se livro para criança como aquele que em sua construção é projetado, princi-palmente, para crianças ou que naturalmente desperta o interesse e atrai a atenção delas, podendo ter sucesso com crianças de uma única geração ou de várias e que ainda consiga estabelecer uma conexão com os adultos. Para este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), não cabe realizar um estudo aprofundado sobre a história da literatura para criança. Por outro lado, é necessário compre-ender os diferentes tipos de livros existentes no mercado. Ainda não existe um consenso sobre as categorias dentro do estudo da literatura para criança, desta maneira, adotou-se a classificação de Van der Linden (2011) e de Paiva (2010) para designar o projeto editorial aqui proposto. A autora francesa Van der Linden (2011, p.24) descreve oito divisões:

LIVRO COM ILUSTRAÇÃO: Obras que apresentam um texto acompanhado de ilustrações. O texto é espacialmente predominante e autônomo do ponto de vista do sentido. O leitor penetra na história por meio do texto, o qual sustenta a narrativa.

PRIMEIRAS LEITURAS: Denominação editorial que se dirige especificamente aos leitores principiantes. A paginação assemelha-se às histórias ilustradas, imagens enquadradas junto ao texto, aproximando por vezes aos livros ilustrados. LIVROS ILUSTRADOS: Obras em que a imagem é espacialmente preponderante em relação ao texto. [...] A narrativa se faz de maneira articulada entre texto e imagens.

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS (HQ): Forma de expressão caracterizada não pela presença de quadrinhos e balões, e sim pela articulação de imagens solitárias1. A organização da

página corresponde - majoritariamente - a uma disposição compartimentada, isto é, os quadrinhos que se encontram justapostos em vários níveis.

LIVROS POP-UP: tipos de livros que tratam do espaço da dupla, sistemas de esconderijos, de dobras para trás, de corrediças que permitem a mobilidade de elementos ou mesmo uma apresentação em três dimensões.

LIVROS-BRINQUEDO: objetos híbridos, situados entre o livro e o brinquedo, correspondem aos objetos que se assemelham aos livros ou livros que acolhem um objeto em três dimensões (de pelúcia, boneco de plástico).

LIVROS INTERATIVOS: Livros que se assemelham como suporte de atividades, autocolantes, para colorir, construções, recortes, entre outras propostas recreativas, podendo acolher materiais necessários para a atividade manual.

LIVROS IMAGINATIVOS: A um só tempo, apresentam organização material e funcionalidade específica indissociáveis. Essas obras visam à aquisição da linguagem por meio do reconhecimento de imagens referenciais. Incluem uma sequência de representações - acompanhadas ou não de equivalentes linguísticos - em geral organizadas em agrupamentos  lógicos.

1|Segundo Van der

Linden (2011) imagens solitárias são imagens que ocupam a totali-dade de uma ou duas páginas.

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Já Ana Paula Paiva (2010, p.84-88), destaca em seu estudo uma variedade de livros existentes na atualidade:

LIVRO DE LEITURA SEQUENCIAL: Ensaio, romance, novela [...], história em quadrinhos.

LIVRO OBRA DE REFERÊNCIA: Dicionário, manual, enciclopédia, livro didático [...].

LIVRO DIGITAL OU E-BOOK: [...] é um livro em formato digital [...].

LIVRO RARO: [...] característico de um marco histórico, precioso, representativo, esgotado, edição limitada [...].

LIVRO DE ARTE: é toda obra que trata do assunto arte [...]. LIVRO DE ARTISTA: [...] inclui o livro-objeto e o livro brinquedo. Trata de um produto artesanal da arte contemporânea. É construído a partir de um modelo de suporte conhecido, o livro protótipo, ao qual reverencia, ora faz contraposição. [...] FLIP BOOK: [...] um livro animado, de potencial narrativo sui generis. Também chamado de cineminha de polegar [...] LIVRO POP-UP: livro que salta para fora, livro jump, que cria janelas de leitura inesperadas, eloquentes [...]

A problemática que surge em volta da classificação de livros se encontra justamente na delimitação de características. Na cons-trução de um livro, o autor, o ilustrador e a editora possuem liberdade para criar, e o resultado desse trabalho participativo pode gerar um artefato que se encontra na interseção entre duas ou mais categorias. A exemplo disso, temos o título Encyclopedia Prehistorica: Dinosaurs (Matthew Reinhart, 2005) (Figura 1), que além de ser um livro pop-up também é um livro obra de referência na definição de Paiva (2010).

O LIVRO-BRINQUEDO

Em 2013, Ana Paula Paiva, pesquisadora citada no tópico anterior, realizou um novo estudo sobre o livro-brinquedo, também deno-minado livre-jeu. Nessa pesquisa a autora aponta diferentes estru-turas, que podem ser exploradas no gênero livro-brinquedo, ressaltando que um único livro pode abranger mais de uma deno-minação. Dentre elas, a pesquisadora descreve o livro interativo:

Aquele que convida o leitor à participação ativa. São obras que provocam reação e que se fazem interessantes na influência recíproca. Um livro interativo é pensado para ser manuseado pelo leitor-criança, deve ser resistente e atraente ao toque, além de não oferecer risco à segurança dos pequenos. (PAIVA, 2013, p.140) Figura 1 Encyclopedia Prehistorica: Dinosaurs (2005) Fonte: http://www. matthewreinhart.com/ encyclopedia-prehisto-rica-dinosaurs/

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De acordo com Paiva (2013), a interatividade do livro-briquedo se encontra na exploração do objeto pela criança, que durante sua manipulação obtém descobertas por meio dos elementos textuais, visuais, táteis, sonoros, olfativos ou gustativos. A exploração de sentidos é alcançada por meio de ferramentas de som, animação, pop up, step inside2, scanimation, entre outras, com o objetivo de

fomentar o conhecimento ou a recreação.

Diante das definições de Van der Linden (2011) e Paiva (2013), assume-se, neste TCC, o livro-brinquedo como aquele que estimula o leitor a interagir manualmente com o artefato, explorando os sentidos, a coordenação motora e/ou a cognição da criança. Vale ressaltar que esta pesquisa não pretende abordar a inte-ratividade de interfaces digitais, deste modo sempre que for mencionado a palavras interação e seus derivados, deve-se levar em conta a interação como manipulação de mecanismos oriundos da produção gráfica impressa.

A seguir, descreve-se a importância do aspecto literário no produto em estudo, com intuito de fortalecer a ideia de um livro-brinquedo que cumpra o objetivo de atrair a atenção dos leitores iniciantes por meio de um projeto gráfico diferenciado, ao mesmo tempo que estimule a capacidade crítica e imaginativa da criança.

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA ALFABETIZAÇÃO

Durante muito tempo a alfabetização foi considerada como o ato de aprender um código de transcrição (FERREIRO, 1988). Em outras palavras, seria entender que o objeto “lápis”, está ligado tanto ao som “lápis” como ao grafismo “lápis”. Segundo a autora,

no passado, o processo de ensino da leitura e da escrita utilizava apenas a discriminação visual e auditiva dos caracteres, bem como dava ênfase ao aperfeiçoamento das coordenações sensoriais e motora da criança na aprendizagem.

Entretanto, Góes (2003) defende que esse tipo de alfabetização tradicional, em que a leitura é apenas um processo de transmissão de informações e produz um leitor passivo, não é mais admitido. A autora explica que a maneira como os educadores trabalham textos em sala de aula mudou, nessa nova concepção de ensino leva-se em conta a intertextualidade, presente na sociedade em que vivemos. Objetiva-se alfabetizar as crianças para que elas se tornem leitoras ativas, capazes de explorar sentimentos, percepções e sentidos. Góes (2003, p.17) ainda acrescenta: “O leitor que assim lê desenvolverá sua expressão criadora ou sua capacidade de criar, inventar, relacionar, comparar, escolher, optar, desenvolver. Seu percurso será o do desenvolvimento global por necessário para o anseio de construção humana”.

Entende-se que o incentivo à leitura na infância, é de fundamental importância para fomentar leitores críticos. Saber ler e escrever, na contemporaneidade, permite ao indivíduo compreender o que se passa à sua volta. Conforme defende Cunha (2011, p.28):

A leitura está intimamente relacionada com o processo de formação geral do indivíduo, com a sua integração e afirmação na sociedade (pela possibilidade de autonomia e de liberdade pessoal) e com a sua capacitação para as práticas sociais, tais como: a actuação política, econômica e cultural, além do convívio em sociedade, seja na família, nas relações de trabalho ou noutros espaços ligados à vida do cidadão.

2|Livros step inside

trabalham com planos da cena impressos separadamente e sobrepostos com um espaço entre cada plano, formando uma imagem em perspecti-va tridimensional.

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É nesse contexto que se deve compreender a relevância dos livros que explorem a pluralidade do suporte físico, que Góes (2003) denomina de “objeto novo”. O objeto novo procura integrar no suporte de leitura a sensibilidade, a percepção, o desenvolvi-mento dos sentidos, a cognição e a motricidade das crianças. Estes produtos surgem rompendo os estereótipos dos livros para criança, quebrando com a concepção da narrativa com objetivo moralista. O livro contemporâneo tem explorado recursos gráficos, técnicas artísticas, tecnologia de materiais e produções gráficas impressas, jogos e brincadeiras, para que a interatividade do artefato gráfico colabore na formação de leitores ativos.

A LEITURA PARA CRIANÇAS

Ao abordar o desenvolvimento de um livro para criança é impor-tante reconhecer as fases de desenvolvimento dela e suas impli-cações na produção literária. A seguir, descreve-se alguns estudos relacionando ao leitor, a experiência leitora do usuário e à faixa etária, que irão auxiliar na definição do público-alvo. A definição da faixa etária também é um importante fator a ser considerado na escolha do conteúdo do livro, estilo de ilustrações, tamanho, suporte e tipografia.

Cunha (1991) propõe três divisões para compreender o desenvol-vimento da criança: a do mito (3/4 a 7/8 anos), a do conhecimento da realidade (7/8 a 11/12 anos) e a do pensamento racional (11/12 anos até o fim da adolescência). A autora explica que na fase do mito os aspectos predominantes são fantasia e animismo. A criança tende a relacionar ao máximo a realidade com a história lida ou contada e tem preferências por histórias como contos de fadas, fábulas, lendas e mitos. A segunda fase, conhecimento da

realidade, com uma idade mais avançada, a criança já reconhece e distingue melhor a realidade do fantástico, e por isso, identifica-se melhor com romances de aventura e relatos históricos. Entende-se a fase do pensamento racional como a época em que a criança separa o racional do emotivo e desenvolve o domínio das noções abstratas, por isso preferem romances em geral.

Ainda sobre o desenvolvimento da criança, Coelho (2000) acredita que a criança passa por diferentes níveis de amadurecimento psíquico, afetivo e intelectual, bem como de conhecimento e

domínio do mecanismo da leitura3. Neste sentido, a adequação

dos livros deve respeitar essas diversas etapas. A escritora cita cinco categorias que norteiam as fases do desenvolvimento psico-lógico da criança relativo à leitura: o pré-leitor, o leitor iniciante, o leitor em processo, o leitor fluente e o leitor crítico.

O pré-leitor abrange a primeira infância (15 meses a 2 anos) e a segunda infância (a partir dos 2/3 anos), nessa fase a criança utiliza o tato e o contato afetivo para começar a reconhecer o mundo. Também é nessa fase que ocorre a aquisição da comunicação verbal e surge interesse por atividades lúdicas. De acordo com Abramovich (1997), os livros indicados para pré-leitores são de humor, expectativa ou mistério, devem apresentar um contexto familiar e não devem conter texto escrito, pois, é por meio da nomeação das coisas que a criança estabelecerá uma relação entre a realidade e o mundo dos livros.

A partir dos 6/7 anos, quando a criança começa a se apropriar da decodificação da linguagem escrita, é considerada como leitor iniciante. Segundo Coelho (2000) técnicas de repetição ou de

3|Os mecanismos de leitura englobam todos os fatores cognitivos envolvidos no processo de leitura

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ocultar elementos são ferramentas para atrair a atenção e o inte-resse desta fase. A autora recomenda livros de linguagem simples com começo, meio e fim, com histórias que estimulem a imagi-nação, a inteligência, a afetividade, as emoções, o pensar, o querer, o sentir e com imagens predominante ao texto.

A fase do leitor em processo normalmente ocorre a partir dos 8/9 anos e é caracterizada pelo domínio do mecanismo da leitura. Esse leitor tem grande atração por história com humor, situações inesperadas, emocionantes ou satíricas. Os livros adequados a esta fase devem apresentar textos escritos em frases simples, de comunicação direta e objetiva.

O leitor fluente surge a partir dos 10/11 anos, fase em que se consolidam os mecanismos da leitura. Segundo Coelho (2002), é a partir dessa fase que a criança desenvolve o “pensamento hipo-tético dedutivo” e a capacidade de abstração. O leitor fluente é atraído por histórias que apresentem valores políticos e éticos, por heróis ou heroínas que lutam por um ideal, a exemplo de: mitos, lendas, romances e aventura. Considera-se adequado histórias com linguagem mais elaborada, porém as imagens ainda são um elemento forte de atração.

A partir dos 12/13 anos, quando a criança possui domínio total da leitura, é considerada a fase do leitor crítico. O indivíduo desenvolve a capacidade de intertextualização, pensamento reflexivo e consci-ência crítica. Segundo Coelho (2000), o leitor crítico continua a se inte-ressar pelos tipos de leitura da fase anterior, porém com uma visão diferente. Este leitor estabelece relação do que leu com a realidade que o cerca e faz abstrações de conceitos subliminares ao texto.

Considera-se ainda os apontamentos de Eco (1988) sobre a relação de texto e leitor, pois ele acredita que o texto é um conjunto de elementos e signos à espera do leitor, que através da leitura e interpretação preenche lacunas do não dito. O texto não fala, o leitor é que deve ter a iniciativa de produzir sentidos. Ao produzir um texto, o autor supõe como este será lido e insere a intenção de reação a leitura; a partir disso, faz uma previsão de como será esse leitor, denominado de “leitor modelo”. Espera-se que o leitor modelo interprete o texto de modo semelhante ao que o autor o fez no nível generativo. Para tanto, o autor assume um conjunto de pressuposições, buscando assemelhar-se ao leitor, não se trata de esperar que o leitor-modelo exista, mas trabalhar o texto de forma a construí-lo. Nesse sentido, o texto literário convoca o leitor para o processo de criação, na elaboração de sentidos para o texto e no preenchimento dos vazios propositais do texto.

Após compreender as fases de desenvolvimento e o período de aprendizagem alfabética das crianças, levando em consideração a identificação de um leitor modelo, para que a construção do artefato tenha coerência com seu público. Adotou-se para este TCC, a faixa etária entre 5 e 8 anos, pois abrange as fases de pré-leitor à leitor iniciante propostas por Coelho (2000), caracte-rizadas por crianças que se encontram no processo de aquisição da habilidade de ler, como também se enquadram na fase do mito descrita por Cunha (1991), que se adequa à proposta de um livro--brinquedo, através do animismo e fantasia. Apesar da delimitação etária para definição do público-alvo, sabe-se que a maturidade e a experiência leitora também influenciam na escolha dos livros a serem lidos.

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Este capítulo busca estudar e compreender as etapas de um projeto gráfico na produção de um livro-brinquedo. Ao compreender que o livro para criança, como qualquer outro artefato bem elaborado, é um produto industrial que está sujeito a imposições técnicas e pedagógicas para atender seu público leitor, conforme afirma Lins (2004), elaborou-se uma revisão bibliográfica abordando aspectos técnicos que envolvem o design editorial. O modelo de análise proposto por Walker (2012, apud CAMPOS, 2016) foi utilizado como eixo norteador da pesquisa, pois leva em consideração o estudo da estrutura gráfica e do conteúdo linguístico que influenciam a leitura pela criança. Tal modelo propõe a divisão em quatro etapas: (1) descrição do artefato; (2) estrutura do documento e articulação do conteúdo; (3) tipografia; e (4) ilustração. A partir desta estrutura, estabeleceu-se uma nova organização de tópicos, renomeando-os para fornecer maior afinidade com a área do design editorial. Assim, os itens foram divididos a partir dos parâmetros: formato, suporte, impressão, acabamento, diagramação, tipografia e ilustração.

FORMATO E TAMANHO

O formato de um livro é responsável pelo conforto no manuseio durante a leitura, além de afetar diretamente no custo de produção. Contudo, pricipalmente quando se trata de um título para criança, o formato também agrega valor estético que interfere na escolha do livro pela criança.

É comum confundir o termo “formato” com “tamanho”. O primeiro refere-se a forma do livro, enquanto o segundo trata das dimensões

(HASLAM, 2006). A produção recente de livros para criança ampliou as possibilidades de formatos, potencializados pelo surgi-mento dos livros-brinquedo e livros-objeto, que passaram a ser os grandes diferenciais na escolha do produto pelo seu público-alvo. Paiva (2013) aponta que existe uma diversidade de formatos inusi-tados encontrados atualmente no mercado editorial para criança, a exemplo: bolsa, maleta, bicho, tabuleiro, caixa de ovo, cubo, quebra cabeça, travesseiro, bóia, entre outros formatos. A autora defende que o formato do artefato gráfico é fator importante na percepção da criança, o que a permite associar o livro também como brinquedo. A partir desta concepção, compreende-se que uma narrativa é construída muito além do texto e da imagem, ou seja, o próprio objeto livro interfere na leitura da história e influencia em como essa narrativa é interpretada. Ao considerar estes aspectos, Paiva (2013, p.129) enfatiza que:

O diálogo entre forma e conteúdo assinala uma tendência fundamental nas edições de livro-brinquedo contemporâneas – nacionais e internacionais. O livro é concebido não apenas para ser lido, mas também para ser manuseado, apreciado e compreendido como canal de diversão e ludicidade.

The Fable Game (2009) ilustra essa ocorrência, uma vez que o leitor controla a dinâmica do enredo de acordo com o encaixe das páginas (lâminas), assim, a criança e/ou o mediador criam a sua história (Figura 2). No livro The Book With a Hole (2011), o autor convida a criança a participar da narrativa a partir do recorte especial (meia circunferência) que acompanha a forma da boca ilustrada na capa, a cada página dupla o elemento vazado fornece um novo sentido para a ilustração, transformando-se em prato,

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em cabeça, em lupa, em janela e outros tantos objetos do coti-diano (Figura 3). Outro uso de corte especial recorrente é o recorte contornando a ilustração da capa, fornecendo ênfase ao cenário em que se passa a narrativa, a exemplo: Cachinhos Dourados e os três ursos (2017), em que o livro possui formato da casa dos três ursos (Figura 4).

Figura 5

Formatos regulariza-dos pela norma 872 da I.S.O

Fonte: Araújo, 1986, p.416

Figura 3

The Book With a Hole

(2011) Figura 2

The Fable Game

(2009)

Figura 4

Cachinhos Dourados e os três ursos (2017)

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

Contudo, o formato que foge do tradicional nem sempre é a melhor opção, tendo em vista o alto custo de produção da faca para o corte especial e/ou o desperdício de papel gerado para que se obtenha o produto desejado. Por isso, é importante conhecer

os formatos que melhor aproveitam o substrato4 disponível na

gráfica, levando, ainda, em conta o processo de impressão. Araújo (1986) aponta os formatos regularizados pela norma 872 da I.S.O., que propõe quatro proporções, obedecendo aos tamanhos ofer-tados pela indústria de papel, sendo essas: francês, quadrado, oblongo ou estreito (Figura 5).

4|Na indústria gráfica,

substrato é todo suporte que irá receber a impressão.

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Para definir o tamanho de um livro é importante levar em consi-deração a intenção do projeto gráfico. Haslam (2006) menciona o guia de bolso como exemplo, que como o próprio nome já diz, precisa caber dentro de um bolso. Já um Atlas, precisa que seu conteúdo seja detalhado e minucioso, por isso, deve possuir grandes dimensões. Assim, o autor conclui que o tamanho deve estar relacionado diretamente com o seu conteúdo narrativo e com os propósitos a serem alcançados com aquele produto. Segundo Lins (2002), o tamanho de papel mais comum existente na indústria gráfica brasileira é o BB, representado pelas medidas 66x96cm. Isto posto, o tamanho refilado de um livro que visa o melhor aproveitamento do papel, deve ser projetado de acordo com as possibilidades de corte e vinco considerando a impressão em cadernos, assim a quantidade de página que compõem o caderno deve ser múltiplo de quatro. (Figura 6)

Apesar da relação entre conteúdo e forma, no que se refere a livros para crianças, o público-alvo também se torna um aspecto a ser considerado no projeto. Van der Linden (2011) menciona dois conceitos quanto à adequação do tamanho do livro para criança. O primeiro defende que livros pequenos, em média 10 centímetros, são melhores de manusear para as mãos pequenas. O segundo conceito defende que livros grandes, superiores a trinta centímetros, são visualmente mais atraentes e legíveis, tornando a leitura uma aventura. Cabe então, ao designer, analisar os seguintes aspectos para definir as dimensões de um livro, além dos pontos técnicos acima mencionados: o intuito proposto pelo autor da narrativa, a utilização do livro e o seu público-alvo.

SUPORTE

A escolha do suporte é realizada concomitante ao formato, assim, inicialmente se deve verificar a disponibilidade de substratos para impressão existentes no mercado para serem empregados no miolo5 e na capa. Na produção de livros, segundo Bann (2010), o

mais recorrente é a utilização de papel no miolo e do cartão na capa. O autor classifica os papéis a partir das propriedades físicas, considerando as seguintes características: gramatura, opacidade, revestimento, alcalinidade e formação da pasta. A seguir serão descritos alguns dos papéis mais utilizados nos livros infantis.

PAPEL LIVRE DE ÁCIDO: tem um ph 7 ou maior, uma expectativa de vida mais longa do que o papel com um teor mais alto de ácido e é utilizado para livros e outras publicações que exigem durabilidade. [...]

PAPEL COM ALTA QUALIDADE DE PASTA MECÂNICA: Esse tipo de papel contém uma grande quantidade de pasta de madeira mecânica, mas também um pouco de pasta química

Figura 6 Possibilidades de cortes e vincos da folha BB para aproveitamento de papel 1 FOLHA - 66 X 96 2 FOLHA - 48 X 66 3 FOLHA - 32 X 66 4 FOLHA - 33 X 48 10 FOLHA - 19.2 X 33 12 FOLHA - 16 X 33 12 FOLHA - 22 X 24 16 FOLHA - 16.5 X 24 8 FOLHA - 24 X 33 1 FOLHA - 66 X 96 2 FOLHA - 48 X 66 3 FOLHA - 32 X 66 4 FOLHA - 33 X 48 10 FOLHA - 19.2 X 33 12 FOLHA - 16 X 33 12 FOLHA - 22 X 24 16 FOLHA - 16.5 X 24 8 FOLHA - 24 X 33 1 FOLHA - 66 X 96 2 FOLHA - 48 X 66 3 FOLHA - 32 X 66 4 FOLHA - 33 X 48 10 FOLHA - 19.2 X 33 12 FOLHA - 16 X 33 12 FOLHA - 22 X 24 16 FOLHA - 16.5 X 24 8 FOLHA - 24 X 33 1 FOLHA - 66 X 96 2 FOLHA - 48 X 66 3 FOLHA - 32 X 66 4 FOLHA - 33 X 48 10 FOLHA - 19.2 X 33 12 FOLHA - 16 X 33 12 FOLHA - 22 X 24 16 FOLHA - 16.5 X 24 8 FOLHA - 24 X 33 Fonte: Lins (2004, p.60). 5|Miolo é o conjunto de

folhas que constituem o interior de um livro ou publicação, com exceção da capa.

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para aumentar a resistência. [...] Durante a fabricação, o papel recebe uma aplicação de cola a fim de adquirir uma superfície uniforme para impressão offset. Os papéis de pasta mecânica são utilizados para folhetos e revistas mais baratos - retículas de meio-tons com até 120 linhas por polegada ou mais podem ser impressas com qualidade satisfatória.

PAPEL CARTUCHO: Rígido e resistente, [...]. O termo faz referência à maioria dos papéis densos com uma superfície áspera, como papéis utilizados para desenho e pintura.

PAPEL CARTÃO6: Geralmente utilizado nas capas de catálogos e brochuras e na produção de embalagens cartonadas. [...] Papéis cartões mais espessos são usados em embalagens, livros infantis ou estojos de livros capa dura.

PAPEL ATIQUE: Utilizado principalmente na produção de livros, é um tipo de papel encorpado com um acabamento naturalmente áspero (antique wove), semelhante ao de um papel feito à mão não calandrado.

PAPEL COM ACABAMENTO INGLÊS E CALANDRADO E ACABAMENTO LISO OU SUPERCALANDRADO: Embora não revestidos, esses papéis muitas vezes são utilizados em publicações que contêm meios-tons de preto e branco ou em trabalhos coloridos. A lisura desses acabamentos cria uma superfície receptiva para a reprodução de fotografias e ilustrações a traço detalhadas.

PAPÉIS REVESTIDOS: O papel couchê de alto brilho é revestido nos dois lados, com caulim ou giz, e calandrado para alcançar alta lisura e brilho. É utilizado para a impressão de trabalhos em meios-tons e em cores, revistas de alta qualidade e material promocional. [...]. O papel couchê fosco, ou acetinado [...] fornece uma excelente reprodução de meios-tons em preto e branco, bem como de imagens em quadricromia, sem que o efeito do brilho interfira na legibilidade do conteúdo textual da publicação. O papel-cromo é revestido somente em um dos lados e é usado para cartazes, provas, sobrecapas de livros e etiquetas. Já os papéis couchés monolúcidos de alto brilho são [...] empregados na produção de embalagens especiais, capas para materiais de apresentação, entre outros.

PAPÉIS PLÁSTICOS: Esses papéis são produzidos inteiramente a partir de plásticos ou revestimento plástico, ou de látex, sobre um papel-base. Embora caros, são ideias para a produção de mapas impermeáveis, manuais de oficinas e livros infantis. Os papéis plásticos são resistentes e laváveis, e requerem tintas e técnicas de impressão.

PAPÉIS PARA IMPRESSÃO DIGITAL: [...] Muitas impressoras digitais exigem papéis especialmente fabricados [...] (muitas vezes fornecido pelos fabricantes da impressora) que são à base de plástico e têm a aparência de um papel revestido; no entanto, não geram os problemas provocados pelo revestimento. Esses papéis normalmente são mais caros do que os seus equivalentes utilizados no processo offset.

(BANN, 2010, p.126)

Analisando a estrutura de livros cartonados (Figura 7), descobriu-se que a produção dos mesmos é feita utilizando-se um processo de empastamento de papéis. Segundo Ambrose e Harris (2009), esse processo consiste na união de dois suportes, possibilitando colar os papéis impressos em papéis cartão, unindo as páginas e formando o livro a partir dessa colagem, além de garantir uma maior espessura para o suporte.

Figura 7

Exemplo das páginas de um livro em papel cartonado. Fonte: https://http2. mlstatic.com/6-mi- ni-livro-cartonados- -minha-caixa-rosa-in-fantil-beb-b2815-D_ NQ_NP_127711-ML-B20617637429_ 032016-F.jpg 6|O papel cartão também é conhecido como papel cartonado.

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Apesar do papel predominar no mercado editorial, ao analisar os livros contemporâneos para crianças, é notável a crescente diversidade de suportes utilizados na confecção de livros-objeto e livros-brinquedo, capazes de explorar a sensação tátil. Donis (1991) também defende o desenvolvimento tátil durante a infância, relatando que a primeira experiência que passa uma criança em seu processo de aprendizagem ocorre por meio da consciência tátil. A autora esclarece que a escolha do suporte é tão importante quanto uma narrativa apropriada ao leitor. Além do processo de

reconhecimento tátil, o livro pode despertar outras sinestesias7, a

exemplo do olfato, da audição e do paladar, o que ela descreve como um intenso e fecundo contato com o ambiente.

Nesse contexto, Paiva (2013) explica as vantagens de explorar os aspectos visuais e sensoriais do objeto livro por meio de diferentes suportes:

O livro-brinquedo parece duplo em sua vocação ainda experimental, além de ocupar um lugar de transição que abarca o gosto pela leitura e a brincadeira com o objeto. Sua plasticidade editorial e performance abrigam tecnologias e acabamentos gráficos, contatos sensoriais e a impressão de escrituras que se movimentam dentro de um espaço profícuo à ação de ler brincando.

(PAIVA, 2013, p.128)

Ao pensar na exploração de diferentes substratos, observa-se que o plástico tem um uso recorrente nos livros para crianças pequenas em função de ser um material de fácil limpeza. O livro Hora da Papinha (2013) utilizou o plástico para obter uma maior durabilidade do produto, uma vez que pressupõe a leitura durante

o horário da comida, tal material permite molhar, lamber, sujar e lavar (Figura 8). Além desse aspecto prático, a diversidade de plás-ticos possibilita a versatilidade de formato, cor e espessura do produto como ocorre em A Pequena Raposa (2016), cujas páginas mais grossas facilitam o manuseio, possui cores variadas e formato retangular com a lateral arredondada (Figura 9), sendo assim um exemplo da polivalência possível de se alcançar com a utilização do plástico na produção de um livro para criança.

7|A sinestesia é o

fenô-meno neurológico que consiste na produção de duas sensações de natureza diferente por um único estímulo.

Figura 8

Hora da Papinha

(2013)

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Além do papel e do plástico, pode-se empregar outros mate-riais na produção do livro, como por exemplo, a utilização da madeira no I prelibri: Libro 9 (2016) (Figura 10). Livros de madeira promovem o contato da criança com um suporte natural, não frio como o plástico, e promovem sonoridade ao bater uma página em outra. Outro exemplo do livro de exploração tátil é o produzido com pano, que possui grande simbolismo de afetividade, uma vez que, desde pequenos, somos envolvidos por tecidos e adquirimos grande intimidade com nossa pele. Sonhando com Patati Patata (2011) trabalha a ideia de um livro como travesseiro, propondo a ludicidade pelo ato de ler e sonhar (Figura 11).

A escolha do substrato de impressão influencia diretamente no preço do produto, uma vez que ele será a matéria prima da produção do livro. Diante disso, cabe ao designer a escolha do suporte mais adequado ao intuito narrativo e ao objetivo educa-cional do produto, sem desprezar a capacidade de absorção do mercado, sendo recomendável ponderar o valor de produção e potencial de venda do livro.

IMPRESSÃO

Impressão é o processo de reprodução de um determinado conteúdo (texto, ilustração, cor) no suporte desejado. Os avanços tecnológicos ampliaram as possibilidades de impressão. Cada processo possui diferentes características, referentes à qualidade de reprodução, custo, prazo e operacionalidade da produção. Esses parâmetros devem ser considerados na escolha do tipo de impressão que melhor se adequa ao projeto. A partir da descrição encontrada em Bann (2010) será apresentado brevemente, a seguir, os principais processos de impressão encontrados no mercado editorial. Figura 10 I prelibri: Libro 9 (2016) Figura 11 Sonhando com Patati Patata (2011)

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 9

A pequena Raposa

(2016)

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Offset

Segundo Van der Linden (2010) após o surgimento da impressão offset, o mercado editorial passou a ser dominado por essa técnica e até os dias de hoje ela permanece como o processo mais utilizado na indústria gráfica, devido a seu baixo custo para médias e grandes tiragens. Além disso, possui boa qualidade de impressão e reprodução de detalhes, bem como permite imprimir em prati-camente todos os tipos de papéis e alguns tipos de plástico. As impressoras offset podem ser planas ou rotativas, alterando a alimentação do suporte. As planas rodam folha por folha, ofere-cendo melhor qualidade, sendo, portanto, ideal para impressão de livros, folhetos, cartazes, folders e panfletos. Já as rotativas utilizam papel em bobina sendo ideal para trabalhos de grande tiragem, como jornais e revista, e a velocidade de impressão é mais alta. Ambas as impressoras utilizam matrizes metálicas no processo indireto de transferência da imagem para o suporte.

Impressão digital

O crescimento rápido da impressão digital, tende a tornar o processo mais eficiente e mais barato para trabalhos em pequenas tiragens (até 500 exemplares). A maior vantagem desse processo consiste em não utilizar a matriz de impressão, o que elimina a etapa de produção das matrizes. Neste caso, a imagem é transferida digitalmente para o maquinário, o que reduz o custo, diminui o prazo de confecção, possi-bilita a alteração de dados entre impressões e viabiliza a impressão sob demanda. Os avanços tecnológicos permitem, atualmente, obter uma qualidade no impresso muito próximo ao atingido pela impressora offset. Algumas impressoras digitais podem apresentar problemas relacionados ao inconstante gerenciamento de cores e ao alto custo de insumos de tinta, o que inviabiliza seu uso para grandes tiragens.

Rotogravura

A rotogravura é recomendada para projetos de grandes tiragens, considerado vantajoso acima de 300 mil exemplares segundo Bann (2010), e em materiais que exijam qualidade na reprodução da imagem, tais como determinados segmentos de revistas, rótulos de embalagens, catálogos, suplementos em cores e livros de arte. Esse processo possui alta velocidade de impressão mantendo a qualidade e permite variados tipos de suportes, a exemplo do papel, papelão, tecido, metal (lataria). É um processo de impressão direto, ao contrário da offset, a área de grafismo é gravada em um cilindro (matriz metálica). O processo de impressão consiste na pressão do suporte por meio de um cilindro emborrachado contra a matriz entintada. No caso do livro para criança, a rotogravura poderia ser utilizada quando o título é distribuído em vários países, justificando as elevadas tiragens.

Serigrafia

A serigrafia é considerada, segundo Bann (2010), o processo de impressão mais versátil por possibilitar a impressão numa infinidade de suportes, tais como: madeira, tecido, vidro, cerâmica, plástico e metal. Esse processo é utilizado geralmente em projetos de livros que não possua o papel como substrato de impressão. A impressão ocorre por meio de uma tela (matriz) composta de fios sintéticos de seda ou náilon. Aplica-se a tinta com um rodo de borracha sobre a superfície da tela, a pressão exercida pelo rodo faz com que a tinta alcance o suporte nas áreas de grafismo permeáveis. A serigrafia é um processo que exige separação de cor por tela, sendo reco-mendado para projetos que envolvam poucas cores. Em virtude da limitação do processo, deve-se evitar também textos em corpos muito pequenos, meios-tons e curvaturas muito fechadas.

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Diante dos quatro processos de impressão acima descritos, na produção de um livro-brinquedo, deve-se considerar os seguintes critérios ao escolher o processo: tiragem e suporte de impressão.

De acordo com Earps e Kornis (2005), no Brasil, a tiragem ótima8

para livros comuns (com exceção dos didáticos e best-sellers) é de 3 mil exemplares. Ao considerar essa tiragem e a qualidade da reprodução, a impressão offset é a alternativa mais adequada para a proposta de livro-brinquedo. Entretanto, diante do crescente mercado na produção de livros sob demanda, se pode utilizar a impressão digital, reduzindo os estoques e os investimentos da editora. Do ponto de vista do suporte do livro, caso seja um material diferente do papel, como por exemplo a madeira ou tecido, a seri-grafia será a técnica mais recomendada.

ACABAMENTO

No desenvolvimento do projeto gráfico de livros para crianças, o acabamento pode ser o diferencial que distinguirá um artefato de outro. As características sensoriais proporcionadas pelo acaba-mento, tais como: brilho, forma, textura, cheiro, cor, podem alterar nossa percepção quanto ao objeto apreciado. O acabamento é a última fase de produção e inclui técnicas como recorte, vinco, estampagem, laminação, verniz, encadernação, entre outros arti-fícios. A seguir serão apresentadas algumas dessas técnicas que podem ser aplicadas na produção de um livro-brinquedo para crianças.

Refile

O refile é o corte final dos impressos, por uma guilhotina, no intuito de aparar as três margens do miolo (BANN, 2010). Alguns livros possuem o refile final personalizado, como chanfros, para

arre-dondar os cantos do livro, ou corte inclinado, acrescentando carac-terísticas visuais. O livro Inclinado (2008) é um exemplo de refile que alterou a percepção narrativa do livro. A história é construída a partir desta inclinação, assim os acontecimentos são encadeados devido à ladeira formada pelo corte (Figura 12).

Figura 12 O livro Inclinado (2008)

Fonte: Arquivo pessoal. 8|Tiragem ótima

representa uma tiragem que gera valor de custo unitário competitivo em vista do aproveitamento do processo de produção industrial. Quanto maior a tiragem, menor o preço unitário, mas com a contraposição de não gerar um estoque elevado, ou seja, a tiragem deve ser proporcional ao mercado.

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Dobra

Nos livros tradicionais, a dobra permite a formação dos cadernos, porém nos livros para crianças esse acabamento gráfico é um importante aliado na criação de mecanismos com o papel (AMBROSE; HARRIS, 2009). A dobra associada a faca especial fornece outras potencialidades no livro, a exemplo a aba que permite a inserção de elementos complementares, como ocorre em O livro de surpresas da Ninoca (2007), em que as ilustrações da história são cobertas por abas e ao abrir o leitor tem uma revelação (Figura 13). É a partir das dobras que se obtêm os efeitos de tridi-mensionalidade dos pop ups, causando o encantamento do leitor pelo livro, como ocorre em Little Tree (2008), em que a árvore pop up vai se alterando e ao percorrer as páginas mostram a mudança das estações (Figura 14). Outro exemplo de exploração é a dobra sanfonada, cuja aplicação gera um efeito de continuidade na ilus-tração. A sanfona permite a visualização das imagens como se fosse um único cenário ou como uma cena contínua de animação em quadro; esse efeito é possível de identificar no livro Ver la luz (2013) (Figura 15). As páginas dobradas também podem funcionar como abas, assim são capazes de criar elementos surpresas na narrativa, como ocorre em OH! (2003), em que a figura inicial (xícara de café) se transforma em uma nova imagem (navio) ao abrir a página dobrada (Figura 16).

Figura 13

O livro de surpresas da Ninoca (2007)

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 14

Little Tree (2008)

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 15

Ver la luz (2013)

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 16

OH! (2003)

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Corte e Vinco

O corte e o vinco são processos semelhantes na gráfica, visto que utilizam o mesmo equipamento e necessitam da produção de uma faca especial (Figura 17), no caso do corte utiliza-se uma faca afiada, enquanto para o vinco, uma faca não afiada. O corte especial permite alterar o formato do suporte como um todo ou em páginas específicas, ao mesmo tempo que o vinco facilita dobras e o manuseio. No livro Bolas de Sabão (Figura 18), por exemplo, os elementos interativos são vincados para facilitar o manejo. A partir destes processos de acabamento, o projeto gráfico pode ganhar uma nova dimensão de significados para além da narrativa tradi-cional, como pode ser observado em Juego de Luces (Figura 19), no qual o corte especial em cada página possibilitou diferentes desenhos vazados, que ao serem colocados sob a luz de uma lanterna os reproduz em tamanho ampliado. Além do recurso da faca especial existem outras duas ferramentas que possibilitam a produção de elementos vazados: a impressora de corte e a máquina de corte a laser. Apesar de serem mais caras e lentas na reprodução para tiragens de um livro, estes equipamentos possi-bilitam cortes extremamente refinados (HASLAM, 2006). O corte a laser foi utilizado no livro La mia Giungla (Figura 20) para gerar as ilustrações, os desenhos vazados, que além de incentivar a percepção tátil, permite o jogo de contrastes.

Figura 18

Bolas de Sabão

(2015)

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 17 Exemplo de Faca Especial de Corte e Vinco Fonte: Alquimia do Papel Figura 19 Juego de Luces (2011)

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 20

La mia Giungla

(2013)

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Encarte

O encarte é um elemento acrescentado no miolo, podendo ser solto ou colado; seu objetivo é agregar informações ao produto. O primeiro caso normalmente é utilizado em material promocional, a exemplo: cartão de resposta, formulário ou errata. O encarte colado é mais recorrente nos livros-brinquedo, referindo sua utili-zação a razões estéticas ou interativas. Este acabamento possi-bilita que um impresso se diferencie do miolo, tanto no formato como no estilo das páginas (HASLAM, 2006). Na coleção de livros didáticos desenvolvido pelo Sistema Educacional Família e Escola (SEFE), denominada “Coleção Entrelinhas”, a presença de encartes colados teve a finalidade de viabilizar a proposta lúdica do material, transformando as páginas tradicionais em atividades recreativas e brinquedos. Outro exemplo semelhante ocorre no livro L.I.NEU e o Enigma das Letras (2015), em que um encarte na última página no formato de envelope guarda um espelhinho para ser utilizado na leitura de frases espelhadas no livro (Figura 21).

Serrilha

A técnica de serrilha é utilizada para facilitar a remoção de partes de um suporte, permitindo destacá-las com maior facilidade, desta maneira evita danificar o material a ser separado. Consiste em pequenos furos ou recortes na página, separados por uma distância fixa e alinhados. A perfuração é realizada por meio de um pente metálico que é pressionado contra o suporte, produ-zindo os pequenos furos (HASLAM, 2006). A autora Àngels Navarro utiliza a serrilha para que as peças de seu livro-brinquedo Los 10 mejores juegos del mundo (2012) pudessem ser destacadas pelo leitor (Figura 22). Este livro permite um passeio lúdico e interativo por dez jogos de tabuleiros produzidos em papelão. A criança remove as peças das páginas quando for jogar pela primeira vez, este artifício lúdico permite reduzir o custo de manipulação na gráfica, além de fornecer uma atividade lúdica.

Figura 21 L.I.NEU e o Enigma das Letras (2015) Figura 22 Os 10 melhores jogos do mundo (2012)

Fonte: Arquivo pessoal. Fonte: Paiva, 2013,

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Estampagem em relevo

O processo de estampagem tem como resultado a impressão em alto ou baixo relevo no suporte, podendo conter tinta ou não na área estampada. O efeito de relevo transmite personalidade, atratividade, destaque visual e qualidade tátil ao produto final, por meio de volume e textura em detalhes específicos. A autora de livros infantis Kveta Pacovská utilizou essa técnica em muitos de seus títulos publicados, como por exemplo na capa de Rund und Eckig (1994) (Figura 23).

Verniz

O verniz é utilizado para prevenir desgaste e tornar o livro mais atraente. É um material incolor que pode ser fosco, brilhante ou acetinado. Tal material pode ser aplicado em todo o suporte ou em áreas específicas, destacando-as pelo brilho e/ou textura. Apesar de ser uma técnica que envolve custo, o verniz ultravioleta (U.V.) possui uma ampla aplicação em livros-brinquedo, pois permite uma gama de acabamentos. Dentre os vernizes, destaca-se: U.V. total (utilizado em capas); U.V. high-gloss ou high-fosco (alto brilho ou fosco, além da textura possibilita relevo no suporte); U.V. cintilante ou glitter (contendo flocos de poliéster metalizado que geram o efeito de cintilação); U.V. texturizado (revestimento textu-rizado que reproduz o efeito de camurça, pele de pêssego, pele de

rosa, couro, linho, pedra, veludo); fluorescente9 (viabiliza a leitura

no escuro nas áreas de aplicação); com aroma (contém microcáp-sulas de fragrância que são liberadas ao esfregar suavemente a área com verniz) (PAIVA, 2013).

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 23

Rund und Eckig

(1994)

Figura 24

Galope! (2007)

Fonte: Arquivo pessoal.

Scanimotion

A técnica de scanimotion utiliza um plástico, listrado preto e trans-parente, sob um papel impresso. A ilustração é projetada em frames de animação, como se a imagem estivesse fatiada verti-calmente, o que permite a ilusão ótica do movimento ao deslizar o plástico sobre o papel. Essa técnica é utilizada no livro Galope!

(2007), em que o abrir e o fechar da página apresenta o movimento de um animal (Figura 24).

9|Não é recomendado

para áreas de refile, corte ou vinco pois pode soltar/quebrar

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Plastificação e Laminação

A laminação e a plastificação, em livros, são utilizadas, principalmente, nas capas com o objetivo de aumentar a durabilidade do produto. A diferença entre elas é o substrato empregado, no caso da lami-nação, pode ser fosca ou brilhante. No entanto, a técnica é a mesma para ambos os processos e consiste na aplicação de películas plás-ticas através de calor e pressão. Esses acabamentos não devem ser aplicados sobre tinta metálica ou serigráfica, porque a área impressa é danificada devido a alta temperatura (HASLAM, 2006). O projeto gráfico pode explorar a plastificação para incrementar a funciona-lidade do livro, como fizeram os autores Claude Delafosse e Sabine Krawczyk, ao criar uma coleção de livros-brinquedo (Figura 25). A coleção foi concebida para que a criança desenhe na folha especial dobrada e encartada na segunda capa do livro, tal folha quando aberta permite se encaixar ao longo da narrativa. A brincadeira se estabelece pelo contato do pincel com a água no papel especial, assim, na medida em que a folha é molhada, escurece a área, e ao secar, a pintura some, o que permite que a criança desenhe nova-mente. A interatividade se torna possível em decorrência da plastifi-cação das páginas do miolo, tornando-as impermeáveis.

Encadernação

A maneira como um livro é encadernado e os materiais empre-gados na sua produção influenciam diretamente na aparência, durabilidade e manipulação do produto, além de ser fator deter-minante no custo total da produção. Em relação ao material de revestimento do livro, as capas são classificadas em: capa dura, flexível ou brochura (HASLAM, 2006). Atualmente, as principais encadernações utilizadas em livros são: grampo canoa, grampo lateral, mecânica, costura e com cola (Figura 26).

Figura 25 Coleção de livros

Meus Papéis Mágicos

(1995)

Fonte: Media Giphy

Figura 26 Tipos de encaderna-ção empregados na produção do livro Fonte: Adaptado de Araújo, 1986, p.553

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A encadernação grampo canoa consiste da aplicação de grampos na dobra das páginas para segurá-las. Em geral, encontra-se o emprego do grampo canoa em publicações de poucas páginas e baixo valor agregado, porque seu custo de produção é baixo. Outra técnica é a de encadernação de grampo lateral, entretanto, esse sistema não é muito utilizado nos livros-brinquedo, uma vez que a fixação na lateral impossibilita a abertura total das páginas duplas. A encadernação mecânica consiste na perfuração das páginas do livro que são presas com uma espiral de arame, plástico ou o wire-o. É recomendada para projetos gráficos de baixo custo e que necessitem permanecer planos quando aberto, títulos para criança que exploram cortes horizontais da página normalmente utilizam essa encadernação, como por exemplo em Piratas (2017), em que a encadernação mecânica facilita a interação da criança com o livro (Figura 27).

O método mais resistente é o de costura, porém é o mais caro. A encadernação com costura consiste no uso de linha para amarrar as folhas de um caderno e juntar os caderno para formar o miolo. Por fim, a encadernação com cola, também oferece resistência e é mais barata do que a costurada. Esta técnica consiste em fazer sulcos na lombada dos cadernos, onde a cola adentra por todas as páginas permitindo unir os cadernos (BANN, 2010). Além de todos esses métodos de encadernação ainda existe a auto enca-dernação, como descreve Romani (2010), quando a encadernação é formada apenas por dobra, sem ter grande diferenciação de material das páginas do miolo e da capa. Essa técnica permite que o conteúdo se desprenda da capa avançando ao longo do miolo de maneira homogênea, como ocorre nos livros sanfonados, por exemplo.

Acabamentos menos usuais

Além dos acabamentos já descritos neste trabalho, existem outros mecanismos que podem criar efeitos diferenciados nos livros e influenciam direta ou indiretamente na interação do leitor com o objeto. Estes mecanismos são tecnologias que começaram a serem utilizadas há pouco tempo na confecção de títulos para crianças, por isso ainda são raros no mercado editorial. Alguns destes foram sistematizados abaixo, conforme os estudos levantados por Paiva (2013):

EFEITO ESCREVA E APAGUE: A partir da aplicação de um verniz especial nas páginas, o leitor pode desenhar e depois limpar. Costuma ser acompanhado por um paninho de limpeza e canetas hidrográficas apropriadas. O título Escreva e Apague - Meu Livro de Cores e Formas (2013) é um exemplo de utilização deste efeito,

Figura 27

Piratas (2017)

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ao apresentar como proposta a interação como estímulo à criati-vidade da criança, convidando-a a fazer aticriati-vidades e se divertir no decorrer da narrativa, uma vez que pode ser limpo e rabiscado quantas vezes o leitor desejar (Figura 28).

TINTA TERMOCRÔMICA FRIA: trata-se do processo gráfico em que alterações de temperatura, como o calor da mão, provocam mudanças de cor reversíveis nas áreas entintadas.

LIVRO IMANTADO: Os livros imantados recebem cargas aditivas na fabricação do papel, de modo que o miolo do livro atrai ímãs ou magnetos, que possibilitam a manipulação de elementos na narrativa. É o caso do livro Brincando com Noé (2007), em que os bichos vêm em peças separadas do livro para que o leitor construa a narrativa posicionando-as no decorrer da leitura (Figura 30).

Figura 30

Brincando com Noé

(2007)

Figura 29

Notturno - Ricettario dei sogni

(2013)

Fonte: Arquivo pessoal.

Fonte: Arquivo pessoal.

Figura 28

Escreva e Apague - Meu Livro de Cores e Formas (2013)

TINTA FLUORESCENTE: A tinta é composta de pigmentos que são ativados pela luz e são visualizados em um ambiente escuro. O livro Notturno - Ricettario dei sogni (2013) propõe uma dupla leitura em tinta convencional e outra em tinta fluorescente, em que cada cena se torna uma narrativa surpreendente quando a ilustração é transformada pela efeito da luz, o que fornece a proposta lúdica

alinhada ao conteúdo narrativo (Figura 29). Fonte:Livraria Adventista

DIAGRAMAÇÃO

A diagramação de um livro para crianças não segue as mesmas diretrizes de um projeto gráfico utilizadas em publicações tradi-cionais, essa diferenciação ocorre em detrimento do conteúdo, especialmente a apropriação da imagem no campo da página. A distribuição da informação na página dupla possui função de orientar a leitura, estabelecendo para isso a hierarquia visual entre imagem e texto. Essa relação é fundamental pois “a maneira pela

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qual texto e ilustração são dispostos produz significados na sua relação, ou seja, o aspecto espacial influencia o aspecto semântico” (NECYK, 2007, p. 100).

Van der Linden (2011) apresenta quatro classificações de diagra-mação dos livros para criança a partir da relação imagem e texto: DIAGRAMAÇÃO DISSOCIATIVA: A ilustração é aplicada em uma área separada do texto, sem interação direta. Esta disposição (Figura 31) é comumente encontrada em livros mais antigos em virtude da limitação de reprodução gráfica.

DIAGRAMAÇÃO ASSOCIATIVA: A ilustração é aplicada dentro da mancha gráfica do texto, podendo estar separados ou unidos visualmente. É a diagramação (Figura 32) mais utilizada nos livros modernos para criança.

DIAGRAMAÇÃO COMPARTIMENTADA: Semelhante ao projeto gráfico de quadrinhos (Figura 33), o texto é compartimentado na sequência de quadros ou balões.

DIAGRAMAÇÃO CONJUNTIVA: A ilustração ocupa toda a página, em geral, sem margem. Nesta distribuição (Figura 34), o texto e a imagem encontram-se em uma composição única e indissociáveis. Todas as classificações acima mencionadas são utilizadas nas produções de livros para crianças atualmente, em 2018. Necyk (2007) afirma que ao longo de uma narrativa pode-se encontrar formas mistas de diagramação, o que permite uma maior liberdade criativa na maneira como o texto e imagem são dispostos nos livros. Por isso, projetos gráficos que mesclam mais de um tipo de diagramação são cada vez mais recorrentes nos livros-brinquedo.

Figura 34 Diagramação Conjuntiva Figura 31 Diagramação Dissociativa Figura 32 Diagramação Compartimentada Figura 33 Diagramação Associativa Fonte: Arquivo pessoal. Fonte: Arquivo pessoal. Fonte: Arquivo pessoal. Fonte: Arquivo pessoal.

Referências

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