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Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal Maíra Alves Meireles, Misael Rabelo de Martins Custódio

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(1)Encontro. Revista de Psicologia Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011. DIFERENÇAS DO AUTOCONCEITO ENTRE ENFERMEIROS E PORTADORES DE ESTOMA INTESTINAL. RESUMO Maíra Alves Meireles Faculdade Anhanguera de Brasília mairameireles5@gmail.com. Misael Rabelo de Martins Custódio Faculdade Anhanguera de Brasília unidade Taguatinga misael.rdemc@yahoo.com.br. O estudo teve o objetivo de evidenciar diferenças na percepção de enfermeiras e mulheres ostomizadas acerca do autoconceito de individuas ostomizadas. A amostra foi composta por 10 enfermeiras e 10 mulheres portadoras de estoma intestinal as quais foram classificadas em três grupos tipológicos dos esquemas de gênero: Heteroesquemáticos Masculino, Heteroesquemáticos Feminino e Isoesquemáticos. Para a classificação da amostra em grupos tipológicos foi utilizado o Inventário Feminino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito (IFEGA). Para avaliar a percepção do autoconceito que enfermeiras e portadoras de estoma intestinal apresentavam em relação a individuas estomizadas foi usado o Inventário dos Esquemas de Gênero do Autoconceito (IEGA) que foi precedido por imagens variadas de mulheres portadoras de estoma intestinal. Os resultados evidenciaram a presença de divergências na percepção do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. Palavras-Chave: estoma intestinal; esquemas de gênero; autoconceito.. ABSTRACT The study had an objective of show the differences about nurses and woman with stoma perception concerning female people with stoma. The sample was composted for 10 nurses and 10 women with intestinal stoma, which were classified in three typological group schemas of gender: Male Heteroshematic, Female Heteroshematic and Isoshematic. To classify the sample in typological groups, was used the Female Inventory of the Self-concept's Gender Schemas (IFEGA). To assess the perception of self-concept that nurses and patients with intestinal stoma had in relation to individuals with stoma has been used The SelfConcept Gender Schemas Inventory – IEGA which was preceded by various images of women suffering from intestinal stoma. The results showed the presence of differences in the perception of self-concept between nurses and patients with intestinal stoma. Keywords: intestine stoma; gender schemas; self-concept.. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 4266 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@aesapar.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigos Originais Recebido em: 23/11/2010 Avaliado em: 11/04/2011 Publicação: 04 de maio de 2012. 17.

(2) 18. Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. 1.. INTRODUÇÃO Segundo a associação Brasileira de Ostomizados – ABRASO em 2005, 14,5% da população Brasileira tinha algum tipo de estoma, sendo que este grupo apresenta faixa etária variada. (CAVALHEIRA et al., 2005). A palavra stóma, procede do grego e os significados empregados remetem à boca ou abertura e são utilizadas para indicar a exteriorização de qualquer víscera oca por meio de ato cirúrgico no corpo. O estoma intestinal caracteriza-se por uma abertura cirúrgica na parede abdominal ou períneo, visando o desvio do conteúdo fecal e gazes para o meio externo. Conforme o segmento exteriorizado, as estomias recebem denominações diferenciadas. No segmento cólico a denominação passa a ser colostomia e no segmento ileal, ileostomia (PINOTTI, 1994; GEMELLI; ZAGO, 2005; DELAY, 2007; DAZIO, 2008;). As causas mais frequêntes que levam à realização de um estoma intestinal são os traumatismos, as doenças congênitas, as doenças inflamatórias, os tumores e o câncer do intestino (GEMELLI; ZAGO, 2002). Desta forma os estomas podem ser classificados como: temporário ou definitivo; terminal ou em alça; abdominal ou perineal. Esta classificação será realizada de acordo com as afecções a serem tratadas, os objetivos a serem alcançados e o segmento intestinal a ser exteriorizado (PINOTTI, 1994). O estoma é considerado como uma cirurgia mutilante e traumática, o que acarreta um impacto no modo como o corpo é visto e como o indivíduo valoriza suas habilidades físicas, capacidades interpessoais, papeis familiares e imagem corporal (BARROS; SANTOS; ERDMANN, 2008; CASSERO; AGUIAR, 2009). Farias, Gomes e Zappas (2004) evidenciaram em seu estudo que as principais vivências impostas pela presença do estoma remetem-se às alterações exigidas pela estomização (medo, uso de materiais e equipamentos, alteração na imagem corporal, diminuição. na. auto-estima,. perda. do. controle. de. esfíncteres,. sentimento. de. estigmatização, complicações cirúrgicas e problemas relacionados com a sexualidade) e o comportamento de terceiros (alguns pacientes que tiveram melhor adaptação do que outros, e para isso, precisaram ser estimulados). Considerando as implicações de um estoma intestinal na vida das mulheres, bem como as influências que o comportamento do enfermeiro pode exercer sobre a adaptação dos estomizados à sua nova condição, pareceu importante o estudo aspectos relacionados ao autoconceito para viabilizar a compreensão de como enfermeiras e pacientes estomizadas percebem mulheres estomizadas.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(3) Misael Rabelo de Martins Custódio, Maíra Alves Meireles. 19. O autoconceito pode ser definido como a imagem que o individuo tem de si próprio, a partir do que acredita refletir para terceiros, as habilidades que possui e o que deseja ser. Tratando-se então da estima, dos sentimentos, experiências ou atitudes que o homem desenvolve sobre si próprio. (ALBUQUERQUE; OLIVEIRA, 2002; SUEHIRO, 2006; CUSTÓDIO, 2007). O interesse pelo autoconceito teve início através da longa história da curiosidade do homem acerca da conduta dos indivíduos, o que levou ao surgimento da necessidade da existência de um agente psíquico que regula, guia e controla o comportamento. Este pensamento é evidenciado pelo despontamento do autoconceito, como motivo de preocupação desde o século V a.C. onde, Sócrates, naquela época, dizia a seus apóstolos que os mesmos deveriam “conhecerem-se a si mesmos”. As teorias relacionadas ao autoconceito ganharam maior ênfase a partir de 1960, quando a psicologia se tornou ciência dando origem rapidamente a várias pesquisas e publicações em busca da compreensão do processo do desenvolvimento humano. (LINDZEY, 1975; HALL; FANELLI, 2003; SUEHIRO, 2006; CUSTÓDIO, 2007). Willian James foi o precursor dos estudos sobre o autoconceito (TAMAYO et al., 2001; COSTA; 2002; GIOVANI; TAMAYO 2003). Os estudos de James tiveram contribuição fundamental no construto e compreensão do autoconceito, pois constituiu uma ruptura com a abordagem filosófica da época, introduzindo o autoconceito em uma dimensão social. (TAMAYO et al., 2001; SISTO; MARTINELLE, 2004). Este autor iniciou a distinção do self (Eu), em aspectos distintos, porém, complementares, o I self (Eu) e o Me self (Mim). O I self, também instituído por James como “Ego Puro” é considerado como o sujeito conhecedor, em outras palavras o indivíduo que tem posse do pensamento. Já o Me self (Eu empírico), se refere a tudo o que faz parte do indivíduo, tudo que o homem pode afirmar como seu, sendo então nomeado por James, como o “sujeito conhecido”. O I self, na concepção de Giovani e Tamayo (2003) “é um centro ativo que avalia, associa e interpreta as experiências e que reconhece o Me self como sendo uma construção teórica realizada por ele mesmo”. James no século XIX comenta ainda, que cada uma destas variáveis do self (Meself e I-self), não pode existir sem o outro, pois é impossível consciência sem conteúdo ou conteúdo sem consciência que permita tomar o seu conhecimento. O autor ainda relata também sobre elementos constituintes do Me-self, o qual é dividido em: 1) Self material: diz respeito às coisas, das quais, o indivíduo se apropria tornando-as constituintes de sua identidade, sendo considerado como a Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(4) 20. Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. realidade física de um sujeito. Dentre estes objetos apropriados, o mais íntimo é o corpo e logo após seguem as roupas, a família, os filhos, a casa etc.; 2) Self social: constituído pelo reconhecimento que o homem tem por parte de seus companheiros. Designa, qualquer e todos os papéis que voluntária ou involuntariamente são aceitos pelos indivíduos, resumindo-se na maneira em que o self está sendo viso pelos outros; 3) Self espiritual: considerado como o ente interior, subjetivo em que o indivíduo se reconhece, bem como reconhece suas capacidades e disposições psíquicas (JAMES, 1878-1899). Costa (2002) considera o autoconceito como um construto complexo, de estrutura dinâmica, que se modifica em função do desenvolvimento e vivências do indivíduo. Desta forma este autor, classifica o autoconceito como apenas uma das variáveis que intervém no comportamento humano, o que explica a tendência deste construto a incoerências e variações de uma situação vivenciada em relação a outras vivências individuais e também variações de relacionadas ao tempo. Para, Sánchez e Escribano (1999) o autoconceito é o conjunto de atitudes que a pessoa tem para consigo mesma. Atitudes estas constituídas por comportamentos cognitivos - como a pessoa se vê; afetivos - emoções e avaliações que acompanham a descrição que o indivíduo faz de si mesmo; e comportamentais - a influência que o conceito que a pessoa tem de si própria causa no seu comportamento cotidiano. Desta maneira o autoconceito age de forma decisiva na percepção de uma pessoa acerca de si, dos acontecimentos, objetos e as outras pessoas ao seu redor. Para proporcionar uma melhor reflexão acerca do self, Gomes (2007) realiza uma analogia onde o sujeito é simultaneamente leitor e livro. Ao passo em que, o leitor tem a posse de um determinado capítulo, tendo a possibilidade de a qualquer momento acessar ou fazer modificações, enquanto o livro tem seu conteúdo escrito paulatinamente no curso da vida do individuo, constituindo-se fruto de suas vivências. Carapeta, Ramires e Viana (2001) sintetizam a descrição de autoconceito como a representação mental que cada sujeito forma acerca de si, de suas capacidades, atitudes e valores, sejam elas nas esferas física, social ou moral. Estas representações mentais são também definidas como esquemas cognitivos ou auto-esquemas (TAMAYO et al., 2001). Os auto-esquemas, são considerados moldadores perceptivos que agem como lentes que filtram, moldam e guiam as experiências vivenciadas, permitindo ao indivíduo a síntese e compreensão de si mesmo e do meio onde está inserido. Os auto-esquemas exercem ainda, uma influência nos padrões de respostas cognitivas, afetivas e comportamentais de cada indivíduo, cuja finalidade consiste em orientar suas cognições, afetos e comportamentos, em diferentes contextos, fornecendo como subsídio, Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(5) Misael Rabelo de Martins Custódio, Maíra Alves Meireles. 21. informações que poderão utilizadas para assessorar o indivíduo em processos decisórios futuros (GIOVANI; TAMAYO, 2003; CUSTÓDIO, 2007; GOMES, 2007). Bem (1981) e Markus (1977) postularam teorias, que preconizam dentre os autoesquemas a existência de esquemas relacionados com o gênero, cuja construção se desenvolve a partir de vivências e experiências individuais com os conceitos sociais da masculinidade e da feminilidade. Os esquemas são construções subjetivas que comportam características, normas, valores e papeis referentes à masculinidade e a feminilidade e quando em presença de estímulos relacionados ao gênero, os esquemas de gênero são ativados influenciando as respostas cognitivas, afetivas e comportamentais do indivíduo (GIOVANI; TAMAYO, 2005 apud BEM, 1981; MARKUS, 1977). Levando em consideração que os indivíduos estão desde o seu nascimento, inseridos nas representações de masculinidade e feminilidade e que estas representações tendem a moldar-se em esquemas de gênero, Markus e seus colaboradores (1982) categorizaram os indivíduos em quatro grupos principais formados a partir dos esquemas de gênero: esquemáticos masculinos (indivíduos portadores do esquema masculino), esquemáticos femininos (indivíduos portadores do esquema feminino), andróginos (portadores dos esquemas, masculino e feminino simultaneamente) e aesquemáticos (indivíduos indiferenciados em relação ao gênero) (GIOVANI; TAMAYO, 2005 apud MARKUS et al., 1982). Partindo da premissa de que os esquemas de gênero são extremamente relacionados com os padrões socioculturais de comportamentos esperados para cada um dos sexos, Giovani e Tamayo (2000) retratam algumas representações associadas à masculinidade e à feminilidade, relacionados à cultura Brasileira. Onde feminilidade apresenta. atributos. como:. sensibilidade,. delicadeza,. emotividade,. sensualidade,. fragilidade e passividade. Ao contrário da masculinidade que apresenta atributos como a racionalidade, agressividade, competitividade, objetividade e individualismo (GIOVANI; TAMAYO, 2000). Baseado na forma como Markus e seus colaboladores agruparam os indivíduos em grupos tipológicos de gênero, Giavoni e Tamayo (2000) propõem um Modelo Interativo, que parte da idéia de que todos os indivíduos são portadores dos esquemas, masculino e feminino simultaneamente. Desse modelo obtêm-se grupos tipológicos, dentre os quais estão: a) Heteroesquemático Masculino: apresentam predomínio do esquema masculino sobre o esquema feminino; b) Heteroesquemático Feminino: apresentam predomínio do esquema feminino sobre o masculino e c) Isoesquemático: indivíduos que apresentam simetria no desenvolvimento dos esquemas.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(6) 22. Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. Relacionando os grupos tipológicos do Modelo Interativo às enfermeiras e a indivíduos que apresentam uma alteração física causada pela presença de um estoma intestinal. Este estudo evidenciou que enfermeiras dos diferentes grupos tipológicos dos esquemas de gênero apresentaram diferenças em na percepção do autoconceito quando comparadas a portadoras de estoma intestinal, o que reforça a idéia que indivíduos dos diferentes grupos tipológicos apresentam respostas distintas diante de um mesmo estímulo.. 2.. OBJETIVO Verificar a diferença da percepção de enfermeiras e mulheres estomizadas acerca do autoconceito de individuas estomizadas.. 3.. MÉTODO. 3.1. Tipo de Estudo Trata-se se uma pesquisa exploratória realizada por meio de levantamento de dados, através da interrogação direta dos indivíduos, usando como instrumento de coleta de dados, questionários previamente validados. Em seguida os dados foram analisados mediante métodos quantitativos. Codato e Nakama (2006) destacam a importância de mensurar fenômenos que ocorrem no campo da saúde por intermédio de métodos quantitativos que permitam avaliar a importância, gravidade, risco e tendências de agravos, já que estes métodos tratam de probabilidades, associações estatisticamente significantes, importantes para se conhecer uma realidade.. 3.2. Local do Estudo O estudo foi realizado no Ambulatório de Feridas e Ostomias do Hospital Regional de Taguatinga – HRT, localizado em Taguatinga norte – DF (QNC - Área Especial Nº 24). O ambulatório fundado no ano de 2000 é chefiado pela enfermeira estomaterapeuta Kedma Rego Oliveira e presta atendimento a 130 estomizados.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(7) Misael Rabelo de Martins Custódio, Maíra Alves Meireles. 23. 3.3. Amostra A amostra foi composta por um total de 20 indivíduos do sexo feminino, sendo 10 enfermeiras servidoras da Secretária de Estado e Saúde do Distrito Federal, lotadas no HRT e 10 pacientes portadoras de estomia intestinal em tratamento no Ambulatório de Feridas e Ostomias deste mesmo nosocômio. As enfermeiras tinham faixa etária média de 36,3 anos, atuavam e diversas áreas e em média eram formadas há 11,64 anos. As pacientes estomizadas apresentaram uma média de 52 anos de idade, estando estomizadas em média, há 4,56 anos. Sete dos indivíduos possuíam estomas definitivos enquanto três sujeitos possuíam estomas temporários, as causas que levaram a realização do estoma foram: Abdome Agudo (10% da amostra), Volvo Sigmóide (10% da amostra), causas Iatrogênicas (10% da amostra), Tumor de Intestino (10% da amostra) e Câncer de Intestino (60% da amostra). A localização do estoma foi Colostomia Esquerda em 8 indivíduos e Ileostomia em 3 indivíduos. Após aplicação do IFEGA, a amostra foi estratificada em três diferentes grupos, sendo definido para os enfermeiros: 1 indivíduo considerado Heteroesquemático Masculino, 7 indivíduos Isoesquemáticos e 2 indivíduos Heteroesquemáticos Feminino, já para os estomizados não foi encontrado nenhum Heteroesquemático Feminino, apesar de serem um grupo de sujeitos do sexo feminino, em contrapartida, foram encontrados 2 Heteroesquemático Masculino e 8 Isoesquemáticos. O trabalho foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. Antes do início da pesquisa, os voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, que evidencia o caráter voluntário da participação do indivíduo na pesquisa, bem como oferece explicações e o objetivo do estudo, sendo resguardada a identidade de todos os participantes.. 3.4. Critérios de Inclusão e Exclusão Critérios de inclusão Enfermeiros: Profissionais de nível superior em enfermagem do sexo feminino; enfermeiros que tiveram experiência com estomizados. Estomizados: Os indivíduos deverão estar conscientes, lúcidos e orientados no momento da pesquisa. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(8) 24. Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. Para Ambos: Concordância através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.. Critérios de exclusão Enfermeiros: Indivíduos que tiveram formação técnica em enfermagem; indivíduos portadores de estomia. Estomizados: Indivíduos não portadores de estomia ou portadores de estomias não intestinais; indivíduos menores de 18 anos; indivíduos que tiverem outra doença associada ao estoma intestinal.. 3.5. Instrumentos A fim de realizar a classificação da amostra em grupos tipológicos de gênero do autoconceito foi utilizado o Inventário Feminino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito – IFEGA (GIAVONI; TAMAYO, 2003), que é um instrumento psicométrico do tipo Likert, constituído por setenta e cinco (75) itens. Este instrumento segue o padrão de uma escala de cinco pontos (0 a 4), na qual o escore 0 (zero) indica que o item não se aplica ao respondente, até o escore 4(quatro), indicando que a frase aplica-se totalmente ao respondente. Sendo assim os aspectos referentes à masculinidade e feminilidade foram avaliados através destes itens que avaliam aspectos do esquema masculino, a partir dos fatores Egocentrismo, Ousadia e Racionalismo e do esquema feminino, por meio dos fatores: Integridade, Sensualidade, Insegurança, Emotividade e Sensibilidade. A partir dos fatores das escalas, masculina e feminina, foi possível obter dois vetores resultantes, denominados de norma masculina e norma feminina, com as quais pode se posicionar o indivíduo no plano do Modelo Interativo e, a partir daí, classificar-se-á os indivíduos em grupos tipológicos de gênero. Para verificação do conceito dos enfermeiros sobre os ostomizados e destes últimos sobre indivíduos com a mesma deficiência, foi utilizado o Inventário dos Esquemas de Gênero do Autoconceito – IEGA. Um instrumento construído e validado por Adriana Giovani e Álvaro Tamayo (2000), com 83 itens em que os indivíduos indicaram, usando uma escala de cinco pontos o grau de identificação com cada item. Sendo que, a escala caminhava do escore 0, indicando ausência de identificação até o escore 4 que Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(9) Misael Rabelo de Martins Custódio, Maíra Alves Meireles. 25. indicava total identificação. Os esquemas, masculino e feminino de gênero foram assim avaliados simultaneamente, agrupando características autodescritivas provenientes do conceito de masculinidade, (Negligência, Racionalidade, Ousadia e Agressividade e um fator de segunda ordem, Indiferença) e do esquema feminino, constituído por características autodescritivas provenientes do conceito de feminilidade (Tolerância, Insegurança, Sensualidade, Emotividade, Responsabilidade e o fator de segunda ordem, Sensibilidade). Foi anexada, em cada questionário uma capa que apresentava uma colagem fotográfica de mulheres portadoras de estomia intestinal, bem como os dispositivos usados por elas. Enfermeiros e Estomizados tiveram acesso a essa colagem fotográfica.. 3.6. Procedimentos Os indivíduos participantes da pesquisa foram escolhidos de forma aleatória e a pesquisa iniciou-se com a aplicação do IFEGA, aos enfermeiros, o qual foi preenchido durante o expediente. Logo após a aplicação do mesmo, foi solicitado que respondessem o IEGA. Já os estomizados responderam aos questionários durante suas visitas clínicas no ambulatório de feridas de ostomias do Hospital Regional de Taguatinga. Os instrumentos da pesquisa contavam com duas vias do termo de consentimento de livre e esclarecido que foi aplicado antes dos instrumentos, sendo que, uma via foi entregue aos participantes da pesquisa e a outra via ficou em posse do pesquisador.. 3.7. Tratamento Analítico Os dados obtidos foram inicialmente analisados. Casos onde respostas válidas foram ausentes totalizaram um valor inferior a 5%. Itens faltosos foram substituídos pelas médias obtidas para cada variável. Os dados obtidos através das amostras foram observados através de uma análise de freqüência com a utilização do pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences - SPSS 18.0.. 4.. RESULTADOS Tomando a comparação da média dos resultados obtidos através do Inventário dos Esquemas de Gênero do Autoconceito – IEGA foi possível observar diferenças na avaliação da percepção do autoconceito entre enfermeiras e portadoras de estomas Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(10) 26. Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. intestinais através da análise dos valores onde: 0 a 0,9 aponta ausência do fator. 1 a 1,9 evidencia pouca presença do fator. 2 a 2,9 significa moderada presença do fator. 3 a 3,9 aponta muita presença do fator e 4 apontam total presença do fator. Para possibilitar uma visão geral, antes da apresentação dos resultados, estão expostas abaixo, representações gráficas acerca da percepção de enfermeiras e portadoras de estoma intestinal. Por meio destes gráficos é possível analisar cada grupo tipológico e tecer comparações.. Gráfico 1. Percepção das representações de masculinade e feminilidade do autoconceito de enfermeiras em relação a portadoras de estoma intestinal.. Gráfico 2. Percepção das representações de masculinidade e feminilidade do autoconceito de individuas, portadoras de estoma intestinal estratificadas em grupos tipológicos de gênero, acerca de mulheres com estoma intestinal.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(11) Misael Rabelo de Martins Custódio, Maíra Alves Meireles. 27. Os fatores, tolerância, insegurança, sensualidade, emotividade, responsabilidade e sensibilidade, apresentados nos gráficos representam aspectos da feminilidade estruturados no self. O fator tolerância avalia a capacidade do self em compreender e se interessar por questões pertinentes aos outros, aceitar condições imprevistas, compartilhar e atender às necessidades dos outros e conciliar pontos de vista divergentes (GIOVANI; TAMAYO, 2000). Enfermeiras que pertenciam ao grupo Heteroesquemático Masculino avaliaram que, mulheres estomizadas apresentavam fator tolerância, igual a 0,50, ou seja, consideraram mulheres estomizadas como não tolerantes. No entanto, portadoras de estoma intestinal também, pertencentes ao grupo Heteroesquemático Masculino, avaliaram que possuíam um fator tolerância igual a 2,31, o que significa uma capacidade moderada do self de acatar opiniões, comportamentos e atitudes diferentes das suas. Em relação ao grupo Isoesquemático dos esquemas gênero, enfermeiras atribuíram valor 2,00 e portadoras de estomia 2,66 ao fator tolerância, sendo assim ambas as enfermeiras consideram estomizados razoavelmente tolerantes, enquanto portadores de estomia se consideram indivíduos muito tolerantes. Sabe-se que o enfermeiro exerce um papel fundamental na inserção do indivíduo na vida social, através do uso da educação em saúde que, tem o propósito de informar o paciente dos aspectos diversos de sua doença (MAGALHÃES; GUIMARÃES; AGUIAR, 2004). Levando em consideração que todo tipo de educação é baseado na comunicação e as características apresentadas para o fator tolerância, a divergência de percepção apresentada. entre. enfermeiras. e. portadoras. de. estoma. intestinal. do. grupo. Heteroesquemático Masculino acerca do fator tolerância, pode representar um conceito pré-formado em relação à capacidade do estomizado em acatar opiniões, comportamentos e atitudes diferentes das suas, o que pode acarretar em um prejuízo na educação em saúde prestada pelo enfermeiro, já que o mesmo não acredita na capacidade do estomizado em aceitar sua nova condição e acatar pontos e vista diferentes. Tomando o fator insegurança que, “particularmente, avalia o medo à rejeição resultando em timidez e introversão, a dependência e subordinação às opiniões dos outros e a inveja resultante do sentimento de inferioridade” (GIOVANI; TAMAYO, 2000) e avaliando o grupo Heteroesquemático Masculino, temos: Enfermeiras atribuíram ao fator Insegurança um valor que indica ausência insegurança (0,10), enquanto portadores de estomia atribuíram o valor 1,30, que indica pouca insegurança e dependência do self, em relação às opiniões e expectativas dos outros. Ao analisar a percepção do grupo Isoesquemático em relação ao gênero, enfermeiras e estomizadas atribuiram os valores. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(12) 28. Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. (1,43 e 1,59 respectivamente) que indicam que, enfermeiras consideram estomizados como pouco inseguros, enquanto estomizados apresentam razoável insegurança por parte do self. Valores que indicam a presença de insegurança por parte dos estomizados são justificados por Gemelli e Zago (2002) que acreditam que presença de insegurança em portadores de estoma é causada pela qualidade dos materiais e equipamentos utilizados, o que leva o paciente a sentir-se vulnerável. Enfermeiros podem se considerar eficientes no ensino do autocuidado, o que, explica a atribuição de valores que indicam a ausência ou pouca insegurança por parte de pacientes estomizados. Quanto ao fator Sensualidade, este fator avalia os aspectos somáticos, sensoriais e estéticos do Self, evidenciados na preocupação com a imagem e a aparência física, no poder de sedução, capacidade de envolver os outros e necessidade de causar boa impressão (GIOVANI; TAMAYO, 2000), enfermeiros e portadores de estomia intestinal pertencentes ao grupo de Heteroesquemático Masculino corroboraram ao atribuírem o valor 1,40, que evidencia pouca satisfação com a auto-imagem e sua influência na interação com os outros por parte dos estomizados. Contudo o grupo de enfermeiras e estomizadas. Isoesquemáticos,. atribuiram. aos. fatores. os. valores. 2,03. e. 2,23. respectivamente, indicando assim que, ambos percepcionam os portadores de estomas intestinais como moderadamente sensuais. A ausência de diferenças na percepção do fator sensualidade pode ser explicada pelo atual interesse em relação aos problemas de ajustamento enfrentado por parte de pacientes estomizados, o que gerou publicações (CASCAIS; MARTINI; ALMEIDA, 2007; CASSERO; AGUIAR, 2009) que retratam alterações na sensualidade e sexualidade de portadores de estoma, provocadas pela vergonha da nova imagem, não aceitação por parte do parceiro e complicações cirúrgicas. O Fator Emotividade avalia o compartilhamento e comprometimento afetivo do self, a livre expressão das emoções e dos sentimentos, bem como, a delicadeza do sentir, refletidos no comportamento e atitudes diárias (GIOVANI; TAMAYO, 2000). Enfermeiras do grupo Heteroesquemático Masculino atribuíram o valor 0,14 ao fator emotividade o que evidencia que esses indivíduos percebem os estomizados como sujeitos muito pouco emotivos, enquanto os estomizados se percebem como muito emotivos (3,21). O grupo Isoesquemático, composto por enfermeiros atribuiu aos portadores de estoma a percepção de que estes são moderadamente emotivos, através do valor 2,43, enquanto os estomizados se classificaram como muito emotivos através do valor 3,27. Sendo assim, é possível perceber que enfermeiras subestimam a tendência que portadores de estomia têm em comover-se. Sales e outros (2010) apontam a importância que a conduta do enfermeiro seja baseada nas percepções que o portador de estomia tem da situação vivida já que na maioria das vezes o enfermeiro percebe o doente somente a partir de sua própria Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(13) Misael Rabelo de Martins Custódio, Maíra Alves Meireles. 29. experiência, e esta, na maioria das vezes, está envolvida pelo contato que o enfermeiro mantém com o mundo circundante, no qual a humanidade muitas vezes é esquecida. O fator Responsabilidade traduz os princípios e valores que regem a conduta do self (GIOVANI; TAMAYO, 2000). Tomando o grupo de Heteroesquemático Masculino, enfermeiros atribuíram o valor 0,33 aos portadores de estomia, o que indica que, enfermeiros percebem os estomizados como possuindo pouquíssima responsabialidade. Contudo pacientes portadores de estoma intestinal acreditam ser muito responsáveis (3,75), evidenciando deste modo que, os valores como caráter, moralidade, integridade, lealdade e fidelidade são princípios norteadores de suas vidas. Enfermeiras e estomizadas Isoesquemáticas em relação ao gênero atribuíram os valores 2,73 e 2,45 respectivamente, indicando que este grupo tem a percepção de que portadoras de estomas intestinais são de moderadamente a muito responsáveis. Ao analisar o fator Sensibilidade tem-se que este fator “reúne, em si, os fatores tolerância emotividade e sensibilidade, resumindo-se na sensibilidade do self, que procura traduzir, em comportamentos, os seus princípios e valores pessoais” (GIOVANI; TAMAYO, 2000). Partindo da amostra introduzida no grupo Heteroesquemático Masculino, enfermeiros avaliaram que os estomizados não são sensíveis (0,45), enquanto portadores de estoma se avaliaram muito sensíveis (3,43). Já os pertencentes ao grupo Isoesquemático dos esquemas de gênero atribuíram os valores 2,49 (enfermeiras) que indica que estomizados são razoavelmente sensíveis, enquanto estomizados acreditam ser muito sensíveis (3,30). Divergências na percepção do fator sensibilidade entre enfermeiros e estomizados, apontam para depreciação por parte dos enfermeiros em relação à propensão de reação a estímulos que os estomizados possuem. Este resultado pode representar uma inadequação de práticas, já que segundo Gemelli e Zago (2002) o enfermeiro deve prestar cuidados de enfermagem com vistas a minimizar sofrimentos e obtenção de uma melhor reabilitação o que possibilita concluir que, para buscar minimizar sofrimentos, é preciso primeiro reconhecer aspectos deste sofrimento. Os aspectos Negligência, Racionalidade, Ousadia, Agressividade e Indiferença são considerados fatores da escala masculina estruturados no self. O fator negligência é um aspecto do autoconceito que avalia o desleixo com a aparência e com a imagem, desorganização, esquecimento, descumprimento de deveres e responsabilidades, desinteresse e apatia pela vida, transferência de deveres e responsabilidades para os outros (GIOVANI; TAMAYO, 2000). Ao realizar a análise da amostra que pertence ao grupo Heteroesquemático Masculino, enfermeiras e estomizadas apontaram valores (0,50 e 1,25 respectivamente). Estes valores indicam uma percepção de que portadores de. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(14) 30. Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. estoma não são negligentes ou são pouco negligentes, corroborando com a amostra que pertence ao grupo Isoesquemático dos esquemas de gênero que indicaram ao fator negligência os valores 0,70 (enfermeiras) e 0,65 (estomizadas), definindo assim uma baixa presença dos aspectos de irresponsabilidade, negligência e despreocupação em relação à vida e aos compromissos sociais. Aplicando a análise ao fator Racionalidade, que é um fator que enfoca a razão e os comportamentos derivados do seu uso (GIOVANI; TAMAYO, 2000), enfermeiras e estomizados pertencentes ao grupo Heteroesquemáticos Masculinos atribuíram os valores 0,88 e 2,75 respectivamente, o que, evidencia uma divergência na percepção, já que enfermeiras consideram estomizadas pouco racionais, enquanto estomizadas se consideram muito racionais. O grupo Isoesquemático corroborou em suas percepções atribuindo valores (1,80 enfermeiras e 2,13 estomizadas) que indicam que os pacientes portadores de estoma intestinal são moderadamente racionais. O fator Ousadia avalia comportamentos relacionados à ousadia de submeter-se a novos desafios, coragem e determinação de lutar pelos desejos e ideais, capacidade de adaptar-se às situações e busca do prazer individual (GIOVANI; TAMAYO, 2000). Indivíduos Heteroesquemáticos Masculino (enfermeiras atribuíram o valor 0,80 enquanto estomizadas 0,90) e Isoesquemáticos (enfermeiras atribuíram o valor 1,09 enquanto estomizadas 1,50) pertencentes à amostra corroboraram em suas percepções ao atribuírem valores que indicam que portadores de estomas são pouco ousados, ou seja, apresentam baixo grau de arrojamento do self. Reportando ao fator Agressividade, Giovani e Tamayo (2000), apontam que este fator focaliza o eu como o centro de todo interesse, o que implica na incapacidade de aceitar condições, opiniões, comportamentos e atitudes divergentes das esperadas pelo sujeito. No grupo Heteroesquemático Masculino, enfermeiras atribuíram o valor 0,20 o que indica a ausência total de agressividade por parte dos portadores de estoma, enquanto estomizadas atribuíram o valor 1,09 que indica pouca agressividade por parte de pacientes portadores de estoma. O grupo Isoesquemáticos em relação ao gênero (enfermeiras atribuíram o valor 1,40 enquanto estomizadas 1,50) assentiu em suas percepções que apontam portadores de estoma intestinal como pouco agressivos. O fator Indiferença reúne em si características dos fatores Negligência e Agressividade, focalizando aspectos que definem o eu como centro de todo o interesse (GIOVANI; TAMAYO, 2000). Sendo assim, Indivíduos Heteroesquemáticos Masculino (enfermeiras atribuíram o valor 0,60 enquanto estomizadas 1,08) e Isoesquemáticos (enfermeiras atribuíram o valor 0,71 enquanto estomizadas 0,68) pertencentes à amostra. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(15) Misael Rabelo de Martins Custódio, Maíra Alves Meireles. 31. corroboraram em suas percepções ao atribuírem valores que indicam que portadores de estomas são pouco indiferentes, ou seja, são capazes de aceitar condições, opiniões comportamentos e atitudes divergentes das esperadas pelo sujeito. Aplicando a análise somente a Enfermeiros foi possível demonstrar enfermeiras que pertenciam ao grupo Heteroesquemático Feminino consideraram portadores de estomia intestinal como apresentando características pouco negligentes (fator negligência igual a 1,47), moderadamente racionais (fator racionalidade igual a 2,44), muito ousados (fator ousadia igual a 2,80), razoavelmente agressivos (fator agressividade igual a 1,75), com ausência de indiferença (fato indiferença igual a 0,71), moderamente sensuais (fator sensualidade igual 2,10), muito emotivos (fator emotividade igual a 3,00), muito responsáveis (fator emotividade igual a 3,00), muito responsáveis (fator responsabilidade igual a 2,96), muito sensíveis (fator sensibilidade igual a 2,87), moderadamente tolerantes (fator tolerância igual a 2,25) e razoavelmente inseguros (fator insegurança igual a 2,00).. 5.. DISCUSSÃO Os valores encontrados a partir do valor de corte evidenciam que, enfermeiras e estomizadas do grupo Isoesquemático apresentaram entre si diferenças, no que diz respeito aos fatores: emotividade, insegurança e sensibilidade. Enquanto sujeitos do grupo Heteroesquemático Masculino apresentaram diferenças na percepção dos fatores negligência,. racionalidade,. ousadia,. indiferença,. emotividade,. responsabilidade,. sensibilidade, tolerância e insegurança. Não foi possível estabelecer um paralelo entre a percepção do grupo Heteroesqeumático Feminino, visto que, apesar da amostra ser 100% composta por mulheres, dentre as portadoras de estoma intestinal não houve nenhuma que pertenceu ao grupo Heteroesquemático Feminino. Segundo Hernandez e Hutz (2008) a teoria do esquema de gênero de Bem (1981) explica que os esquemas de gênero têm a função de possibilitar a avaliação de uma pessoa em relação a si própria e aos que a rodeiam em termos de adequação aos padrões definidos pela sociedade para os sexos, o que motiva o indivíduo a ajustar-se a estas definições. Sendo assim, é possível que, ao passo em que portadores de estoma se ajustam às mudanças que o estoma exige, exista também um ajustamento em relação ao gênero, fazendo com que características masculinas se sobreponham ou se igualem às femininas. Os resultados demonstram que os enfermeiros do grupo Heteroesquemático Masculino apresentaram uma percepção mais estereotipada acerca de indivíduos. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(16) 32. Diferenças do autoconceito entre enfermeiros e portadores de estoma intestinal. portadores de estoma intestinal, quando comparado a enfermeiros do grupo Isoesquemático. Indivíduos Isoesquemáticos, possuem simultaneamente estruturas pouco desenvolvidas dos esquemas masculino e feminino (GIOVANI; TAMAYO, 2003), e são flexíveis quanto às estratégias de enfrentamento (HERNANDEZ; HUTZ, 2008 apud CHENG, 2005). O que explica um equilíbrio nas percepções deste grupo, que não apresentou grandes diferenças na percepção de enfermeiros em relação a portadores de estomas intestinais. O grupo Heteroesquemático Masculino é constituído de representações da masculinidade como: egocentrismo, ousadia e racionalidade (GIOVANI; TAMAYO, 2003) além de outros atributos como tolerância a dor (OSÓRIO, 2008). O que justifica o fato de enfermeiros do grupo heteroesquemático masculino apresentarem percepções diferentes dos estomizados, já que, embora os enfermeiros tenham conhecimento acerca dos aspectos relacionados ao estoma e tenham experiência com este tipo de afecção, devido a suas características, o grupo Heteroesquemático Masculino tende a expressar em sua personalidade maior dificuldade em identificar emoções alheias.. 6.. CONSIDERAÇÕES FINAIS A criação de um estoma é um processo cirúrgico que acarreta alterações que vão desde a fisiologia gastrintestinal até alteração da imagem corporal. Inserido em uma cultura que elege o corpo como uma fonte de identidade o estoma pode ser considerado como uma anormalidade frente aos padrões culturais e sociais. Desta forma, é fundamental que o profissional enfermeiro tenha uma percepção adequada de características psicológicas inerentes a pacientes estomizados, já que, esta afecção é considerada fonte de alterações na auto-imagem e exige do paciente uma adaptação à sua nova condição. Neste sentido, partindo da premissa de que os grupos tipológicos do esquema de gênero apresentam respostas diferenciadas diante de um mesmo estímulo, o objetivo do estudo foi buscar diferenças na percepção do autoconceito entre enfermeiras e portadoras de estoma intestinal. Após estratificar a amostra em diferentes grupos tipológicos (Heteroesquemático Masculino, Heteroesquemático Feminino e Isoesquemático), foi realizada uma comparação acerca da maneira como Enfermeiras percebem portadores de estomia e como estes últimos se percebem, através da análise das variáveis provenientes do conceito de masculinidade (negligência, racionalidade, ousadia, agressividade e indiferença) e de feminilidade (tolerância, insegurança, sensualidade, emotividade,. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

(17) Misael Rabelo de Martins Custódio, Maíra Alves Meireles. 33. responsabilidade e sensibilidade). Os resultados apontaram para existência de diferenças na percepção de enfermeiras em relação ao autoconceito de mulheres estomizadas. As principais limitações do estudo dizem respeito ao tamanho da amostra, que foi insuficiente para tornar este estudo representativo. A inclusão de homens na amostra possibilitaria uma melhor comparação e entendimento das diferenças do autoconceito de portadores de estoma intestinal. Sendo assim, vale ressaltar que este estudo foi caracterizado como um estudo piloto, constituindo um campo aberto para futuras explorações acerca do tema. Diante do reconhecimento da necessidade de capacitação dos profissionais de enfermagem e tomando como base as inadequações apontadas por Gemelli e Zago (2002) em seu estudo acerca das deficiências no cuidado e ensino do autocuidado aos portadores de estoma, foi possível neste estudo, destacar inadequações na percepção de enfermeiras em relação ao autoconceito de portadoras de estoma intestinal. Tendo em mente que o conhecimento científico é base para superação de deficiências, foi possível demonstrar que enfermeiras apesar de terem experiência prévia na prestação de cuidados a pacientes estomizados impõem conceitos pré-concebidos acerca de mulheres estomizadas o que influência de forma negativa a prestação de cuidados, já que para uma atuação bem sucedida é necessário que enfermeira considere os aspetos cognitivo, afetivo e psicomotores relacionados ao portador do estoma para que dessa maneira seja prestada uma assistência de enfermagem humanizada e capaz de influenciar de forma positiva a adaptação de portadores estoma intestinal.. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Carlos Manuel de Sousa; OLIVEIRA, Cristina Paula Ferreira. Características Psicológicas Associadas à Saúde: A Importância do Auto-Conceito. Disponível em: <http://www.ipv.pt/millenium/Millenium26/26_22.htm>. Acesso em: 11 out. 2010. BARROS, Edaiane Joana Lima; SANTOS Silvana Sidney Costa; ERDMANN Alacoque Lorenzini. O Cuidado De Enfermagem à Pessoa Idosa Estomizada na Perspectiva da Complexidade. Rev. RENE, Fortaleza, v. 9, n. 2, p. 28-37, abr./jun. 2008. CARAPETA, Carolina; RAMIRES, Ana C; FARO VIANA, Miguel. Auto-conceito e participação desportiva. Análise Psicológica. 2001, (XIX): p.51-58. CASCAIS, Ana Felipa Marques Vieira; Martini Jussara Gue; Almeida Paulo Jorge dos Santos. O Impacto da Ostomia no Processo de Viver Humano. Texto Contexto Enferm., Florianópolis, v.16, n.1, p.163-7, jan./mar. 2007. CASSERO, Patrícia Aparecida da Silva; AGUIAR Joana Ercilia. Percepções Emocionais Influenciadas por uma Ostomia. Revista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 2, p. 23-27, mai./jun. 2009 CAVALHEIRA, Cândida; LOURENÇO, G. Wenderson; FORTI Jefferson; TAVARES, Andréia; DUARTE, Luciana; SOBRINHO, M.M.M. José; FERNANDES, Isaac. A Ostomia Como Defiência Física. Revista da ABRASO, Rio de Janeiro, 5 ed., 2005.. Encontro: Revista de Psicologia š Vol. 14, Nº. 20, Ano 2011 š p. 17-35.

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