Problemas de Otimização em Matemáti a
Elementar
José de As enção Abrantes Monteiro
Dissertação para obtenção doGrau de Mestre em
Matemáti a para Professores
(2 o
i lo de estudos)
Orientador: Prof. Doutor RuiMiguel Nobre Martins Pa he o
Dedi atória
Agrade imentos
Ao Professor Doutor Rui Pa he o, pela ompetên ia ienti a, determinação e rigor om
que a ompanhou este trabalho. Pela disponibilidade revelada e ajuda ao longo desta
aminhada, pela pertinên ia das suas observações, pelas ríti as e sugestões que foram
determinantes na on lusãodeste trabalho.
Aos meus lhos, João Fran is o e Ana Margarida, pelo apoio que prestaram e gosto
que mostraram em ter o pai a atingir esta meta, o que foi motivador e determinante na
suaultrapassagem.
ÀminhaesposaEmília, ompanheirae úmpli enestaespiraldeemoçõesqueéavida,
O pou o que sei devo-o à minhaignorân ia.
Resumo
Neste trabalho apresentamos a resolução de alguns problemas de otimização re orrendo
preferen ialmente a pro essos geométri os e algébri os elementares. Foi nossa intenção
apresentarumaabordagem alternativaao ál ulopara a suaresolução. Noprimeiro
apí-tulo,estudamosoproblemadeen ontrarosextremosdefunçõespolinomiaisdebaixograu.
No segundo apítulo, apresentamos osargumentos geométri osde Zenodoruse de Steiner
paraademonstração dafamosadesigualdadeisoperimétri a: deentretodasas urvas om
um erto omprimento xado,a ir unferên ia éa queen erra maior área.
Palavras- have
Abstra t
In this work we present the resolution of some optimization problems preferably using
elementary geometri andalgebrai pro esses. Itwasourintentiontopresent anapproa h
alternativeto al ulusintheirsolving. Intherst hapter,westudytheproblemofnding
the extremes of low degree polynomial fun tions. In the se ond hapter, we present the
arguments of Zenodorus and Steiner for the demonstration of the famous isoperimetri
inequality: amongall urveswitha ertainxedlength,the ir umferen eistheonewith
thelargest area.
Keywords
Conteúdo
1 Introdução 1
2 Extremos de funções polinomiais 3
2.1 Deniçãodeextremo de umafunção. . . 3
2.2 Extremosdefunçõespolinomiais . . . 4
2.2.1 Existên iade extremosabsolutos para funçõespolinomiais. . . 5
2.2.2 Extremosdefunçõesquadráti as . . . 5
2.2.3 Extremosdefunções úbi as . . . 6
2.2.4 Extremosdefunçõespolinomiais de grau 4. . . 7
2.3 Atividades . . . 11
2.3.1 Folhade alumínio . . . 11
2.3.2 Baleias. . . 12
2.3.3 Problemaisoperimétri o paraquadriláteros. . . 13
3 Desigualdade isoperimétri a 15 3.1 Umpou o de história. . . 15
3.2 Problemas isoperimétri os . . . 16
3.2.1 Zenodorus . . . 16
Capítulo 1
Introdução
Odesenvolvimento/ onstrução destetrabalhofoimotivadopelaresoluçãodeproblemasde
otimizaçãore orrendopreferen ialmenteapro essosgeométri osealgébri os elementares.
Tambémfoinossaintençãoqueos onhe imentosmatemáti osparaaleituradestetrabalho
não fossemalém daquelesquesão le ionados noensino se undário, nomeadamente:
•
Noçãode tangente, limites e ontinuidade;•
Fatorização depolinómios, raízesdeum polinómio e suamultipli idade, teoremado resto;•
Resoluçãode sistemasde equações;•
Conhe imentoselementares degeometria eu lidiana.Assim, no apítulo 2, e tendo por base o artigo [5 ℄, vamos estudar os extremos de
funções polinomiais de baixo grau (quadráti as e úbi as). Vamos ainda estender esta
metodologia àobtenção dosextremosdealgumasfunçõespolinomiaisdegrau quatro,não
referen iadas pelo autor itado. Este apítulo terminará om exemplos uja exploração
espelhará as on lusõesobtidas.
No apítulo seguinte, abordaremos os hamados problemas isoperimétri os, ou seja,
en ontrar, de entreum erto onjunto de superfí ies planares om omesmo perímetro, as
queen errammaiorárea. Começamosporfazerreferên iaàlendadeDido,quedeuomote
ao estudo destes problemas, e, de seguida, apresentamos as ideias de dois autores que os
estudaram. Zenodorus mostrou que é o ír ulo quetem a maiorárea quando omparada
om todosos polígonos que têm perímetro igual ao seu. A demonstração que Zenodorus
apresentou tem, no entanto, uma la una, que reside na pou o lareza da demonstração
de que, entre os polígonos equiláteros, são os equiangulares que en erram maior área.
Vamos mesmo assim estudar omo Zenodorus a on retizou, baseando-se em argumentos
geométri os e visualização de guras. Quanto à la una que apresenta, vamos dar alguns
ontributos que onsistem na suaveri açãopara triângulos e quadriláteros. En erramos
este apítulo omumadasabordagensqueSteinerfezaestetipodeproblemas. Steinervai
maisalém, onsiderandosuperfí iesplanasarbitráriase ertastransformaçõesgeométri as
(simetrização) a operarem sobre elas que não alteram a sua área, mas que introduzem
novoseixosdesimetria. Estepro essopodeserrepetidotantasvezesquantoasne essárias
de forma a se obter uma gura que tenha tantos eixos de simetria quanto se queira. No
limite, a superfí ie obtida tem eixos de simetria em qualquer direção: um ír ulo, que é
a superfí ie que, de todas as de igual perímetro, en erra maior área. Neste aptítulo as
Pretendemos assim apresentar umaabordagem alternativa ao ál ulo na resolução de
problemas de otimização, bem omo mostrar que a geometria e a álgebra podem terum
Capítulo 2
Extremos de funções polinomiais
Paraobterosextremosdeumafunção,noensinose undáriosãoadotadasduasabordagens:
om os alunos de Matemáti a A usamos o ál ulo diferen ial, que só é su ientemente
dominado para este objetivo no de orrer do 12 o
ano; om os alunos de Matemáti a B
re orre-seaousoda al uladoragrá a,sendoqueneste asosótemosagarantiadevalores
aproximados. Será que é possíveluma abordagem sem o auxílio do ál ulo diferen ial ou
da al uladora grá a? Certamenteque, para uma função em geral, serão ne essárias as
ferramentasanteriores. No entanto,tendopor baseoartigo [5 ℄iremos ver, neste apítulo,
uma abordagem alternativa para funções polinomiais de baixo grau, a saber: funções
quadráti as, úbi ase,nãoreferidasnesteartigo,algumasdegrauquatro. Estaabordagem
será on retizada omre ursoa on eitosbási osde geometria ealguns onhe imentosde
funçõesedassuas ara terísti as. Estes onhe imentos terão depassar por:
•
Noçãode tangente, limites e ontinuidade;•
Fatorização depolinómios, raízesdeum polinómio e suamultipli idade, teoremado resto;•
Resoluçãode sistemasde equações.Esta se ção terminará om propostas de atividades, retiradas de manuais do Ensino
Se undário, queilustrarãoasideiasdesenvolvidas.
2.1 Denição de extremo de uma função.
No manual [2 ℄ para a dis iplina de Matemáti a A, as denições de extremo absoluto e
extremorelativo,que iremosadotarao longodestetrabalho, sãoapresentadas doseguinte
modo:
Denição 1.
•
Uma funçãof
, de domínioD
, tem um máximo absolutonum pontoa
do seudomínio sef
(x) ≤ f (a)
, para todo ox
∈ D
. Diz-se quef
(a)
é o máximo absolutoequea
é ummaximizantedef
.•
Umafunçãof
,dedomínioD
,temummínimo absolutonumpontob
doseudomínio sef
(x) ≥ f (b)
, para todo ox
∈ D
. Diz-se quef
(b)
é o mínimo absoluto e queb
é umminimizante def
.•
Uma funçãof
, de domínioD
, admite um máximo relativo num pontoa
do seu domínio, se existir uma vizinhança de entroa
V
(a)
tal quef
(x) ≤ f (a)
, para todoox
∈ V (a) ∩ D
. Neste aso,f
(a)
é máximo relativo ea
é ummaximizantede•
Uma funçãof
, de domínioD
, admite um mínimo relativo num pontob
do seu domínio, se existir uma vizinhança de entrob
V
(b)
tal quef
(x) ≥ f (b)
, para todo ox
∈ V (b) ∩ D
. Neste aso,f
(b)
émínimo relativoeb
éumminimizantedef
. Por outrolado, osmesmos on eitos são apresentados nomanual [4 ℄ paraa dis iplinade Matemáti a B omalgumas diferenças:
Denição 2. Seja
f
umafunção real de variávelreal de domínioD
f
, a
∈ D
f
eb
∈ D
f
.• f (a)
émáximo absolutodef
sef
(a)
é omaior elemento deD
′
f
,isto é,separatodo ox
deD
f
: f (a) ≥ f (x)
.• f (b)
é mínimo absolutodef
sef
(b)
é omenor elemento deD
′
f
,isto é,separatodo ox
deD
f
: f (b) ≤ f (x)
.• f (a)
émáximorelativodef
seexistirumintervaloaberto]x
1
, x
2
[
ontidonodomínio def
e ontendoo pontoa
,talqueparatodoox
∈]x
1
, x
2
[
,f
(a) ≥ f (x)
.a
diz-seum maximizante da função.• f (b)
émínimorelativodef
seexistirumintervaloaberto]x
1
, x
2
[
ontidonodomínio def
e ontendo opontob
,tal quepara todoox
∈]x
1
, x
2
[
,f
(b) ≤ f (x)
.b
diz-seum minimizante dafunção.Repare-se que, de a ordo om esta última denição, os extremos relativos só podem
o orrer empontos interiores ao domínio da função, o que é uma restrição pou o usual e,
do nossoponto devista,insatisfatória.
2.2 Extremos de funções polinomiais
Consideremos umafunção polinomial
f
de graun
,f
(x) = a
n
x
n
+ a
n
−1
x
n
−1
+ . . . + a
1
x
+ a
0
,
om domínio
D
= R
aa
n
6= 0
,quesabemos serumafunção ontínua.Para que
f
tenhaum extremoemx
= p
é ne essário quep
seja uma raíz de multipli idade par do polinómioP
p
(x) = f (x) − f (p).
(2.1)Istoé,
P
p
(x) = a(x − p)
2k
h(x),
paraalguminteiro
k >
0
ea
6= 0
,sendoh(x)
umpolinómiodegraun
−2k
quenãoseanula emx
= p
. Efetivamente, a multipli idade par da referida raiz impõe-se pois o polinómioP
(x) = f (x) − f (p)
teráde manterosinalnumavizinhançasu ientementepequenadep
. Estesinalseráentãodeterminado pelosinaldeah(x)
,quenãovaivariarnumavizinhança dep
su ientemente pequena,uma vez queah(x)
é ontínua eah
(p) 6= 0
. Assim:•
seP
p
(x) > 0
numa erta vizinhança dep
, omx
6= p
, entãof
(p)
é um mínimo relativo;•
seP
p
(x) < 0
numa erta vizinhança dep
, omx
6= p
, entãof
(p)
é um máximo relativo.Se a função polinomial
f
de graun
tiver um extremo relativo emp
, então, para os grausmaisbaixos,P
(x)
assume aseguinteforma:•
paran
= 2
,P
p
(x) = a(x − p)
2
;
•
paran
= 3
,P
p
(x) = a(x − p)
2
(x − q),
omq
6= p
;•
paran
= 4
,P
p
(x) = a(x − p)
2
h(x),
om
h(x)
um polinómio de grau2
parao qualh
(p) 6= 0
,ouP
p
(x) = a(x − p)
4
.
2.2.1 Existên ia de extremos absolutos para funções polinomiais.
Caso
n
seja par ea
n
>
0
, entãolim
x
→±∞
f
(x) = +∞,
o que signi a, por ontinuidade, quef
admiteummínimoabsolutoemR
masnãoum máximoabsoluto. Domesmomodo, ason
seja par ea
n
<
0
, vamos terlim
x
→±∞
f
(x) = −∞;
onsequentemente,f
admite ummáximo absolutoemR
mas não ummínimoabsoluto.Poroutrolado, afunção polinomial nãoadmiteextremosabsolutosquando
n
é ímpar, umavez queneste asovamosterlim
x
→±∞
f
(x) = ±∞
sea
n
>
0
elim
x
→∓∞
f
(x) = ±∞
se
a
n
<
0
.2.2.2 Extremosde funçõesquadráti as
Consideremosa função quadráti a
f(x) = ax
2
+ bx + c
om domínio
D
= R
ea
6= 0
. Se esta função tem um extremo emx
= p
, entãop
vai ser umaraíz demultipli idade2
do polinómioP
p
(x) = f (x) − f (p) = ax
2
+ bx + c − k,
om
k
= f (p)
. Assim,ax
2
+ bx + c − k = a(x − p)
2
= ax
2
− 2apx + ap
2
.
Igualandoos oe ientes, vamosobter osistema
(
b
= −2ap
c
− k = ap
2
⇔
(
p
= −
2a
b
k
= c −
4a
b
2
.
Assim,
f
tem um úni o extremo. Tendo em onta o que vimos na Se ção 2.2.1, este é ne essariamenteumextremo absoluto. Mais pre isamente:•
sea >
0
,entãof
(p) =
−b
2
+4ac
4a
éummínimo absolutoep
= −
b
2a
umminimizantedef
.•
sea <
0
,entãof
(p) =
−b
2
+4ac
4a
é ummáximo absolutoep
= −
b
2a
um maximizante def
.2.2.3 Extremos de funções úbi as
Consideremos umafunção úbi a
f
(x) = ax
3
+ bx
2
+ cx + d,
om domínio
D
= R
ea
6= 0
. Sabemos à partida quef
não admite extremos absolutos, uma vez que tem grauímpar. Se a funçãof
temum extremo relativo emx
= p
, entãop
vaiser umaraízde multipli idade2
dopolinómioP
p
(x) = f (x) − f (p) = ax
3
+ bx
2
+ cx + d − k,
om
k
= f (p)
. Assim,ax
3
+ bx
2
+ cx + d − k = a(x − p)
2
(x − q)
= ax
3
+ (−aq − 2ap)x
2
+ (ap
2
+ 2apq)x − aqp
2
,
onde
q
6= p
. Igualandoos oe ientes, vamosobter osistema:(
b
= −aq − 2ap
c
= ap
2
+ 2apq
⇔
(
q
=
b+2ap
−a
ap
2
+ 2ap
b+2ap
−a
− c = 0
Deonde on luímosque
p
=
−b ±
√
b
2
− 3ac
3a
,
q
=
b
+ 2ap
−a
.
(2.2) No asoemqueb
2
− 3ac = 0
,entãop
= q = −
b
3a
,logoP
p
(x) = f (x) − f (p) = a
x
+
b
3a
3
,
o que signi a que
f
não tem extremos, relativos ou absolutos. Re ipro amente, uma simplesmanipulação algébri amostra-nosque, tendoem onta asfórmulas(2.2) ,sep
= q
entãob
2
− 3ac = 0
. Por outro lado, se
b
2
− 3ac < 0
, então
p
não é um número real e, onsequentemente,f
tambémnãotemextremos,absolutosourelativos. No asob
2
−3ac >
Exemplos 2.1. 1. Se
f
(x) = x
3
+ 3x
2
+ 3x + 1
, então vamos ter
p
= q = −1
,logof
nãotem extremos.Grá odafunção
f
(x) = x
3
+ 3x
2
+ 3x + 1
. 2. Sef(x) = x
3
+ x
2
+ 2x − 1
,entãob
2
− 3ac < 0
,ou seja
p
não é número real,logof
nãotem extremos.Grá odafunção
f
(x) = x
3
+ x
2
+ 2x − 1
. 3. Sef
(x) = x
3
− 4x
2
+ 4x + 1
, entãob
2
− 3ac = 4 > 0
, ou seja
f
tem extremos emp
= 2
ep
=
2
3
. Noprimeiro aso, temosq
= 0
eP
2
(x) = f (x) − f (2) = (x − 2)
2
x;
logo, omo
h(x) = x
é uma função positiva numa vizinhança dep
= 2
, podemos on luirquef
temummínimo relativo emx
= 2
. Parap
=
2
3
,temosq
=
8
3
eP
2
3
(x) = f (x) − f
2
3
= x −
2
3
2
x
−
8
3
;
logo, omoh
(x) = x −
8
3
éumafunção negativanumavizinhançadep
=
2
3
,podemos on luirquef
temummáximo relativo emx
=
2
3
.2.2.4 Extremos de funçõespolinomiaisde grau 4.
Para as funções polinomiais de grau quatro, a existên ia de um eixo verti al de simetria
permiteumaabordagemsimplesepuramentealgébri aaosextremosdafunção. Assim,se
aseguinte função polinomialde grau quatro
Grá odafunção
f
(x) = x
3
− 4x
2
+ 4x + 1
.admitea reta
x
= m
omo eixode simetria, atranslaçãodo seugrá o asso iada aovetor(−m, −f (m))
vai orrespondera umafunção parg
, ouseja,g
(x) = f (x + m) − f (m)
é umafunção par.
Observação 1. Qualquer translação do grá o de uma função preserva os máximos e
mínimos relativos,isto é,se
f
temummáximo relativoemx
0
eo grá odeg
é obtido,a partirdográ odef
,portranslaçãoasso iadaaove tor(u
1
, u
2
)
,entãog
teráummáximo relativo emx
0
+ u
1
.Efe tuandoasdevidas substituiçõesna expressãode
f
,obtemos:g(x) = ax
4
+ (4am + b)x
3
+ (6am
2
+ 3bm + c)x
2
+ (4am
3
+ 3bm
2
+ 2cm + d)x.
Como
g
é umafunção par,os oe ientesdex
3
e
x
terão de seriguaisa zero, assim:(
4am + b = 0
4am
3
+ 3bm
2
+ 2cm + d = 0
,
(2.3) logom
= −
b
4a
.
A função
g
vementão dada por:g(x) = ax
4
+
8ac − 3b
2
8a
x
2
Desta forma, o problema de en ontrar os extremos da função polinomial
f
equivale ao problema deen ontrar osextremosde umafunção par do tipoϕ(x) = Ax
4
+ Cx
2
+ E.
Repare-se que
x
= 0
é sempre uma raíz de multipli idade par do polinómioP
0
(x) =
ϕ
(x) − ϕ(0)
. Temos então dois asos possíveis:x
= 0
é uma raíz de ordem4
oux
= 0
é umaraíz de ordem2
.1. No primeiro aso(
x
= 0
é umaraíz de ordem4
),podemos es reverP
0
(x) = Ax
4
e,
onsequentemente,
ϕ(x) = Ax
4
+ E
vamos de seguida veri arque função
ϕ
não tem mais nenhum extremo. Tomandop
6= 0
,repare-se queP
p
(x) = ϕ(x) − ϕ(p) = A(x
4
− p
4
) = A(x − p)(x + p)(x
2
+ p
2
),
logo
p
é umaraíz deP
p
ommultipli idade ímpar, peloqueϕ
não tem extremo emx
= p
. Considerando a translação inversa, on luímosquea funçãof
tem umúni o extremo, ne essariamente extremo absoluto, emx
= m
. Este extremo é máximo sea <
0
eé mínimo sea >
0
.2. No segundo aso (
x
= 0
é umaraíz de ordem2
), tendo em onta a simetria deP
p
, omp
6= 0
,podemoses rever:P
p
(x) = A(x − p)
2
(x + p)
2
= Ax
4
− 2Ap
2
x
2
+ Ap
4
.
(2.4)Então, de (2.1) e(2.4) , resultaque
Ax
4
− 2Ap
2
x
2
+ Ap
4
= Ax
4
+ Cx
2
+ E − (Ap
4
+ Cp
2
+ E).
Igualandoos oe ientes, vamosobter osistema:
(
C
= −2Ap
2
Ap
4
= −Ap
4
− Cp
2
,
deonde onluímos que
p
= ±
r
−
2A
C
.
Em parti ular,paraa função
g
,temosA
= a
eC
=
8ac − 3b
2
8a
,
eportanto,p
= ±
√
3b
2
− 8ac
4a
.
(2.5)Paraen ontrar osextremosdafunção
f
,efe tuamos atranslação inversade modo a on luir que estes o orremnos pontosx
= p + m
, omp
= 0
oup
dado por (2.5) . Ouseja,x
= −
b
4a
,
x
=
−b ±
√
3b
2
− 8ac
4a
.
(2.6)Exemplos 2.2. 1. Consideremosa função polinomial
f
(x) = x
4
− 8x
3
+ 22x
2
− 24x + 9,
om domínio
D
= R
. Tendo em onta (2.3) , é fá il de on luir que a re tax
= 2
é um eixo de simetria da função. Tomemos a funçãog
obtida por tranlação def
asso iadaao ve tor
(−2, −f (2))
:g(x) = x
4
− 2x
2
.
É laroque
x
= 0
é umaraíz de multipli idade2
dopolinómioP
0
(x) = g(x) − g(0).
Assim, estamosno segundo asoa ima des rito. Consequentemente, de a ordo om
(2.6) ,
f
tem extremos nos pontosx
= 1
,x
= 2
ex
= 3
; que orrespondem aos extremosx
= −1
,x
= 0
ex
= 1
deg
,respe tivamente.Como
P
0
(x) = g(x) − g(0) = x
2
(x
2
− 2),
on luímos que
g
tem ummáximo relativo emx
= 0
, umavez queh(x) = x
2
− 2
é
negativonumavizinhança de
x
= 0
. Por outro lado,temosP
1
(x) = g(x) − g(1) = (x − 1)
2
(x + 1)
2
.
Logo
g
tem ummínimo relativo emx
= 1
,porqueh(x) = (x + 1)
2
é positivo numa
vizinhança de
x
= 1
. Por simetria,g
também tem ummínimo relativo emx
= −1
. Em on lusão,f
tem máximo relativo emx
= 2
etem mínimos relativos emx
= 1
ex
= 3
. Na realidade, tendoem onta osresultados daSe ção 2.2.1 e asimetria def
,f
tem mínimosabsolutosemx
= 1
ex
= 3
.Grá odafunção
f
(x) = x
4
− 8x
2
+ 22x
2
− 24x + 9
.2. Consideremosa função polinomial
f
(x) = −x
4
+ 4x
3
− 7x
2
+ 6x + 1,
om domínio
D
= R
. Tendo em onta (2.3) , vemos que a retax
= 1
é umeixo de simetria da função. Tomemos a funçãog
obtida por translação def
asso iada ao vetor(−1, −f (1))
:Neste aso
x
= 0
éumaraíz de multipli idade2
dopolinómioP
0
(x) = g(x) − g(0).
Assim, estamos novamente no segundo aso a ima des rito. Apli ando (2.6) ,
on- luímos que
f
tem umúni oextremo (máximoabsoluto) emx
= 1
.2.3 Atividades
Nesta se ção,apresentamos três atividades, onde é possívelapli ar osmétodos quea ima
des revemos para o ál ulo dos extremos de funções polinomiais. As duas primeiras são
ambas retiradas de [4℄. A ter eira a tividade trabalha um resultado que nos será útil no
apítuloseguinte.
2.3.1 Folha de alumínio
Enun iado. Com umafolhadealumíniodedimensões
20 cm
por32 cm
pretende-se ons-truir umpequeno tabuleiro. Paratal é ne essário ortar os antos todosiguais, onformeilustra aguraseguinte:
x
x
a) Determineaexpressãoquepermite al ulara apa idade dotabuleiro emfunção da
medida dolado dos antos ortados.
b) Qual será a dimensão do orte (
x
) de forma a que o tabuleiro tenha a apa idade máxima.Proposta de resolução. a) Em primeiro lugar iremos determinar o domínio de
va-lores possíveis para a variável
x
(dimensão do orte). Depois de efetuados os ortes, o omprimento,a largurae aaltura dotabuleiro serãodadas, respe tivamente, por32 − 2x
,20 − 2x
ex
. Assim,e omoestamos afalar de omprimentos, teremosne essariamentede terasseguintes restrições:32 − 2x > 0, 20 − 2x > 0, x > 0.
Por outro lado,a expressãoquenosvaidar a apa idade dotabuleiro é:
C
(x) = (32 − x)(20 − 2x)x = 4x
3
− 104x
2
+ 640x,
umafunção polinomial degrau3.
b) Apli andoa fórmula (2.2) , vemos quea função
C
temextremos nospontosx
=
40
3
e
x
= 4
. Como40
3
nãoperten e ao intervalo]0; 10[
,sótemosde onsiderar opontox
= 4
. Também por (2.2) ,parap
= 4
,temosq
= 18
,logoP
4
(x) = C(x) − C(4) = 4(x − 4)
2
(x − 18).
Assim, omo
h
(x) = 4(x−18)
énegativonumavizinhançadex
= 4
, on luímosqueC
tem ummáximo relativo parax
= 4
. Tomando omo domínio o intervalo]0; 10[
, este máximo é absoluto:x
= 4 cm
é a dimensãodo orteque daráaotabuleiro maior apa idade.2.3.2 Baleias
Enun iado. AComissãoInterna ionalparaaproteçãodasbaleias onstruiu,paraabaleia
azuldoAntár ti o,oseguintemodelomatemáti o, quetraduzavariaçãodasuapopulação
emdois anos onse utivos:
V
(x) = 2 × 10
−6
(−2x
3
+ 303x
2
− 600x),
emque
x
representa,em milhares,a população de baleias.a) Determine os valores de
x
(aproximados à milésima) de modo que a variação da populaçãoseja nula.b) Determineo maioraumento possívelde umapopulação.
Proposta de resolução.
a) Osvalores orrespondem aoszerosda função
V
:2 × 10
−6
(−2x
3
+ 303x
2
− 600x) = 0 ⇔ x(−2x
2
+ 303x − 600) = 0.
Logo, oszerosda função
V
sãopre isamentex
= 0
ex
=
−303 ±
√
87009
−4
,
ou, om aproximação àmilésima,
x
= 0, x ≈ 2, 007, x ≈ 149, 490.
b) Apli ando a fórmula (2.2) , vemos que a função
V
tem extremos nospontosx
= 1
ex
= 100
. Também por (2.2) , parap
= 1
ep
= 100
temos, respetivamente,q
= 149, 5
eq
= −48, 5
. Assim,P
1
(x) = V (x) − V (1) = −2(x − 1)
2
(x − 149, 5),
P
100
(x) = V (x) − V (100) = −2(x − 100)
2
(x − 48, 5).
Como
h
(x) = −2(x − 149, 5)
é positivo numa vizinhança dex
= 1
,V
tem um mínimo relativo emx
= 1
; omoh
(x) = −2(x + 48, 5)
é negativo numa vizinhança dex
= 100
,V
tem um máximo relativo emx
= 100
. No ontexto do problema, vamos onsiderar o intervalo]0; ∞[
omosendoodomínio deV
. Relativamenteaeste domínio,sabemos,pela alíneaanterior,queV
épositivanointervalo]2, 007; 149, 49[
enegativaforadesteintervalo. Assim,V
temummáximoabsolutoemx
= 100 ∈]2, 007; 149, 49[
,ouseja,omaioraumento possívela onte e quandoa população atingiras100 000 baleias.2.3.3 Problema isoperimétri opara quadriláteros.
Enun iado. Detodososquadriláteros om osladosiguaisa um erto
l
dado, qualo que temmaior área?Proposta de resolução.
Consideremos um quadrilátero, om os lados iguais a um erto
l >
0
, dividido por uma das suas diagonais. Vamos estudar omo varia a área dos triângulos ongruentesassim obtidos om a dimensão da diagonal
2h
. Finalmente vamos en ontrar o triângulo quemaximiza aáreae, omo onsequên ia, qual oquadrilátero omoslados iguaisal
de maiorárea.l
2h
A
B
C
D
b b b bTomemos entãoo triângulo isós eles
△ABC
, em que|AC| = |BC| = l
e|AB| = 2h
. Como aalturab
destetriângulo é dadaporb
=
p
l
2
− h
2
,
asuaárea
A
h
éA
h
=
2h
√
l
2
− h
2
2
.
Consideramos
A
h
omofunção deh
no domínio]0; l[.
ComoA
h
é positiva para valoresdeh
nesse domínio, o maximizante deA
2
Para
A
2
h
= h
2
(l
2
− h
2
) = −h
4
+ l
2
h
2
,
queéumafunção par(
h
= 0
éumeixode simetriadafunção),podemosapli arafórmula (2.6): afunçãoA
h
temextremos nospontosh
= 0, h = −l
√
2
2
, h
= l
√
2
2
.
Comoh
= 0
eh
= −l
√
2
2
não perten em ao domínio, entãoh
= l
√
2
2
é máximo da função (tendo por base o des rito no primeiro exemplo da Se ção 2.2.4 e pelo fa to dea <
0
). Comparando as medidasdoslados do triângulo, on luímosque elas satisfazem arelaçãodo teoremade Pitágoras:
l
2
+ l
2
= (l
√
2)
2
Assim,otriânguloquemaximizaaáreaéotriânguloretângulo om atetosiguaisa
l
,logo o quadrilátero omoslados iguaisal
de maior áreavaisero quadrado.Capítulo 3
Desigualdade isoperimétri a
Nesta se ção vamosabordar o problemada desigualdade isoperimétri a. Começamos por
fazerreferên iaà hamadaLendadeDido",queétida omodespoletadoradaanálisedeste
tipodeproblemaspro urarsuperfí iesdemaioráreaxadooseuperímetro. Para
on re-tizar o quenospropomos, vamos referir duasabordagens: a primeira devido a Zenodorus
e a segunda a Steiner. A abordagem referente a Zenodorus, essen ialmente geométri a,
ulmina om a prova de que, xado um perímetro
P >
0
, o ír ulo de perímetroP
en- erramaiorárea doquequalquer polígono omomesmo perímetro. O aminho para estaon lusãoapresentaumargumento pou o onvin entena prova deque, entreospolígonos
equiláteros, os que têm maior área são os equiangulares. No entanto, vamos dar alguns
ontributosparaeste assunto,estudando os asos parti ularesdo triângulo edo
quadrilá-tero. A abordagem deSteinerdizrespeitoàsimetrização desuperfí ies omvistaa obter
guras om ada vez maiseixos de simetria, terminando no ír uloe on luindo que esta
formaé a queen erra maisárea.
Neste apítulo iremos denotarpor
AB
o segmento omextremos nospontosA
eB
;o omprimento deAB
serádenotado por|AB|
.3.1 Um pou o de história
A lenda de Dido (ou Elisa) faz parte do Cânti o I da obra épi a Eneida", es rita pelo
grandepoetaromano Virgílio (70a.C. a19 a.C.). Dido, queviveu no sé ulo IX a.C., era
umaprin esa fení iada idade de Tiro, situada nasmargens do Mediterrâneo, lo alizada
onde hoje é o Líbano. O rei Pigmaleão, seu irmão, assassinou-lhe o marido (seu tio), o
grandesa erdoteArquebas, om vistaaapoderar-sedosseus tesouros. Temendopelasua
vida,Didofugiudenavio,levandootesouroreferido, omumgrandenúmerodeseguidores
dispostos a fundar uma nova idade, "Qart Hadash"(Cartago). No lugar es olhido para
serCartago (norteda Áfri a,nasmargensdo Mediterrâneo,onde hoje sesitua aTunísia)
tentou omprarterrasao rei lo al, Jarbas da Numídia,para quesepudessem estabele er.
Oa ordo que onseguiu omo rei foi quesó teria em terraso quepudesse abranger om
a pele de um boi. Dido, revelando o quanto era inteligente, de idiu pedir ao seu grupo
que ortasse a pele em tiras tão nas quanto possível, unisse todas e olo assem num
3.2 Problemas isoperimétri os
3.2.1 Zenodorus
A ideia geral do argumento Zenodorus para provar que o ír ulo tem uma área maior
que qualquer polígono om o mesmo perímetro pode ser en ontrada em [1 ℄. De seguida
revisitamos esteargumento om umpou o maisde detalhe.
Teorema 1. De todos os triângulos om a mesma base e o mesmo perímetro, o isós eles
é o que tem maior área.
Demonstração: Para estademonstração seguimos [3℄. Seja
△ABC
otriângulo isós eles om baseAB
e seja△ABD
outro triângulo om a mesma base e o mesmo perímetro. Temosentão:|AC| + |BC| = |AD| + |BD|.
(3.1)Como
△ABD
tem o mesmo perímetro que△ABC
, mas não é isós eles, um dos seus lados, por exemplo o ladoAD
,satisfaz|AD| > |AC|
,enquanto o outro ladoBD
satisfaz|BD| < |AC|
. VeriquemosqueosegmentoAD
interse taBC
numpontoE
, omE
6= D
, tal omoilustra aguraseguinte.A
B
C
D
E
b b b b bEfetivamente, no asode não existira interse ção,temosquatro hipóteses:
1. o vérti e
D
éinterior a△ABC
;2. o vérti e
D
estásobre algumdos seuslados; 3. o vérti eC
está no interiorde△ABD
;4. o vérti e
C
está sobre algumdoslados de△ABD
.Suponha-se que
D
está no interior de△ABC
e queE
é a interse ção deBC
om o prolongamento deAD
.A
B
C
D
E
b b b b bPela desigualdade triangular,
Também peladesigualdade triangular,
|DE| + |EB| > |BD|.
(3.3)Somandoasdesigualdades (3.2) e(3.3) ,obtemos
|AC| + |CE| + |EB|
|
{z
}
=|CB|
+|DE| > |AD| + |BD| + |DE|,
deonde se on lui
|AC| + |CB| > |AD| + |DB|,
o que ontradiz a hipótese (3.1) , logo
D
não está no interior de△ABC
. De forma seme-lhanteé possívelveri arque nenhuma dasrestanteshipótesespodeo orrer.Retomemos a demonstração do teorema. Uma vezque
∡
EAB < ∡CAB
= ∡EBA
esabendoqueaomaiorângulodeumtriânguloseopõeomaior lado,temos
|EB| < |AE|
. Assimpodemos xarF
emAE
om|EF | = |EB|
. ConsideremostambémG
emEG
omA
B
C
D
E
F
G
b b b b b b b b b b|EG| = |ED|
. Para tal ser possível, é ne essário veri ar que|EG| < |EC|
. Como o triângulo△EF G
é ongruente om△EBD
( ritérioLAL), temos|F G| = |BD|.
Assim,tendotambémem onta (3.1) ,
|AC| + |BC| = |AF | + |F D| + |F G| = |AF | + |BG| + |F G|
= |AF | + |BC| ± |CG| + |F G|.
Logo
|AC| = |AF | ± |CG| + |F G|.
Temos
±
poisaindanão sabemos seG
está situado emEC
. Noentanto, aalternativa|AC| = |AF | + |F G| + |CG|,
Representemosaáreade umtriângulo omvérti esem
X
,Y
eZ
por△XY Z
. TemosT
(ABC) = T (ABE) + T (EF G) + (T (AF G) + T (ACG))
= [T (ABE) + T (BDE)] + [T (AF G) + T (ACG)]
= T (ABD) + (T (AF G) + T (ACG)),
de onde se on lui:
T(ABC) > T (ABD).
Podemos fazer uma abordagem algébri a a esta demonstração, usando a fórmula de
Herão e osresultados do apítuloanterior. Seja
p
=
1
2
(a + b + c)
o semi-perímetro deum triângulo delados de omprimentoa
,b
ec
. Podemos obtera áreaA
do referidotriângulo apli andoa fórmulade Herão:A
=
p
p
(p − a)(p − b)(p − c).
Vamos entãover, nas ondiçõesdo teorema, querelação temque existirentreoslados do
triângulopara queasuaárea
A
sejamáxima. Assim,xamosp
eumdoslados(base),por exemploc
. Denotamosk
:= p − c
e, apósas devidassubstituições, maximizarA
equivale a maximizarA
2
= p(p − a)(p − b)k.
Como
a
+ b = 2p − c
ousejab
= 2p − a − c,
tem-seA
2
(a) = pk(−a
2
+ (p + k)a − pk),
que, tendoem onta osresultados da se ção 2.2.2,tem ummáximo em
a
=
p
+ k
2
=
2p − c
2
,
donde se on lui que
a
= b
o que permite on luir que o triângulo de maior área (nas ondiçõesdo teorema) éo isós eles.Teorema 2. De entre todos os polígonos om o mesmo perímetro e o mesmo número de
lados, o que tem maior área deverá serregular.
A
B
D
C
P
Demonstração: Éfá ildepovarqueopolígonodemaioráreatemdeserequilátero: se
P
é umpolígono nãoregular, entãodoisdosseuslados onse utivos,digamosAC
eBC
nãosão ongruentes; podemos então substituir o vérti e
C
por um pontoD
, de forma a que△ABD
seja isós eles e tenha o mesmo perímetro que o triângulo△ABC
; pelo teorema anterior, onovo polígono,paraalémdeteromesmoperímetro,temmaior áreaqueP
. No entanto, o argumento apresentado por Zenodorus não é totalmente onvin entena provaqueo polígono de maiorárea é equiangular. Para quadriláterostal é feito nas atividades
do apítulo anterior.
Teorema 3. Para polígonos regulares om o mesmo perímetro, mais ladosimpli a maior
área
Demonstração: Consideremos o apótema
h
de umpolígono regular, tal omo seilustra na gura seguinte. A área do polígono é metade do produto do apótema pelo perímetroh
α
P
. Se aumentarmos o número de ladosn
, mantendo o perímetroP
, o lado do polígono regulardiminui. Provemos então queo apótemah
aumenta, o que impli a que a área do polígono também aumenta:Denotemos o apótema do polígono de
n
lados porh(n)
. Comoα
=
(n−2)π
2n
,vamos terh(n) =
P
2n
tg α =
P
2n
tg
(n − 2)π
2n
=
P
2n
tg
π
2
−
π
n
=
P
2n
cotg
π
n
(3.4)A derivada de
h(n)
é então dadapor:h
′
(n) =
P
2
π
n
2
sen
2
1
(
π
n
)
n
− cotg
π
n
n
2
=
P π
2n
3
sen
2 π
n
|
{z
}
=X
n
n
1 −
n
π
sen
π
n
cos
π
n
o
= X
n
n
1 −
sen(
2π
n
)
2π
n
o
.
Provando que
senx
x
<
1
para todox >
0
, podemos on luir queh
′
(n) > 0
. Para tal, onsideremosa seguintegura, onde|OC| = 1
.O
A
B
C
x
x
b b b bComo aárea dotriângulo
△OBC
édada porT
(OBC) =
1
2
|AB||OC| =
senx
2
,
que obviamente é menor que a área do setor ir ular
OAC
, sendo esta igual ax
2
, vamos tersenx < x
. Fi ou assim provado queo apótema aumentou e por onseguinte aárea do polígono também.Teorema 4. O ír ulo tem maiorárea que qualquer polígono om o mesmo perímetro.
Demonstração: Fixemos
P >
0
. Para a nossa demostração vamos onsiderar poligonos regulares deperímetroP
,umavezqueestesen errammaior áreaquetodososoutros om o mesmoperímetro. Começamospormostrar queo apótemade qualquerpolígonoregularde perímetro
P
émenor queo raiodo ír ulo omomesmo perímetro. O raior
do ír ulo é dado porr
=
P
2π
. Por outro lado, o apótema de um polígono regular omn
lados eperímetroP
é dado pelafórmula(3.4) . Assim,r > h(n)
see sósetg
π
n
>
π
n
.
Resta-nos veri arque
tg x > x
paratodox
∈]0;
π
2
[
. Consideremosa seguintegura, onde novamente|OC| = |OA| = 1
.O
A
B
C
x
D
b b b b bComo ostriângulos
△OBA
e△OAD
sãosemelhantes( ritério AA),temos|AD|
|AB|
=
|OA|
|OB|
,
logo
|AD| = |AB|
|OA|
|OB|
=
|AB|
|OB|
=
sen x
cos x
= tg x.
Como aárea dotriângulo
△OAD
é dadaporT
(OBC) =
1
2
|OA||AD| =
tg x
2
,
queobviamenteé maiorqueaáreadosetor ir ular
OAC
,sendoestaigual ax
2
,vamostertg x > x
. Con luímosassim quer > h(n)
paratodo on
.Então, denotando por
A(n)
a área do polígono regular omn
lados e de perímetroP
eporA
P
a áreado ír ulo omperímetroP
,vamos terA(n) =
1
2
h(n)P <
1
2
rP
= A
P
.
3.2.2 Simetrizaçãode Steiner
OargumentodeZenodorus omparaaárealimitadaporpolígonose ir unferên iasdeigual
perímetro. De seguida vamos onsiderar urvas fe hadas mais gerais: xado um
P >
0
, qualéa urvafe hada om omprimentoP
queen erra maiorárea? Como vimos,desdea antiguidade quesesabequeesta urvaéuma ir unferên ia. No entanto, ademonstraçãorigorosa desteresultado é relativamente re ente (apresentada pela primeira vez por H.A.
S hwarz em1890).
Não é a demonstração de S hwarz que vamos apresentar, mas sim um método
intro-duzido por J. Steiner [7 ℄,a hamada simetrização", que vale muito maispelariqueza da
ideia subja ente do que pelo seu rigor original. A nossa exposição segue de perto aquela
que é adotada em [6℄. Efetivamente, este método é ainda hoje apli ado na resolução de
muitos problemas varia ionais.
Oargumento de Steiner(em traços gerais)resideno seguinte:
1. Seja
D
uma superfí ie plana e sejaC
a urva que a en erra. Tomemos uma retal
e desenhemos as perpendi ulares a esta de modo a obter a superfí ieD
l
, que é simétri arelativamenteal
. Estasuperfí ieD
l
éobtida doseguintemodo: tomemos umaperpendi ularl
′
a
l
; sejaM
a interseção entrel
el
′
M
1
eM
2
, eml
′
, de tal modo que
M
seja o ponto médio do segmentoM
1
M
2
e ujo omprimento é igual ao da interseção del
′
oma superfí ie
D
. Repetindo este pro esso para todas as retas perpendi ularesl
′
obtemos a superfí ie planaD
l
, tal omo seilustra naguraanterior.2. A superfí ie
D
l
tema mesmaáreadoqueasuperfí ieD
,masa urvaC
l
temmenor omprimento.3. Pro edendo do mesmomodo relativamente à superfí e
D
l
e a umaoutra re ta não paralela al
, vamos obter uma nova superfí ie om um novo eixo de simetria. Se repetirmos re ursivamente o pro esso, no limite vamos obter uma superfí ie ominnitoseixosde simetria,isto éuma ir unferên ia omamesmaáreadasuperfí ie
original, mas om menor perímetro, o que é su iente para on luir que, de entre
todasas urvas om omprimentoxado,a ir unferên iaéaqueen erramaiorárea.
Comparemosagoraaárea
A
l
e omprimentoL
l
deD
l
omaáreaA
eo omprimentoL
da superfí ieplana originalD
. Dadeniçãode área, umavez que osegmentoM
1
M
2
tem o mesmo omprimento do quea interseçãodel
′
oma superfí ie
D
,por deniçãode área vamos terA
l
= A
. Demonstramos de seguida queL
≥ L
l
. ConsideremososdoistrapéziosN
1
N
1
′
N
2
′
N
2
eM
1
M
′
1
M
2
′
M
2
, relativamente à gura anterior. Temos|M
1
M
2
| = |N
1
N
2
|
e|M
′
1
M
2
′
| = |N
1
′
N
2
′
|
. Por simetria, temos também|M
1
M
′
1
| = |M
2
M
2
′
|
. Apli ando a desigualdade triangular, resultaque2|M
2
M
2
′
| ≤ |N
1
N
1
′
| + |N
2
N
2
′
|.
Fazendo
M
′
1
eM
′
2
muito próximos"deM
1
eM
2
, respe tivamente, e tomando a soma do omprimento de todosessessegmentos, obtemosL
≥ L
l
.Desenhemos uma outra reta
r
. Pro edendo omo paraD
l
, obtemos a superfí ieD
lr
, quevaitermaissimetrias,amesmaáreaA
lr
= A
eumafronteira ommenor omprimentoA(D
0
)
,L(D
0
)
,a áreaeo omprimento dafronteira do ír uloD
0
vamos ter:(
A
= A
l
= A
lr
= ... = A(D
0
),
L
≥ L
l
≥ L
lr
≥ ... ≥ L(D
0
).
Masparao ír ulo
D
0
,4πA(D
0
) = L(D
0
)
2
,o queimpli a que
4πA ≤ L
2
,
ouseja asuperfí ie
D
tem menoràrea queo ír ulo deperímetroL
.A última gura ilustra omo o pro esso de simetrização de Steiner produz superfí ies
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