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Revista Científica do ISCTAC Vol. 4 Nº 10 - 2017

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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE

Rua Correia de Brito n˚ 952, Tel. +25823320794

REVISTA CIENTÍFICA DO ISCTAC

Propriedade do ISCTAC

Vol. 05, Ano IV, Edição Nº 10, Janeiro - Março de 2017 Registo: Nº 82/GABINFO-DEC/2014

www.isctac.org Email: revistaisctac@isctac.org

DESTAQUES:

Da Educação Financeira a Horizonte da Crise Económica

em Moçambique: Uma Abordagem em Torno da Sustentabilidade

Relações Bilaterais Entre Estados Assimétricos: Uma Reflexão de Custos – Benefício

Papel da Mídia em Processos de Instigação de Conflitos e Construção da Paz no Burundi: Lições e Desafios Para Moçambique

Breve Análise das Contestações de Estados Africanos Sobre as Atuações do Tribunal Penal Internacional: Análise à Luz das Visões Tradicionais e Pós-Positivista

Resenha da Obra: O Educador Pós-Moderno: Estudo com Base nas Artes e no Aperfeiçoamento dos Professores

Nº 10

ISSN: 2519-7207

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Vol. 4, Nº 10, Ano IV, Janeiro - Março de 2017

EMISSÕES DIÁRIAS DAS 06 AS 20H, NA CIDADE DA BEIRA

“ACADÉMICA FM UM NOVO CONCEITO DE RADIO”

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Director da Revista Msc. Júlio Taimira Chibemo

jtchibemo@gmail.com Editor da Revista Msc. Emílio J. Zeca emiliojovando@gmail.com Registo Nº 82/GABINFO-DEC/2014 Propriedade:

Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande Rua Correia de Brito, Nº 952

Cidade da Beira - Moçambique revistacientífica@isctac.org

www.isctac.org

REVISTA CIENTÍFICA DO ISCTAC

Volume 4 Número 10 Janeiro - Março de 2017

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Ficha Técnica:

Propriedade: ISCTAC

Director: Msc. Júlio Taimira Chibemo Conselho Editorial: Prof. Dr. Rizuane

Mubarak; Prof. Dr. Óscar Dada, Prof. Dr. Fábio D`Ávila,;Prof. Msc. Júlio Tai-mira Chibemo; Prof. Msc. Emílio Zeca

Editor: Prof. Msc. Emílio J. Zeca Redacção:

Dr. Jorge Serrão Conhaque, Dr Armin-do ArmanArmin-do, Dr Aldemiro B.W. Rato Bande, Emílio Jovando Zeca e Prof. Msc. Júlio Taimira Chibemo

Distribuição: ISCTAC Beira, Fevereiro de 2017

REVISTA CIENTÍFICA DO ISCTAC

Vol. 04, Ano IV, Edição Nº 10

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NOTA EDITORIAL

A presente edição da Revista Científica do ISCTAC resulta da compilação de um conjunto de trabalhos propostos pelos pro-fessores, investigadores e estudantes da pós-graduação dos cursos ministrados pelo Instituto Superior de Ciências e Tecno-logias Alberto Chipande. O primeiro texto apresenta uma reflexão sobre a questão da Educação Financeira, tendo em conta a crise económica que Moçambique experimenta nos últimos anos. O autor procura trazer uma abordagem em tor-no da sustentabilidade. Em prermos concretos, o texto aborda em torno da educação financeira como um instrumento mais coeso para dar face a crise financeira visando transformar as dificuldades em oportunidades razão pela qual destacamos a educação financeira como um horizonte da crise económica e que abordagem em termos da sustentabilidade constitui a base de sustento da nossa abordagem visto que um indivíduo financeiramente educado faz com que as suas acções finan-ceiras tenham tendências futuras, todavia, no artigo aborda-mos em torno dos princípios da educação financeira visando destacar o quão é imperativo a sua noção dos mesmos, pois a educação financeira aponta caminhos para autonomia, de tal forma que a responsabilidade não se inclui apenas a insti-tuições da escola mais todo sistema educativo global ao nível formal e informal. Para a consecução do presente artigo nos baseamos na revisão literária visando encontrar um substrato teórico mais sustentável na análise de base do tema em abor-dagem, pois em Moçambique constitui um desafio a imple-mentação de tal educação mais torna-se um imperativo para a garantia

O segundo texto discute de forma sucinta a relações bila-terais entre Estados assimétricos, tendo em conta a questão dos custos e benefício, onde constata-se que sempre que há cooperação existe necessidade de cooperação ou seja exis-te inexis-teresse, desta feita, o artigo visa suscitar uma reflexão em torno do custo - beneficio partindo do pressuposto que existe cooperação que visa garantir as relações entre os Estados pois elas não são feitas sob ponto de vista teológico, basea-dos em caridade, mais sim representa uma tendência de

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desenvolvimento das estratégias que possam garantir a realida-de realida-de cada Estado. Postula-se aqui que realida-de acordo com a divi-são sistémica da ordem internacional em centro e periferia, as assimetrias fazem com que os custos e benefícios tenham sem-pre em conta está posição dos Estados. O autor traz a visão dos teóricos críticos da Escola Marxista.

O terceiro texto apresenta uma análise sobre o papel da mídia em processos de instigação de conflitos e construção da paz no Burundi e propõe um conjunto de lições e desafios para a realidade moçambicana No texto, argumenta-se que, muito embora a mídia seja um instrumento bastante usado em processos de instigação de conflitos, ela dispõe de enormes potencialidades para a construção e consolidação da paz, sobretudo, em sociedades marcadas pelo conflito. Uma das principais contribuição trazidas neste texto tem que ver com a questão do uso do jornalismo para a promoção e construlão da paz, uma abordagem interessante para a realdiade moçambicana, que logo depois do conflito armado na década 1990, usou-se muito os órgãos de comunicação para a dessminação de ideias da paz e reconcialização nacional.

O quarto e último texto faz uma breve análise das contesta-ções de estados africanos sobre as atuacontesta-ções do tribunal penal internacional, tendo em conta os pressupostos das visões tradi-cionais e pós-positivista. O texto desenvolve-se em torno da notícia vinculada pela Rádio França Internacional – RFI, no dia 16 de Novembro de 2016 e intitulada “por que os países africa-nos estão deixando o tribunal penal internacional?” cujo cabe-çalho da peça refere que o Tribunal Penal Internacional realiza a partir desta quarta-feira (16) até 24 de novembro a 15ª Assembleia de Estados-Partes do Estatuto de Roma, em Haia, na Holanda. Todos os anos, o evento é uma ocasião para os países-membros fazerem um balanço das atividades do orga-nismo. Neste ano, no entanto, a assembleia ficará marcada pela intenção de três países africanos - Burundi, África do Sul e Gâmbia - de deixarem o TPI. O artigo constata que a atuação do referido tribunal foi sempre selectiva e que há necessidade de uma desconstrução dos seus pressupostos para que ele seja imparcial nas suas atuações.

A presente edição da Revista Cientifica encerra com a rese-nha da obra “O Educador Pós-Moderno: Estudo com Base nas Artes e no Aperfeiçoamento dos Professores” editada pelos pro-fessores Patrick Diamond e Carol A. Mullen e publicada pelo Ins-tituto Piaget na Colecção Horizontes Pedagógicos. Os autores

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desnudaram as suas almas artísticas para alargarem as capaci-dades de professores e alunos. Eles defendem que com a empenhada integração das artes nos programas, talvez consi-ga-se criar uma vida escolar que seja o espelho de uma esca-da de cristal, uma via potencial para a aceitação coletiva e para a justiça social. A obra é relevante para a realidade moçambicana, mas traz consigo um conjunto de desafios e constrangimento. Primeiro, porque a manifestação artística, em Moçambique é fasta e começa logo muito cedo nas crianças. Desta feita, era uma oportunidade para capitalizar a arte como instrumento educativo.

Por último, importa referir que continuamos a aguardar dos prezados leitores a vossa estimada colaboração com críticas, sugestões e contribuições positivas e oportunas para a renova-ção da Revista Científica do ISCTAC.

O Editor Emílio J. Zeca

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Da Educação Financeira a Horizonte

da Crise Económica em Moçambique:

Uma Abordagem em Torno da Sustentabilidade

Autor: Jorge Serrão Conhaque Mestre em Gestão de Empresas e Docente Universitário do ISCTAC Coordenador do Curso de Logística Empresarial e Portuária, Investigador em Sustentabilidade de Empresas Emergentes Email:jorgeserrao01@hotmail.com

O presente artigo aborda em torno da educação financeira como um instrumento mais coeso para dar face a crise financeira visando transformar as dificuldades em oportunidades razão pela qual destacamos a educa-ção financeira como um horizonte da crise económica e que abordagem em termos da sustentabilidade consti-tui a base de sustento da nossa abordagem visto que um indivíduo financeiramente educado faz com que as suas acções financeiras tenham tendências futuras, todavia, no artigo abordamos em torno dos princípios da educação financeira visando destacar o quão é imperativo a sua noção dos mesmos, pois a educação financei-ra aponta caminhos pafinancei-ra autonomia, de tal forma que a responsabilidade não se inclui apenas a instituições da escola mais todo sistema educativo global ao nível formal e informal. Para a consecução do presente artigo nos baseamos na revisão literária visando encontrar um substrato teórico mais sustentável na análise de base do tema em abordagem, pois em Moçambique constitui um desafio a implementação de tal educação mais torna-se um imperativo para a garantia da sustentabilidade dar face a crises mundiais em termos financeiros que são vivenciais.

Introdução

N

o presente artigo discuti-mos em torno da educa-ção financeira onde apre-sentamos de forma mais detalhada em torno da crise Econó-mica em Moçambique, desta feita a nossa abordagem, esta vinculada a realidade que constituiu o ano

conhecido como atípico pelas figuras políticas moçambicanas reconhe-cendo as dificuldades vividas no nos-so pais diante das diversas realidades de crise económica. No artigo recor-remos a análise literária onde apre-sentamos os principais desafios de gestão financeira para dar face a cri-se económica que teve maior inci-dência em 2016 que pode ser esten-Vol. 4, Nº 10, Ano IV, Janeiro - Março de 2017

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dida para um futuro longínquo caso haja falta de atenção de moldagens de atitudes neste âmbito. Portanto, questionamos até que ponto a edu-cação financeira pode contribuir a atenuar a crise económica de uma nação? Entendemos que ela pode ser factor consciencializante dos cidadãos a fazer uma gestão mais organizada das suas finanças e optar pela poupança fazendo com que a educação financeira seja banida dentro dos quadrais económicos, no artigo temos como bases principais a noção de educação financeira, van-tagens, consequências e desafios da pesquisa empírica da educação financeira global com enfoque em Moçambique.

Contextualização da Educação Financeira

Educação, do latim education, no sentido formal é todo o processo contínuo de formação e ensino aprendizagem que determinam a transmissão de valores. É a partir da educação que convêm os processos

por meio dos quais o indivíduo e a colectividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação da vida, bem de uso comum do povo.

Tradicionalmente quando se refe-re a educacao financeira, existe maior referencia em economizar, fazer reformas nos gastos, cumulo de dinheiro e fazer poupanca de econo-mias, pois ela vai alem destes estre-mos ao atingir um nível de vida mais sustentável com uma vida mais

humanitária e coesa.

Princípios da Educação Financeira A educação financeira tal como uma outra corrente obedece uma determinada ramificação, desta feita compreende-se que os princípios de educação financeira norteiam a sus-tentabilidade económica e determi-na os desafios mais específicos da sua sustentabilidade. De forma gené-rica constituem princípio de educa-ção financeira:

Valoração: consciência de valoriza-ção de factos mais específicos da valoração espiritual não quantificá-vel em valor material com base nos preços; Celebração: são as bases de inibição de tendências para as con-quistas, desta feita estes são deter-minantes na consolidação dos desa-fios que são determinantes nas ten-dências e metas por alcançar; Orça-mentação: são as bases de planifi-cação de acordo com a disponibili-dade das condições existentes, des-ta feides-ta estes são determinantes na planificação das suas condições financeiras; Investimento: são as bases que são determinantes nas poupanças económicas e que são voláteis de uma determinação da sustentabilidade e de recompensas face aos juros determinados visando lucros; Negociação: são as bases de garantia de valoração e separação dos negócios isolados dos aços familiares e amizades visando garantir a economia de base e valo-ração da mesma; e Equilíbrio: con-siste na existência de estabilidade na vida cuja a meta se circunscreve n vida digna em equilíbrio.

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Para Penido (2014), citado por Souza (2012:5), o sistema financeiro é formado pelo dinheiro, coisa tão difí-cil de conseguir e tão fádifí-cil gastar por nada. Algumas pessoas aprendem cedo a receber e a gastar responsa-velmente, já outras pessoas gastam em vão, facto que é determinante e valorante na ostentação da educa-ção financeira em todos sistemas educativos.

Um dos desafios que se impõe a valoração da educação financeira, esta relacionada no pensamento económico primitivo compreenden-do que o dinheiro é inesgotável. Numa era em que vigora o pensa-mento económico subordinado: onde antes as crianças não conse-guiam relacionar questões sociais com aspectos financeiros e que na actualidade as crianças conseguem associar estes dois elementos, ou seja, as crianças assimilam importantes ideias ao nível do valor económico que é necessário molda-los.

Geralmente, em muitos países, inclusive, em Moçambique, a educa-ção financeira é algo que pode ser considerado novo para a maioria. Não é um hábito quotidiano, não faz parte da cultura moçambicana, reali-zar planeamento financeiros, falar sobre dinheiro, especialmente com crianças e jovens mas sim falar das necessidades suprimíveis pelo dinhei-ro.

Uma vida planejada financeira-mente e com objectivos são mais feli-zes. Por este motivo, a questão com-portamental em relação às finanças deve ser discutida entre os membros da família, inclusive com a

participa-ção das crianças. Decisões inteligen-tes antecipam a conquista de sonhos e das ferramentas para proteger o que se conquistou (Cerbasi, 2004, p. 19).

Com a diminuição da inflação por meio de sucessivos planos do Governo relacionados a questões de crise financeira, existe maior tendên-cia de aplicação de carácter deter-minante na gestão de crise, tal como afirma Modernell citado por Pereira et al. (2009) foi a partir daí que a sociedade passou a interessar-se pela educação financeira. Ou seja, as pessoas perceberam que era impor-tante planejar, entender mais sobre as finanças pessoais, defender-lhes das armadilhas do mercado, organi-zar as contas da família dentro outros elementos.

A sociedade actual, portanto, é repleta de oportunidades profissionais e o planeamento financeiro em uma economia estável é muito importan-te. Porém, somos todos iniciantes nes-se tipo de investimento, pois as condi-ções económicas necessárias ao sucesso de plano de longo prazo visando o controlo das economias adequadas para o desenho de estra-tégias financeiras.

A educacao financeira deteta a ocorrência de problemas de ordem familiar, desta feita, os problemas financeiros familiares decorre de decisões ou escolhas ruins. Os erros financeiros são verdadeiras armadi-lhas. Na maioria das vezes, orçamen-to, planeamento financeiro, dinheiro ou controle de gastos não faz parte das conversas familiares. Estabelecer objetivos de longo prazo passa a ser Vol. 4, Nº 10, Ano IV, Janeiro - Março de 2017

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um problema, porque quem não par-ticipa do controle financeiro não per-cebe as metas serem atingidas gra-dativamente (Cerbasi, 2004: 34).

Conforme Modernell (op. cit., 2009), para viver dentro de um padrão económico, deve-se eliminar desperdícios, aproveitando oportuni-dades, valorizando o próprio patrimó-nio, gerando rendas e focando no crescimento do património líquido familiar, até atingir a independência financeira.

Quando há desperdício financei-ro, isso geralmente ocorre por má negociação, compra por impulso ou compra por distração. É relevante mostrar aos pequenos o devido cui-dado com estes desperdícios, pois a boa negociação, em qualquer activi-dade, evita consumos exagerados e perdas financeiras.

Kioyosaki e Lechter (2000) alertam para a importância da alfabetização financeira. Além de aprender e entender as letras, é essencial que se entenda também os números. Desta forma Hill (2009) procura conceituar a educação financeira como a habili-dade que os indivíduos apresentam de fazer escolhas adequadas ao administrar suas finanças pessoais durante o ciclo de sua vida.

Portanto, a educação financeira envolve muito mais que atingir a independência financeira, habilida-de habilida-de fazer escolhas ahabilida-dequadas às finanças e os preceitos contábeis. Em relação à importância de educar financeiramente as crianças, D’Aqui-no (2008), cita que o intuito principal é construir bases para que na vida adulta esta criança venha a lidar

bem com o dinheiro.

Educação Financeira na Infância

Para D’Aquino (2012), educação financeira é a capacidade, possibili-dade de ensinar a criança aprender a ganhar dinheiro e saber resolver problemas financeiros simples. Em tese, quanto maior a capacidade de resolução de problemas económicos, maior o dinheiro que ela pode ganhar. A criança tem o adulto como modelo, portanto, qualquer pessoa pode educar financeiramen-te uma criança. Essa educação deve ter por base a participação de pais e/ou responsáveis, da escola, e até mesmo de outros membros da famí-lia.

O importante é investir nos filhos de forma racional e organizada, seguindo princípios que eles conhe-çam e entendam, estabelecendo regras de consumo, evitando gastos abusivos e ensinando pelo exemplo, ou seja, os pais devem servir de modelo para que os filhos saibam como gastar e com o que gastar. Portanto, a racionalidade do planea-mento financeiro torna o processo de educação financeira bastante sim-ples (Cerbasi, 2004: 95).

O planeamento financeiro tem um objectivo muito maior do que sim-plesmente não ficar no vermelho. Mais importante do que conquistar um padrão de vida é mantê-lo, e é para isso que devemos planejar, ou seja, se começarmos a viver além de nossas posses e gastarmos mais do que pudermos, o dinheiro vai faltar no futuro garantindo assim a

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sustenta-bilidade financeira, (Cerbasi, 2004:43).

Então, a educação financeira precisa fazer bom uso do estímulo que as crianças possuem durante essas duas fases e das consequências de cada escolha. Inclui também dar as crianças condições de percebe-rem que são capazes de aprender, que a educação financeira não é e nem deve ser um desafio permanen-te para a suspermanen-tentabilidade,

A ética financeira ou seja educa-ção financeira é um dos caracteres mais específicos da realização do processo mais necessário no acto educativo, essa ética deve ser repas-sada pela escola, ou seja, a escola actual precisa ser mais participativa, complementando a educação que as crianças recebem no seio familiar. Porém, em muitas unidades escola-res, nem sempre existe uma clara definição das responsabilidades e dos objectivos por parte de professo-res, auxiliares e responsáveis escola-res. Além de ajudar no aspecto da educação financeira, é papel da escola ensinar outros valores, como autonomia, convivência, diálogo, igualdade, justiça, participação, res-peito, solidariedade, tolerância, den-tre outros.

Família na Educação Financeira

Segundo D’Aquino (2008), nos países desenvolvidos a educação financeira dos pequenos cabe às famílias. A escola tem por função reforçar a formação adquirida em casa. Em Moçambique, infelizmente, ainda há muito que se aprender, pois

a educação financeira não está pre-sente em nenhum destes dois univer-sos.

Muitos pais acreditam que dinhei-ro não é assunto de criança e outdinhei-ros transformam esse assunto em um desafio. Educação financeira não significa ensinar a economizar, e sim aprender a manejar o dinheiro de for-ma correcta, a dar importância a factores que irão promover um futuro financeiro mais digno.

Uma família financeiramente bem -sucedida é outra coisa. Pensam melhor no futuro e os sonhos são construídos juntos em prol de uma independência financeira. Para alcançar esse objectivo, não é necessário grandes cálculos, basta um bom planeamento (controle de gastos) e resistir à sedução do dinhei-ro, ou seja, evitar gastar mais do que se tem (Cerbasi, 2004:37).

Nesse sentido, Souza (2012:11) mostra que “ao ensinar uma criança a lidar com dinheiro desde pequena, quando adulta terá maiores oportuni-dades de aprender a administrar o seu salário, a sua vida, visto que ira saber guardar, guardar para com-prar, guardar para poupar mais garantindo a sustentabilidade.

Adultos que têm dificuldades para lidar com dinheiro estão bus-cando respostas a seus problemas pessoais, ao mesmo tempo em que sua mente alarmada os avisa que seus filhos podem ter um futuro bem mais próspero se a orientação ade-quada chegar no momento propício. Também pensam assim os adultos que, mesmo não tendo problemas financeiros, aprenderam a adminis-Vol. 4, Nº 10, Ano IV, Janeiro - Março de 2017

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trar suas finanças após duras lições aprendidas com perdas (Cerbasi, 2011: 14).

Sabe-se que a maioria dos jovens ainda está (é) desorientada quanto ao bom uso de mesadas, poupanças e presentes. Por este motivo, apren-derá as regras a duras penas, após errar muito, como os adultos, essa aprendizagem os fará lidar melhor com o dinheiro. Sabendo que o com-portamento dos pais exerce uma enorme influência na educação das crianças, é salutar que a família seja cuidadosa ao nível da gestão das finanças pessoais, como a promoção da poupança, além de alguns con-troles importantes: do orçamento familiar, do recurso massivo ao crédi-to e do apelo excessivo ao consumo (Ferreira, 2013:25).

A turbulência económica que se faz sentir no mundo ocidental após a globalização, impulsionou grandes alterações comportamentais por par-te da população, reforçando o hábi-to de poupar dividendos e evitar des-perdícios financeiros. As novas exi-gências em um mundo competitivo chegaram de forma abrupta e a população não estava preparada para enfrentar estes desafios (Ferreira, 2013:21).

A partir da melhoria financeira da população, o consumo passou a ser prioridade. Os pais sentiram a neces-sidade de trabalhar mais e a passar mais tempo fora de casa com o obje-tivo de manter este consumo, deixan-do a educação deixan-dos filhos para segundo plano. Isto se tornou um grande dilema, pois para compensar essa falta, os pais passaram a

fazer-lhes todas as vontades, e quando precisavam dizer “não” aos filhos, eles tinham reações adversas, fican-do muitas vezes emburrafican-dos por não terem seus desejos atendidos.

Numa fase inicial, as exigências das crianças muitas vezes expressas mediante comportamentos intem-pestivos e agressivos, resultam da vontade de os mais pequenos testa-rem os limites dos pais. As crianças têm consciência de que, apesar de escutarem inicialmente um “não”, se exigirem com veemência, recorren-do, por exemplo, ao choro, os pais poderão acabar por ceder por exaustão (Ferreira, 2013:34).

Ensinar a criança a poupar deve ser encarado como um sentimento positivo. Definir objetivos de poupan-ça, ser racional nas escolhas de con-sumo realizadas diariamente e assim conseguir atingir o que se estipulou devem ser motivo de satisfação e prazer, o mesmo prazer de comprar um bem que se deseja muito (Ferreira, 2013:75).

As regras e os limites são impor-tantes na formação dos mais novos. Quebrar uma regra sempre é um mau princípio, pois coloca em xeque a autoridade moral dos pais, que muitas vezes abdicam de desejos pessoais de forma a deixarem uma poupança significativa para os filhos, na eventualidade de acontecer alguma coisa; mas, apesar de este objectivo ser nobre, é recomendável que os pais se preocupem em ensinar os filhos a ganharem o seu próprio dinheiro e a serem ponderados na sua gestão.

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que incluam algum tipo de activida-de financeira, o envolvimento das crianças será obtido se elas demons-trarem facilidade em acompanhar a matemática simples da economia doméstica, ou se souberem diferen-ciar os preços das coisas de seu efec-tivo valor (Cerbasi, 2011:36).

O papel dos pais, portanto, é ensi-nar os filhos a dar os primeiros passos na estrada da vida. Se eles não con-seguem organizar suas contas, dificil-mente verão seus filhos gastarem suas economias com disciplina. Ao assumir a missão de educar a criança para a vida financeira, não se deve deixar de reflectir sobre a importância de ter competência para ensinar com conhecimentos, habilidades e atitu-des.

Ao ensinar com competência, evitam-se muitos erros. Por exemplo, os pais costumam presentear seus filhos mais do que deveriam, esque-cendo-se das verdadeiras

necessida-des das crianças. É importante criar significado para cada conquista, fazendo com que esta entenda o valor de um “não” e a necessidade de um “sim”.

A educação financeira das crian-ças poderá acontecer mediante situações quotidianas, sobretudo sabendo que a aprendizagem práti-ca é bastante importante, principal-mente porque durante a infância, as crianças observam atentamente os adultos e são influenciadas pelo comportamento destes. Se os pais tiverem noção desses momentos, podem realçar aspectos fundamen-tais relacionados com o ato de con-sumir (FERREIRA, 2013, p. 48).

Não há dúvida de que a falta de diálogo sobre dinheiro é ruim para as finanças da família. Cerbasi (2004, p. 26-7) afirma que existem cinco tipos de pessoas que sabem (ou não) como lidar com o dinheiro:

Estilos de como Lidar com Dinheiro

Tipo Características

Poupador Sabe que é importante guardar e restringem ao máximo o consumo exagerado, com o objectivo de conquistar a inde-pendência financeira.

Gastão Gasta toda a renda e gosta de ostentar; poupança acumu-lada, quando existe, é só para a próxima viagem; o objectivo é ser feliz.

Descontrolado Não tem controlo sobre seus gastos; usa frequentemente o cheque especial ou o cartão de crédito; é desorganizado; o objectivo é não se preocupar.

Desligado Não sabe exactamente quanto gasta; se não tem dinheiro na conta, parcelam a compra; a futura do cartão de crédito é sempre uma surpresa; o objectivo é não se importar com os gastos

Financista São rigorosos com o controle dos gastos; elaboram planilhas, andam com calculadoras, fazem estatísticas; entendem de investimentos, juros, inflação; são procurados por amigos para orientação financeira; o objectivo é acumular para poder comprar pagando menos.

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Outros temas financeiros também não podem deixar de serem discuti-dos com a criança. Os mais impor-tantes são: renda, orçamento domés-tico, investimentos e património da família, herança, negócios familiares, seguros, empreendimentos, dentre outros. Portanto, uma boa educação financeira pode ajudar a despertar o espírito empreendedor, que envolve saber lidar com pessoas, negociar, desenvolver uma visão abrangente dos problemas e vender ideias.

Relação entre Educação Financeira e Crise Económica

A educação financeira torna-se um dos recursos para a sustentabili-dade e reconfiguração dos modos de ser e de estar visando a garantia da sustentabilidade da mesma. Uma sociedade geralmente bem estrutu-rada torna-se um dos aspectos mais determinantes na consolidação de uma vida bem gerida e boa gestão implica desafiar a economia em recessão e garantia em estado de desafios para dar face a crise finan-ceira.

Educação financeira faz com que haja uma garantia da sustentabilida-de económica global e a aliança visa vislumbrar das características mais nobres visando a determinação mais específica das agendas nacio-nais em prol da ajuda a criação do bem-estar pois ela faz com que o educado financeiramente tenha que: realizar sonhos; aproveitar conhecimentos, experiências e habili-dades; conseguir bons lucros; traba-lhar por conta própria; estabelecer

seu ritmo de trabalho; escolher a área de atividade; e criar sua própria oportunidade de emprego.

Na realidade moçambicana, a educação financeira não é ensinada nas escolas, mas devia ser uma das competências técnicas a serem mol-dadas as realidades diversas visto que nua realidade capitalista deve-se entender como uma das priorida-des para a garantia da sustentabili-dade do capitalismo. No capitalismo destacam-se: os meios de produção e distribuição de propriedade priva-da com fins lucrativos, a existência priva-da propriedade privada e o acumulo de capitais, facto que a educação financeira torna-se um dos veículos para a conquista de uma vida sau-dável socialmente.

Considerações Finais

Terminada a pesquisa, compreen-de-se que a educação financeira constitui um imperativo em momen-tos do capitalismo para dar face a globalização em termos de gestão financeira para a garantia do bem-estar e autonomia financeira. Face a crise que se vive actualmente e para as próximas gerações, compreende-se também que a educação finan-ceira pode ser um dos instrumentos de resposta a autonomia da popula-ção evitando as pressões de empre-gabilidade a governo moçambicano pois poderá garantir autonomia na gestão de nível de vida desenvolvida pessoalmente, com vista a garantir a sustentabilidade individual, desta fei-ta para fei-tal prosperidade deve-se por em acção a educação financeira

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quer no seio da família assim como na escola visando expandir a cultura de gestão financeira no seio dos moçambicanos.

Referências Bibliográficas

Cerbasi, Gustavo. Casais inteligentes

enrique-cem juntos. 17 ed. São Paulo: Editora Gente,

2004.

Cerbasi, Gustavo. Pais inteligentes

enrique-cem seus filhos. Rio de Janeiro: Sextante,

2011.

D’Aquino, Cássia de. Educação financeira.

Como educar seus filhos. Rio de Janeiro:

Else-vier, 2008.

D’Aquino, Cássia de. Educação financeira

infantil. Belo Horizonte (MG). 2012

Denegri Coria, Marianela. O desenvolvimento

de conceitos econômicos na infância.

Estu-do avaliativo com crianças e aEstu-dolescentes chilenos. Santiago: Fondecyt, 2003.

Ferreira, Ricardo. Educação financeira das

crianças e adolescentes. Portugal, Lisboa:

Escolar Editora, 2013.

Fereira, Débora Hilário [et al.]. A educação

financeira infantil: seu impacto no consumo consciente. 2009.

Penido, Laura Menezes de Souza. Epígrafe. In: SOUZA, Débora Patrícia. A importância da

educação financeira infantil. Faculdade de

Ciências Sociais Aplicada. Belo Horizonte: Centro Universitário Newton Paiva, 2012.

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Relações Bilaterais Entre Estados Assimétricos:

Uma Reflexão de Custos – Benefício

Autor: Armindo Armando Mestrando em Ciências Politicas e Relações Internacionais,

Licenciado em Ensino de Filosofia e Historia. Email: armandoarmindo21@gmail.com

No presente artigo discutimos em torno das relações bilaterais entre estados assimétricos sob ponto de vista económico, neste âmbito, compreendemos que sempre que há cooperação existe necessidade de cooperação ou seja existe interesse, desta feita, o artigo visa suscitar uma reflexão em torno do custo - beneficio partindo do pressuposto que existe cooperação que visa garantir as relações entre os Estados pois elas não são feitas sob ponto de vista teológico, baseados em caridade, mais sim representa uma tendência de desenvolvimento das estratégias que possam garantir a realidade de cada Estado. No contexto actual em que o mundo esta dividi-do em um sistema Mundividi-do, tal como compreende Filósofo Latino-Americano: Enrique Dussel (1995), que o mundo, esta dividido em sistema tendo o centro e periferia, é evidente que estas assimetrias que originam a teoria da dependência influenciam no âmbito de análise das relações internacionais, portanto, neste artigo apresentam analise relativas a contextualização das relações internacionais e a cooperação ou seja, diploma-cia.

Introdução

A

s Relações Internacionais1

são assessoradas nas estru-turas que a diplomacia obedece num contexto em que as assimetrias existentes entre Estados são bases na medida em que a teoria de dependência é mais assente na cooperação entre Esta-dos Pobres e EstaEsta-dos Hegemónicos, é nesta lógica que com o artigo pre-tendemos compreender a lógica das relações entre Estados assimétricos;

analisar a diplomacia nos Estados Pobres em relação aos Estados hege-mónicos mundialmente. Em relações Internacionais a cooperação é mais necessária para que o globalismo seja consentido no âmbito económi-co e estadual fazendo crescer a eeconómi-co- eco-nomia mundial, é desta feita que as Organizações Internacionais são a base de sustento para que as rela-ções sejam estabelecidas, para abor-dagem deste artigo recorremos ao método bibliográfico onde prioriza-mos análise literária e descrição do

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contexto em estudo.

Contexto das Relações Internacionais Relações internacionais, antes de mais nada implicam assistência, é movida pelas nações, esta aborda-gem é dotada ao ser conceptualiza-da as relações internacionais como relação interestaduais, relações entre o povo que afectem o poder sobera-no dos estados baseados na política exterior e o poder das unidades bási-cas doméstibási-cas (Moreira, 2010: 38).

As relações internacionais tornam-se o paço de intervenção de ajuda entre Estados, ela se caracteriza como estratégia de assistência das dificuldades ou dos interesses que um Estado tem para dinamizar as suas politicas internas e politicas externas onde a concordância entre acção externa deve estar correlacionada com acção da politica interna visan-do valorar hábitos, costumes de um povo que deve ser representado através da diplomacia ao nível inter-nacional através dos seus agentes.

Para Moreira (2010, pp.38 - 39) os agentes das relações interna-cionais são os Estados, ções internacionais ou organiza-ções não-governamentais nasci-das da sociedade civil que colap-sam as fronteiras politicas, tais como instituições terroristas, ins-tituições espirituais como Igreja e indivíduos.

As relações internacionais torna a globalização mais um assunto politico e que as consequências que a glo-balização traz também afecta o

modo como são feitas as relações internacionais transformando a socie-dade internacional para uma comu-nidade internacional a partir de 1939 a 1945 com o percurso da 2ª Guerra Mundial onde as potências hegemó-nicas passaram a impor modos de convivência social em nome do direi-to internacional2.

Diplomacia e Cooperação

A diplomacia3 é uma das artes

desmembradas das Relações Interna-cionais, visando analisar e praticar o bipolarismo entre Estados, que tem vindo a se observar desde o bipolaris-mo globalmente conhecido em con-textos de mundialização das rivalida-des entre os EUA e a URSS. (Moreira, 2010, p. 58)

A diplomacia surge em contextos das abordagens entre Estados, abor-dagens estes são a base de sustento de cooperação, ela baseia-se nas tendências de representatividade de interesses de uma nação visando negociar a implementação das políti-cas nacionais e internacionais com vista a representar a razão do Estado alem fronteiras. A razão baseia-se nas abordagens mais determinantes no que se refere a necessidade de negociar a politica e dinamizar a economia.

Em momentos de recessão eco-nómica internacional existe maior tendência de caracterizar a diploma-cia como instrumento de estabilidade de um Estado ao nível mundial, neste contexto, a estratégia diplomática é a negociação, através do diálogo que culmina com a cooperação. Vol. 4, Nº 10, Ano IV, Janeiro - Março de 2017

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As relações internacionais com-preendem as relações entre enti-dades políticas governando um povo que é uma nação e relações entre entidades privadas sujeitas a entidades políticas diferentes assim como as relações entre entidades políticas e entidades económicas que estão dependen-tes (Moreira, 2010, p.71). A diplomacia geralmente age através das estratégias de inteligên-cia e de contra - inteligêninteligên-cia visando salvaguardar interesses supremos de uma nação, é desta feita que a diplomacia vai ser o garante da polí-tica internacional onde o seu contex-to de actuação e de execução dan-do mais ênfase na negociação em respeito a política internacional como seu instrumento básico.

O diplomata evoca a visão de um ser vestido de calca de fantasia, polanitos, chapéu alto, com modos friamente severos e supe-riores que escondem o jogo rápi-do como um relâmpago que orien-ta o nau do Esorien-tado, desloca as pecas no tabuleiro com precisão, infalível, aparece em Washington sem camisa. A diplomacia sincera é coisa impossível com água seca ou aço de madeira. (Moreira, 2010, p. 75).

A diplomacia é um dos elementos cruciais para a garantia das relações internacionais e da cooperação entre Estados, desta feita, ela vigora na política internacional passando a ser instrumento do Estado Nacional.

A teoria das relações

internacio-nais advogadas por Kenneth Waltz (1979) solicita que a estrutura sistémi-ca regida pelo princípio ordenador anárquico por si só traz estabilidade ao sistema visto que não é notória a existência de um poder supremo dentro do estado visto que determina indirectamente aos Estados um acer-vo de capacidades de acção.

Neste contexto, Waltz, citado por Rinaldi, (2014) compreende que ele não exclui de sua análise as relações de assimetria conformadas no nível das unidades em interacção. Para exercer as mesmas funções, os Esta-dos possuem diferentes capacida-des, oriundas tanto de meios internos (como desenvolvimento económico, poder militar etc.), quanto de meios externos (como alianças ou enfra-quecimento do inimigo). Por outro lado, há limites para a expansão da assimetria, impostos pelos próprios constrangimentos estruturais, impe-dindo que os Estados cumpram seu objectivo máximo de domínio univer-sal.

As relações internacionais são ins-trumentos de fazer passar as valora-ções económicas com vista a garan-tir o bem-estar das nações que não se simplificam em soma zero nas nações bilaterais, desta feita, existe uma tendência de munir o Estado ou seja o diplomata de responsabilida-des de um representante económico na era liberal, nesta afeição são con-ducentes as necessidades de análise dos impactos de incidência da macia na nação de origem do diplo-mata. Representação diplomática, implica o desenvolvimento de uma serie de desafios de conquistas

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visan-do garantir as diversas despersonali-zações políticas, neste contexto é necessário que o diplomata esteja munido de instrumento que poten-ciam a cooperação e o diálogo no sistema internacional fazendo Marke-ting internacional das potencialida-des estaduais com princípios patrióti-cos.

Os Estados são formalmente con-siderados unidades semelhantes pois todos têm a mesma função de garantir sozinhos sua sobrevivência em um sistema anárquico. Entretanto, Waltz (2002: 135 - 156) compreende que os Estados contam com capaci-dades distintas para exercer tal objectivo, isto é, existem expressivos diferenciais político-militares entre os Estados no que se refere às formas de coerção, ameaça, dissuasão, e, como última possibilidade, de guerra com vista a assegurar a soberania.

A questão da assimetria interna-cional, é desenvolvida de forma mais sólida por pensadores das relações internacionais:

Para Aron (1985) e Bull (2002) concebem assimetria internacio-nal segundo a comparação das distintas capacidades de um Esta-do de impor-se diante Esta-dos demais pela força. A assimetria passa a estabelecer uma espécie de hie-rarquia entre os Estados, na qual os Estados fortes, ou as grandes potências, estão no patamar supe-rior e ocupam o primeiro plano em termos de poder militar; económi-co e económi-consequentemente ideológi-co. Desta feita, a assimetria adop-ta um papel organizacional do sis-tema, constituindo seus limites e

estabelecendo a posição de cada actor em seu interior ou seja na política interna. Nesse aspecto, Waltz afirma que, sob condições anárquicas, a distribuição das capacidades deve ser considerada não como uma propriedade parti-cular de cada Estado, mas como um elemento sistémico, pois tal distribuição define as relações de subordinação e superioridade no âmbito do sistema onde o poder é estimado pela comparação das capacidades de um certo número de unidades. (RINALDI, 2014, P. 17).

Os desafios que o mundo actual esta sujeito, esta vinculado a realiza-ção de vários factores determinantes na garantia da sustentabilidade das economias dos Estados e que no ter-ceiro Mundo a situação torna-se mais critica, onde existe uma dependên-cia e que Moçambique não é excep-ção, assim sendo na realidade Moçambicana é preciso repensar a representatividade das Minas de Moatize no âmbito das Relações Internacionais dentro das Coopera-ções estabelecidas do Gás do Rovu-ma entre outros recursos que interes-sam as cooperações avaliando a situação de custo – Beneficio visto que a não observância destes ele-mentos comprometem a estabilidade da politica interna ou seja domestica na satisfação da finalidade da Politi-ca tornando-se estado mais oneroso, de revoltas populares e caminhando para uma anarquia sobre a função de Estado que possam afectar o fun-cionamento do Governo, tal como a valoração do estado dentro do con-Vol. 4, Nº 10, Ano IV, Janeiro - Março de 2017

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texto mundial.

Considerações Finais

Actualmente, as relações internacio-nais são adoptadas de critérios de representação de um espaço geoes-tratégico mundial, desta feita, desde as guerras, as relações internacionais estavam munidas de ideologias semelhantes e partilhadas entre as nações, neste âmbito, a politica inter-nacional desenvolve a teoria da dependência em que as assimetrias entre os Estados são vigentes impon-do assim a cooperação despropor-cionada, portanto as abordagens mais especificas estão manifestadas na tendência de seguir as conven-ções internacionais sem pôr em cau-sa a politica domestica com princí-pios mais aglutinadores da cidadania e patriotismo. Dada a teoria de dependência, em que na realidade Moçambicana e vários países africa-nos estão mergulhados, se encon-tram numa relação de cooperação em que existem assimetrias estaduais ou entre os actores das relações Internacionais sob ponto de vista da teoria realista. Desta feita o realismo é concebido como detentor de instru-mento de acção que visa potenciar as estruturas políticas quer internas e externas, tal como escreve Pecequilo (2010). É preciso que o caminhar da resposta desta pergunta seja analisa-da compreendendo que em rela-ções internacionais não existe uma soma zero de cooperação e que os Estados Africanos devem Garantir a sua sustentabilidade enquanto

Esta-do Diplomaticamente representaEsta-do na Politica Externa.

Notas e Referencias Bibliográficas

1 Relações Internacionais como disciplina

constitui uma história, ciência, filosofia, arte onde a sua finalidade é de compreender, prever, avaliar e controlar as relações entre estados e das condições da comunidade mundial (Moreira, p. 54).

2 No direito internacional somos desafiados

a reconhecer a comunidade internacional aglutinando assim um grupo social que pertencemos sem distinção identificados através de vida comum, interesse comum.

3 Diplomacia é a arte de negociação ou

conjunto de técnicas que conduzem as relações entre estados. Ela não é uma arte recente de negociação, na antiga Grécia, a diplomacia não tinha tendências d embaixadores, mais sim os registos da diplomacia encontram-se nas negocia-ções que faziam dentro das cidades-estado, onde enviavam uma equipe que pudesse negociar em volta de alguma coi-sa de interesse publico - grego e os envia-dos recebiam credenciais baseaenvia-dos na diplomacia aberta onde os enviados declaravam os objectivos das visitas, no Século V, a diplomacia grega estava assente nas ligas e alianças para uso de princípios de declaração da guerra, para fazer a paz, para ratificação de tratados, arbitragem, neutralidade, troca de embai-xadores, asilo, extradição, etc. (Moreira, 2010, p. 76). Acção que tem vindo a ganhar notoriedade ate aos nossos dias com perspectivas de acordo com o con-texto histórico.

Dussel, Enrique. A Filosofia da Libertação:

Critica a ideologia da exclusão. S. Paulo,

Edições Paulus, 1995.

Moreira, Adriano. Teoria das Relações

Inter-nacionais, Principia Editora, 4ª Edição,

Cas-cais, 2002.

Pecequilo, Cristina Soreanu. Introdução as

Relações Internacionais: Temas, actores e Visões, Vozes Editora, São Paulo, 2010.

(22)

Rinaldi, Patrícia Nogueira. A Assimetria nas

Relações Internacionais: Uma análise com-parativa do conceito para Aron, Bull. Revis-ta de Iniciação Científica da Faculdade de FFC, V. 14, n. 1, 2014.

Waltz, Kenneth. Teoria das Relações

Inter-nacionais. Trad. Port. Lisboa: Gradiva, 2002.

(23)

Papel da Mídia em Processos de Instigação de Conflitos e

Construção da Paz no Burundi: Lições e Desafios Para

Moçambique

Autor: Aldemiro B.W. Rato Bande Analista de Política Internacional

Email: aldemirorato@gmail.com

O presente artigo analisa o papel da mídia enquanto instrumento para instigação de conflito e construção da paz. A partir da experiência do Burundi, procura-se identificar os desafios que se colocam para Moçambique. Para a prossecussão dos objectivos propotstos, empregou-se o método histórico e a pesquisa bibligráfica. No texto, argumenta-se que, muito embora a mídia seja um instrumento bastante usado em processos de instigação de conflitos, ela dispõe de enormes potencialidades para a construção e consolidação da paz, sobretudo, em sociedades marcadas pelo conflito.

Introduçao

N

as sociedades modernas, a

mídia constitui um

instrumento deveras

determinante na formação da opinião pública e, por conseguinte, na mobilização política. Nesta senda, vários exemplos ilustram que, em virtude do seu poder em moldar as percepções, ela foi e tem sido usada como um instrumento para instigação de conflitos violentos. Autores como Bratic (2006: 6) Hagos (2011: 1), Jowett e O` Donell (2012: 9), Wolfsfeld (2004: 16) concordam que, dada a influência que exerce sobre os indivíduos, a mídia foi usada, em alguns casos, para a

mobilização das massas à violência. Casos flagrantes como o da Alemanha nazista, onde Hitler se serviu de panfletos, rádios e jornais para propagar mensagens de ódio e

intolerância contra judeus,

homossexuais e outras minorias, assim como o genocídio de Ruanda, onde a Rádio e Televisão Libre de Milles Collins (RTLM) propagou mensagens de ódio, incitando Hutus contra Tutsis, (Bratic e Schirch, 2007: 7), (Hagos 2011: 1), ilustram, de forma inequívoca, como a mídia pode ser usada para instigar conflitos.

No entanto, se, por um lado, estes autores assumem que o papel da mídia como instigador de conflitos é

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um facto inquestionável, por outro, o inverso é igualmente aceite, ou seja, a mídia, em virtude do seu poder, pode constituir um instrumento para a construção da paz em sociedades em conflito. O conflito étnico-político no Burundi (1993) reflectiu esta dualidade intrínsica à midia. Numa primeira fase, a mídia foi usada como instigador do conflito. Assim, as rádios locais foram usadas como instrumentos de propaganda de ódio, incitando os cidadãos à violência. Numa segunda fase (a partir de 1995), o conflito foi marcado pelo surgimento do Studio

Ijambo, uma estação de rádio que

difundia mensagens de reconciliação entre os dois grupos étnicos, contribuindo, deste modo, para a construção da paz.

Em Moçambique, o conflito político entre o Governo e a Renamo, constitui um dos assuntos que está na ordem do dia, facto que atrai a atenção da mídia. Diariamente a mídia local e internacional difundem informações ligadas as dinâmicas e contornos do conflito. Todavia, a forma como as matérias são construídas e transmitidas podem constituir ou um óbice ou uma oportunidade para a construção de uma paz duradoira entre as partes, facto que enseja a necessidade de uma reflexão em torno dos desafios que a mediatização do conflito coloca ao processo de construção da paz em Moçambique.

1. Mídia e Processos de Instigação de Conflitos

O conflito é concebido por muitos autores como sendo inerente à sociedade. Bobbio (1998: 225) por exemplo, define conflito como uma

forma de interação social entre indivíduos, grupos, organizações, colectividades que implica choques para o acesso a recursos escassos. Ao passo que Miller (2005: 22), por sua vez, concebe conflito como uma confrontação entre duas ou mais partes que aspiram por meios ou fins incompatíveis. Associando-se a este, Galtung (1973: 16), define conflito como uma contradição ou choque entre dois ou mais actores resultante da incompatibilidade dos seus objectivos. Segundo o Manual de Resolução de Conflitos da ONU (2011: 4), o conflito surge quando indivíduos ou grupos de pessoas, com o intuito de satisfazer as suas necessidades e interesses, perseguem objectivos que são percebidos como incompatíveis.

Embora todo o conflito tenha presente a componente contradição ou choque de interesses, nem todo conflito assume um carácter violento, sendo que, para Bratic (2007: 9) e Howard (2004. 6), a violência não é a essência do conflito. Havendo, sobretudo, conflitos não violentos. Todavia, este artigo reserva-se apenas à compreensão do papel da mídia como instrumento para a instigação de conflitos violentos.

Para Brito (2007: 8) o termo mídia designa os veículos de informação, no seu conjunto ou em particular. Buckingham ( 2009: 192), considera Mídia como qualquer meio de transmissão de informacao. O termo refere-se, pois, a várias formas, dispositivos e sistemas que

estebelecem comunicações,

consideradas como um todo, jornais, estações de rádio, canais de televisão e websites. Enquanto que Melo (2010: 801) advoga que os Meios de

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comunicação social ampliam o espectro dos receptores. São fundamentais para a convivência e

coabitação em sociedades

multiculturais. Entretanto, nas suas diversas formas de manifestação, a mídia afigura-se como uma ferramenta de comunicação moderna que não apenas reporta como também contribui, em alguns casos, para a instigação de conflitos.

O conflito resulta mais da percepção das partes do que de factores realmente objectivos, ou seja, as causas do conflito são percebidas por cada parte e não existem na realidade objectiva (Canary e Lake, 2013: 8). Neste sentido, é normal que, em alguns casos, o conflito permaneça apenas na fase latente, na qual os actores ainda não se aperceberam da existência de objectivos incompatíveis, todavia, em muitos casos, há factores que não apenas despertam mas também fomentam o conflito e contribuem para a escalada do mesmo, mesmo que não estejam directamente associados ao conflito. Estes factores são designados por Canary e Lakey (ibid) como instigadores de conflito. Segundo o Dicionário Oxford de Inglês (2010: 906), instigar significa suscitar ou iniciar aluma coisa, ou mesmo incitar alguém a fazer algo, sobretudo algo ruím. Assim, instigador refere-se a uma pessoa que incita a alguma coisa (ruím). Embora Canary e Lakey (210: ), não coloquem de forma explícita a mídia no leque dos instigadores de conflito ( álcool, humor, emoções, ambiente), induzem nos, de certa forma, a perceber como ocorre o processo de instigação de conflitos através da mídia.

As mensagens e informações da mídia são absorvidas pelo individuo e, dependendo da percepção que aquelas geram, elas podem afectar o humor e as emoções dos indivíduos, direcionando-os a atitudes hostilizantes perante membros de um grupo percebido como rival. Tanto em Ruanda, como em Burundi e na Bósnia, a mídia afigurou-se como instigador de conflito por despertar no seio dos indivíduos de etnias diferentes uma atitude de repulsa hostil para com os membros da etnia rival.

No caso de Ruanda, a estação Radio e Television Libre des Milles Collines levou a cabo esforços de propaganda, transmitindo mensagens inflamatórias, que apelavam para a exterminação da minoria Tutsi (Yanagizawa-Drott, 2014: 2). Já no Burundi, a Rádio Candid, contribuiui para o aumento da violência étnica ao disseminar mensagens hostilizantes contra cidadãos Tutsis. Na Bósnia, por ultimo, durante o conflito etnico que eclodiu em 1992,todos os tres principais grupos etnicos utilizaram a radio e a televisao para avançar suas estratégias e demonizar seus oponentes (Bratic et al, 2008: 8). Conforme se pode notar, tanto em Ruanda como no Burundi e na Bósnia, a mídia foi usada por actores politicos com o propósito de criar uma atmosfera de ódio generalizado entre os membros grupos étnicos rivais, contribuindo, assim, para a instigação dos conflitos.

Decorre daí que a mídia não é um instigador imediato, no sentido de que ela não afecta directamente a conduta dos indivíduos, mas sim a sua percepção, uma vez que é o domínio psicológico do indivíduo que absorve e

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interpreta as informações da mídia e responde a elas consoante a percepção gerada. Entrtanto, a mídia afigura-se como um instigador de conflitos mediato (indirecto), ou seja, são as perecpções geradas pelas mensagens e informações da mídia que despertam emoções e atitudes que instigam os actores à violência.

Os processos de instigação de conflitos através da mídia podem ser intencionais ou não intencionais. O primeiro caso ocorre quando os actores manipulam de forma deliberada as informações da mídia, visando gerar percepções do conflito que dificultam qualquer possibilidade de resolução pacífica do mesmo. A título de exemplo, Hagos (2011: 6) afirma que rádio RTLM em Ruanda foi usada pelo governo para incitar a violência e promover discriminação com base na etnicidade. O segundo ocorre quando a midiatização do conflito, por si só, gera percepções que incitam as massas à violência. Este tipo de instigação tem a ver com a maneira como as matérias relativas a um determinado conflito são construídas pelos profissionais de mídia.

Segundo Gadi Wolfsfeld (2004: 15), isto assim sucede porque há uma contradição fundamental entre a natureza de um processo de paz e os valores intrínsecos às notícias. Aqueles que dirigem a mídia tendem a privilegiar quatro valores: imediatismo, drama, simplicidade e etnocentrismo. Imedistismo refere-se a ênfase da mídia em acontecimentos e acções eespecíficos, ignorando processos complexos, como, por exemplo, uma negociação de paz. A mídia preoccupa-se com acontecimentos e não com processos. Drama refere-se a

procura obssessiva da mídia por assuntos polêmicos. A ênfase em notícias polêmicas perturba, não raras vezes, a comunicação entre as partes do conflito durante o processo negocial, comprometendo, deste modo, a resolução pacífica do conflito. O etnocentrismo refere-se, pois, ao facto de que, muitas vezes, a mídia fomenta uma visão etnocêntrica do mundo. Tal facto ocorre na medida em que o meio no qual a mídia opera define sua linguagem, crenças, valores, atitudes e preconceitos próprios que são reproduzidos pela mídia gerando uma visão parcial sobre o conflito.

Para Bratic e Schirch (2007: 8), estes valores tornam difícil usar a mídia para a paz. Galtung (2012: 3), por sua vez, associa a forma como a mídia convencional aborda as notícias com aquilo que ele designou de Jornalismo de Guerra, em que a maneira com que o conflito é mediatizado tende mais a agudizá-lo do que a atenuá-lo. Assim, a instigação não intencional de conflitos aatrvés da mídia depende, muitas vezes, da forma como as notícias acerca de um determinado conflito são selecionadas pelos profissionais de mídia, como estes apresentam as partes e as causas do conflito.

A acção da mídia em sociedades marcadas pelo conflito é crucial porque todo o conflito é uma questão de percepção e as mensagens e informações veiculadas pela mídia contribuem ou para formação de novas percepções sobre o conflito ou para manutenção das antigas. Segundo o Mnaual de Resolução de Conflitos da ONU (2011: 11), as percepções não causam o conflito, porém agravam-no e dificultam a sua

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transformação devido a dinâmica específica envolvida na formação e manutenção da percepção.

O papel da mídia em processos de instigação deliberada de conflitos remonta às experiências do seu uso bem sucedido em várias guerras que abalaram o mundo. Desde a Guerra Civil norte-americana no século XIX, passando pelas duas Grandes Guerras do século XX até aos conflitos étnicos em Ruanda, Bosnia e Burundi (este conflito será abordado com mais pormenores na 4 secção) ,a mídia tem sido usada como um incontestável meio ao serviço da guerra, arrastando milhares de indivíduos para a violência. Durante o período da Guerra Civil americana, jornais e telégrafos foram usados para manter o apoio moral dos indivíduos no Norte do país, reportando notícias falsas acerca dos resultados nos campos de batalha. Um exemplo disso foi a batalha de Bull Run, cuja vitória havia sido atribuída ao Norte pela imprensa local, entretanto, a realidade mostrou que o exército do Norte havia sofrido uma derrota devastadora (Jowett e O’Donell, 2006: 124). Estas estratégias de propaganda

(propaganda negra1) eram

desenvolvidas pelas elites políticas com o fito de mobilizar as massas à sua causa.

A Primeira Guerra Mundial foi um período crucial no que respeita ao uso organizado da mídia para fins políticos. Pela primeira vez, os governos de várias nações envolvidas na guerra consolidaram seus esforços em busca de técnicas sofisticadas para a persuasão das massas (Bratic, 2006: 4). Neste período, casos como o da Grã Bretanha, Alemanha e EUA são uma referência inquestionável. Neste

contexto, muitos foram induzidos à Guerra pela publicidade que a mídia fazia da necesidade da mesma.

Devido ao fraco apoio popular para a entrada da Grã Bretanha na guerra, o governo britânico serviu-se da imprensa, postais, e documentários para mobilizar o apoio dos outros países para a entrada no conflito armado. Nos EUA o Presidente Wilson criou o Comitê de Informação Pública (dirigido por George Creel) visando alcançar consenso político e coesão social para a entrada dos EUA na Guerra que, na altura, não era favorável aos olhos de vários segmentos da sociedade norte-americana. As actividades do comitê incluíam, entre outras, divulgações na imprensa, panfletos e discursos públicos (Bratic, 2006:6; Jowett e O’Donell (2006: 166). Este comitê foi criado para vender uma mensagem de guerra aos americanos, ou seja, instigar o fervor do conflito.

Tanto na Grã Bretanha como nos EUA, a mídia constituiu um instrumento para fomentar um conflito, despertando no seio dos cidadãos uma nova percepção sobre o mesmo. As campanhas publicitarias para a guerra revelaram-se eficazes por produzir uma nova predisposição no seio dos cidadãos britânicos e norte-americanos para com o conflito.

Na Alemanha, Hitler usou a mídia para criar um ódio generalizado contra judeus, homossexuais e outras minorias. Nos Balcãs, locutores polarizaram as comunidades até o ponto em que a violência foi aceite como uma ferramenta para lidar com a insatisfação (Bratic e Schirch, 2007: 2).

Em Ruanda, os órgaos da mídia de ódio, através dos seus jornalistas,

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locutores e gestores, jogaram um papel instrumental não apenas para preparar o terreno para o genocídio

como também participaram

activamente na campanha de extermínio. A rádio RTLM e o jornal Kangura controlados por uma elite extremista da etnia Hutu, disseminaram mensagens inflamatórias que apelavam à violência contra cidadãos Tutsis. Em virtude desta campanha de ódio, professores mataram alunos, vizinhos trucidaram vizinhos e os líderes locais ajudaram a organizar os assassinatos (Thompson, 2007: 2; Yanagizawa-Drott 2014: 4 ).

No caso da Bósnia, vários factores contribuiram para a emergência do conflito étnico. Estes incluem a história de antagonismo intergrupal, o modelo de dominação étnica e desigualdades e a existência de arranjos políticos não adequados à realidade do país (Burg e Shoup: 2015: 4). Não obstante, a mídia foi usada como um instrumento para mobilização das massas à violência pelos diferentes grupos étnicos envolvidos no conflito. De acordo com Bratic et al (2008: 8), durante o conflito étnico que eclodiu em 1992, todos os três principais grupos étnicos utilizaram a rádio e a televisão para avançar suas estratégias e demonizar seus oponentes.

Em todos os casos acima referidos, pode-se observar que as matérias, mensagens e propagandas difundidas pela mídia não são de per si a causa do conflito. não há nenhuma relação de causa directa entre as notícias e mensagens da mídia e o conflito violento, ou seja, a mídia não causa o conflito e nem todo conflito resulta de uma intervenção directa da mídia. O que ocorre é que, em alguns casos, a

mídia tem sido instrumentalizada por alguns actores para a instigar o conflito violento e, noutros, a mídia, ao reportar um determinado conflito, produz percepções acerca do mesmo que legitimam o recurso à violência como forma de resolução do conflito, ou seja, dificulta a resolução pacífica do mesmo.

Segundo Bratic et al (2008: 3), ao lidar com o conflito como se fosse uma competição win-lose, na qual um actor (positivo) derrota outro actor (negativo), construíndo matérias ou narrativas que empregam um tom antagonista dentro de uma tensão dramática, a mídia contribui para a instigação do mesmo.

Ao ser usada como um instrumento de instigação de conflitos, a mídia contribui, não raras vezes, para a escalada do conflito, dificultando qualquer possibilidade resolução de conflitos por via pacífica. Escalada refere-se a um estágio do conflito em que a interação violenta entre as partes envolvidas aumenta em

quantidade, intensidade e

abrangência. De acordo com o modelo de Glasl (2005: 4) escalada é um aumento de tensão no conflito, este estágio sucede ao da manifestação do conflito, em que as partes já estão cientes do antagonismo existente, aumenta-se a desconfiança mútua, sem se registar, no entanto, um aumento acentuado de qualquer tipo de violência. Após a escalada, os actores não apenas querem ver seus interesses materializados, como também procuram ferir seu oponente.

Nestes contextos, a crescente rotulagem de bons e maus no conflito, concorre, deste modo, não apenas para o extremar das posições como

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