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GESTÃO MUNICIPAL DE RESÍDUOS SÓLIDO URBANOS: PANORAMA DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS DO MUNICÍPIO DE BENTO GONÇALVES

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GESTÃO MUNICIPAL DE RESÍDUOS SÓLIDO URBANOS:

PANORAMA DOS RESÍDUOS DOMÉSTICOS DO MUNICÍPIO DE

BENTO GONÇALVES

Caroline Roberta Todeschini(*), Luciele Nardi Comunello, Emanuela Fin.

* Bióloga. Aluna do Mestrado em Ambiente e Sustentabilidade da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – UERGS. E-mail: caroltodeschini@gmail.com

RESUMO

A Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil (Lei 12.305/2010) regulamentou a gestão e o gerenciamento dos resíduos produzidos, atribuindo corresponsabilidades aos governos, à iniciativa privada e aos consumidores. A pesquisa teve por objetivo criar um panorama sobre os RSU do município de Bento Gonçalves, tomando como referência os períodos de 2015 e 2016, analisando os dados locais em perspectiva aos dados regionais (Região Sul) e nacionais apresentados pelo Panorama Nacional dos Resíduos Sólidos no Brasil do mesmo ano. Os dados obtidos e analisados foram fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMAM-BG) do município gaúcho analisado, bem como os dados referentes ao Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da ABRELPE, 2016. Através da pesquisa, observou-se que a gestão adequada destes resíduos pela municipalidade têm demostrado ser de fundamental interesse socioambiental e econômico, visto que os resíduos bem destinados contribuem para a sadia qualidade de vida e do ambiente. Ao serem encaminhados corretamente para a coleta seletiva os resíduos voltam a ser matéria-prima que passa a reintegrar a cadeia produtiva, sendo de grande valor na otimização do uso dos recursos naturais. A eficiente coleta de resíduos demostra ser uma política pública inteligente, no entanto onerosa. Os índices elevados verificados na reinserção na cadeia produtiva dos materiais recicláveis, o destino final ambientalmente adequado dos resíduos orgânicos encaminhados a um aterro sanitário licenciado e o auxílio financeiro socioambiental às Associações de Recicladores demonstram ser possíveis pelo massivo investimento nesta ação de Saneamento Básico no Município gaúcho de Bento Gonçalves.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos Urbanos, Gestão de Resíduos, Bento Gonçalves. ABSTRACT

The National Policy on Solid Waste in Brazil (Law 12.305 / 2010) regulated the management of waste produced, assigning responsibilities to governments, private initiative and consumers. The objective of the research was to create a picture of the Solid Waste of the municipality of Bento Gonçalves, taking as reference the periods of 2015 and 2016, analyzing the local data in perspective to the regional data (South Region) and national data presented by the National Panorama of Solid Waste Brazil of the same year. The data obtained and analyzed were provided by the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and the Local Department of the Environment (SMMAM-BG) of the city of Rio Grande do Sul analyzed, as well as the data on the Brazilian Solid Waste Survey of ABRELPE, 2016. Through the research, it was observed that the proper management of this waste by the municipality has been shown to be of fundamental socio-environmental and economic interest, since well-destined waste contributes to the healthy quality of life and the environment. When they are correctly sent to the selective collection, the waste becomes the raw material that reintegrates the productive chain, being of great value in the optimization of the use of natural resources. Efficient waste collection proves to be a smart, yet costly public policy. The high levels of recycling of recyclable materials, the final environmental fate of organic waste sent to a licensed landfill, and socio-environmental financial support to the Recyclers' Associations are shown to be possible due to the massive investment in this Basic Sanitation action in the municipality of Rio Grande do Sul of Bento Gonçalves.

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INTRODUÇÃO

A Lei Federal 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), caracterizando o resíduo sólido como qualquer material, objeto ou substância sólida ou semissólida que é descartada resultante de atividades humanas. A responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos, do poder público e também da coletividade passou a ser definida por esta Lei, sendo assim, os governos, a iniciativa privada e os consumidores têm corresponsabilidade pelos resíduos produzidos.

A crescente urbanização e o aumento no número de bens de consumo trazem à tona alguns desafios aos gestores municipais, pois, conforme Andrade e Ferreira (2011) a gestão ineficiente dos resíduos pode ser promotora de poluição atmosférica, geradora de odores e gases tóxicos, desencadeadora da poluição das fontes hídricas e do solo, bem como da dispersão de vetores associados aos resíduos.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE (2016), o Brasil gerou cerca de 78,3 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no ano de 2016. O número de habitantes estimado no país, no mesmo período, segundo o IBGE, era de cerca de 206,1 milhões, que resultou na produção diária de mais de um quilo/habitante de resíduos no país. Enquanto, segundo o IBGE, a taxa de crescimento populacional ficou em torno de 0,80% entre 2015 e 2016, a geração de resíduos apresentou uma queda, per capta, na ordem de 2,9%, sob a hipótese ter seguido a “a mesma tendência de recessão econômica” no período (ABRELPE, 2016, p.14).

A gestão dos RSU, incluindo os serviços operacionais referentes à coleta, ao transporte, ao transbordo, ao tratamento e ao destino final tanto do resíduo doméstico quanto do resíduo oriundo da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas terão seu gerenciamento e gestão a cargo da municipalidade (BRASIL, 2016). Incluso neste levantamento, também caracterizados como RSU pela PNRS estão os resíduos originados de atividades em estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços cuja responsabilidade pelo seu manejo não foi atribuída ao gerador pelo poder público municipal, por equipararem-se aos Resíduos Sólidos Domiciliares Urbanos.

Em paralelo, no estado do Rio Grande do Sul, o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos, estabelece que os municípios possuem a titularidade sobre os resíduos sólidos urbanos quanto ao manejo, coleta regular, seletiva e serviços de limpeza urbana, devendo definir a gestão dos serviços e a maneira como deverão ser acondicionados os resíduos para coleta até sua disposição final.” (PERS-RS, 2014, p.100). Ainda como incentivo à boa gestão dos RSU, em especial a reinserção na cadeia produtiva de materiais com potencial reciclável, no Estado gaúcho a coleta seletiva e a reciclagem do lixo são consideradas atividades ecológicas, de relevância social e de interesse público, segundo a redação da Lei Estadual 9.493/1992.

A gestão adequada destes resíduos torna-se um fator fundamental para a sadia qualidade de vida da população, visto que o “os resíduos sólidos, se não forem adequadamente geridos, podem provocar sérios danos ao meio ambiente e a sociedade” (ANDRADE; FERREIRA, 2011, p.8), ao passo que “o desafio dos municípios está justamente em coletar e dar um destino correto ao ‘lixo’” (MONTANARI et al., 2008, p.184).

OBJETIVOS

Criar um panorama sobre os RSU do município de Bento Gonçalves, tomando como referência os períodos de 2015 e 2016, analisando os dados locais em perspectiva aos dados regionais (Região Sul) e nacionais apresentados pelo Panorama Nacional dos Resíduos Sólidos no Brasil do mesmo ano.

METODOLOGIA

A pesquisa de informações relativas aos RSU estaduais e nacionais têm como base os dados presentes no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2016, elaborado anualmente pela ABRELPE, cuja versão digital é disponibilizada na website da organização. As informações relativas à estimativa da população municipal no ano de 2015 e 2016 foram pesquisadas junto ao IBGE, enquanto os dados referentes aos resíduos do município de Bento Gonçalves foram inqueridos junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMAM-BG). As informações coletadas foram tabuladas e a elas associadas gráficos objetivando uma melhor visualização dos dados.

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RESULTADOS

Em relação à geração de RSU, o cenário nacional apresentou um decréscimo de 1,071kg de resíduos produzidos por habitante/dia para 1,040kg de resíduos produzidos por habitante/dia no período de 2015/2016, o que resultou em um decréscimo de quase 3% no período, conforme pode ser observada a coleta estimada na figura 1. Segundo a ABRELEPE, 2016, este geração menor de resíduos pode estar associada à recessão econômica do período, seguindo a lógica de que, quanto mais restrito o consumo, menor a geração resíduos.

Figura 1: Coleta de RSU no Brasil. Fonte: ABRELPE (2016).

Bento Gonçalves, entre os anos de 2015 e 2016 a produção per capta diária de resíduos teve um pequeno acréscimo, apresentando a média de 0,951kg/dia/hab em 2015 e 0,964kg/hab/dia em 2016, o que representa um acréscimo insignificante, mas na contramão dos índices negativos apresentados nacionalmente. Este acréscimo não parece justificar-se por maior abrangência de coleta seletiva, já que no período anterior a coleta contemplava também 100% da área urbana do município. Poderá ser visualizado na figura 2, o comparativo de resíduos coletados/ano – por tipo, que houve aumento na quantidade de resíduos recicláveis coletados e a diminuição da quantidade de resíduos orgânicos encaminhados ao aterro sanitário. Levanta-se a hipótese que, em razão da já mencionada recessão econômica no período, os empregos formais também diminuíram, o que abre espaço para o trabalho informal na “catação” de resíduos, aquecendo o mercado da reciclagem.

Figura 2: Coleta de RSU (quilo/habitante/dia) em Bento Gonçalves. Fonte: Autoras.

Referente à coleta e disposição final de RSU, embora a quantidade de RSU coletados no Brasil tenha apresentado índices negativos, tanto no que se refere ao total de resíduos coletados, quanto no per capita na comparação com o ano anterior, no município de Bento Gonçalves a coleta manteve-se estável, com tímido crescimento na quantidade de resíduos coletados. 0,949 0,950 0,951 0,952 0,953 0,954 1 2015 2016

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Embora a quantidade de resíduos orgânicos tenha apresentado um decréscimo no período, a quantidade total de resíduos apresentou ligeiro crescimento em razão do aumento da quantidade de resíduos recicláveis triados, que é somado ao total de resíduos coletados pela municipalidade, conforme comparativo apresentado na figura 3. Segundo Montanari et al. (2008), dos resíduos produzidos diariamente pelo brasileiro, cerca de 50% a 60% são constituídas por matéria orgânica.

Figura 3: Comparativo de resíduos orgânicos e recicláveis coletados/ano. Fonte: Autoras.

Outro fator que pode ter contribuído para a melhor segregação dos resíduos é o contínuo trabalho de Educação Ambiental no que tange à coleta seletiva, visto que esta “é uma das importantes ferramentas disponíveis para multiplicar novos hábitos de descarte na população, contribuindo para que sejam obtidos melhores resultados na reciclagem de materiais” (MARCONDES, 2012, p.51).

Demonstra ser positivo o aumento dos índices de resíduos recicláveis reencaminhados à indústria de reciclagem, em uma perspectiva ambiental com vistas à sustentabilidade, na perspectiva de que “a reinserção desses materiais na cadeia produtiva como matéria-prima e deixando para os aterros sanitários somente o que não for passível de aproveitamento econômico” (Pricewaterhorsecoopers Serviços Profissionais; Sindicato Das Empresas De Limpeza Urbana, 2017, p.16), ao passo que, como exemplo, menos petróleo será extraído e utilizado para produção de plásticos, ou o solo será menos explorado para a retirada de metais como o ferro e alumínio, materiais tãocomuns nos itens de consumo logo descartados no cotidiano e encaminhados à coleta seletiva; mencionado isso sem deter-nos na complexa rede de economia de energia do processo de reciclagem, em relação ao processo de fabricação de bens de consumo.

A Região Sul apresenta o maior índice de municípios com iniciativa de coleta seletiva no país. No ano de 2016 com o percentual de 95% de seus municípios com esta iniciativa, ao passo que a média nacional é de 91% de municípios com iniciativas de Coleta Seletiva (ABRELPE, 2016). A cobertura coleta seletiva no perímetro urbano do município de análise manteve-se estável, segundo o Órgão de Meio Ambiente local, em 100% no período em questão.

A coleta dos resíduos gerados pela população evita a disposição inadequada destes no ambiente, onde, como exemplo, recipientes recicláveis cheios de água da chuva podem tornar-se meio ideal para a proliferação de vetores, como os mosquitos transmissores de moléstias como Dengue, Chikungunya e Zika; resíduos orgânicos podem atrair ratos, moscas e formigas, responsáveis por disseminar doenças com complicações potencialmente preocupantes como Leptospirose ou diarréia; outras substâncias, como as encontradas nos rejeitos, podem “interagir na cadeia alimentar do homem” (MONTANARI et. al 2008. P.185).

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente local a coleta seletiva no município gaúcho de Bento Gonçalves é realizado por uma empresa terceirizada, contratada por licitação. A coleta seletiva é realizada porta-a-porta no perímetro urbano, sendo que na área central e no corredor gastronômico da cidade está implantada a coleta conteinerizada para dar conta do grande volume de resíduos produzidos nestes locais. A cobertura é de 100% na área urbana, com uma frequência

32803,4 31928,17

6509,483 7824,664

2015 2016

Resíduos Recicláveis

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A destinação dos resíduos dá-se de duas maneiras: os resíduos recicláveis coletados são encaminhados às Associações de Recicladores que possuem convênios firmados com o Poder Público, enquanto os resíduos orgânicos são transbordados em território municipal e enviados a um aterro sanitário, a cargo da empresa contratada. O Município não possui sistema de compostagem de resíduos orgânicos.

Os resíduos orgânicos tem como disposição final a Central de Resíduos do Recreio, em Minas do Leão, perfazendo um trajeto de cerca de 200 km para destinação ambientalmente adequada. O Aterro Sanitário para onde são destinados os RSU bento-gonçalvenses, pertence ao Grupo Solví que, segundo o Plano Estadual de Gerenciamento de Resíduos (2014) tem destaque no setor privado de prestação de serviços no Estado gaúcho, com empresas que executam serviços de limpeza urbana, coleta, transporte, tratamento e também disposição final dos resíduos. Este aterro é pertencente, por sua vez da Empresa CRVR, gerente da citada Central de Resíduos do Recreio.

Data de 2002 a Lei Municipal mais antiga que autoriza o município a firmar convênios de parceria com Associações de Recicladores, sendo que, periodicamente, tais convênios são renovados e atualmente há um auxílio financeiro por parte do município em benefício às Associações de Recicladores. Essa iniciativa parece estar em conformidade com a redação do parágrafo primeiro, do inciso de número IV do artigo trinta e cinco da Política Nacional de Resíduos Sólidos que dispõe sobre a prioridade de organização e funcionamento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda, bem como sua contratação, por parte do titular dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos.

No ano de 2015 o auxílio financeiro para dez Associações de Recicladores aconteceu através de recursos oriundos do Fundo Municipal do Meio Ambiente, gerenciados pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMDEMA). Associações de Recicladores Conveniadas foram contempladas com Recursos Financeiros no montante de R$ 351.950,00. O Critério para rateio de recursos, por Associação, é decidido pelo COMDEMA. No ano de 2016 o valor destinado, também para 10 Associações conveniadas foi de R$ 400.000,00, conforme se pode observar na figura 4.

Figura 4: Recursos do COMDEMA destinados a Associações de Recicladores. Fonte: Autoras.

Como contrapartida do auxílio Financeiro recebido, as Associações de Recicladores entregam, mensalmente, uma planilha com as quantidades de materiais triados e reencaminhados à cadeia produtiva, conforme figura 5. As dez Associações de Recicladores que possuem convênio com a municipalidade contemplam cerca de 110 associados que retiram sua renda a partir da triagem e comercialização de materiais oriundos da coleta seletiva do município. Muitos dos associados são os principais mantenedores de suas famílias e encontram, na comercialização dos materiais descartados, a fonte de sustento de seu lar. Tendo em vista este aspecto, apenas diretamente (sem contar a grande rede que envolve o comércio e remanufatura) é de relevante importância social o trabalho realizado envolvendo a triagem e comercialização de materiais recicláveis no município.

R$ 320.000,00 R$ 340.000,00 R$ 360.000,00 R$ 380.000,00 R$ 400.000,00 R$ 420.000,00 2015 2016

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Figura 5: Quantidade anual estimada de resíduos potencialmente reciclado/ano/toneladas. Fonte: Autoras. O Município de Bento Gonçalves, por meio da SMMAM-BG, está atuando com representante no Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Serra Gaúcha (CISGA), que busca a proposição da elaboração de um Plano Intermunicipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, em consonância com o décimo primeiro artigo da já referida Política Nacional de Resíduos Sólidos que preconiza a promoção da integração, organização, planejamento e execução de soluções consorciadas dos RSU entre dois ou mais Municípios.

No entanto, tais soluções estão ainda em fase teórica, sem perspectiva concreta, por exemplo, da implementação de um aterro sanitário compartilhado, o que diminuiria a distância da disposição final dos RSU do município em estudo, visto que “a capacidade de regionalizar a destinação correta de seus resíduos por meio da implantação e utilização de aterros regionais”, pode amenizar as despesas operacionais elevadas da destinação adequada dos RSU (Pricewaterhorsecoopers Serviços Profissionais; Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana, 2017, p.37).

Conforme relatado pela SMMAM, através de seu representante no CISGA está sendo pensada uma alternativa tecnológica que exclua o uso de aterros sanitários, ou os use o menos possível, no entanto ainda não há uma definição para isso. Segundo Cruz, Hupffer, & Jahno (2016), para outras classes de resíduos, como resíduos industriais, o aproveitamento energético demonstra ser uma solução viável para gestão de resíduos, substituindo a exploração de combustíveis fósseis tradicionais, contribuindo também com a saúde pública e o meio ambiente, ao passo que, com a redução de resíduos em aterros, reduzem-se possíveis focos de doenças, inutilização de áreas e solo e outros tipos de poluição.

Os resíduos também podem configurar como um mercado que movimenta bilhões de reais por ano no país ao passo que “a eficiência do sistema de gestão de resíduos sólidos no município dependerá em muito da capacidade e da disposição de contribuição da sociedade” (ANDRADE; FERREIRA, 2011, p.17).

No cenário nacional a ABRELPE revela o investimento de recursos no valor aproximado de nove bilhões, setecentos e sessenta milhões de Reais no ano de 2016, o que em valores per capta/dia, representa um custo médio de R$ 3,95. Em relação ao ano anterior, os valores sofreram ligeiro decréscimo. No ano de 2015 em valores per capta/dia, representa um custo médio de R$ 4,00, representados na figura 6. Os valores referidos correspondem, exclusivamente, aos recursos investidos na gestão de RSU, excluindo-se todos os outros serviços de limpeza urbana.

No cenário municipal, segundo os dados fornecidos pela SMMAM, o total anual em 2016 despendido na coleta e destinação dos RSU foi de R$9.557.692,88, o que resultou em um investimento médio de sete Reais e um centavo, por mês, por habitante no período correspondente ao ano de 2015. No ano de 2016 o investimento médio foi de seis Reais e noventa e sete centavos por mês, por habitante no período, havendo um pequeno decréscimo em relação ao ano anterior.

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7.824,66 Resíduos recicláveis 2016 Resíduos recicláveis 2015

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Figura 6: Recursos aplicados na coleta de RSU per capta/mês. Fonte: Autoras.

CONCLUSÃO

A gestão adequada de resíduos sólidos parece ser não apenas uma questão de boa vontade por parte de gestores públicos, demostra ser de fundamental importância nos aspectos relacionados à saúde pública, questões socioeconômicas e benefícios ambientais à população. No entanto, parece ser prudente, para a consolidação de um bom sistema de gestão de RSU, que este seja fundamentado como uma política pública, para que tenha continuidade, visto que representa um alto custo financeiro para os cofres públicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. São Paulo, 2014.

3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. São Paulo, 2016.

4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS. AGENDA REGULATÓRIA DOS RESÍDUOS. Conferência de Resíduos Sólidos e Saneamento Ambiental. Página Sustentável. São Paulo, 2013.

5. BRASIL. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 01 set. 2017.

6. BRASIL. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências.. Brasília, DF, 5 de janeiro de 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm.. Acesso em: 01 out. 2017.

R$0,00 R$1,00 R$2,00 R$3,00 R$4,00 R$5,00 R$6,00 R$7,00 R$8,00

Brasil Região Sul Município de Bento Gonçalves V a lo re s e m R ea is 2015 2016

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7. BRASIL. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF, 2 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 11 set. 2017.

8. BENTO GONÇALVES. Lei 3165 04, de janeiro de 2002. Autoriza o município a firmar contrato de comodato para uso de bem público e convênio de parceria com a associação de recicladores de lixo - Bento Gonçalves Reciclagem. Bento Gonçalves, 2002.

9. BENTO GONÇALVES. Lei Complementar 56, de 17 de maio de 2002. Institui o código Municipal de Limpeza Urbana de Bento Gonçalves e dá outras providências. Bento Gonçalves, 2002.

10. BENTO GONÇALVES. Lei Municipal Nº 4.000 DE 29 DE SETEMBRO DE 2006. Dispõe sobre a política municipal do meio ambiente e dá outras providências. Bento Gonçalves, 2006.

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13. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA . Estimativas da população residente nos municípios brasileiros com data de referência em 1° de julho de 2015. Brasília, 2015.

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15. MONTANARI, R. L. et al. Resíduos sólidos domiciliares: um estudo de caso em um município paranaense. Revista Nucleus. v. 5, n. 1, p. 184-194. Abril de 2008. Diponível em: http://www.nucleus.feituverava.com.br/index.php/nucleus/article/view/44. Acesso em: 11 set. 2017

16. PRICEWATERHORSECOOPERS SERVIÇOS PROFISSIONAIS; SINDICATO DAS EMPRESAS DE LIMPEZA URBANA – Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana para os municípios brasileiros. São Paulo, 2017.

17. RIO GRANDE DO SUL. PERS-RS Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Sul 2015-2034. Porto Alegre, 2014.

18. RIO GRANDE DO SUL. Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Lei nº 9.493, de 07 de janeiro de 1992. Considera, no Estado do Rio Grande do Sul, a coleta seletiva e a reciclagem do lixo como atividades ecológicas, de relevância social e de interesse público.. Porto Alegre, RS, 07 de janeiro de 1992. Disponível em: <http://www.al.rs.gov.br/Legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_TodasNormas=16339&hTexto= &Hid_IDNorma=16339>. Acesso em: 01 out. 2017.

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