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Introdução. 1. Panorama

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Academic year: 2022

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Introdução

Após um ciclo de cortes de mais de cinco anos, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, no dia 17 de março de 2021, uma alta da taxa básica de juros da economia, a Selic.

O aumento, já esperado pelo mercado, foi de 0,75 ponto percentual, e a Selic, que vinha sendo mantida em 2,00% ao ano por cinco reuniões consecutivas, fica agora, com o ajuste, em 2,75% ao ano.

Nas próximas linhas, você saberá mais sobre o novo cenário, com acesso atualizado a: 1) Panorama, com uma abordagem geral sobre a nova decisão do Copom; 2) Inflação, PIB e Dólar; 3) Impacto na Renda Variável, com destaque para as ações; e 4) Impacto na Renda Fixa.

1. Panorama

O ciclo de queda da Selic teve início em 19 de outubro de 2016, quando foi reduzida de 14,25% para 14% ao ano.

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Agora, em 2021, na reunião anterior, realizada nos dias 19 e 20 de janeiro, o Copom havia mantido pela quinta vez consecutiva a taxa básica de juros em 2% ao ano. E retirou o “forward guidance”, que havia sido instituído em agosto de 2020, e indicava a manutenção da Selic baixa por bastante tempo.

O ‘forward guidance’, ou prescrição futura, pretendia definir uma trajetória de longo prazo para os juros. O motivo da retirada, segundo o próprio texto do Copom, foi de que “as projeções de inflação em seu cenário básico estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária”.

“Como consequência, o ‘forward guidance’ deixa de existir e a condução da política monetária seguirá, doravante, a análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva”, completava o texto.

Traduzindo: a sinalização é a de que inflação está elevada e o Banco Central (BC) poderia ter de voltar a fazer política monetária à moda antiga,

elevando os juros para conter a alta de preços. Estimativa essa que se confirmou agora com uma elevação dos juros nesta segunda reunião do Copom de 2021.

Aqui no Brasil, os mercados estão apresentando o fenômeno da reflação, que é a volta dos preços dos bens, serviços e ativos financeiros a níveis anteriores à crise. Porém, a dificuldade do governo brasileiro de manter as contas públicas equilibradas, aliada a um aumento da percepção do risco brasileiro, fizeram com que o Copom iniciasse mais cedo esse processo de elevação dos juros.

Considerando-se como válida a inflação prevista de 4,60% para 2021 na edição mais recente do Boletim Focus (15/03/2021), os juros reais estão quase 2,50% negativos. Juro real negativo é algo inédito no Brasil na última geração. A política monetária tem sido restritiva desde o início do Plano Real, para conter a inflação em um ambiente de finanças públicas cronicamente desarrumadas.

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2. Inflação, PIB e Dólar

A economia é composta por ciclos. E uma mudança nos juros está relacionada também à pressão exercida pela inflação, o crescimento econômico e o câmbio.

Em geral, o Banco Central diminui os juros para melhorar a atividade econômica do país, permitindo assim que empresas e pessoas tomem empréstimos a taxas menores, aumentando a procura por bens e serviços, com reflexo em uma alta dos preços e também do PIB.

Porém, quando a inflação sobe muito, a autoridade monetária precisa intervir aumentando os juros para conter a inflação, e o ciclo recomeça.

Basicamente, juros mais altos “freiam” a economia – a população tende a gastar menos e a inflação cai, com o país igualmente tendendo a produzir menos e o Produto Interno Bruto (PIB) a recuar.

Pressionada pela alta nos preços dos combustíveis, a inflação de fevereiro medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,86%, acima dos 0,25% de janeiro.

Foi o maior resultado para um mês de fevereiro desde os 0,90% de 2016. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA acumula alta de 1,11% no ano e de 5,20% em 12 meses. Os resultados são superiores aos 4,56% observados nos 12 meses

imediatamente anteriores. Em fevereiro de 2020, o índice havia ficado em 0,25%.

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O IPCA já encerrou o ano de 2020 com alta de 4,23%. Segundo o BC, a meta de inflação é 3,75% para 2021, 3,5% para 2022 e 3,25% para 2023. O

intervalo de tolerância é de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

Porém, a edição mais recente do Boletim Focus (de 15/03/2021) mostrou ainda uma forte aceleração nas projeções para a inflação. O IPCA previsto para 2021 subiu para 4,60% ante 3,98% da estimativa anterior, e acima dos 3,62% esperados há quatro semanas.

Isso deve impactar também a projeção da taxa Selic para dezembro deste ano, e que já avançou para 4,50%, ante os 4% projetados na semana anterior.

Em relação ao desempenho da economia, o PIB de 2020 - divulgado no início deste mês de março – ficou levemente acima da expectativa de mercado: recuou 4,1%, contra projeções de uma queda de 4,3%.

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No gráfico acima, podemos observar a depressão econômica causada no primeiro semestre de 2020, seguida da recuperação em “V”, mas ainda insuficiente para trazer a atividade econômica do país para o patamar pré- pandemia.

No câmbio, por sua vez, o dólar já sobe 8,33% ante o real em 2021

(percentual apurado em 15/03/2021) refletindo um movimento global de desvalorização de moedas emergentes – de olho na alta

das Treasuries americanas –, mas também com o peso doméstico, diante do aumento do risco-Brasil após interferências políticas em empresas estatais.

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Com a alta da Selic, há expectativa de maior alívio no câmbio. Juros baixos ajudam em uma eventual fuga de capitais, com impacto em uma alta do dólar. Como a Selic, em geral, ajuda a definir as remunerações dos títulos públicos e dos principais ativos de Renda Fixa no Brasil, quando ela cai, estas rendem menos, perdendo atratividade aos olhos dos estrangeiros.

As projeções para o dólar previsto para dezembro deste ano também subiram, alcançando R$ 5,30 ante R$ 5,15 da projeção anterior.

3. Impacto na Renda Variável – Ações

Juros altos tornam a rentabilidade da renda fixa mais atraente, e acabam por pesar de forma relativa sobre o investimento em ações, devido à relação risco-retorno. Quando eles recuam, as ações tornam-se imbatíveis como investimento.

Os números que servem de base para ajudar na comprovação da relação direta entre a queda dos juros e a alta das ações são expressivos.

No fim de 2018, quando a Selic estava em 6,50%, o Ibovespa encerrou o ano a 87.877 pontos. Na sexta-feira (12/03/2021), o índice fechou a 119.472 pontos, com alta de 29,9% nesse período, apesar dos solavancos e da pandemia. E, no dia 8 de janeiro, quando as notícias ainda eram ruins, o Ibovespa chegou a seu recorde histórico de 125.077 pontos.

Quando a Selic começou a cair de maneira estrutural e sustentável, houve, inclusive, um fluxo recorde de novos investidores para a Bolsa.

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Fonte: B3 e Banco Central. Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

Aí vem a pergunta inevitável...

A elevação dos juros pelo Banco Central para conter a aceleração da inflação vai derrubar a bolsa e tornar os investimentos em ações inferiores às aplicações em renda fixa?

A resposta é NÃO, por dois motivos.

(1) O principal motor dos preços das ações são as expectativas. As expectativas de alta da Selic já são bem conhecidas e estão

razoavelmente bem incorporadas nos preços. Após a divulgação do Comunicado posterior à reunião desta semana do Copom, a

confirmação das expectativas deve ter um efeito restrito sobre as taxas futuras de juros.

(2) O IPCA de fevereiro subiu 0,86%. Em 12 meses, a inflação está em 5,20%, rondando o teto da meta, que é de 5,25% (3,75% mais 1,5 ponto percentual de tolerância, para mais ou para menos). Essa

564.528 620.113 813.780

1.666.082

3.230.551 3.464.317 13,75

7,00 6,50

4,50 2,00 2,00

-30,00 -25,00 -20,00 -15,00 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00

0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000

2016 2017 2018 2019 2020 2021

Queda da Selic versus número de investidores na Bolsa

Total de investidores na B3 (Pessoa Física) Taxa Selic (% a.a.)

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elevam os preços preventivamente, esperando um aumento de custos mais adiante, e o ciclo se perpetua.

Ao elevar os juros, o BC pode realizar uma “freada de arrumação”,

alinhando as expectativas e reduzindo a pressão dos aumentos preventivos.

Ao estabilizar a projeção de inflação, a decisão do Copom vai diminuir a pressão de alta dos juros futuros, que tem muito mais influência sobre os preços das ações do que as taxas à vista.

Em resumo, devido à situação bastante atípica da economia brasileira, que registra uma alta da inflação com uma economia desaquecida, o aumento dos juros deverá ser positivo para os preços das ações, pois reduzirá mais incertezas sobre o futuro.

Mas nunca é demais lembrar: isso não significa que você não deva ter critério na hora de escolher a ação certa para investir. O número de empresas brasileiras listadas na Bolsa já chegou a 409, segundo dados de janeiro. E nem todas elas estão bem posicionadas para aproveitar esse movimento.

4. Impacto na Renda Fixa

Existem alguns tipos de investimentos em renda fixa que podem se

beneficiar com a alta da Selic, sendo este também o investimento ideal para se ter uma maior rentabilidade diretamente com um ciclo de alta da taxa básica de juros.

Estamos falando dos títulos pós-fixados.

Nos títulos pós-fixados, os retornos variam conforme o comportamento de variáveis da economia, como a inflação ou a própria taxa básica de juros, a Selic.

Nos títulos pós-fixados, contrata-se um título público sem uma taxa de retorno pré-determinada, mas sim com a indexação sobre alguma variável macroeconômica. 

No caso do Tesouro Selic, o título é indexado diretamente à taxa básica de juros da economia, passando a entregar uma maior rentabilidade com o início de um ciclo de alta da Selic.

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Já no caso do Tesouro IPCA+, os títulos são atrelados à inflação oficial (IPCA) somada a algum prêmio de risco, calculado de acordo com as expectativas futuras sobre os juros no País.

O Tesouro Selic é considerado um dos títulos públicos mais populares do governo. Sua liquidez é imediata e a volatilidade, baixíssima. 

Como pós-fixado, caso você faça o resgate antes do vencimento, não haverá (na enorme maioria das vezes) perda de dinheiro – será pago o retorno até a data de retirada da aplicação.

No caso do Tesouro IPCA+, ainda é possível potencializar retornos

realizando a gestão ativa dos títulos (venda antes do vencimento). O que você pode não saber é que o valor da taxa de cada título varia a cada dia (de acordo com as expectativas do mercado). E você pode ganhar

igualmente com essas variações.

 

Dependendo do comportamento de cada um dos títulos e de suas

oscilações, quando você realizar a venda antes do vencimento de seu papel, você pode ganhar muito mais do que a taxa contratada inicialmente.

Além dos títulos públicos, existe ainda a possibilidade de aumentar sua rentabilidade esperada investindo em títulos de crédito que tem sua remuneração com CDI+ ou porcentagem do CDI. 

Há fundos de crédito privado e fundos de recebíveis imobiliários que fazem a gestão ativa desses portfólios. Antes de alocar em qualquer um desses ativos é importante conhecer os gestores e a estratégia de cada casa para analisar os ativos desejados. 

Isso porque, além da rentabilidade alvo, é importante entender a qualidade da carteira de crédito em que esses gestores estão alocando seus ativos. 

Bons investimentos!

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Disclaimer

Referências

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