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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

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LEI SARBANES-OXLEY:

O ALCANCE DAS MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

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Por: Alexandre da Silva Hallais

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Orientador Prof. Luciano Gerard

Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

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LEI SARBANES-OXLEY:

O ALCANCE DAS MELHORES PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

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Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Auditoria e Controladoria.

Por: . Alexandre da Silva Hallais.

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AGRADECIMENTOS

....aos professores pelo conhecimento compartilhado e aos meus pais pela educação.

(4)

DEDICATÓRIA

...dedica-se à querida esposa, amiga e companheira, Flávia Monique, por sempre acreditar e apoiar os meus projetos de vida.

(5)

RESUMO

Esta publicação é destinada a divulgar as novas regras de governança corporativa implementadas pela Lei Sarbanes-Oxley, aprovada no ano de 2002, visando coibir ocorrências de fraudes em balanços de empresas corporativas e seus efeitos no mercado de capital internacional. Por essa razão, buscamos estabelecer relações entre a citada Lei e a legislação brasileira, de modo a demonstrar a sua importância para as empresas de capital aberto em nosso país. O trabalho possui um bom material elucidativo, com destaque para os instrumentos gerenciais voltados para procedimentos de controles internos. Em sua conclusão oferecemos meios capazes de melhorar as práticas de governança corporativa, de controles internos das companhias de capital aberto, da profissão contábil, incluindo os serviços de auditoria.

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros, jornais, revistas, questionários, e a resposta, após coleta de dados, pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, observação do objeto de estudo, as entrevistas, os questionários, etc. Contar passo a passo o processo de produção da monografia. É importante incluir os créditos às instituições que cederam o material ou que foram o objeto de observação e estudo.

(7)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Lei Sarbanes-Oxley 11

CAPÍTULO II - Governança Corporativa 27

CAPÍTULO III – Controles Internos 41

CONCLUSÃO 51

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 53

FOLHA DE AVALIAÇÃO 55

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INTRODUÇÃO O PROBLEMA

O mercado de capitais sempre foi um dos pilares fundamentais da economia dos Estados Unidos da América. As grandes empresas americanas e até de outros países, através desse tipo de mercado, financiam os seus investimentos captando recursos por meio de emissão de títulos e valores mobiliários.

Nas bolsas de valores de Nova Iorque são negociados diariamente bilhões de dólares em ações dessas empresas que buscam o mercado acionário como meio de captação de recursos. A cultura acionária é amplamente difundida nos Estados Unidos e desde o pequeno investidor até os megafundos com patrimônio de dezenas de bilhões de dólares mantêm posições e carteiras de ações negociadas em bolsas.

Esse pilar da economia norte-americana foi profundamente questionado, desafiando as autoridades a agir rapidamente para evitar maiores danos a uma de suas mais importantes instituições financeiras.

A revelação de erros e omissões substanciais em balanços de diversas companhias abertas e da conseqüente perda de muito bilhões de dólares no valor de mercado de ações negociadas em bolsa, rapidamente fizeram os Estados Unidos reagirem.

Diante disso, o Congresso dos Estados Unidos da América aprovou, em julho/2002, a Lei Sarbanes-Oxley com objetivo de proteger os investidores, através da introdução de novas regras de governança corporativa, divulgação de informações e penalidades rigorosas, inclusive criminais, pela falta de cumprimento das normas vigentes no País.

(9)

Na verdade, a Lei Sarbanes-Oxley é uma reação do governo dos Estados Unidos da América às fraudes contábeis em grandes empresas como a Enron e WorldCom.

Em face do exposto, cabe a seguinte pergunta: Como a Lei Sarbanes-Oxley pode contribuir para a melhoria das práticas da governança corporativa nas empresas de capital aberto?

SUPOSIÇÃO

Supõe-se que a Lei Sarbanes-Oxley possa promover ampla reforma nos controles internos das grandes corporações de capitais aberto, na profissão contábil e de auditoria e na melhoria das práticas de governança corporativa das empresas que atuam junto à Securities And Exchange Commission – SEC (Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio) nos Estados Unidos da América.

Objetivos da Pesquisa

Os propósitos deste trabalho classificam-se em objetivos final e intermediário.

Objetivo Final

Este trabalho dedica-se ao estudo dos principais aspectos relacionados à Lei Sarbanes-Oxley , seus efeitos e importância para a melhoria da governança corporativa, através de controles internos, nas empresas que atuam no mercado de capitais.

(10)

Objetivos Intermediários

Estes objetivos têm como finalidade o seguinte:

a) mostrar a importância dos principais aspectos e oferecer uma visão sobre as principais características da Lei Sarbanes-Oxley;

b) abordar o novo ambiente regulatório resultante das recentes mudanças proporcionadas pela Lei Sarbanes-Oxley, regulamentada em julho de 2002; e

c) demonstrar o reflexo da Lei Sarbanes-Oxley no mercado de capital no Brasil e as principais exigências e comparações com a legislação brasileira.

Delimitação da Pesquisa

Esta pesquisa limita-se à discussão da Lei Sarbanes-Oxeley como um instrumento de apoio à previsão dos resultados esperados pelas empresas de capital aberto em nível global, que negociam em bolsa de valores. O enfoque dado ao trabalho foi exatamente o momento da crise, escândalos envolvendo as empresas Enron e WorldCom, e a resposta do Congresso Norte-Americano, quando aprovaram a Lei em questão.

(11)

CAPÍTULO I Lei Sarbanes-Oxley

1.1 Introdução

Esta seção diz respeito à fundamentação teórica do presente trabalho e aos demais assuntos relacionados ao referido ponto pesquisado da Lei Sarbanes-Oxley.

1.2 Origem da Lei Sarbanes-Oxley

O Congresso dos Estados Unidos da América, após os fatos contábeis envolvendo grandes empresas norte-americanas, aprovou, em 30 de julho de 2002, a Lei Sarbanes-Oxley, com o objetivo de proteger os investidores através da introdução de novas regras de governança corporativa.

A citada lei foi elaborada pelo deputado republicano Michael Oxley, integrante do Comitê de Serviços Financeiros da Câmaras dos Deputados, e pelo senador democrata Paul Sarbanes, representando a mais importante mudança na legislação sobre as regras a serem seguidas pelo mercado de ações norte- americano.

1.3 Finalidade da Lei Sarbanes-Oxley

Como se trata de matéria técnica, faz-se necessário que as iniciativas moralizadoras e preventivas sejam divulgadas amplamente, pois as mudanças ocorrem em tal velocidade que, em muitos casos, não permitem uma reflexão e muito menos uma sedimentação de conceitos.

Consideramos fundamental iniciar o trabalho com observações sobre os efeitos da lei que tornam Diretores Executivos e Diretores Financeiros explicitamente

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responsáveis por estabelecer, avaliar e monitorar a eficácia dos controles internos sobre relatórios financeiros e divulgações.

Inegavelmente, as novas regras propostas pela Securities and Exchange Commission - SEC (Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio), são complexas e a sua implementação deverá ser demorada e dispendiosa. Entretanto, existem alguns fatores atenuantes2 :

a) normalmente, todas as companhias de capital aberto possuem alguma estrutura de controles internos, ainda que de maneira informal e não suficientemente documentada;

b) muitas companhias poderão adaptar os processos já existentes, para cumprir as medidas de controles internos determinadas pela lei: e

c) a construção de uma forte estrutura de controles internos, para atender as exigências da Lei Sarbanes-Oxley, pode promover benefícios que extrapolam o cumprimento das regras. Na realidade, o potencial para revisar e concretizar novas visões corporativas e atingir novos níveis de excelência corporativa é inesgotável.

Na verdade, pudemos constatar que o âmbito da Lei Sarbanes-Oxley é vasto, pois suas normas não são dirigidas somente às firmas de auditoria e à administração das empresas, mas também aos demais intervenientes no mercado dos valores mobiliários, como as próprias bolsas, os corretores, os analistas de mercado, os advogados e procuradores das empresas junto da entidade reguladora do comércio de ações.

Alguns observadores descreveram a Lei Sarbanes-Oxley como a peça mais significativa da legislação comercial nos últimos cinqüenta anos. A referida lei muda fundamentalmente o ambiente empresarial e regulador.

1.4 O que é a Lei Sarbanes-Oxley

2 DELOITTE. Lei Sarbanes-Oxley: Guia Para Melhorar a Governança Corporativa Através de Eficazes Controles Internos. Rio de Janeiro, maio/2003, p.3

(13)

A Sarbanes-Oxley, extenso normativo de reformas corporativas idealizado pelos parlamentares Paul Sarbanes e Michel Oxley, já é considerada a mais importante legislação do mercado de capitais desde a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 e dos atos de 1933 e 1934, expedidos pela SEC.

A Lei Sarbanes-Oxley reescreveu, literalmente, as regras para a governança corporativa, relativas à divulgação e à emissão de relatórios financeiros. O ato introduziu responsabilidades criminais que, em certos casos, podem determinar a prisão de até por 20 anos para os diretores executivos e financeiros pelo fornecimento proposital ou não de certificações incorretas e não verdadeiras.

Assim sendo, os diretores executivos e financeiros devem certificar as informações financeiras e não financeiras, contidas nos relatórios anuais das companhias. Os controles internos serão definidos em duas dimensões: os propriamente ditos e os controles e procedimentos de divulgação. Dessa forma, esses diretores estarão certificando que avaliaram a efetividade desses controles até no máximo noventa dias da data de arquivamento das informações.

A Lei Sarbanes-Oxley exige um aprimoramento da estrutura de controles internos financeiros e não financeiros, melhoria nos processos operacionais, sistêmicos e financeiros e maior transparência das atividades realizadas.

A Sarbanes-Oxley auxilia na disseminação da cultura de controles internos, gestão de riscos e de negócio e no alcance de um grau destacado de governança corporativa e ambiente de controle. Possibilita, também, ganhos de escalas em virtude da redução de retrabalho e maior credibilidade junto ao mercado, em função do combate às fraudes financeiras.

De um modo geral, a sanção da Lei Sarbanes-Oxley, reformadora do setor corporativo norte-americano, de acordo com Freitas3, suscita o seguinte:

3 FREITAS. Fernanda C. Alem. Consultor Jurídico: Confiar é Preciso. Disponível

<http//conjur.uol.com.br/textos/1611>

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a) requisita a providência pelo setor corporativo norte-americano de uma maior publicidade e transparência em seus atos;

b) prevê uma maior fiscalização sobre as empresas pela SEC;

c) estipula penalidades mais rígidas para diretores e conselheiros de empresas frente à violação de suas condutas corporativas;

d) prevê a separação entre os serviços de auditoria e consultoria prestados às empresas (no Brasil, a Instrução Normativa da Comissão de Valores Mobiliários - CVM nº 308/99, de 14.05.199, já previa a auditoria independente no âmbito do mercado de valores brasileiro).

A Sarbanes-Oxley não economizou em abrangência. Impôs regras a conselheiros, diretores executivos e financeiros, diretores, auditores, analistas de mercado e até mesmo a advogados que tenham em suas carteiras de clientes empresas de capital aberto. Obrigou aos diretores executivos e financeiros a assinarem declarações atestando a veracidade das informações apresentadas em seus demonstrativos contábeis, assegurando a ausência de dados falsos ou omissão.

A Lei Sarbanes-Oxley proibiu empréstimos a administradores. Disciplinou a instituição de comitês de auditoria, formados por membros dos conselhos de administração e por participantes independentes. Impediu a prestação de serviços de auditoria e consultoria para um mesmo cliente. Obrigou a adoção de códigos de ética. Determinou à SEC a elaboração de um regulamento específico para reduzir os conflitos de interesse no trabalho de analistas de mercado. E obrigou que advogados passem a informar à SEC violações relevantes à legislação, por parte dos administradores.

A Lei Sarbanes-Oxley foi instituída, sem dúvida, para elevar os padrões de governança corporativa no mercado norte-americano, no qual circulam cifras vultosas por dia, de forma a evitar escândalos corporativos como os já mencionados.

O objetivo primário da Lei Sarbanes-Oxley foi proporcionar melhores padrões de transparência e publicidade aos atos corporativos, elevando o nível de confiabilidade naquele mercado investidor. Essa lei possui, indubitavelmente, regras

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mais rígidas. No entanto, e na prática, investidores necessitam de outras formas também geradoras de confiança para analisar e alocar riscos.

1.5 Obrigações e Oportunidades da Lei Sarbanes-Oxley

Repleto de reformas para a governança corporativa, divulgação e contabilidade, a citada lei busca, por meios tangíveis, reparar a perda da confiança pública nos líderes empresariais norte-americanos e enfatizar mais uma vez a importância dos padrões éticos na preparação das informações financeiras reportadas aos investidores.

A Lei Sarbanes-Oxley e as regras relacionadas emitidas pela SEC são leis e regulamentações complexas que geraram consternação na comunidade empresarial. Mas, por trás de todas as regras e regulamentações, a Lei Sarbanes- Oxley é simplesmente uma forma encontrada pelo governo para estabelecer recursos legais nos preceitos básicos da boa governança corporativa e das práticas empresariais éticas.

A Lei Sarbanes-Oxley codifica a concepção de que a administração da companhia deve conhecer as informações materiais arquivadas na SEC e distribuídas aos investidores e deve, também, responsabilizar-se pela probidade, profundidade e precisão dessas informações.

Muitos observadores acreditam que o estabelecimento desses novos procedimentos, para os controles internos e para a certificação executiva, representa uma correção de curso essencial para as companhias de capital aberto, determinando processos cuja adoção as companhias deveriam ter considerado em primeiro lugar.

De forma similar, outros estudiosos da lei sustentam que a concentração do foco na boa governança corporativa e na transparência das informações financeiras simplesmente faz despertar o senso empresarial. Mas, as novas regras impõem um

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custo: essas mudanças necessitarão de alterações significativas nos procedimentos e nas práticas, bem como na vida cotidiana de muitos executivos e de pessoas que a eles se reportam.

Talvez a realização mais importante seja a mudança significativa e permanente da obrigatoriedade da aplicação da lei. Para uma companhia de capital aberto, a obediência à Lei Sarbanes-Oxley não é negociável. Para os Comitês de Auditoria e para a Alta Administração desse tipo de companhia, particularmente Diretores Executivos e Financeiros, as definições de administração e responsabilidade pessoal tornaram-se mais explícitas e os riscos significativos mais altos.

É importante que os administradores das companhias tratem o cumprimento da lei como prioridade. Essa nova ênfase nos controles internos e na divulgação transparente não é um modismo. A Lei Sarbanes-Oxley muda fundamentalmente o cenário empresarial e as companhias não podem subestimar a tarefa que têm pela frente. É necessário tomar decisões imediatas.

1.6 O Correto Direcionamento das Seções da Lei Sarbanes-Oxley

O objetivo primário da lei foi proporcionar melhores padrões de transparência e publicidade aos atos corporativos, elevando o nível de confiabilidade do mercado de ações norte-americano pelo investidor. A Lei Sarbanes-Oxley possui, sem dúvida, regras mais rígidas. Na prática, os investidores necessitam de formas geradoras de confiança para analisar e alocar os riscos de seus negócios.

No Brasil, a Lei Sarbanes-Oxley se aplica às empresas com ações negociadas nos mercados de capitais dos Estados Unidos da América, multinacionais de capital americano e empresas brasileiras com American Depository Receipts – ADR.

No entanto, as responsabilidades criadas pela Lei Sarbanes-Oxley são de interesse de todas as empresas que queiram se atualizar sobre as práticas rigorosas

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que estão entrando em vigor nos Estados Unidos e que terão influência global no mercado corporativo.

Apresentaremos um breve esboço dessas projeções, com um rápido resumo de cada seção da lei e suas medidas que, certamente, proporcionarão acesso à ampla informação, com a finalidade de mostrar as ações adotadas pelo Congresso Americano, para proteger os investidores que operam no mercado de capitais norte- americano.

1.6.1 Seções 201/202

Estabelecem o prazo de cento e oitenta dias contados da entrada em operação do Comitê de Auditoria. O Comitê deverá aprovar primeiramente todos os serviços de auditoria externa, bem como quaisquer outros serviços prestados por auditores independentes, não relacionados a atividades de auditoria.

Essas seções proíbem a prestação de certos serviços por empresas de auditoria, como por exemplo:

a) a escrituração contábil ou quaisquer serviços referentes aos livros contábeis ou demonstrações financeiras da empresa auditada;

b) implementação de sistemas de informações financeiras;

c) serviços de avaliação e laudos de avaliação de bens para aumento de capital;

d) serviços de corretagem e banco de investimento, consultoria financeira, serviços de advocacia e quaisquer outros serviços não relacionados com auditoria.

O Comitê de Auditoria será responsável pela escolha, remuneração e monitoramento das empresas de auditoria/contabilidade. A SEC deverá adotar normas para impedir a negociação de valores mobiliários de companhias que não obedeçam as regras de implementação e de operação do Comitê de Auditoria nas bolsas de valores ou nos mercados de balcão.

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1.6.2 Seção 301

Institui o Comitê de Auditoria que é diverso do Conselho Fiscal. Deverá ser formado por membros do Conselho de Administração e ser independente, não podendo ser afiliado da companhia ou de qualquer de suas subsidiárias.

A empresa de contabilidade deverá relatar ao Comitê de Auditoria todos os assuntos referentes às práticas e políticas contábeis essenciais, tratamentos alternativos e de informações financeiras e comunicações escritas relevantes entre as empresas de contabilidade e a diretoria.

O Comitê de Auditoria deverá aprovar primeiramente todos os serviços de auditoria externa, bem como quaisquer outros serviços prestados por auditores independentes não relacionados à atividade de auditoria. A aprovação dos referidos serviços deverá ser divulgada nos relatórios periódicos da companhia.

1.6.3 Seção 302

Essa seção impõe novos níveis de responsabilidade aos Diretores Executivos e Diretores Financeiros que, agora, devem declarar pessoalmente que a divulgação dos controles e procedimentos foi implementada e validada. No caso de divulgações errôneas ou inexatas serão impostas penalidades como:

a) multa em até US$1 milhão ou prisão civil de até dez anos nos casos em que o Diretor Executivo ou o Diretor Financeiro saiba que o relatório não está de acordo com as exigências da SEC.

b) multa de até US$5 milhões ou prisão civil de até vinte anos quando a violação for efetuada com dolo.

A participação efetiva do Diretor Executivo e do Diretor Financeiro na preparação dos relatórios da companhia, devendo ser criado sistema através do qual

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esses executivos realizem uma investigação independente e formal dos documentos contábeis, servindo os respectivos documentos para uma eventual investigação criminal.

A responsabilidade do Diretor Executivo foi reforçada, devendo revisar os trabalhos realizados pelo Diretor Financeiro, bem como por outros departamentos da empresa. O sistema de revisão de trabalhos pelo Diretor Executivo deverá ser implementado pela própria companhia, na forma que lhe convier.

1.6.4 Seção 304

Determina a diretores e conselheiros penalidades por violação de dever de conduta. Caso a empresa divulgue alterações nas demonstrações financeiras por descumprimento de exigências relativas ao modo de prestação das informações, o Diretor Executivo e o Diretor Financeiro deverão devolver à empresa:

a) qualquer participação nos lucros, bônus ou outra participação ou compensação baseada em incentivos pagos pela empresas nos doze meses subseqüentes à primeira publicação ou arquivamento do documento contendo as demonstrações financeiras errôneas.

b) quaisquer lucros obtidos pelo Diretor Executivo ou pelo Diretor Financeiro com a negociação de valores mobiliários da empresa durante os mesmos doze meses.

A Lei Sarbanes-Oxley permite à SEC eximir quaisquer pessoas dessas obrigações de devolução, conforme julgue necessário e apropriado. A definição do significado de “como resultado da violação de um dever de conduta pela empresa” é um dos aspectos que ainda está pendente de interpretação.

1.6.5 Seção 306

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Essa seção estabelece que os altos administradores e membros do Conselho de Administração de uma companhia emissora não poderão comprar ou vender valores mobiliários representativos do capital, de emissão da companhia, adquiridos em virtude dos seus cargos durante certos períodos de congelamento imposto a 50% (cinqüenta por cento) ou mais dos participantes de “planos com contas individuais”, mantidos pelas respectivas companhias ou suas subsidiárias.

1.6.6 Seção 307

Nessa seção existem regras de padrão mínimo de conduta profissional para advogados que representam, de qualquer modo, as companhias emissoras de títulos perante a SEC. Em decorrência da interpretação extensiva do que constitua representação diante da SEC, historicamente adotada, é possível que essas regras venham a afetar advogados estrangeiros, incluindo integrantes de departamentos jurídicos, de companhias emissoras de ações.

Regulamentação de responsabilidade profissional de advogados exigindo que comuniquem a existência de provas de atos ilícitos e descumprimento de dever fiduciário devido à companhia emissora.

1.6.7 Seção 402

A Lei Sarbanes-Oxley não permite que as companhias, direta ou indiretamente, inclusive por intermédio de subsidiárias, ofereçam, mantenham, ampliem e renovem empréstimos com quaisquer conselheiros ou diretores.

Quanto aos empréstimos concedidos antes da promulgação da lei, ou seja até 30 de julho de 2002, não estarão proibidos, todavia não poderão sofrer qualquer alteração relevante nem mesmo serem prolongados ou renovados.

1.6.8 Seções 404, 406, 407, 408 e 409

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Essas seções estabelecem que quaisquer mudanças substanciais nas condições financeiras ou operacionais da companhia deverão ser informadas em tempo real, ou seja, de modo rápido e atualizado, conforme solicitado pela SEC.

A Lei Sarbanes-Oxley exige que a SEC adote regras a fim de exigir que a empresa informe se o Comitê de Auditoria conta com, pelo menos, um membro experiente em assuntos financeiros. Exige, também, que as companhias incluam, em seus relatórios, disposições referentes à divulgação de operações não contabilizadas e com empresas não consolidadas.

A Lei Sarbanes-Oxley determina que a SEC adote regras exigindo a divulgação de informações sobre controles financeiros internos de cada empresa.

Cada relatório anual deverá conter um relatório de controle interno e uma avaliação referente à efetividade da estrutura de controle e dos procedimentos para divulgação de informações financeiras, sendo que tal avaliação deverá ser confirmada e reportada pela empresa de auditoria externa que vier a preparar relatórios de auditoria.

A lei exige, ainda, que a SEC proponha e adote regras exigindo que a empresa divulgue se possui (ou, caso não possua, qual a razão) um código de ética para diretores financeiros sêniores, aplicável a seus principais diretores encarregados de assuntos financeiros.

A Lei Sarbanes-Oxley exige, também, que a SEC reveja cada divulgação de informações efetuadas pela companhia, incluindo demonstrações financeiras, de modo periódico e sistemático, pelo menos uma vez a cada três anos.

Especificamente, a seção 404 determina uma avaliação anual dos controles e procedimentos internos para a emissão de relatórios financeiros. Essa seção obriga as companhias incluírem em seus relatórios anuais um relatório sobre controle interno emitido pela administração que :

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a) afirme sua responsabilidade pelo estabelecimento e pela manutenção de controles e procedimentos internos para a emissão de relatórios financeiros;

b) avalie e atinja conclusões acerca da eficácia dos controles e procedimentos internos para a emissão de relatórios financeiros; e

c) declare que o auditor independente da companhia atestou e reportou a avaliação feita pela administração sobre seus controles e procedimentos internos para a emissão de relatórios financeiros.

1.6.9 Seção 804

O direito de ação tendo por objeto questões relativas à fraude e manipulação de informações, envolvendo valores mobiliários, prescreve em cinco anos, após a ocorrência do evento, ou dois anos após o descobrimento de sua ocorrência, o que for maior.

1.6.10 Seção 906

A Lei Sarbanes-Oxley exige que Diretores Executivos e Diretores Financeiros assinem e certifiquem o relatório periódico que contém as demonstrações financeiras. A certificação executiva declara que o relatório cumpre as exigências de emissão de relatórios determinados pela SEC e que representam adequadamente a condição financeira da organização, bem como os resultados de suas operações.

O não cumprimento dessa exigência tem um alto preço: multas de até US$5 milhões e até vinte anos de prisão podem ser as penas impostas para o descumprimento intencional. Essa é uma medida que sustenta a engrenagem da Lei Sarbanes-Oxley.

No entanto, muitas empresas adotaram uma estratégia que prioriza o cumprimento da seção 302, uma vez que essa seção já está em vigor desde agosto de 2002. Contudo, é importante verificar que o direcionamento individual das seções

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da Lei Sarbanes-Oxeley constitui um processo ineficiente e provavelmente contraproducente. Podemos apresentar sólidos argumentos para integrar as medidas de cada uma delas em uma estrutura de controles internos mais ampla e robusta, o suficiente para a tender às exigências de todas as seções.

1.7 Aplicação da Lei Sarbanes-Oxley

Segundo a Deloitte4, para visualizar como será a organização depois que o programa de controles internos estiver operando normalmente, é importante projetar a aplicação da Lei Sarbanes-Oxley visando o seguinte:

a) uma forte estrutura de controles internos que ajude a manter a companhia na direção do crescimento e da lucratividade;

b) procedimentos que permitam cumprir as novas exigências para a emissão de relatórios e divulgação decretada pela lei;

c) uma estrutura que resista ao exame minucioso de seu auditor independente, da SEC e outros órgãos reguladores;

d) maior confiança dos investidores na companhia;

e) a companhia tornando-a uma empresa líder, reconhecida pela governança corporativa, conhecida pela qualidade e integridade de seus relatórios financeiros;

f) um fluxo de informações ampliado que permita a tomada de melhores decisões empresariais; e

g) a restauração do crédito e da confiança no mercado de ações, conquistadas pelos executivos da corporação, por terem abraçado o processo com seriedade e responsabilidade.

Além disso, a Lei Sarbanes-Oxley exige que um auditor independente da companhia preencha um relatório individual, que ateste a avaliação da administração sobre a eficácia dos controles e procedimentos internos para a emissão de relatórios

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financeiros. Para isto é necessário apresentar toda a documentação das transações ao auditor.

Cabe lembrar que, quando os auditores independentes emitem opinião acerca das demonstrações financeiras, não estão validando a estrutura de controles internos. Portanto, os procedimentos de testes que executam não são desenhados para atender às exigências da certificação.

Para que o auditor independente faça essa certificação é preciso adotar uma estrutura de controles internos que contenha critérios objetivos os quais possam ser medidos e avaliados. Fala-se que as recomendações do Committee Sponsoring Organizations of the Treadway Commission - COSO (Comitê das Organizações Patrocinadoras) surgirão como a estrutura mais utilizada com maior freqüência pelos órgão da companhia que efetuam os registros das operações.

A avaliação fornecida aos auditores independentes deve ser substantiva, bem documentada e abrangente, com uma lista resumida de item, conforme recomenda a Deloitte5 :

a) informações acerca do ambiente de controles gerais da companhia;

b) descrição do processo adotado pela administração para identificar, classificar e avaliar riscos que possam impedir que a companhia alcance seus objetivos de emissão de relatórios financeiros;

c) descrição completa dos objetivos de controles criados pela administração para direcionar os riscos identificados e as respectivas atividades de controle;

d) descrição dos sistemas de informática e procedimentos de comunicação adotados para fornecer suporte ao tópico anterior;

e) resultados e documentação de suporte da avaliação mais recente feita pela administração sobre a eficácia do desenho e das operações das atividades individuais de controle;

4DELOITTE. Lei Sarbanes-Oxley: Guia Para Melhorar a Governança Corporativa Através de Eficazes Controles Internos. Rio de Janeiro, maio/2003, p.8

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f) relação de todas as deficiências encontradas no desenho e na implementação das atividades de controle, bem como os procedimentos propostos para sua correção;

g) descrição do processo adotado para comunicar deficiências significativas e insuficiências materiais aos auditores independentes e ao Comitê de Auditoria;

h) descrição dos procedimentos de monitoramento executados para assegurar que a estrutura de controles internos está operando conforme planejado e que os resultados dos procedimentos de monitoramento são revisados e executados; e

i) descrição do processo de criação da divulgação e das atividades de controle relacionadas.

As empresas que estão obrigadas a observar a Lei Sarbanes-Oxley são aquelas que têm títulos negociados na Bolsa de Valores de Nova Iorque. No Brasil, podemos citar empresas como a Embratel, Vale do Rio Doce, dentre outras.

5 DELOITTE. Lei Sarbanes-Oxley: Guia Para Melhorar a Governança Corporativa Através de Eficazes Controles Internos. Rio de Janeiro, maio/2003, p.10

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CAPÍTULO II

GOVERNANÇA CORPORATIVA

2.1 Vincular a Governança às Atividades de Controle

A Lei Sarbanes-Oxley torna os executivos explicitamente responsáveis por estabelecer, avaliar e monitorar a eficácia da estrutura de controles internos das companhias. Para muitos executivos, as complexidades que envolvem o cumprimento das regras e as implicações de seus descumprimentos podem ser desanimadoras.

Contudo, a situação pode não ser tão “grave” quanto se imagina. Isso porque quase todas as companhias de capital aberto já têm algum tipo de estrutura de controles internos. Por exemplo, sempre que um membro do Departamento Financeiro utiliza uma senha exclusiva para obter acesso ao sistema financeiro da companhia, um controle está sendo executado.

Além disso, a maior parte das companhias já implementou algum nível de monitoramento. Utilizando o exemplo mencionado, sempre que um supervisor revisa os registros do usuário para verificar se o acesso apropriado ao sistema está sendo mantido, ocorre um monitoramento.

Embora a situação possa não ser tão crítica, está longe de ser ótima. Em muitas companhias existe uma lacuna significativa entre os funcionários que executam as atividades de controles e os executivos que tomam as decisões estratégicas de governança.

A maior parte das companhias não tem – e antes da Lei Sarbanes-Oxley não estava obrigada a ter – um vínculo direto das atividades de governança da Diretoria e da Alta Administração com as atividades de controle da organização. Mas agora é importante para o cumprimento das regras que se estabeleça esse vínculo, já que a lei exige que os altos executivos demonstrem, pelos registros, o quanto sua estrutura de controles internos está funcionando bem.

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A finalidade das atividades de governança é fornecer uma visão geral de um programa de controles internos e infra-estrutura que as companhias podem adaptar aos seus recursos, processos e tecnologias já existentes e fornecer o vínculo inexistente que conecta atividades de controle sólido com governança corporativa.

É recomendável a formação de comitês, adoção dos princípios que devem ser observados e as informações que devem ser obtidas. Além disso, é necessário mapear – passo a passo – uma trajetória que conduza a uma ampliada estrutura de controles.

Os benefícios podem exceder o simples cumprimento da Lei Sarbanes- Oxley. Na verdade, uma forte estrutura de controles internos pode auxiliar a companhia a:

a) tomar melhores decisões operacionais e obter informações mais pontuais;

b) conquistar (ou reconquistar) a confiança dos investidores;

c) evitar evasão de recursos;

d) cumprir leis e regulamentos aplicáveis; e

e) obter vantagem competitiva através de opções dinâmicas.

No entanto, as companhias que se negam a instituir os controles exigidos pode se colocar em situações similares àquelas que levaram à promulgação da lei, podendo acarretar:

a) maior exposição à fraude;

b) penalidades impostas pela SEC;

c) publicidade desfavorável;

d) impacto negativo sobre o valor do acionista; e

e) queixas de outras ações judiciais impetradas por acionistas.

2.2 Regulamentação Profissional

(28)

A Lei Sarbanes-Oxley trará, se implementada como pretendida, impacto significativo não somente nos Estados Unidos da América, mas também na profissão contábil em nível mundial.

A lei está direcionada para aplicação em empresas americanas com investimentos populares e suas respectivas firmas de auditoria, quer baseadas nos Estados Unidos da América ou não.

Auditores de empresas norte-americana que possuem investimento popular estão proibidos de prestar serviços diversificados a seus clientes de auditoria. Os serviços incluem, segundo Cerqueira6, os seguintes pontos:

a) contabilidade, tecnologia da informação, avaliações, serviços atuariais, auditoria interna, gestão de recursos humanos e outros a serem determinados pelo recém criado Comitê de Erros Contábeis em Empresas Públicas;

b) ao invés de ser contratada e reportar-se à Gerência do Cliente, a firma de auditoria será indicada e de responsabilidade de um Comitê de Auditoria;

c) todos os serviços prestados pelos auditores externos terão que ser pré- aprovados pelo Comitê de Auditoria;

d) introduz severas penalidades individuais para aqueles que falharem na manutenção e revisão de papéis de trabalho, destruição de registros, cometerem fraudes de segurança ou falhas na divulgação de fraudes;

e) presidentes e diretores financeiros de empresas terão que certificar que as Demonstrações Contábeis estão “materialmente corretas” e “representam verdadeiramente” a situação da companhia; e

f) a Gerência de Auditoria terá que avaliar a responsabilidade sobre a efetividade de funcionamento da estrutura de controles internos e dos procedimentos para elaboração e apresentação dos relatórios contábeis e financeiros.

Convém registrar que o impacto da introdução desta lei foi rapidamente percebido em diversas partes do mundo, aumentando o questionamento sobre a

(29)

independência dos auditores, a qualidade das auditorias e da governança corporativa.

2.3 A Lei Sarbanes-Oxley e o Regime Jurídico do Mercado de Capitais Brasileiro

O interessante é que, embora o arcabouço jurídico brasileiro ainda esteja vinculado aos valores do século XIX, pois o Código Comercial vigente foi editado em 1850, ao menos em matéria de direito financeiro, esse Código há muito tempo está à frente do dos Estados Unidos, conforme noticiou o Jornal da Tarde em sua edição de 19 de maio de 2003.

Em que pese o fato do mercado acionário brasileiro estar num patamar de desenvolvimento infinitamente inferior ao do norte-americano, cumpre observar que várias regras estabelecidas pela nova Lei Sarbanes-Oxley já haviam sido instituídas no Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM há mais de dois anos e, também, pela Lei das Sociedades Anônimas, de 1976, de 15/12/1976, recentemente alterada pela Lei nº 10.303/01, de 31/10/2001.

Essas regras são semelhantes às impostas pela Lei Sarbanes-Oxley, não permitindo às empresas de auditoria contábil de prestarem simultaneamente serviços de consultoria econômica e financeira para o mesmo cliente, sob pena de abertura de inquérito e suspensão de atividades.

Como a matéria é técnica e complexa, na época, a imprensa não destacou essa iniciativa moralizadora e preventiva nem, muito menos, noticiou a reação das firmas de auditoria. Sob alegação de que estão sujeitas às normas de conduta estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, as firmas de auditoria

6 CERQUEIRA. E. S. Regulamentação Profissional: Lei Sarbanes-Oxley. Disponível

<www.rbai.com.br/noticia/exibe>

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questionaram na justiça a competência da CVM e conseguiram uma liminar que posteriormente foi indeferida pela Justiça Federal.

É importante destacar, nesse ponto, que as diretorias de companhias brasileiras são responsáveis pela elaboração dos balanços, os quais devem ser assinados por administradores, nos termos dos artigos 142, V e 176, respectivamente, da Lei das Sociedades Anônimas.

Na realidade, a CVM, desde 1999, através da Instrução Normativa nº 308/99 de 14/05/1999, determinou que as empresas de auditorias não poderiam prestar serviços de consultoria ou outros serviços que possam caracterizar a perda de sua objetividade e independência. A vigência, nesta parte da Instrução, estava suspensa por liminares obtidas por empresas de auditorias.

Contudo, em outubro de 2002, a CVM obteve algumas vitórias nos tribunais, e a proibição de empresas de auditorias realizarem serviços conflitantes com os serviços de auditorias prestados às empresas foi praticamente restabelecida.

As vitórias vêm ao encontro com outras medidas que a CVM vinha tomando para intensificar a transparência e a independência das auditorias externas, como, por exemplo, a proposta de instrução que estava sendo discutida e que exigia das empresas de auditorias a informação em notas explicativas dos balanços auditados se os seus auditores prestam algum outro tipo de serviço para a companhia.

A CVM vem alinhando os procedimentos contábeis vigentes no Brasil com as práticas internacionais do International Accounting Standards Board - IASB (Conselho Internacional dos Padrões de Contabilidade). Prova disso está no Projeto de Alteração nº 3.741/2000, da Lei das Sociedades Anônimas, que passou a vigorar a partir de sua publicação em 11/12/2002, visa, entre outras medidas, alterar critérios de contabilização das aplicações financeiras, tais como: títulos e ações das companhias abertas, que deverão ser contabilizados pelo valor de mercado, e, ainda, a proibição de reavaliação de ativos imobilizados.

2.4 Estabelecer um Código de Ética

(31)

A administração é responsável por certificar-se de que todos os integrantes da organização, do Diretor Executivo aos funcionários que ocupam cargos inferiores, conheçam o Código de Ética e também se comportam de acordo com esse código.

É possível fazer isso do mesmo modo que se estabelece os controles internos eficazes: doutrinando, modelando, instruindo e infiltrando.

É indispensável certificar-se de que todos compreendem, em termos concretos, o que devem fazer para cumprir o código. Pode ser de grande valia desenhar várias ilustrações que definam o comportamento apropriado para as pessoas que exercem diferentes atividades corporativas, de modo que cada funcionário saiba o que significa comportamento ético em relação ao seu próprio trabalho.

A dificuldade para implementar a ética corporativa não reside somente na resolução de questões, mas, em primeiro lugar, na identificação dessas questões.

Nesse atual ambiente operacional, em que há incontáveis sombras cinzas e poucas cores bem definidas, é quase impossível prever todas as situações que apresentam um dilema ético. Os esforços devem se concentrar no auxílio ao funcionário para identificar essas situações potencialmente espinhosas e os encoraje a procurar diretrizes através dos mecanismos estabelecidos para reportá-las.

2.5 Formalizar Controles Operacionais e de Cumprimento de Regras

Embora a Lei Sarbanes-Oxley tenha discutido vários controles – controles de divulgação e emissão de relatórios financeiros foram os mais proeminentes – outros controles também merecem a nossa atenção

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Recomendamos que seja aproveitada a oportunidade, já que está adaptando os sistemas e procedimentos para cumprir as exigências da Lei Sarbanes-Oxley, para consolidar o gerenciamento dos controles operacionais e de cumprimento de regras dentro da mesma infra-estrutura de seus controles de divulgação e emissão de relatórios financeiros.

A formalização de procedimentos similares, em torno de seus controles operacionais e de cumprimento de regras, propiciará maior confiança em sua capacidade operacional de evitar e obstáculos nessas esferas.

2.6 Comparações entre a Lei Sarbanes-Oxley e a Legislação Brasileira

A assinatura dos relatórios já é prevista no Brasil, mas a Lei Sarbanes-Oxley vai além e obriga o administrador a responsabilizar-se pelos procedimentos internos e divulgação de material financeiro. Empresas que negociam ações nos Estados Unidos da América pretendem pedir à SEC que o Comitê de Auditoria seja substituído pelo brasileiro conselho fiscal. Dentro desse

contexto, relacionamos as principais exigências da lei em comparação com a legislação vigente no Brasil, de acordo com a matéria publicada em janeiro de 2003, pela revista Mundo Corporativo7 .

7 MUNDO CORPORATIVO nº 1- Sarbanes-Oxley: Em Busca das Melhores Práticas de Governança Corporativa. Janeiro/2003. P 27

(33)

Quadro Comparativo entre a Lei Sarbanes-Oxley e a Legislação Brasileira (*)

SARBANES-OXLEY NO BRASIL

1 - Certificação pelos Diretores Executivo e Financeiro dos relatórios

anuais.

2 - Todas as empresas deverão ter comitês de auditoria formados, apenas,

por membros independentes.

3 - Empresas estarão proibidas de conceder empréstimos a executivos.

4 - Controles internos serão divulgados em relatórios específicos,

com os relatórios anuais.

5 - Empresas terão de informar se adotaram ou não um Código de Ética

para administradores financeiros sêniores. Caso não, deverão explicar a

razão.

6 - A SEC promulgará regras adicionais para divulgar informações não contabilizadas sobre dados “pró-

forma” e ajustes relevantes nos balanços.

7 - A SEC revisará os relatórios arquivados pelas empresas registradas

ao menos uma vez a cada três anos.

8 - Os auditores de empresas abertas não poderão fornecer serviços de consultoria e outros serviços proibidos

pela legislação às empresas por eles auditadas.

1 - Administradores e contadores assinam os balanços. Administradores

são responsáveis pela precisão das declarações. Diretores ou conselheiros que estejam cientes de imprecisões nos

balanços devem informar o fato aos acionistas.

2 - Não há exigência para formação de comitês, apenas uma recomendação da

CVM na cartilha de governança corporativa. Existem os conselhos fiscais, cujos membros não pertençam

necessariamente ao Conselho de Administração e não precisam ser

independentes.

3 - Não há proibição de empréstimos para conselheiros e diretores se contratados a taxas de mercado.

4 - Não há previsão para divulgação de controles internos.

5- Não é obrigatória a formulação de um Código de Ética.

6 - Cartilha de governança corporativa da CVM recomenda que informações não contabilizadas sejam divulgadas nas notas explicativas. Não há exigência

para informações “pró-forma” ou para ajustes relevantes nos balanços.

7 - Não há regras equivalentes.

8 - A CVM estabelece que auditores não

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9 - As empresas serão obrigadas a revezar o sócio auditor a cada cinco

anos.

10- A SEC promulgará regras para restringir os conflitos de interesses relativos às recomendações de ações

dos analistas.

11– Os advogados ao saberem de uma violação legal por parte de seus clientes

relatarão o ocorrido ao diretor jurídico ou ao Diretor Executivo e, em última instância, ao Comitê de Auditoria ou

outros conselheiros.

podem oferecer outros serviços que prejudiquem a objetividade e independência da atividade de auditoria.

9 - Empresas são obrigadas a revezar as firmas de auditoria a cada cinco anos.

10 - Não há legislação a respeito.

11- Não há previsão legal da obrigatoriedade do relato.

(*) Fonte: Mundo Corporativo nº 1. Sarbanes-Oxley: Em Busca das Melhores Práticas de Governança Corporativa . Janeiro/2003.

2.7 Comprometimento e Organização

Antes de iniciar o projeto de controles internos, como exige a Lei Sarbanes- Oxley, uma avaliação informal pode ser bastante útil para compreender como a lei se aplica à companhia – com base em suas características operacionais – o que poderá favorecer o desenvolvimento do plano de ação.

Embora provavelmente todas as companhias de capital aberto necessitarão fazer ajustes antes de poder avaliar e certificar, com segurança, a eficácia de seus controles internos, é óbvio que algumas delas precisarão fazer mudanças consideráveis que outras. Em grande escala, a natureza das operações ditará o escopo das mudanças necessárias.

Por exemplo, é possível que uma companhia altamente descentralizada necessite de uma resposta mais elaborada para as medidas da Lei Sarbanes-Oxley, acerca dos controles internos do que um registrante com característica mais simples.

(35)

O porte da companhia e a sua complexidade apresentam um paradoxo interessante. Via de regra, a implementação de controles internos em uma companhia de menor porte é mais fácil, já que há um número menor de pessoas, divisões, processos, etc, para acomodar. Contudo, com freqüência, esse tipo de companhia possui uma infra-estrutura tão informal que precisa de ações corretivas significativas.

No outro extremo, companhias globais que devem instituir atividades de controle em múltiplas localidades podem encontrar um desafio significativo, já que tentam conciliar vários sistemas e procedimentos em toda a empresa. Além disso, essas companhias enfrentam os desafios de regulamentações específicas a cada país e culturas distintas. Essas companhias de grande porte podem se beneficiar da uniformidade do enfoque e da consistência da aplicação que seu programa de controles internos pode gerar.

As regulamentações restritas ao ramo de atividade representam outra variável. Por exemplo, instituições depositárias que estão sujeitas às medidas editadas, em 1991, pela Federal Deposit Insurance Corporation Improvement Act – FDICIA (Sociedade Federal de Seguros de

Depósito – Lei de Melhoria) tiveram de sujeitar-se às regras para a emissão de relatórios de controles internos similares às da Lei Sarbanes-Oxley nos últimos dez anos. Ainda assim muitas instituições depositárias precisarão fortalecer seus programas para avaliação da eficácia dos controles internos que, segundo a lei, devem agora levar em consideração os controles e procedimentos de divulgação.

2.8 Comprometimento com a Tarefa

Com o entendimento do esforço, que as companhias provavelmente terão de fazer, é necessário estar pronto para começar. E esse processo somente poderá ser iniciado por um lugar – pela Alta Administração da companhia.

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O Diretor Executivo e o Diretor Financeiro devem determinar a conduta e iniciar o curso de ação. O Conselho de Administração também desempenha um papel importante, embora não seja diretamente responsável pela implementação da Lei Sarbanes-Oxley, deve supervisionar o compromisso da companhia com a tarefa, e manter-se informado sobre o desenvolvimento do programa de controles internos.

É evidente que, para participar efetivamente, o Diretor Executivo, o Diretor Financeiro e o Conselho de Administração devem ter conhecimentos suficientes da lei. Se forem necessárias sessões de instruções para facilitar esse trabalho, elas devem ser programadas.

Uma vez que os membros do Conselho de Administração tenham uma apreciação completa das demandas da lei, o Diretor Executivo e o Diretor Financeiro devem formalmente comprometer a companhia com a tarefa e reconhecer a responsabilidade por assegurar o cumprimento das regras.

Em seguida, deve ser emitido um comunicado formal para a Alta Administração e funcionários. Esse comunicado deve incluir diretrizes para o cumprimento das medidas da lei, uma definição da tarefa a ser empreendida, instruções gerais e ampla designação de recursos.

2.9 – Instituição de Comitê Diretor de Trabalho

É recomendável a instituição de um Comitê Diretor de Trabalho, para supervisionar e coordenar todas as atividades relacionadas com a lei, incluindo aquelas que excedem o escopo das seções 302 (impõe novos níveis de responsabilidade aos diretores executivos e financeiros) e 404 (determina a diretores e conselheiros penalidades por violação de desvio de conduta), em toda a organização.

Os membros do Comitê Diretor de Trabalho devem ser instruídos acerca da imagem global da companhia, integrar a implementação da estratégia da empresa,

(37)

ter autoridade para tomar decisões críticas e direcionar recursos onde e quando necessário.

Numa companhia de menor porte, o Comitê Diretor de Trabalho pode ser formado de apenas duas pessoas, que irão certificar a eficácia dos controles internos – o Diretor Executivo e o Diretor Financeiro.

Segundo a Deloitte84, as funções do Comitê Diretor de Trabalho deverão incluir as seguintes funções em suas atividades:

a) estabelecer parâmetros dentro dos quais o Comitê de Divulgação irá operar;

b) identificar as pessoas necessárias para alcançar os objetivos; e

c) manter o Conselho de Administração e a administração informados sobre o processo.

As deliberações e ações do Comitê Diretor de Trabalho, bem como aquelas de qualquer outro grupo que esteja trabalhando no cumprimento das regras, devem ser documentadas. Um registro expresso pode servir como mapa para colocar os objetivos em execução. É de bom alvitre consultar o Conselho Jurídico em relação à natureza e abrangência da documentação.

2.10 Riscos Econômicos x Riscos Jurídicos

O valor de mercado das ações das companhias negociadas sofreu uma depreciação de aproximadamente US$5 trilhões. De março de 2000 a junho de 2002, num universo de 8.572, reduziu-se em 1.209 o número de companhias listadas para negociação em ambientes bursáteis da cidade de Nova Iorque, segundo Cordeiro95.

8 - DELOITTE. Lei Sarbanes-Oxley: Guia Para Melhorar a Governança Corporativa Através de Eficazes Controles Internos. Rio de Janeiro, maio/2003, p.12

5 9 - CORDEIRO. F°. A. Responsabilidade Quanto a Informações e Fraudes no Mercado de Vendas: O Novo Regime Jurídico da Lei Americana. Carta Mensal nº 574. Rio de Janeiro, janeiro/2003. p.25

(38)

Os números negativos informados não apontam para vícios na causa jurídica de negócios realizados nas bolsas. As correções de mercado representam riscos, embora tenham suas terríveis conseqüências econômicas. Ainda sob esse enfoque, havendo um sistema de informações confiável, o mercado reflete riscos econômicos gerais, setoriais e empresariais espelhados nas demonstrações financeiras e em outras informações.

O mercado corrige, igualmente, seus próprios excessos em termos de como as pessoas investidoras projetam em suas próprias decisões os números e informações tornadas públicos.

O risco jurídico de progressão indefinida dos ilícitos no mercado de valores passa a ser uma das considerações prioritárias. Investidores institucionais e pessoas físicas de todas as partes do mundo aplicam recursos em ações, nos pressupostos de sua negociabilidade naquela jurisdição com uma estrutura jurídico-informacional apropriada e de execução da lei rigorosa, como a Sarbanes-Oxley.

Assim, nenhuma jurisdição pode ser indiferente ao desenvolvimento, das providências legislativas. Atenção especial foi, inicialmente, concentrada no conluio lesivo e veiculação de informações insuficientes, imprecisas ou enganosas no mercado de centenas de novos lançamentos de ações. Alastrou-se para outras áreas, em face de recomendações de analistas sob suspeição. As agências classificadoras de risco também têm sido alvo de substanciosas reclamações.

Pende, assim, sobre o mercado de capitais norte-americano, tido como paradigmático, uma ameaça de erosão da confiança, impensável em face à sua importância para a vida de todos os

americanos, investidores diretos ou não, e para outros importantes atores nos mercados internacionais de capitais. A Lei Sarbanes-Oxley veio consolidar a confiança dos americanos nesses tipos de mercado.

Na realidade, a magnitude e força dos fatos econômicos-financeiros subjacentes foram de tal ordem que a indumentária legal e regulamentar se mostrou

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pequena para vesti-los com a segurança jurídica informativa necessária, enfraquecendo o aspecto preventivo, antes que tivessem sucesso e propósitos oportunísticos de ganhos ilícitos desmesurados. No caso, ficou clara a necessidade de tornar proporcional a atuação estatal repressiva, no âmbito legislativo, com a edição da Lei Sarbanes-Oxley.

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