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Rev. Bras. Enferm. vol.44 número1

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Academic year: 2018

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RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE: UM DESAFIO ESTRATÊGICO PARA A

QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE SAÚDE E PARA A ORGANIZAÇÃO DO SUS

- com ênfase na Enfermagem

- Subsídios para a discussão e análise da proposta do

MS/FNS/DPO sobre Agentes Comunitários de Saúde

1 INTRDUÇÃO

Imortante ressltr que os problemas que hoje confomm a situação de cursos humanos em saúde não ão recenes, como tmbém não são resultantes aenas ds deterinçes intrnsecas da ra. Ao con­ trio, as distorçes atuis são expesões inequívcs da adoção de olíicas setoriais que pivilegiam: a di­ cotoia históica ene ações curaivs individuais e coletivas de saúde púbica, a dcminação da oferta de erviços

à populção em função da sua imortância

relaiva pra o setor conÔi:o, a progressiva simpli­ icção de pcedimentos nos erviços básicos de saú­ de e a dminuição ercentul progessiva dos recuros inncos pra o setor proprimente dito.

Assim é que, se or um lado o etor privado e expande, principlmente nos centros urbanos de re­ giões sul/sudeste, absorve tecnologia e oferce ervi­ ços escidos digidos

à

prcela minoritária da populção, o setor público vem sendo gradaivamente desquliicado, cobindo, com limites e restriçes téc­ nico-innceiras, a gande maioria da opulação.

O setor público vem, desde tempos anteriores, cumpindo açes "delegads" ou relegadas elo etor privdo. Com o prcesso-proposta de uniicação dos serviços de saúde (SUS) inda que até o momento seja pcil e frágil, o problema de rcusos humanos -foação/qualiicação/administrção - ica mis evi­ dente e as distorções se agudizm.

Soma-e a tudo isto, a debilidade do núcleo prin­ cipal de enfentento e solução destes pobleas - o MUNICfPIO - onde a disonibilidade de rcursos i­ nnceiros pra invesimentos na a scil, em ese­ cil, de saúde e educção - é consideada caóica. Os problemas que podem ser enumerados em relação aos rcursos humanos de saúde são múliplos. Como exemplos vlem lembrr: a heteronomia sll; as jornads de trablho de 1 2, 20, 24, 30, 40, 44 e até 48 hors; critérios arbitrários pra senção funcionl; auência de Plno de Creir, Cargos e Saios -PCCS; flta de avaição de deemenho ou avaliações sem critérios explícitos; ausência de direrizes e princípios técnico-insitucionis no prcesso de con­ tratação, ecrumento e eleção; contratação or, clieneismo; bxos slios; auência de uma políica de educação coninuada; olo de força de tra­ blho em saúde expesa na picipção majoitia e

* Psi4ene a ABEn Nciol

* * Cordenaoa a oso e Seviço a ABEn Ncionl *** Cordenadoa a so de Edulo a ABEn Nciol

Stella Maia P. F. Barros* Nir Fábio da Silva**

Maria Auilidora C. Chistófaro***

isolada de médicos e essoal em fomação escica (atendentes, agentes de aúde, agentes comunitários e similares); sobecarga de trabalho para lguns pois­ sionais ou ocupcionais com conequente sub-ui­ zação de outos; excesso de proissionais/ocupacionais no cômputo geral e deiciência em setores básicos e essenciais.

Somm-e a tudo isto a situação global e el de crise econômica do País, que indica a insuiciência das políticas e rcursos na a de educação, segurança pública, transorte, moradia, trablho e infra-estru­ tura de mdo geral, que comõem uma situação onde as condiçes de vida fundmentais para asegurar ao cidadão individualmente e a opulação em gerl, as bses pra a sua saúde e educação, confnads na Consituição Brsileira e na Lei Orgânica de Saúde (LOS - lei n2 8.080/90) completam um quadro que exige imdiaa e urgente solução.

Percee-se a adoção, até mesmo implntação de medids comensatórias etois e desariculds, a exemplo do pogrma nacionl de alfaetizção e adultos tendo como referência "canteiros de obs" e o Poga Ncional de Agentes Comuitios de Saúde (PNACS). O pimeiro objeivando a oluço do grnde desio que repeenta os quse 30 lhes de anlfaetos e o egundo, obeivndo elhoar a "ca-. pcidade da populção em cuidr da sua saúde tns­ miindo-lhes infoes e conhcmentos, lém de poporcionr a igção ente a comunidade e os ervi­ ços de aúde".·

Sobe estes agentes o PNACS infoa que tis trablhadores não subsituirão nenhum dos atuis pro­ issionis do etor aúde existentes, ms sim peen­ cherão um "vaio".

(2)

fla

de

so

na não esoluividle dos Serviços,

considerndo s

ncessiddes

e

demnds de saóde

pevlentes de uma eião e a não incororção de tecnologias apopadas? Na hist6ica absoão clen­ teista de mão de oba não quai<da? Na flta de or­ ganizção do póprio etor? Na auência de rcursos innceios faciitndo a desiculção e a deage­ gção dos vários níveis de erviços?

Alguns aviadoes aontam pra os imortntes resultados do trablho de agentes comunitios em municípios espcicos. Não se petende nestas consi­ deraçes, �onsentá-Ios,aenas mr que as propos­ tas e anlies soejmente feits, espcialente a par­ tir da década de 70/80, aontam para estatégias que serão expicitadas no decoer do presente dcumento.

2

O PROGRAMA NACIONAL DE AGENTES

COMUNITÁRIOS DE SAÚDE - PNACS

A proposta do PNACS, inicimente, é treinr 45.00 Agentes Comunitários de Saóde - ACS para a Regão Nordeste do Ps, estendendo-se em 1992 a parte da região norte e ao Distito Federl, bem como para a periferia das gandes capitis e áras caentes do Pís.

A argumentação govenamental para a concepão e excução do Programa é que os ACS, ofeecendo o população pcedimentos simpliicados

. de aç:s de saóde contribuirão para diminur a morbl-moidade no P

Í

s. Ao mesmo tempo, explicita: que o ACS deve saber ler e ecrever, ter mis de 18 anos e morr na comunidade há pelo menos 2 anos; ralizr ações e aividades básicas de saóde a exemplo de acompanha­ mento a gestantes e nutrizes, cescimento e d

.esen�ol­ vimento da criança, controle das denças dlrrelcas, infecções respirat6is agudas e outras atividades er­ inentes com sua fomação, que erá de 80 horas te6-ica e 40 horas de práte6-ica, o que corresonde a 2 me­ ses de treinamento. Está configurado, desta foma, a poposta do Ministéio da Saóde em relção a recursos humanos, elo menos a "nível eleme�tar", quando as Mets desta a escica conids no Plano Qüinqüenal de Saóde 90/95 dizem entre

us:

"aoio à estruturação dos nócleos de desenvolmento de cursos humnos, para a peparção 10% do es­ sol técnico envolvido na pestação direta de ssistên­ cia à aóde inclusive aquele elcionado com o meio ambiente,

q

ue tenha impacto sobe deeinados

pa-·tologias prevlentes7• _

Assim é que essa proposta de fomaçao de ACS meece lgums considerções especicas e pricula­ res, lém dquelS geris referids no início deste Do­ cumento.

O Ministéio da Saóde, ao fomular poficas para o setor, revive a conceção de atenção pimária de saóde dos nos 70, quer como "nível de atençio" -limitado à noção técnico-administraiva sobe c�mo deve ser o contato dos indivíduos! grupos com o siste­ ma de aóde - quer como "progrmà' - de baixo custo com tcnologia simpiicada, com pessol de baixa' quiicação, em acesso a níveis de maior com­ plexidade e com a ret6rica de picipação popular.

Neste enido, regide a mis de 2 décadas na conceçãó de fomulação de polficas de saóde e na criação de progrs de teinmento de recursos hq­

manos, esecimente de nível elementar.

8 R. Bs. Efem., Bsia, 4, (1): 7-9,

jnJr.

1991

Histoicene, io Brsil, a expnão da red� póblica de aóde e deu .s custs de progs que enfazm a simpliicção de pocedimentos, pois não se bucava a integrlidade da assistência.

Assim é

que

vios foram os Pogrmas de Trei­ nento

de

tablhdores paa atender a esss pro­ poss, a exemplo do Pograma de Desenvolvmento Rurl Integrado - PDRI, Progrma de Inteioização das Açes de Saóde e Sanemento - PIASS, Progra­ ma de Preparação Estratégica de Pessol de Saúde -PREPS, Pogrma Intensivo de Mão de Obra - PIP­ MO, todos treinamentos de curta duração, onde os treinados deverim, nos serviços, desempenhar tarefas simples, a exemplo da atul poosta de agentes co­ munitáios de saúde.

Nese senido, a proposta de teinmento dos ACS confoma uma das lternaivas possíveis do po­ cesso de Municipaização levado a efeito pelo �oveno federal, e anisdo por MENDES·, como' a pes­ tação de seviços", uma práica de municipção onde não há transferência de gestão para o município; nem mudançs no modelo ssistencial - mntém por­ tanto a situação atul.

Assim, esa "foma de municipalização" é fun­ cional ao pojeto neo-ieral da aóde, poque implica em umá outa opção básica das polficas sociis do neo-ieraismo, que é a focalizção, o que signiica, um ouquinho a muitos·.

Eses pograms de treinamento determinaram distoções na estrutura ocupcional do setr, ao incor­ porar à força de trabalho em saóde, um enome con­ ingente de essoal em quliicação esecica (cerca de 30.00 trabalhadores").

Aear desta flta de qualiicação esecica eses trablhadores desenvolvem çes que exigem capaci­ dade de obervação, de juzo e de excução. Ademis, as ações realizadas por esses trablhadores aumentam siniicaivmente à produividade do etor - aer da bixa eicácia e eiciência - ao tempo em que trz como resultado, iscos para os usuáios.

Aiás, a 16gica da produtividade, presente até bem pouco tempo nas nsituiçes pivadas que vendm seus seriços ao Esado, aesar das críics, hoje é in­ duida ra os erviços públicos, mediante mecanis­ mos de repse fmanceo como a UCA * e a AIH**

pública. .

Uma outra questão que agrava essa situação é que não há garanis de que esses ACS erão absorvidos pels instituições envolvids com o pograma, a medi­ da que se colca aens com a FNS*** está viabi-. ·zando a melhor foma de granir o salário mo· .�

Como se ae, os trablhadores de aúde sem quaii­ cação esecica lém de erem cientela cativa ds insituições, rcebem os mis baixos saláios dos tra­ blhadores do setor. Não possuem identidade de cate­ goria poisional e assim, não têm acesso aos Planos

de Crgos e Saláios". .

Como e pode observar, a dívida scil do Estado com eses trablhadoes é enome e a justiça que se deseja não virá com a aprovação do Ante-Pojeto de autoiro do deputado Geraldo Alckmin do PSDB, que petende insitur a proissão de Agentes Comu­ nitários de Saúde.

• UCA - Unidade de cobertura ambiental

Referências

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