RECURSOS HUMANOS DE SAÚDE: UM DESAFIO ESTRATÊGICO PARA A
QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE SAÚDE E PARA A ORGANIZAÇÃO DO SUS
- com ênfase na Enfermagem
- Subsídios para a discussão e análise da proposta do
MS/FNS/DPO sobre Agentes Comunitários de Saúde
1 INTRDUÇÃO
Imortante ressltr que os problemas que hoje confomm a situação de cursos humanos em saúde não ão recenes, como tmbém não são resultantes aenas ds deterinçes intrnsecas da ra. Ao con trio, as distorçes atuis são expesões inequívcs da adoção de olíicas setoriais que pivilegiam: a di cotoia históica ene ações curaivs individuais e coletivas de saúde púbica, a dcminação da oferta de erviços
à populção em função da sua imortância
relaiva pra o setor conÔi:o, a progressiva simpli icção de pcedimentos nos erviços básicos de saú de e a dminuição ercentul progessiva dos recuros inncos pra o setor proprimente dito.Assim é que, se or um lado o etor privado e expande, principlmente nos centros urbanos de re giões sul/sudeste, absorve tecnologia e oferce ervi ços escidos digidos
à
prcela minoritária da populção, o setor público vem sendo gradaivamente desquliicado, cobindo, com limites e restriçes téc nico-innceiras, a gande maioria da opulação.O setor público vem, desde tempos anteriores, cumpindo açes "delegads" ou relegadas elo etor privdo. Com o prcesso-proposta de uniicação dos serviços de saúde (SUS) inda que até o momento seja pcil e frágil, o problema de rcusos humanos -foação/qualiicação/administrção - ica mis evi dente e as distorções se agudizm.
Soma-e a tudo isto, a debilidade do núcleo prin cipal de enfentento e solução destes pobleas - o MUNICfPIO - onde a disonibilidade de rcursos i nnceiros pra invesimentos na a scil, em ese cil, de saúde e educção - é consideada caóica. Os problemas que podem ser enumerados em relação aos rcursos humanos de saúde são múliplos. Como exemplos vlem lembrr: a heteronomia sll; as jornads de trablho de 1 2, 20, 24, 30, 40, 44 e até 48 hors; critérios arbitrários pra senção funcionl; auência de Plno de Creir, Cargos e Saios -PCCS; flta de avaição de deemenho ou avaliações sem critérios explícitos; ausência de direrizes e princípios técnico-insitucionis no prcesso de con tratação, ecrumento e eleção; contratação or, clieneismo; bxos slios; auência de uma políica de educação coninuada; olo de força de tra blho em saúde expesa na picipção majoitia e
* Psi4ene a ABEn Nciol
* * Cordenaoa a oso e Seviço a ABEn Ncionl *** Cordenadoa a so de Edulo a ABEn Nciol
Stella Maia P. F. Barros* Nir Fábio da Silva**
Maria Auilidora C. Chistófaro***
isolada de médicos e essoal em fomação escica (atendentes, agentes de aúde, agentes comunitários e similares); sobecarga de trabalho para lguns pois sionais ou ocupcionais com conequente sub-ui zação de outos; excesso de proissionais/ocupacionais no cômputo geral e deiciência em setores básicos e essenciais.
Somm-e a tudo isto a situação global e el de crise econômica do País, que indica a insuiciência das políticas e rcursos na a de educação, segurança pública, transorte, moradia, trablho e infra-estru tura de mdo geral, que comõem uma situação onde as condiçes de vida fundmentais para asegurar ao cidadão individualmente e a opulação em gerl, as bses pra a sua saúde e educação, confnads na Consituição Brsileira e na Lei Orgânica de Saúde (LOS - lei n2 8.080/90) completam um quadro que exige imdiaa e urgente solução.
Percee-se a adoção, até mesmo implntação de medids comensatórias etois e desariculds, a exemplo do pogrma nacionl de alfaetizção e adultos tendo como referência "canteiros de obs" e o Poga Ncional de Agentes Comuitios de Saúde (PNACS). O pimeiro objeivando a oluço do grnde desio que repeenta os quse 30 lhes de anlfaetos e o egundo, obeivndo elhoar a "ca-. pcidade da populção em cuidr da sua saúde tns miindo-lhes infoes e conhcmentos, lém de poporcionr a igção ente a comunidade e os ervi ços de aúde".·
Sobe estes agentes o PNACS infoa que tis trablhadores não subsituirão nenhum dos atuis pro issionis do etor aúde existentes, ms sim peen cherão um "vaio".
fla
de
sona não esoluividle dos Serviços,
considerndo s
ncessiddes
edemnds de saóde
pevlentes de uma eião e a não incororção de tecnologias apopadas? Na hist6ica absoão clen teista de mão de oba não quai<da? Na flta de or ganizção do póprio etor? Na auência de rcursos innceios faciitndo a desiculção e a deage gção dos vários níveis de erviços?Alguns aviadoes aontam pra os imortntes resultados do trablho de agentes comunitios em municípios espcicos. Não se petende nestas consi deraçes, �onsentá-Ios,aenas mr que as propos tas e anlies soejmente feits, espcialente a par tir da década de 70/80, aontam para estatégias que serão expicitadas no decoer do presente dcumento.
2
O PROGRAMA NACIONAL DE AGENTES
COMUNITÁRIOS DE SAÚDE - PNACS
A proposta do PNACS, inicimente, é treinr 45.00 Agentes Comunitários de Saóde - ACS para a Regão Nordeste do Ps, estendendo-se em 1992 a parte da região norte e ao Distito Federl, bem como para a periferia das gandes capitis e áras caentes do Pís.
A argumentação govenamental para a concepão e excução do Programa é que os ACS, ofeecendo o população pcedimentos simpliicados
. de aç:s de saóde contribuirão para diminur a morbl-moidade no P
Í
s. Ao mesmo tempo, explicita: que o ACS deve saber ler e ecrever, ter mis de 18 anos e morr na comunidade há pelo menos 2 anos; ralizr ações e aividades básicas de saóde a exemplo de acompanha mento a gestantes e nutrizes, cescimento e d.esen�ol vimento da criança, controle das denças dlrrelcas, infecções respirat6is agudas e outras atividades er inentes com sua fomação, que erá de 80 horas te6-ica e 40 horas de práte6-ica, o que corresonde a 2 me ses de treinamento. Está configurado, desta foma, a poposta do Ministéio da Saóde em relção a recursos humanos, elo menos a "nível eleme�tar", quando as Mets desta a escica conids no Plano Qüinqüenal de Saóde 90/95 dizem entre
us:
"aoio à estruturação dos nócleos de desenvolmento de cursos humnos, para a peparção 10% do es sol técnico envolvido na pestação direta de ssistên cia à aóde inclusive aquele elcionado com o meio ambiente,q
ue tenha impacto sobe deeinadospa-·tologias prevlentes7• _
Assim é que essa proposta de fomaçao de ACS meece lgums considerções especicas e pricula res, lém dquelS geris referids no início deste Do cumento.
O Ministéio da Saóde, ao fomular poficas para o setor, revive a conceção de atenção pimária de saóde dos nos 70, quer como "nível de atençio" -limitado à noção técnico-administraiva sobe c�mo deve ser o contato dos indivíduos! grupos com o siste ma de aóde - quer como "progrmà' - de baixo custo com tcnologia simpiicada, com pessol de baixa' quiicação, em acesso a níveis de maior com plexidade e com a ret6rica de picipação popular.
Neste enido, regide a mis de 2 décadas na conceçãó de fomulação de polficas de saóde e na criação de progrs de teinmento de recursos hq
manos, esecimente de nível elementar.
8 R. Bs. Efem., Bsia, 4, (1): 7-9,
jnJr.
1991Histoicene, io Brsil, a expnão da red� póblica de aóde e deu .s custs de progs que enfazm a simpliicção de pocedimentos, pois não se bucava a integrlidade da assistência.
Assim é
que
vios foram os Pogrmas de Trei nentode
tablhdores paa atender a esss pro poss, a exemplo do Pograma de Desenvolvmento Rurl Integrado - PDRI, Progrma de Inteioização das Açes de Saóde e Sanemento - PIASS, Progra ma de Preparação Estratégica de Pessol de Saúde -PREPS, Pogrma Intensivo de Mão de Obra - PIP MO, todos treinamentos de curta duração, onde os treinados deverim, nos serviços, desempenhar tarefas simples, a exemplo da atul poosta de agentes co munitáios de saúde.Nese senido, a proposta de teinmento dos ACS confoma uma das lternaivas possíveis do po cesso de Municipaização levado a efeito pelo �oveno federal, e anisdo por MENDES·, como' a pes tação de seviços", uma práica de municipção onde não há transferência de gestão para o município; nem mudançs no modelo ssistencial - mntém por tanto a situação atul.
Assim, esa "foma de municipalização" é fun cional ao pojeto neo-ieral da aóde, poque implica em umá outa opção básica das polficas sociis do neo-ieraismo, que é a focalizção, o que signiica, um ouquinho a muitos·.
Eses pograms de treinamento determinaram distoções na estrutura ocupcional do setr, ao incor porar à força de trabalho em saóde, um enome con ingente de essoal em quliicação esecica (cerca de 30.00 trabalhadores").
Aear desta flta de qualiicação esecica eses trablhadores desenvolvem çes que exigem capaci dade de obervação, de juzo e de excução. Ademis, as ações realizadas por esses trablhadores aumentam siniicaivmente à produividade do etor - aer da bixa eicácia e eiciência - ao tempo em que trz como resultado, iscos para os usuáios.
Aiás, a 16gica da produtividade, presente até bem pouco tempo nas nsituiçes pivadas que vendm seus seriços ao Esado, aesar das críics, hoje é in duida ra os erviços públicos, mediante mecanis mos de repse fmanceo como a UCA * e a AIH**
pública. .
Uma outra questão que agrava essa situação é que não há garanis de que esses ACS erão absorvidos pels instituições envolvids com o pograma, a medi da que se colca aens com a FNS*** está viabi-. ·zando a melhor foma de granir o salário mo· .�
Como se ae, os trablhadores de aúde sem quaii cação esecica lém de erem cientela cativa ds insituições, rcebem os mis baixos saláios dos tra blhadores do setor. Não possuem identidade de cate goria poisional e assim, não têm acesso aos Planos
de Crgos e Saláios". .
Como e pode observar, a dívida scil do Estado com eses trablhadoes é enome e a justiça que se deseja não virá com a aprovação do Ante-Pojeto de autoiro do deputado Geraldo Alckmin do PSDB, que petende insitur a proissão de Agentes Comu nitários de Saúde.
• UCA - Unidade de cobertura ambiental