• Nenhum resultado encontrado

O PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS E O SEU REFLEXO NA POLÍTICA DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO: O CASO DO CAMPUS PINHEIRO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "O PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS E O SEU REFLEXO NA POLÍTICA DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO: O CASO DO CAMPUS PINHEIRO"

Copied!
127
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

CHRYSTIANE CAMPELO DA SILVA

O PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS E O SEU REFLEXO NA POLÍTICA DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO MARANHÃO: O CASO DO CAMPUS PINHEIRO

(2)

CHRYSTIANE CAMPELO DA SILVA

O PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS E O SEU REFLEXO NA POLÍTICA DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO MARANHÃO: O CASO DO CAMPUS PINHEIRO

Dissertação apresentada a Coordenação do Mestrado Profissional em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Avaliação de Políticas Públicas. Área de concentração: Políticas Públicas e Mudanças Sociais.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Américo Leite Moreira.

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

__________________________________________________________________________________________

S579p Silva, Chrystiane Campelo da.

O Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais e o seu reflexo na Política de Extensão da Universidade Federal do Maranhão : o caso do Campus Pinheiro / Chrystiane Campelo da Silva. – 2017.

123 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Mestrado Profissional em Avaliação de Políticas Públicas, Fortaleza, 2017.

Orientação: Prof. Dr. Carlos Américo Leite Moreira.

1. Avaliação de Políticas Públicas. 2. REUNI – Campus de Pinheiro. 3. Extensão Universitária. I. Título.

(4)

CHRYSTIANE CAMPELO DA SILVA

O PROGRAMA DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS E O SEU REFLEXO NA POLÍTICA DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO MARANHÃO: O CASO DO CAMPUS PINHEIRO

Dissertação apresentada a Coordenação do Mestrado Profissional em Avaliação de Políticas Públicas da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Avaliação de Políticas Públicas. Área de concentração: Políticas Públicas e Mudanças Sociais.

Aprovada em: 16/11/2017.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________ Prof. Dr. Carlos Américo Leite Moreira

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________ Prof. Dr. Arkley Marques Bandeira

Universidade Federal do Maranhão (UFMA)

_____________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Girão Santiago

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS que no seu infinito amor, cuida dos meus passos e de todo meu ser e a Nossa Senhora por ser uma mãe que me acolhe com ternura, pois a minha fé é o alimento da minha alma.

Aos meus avós (in memoriam) Ana Faustino e José da Fonseca por terem sido fundamentais na minha infância e, portanto, fazem parte de todas as etapas da minha vida. Ao meu pai (in memoriam) João Francisco Campelo, que me ensinou que o amor ultrapassa qualquer dor ou distância, sua força me incentivou a continuar essa caminhada, quando eu só pensava em você. Essa vitória é nossa!

A minha mãe Maria Assunção da Silva por ser parte da minha história.

Aos meus Tios Celso Barros Coelho e Antônia Campelo Faustino pelo investimento na minha educação e o incentivo para que eu sempre buscasse o caminho do conhecimento.

Ao Diretor do Centro de Ciências, Humanas, Naturais, Saúde e Tecnologia da Universidade Federal do Maranhão Rickley Leandro Marques pela compreensão e apoio durante essa fase. Ao Professor Arkley Marques Bandeira por ter compartilhado seu conhecimento e se doado em meus momentos de dúvidas e incertezas e ao Professor Dimas dos Reis Ribeiro por ter me incentivado a sonhar com o mestrado. As servidoras Camila Rodrigues Ferreira Baboim e Rosiane de Oliveira Silva, por terem desempenhado minhas atribuições funcionais para que eu pudesse concluir essa etapa. A servidora Sonia Maria Gomes de Sousa pela sua amizade e companheirismo.

A 8º Turma do MAPP pelo o apoio e solidariedade.

Ao meu orientador Carlos Américo Leite Moreira pela dedicação e paciência durante essa caminhada, por ter sido compassivo diante dos meus obstáculos e me encorajado a não desistir.

Patrícia Damasceno e Clefra Guedelho por todos os momentos que passamos juntas, com certeza foram essenciais para a conclusão desse processo em minha vida.

A minha amiga Marlucia pelo acolhimento de amiga.

Ao Wilson Gusmão Belo Pinheiro Neto por ter compartilhado de todas as etapas até aqui.

(6)
(7)

RESUMO

Essa dissertação, através da metodologia de avaliação em profundidade, tem o objetivo de analisar o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) na Universidade Federal do Maranhão no Campus de Pinheiro. O programa, iniciado no ano de 2007 e encerrado no ano de 2012, torna-se um tema bastante discutido e avaliado por muitos pesquisadores, isso porque seu objetivo geral de elevar as matrículas promoveu alterações acadêmicas e estruturais. Visando aprofundar essas alterações, a bibliográfica escolhida, os documentos institucionais e questionários fundamentaram e promoveram resultados além do esperado. Para complementar a pesquisa, também foi feito levantamento histórico, social e econômico da cidade de Pinheiro. O estudo permitiu verificar que é através da adesão ao REUNI que o Campus de Pinheiro retoma as atividades acadêmicas através do oferecimento de cursos regulares, assim como, promove um intercâmbio de culturas, devido à quantidade de servidores e discentes oriundos de outras regiões. Estes passam a residir no município de Pinheiro a partir de sua aprovação em concurso público ou no caso dos estudantes, pelo Exame Nacional do Ensino Médio. Essa característica do pluriculturalismo favorece as ações sociais e educativas coordenadas a partir de Projetos de Extensão para o atendimento de deficiências locais. A pesquisa buscou compreender de que forma os projetos de extensão estão sendo planejados e executados. Por fim, pode-se identificar diferenças nas propostas extensionistas desenvolvidas antes do REUNI e pós REUNI.

(8)

ABSTRACT

This dissertation, through the in-depth evaluation methodology, has the objective of analyzing the Support Program for Restructuring and Expansion Plans of the Federal Universities (REUNI) at the Federal University of Maranhão at Campus Pinheiro. The program, which began in 2007 and ends in the year 2012, becomes a topic that is much discussed and evaluated by many researchers, because its general objective of increasing enrollments has promoted academic and structural changes. In order to deepen these changes, the bibliography chosen, the institutional documents and questionnaires based and promoted results beyond what was expected. To complement the research, was also made historical, social and economic survey of the city of Pinheiro. The study showed that it is through the adhesion to REUNI that the Pinheiro Campus resumes academic activities through the provision of regular courses, as well as, it promotes an exchange of cultures due to the number of servers and students coming from other regions. These students now reside in the municipality of Pinheiro, following their approval in public competition or in the case of students, by the National High School Examination. This characteristic of pluriculturalism favors coordinated social and educational actions based on Extension Projects to address local handicaps. The research sought to understand how extension projects are being planned and executed. Finally, it is possible to identify differences in the extensionist proposals developed before REUNI and after REUNI.

(9)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa de Adesão ao REUNI pelas Universidades Federais ... 49

Figura 2 – Vista aérea da Cidade de Pinheiro MA – [19--] ... 48

Figura 3 – Dados Gerais do município de Pinheiro ... 49

(10)

LISTA DE ESQUEMAS

Esquema 1 – Dimensões da avaliação em profundidade ... 31

Esquema 2 – Analise de Titulação e Público-alvo ... 90

Esquema 3 – Análise de Titulação e Público-alvo ... 91

Esquema 4 – Análise de Titulação e Público-alvo ... 93

(11)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Faixa Etária dos Servidores técnicos administrativos (Idade)... 60

Gráfico 2 – Naturalidade dos servidores técnicos administrativos (Localidade) ... 60

Gráfico 3 – Perspectiva Profissional ... 61

Gráfico 4 – Eixo Analítico... 97

(12)

LISTA DE TABELAS

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANDES Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior

ANDIFES Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino

Superior

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BM Banco Mundial

CCSST Centro de Ciências Sociais, Saúde e Tecnologia

CCAA Centro de Ciências Agrárias e Ambientais

CCHNST Centro de Ciências Humanas, Naturais, Saúde e Tecnologia

COFINS Contribuição Social Para o Financiamento da Seguridade Social

COLUN Colégio Universitário

CONAE Conferência Nacional de Educação

CONED Congresso Nacional de Educação

CONSUN Conselho Universitário

CRUTAC Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária

CONSEPE Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão

CSLL Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido

EAP Estratégia de Assistência ao País

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

FASUBRA Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnicos Administrativos Em

Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil

FEMACO Festival Maranhense de Coros

FHC Fernando Henrique Cardoso

FIES Fundo de Financiamento Estudantil

FMI Fundo Monetário Internacional

FURG Fundação Universidade do Rio Grande

GTI Grupo de Trabalho de Interiorização

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IFES Instituição Federal do Ensino Superior

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(14)

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LDEBN Lei de Diretriz e Base da Educação Nacional

MA Maranhão

MEC Ministério da Educação

ONU Organização das Nações Unidas

PAR Plano de Ações Articuladas

PCN‟s Parâmetros Curriculares Nacionais

PDE Plano de Desenvolvimento Educacional

PIS Programa de Integração Social

PLC Projeto de Lei da Câmara

PLOA Projeto de Lei de Diretrizes e Orçamento

PMDB Partido do Movimento Democrático do Brasil

PNE Plano Nacional de Educação

PPA Plano Plurianual

PROEN Pró Reitoria de Ensino

PRH Pró Reitoria de Recursos Humanos

PROXCE Pró Reitoria de Extensão, Cultura e Ensino

PROGF Pró Reitoria de Gestão e Finanças

PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

PRONEX Programa de Apoio a Núcleos de Excelência

PROUNI Programa Universidade para Todos

PSD Partido Social Democrático

PT Partido dos Trabalhadores

REUNI Reestruturação e Expansão das Universidades

SAEB Sistema De Avaliação da Educação Básica

SOMACS Sociedade Maranhense de Cultura Superior

SUARTE Salão Universitário de Arte

SUS Sistema Único de Saúde

UAB Universidade Aberta do Brasil

UBS Unidade Básica de Saúde

UDN União Democrática Nacional

UFABC Universidade Federal do ABC

(15)

UFAL Universidade Federal de Alagoas

UFAM Fundação Universidade do Amazonas

UFBA Universidade Federal da Bahia

UFC Universidade Federal do Ceará

UFCG Universidade Federal de Campina Grande

UFCSPA Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

UFERSA Universidade Federal Rural do Semiárido

UFES Universidade Federal do Espírito Santo

UFF Universidade Federal Fluminense

UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul

UFGD Fundação Universidade Federal da Grande Dourados

UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora

UFLA Universidade Federal de Lavras

UFMA Fundação Universidade Federal do Maranhão

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UFMS Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

UFMT Fundação Universidade Federal de Mato Grosso

UFOP Fundação Universidade Federal de Ouro Preto

UFOPA Universidade Federal do Oeste do Pará

UFPA Universidade Federal do Pará

UFPB Universidade Federal da Paraíba

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

UFPel Fundação Universidade Federal de Pelotas

UFPI Fundação Universidade Federal do Piauí

UFPR Universidade Federal do Paraná

UFRA Universidade Federal Rural da Amazônia

UFRB Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFRPE Universidade Federal Rural de Pernambuco

UFRR Fundação Universidade Federal de Roraima

(16)

UFS Fundação Universidade Federal de Sergipe

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UFSCar Fundação Universidade Federal de São Carlos

UFSJ Fundação Universidade Federal de São João Del Rei

UFSM Universidade Federal de Santa Maria

UFT Fundação Universidade Federal do Tocantins

UFTM Universidade Federal do Triângulo Mineiro

UFU Universidade Federal de Uberlândia

UFV Fundação Universidade Federal de Viçosa

UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

UnB Fundação Universidade de Brasília

UNA-SUS Universidade Aberta do SUS

UNE União Nacional dos Estudantes

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura

UNIFAL Universidade Federal de Alfenas

UNIFAP Fundação Universidade Federal do Amapá

UNIFEI Universidade Federal de Itajubá

UNIFESP Universidade Federal de São Paulo

UNILA Universidade Federal da Integração Latino-americana

UNILAB Universidade Federal da Integração Luso-Afro-brasileira

UNIPAMPA Universidade Federal do Pampa

UNIR Fundação Universidade Federal de Rondônia

UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

UNIVASF Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco

(17)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 17

2 PERCURSO METODOLÓGICO ... 22

2.1 Proposta de Avaliação em Profundidade ... 24

3 ANÁLISE DO CONTEXTO DA TRAJETÓRIA DE PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR ... 34

3.1 As Políticas de Educação no Governo de Fernando Henrique Cardoso ... 35

3.2 As Políticas de Educação no Governo Luís Inácio Lula da Silva e o Início do REUNI ... 38

3.3 As Políticas de Educação no Governo Dilma Rousseff e o REUNI... 42

3.4 A Educação no Governo de Michel Miguel Elias Temer Lulia e a desconstrução do Programa REUNI ... 44

4 O IMPACTO NA DESCONTINUIDADE DE PROGRAMAS DE ACORDO COM AS POLÍTICAS DE GOVERNO APRESENTADAS ... 46

5 O PROGRAMA REUNI: CONTEXTO E CONCEPÇÕES ... 47

5.1 A Trajetória Institucional de adesão do Programa REUNI na Universidade Federal do Maranhão ... 51

6 LEVANTAMENTO HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE PINHEIRO – MA .... 54

6.1 O programa REUNI pelo espectro territorial e temporal na Universidade Federal do Maranhão no município de Pinheiro ... 56

6.2 Análise do perfil do servidor público pós Reuni ... 59

7 A HISTORICIDADE DA EXTENSÃO E SUAS CONCEPÇÕES ... 64

7.1 Os ideais de Córdoba e o reflexo no Brasil na década de 1930 ... 68

7.2 A “Universidade Necessária” – Projeto de Interiorização da Universidade Federal do Maranhão no município de Pinheiro ... 71

7.3 O Desenvolvimento da Extensão Universitária na UFMA ... 78

7.3.1 Institucionalização de Projetos de Extensão na UFMA ... 81

7.3.2 Análise de dados dos Projetos de Extensão desenvolvidos no Campus de Pinheiro... 84

7.3.3 Análise ideológica sobre Extensão Universitária ... 85

7.3.2.1 Análise eixo referencial e público alvo ... 89

7.3.2.2 Gráfico Eixo Analítico (Conteúdo) ... 97

(18)

7.4 Considerações sobre Análises dos Projetos ... 103

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 106

REFERÊNCIAS ... 110

APÊNDICE A – ENTREVISTA APLICADA AOS TÉCNICOS

ADMINISTRATIVOS ...117

APÊNDICE B – ENTREVISTA APLICADA AOS GESTORES ...121

APÊNDICE C – ENTREVISTA APLICADA AOS DISCENTES QUE

(19)

17

1 INTRODUÇÃO

Esse trabalho discorre sobre o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Brasileiras (REUNI), instituído pelo DECRETO 6.096 de 2007, planejado pelo Governo Federal, proporcionando através do REUNI uma organização acadêmica e administrativa no início do ano de 2007. A proposta de pesquisa estabeleceu uma avaliação do elo existente entre a implementação do REUNI, na Universidade Federal do Maranhão-Campus Pinheiro e as ações de extensões desenvolvidas nos anos de 2015 e 2016.

O estudo foi macro e proporcionará ao leitor, um conhecimento sobre a situação política educacional do país, tanto anterior ao programa REUNI, quanto posterior. Analisando o conteúdo, contexto em que foi inserido, sua trajetória institucional e espectro temporal e territorial, aplicando a metodologia de avaliação em profundidade de (RODRIGUES, 2008, p. 7).

Na trajetória institucional, foi analisada a adesão ao programa de Reestruturação e Expansão da Universidade Brasileira (REUNI) pela a Universidade Federal do Maranhão

tendo como documento referência a Resolução Nº 104-CONSUN (Conselho Universitário),

de 30 de novembro de 2007, que aprova a adesão da UFMA e o Plano UFMA-REUNI (2007), onde apresenta as dimensões do planejamento de reestruturação apresentado ao Ministério da Educação (MEC).

No espectro temporal e territorial, foi avaliado a implementação do REUNI no âmbito do Campus de Pinheiro e todas suas nuances. A construção desse processo foi fundamental para compreendermos se há um fortalecimento ou não da Extensão Universitária neste local. Essa inquietação se deu a partir das propostas de alteração da estrutura acadêmica presente no DECRETO 6.096 de 2007.

De acordo com o Art. 2º do DECRETO 6.096 de 2007, uma das diretrizes do programa era a “[...] revisão da estrutura acadêmica, com reorganização dos cursos de graduação e atualização de metodologias de ensino-aprendizagem, buscando a constante elevação da qualidade.” (BRASIL, 2007a, p. 1).

(20)

18

Assim, para compreender se houve um fortalecimento e qualificação dos projetos de extensão desenvolvidos pós REUNI, foi necessário fazer um levantamento histórico e institucional da Universidade Federal do Maranhão-Campus Pinheiro.

A própria origem da Instituição no município de Pinheiro está relacionada ao

desenvolvimento de projetos extensionistas baseados no programa intitulado “Universidade Volante” do ano de 1960, da Universidade Federal do Paraná.

O Projeto “Universidade Volante”, foi iniciado no ano de 1961 e tinha como objetivo levar a orquestra sinfônica, além de cursos e serviços para outras regiões do Paraná. Projeto esse que serviu de inspiração para UNE e como modelo para o “Projeto Rondon”

(VIEIRA, 2014).

Logo, torna-se uma Instituição itinerante na oferta de cursos gratuitos para as populações que residiam distante do Campus Central. Foi por essa perspectiva que a Universidade Federal do Maranhão, no ano de 1978, instituiu o “Grupo de Trabalho de

Interiorização” através da Portaria GR Nº 262 -MR com atribuição de: “[...] apresentar proposta de definição do papel da Universidade no Interior do Estado; apresentar proposta de definição da Filosofia Educacional da Universidade, propor programas e subprogramas de

Interiorização [...]” (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 1978, p. 1).

Portanto, o movimento extensionista está intrínseco ao processo de estabelecimento da Universidade Federal do Maranhão, com foco, nos interiores, onde, estabeleceu seus primeiros polos de ensino. Com o passar dos anos, estes polos se elevaram a categoria de Campus Universitários e alguns Centros Universitários.

A revisão da literatura sobre extensão foi fundamental para a construção de um quadro teórico, onde foi sistematizada as ideias centrais dos principais autores, referente à implementação dessa política, servindo de base para a qualificação dos projetos avaliados.

Foi utilizada a pesquisa documental, que de acordo com Gil (2008, p. 87) se

difere “na natureza das fontes”, isso se deu devido aos documentos que foram analisados, de cunho institucional, onde muitos foram tratados pela primeira vez, além da flexibilidade de adequação com diferentes objetivos.

(21)

19

Também como complementação da pesquisa documental, foi utilizada a pesquisa bibliográfica que segundo Gil (2008, p. 88) “[...] costuma ser desenvolvida como parte de uma pesquisa mais ampla, visando identificar o conhecimento disponível sobre o assunto.”

Seguindo esse procedimento, após a identificação bibliográfica, foram selecionados autores que possuem relação com a resolução dos questionamentos “de que forma ocorreu o processo extensionista da Universidade Federal do Maranhão no município de Pinheiro, considerando os períodos anteriores e posteriores ao REUNI? E o que isso significou para a institucionalização de projetos de extensão”?

Esses questionamentos vão ao encontro do objetivo geral da pesquisa que é “avaliar a trajetória do planejamento e implantação de projetos de extensão no âmbito da UFMA, no Município de Pinheiro, considerando os períodos anteriores e posteriores ao Reuni”.

Os períodos anteriores ao REUNI compreendem as próprias ações desenvolvidas pela a Universidade Federal do Maranhão, através do Grupo de Trabalho de Interiorização iniciado no ano de 1978. Foi a partir do trabalho desenvolvido por este grupo que o município de Pinheiro acaba sendo escolhido para implantação das primeiras ações extensionista desenvolvida pela UFMA no ano de 1981, sendo instituído como Campus Universitário de

Pinheiro, pela RESOLUÇÃO Nº 08/1981 – CONSUN (UNIVERSIDADE FEDERAL DO

MARANHÃO, 1981).

Foi a partir do Programa de Interiorização, que a Universidade Federal do Maranhão instituiu além do Campus de Pinheiro, os Campi de Imperatriz, Bacabal, Chapadinha e Codó. A meta desse programa se concretizou com a expansão do ensino e da pesquisa, a partir das realidades locais.

Segundo o “Plano emergencial para o programa de interiorização da UFMA –

1990-1991”, formulado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis e pela

Pró-Reitoria de Graduação, no ano de 1990 “[...] o espaço das ações extensionistas da UFMA no

interior incluía: implantação de cursos superiores, programas artísticos-culturais, capacitação de recursos humanos de diferentes segmentos da sociedade; ações na área da saúde [...]”

(UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO, 1990, p. 2).

(22)

20

Durante os anos de 1997 a 2009 não houve oferta de cursos de graduação presencial no Campus Pinheiro. No ano de 2010 os cursos de Licenciatura em Ciências Humanas e Licenciatura em Ciências Naturais são aprovados e dão início suas atividades acadêmicas, já no período do REUNI.

Para os períodos posteriores ao REUNI, foi feito um recorte dos anos de 2015 e 2016, isso se deu pelo crescimento do Campus de Pinheiro ter se concentrado principalmente nesses períodos, alterando o número de cursos de dois (02 - Licenciaturas em Ciências Naturais e Licenciaturas em Ciências Humanas) para quatro (04 - Medicina, Enfermagem, Engenharia de Pesca e Educação Física), totalizando ao final do ano de 2016, (06) seis cursos superiores, o que provocou um aumento no quantitativo de professores, técnicos administrativos e discentes.

Portanto, como no ano de 2016 completou nove anos de REUNI na Universidade Federal do Maranhão, o que especificamente para o Campus de Pinheiro, significou um impacto no crescimento estrutural e de recursos humanos, buscou-se analisar qual o reflexo desse programa para a política de extensão, tanto na dimensão quantitativa quanto na dimensão qualitativa.

Para a formulação da hipótese, Gil (2008, p. 36-37) aponta que, “[...] deve ser conceituadamente clara, específica, referências empíricas, parcimoniosa, estar relacionada com as técnicas e teorias.” Seguindo esta orientação. A hipótese dessa pesquisa, é que a Reestruturação da Universidade através do Programa REUNI impulsionou os projetos de extensão para o Município de Pinheiro.

O tratamento dos dados de cada projeto de extensão já analisados, estão direcionados para uma pesquisa qualitativa que de acordo com referencial teórico abordado, foram estabelecidas as primeiras categorias qualitativas como sendo: titulação do projeto e público alvo, como aspectos fundamentais para a definição ideológica extensionista identificada.

Os projetos foram analisados por esta pesquisadora, como fonte confiável de informações, através da fase de apropriação das ideias pela leitura. Considerei que o projeto escrito é o planejamento de uma ação a ser concluída e que durante sua aplicação e ou abordagem, outros fatores podem influenciar na execução do que foi planejado.

(23)

21

de análise levou em consideração os projetos escritos, tanto na fase do conteúdo quanto dos resultados.

O eixo de análise do conteúdo de cada projeto, compreendidos a partir das categorias: prática comunicativa, trabalho social, formadora de sujeito, processo educativo, prestação de serviço, prática anti-dialógico, projeto permanente, projeto eventual, projeto funcional e pratica processual.

E o eixo de análise dos resultados, compreendidos a partir das categorias: alteração do eixo pedagógico clássico, identificação do local, práticas rentáveis, participação activa na construção social.

Finalizando essa fase, foi subtraída uma ideia geral, a partir das categorias criadas para essa pesquisa, de como os projetos de extensão estão sendo planejados.

Após, essa fase, as entrevistas com os alunos que participaram de todas as fases dos projetos, foram cruciais para compreender e concretizar o reflexo das ações extensionistas pós REUNI.

(24)

22

2 PERCURSO METODOLÓGICO

A metodologia é o procedimento usado para situar os leitores diante das decisões tomadas pelo pesquisador, assim como, colocar em prática a teoria e os levantamentos necessários de maneira que se evolua nas concepções do que foi proposto.

Ou seja, a metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade do pesquisador (sua experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade). (MINAYO, 2010, p. 14).

É um envolvimento entre os procedimentos técnicos e a teoria, acompanhando o empirismo e as propostas fundamentadas sobre a realidade dos fatos.

Do ponto de vista da abordagem do problema, foram usados os métodos qualitativo e quantitativo, entendendo que para o processo de construção da pesquisa é necessário conhecer as fases pelas quais o objeto em estudo passou e de que forma se pode dialogar diante dessas duas perspectivas, tanto considerando que há uma relação entre o objeto e os sujeitos, quanto traduzindo em números os resultados encontrados.

Os dados secundários representam os documentos referentes ao programa de Reestruturação e Expansão da Universidade (REUNI), documentos da Interiorização da Universidade Federal Maranhão, na região de Pinheiro, documentos históricos e institucionais sobre a Extensão Universitária, relatórios e projetos de extensão desenvolvidos nos períodos

compreendidos entre os anos de 2015 e 2016, proposta “REUNI-UFMA”, publicações e livros

que trabalhem a proposta da pesquisa.

As fontes para o desenvolvimento dessa pesquisa englobam: Resolução da UFMA

Nº 08/1981 – CONSUN; Resolução UFMA 1992 CONSUN; o livro Elementos para uma

Política de Interiorização da Universidade Federal do Maranhão, 1985; Decreto 6.096 que institui o Programa REUNI; o Plano de Reestruturação da UFMA, 2007, dentre outros.

A entrevista foi uma das técnicas utilizadas para a consecução dos dados e análise da política, compreendendo a relevância do sujeito em manifestar subjetivamente sua opinião e experiências vividas em decorrência desse processo expansionista que de algum modo influenciou direta ou indiretamente nas relações profissionais.

(25)

23

De acordo com Quaresma, “As formas de entrevistas mais utilizadas em Ciências

Sociais são: a entrevista estruturada, semi-estruturada, aberta, entrevistas com grupos focais,

história de vida e também a entrevista projetiva.” (BONI; QUARESMA, 2005, p. 72).

As técnicas de entrevistas usadas serão as estruturadas e semiestruturas.

As entrevistas estruturadas são elaboradas mediante questionário totalmente estruturado, ou seja, é aquela onde as perguntas são previamente formuladas e tem-se o cuidado de não fugir a elas. As entrevistas tem-semi-estruturadas combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. (BONI; QUARESMA, 2005, p. 74-75).

Dessa forma, a construção do questionário foi com perguntas objetivas o que permitiu um levantamento de dados coerente à pesquisa. Esse questionário foi aplicado aos técnicos administrativos que participaram desse processo de reestruturação do REUNI, visando a compreensão de sua atuação como servidor público.

Já a entrevista semiestruturada se apoiou em manter uma aproximação maior com os fatos abordados por documentos institucionais ou que enriquecesse o contexto previamente estudado, foi aplicado para o diretor do Campus de Pinheiro, coordenadores de cursos, docentes participantes de projetos de extensão, discentes participantes de projetos de extensão.

Assim, diante da metodologia e métodos apresentados, houve um desenvolvimento denso e científico, que atendesse as demandas propostas na investigação e ampliasse as entrelinhas tornando essa construção dinâmica.

Portanto, a pesquisa, fruto de investigações, dúvidas, inquietações e questionamentos, que, a partir de um exercício teórico e de busca pelo conhecimento, gera novas proposições que são transformadas em ação, podendo ser reafirmados pensamentos ou comprovar descoberta de uma nova experiência.

Quanto à abordagem foi trabalhada a pesquisa qualitativa e quantitativa. Em relação à pesquisa qualitativa, buscou-se analisar situações particulares, significados refletidos nas ações reais vividas “[...] a pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da

dinâmica das relações sociais.” (SILVEIRA; CORDOVA 2009, p. 32).

(26)

24

Com o intuito de enriquecer essa pesquisa, a abordagem quantitativa, vem para concretizar através das coletas e análises qualitativas as ações empreendidas durante o período

analisado. “Entre eles há uma oposição complementar que, quando bem trabalhada teórica e

praticamente, produz riqueza de informações, aprofundamento e maior fidedignidade interpretativa.” (MINAYO, 2010, p. 22).

De acordo como Minayo (2010, p. 22), pretendeu-se no delinear dessa pesquisa uma maior serenidade durante as complexidades surgidas no tratamento dos dados, dessa forma, buscou-se uma fidedignidade ao trabalho.

Para a montagem do referencial teórico sobre a política de extensão universitária, a contribuição veio de autores que são referência na discussão de uma relação entre a Universidade e a sociedade, respeitando as diferentes culturas e dialogando para o planejamento de projeto apropriado e subjetivo a demanda real.

Atualmente, são 09 (nove) Campi de educação de ensino superior da Universidade Federal do Maranhão localizados em São Luís, Pinheiro, Chapadinha, Codó, Grajaú, Imperatriz, São Bernardo, Balsas e Bacabal.

Todos possuem modificações advindas do REUNI, no entanto, nos concentraremos no Campus de Pinheiro, pois dentre os apresentados, possui uma relação muito forte com a extensão universitária, além de sua própria consolidação está ligada diretamente ao período posterior a adesão ao programa REUNI, portanto, será o foco desta pesquisa.

2.1 Proposta de Avaliação em Profundidade

A avaliação de políticas públicas envolve aspectos que estão além da análise textual, tornando-se integradora e emancipadora, para tanto, a construção desse processo-metodológico no Brasil perpassa por modelos tradicionais (GUBA; LINCON, 1989, p. 3) a modelos inovadores (HOLANDA, 2006; RODRIGUES, 2008, p.14).

Para compreendermos essa lógica estabelecida pela avaliação em profundidade foi necessário, caminharmos um pouco pela própria constituição do processo avaliativo, no Brasil, explanando a implantação de modelos oriundos principalmente de países desenvolvidos como os Estados Unidos, assim como suas etapas evolutivas.

(27)

25

que desconsideravam a demanda social. Rodrigues (2011) também aponta: “Sobre o campo da

avaliação das políticas públicas no Brasil, vale dizer, que se trata de uma área de produção de conhecimento ainda em formação, tendo em vista a própria avaliação ser uma experiência recente no Brasil.” (RODRIGUES, 2011, p. 37).

De acordo com Vale (2015, p. 1) “[...] o conceito de avaliação foi criado há perto de cinquenta anos e, desde então, a avaliação tem sido objeto de estudo.” A partir desse

estudo evolutivo, os processos foram sendo implementados, levando em consideração todas as alterações históricas e políticas.

Salienta-se que, a partir da construção do estado de bem-estar Social nos países industrializados, ou seja, o Estado se torna agente promotor social e organizador da economia, ocorre um interesse em estudos de avaliação de políticas públicas, especificamente na década de 60.

Esses processos políticos, sociais e econômicos que acompanharam a transformação do Estado a partir da segunda metade do século vinte resultaram na emergência de um novo campo de investigação social que podemos denominar de análise das políticas públicas. (FLEXOR; LEITE, 2006, p. 357).

Esse interesse surgiu da necessidade de se obter um conhecimento mais aprofundado da política pública que estava sendo implantada. É uma maneira de acompanhar todo o processo, desde os interesses que originaram o planejamento da política ou programa, a formulação das etapas, até a sua inserção no meio social. Torna-se necessário apresentar a efetividade da política ou programa para o governo e para a sociedade. A política pública se configura como uma intervenção essencial para a manutenção do direito social, presente na Constituição Brasileira.

O aporte da construção desse processo de avaliação no Brasil surge também com a necessidade de mensurar os resultados, através da avaliação quantitativa, precursora nesse meio avaliativo, pois permite uma visão estatística do alcance da política ou do programa implementado. No entanto, para uma melhor visualização é preciso ir além dos dados quantitativos e analisar a virtuosa qualidade da política pública.

A avaliação da política pública pode ultrapassar os termos técnicos, legislações e ir de encontro aos sujeitos envolvidos tornando-se um campo de estudo peculiar. Daí a complexidade de se chegar a um método de avaliação específico que compreenda toda essa conjuntura.

(28)

26

“Sustento que a avaliação tem papel não só técnico, mas sobretudo, ético e político de grande importância nas transformações e reformas da educação superior e da própria sociedade”

(DIAS SOBRINHO, 2004, p. 1).

Ainda sobre o processo de avaliação e seus paradigmas, de acordo com Sobrinho (2004, p. 1):

A cada um desses paradigmas corresponde uma epistemologia e um modelo de avaliação, com seus fundamentos científicos, suas ideologias e seus efeitos na vida social, política e econômica. Um concebe a avaliação sobretudo como controle. O outro concebe a avaliação sobretudo como produção de sentidos. Isto faz da avaliação um campo cheio de contradições e de múltiplas referências. Portanto, ela deveria ser tratada por teorias da complexidade e exercitada mediante uso de diversos instrumentos e a combinação de diferentes abordagens. (DIAS SOBRINHO, 2004. p. 703).

Devido a essa complexidade, entender o objeto em estudo com sua pluralidade de dados e informações é o que enriquece o processo de investigação e avaliação. A avaliação não se resume apenas em mensurar os dados, mais compreender profundamente e encontrar a relação entre o planejado, executado e a multiplicação dos resultados.

Inicialmente, serão abordados os autores Guba e Lincoln (1989) que discorrem sobre a avaliação pela perspectiva: positivista, orientada pela mensuração de dados, pós-positivista, tentativa de alteração do foco da mensuração para novos aspectos incluindo a descrição, teoria crítica, é o entendimento de que a avaliação perpassa por juízo de valor e construtivista é a proposta de ruptura com as avaliações anteriores, entendendo a avaliação como uma construção social.

A avaliação de primeira geração apoiada pelas Ciências Sociais e difundida no período da Primeira Guerra mundial é conceituada pelos autores como a geração da mensuração, onde os exames aplicados em salas de aula tinham o objetivo de avaliar tecnicamente, independentes das variáveis aplicadas e dos sujeitos envolvidos (GUBA; LINCOLN, 1989).

Não havia uma preocupação com a singularidade do indivíduo, porém, por um longo período caracterizou o ritmo de avaliação, onde acreditavam que através da quantificação dos resultados era possível inferir a eficiência do programa.

(29)

27

Diante desse incômodo e a procura de uma adequação que acompanhasse as mudanças no país surge à segunda geração, identificada pela descrição e pautada nos objetivos. O objetivo era melhorar os currículos das escolas norte americanas, para que os

alunos tivessem condições de na prática conseguirem aproveitamento nas Universidades. “A

finalidade dos estudos seria aperfeiçoar os currículos que estavam sendo desenvolvidos e

confirmar se eles estavam funcionando.” (GUBA; LINCOLN, 1989, p. 35).

Novamente, a corrida pela adequação do programa de avaliação veio das pressões governamentais, diante deste cenário, alguns intelectuais ganham notoriedade ao propor o juízo de valor, justificando que a descrição e o juízo de valor são avaliações que caminham juntas em prol de um alcance maior e para isso o estabelecimento de critérios deveria ser colocado em prática durante o procedimento. Segundo Guba e Lincoln (1989, p. 38), “[...] o apelo ao juízo de valor não podia ser ignorado e os avaliadores em pouco tempo conseguiram

enfrentar o desafio.”

As três etapas avaliativas apresentadas acompanharam as modificações e exigências dos governos, de acordo com a necessidade de ter conhecimento mais subjetivo sobre o objeto avaliado, cada etapa foi se adequando, mas mantendo técnicas das etapas anteriores. No entanto, esses processos avaliativos não se constituem como modelos completos, ao contrário, surgem novas exigências e análises que detectaram falhas comprometedoras como: tendência ao gerencialismo, incapacidade de acomodar o pluralismo de valores e comprometimento exagerado com o paradigma científico de investigação (GUBA; LINCOLN, 1989).

Observadas essas delimitações feitas entre a primeira, segunda e terceira fases do processo de construção da avaliação educacional registrado pelos autores, interessa-nos entender que o processo se deu sistematicamente, seguindo método já existente, mas que devido à própria complexidade do processo avaliativo, os resultados já não eram mais satisfatórios sendo necessário inserir novos mecanismos de pesquisa, em algum caso, para observar sujeitos antes não analisados, portanto, percebeu-se que existe uma incapacidade de agrupar a especificidade dessas três primeiras gerações.

(30)

28

Por um período, as pesquisas em avaliação de políticas públicas foram pautadas em uma perspectiva positivista, onde se analisa o objeto independente do sujeito e utiliza sua objetividade para entender todo o processo final, sem avaliar os fatores que alteram o próprio ambiente ou o modo como o sujeito recepcionou o programa ou política.

Ao se discutir o tema de inovação na avaliação de políticas públicas no Brasil, Holanda (2006) compreende o processo avaliativo como uma atividade complexa por suas múltiplas abordagens e por isso, trabalha a singularidade do processo através de doze tipos que se dividem em categorias e níveis de avaliação, porém, a atenção em cada fase do trabalho desde a formulação a implantação é crucial.

a) de um lado, sete categorias, que se referem Às diversas etapas do processo de planejamento e do ciclo dos projetos: 1) avaliação das Necessidades; 2) avaliação da Teoria do programa; 3) pré-Avaliação (“Evaluability Assessment”); 4) avaliação de Processo; 5) avaliação de Implementação; 6) avaliação de Resultados, e 7) avaliação de Eficiência; b) de outro, cinco níveis ou abordagens de análise, que consideram diferentes maneiras de caracterizar e promover a avaliação, como: 1) objetivos (avaliação formativa e avaliação agregativa); 2) horizontes de tempo e continuidade (avaliação permanente e avaliação “ad hoc”, avaliação” ex-ante” e” ex-post”, etc.; impactos; e 5) relações entre avaliador e avaliado (auto-avaliação, avaliação interna e externa)”. (HOLANDA, 2006, p. 105).

Para Holanda (2006), a avaliação é vista como processo organizado, onde cada etapa está relacionada com os objetivos esperados ou se concentra no processo decisório. A essência da avaliação transcende as características peculiares de como se processa a ação de

avaliar, mas é um instrumento que trata de “maximizar a eficácia” e a “eficiência” do

programa ou política em estudo.

De acordo com Holanda (2003, p. 3) “[...] o objeto da avaliação, pode ser identificado a partir da lista dos 5 (cinco) Pês: 1) Produto, 2) Pessoal, 3) Performance ou desempenho, 4) projeto ou proposta, 5) Programa (ou plano) e 6) Política.” A partir do objeto

identificado, a avaliação deve ser orientada visando à coleta de dados que reafirme ou identifique a relevância da política pública efetivada.

O que é intrigante na avaliação e análise de política educacional, tanto no Brasil quanto em outros países, é que se constituem em um processo que está em constante alteração e adequação de acordo com as mutações históricas, políticas e sociais, por isso sua interdisciplinaridade.

(31)

29

Diante deste breve relato sobre avaliação de políticas públicas e políticas educacionais, a abordagem usada para avaliar o programa de Reestruturação e Expansão da Universidade (REUNI), foi baseada na perspectiva teórico-metodológica da avaliação em profundidade que insere 04 (quatro) dimensões analíticas: análise de conteúdo, contexto, trajetória institucional, e espectro temporal e territorial em Rodrigues (2008).

Esse aporte metodológico busca direcionar essa pesquisa para um processo

integral e que ao mesmo tempo “[...] propõe ao pesquisador uma „imersão‟ no campo de investigação de forma extensa, detalhada, ampla e multidimensional.” (ALVES, 2012, p. 33).

A avaliação em profundidade se comunica com a avaliação experimental de Lejano, isso porque, há uma relação múltipla entre as variáveis da política ou programa direcionado para a qualificação dos sujeitos, o que se integra nessa proposta são aspectos que buscam ir além da mensuração, investigando especificamente os meandros da política ou programa (RODRIGUES, 2016). Assim como também discorre Lejano (2012, p. 13):

O objetivo é propor novas abordagens para a análise que consigam dialogar com a indescritível complexidade das situações políticas. Para isso, no entanto, precisamos cobrir parte do campo de analise para vasculhar os limites destas soluções e começar a imaginar novas direções. Em cada caso, destacam-se os limites de suas possibilidades e os problemas com a forma como eles têm sido usados. Cedo ou tarde, começamos a entender que cada uma destas abordagens dialoga com diferentes aspectos de uma situação política.

É essa maturidade do entendimento da complexidade de análise de um programa que torna o pesquisador entusiasta e dedicado à sua busca. A avaliação em profundidade mantém essa característica, ao mesmo tempo em que dimensiona o objeto a níveis que superam as metodologias antes empreendidas. Uma avaliação que procura dialogar com os atores e sujeitos envolvidos no processo.

A abordagem para uma avaliação em profundidade é uma proposta motivada pela autora Rodrigues (2008), no sentido de avaliar profundamente alguns aspectos relevantes ao processo, inserir atores que antes passavam despercebidos pelo processo de avaliação de políticas públicas. Rodrigues percebeu que, além da preocupação em avaliar a eficiência e eficácia do programa em todas as suas fases, era preciso uma interpretação mais direcionada e específica para cada situação e dialogar com o sujeito.

(32)

30

A pluralidade da ação se desenvolve através da busca da complexidade do que está sendo avaliado, o avaliador deve manter-se sempre alerta a qualquer indício que possa reduzir a sua análise para a obtenção de um resultado tendencioso, não ampliando o horizonte investigativo.

A metodologia da avaliação em profundidade é apresentada por quatro grandes eixos de análises. Segundo Rodrigues (2011, p. 55):

A proposta de uma avaliação em profundidade, como então formulada, toma basicamente quatro grandes eixos de análise: conteúdo da política e/ou do programa, contemplando sua formulação, bases conceituais e coerência interna; trajetória institucional; espectro temporal e territorial abarcado pela política ou programa e análise de contexto de formulação dos mesmos.

Rodrigues (2011) desenvolveu as etapas de avaliação em quatro dimensões. O desafio múltiplo é esmiuçar esses eixos através das diretrizes apresentadas, como no eixo de análise de conteúdo, onde deve ser observado “[...] a formulação da política, os conceitos, noções e valores inerentes nas diretrizes da política e a verificação de coerência interna.”

(ALVES, 2012, p. 33). Assim, ao analisar o programa ou política é preciso conhecer densamente todo o processo de construção, desde os debates ocorridos anteriores a sua formulação até o processo histórico e político atual.

A avaliação em profundidade, segundo Rodrigues (2016, p. 6) deve ser “[...] ao mesmo tempo extensa, detalhada, densa, ampla e multidimensional, o que exigiria uma abordagem multi e interdisciplinar.”

Essas dimensões, apresentadas pela autora, são essenciais para a construção da avaliação em profundidade, quando o pesquisador se apropria de cada etapa, assim como, os elementos de cada eixo, o resultado é um processo que além de desenhar toda a política, compreende como ela se materializa institucionalmente, inclusive apontando aspectos inerentes aos atores e sujeitos envolvidos.

De maneira mais prática e correlata, a apresentação dos eixos se constitui em um processo cíclico, onde cada etapa pesquisada profundamente possibilita uma sequência lógica mais não previamente calculada.

(33)

31

Nada é previsível na proposta da avaliação em profundidade, o aporte apresentado eleva o grau de importância da pesquisa que se constitui em um movimento cíclico. Empreendida a qualificação em cada etapa também é essencial trabalhar o processo de pesquisa somando a técnicas quantitativas, assim, proporcionando ao leitor, uma análise detalhada.

Esquema 1 – Dimensões da avaliação em profundidade

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de Rodrigues (2011).

Entendendo essa perspectiva de avaliação em profundidade, como um avanço na avaliação de políticas públicas no Brasil, se fortalecendo não apenas, como ruptura de programas avaliativos anteriores, mas maximizando e ampliando as possibilidades diante da subjetividade apresentada nas urgências das políticas sociais.

Rodrigues (2008), ao analisar as características singulares de cada ator emancipa o sujeito, e o engloba na política em estudo. Sua perspectiva embora densa torna-se necessária para cientificar a qualificação do programa ou política. Desta forma, esse trabalho segue esse trajeto, analisando e focando no desenvolvimento dessa proposta.

A definição dessa pesquisa se desenha a partir das ações concretas do programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), no âmbito da Universidade Federal do Maranhão no Campus de Pinheiro, para melhor interpretar essas ações, serão analisados os processos históricos, sociais e político, tanto do município quanto da inserção da Instituição nesse local.

A partir desse estudo sobre o Programa o REUNI, a pesquisa é direcionada para o estudo minucioso da política de extensão Universitária, analisando toda sua concepção e materialização no Campus de Pinheiro, assim como os projetos desenvolvidos nos anos de 2015 e 2016. A avaliação em profundidade permitiu conhecer a realidade dos discentes, docentes, beneficiários e coordenadores de cada proposta institucionalizada.

PROGRAMA/ PESQUISA EM ESTUDO

Conteúdo da política/programa

Análise de Contexto Trajetória

institucional Espectro temporal e

(34)

32

Para a apreensão do primeiro eixo da avaliação em profundidade, as contribuições da pesquisa documental, se estruturou através de: DECRETO nº 6.096, de 24 de abril de 2007, Plano de Reestruturação UFMA-MEC, 2007 e entrevistas com gestores, docentes e técnicos administrativos.

Ainda de acordo com o primeiro eixo, foi feita uma retrospectiva da educação superior pública de acordo com o momento político, desde o ano de 1995 a 2016. Embora a pesquisa esteja concentrada nos anos de 2015 e 2016, essa análise aprofundada da educação brasileira, permitiu uma maior clareza no entendimento da concretização tanto do Programa REUNI, quanto da Política de extensão Universitária. De acordo com Rodrigues (2008), esse movimento é importante para compreender as bases sociais e políticas que se apresentam na formulação do programa.

Seguindo o direcionamento de Rodrigues (2008), após esse embasamento do conteúdo, a perspectiva se concentrou no contexto do programa, e para essa etapa, foi preciso fazer um levantamento de formação histórica do município de Pinheiro, identificando suas dificuldades sociais e econômicas até a implantação da Universidade Federal do Maranhão, neste local. Após esse entendimento, foi contextualizada a materialização do programa REUNI na Universidade Federal do Maranhão, construindo sua trajetória institucional.

A partir do desenvolvimento da trajetória institucional, houve a necessidade de

dados que representassem o valor do programa e que não se resumissem “[...] à análise de dados estatísticos resultantes da coleta de dados por meio de questionários, ainda que estes contemplem perguntas abertas e forneça aos entrevistados espaços para colocar suas ideias.”

(RODRIGUES, 2011, p. 57). Assim, foram utilizadas entrevistas abertas, de modo, que os entrevistados: gestor, coordenadores de curso e técnico-administrativos se sentissem à vontade para compartilhar suas perspectivas e avaliações.

Dispondo dessas trocas de informações, no eixo de espectro temporal/territorial, se estruturou a comunicação entre os objetivos propostos e formulados e os resultados implementados.

A articulação foi possível a partir dos dados quantitativos de cursos, discentes, docentes, técnicos administrativos, relacionando com as entrevistas abertas e surgindo à

(35)
(36)

34

3 ANÁLISE DO CONTEXTO DA TRAJETÓRIA DE PROPOSTAS PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR

Ao tratar o Programa de Restruturação das Universidades Brasileiras, faz-se necessário entendermos o contexto em que este programa foi inserido, levando em consideração todos os processos sociais e políticos envolvidos.

A retrospectiva das propostas voltadas para a educação, iniciou a partir da análise do governo de Fernando Henrique Cardoso, seus programas implementados e suas bases conceituais. Logo em seguida, o processo investigativo, buscou no governo de Luís Inácio Lula da Silva características que determinassem uma nova política educacional.

Dando continuidade a esse processo, a educação passa a ser analisada tanto no governo de Dilma Rousseff, quanto no governo de Michel Miguel Elias Temer Lulia.

Todo esse movimento permitiu compreender que na implantação de uma política voltada para a educação superior ainda encontra muitos desafios a serem enfrentados, como a perpetuação de modelos privatistas, que ameaçam a qualificação de programas como o REUNI e atinge o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão.

Percebe-se que a Universidade se mantém como local de disputa teórica, intelectual e ideológica. Em seu processo de concepção, foi protagonista das principais mudanças no cerne da sociedade, mais que um local propício à construção de pensamentos crítico se tornou holística e heterogênea. No entanto, ainda se encontra refém de políticas governamentais que a utilizam como palco para angariar apoio popular e financeiro.

As principais reformas que ocorreram no séc. XX estão em consonância com objetivos de instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial que imprimem suas propostas e metas.

Essa forma de organização do sistema político claramente não contempla grande parte dos interesses populares voltados à resolução dos ainda graves problemas do cotidiano, relacionados tanto ao emprego e à renda como ao acesso a bens e equipamentos públicos e privados –, que passam em larga medida pela reversão de prioridades em termos de agenda e de orçamento. (FONSECA, 2014, p. 3).

Destarte, as Políticas Públicas devem ser efetivadas a partir de um problema que atinge a sociedade, e, portanto, seu planejamento deve ser voltado para ao atendimento dessa demanda de forma efetiva.

(37)

35

é um exemplo desse sistema, perpassada por movimentos contraditórios e políticas de conveniência.

O caminho empreendido por essa análise da trajetória de propostas para a Educação Superior se direciona na mesma linha de abordagem já realizada por Frigotto (2011) em seu artigo intitulado “Os circuitos da história e o balanço da educação no Brasil na

primeira década do século XXI”, quando se referindo ao período de 2001 a 2010 a observação

“[...] não se interpreta nela mesma e, tampouco pelo que nela se fez, mas pela natureza desse fazer e das forças sociais que o materializam para além das intenções e do discurso.”

(FRIGOTTO, 2011, p. 237).

O que se buscou com essa análise, foram interpretar os fatos para além do discurso, foi compreender a dimensão dessas propostas a partir do momento em que se concretizam no meio social, tornando-se fortes e perpetuando-se independente da ideologia política existente.

De fato, o movimento político que ocorreu, desde o Governo de Fernando Henrique Cardoso, até o Governo de Michel Temer “[...] no plano social e educacional, é, ao

mesmo tempo, continuidade e descontinuidade.” (FRIGOTTO, 2011, p. 239).

A configuração desses governos é regida por um momento pela minimização dos direitos sociais e em outro momento pela conciliação de vontades, o que também não garante a total apropriação desses direitos pelos menos favorecidos, mais ao contrário, fortalece as

vontades dos “prepotentes”.

Programa de grande repercussão nacional o REUNI, foi instituído no Governo Lula como uma ponte entre as Universidades Públicas e uma educação superior mais efetiva para sociedade.

Porém, não conseguiu emplacar sua continuidade através de financiamentos e avaliações necessárias. O que de fato ocorreu no país, foi um retorno de práticas mercantilistas, pautado por resultados e a minimização do Estado.

Nessa perspectiva, os sujeitos retornam à condição, não de atores que influenciam as políticas, mas assumem uma postura de consumidores, sendo reduzidos, dentro dessa

máquina pública chamada de “governo democrático”.

3.1 As Políticas de Educação no Governo de Fernando Henrique Cardoso

(38)

36

(CARVALHO, 2006, p. 2). De certo modo que a avaliação e a privatização, se encontram no centro das atividades políticas planejadas e executadas, atingindo principalmente as políticas sociais, dentre tantas, a educação.

As políticas públicas voltadas para área do Ensino Superior público no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002) são minimizadas e enfraquecidas diante do

fortalecimento e expansão das Faculdades Privadas, onde instituiu programas como o “Fundo

de Financiamento do Ensino Superior” (FIES) que priorizou estas Instituições em detrimento do setor público.

O Governo de FHC, pautado por uma política identificada como “gerencialista eficientista” (SGUISSARDIS, 2000, p. 41), possui uma inclinação para o atendimento das

demandas orientadas por órgãos financeiros como o Fundo Monetário Internacional “FMI”. Dentro desse panorama a Universidade Pública se distancia do fortalecimento de sua autonomia universitária, e concorre de modo desigual com as Instituições privadas.

O modelo gerencialista, concentrou seu investimento no setor privado,

promovendo uma concorrência entre as próprias instituições, uma espécie de “ranqueamento”,

visando apenas o resultado final, e não a qualidade do ensino prestado, fortalecendo a concepção de um mercado universitário.

O marco de seu governo foi à aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, lei nº 9.394/1996), que inseriu novos padrões a serem alcançados e melhorados no sistema educacional. Concretamente o significado da LDB para a Universidade Pública foi uma autonomia didático-científica e administrativo-financeira, através das diretrizes que vão desde a formação do Colegiado, até a criação e exclusão de cursos.

Com o processo de industrialização e globalização, as orientações capitalistas ganharam força na administração de FHC, provocando um aumento da desigualdade social. Assim, grande parte da população continuou sem preparo para efetivar novas atribuições no mercado de trabalho.

A tangente encontrada pelo o governo foi atender aos argumentos empreendidos pelo Consenso de Washington, e avançar em parceria com o FMI, reduzindo as demandas sociais do país em uma perspectiva economicista.

Retornando ao ano de 1990, em Jomtien, na Tailândia, aconteceu a “Conferência Mundial de Educação Para Todos”, onde se reuniram os noves países mais populosos do

(39)

37

mobilizar recursos [...]” (UNESCO, 1998). Oito anos após a Conferência o país não conseguiu desenvolver plenamente os objetivos firmados, o que propiciou um distanciamento evolutivo em relação à educação, inclusive com outros países subdesenvolvidos.

Conferências ocorridas no Brasil nos anos seguintes debateram o atraso da educação e a falta do empenho do governo em investir neste setor.

Após três anos do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, a crise da educação atinge níveis intoleráveis. A política de desobrigação do Estado com a educação pública, gratuita e de qualidade cada vez mais vem excluindo crianças, jovens e adultos da escola e aprofundando as desigualdades sociais. (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO, 1997, p. 2).

Resumidamente, nos anos de 1994 a 1998, a estratégia usada pelo governo foi utilizar políticas conciliatórias, maquiadas através da participação da sociedade em Conferências e congressos, o que considerava um processo aberto e participativo. No entanto, as ações que ali eram discutidas sofriam inúmeras alterações ao tramitar pela máquina pública, ocorrendo o desmonte das solicitações.

Sendo reeleito, o governo deu continuidade à sua lógica de política gerencialista, porém, a estratégia se concentrou na aprovação de decretos e leis direcionados às políticas públicas voltadas para a educação de nível básico.

A ordem imposta pelo governo se completa com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN‟s), com o Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX), com as Diretrizes Curriculares para o ensino no 3 grau, com a proposta de Autonomia para as Instituições Federais de Ensino Superior, com os programas especiais e compensatórios elaborados pelo Ministério da Educação (o Programa Nacional de Alimentação Escolar; o Programa Nacional do Livro Didático; o Programa Nacional de Garantia da Renda Mínima; o Programa de Aceleração da Aprendizagem; o Fundo de Fortalecimento da Escola, dentre outros) [...] (HERMIDA, 2012, p. 4).

Diante desses programas apresentados, a centralidade do governo se concentrou em fortalecer as faculdades privadas e na aprovação de Legislações voltadas para o ensino básico, como aborda Hermida (2012).

A ideologia política implementada durante os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, se concentrou no oferecimento do mínimo necessário de conhecimento para a sociedade, de modo que, servisse de base tecnocrata com o fim mercadológico, fortalecendo a abertura do mercado a países desenvolvidos, de acordo como orienta o

relatório do Banco Mundial (1992 apud TORRES, 1998, p. 131).

(40)

38

aumenta a capacidade produtiva das sociedades e suas instituições políticas, econômicas e científicas e contribui para reduzir a pobreza, acrescentando o valor e a eficiência ao trabalho dos pobres e mitigando as consequências da pobreza nas questões vinculadas à população, saúde e nutrição [...].

As exigências das agências multilaterais se concretizaram através dos instrumentos avaliativos como SAEB e PROVÃO, com a finalidade quantitativista, promovendo um aquecimento principalmente na economia da educação superior privada. Estes instrumentos não possuíam o interesse em melhorar os índices negativos, mas apenas

selecionar os “melhores”, como aborda Dias Sobrinho (2010, p. 202).

Com o advento da supremacia do neoliberalismo e as consequentes políticas de diminuição da presença do Estado nos financiamentos públicos, os exames gerais ganharam importância como instrumento de controle e de reforma. Sua dimensão política de controle passou a prevalecer sobre a pedagógica. Os exames nacionais atendem bem as finalidades de medir a eficiência e a eficácia da educação segundo os critérios e as necessidades dos Estados neoliberais, em suas reformas de modernização, e do mercado, em seu apetite por lucros e diplomas.

Até a transição desse governo, não havia cogitação para uma possível reforma da Educação Superior Pública, ao contrário, a situação era de “[...] sucateamento do segmento público, devido à redução drástica do financiamento do governo federal.” (CARVALHO, 2006, p. 4).

Teve como base uma política neoliberal, focada em uma administração gerencialista, os recursos financeiros e as políticas educacionais migravam do ensino básico para o favorecimento das faculdades privadas. Aquecendo o mercado educacional, implantou as avaliações das Instituições Superiores, o que produziu uma corrida de apostas no mercado educacional financeiro.

3.2 As Políticas de Educação no Governo Luís Inácio Lula da Silva e o Início do REUNI

A política de governo do Luís Inácio Lula da Silva iniciou com a utopia de romper com as velhas estruturas financeiras que controlavam o sistema brasileiro, isto porque, conquistou a confiança da maioria da população por ser um representante popular e de esquerda.

Apresentando em seu programa de governo inúmeros projetos sociais. “As forças

sociais progressistas que conduziram ao poder o atual governo tinham, em sua origem, a tarefa de alterar a natureza do projeto societário, com consequências para todas as áreas”

Imagem

Figura  1  –  Mapa  de  Adesão  ao  REUNI  pelas  Universidades  Federais
Figura 2 – Vista aérea da Cidade de Pinheiro MA – [19--]
Figura 3 – Dados Gerais do município de Pinheiro
Gráfico 1 – Faixa Etária dos Servidores técnicos administrativos (Idade)
+7

Referências

Documentos relacionados

O caso de gestão a ser estudado irá discutir sobre as possibilidades de atuação da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil e Educação Inclusiva (PROAE) da

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..

Além desta verificação, via SIAPE, o servidor assina Termo de Responsabilidade e Compromisso (anexo do formulário de requerimento) constando que não é custeado

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

A versão reduzida do Questionário de Conhecimentos da Diabetes (Sousa, McIntyre, Martins & Silva. 2015), foi desenvolvido com o objectivo de avaliar o

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on