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Esquema 3 – Análise de Titulação e Público-alvo

7 A HISTORICIDADE DA EXTENSÃO E SUAS CONCEPÇÕES

7.3 O Desenvolvimento da Extensão Universitária na UFMA

7.3.3 Análise ideológica sobre Extensão Universitária

7.3.2.1 Análise eixo referencial e público alvo

Iniciando pela Identificação dos Projetos, buscou-se perceber as assertivas em torno do eixo referencial dessa pesquisa, que compreende a extensão como um processo de formação tanto do sujeito quanto um processo dialógico, respeitando a cultura local e a crença popular.

Produzindo recursos intelectuais e sociais principalmente para aqueles que se encontram fora da Universidade e não apenas para os que estão ativos dentro da Instituição. Dessa forma, contribui com a sociedade e promove um intercâmbio de saberes.

No esquema a seguir, foram apresentados dois Projetos de Extensão planejados no âmbito da Universidade Federal do Maranhão do Campus de Pinheiro.

Para esse primeiro momento, houve a necessidade de analisar a maneira como foi construído o título dos projetos e a identificação do público alvo. Buscou-se através dessa ação, revelar até que ponto, há uma preocupação na redação do título desses projetos e identificação do público alvo e qual a ideia que se tem da proposta.

De acordo com Menegassi e Chaves (2000, p. 28):

O título é uma síntese precisa do texto, cuja função é estratégica na sua articulação: ele nomeia o texto após sua produção, sugere o sentindo do mesmo, desperta o interesse do leitor para o tema, estabelece vínculos com informações textuais e extratextuais, e contribui para a orientação da conclusão à qual o leitor deverá chegar.

Seguindo essa orientação dos autores Menegassi e Chaves (2000), buscou-se analisar a relevância do título e da identificação do público alvo, compreendo que se trata de uma ação estratégica incluso no processo de planejamento dos projetos.

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Esquema 2 – Analise de Titulação e Público-alvo

Fonte: elaborado pela autora.

O que se pode encontrar de correlato entre os dois projetos nessa primeira análise, é a construção da titulação dos Projetos que gira em torno de desenvolver ações voltadas para a área de educação, um específico em saúde e o outro em educação ambiental.

Sobre o projeto “Ações interdisciplinares de educação em saúde na comunidade

próxima a UFMA em Pinheiro – MA”, não há uma preocupação em especificar na titulação onde essas ações serão desenvolvidas, deixando no primeiro contato com o projeto uma ideia implícita, no caso, “na comunidade próxima a UFMA em Pinheiro – MA”.

Ainda analisando esse projeto, outro ponto que chama atenção é a descrição do público alvo. Redigido no projeto da seguinte maneira: “aos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) do munícipio de Pinheiro – MA”. Deixa margem para ser questionado, quem são esses usuários? Será desenvolvido o projeto com todos os usuários do SUS? Quantos atualmente são cadastrados pelo SUS em um município que possui uma população de 79.566 (setenta e nove mil quinhentos e sessenta e seis)? E ainda, quantas comunidades existem ao entorno da UFMA e por que essa comunidade foi à escolhida?

Ainda analisando a redação da titulação dos projetos. O projeto “Ações para a promoção da educação ambiental e combate à poluição”, apresenta o mesmo sentido amplo do projeto anterior. Não há uma especificação de qual comunidade.

De acordo com Monfredini (2014, p. 37), “A extensão, pelas suas características, pode se constituir nesse espaço de formação”. Observando a falta de clareza tanto na titulação dos projetos, quando na identificação do público alvo, deixa margem para os seguintes questionamentos: Qual será o espaço de formação desses sujeitos? Quem são esses sujeitos?

• Comunidades ribeirinhas presente no município de Pinheiro • Aos usuários do SUS do município de Pinheiro MA (comunidade próxima a UFMA em Pinheiro –MA) • Ações para a promoção da educação ambiental e combate à poluição • Ações interdisciplinares de educação em saúde na comunidade próxima a UFMA em Pinheiro - MA Nome do Projeto Nome do Projeto Público- alvo Público - alvo

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Monfredini (2014), entende o espaço como múltiplas opções de atuação, sendo a cultura do(s) sujeito(s), um meio ainda desconhecido pela Instituição, porém relevante para o estreitamento de laços acadêmicos permitindo que ocorra um aprimoramento do meio.

A partir da avaliação dos títulos e identificação dos públicos alvo dos projetos apresentados acima, não houve uma preocupação em identificar esses sujeitos, faltando uma referência do local em que será desenvolvido o projeto, além da identificação do sujeito, identificado de maneira coletiva e não subjetiva.

Ainda seguindo nessa análise, de acordo, com a identificação do projeto e o público alvo, apresento o esquema a seguir:

Esquema 3 – Análise de Titulação e Público-alvo

Fonte: elaborado pela autora.

Nesses dois Projetos, as ações desenvolvidas abordaram o eixo saúde-educação, ambas são temáticas bastante discutidas na sociedade.

No projeto intitulado “Saúde e meio ambiente: Ações de educação em saúde no comércio de carnes nas feiras e mercados livres” na titulação do Projeto, já existe uma localização dos possíveis ambientes que seriam desenvolvidas as ações, no caso, nas “feiras e mercados livres”.

No Projeto “Diabetes: Você conhece? Educação em Saúde para melhora da

qualidade de vida do diabético”, em sua titulação, não há uma especificação do local em que será desenvolvido o projeto, porém apresenta como tema principal para esse trabalho, a temática “diabetes”.

• As atividades na comunidade ocorrerão na Unidade de Saúde da família (USF) ADSTRITA ao povoado Pacas. Pacas I e Pacas II. Atende população quilombola , geral e escolares. Portadores de DM, seus familiares, ACS, gestores e comunidades.

•Comerciantes de carnes in natura dos mercados e feiras do município de Pinheiro. Consumidores, familiares, Agentes comunitários de Saúde.

•Diabetes: Você conhece? Educação em Saúde para melhora da qualidade de vida do diabético.

• Saúde e meio ambiente: Ações de educação em saúde no comércio de carnes nas feiras e mercados livres. Nome do Projeto Nome do Projeto Público- alvo Público- alvo

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No Público alvo em ambos os projetos, há uma preocupação em delimitar para quem será desenvolvida as ações. Por exemplo: no projeto “Saúde e meio ambiente: Ações de educação em saúde no comércio de carnes nas feiras e mercados livres”, o público alvo foi

descrito da seguinte maneira: “Comerciantes de carne in natura, consumidores, familiares,

agentes comunitários de saúde”, e ainda, especifica o local em especial sendo “ mercados e feiras do município de Pinheiro”.

Partindo dessa perspectiva, compreende-se que o trabalho envolveu diretamente grupos específicos “comerciantes e agentes comunitários”, que serão importantes para replicar as informações compartilhadas para as demais pessoas, no caso, “familiares e consumidores”, com engrandecimento holístico para a sociedade.

Da mesma forma no projeto “ Diabetes: Você conhece? Educação em Saúde para melhora da qualidade de vida do diabético”, existe um tema principal, sendo “diabetes”, com uma abordagem para o conhecimento da doença. Na seleção do público foi escolhido uma Unidade da Saúde da Família Pacas I e Pacas II, no povoado de Pacas, onde possui uma diversidade de públicos.

Por se tratar de um projeto que visava, compartilhar informações sobre prevenção e cuidados, identificar portadores da doença, a escolha de um espaço específico para o desenvolvimento das ações foi de suma importância, pois delimitou a aplicação do projeto.

Existe também um cunho de multiplicação das informações, visto que, foi posto no público alvo os “agentes comunitários e gestores”, pessoas responsáveis por acompanhar a comunidade daquele local e que foram instruídas e formadas.

Portanto, a delimitação do meio e do público alvo, favoreceu um melhor aproveitamento das práticas extensionistas, além de incluir agente multiplicador das informações para o ambiente em estudo. Visto que, de acordo com esses projetos não há uma previsão de se tornarem práticas permanentes, ou seja, não há uma previsão de replicação desses projetos. Porém, as informações sendo compartilhadas deverão ser levadas para as demais pessoas que não puderam participar dessas ações diretamente.

Dessa forma, passa a ser uma prática social e contempla aspectos dinamizadores da extensão como aborda Síveres (2013, p. 21): “[...] podendo-se destacar a sua vinculação e o seu enraizamento local”.

Através do reconhecimento da região, as ações puderam favorecer o enraizamento local da Instituição, fortalecendo o vínculo Institucional com a comunidade local, demonstrando a preocupação em elevar a qualidade de vida.

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Além de aproximar a Universidade da sociedade o desenvolvimento da extensão é importante pois, executa um dos objetivos gerais da Instituição, que é gerar, sistematizar e difundir conhecimentos (SÍVERES, 2013). O autor entende que a prática de ensinar e aprender, vai além, pois, deve ser multiplicada, chegando àqueles que não puderam participar diretamente da prática educacional, portanto, gerar e difundir conhecimentos é extremamente relevante para a prática extensionista.

Síveres (2013, p. 23) abordou “[...] a comunicação dos saberes, no processo

significante da UNI-versidade.” O respeito e a prática do diálogo promovem o intercâmbio de saberes iniciando um movimento de zelo e respeito pela característica cultural e histórica de cada localidade.

Através da análise da formulação da titulação e do público-alvo desses dois projetos analisados anteriormente, foi possível identificar esses três aspectos, o enraizamento local da universidade através dos meios em que foram escolhidos para desenvolver as ações, a multiplicação dos saberes, promovendo uma sistematização do conhecimento através da inclusão de pessoas que já atuam nessa prática da prevenção e multiplicação de informações, o respeito e zelo com a cultura local ao se apropriar teoricamente da realidade local, o que promove o planejamento de ações com efeito efetivo a sociedade.

Continuando a análise, observar o esquema abaixo: Esquema 4 – Análise de Titulação e Público-alvo

Fonte: elaborado pela autora.

Ambos os projetos são voltados para área da saúde. Na formulação das titulações dos projetos, foi possível identificar no projeto intitulado “ Educação em Saúde: Promoção da

•Crianças de 01 a 05 ano da área adscrita a UBS do povoado de Pacas – Pinheiro MA e seus familiares. •Usuários das UBS, seus

familiares, ACS, gestores e comunidade adstritas as UBS dos municípios de Pinheiro e Dom Pedro.

•Empoderamento da

comunidade como alternativa de combate à desnutrição infantil

•Educação em Saúde: Promoção da Saúde para a melhora da qualidade de

vida da comunidade Nome

do Projet o Nom e do Proje to Públic o-alvo Públ ico- alvo

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Saúde para a melhora da qualidade de vida da comunidade” uma abrangência de ações, em

torno da “qualidade de vida”, porém, nesse primeiro momento, não há um direcionamento do que seria foco principal.

Já no projeto intitulado “Empoderamento da comunidade como alternativa de combate à desnutrição infantil” o foco se concentrou na “desnutrição infantil”. O que facilitou a delimitação de ações e a avaliação do resultado ao final do processo.

As diferenças encontradas na distribuição do público alvo foi que no projeto “Educação em Saúde: Promoção da Saúde para a melhora da qualidade de vida comunidade”, há uma preocupação na multiplicação dos saberes através da inserção de “agentes comunitários e gestores”, estes serão responsáveis por multiplicar os saberes através das trocas de informações com as demais pessoas residentes da região escolhida, mas que não puderam participar diretamente desse projeto.

No projeto “Empoderamento da comunidade como alternativa de combate à

desnutrição infantil” há uma descrição do público alvo “crianças de 01 a 05 anos”, incluindo os familiares dessas crianças.

A localidade em ambos os projetos foi identificada, o que geograficamente determina o meio escolhido para a prática extensionista.

Quando o projeto de extensão possui uma titulação e planejamento de prováveis público alvo, descritos artificialmente não incluindo demais participantes, a análise fica comprometida, pois se por natureza as ações de extensão possuem uma complexidade e diversidade posta pela historicidade local, como não especificar e subjetivar a atividade e os sujeitos envolvidos de modo que, sejam atores principais nesse processo.

A prática da extensão exige que se vá além da prestação de serviços que, de fato seja uma prática educativa. Sua interdisciplinaridade promove um intercâmbio de ações, sua diversidade deixa margem para novas propostas serem implementadas e compartilhadas. Porém a prática de educar, deve sempre estar presente e isso impõem um comportamento diferenciado; um planejamento de um projeto que qualifique esse ato.

Educar é libertar e é contrária a qualquer domesticação, Freire (1983, p. 15) “Educar e educar-se, na prática da liberdade, não é estender algo desde a „sede do saber‟, até a „sede da ignorância‟ para „salvar‟, com este saber, os que habitam nesta.” Na prática extensionista, de acordo com Freire, não há uma determinação de ignorância, sábios e sabidos, todos têm sua importância e juntos buscam através do conhecimento serem livres e por isso a prática da extensão como comunicação.

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Por certo que a complexidade de se realizar projetos de extensão, esteja implicitamente ligada ao entendimento dessa prática como libertadora e educadora. Um ambiente em que todos são educadores e educando, totalmente avesso ao eixo acadêmico clássico: professor – aluno.

Foi possível identificar, que nesses projetos, houve a preocupação em identificar os sujeitos que serão beneficiários dos projetos, além de compartilhar as informações através de um diálogo, preocupando-se em fazer com que essas informações sejam replicadas mesmo depois de finalizado os projetos.

Ainda permanecendo nessa análise, segue esquema: Esquema 5 – Analise de Titulação e Público-alvo

Fonte: elaborado pela autora.

No projeto “Peixe nosso de cada dia” o eixo central é o meio ambiente e no

projeto “ Movimentação” o eixo central se desenvolve em torno da prática de exercício físico.

O público alvo no projeto “Peixe nosso de cada dia” foi direcionado para os

“discentes que residem na casa de estudantes e ribeirinhos”; e o público alvo do projeto “movimentação” é voltado para os idosos assistidos pela atenção básica de Pinheiro - MA”.

Os projetos apresentam alcances diferentes, porém o que chama atenção é o planejamento do público-alvo onde, um apresenta planejamento para um determinado grupo da sociedade pinheirense os “idosos” e o outro apresenta como público alvo “discentes e ribeirinhos”.

Compreendendo que, os discentes são aqueles que residem na casa de estudantes, é possível questionar a relevância desse trabalho para a comunidade, embora seja citado os “ribeirinhos”, não há uma identificação subjetiva que qualifiquem esse grupo.

•Idosos assistidos pela atenção básica de Pinheiro

MA •Discentes que residem

na casa de estudantes e ribeirinhos

• Projeto Movimentação • Peixe nosso de cada

dia. Nome do Projeto Nome do Projeto Público - alvo Públic o- alvo

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Apesar da extensão envolver os três atores principais comunidade, aluno e professor, suas ações devem estar voltadas diretamente para a comunidade, favorecendo que ocorra o intercâmbio de conhecimento promovendo uma melhoria na qualidade de vida da sociedade.

Quando se propõem trabalhar com os atores que já atuam diretamente na vida acadêmica, deixam a desejar essa troca de saberes e o comprometimento com a sociedade. “A Extensão deveria se realizar de vária formas: por meios de cursos acessíveis a todos, incluindo operários, analfabetos, etc. [...], não se restringindo à classe social que a ela já tinha acesso” (NOGUEIRA, 2001, p. 5).

Como bem aborda Nogueira, esse foi um dos pontos levantados pelos estudantes na década de 60, buscavam uma Universidade mais comprometida com a comunidade local, principalmente com aqueles que não tinham acesso ao que comumente os estudantes já possuem através de concessão de bolsas e cursos.

No projeto identificado “movimentação”, há uma ideia de que a proposta gira em torno da prática de exercícios físicos. O público alvo é identificado como sendo “ idosos assistidos pela atenção básica de Pinheiro”, assim, compreende-se que não serão todos os idosos que participarão desse projeto, mas apenas aqueles que estão sendo acompanhados pela atenção básica de Saúde, não sendo identificada no público alvo.

A análise da titulação e do público-alvo desses projetos até o presente momento são dados importantes para a contextualização da Extensão, servindo de material teórico que correlaciona os pensamentos de atores já abordados no referencial teórico dessa pesquisa, buscando compreender a relevância das formulações dentro dessa perspectiva abordada.

Por essa lógica, foi possível perceber diversas propostas que abordam desde a saúde, educação, práticas esportivas e sustentabilidade do meio ambiente, promovendo ora uma coerência entre o que estava proposto e os atores envolvidos, ora incoerência entre essas características e a práxis (aplicação para a realidade).

Agora, para aprofundar essa pesquisa, serão analisados o eixo analítico (conteúdo) e eixo avaliação de resultados desses projetos apresentados anteriormente.

Essa análise é de acordo com as ideias dos autores que foram referência para essa pesquisa já apresentadas na Tabela de 2, através da sistematização, de modo que direcionasse esse estudo para uma discussão aprofundada de Extensão Universitária.

O Gráfico 1 é possível identificar os 08 (oito) projetos, onde foi, analisado o conteúdo, com base em categorias que visam discutir a maneira como se institucionalizam os

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Projetos de Extensão, com vistas em abordagem que vai, desde uma prática dialógica até a constituição como trabalho social.

Esse exercício é relevante, pois além de demonstrar em números a quantidade de projetos desenvolvidos no ano de 2015 e 2016, mostra a qualidade dessas ações e o impacto da Universidade na sociedade e na cidadania.

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