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Esquema 3 – Análise de Titulação e Público-alvo

7 A HISTORICIDADE DA EXTENSÃO E SUAS CONCEPÇÕES

7.3 O Desenvolvimento da Extensão Universitária na UFMA

7.3.3 Análise ideológica sobre Extensão Universitária

7.3.2.2 Gráfico Eixo Analítico (Conteúdo)

Foram analisados 08 (oito) projetos de acordo com as categorias apresentadas no gráfico acima. Dentro desse contexto, houve similitude entre as categorias prática comunicativa, formadora de sujeito, processo educativo, projeto eventual e prática processual, dentre o total de projetos avaliados.

Gráfico 4 – Eixo Analítico

Fonte: elaborado pela autora.

8 0 8 0 0 0 8 8 4 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Prática Processual Prática Funcional Projeto Eventual Projeto Permanente Prática Anti-dialógica Prestação de serviço Processo Educativo Formadora de Sujeito Trabalho Social Prática Comunicativa Prática Processual Prática Funcional Projeto Eventual Projeto Permanen te Prática Anti- dialógica Prestação de serviço Processo Educativo Formador a de Sujeito Trabalho Social Prática Comunicat iva

Quantidade de Projetos Abrangidos 8 0 8 0 0 0 8 8 4 8

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Deste modo, compreende como categoria prática comunicativa a institucionalização de projetos extensionistas, que mantém um vínculo entre o ensino e a pesquisa, propondo ações que de fato sejam do interesse da comunidade local.

Esses processos ou projetos não devem ser aplicados apenas na Universidade, mas expandir de acordo com a carência e análise entre as problemáticas e os grupos sociais mais necessitados, aproveitando-se conhecimentos acadêmicos com parâmetros práticos de saberes locais. Para que isso ocorra, a comunicação deve ser essa via de troca de informação, porém não como um processo “[...] elitista de transmissão de conhecimento, mas no sentido de troca entre saber acadêmico e saber popular.” (NOGUEIRA, 2001, p. 6).

Assim, essa categoria comunicativa está presente no planejamento dos 08 (oito) projetos institucionalizados referidos, na Universidade Federal do Maranhão, Campus de Pinheiro, entendendo que para a construção das ações extensionistas foi preciso construir essa troca de informação entre saber acadêmico e popular, propondo resultados que correlacionam a necessidade local com o desenvolvimento da práxis utilitarista.

A categoria identificada como formadora de sujeito permite que a Universidade atue e modifique o meio complexo, diversificado e dominante. Monfredini (2014) aborda o uso das ciências, tecnologia e outros como fundamentais para propor uma liberdade ao sujeito. Aponta a cultura do sujeito, como uma área de atuação da extensão, por ser esse ambiente conflituoso que permite questionamentos e aproximação favorecendo uma formação integral.

A partir dessa concepção, foi identificado que esses projetos analisados possuem direcionamento na contribuição da formação dos sujeitos, sendo temáticas relevantes que proporcionam questionamentos de atividades já exercidas há muito tempo e que agora são apresentadas com uma nova roupagem, ou propostas de inserção de atualidades. Tornando-se relevante não apenas para a formação do sujeito, mas também para a modificação do próprio meio em que o sujeito vive.

Na categoria processo educativo, Freire (1983) propõe a extensão libertadora e para isso, ela deve ser educativa. Esse autor identifica os trabalhos e assuntos abordados pelos atores como todos sendo partes importantes (e integrantes) para esse processo, portanto “educador– educando e educando-educador” (FREIRE, 1983, p 53). Nesse sistema o relacionamento é formado através de uma parceria não podendo existir uma hierarquia entre o que “ensina” e que “aprende”, pois segundo Freire (1983), todos são essenciais para a prática do ensinar e aprender.

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De acordo com esse pensamento os projetos analisados, possuem essa característica do “educador-educando e educando-educador”, demonstrado através da interação entre os atores envolvidos, não sendo identificada através da leitura interpretação preconceituosa ou construção de hierarquia entre os sujeitos.

Melo Neto (2002), apresenta ontologicamente uma discussão em torno da Extensão Universitária, analisando seu próprio sentido de ser, abordando a realização das ações seja pela técnica, seja pelo alcance ou pelo caráter.

Assim, as categorias de Prática Eventual e Permanente, respectivamente de acordo com Melo Neto (2002) referem-se ao desenvolvimento de projetos extensionistas ocasionalmente, não possuindo uma característica de plano definitivo. Já a prática permanente se refere a projetos que são planejados visando uma frequência no desenvolvimento das ações de maneira, “sistematizadas”.

Seguindo essa orientação, todos os projetos analisados possuem característica de Prática Eventual, ou seja, designados para atualizar informações, inserir novos valores e compartilhar melhorias de qualidade de vida. Não há previsão de continuidade dos projetos, são pensados visando um tempo pré-determinado para sua finalização.

Na categoria prática funcional de acordo com Rocha (1990, p. 135-136), se materializa através do “[...] oferecimento de cursos de extensão, prestação de serviço de

assistência social, de serviços de saúde, de serviços jurídicos [...]”pela Universidade para a

sociedade, porém sem estreitar os laços entre o ensino e a pesquisa.

Na categoria prática processual, a extensão é materializada através de um procedimento que se articula pelo viés “educativo, cultural, científico, portanto interligando as três funções da Universidade: ensino, pesquisa e extensão “de forma indissociável” (BOTÃO; APALHANO; ROCHA, 1990, p. 135-136).

Partindo desse princípio foi identificado que os 08 (oito) projetos foram planejados de acordo com o direcionamento da prática processual. Há uma relação entre o ensino e pesquisa se concretizando pela prática extensionista. Podendo ainda ser organizado “[...] pela iniciativa institucional ou organizacional” (BOTÃO; APALHANO; ROCHA, 1990, p. 136), mediante experiências acadêmicas que serão vinculados aos sujeitos externos da Instituição, através da “comunicação”.

A falta de projetos extensionistas como prática funcional, demonstra o distanciamento da Instituição com a realidade local a qual está inserida, os cursos desenvolvidos através dessa prática podem influenciar e favorecer a sociedade, que segundo Rocha propõe:

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A formação de contingentes populacionais que não podem ter acesso ao ensino de graduação ou a reciclagem de profissionais já formados; a difusão de resultados de pesquisas, a aplicação de tecnologias (inclusive tecnologia alternativas); o atendimento a demandas sociais mediante a intervenção da universidade na realidade em que se insere. (BOTÃO; APALHANO; ROCHA, 1990, p.136).

Qualificando e modificando o meio social e cultural fortalecendo o papel da Instituição por meio de uma “[...] maior representatividade [...] e como experiências de maior globalidade.” (BOTÃO; APALHANO; ROCHA, 1990, p. 136).

Na categoria prestação de serviço, os projetos de extensão de acordo com Cunha (2010) são “[...] realizados com o sentido da captação de recursos, alterando substancialmente sua missão original.” Produzindo um retraimento na produção de insumos voltados para a sociedade, quando visualiza a prática pelo viés da lucratividade e não do compartilhamento dos saberes.

Na análise dos projetos, nenhum apresentou planejamento direcionado para práticas voltadas para a captação de recursos, portanto, seguindo nesse raciocínio exposto pelo Cunha (2010) os projetos desenvolvidos no âmbito da UFMA mantém a originalidade na produção de ações direcionadas para multiplicação do conhecimento.

Na categoria anti-dialógica, Freire (1983) trabalha na perspectiva de uma invasão cultural, a prática anti-dialógica se comporta de forma contrária a prática “dialógica”, seu comportamento é de negação dos sujeitos, levando em consideração que estes deverão se comportar como receptores ou serem convencidos sobre algo. O Processo extensionista é ainda posto como uma prática tecnocrata, desconsiderando aspectos humanos e sociais.

Nos projetos estudados nenhum foi identificado como prática anti-dialógica, portanto, as construções das atividades de extensão foram baseadas em um contexto real, onde, foi considerado relevante aspectos humanos, sociais e culturais, sempre pautado pelo diálogo entre o contexto teórico e prático, além de ambientar os sujeitos, tornando um processo interativo.

Na categoria trabalho social, pela perspectiva do autor Melo Neto, em 2002 trata da extensão com possibilidades múltiplas de transformar o próprio meio, ser criadora e desenvolvedora de cultura e produtos. Segundo Melo Neto (2002, p. 10), para identificar um trabalho de extensão como trabalho social é preciso haver múltiplos participantes, não cabendo apenas “docentes, discentes e comunidades”, mais envolvendo outros “grupos externos a comunidade”.

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Partindo desse pressuposto, dentre os projetos analisados, 04 (quatro) possui essa característica de trabalho social, isso porque envolvem outros grupos que também são externos a comunidade, na construção dessa transmissão e troca de saberes. Mais especificamente os 04 (quatro) projetos voltados para área da saúde, possuem essa preocupação em multiplicar e transformar as ações empreendidas em produtos, envolvendo “Agentes de saúde, funcionários de Unidade Básica e pessoas da comunidade que se propõem em contribuir para esse fim”.

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