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Texto: O Direito Romano - obrigações, contratos e coisas.

A - OBRIGAÇÕES

- INTRODUÇÃO

Obrigação é um vínculo jurídico pelo qual alguém, chamado devedor, se compromete perante outra pessoa, chamada credor, a:

Dar Alguma Coisa (transferir a propriedade de uma coisa ao outro - por exemplo: um carro, 200 sacas de café, dinheiro, etc...);

Fazer (uma construção, um serviço, por exemplo) - ou não fazer (abster-se de atuar, interromper obra/serviço, não fazer barulho após determinada hora, etc... ); ou

Cumprir Uma Prestação - no sentido jurídico de entregar uma determinada coisa a outra pessoa, sem transferir-lhe a propriedade. Por exemplo: na locação de uma casa, o locatário tem a obrigação de pagar o aluguel (obrigação de dar dinheiro), já o locador tem a obrigação de deixar o locatário usar a casa, ou seja tem que cumprir uma prestação de deixar que o locatário use a casa - entrega a casa sem transferir a propriedade, apenas o uso). Assim, a obrigação do locador não é de DAR, NEM de FAZER OU NÃO FAZER, mas de cumprir uma prestação.

A palavra obrigação provém de obligatio (obrigar), que, por sua vez, decorre de ab+ligatio, ou seja, “ação de ligar alguém a...”.

Segundo a literatura, imagina-se que a origem da palavra obligatio decorra da história de alguém que, assumindo um compromisso a ser cumprido em outro local, devia ser amarrado ao credor para que não fugisse sem cumprir o prometido.

Em Roma, nos primeiros tempos, o credor podia dispor do devedor que não saldasse suas dívidas, podia matá-lo ou vendê-lo como escravo.

Assim, o contrário de obligatio (obrigar) é solutio (do verbo solvere: desatar, soltar).

Dessa forma, obrigação representava o vínculo que ligava a própria pessoa do devedor ao seu credor (esse vínculo também recebia o nome de nexum). Realmente o devedor estava ligado ao credor. O Devedor, somente após ter cumprindo a obrigação, poderia se desligar de seu credor.

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Obrigação, então, significa, em sentido geral, um dever, um encargo, um compromisso, uma imposição.

Cumprir a obrigação é o mesmo que solver ou saldar a obrigação.

Com a evolução da sociedade romana, passou-se a entender que não mais a pessoa do devedor é que deveria responder pela obrigação, mas sim o seu patrimônio, (o patrimônio da pessoa devedora é que deveria garantir o cumprimento da obrigação) .

Em 326 a. C., surgiu a Lei Poetelia Papira que determinou que o patrimônio do devedor é que deveria responder pelos seus compromissos, não mais sua pessoa.

Assim, passou-se a aceitar a possibilidade de composição das dívidas (acordos), quando a obrigação, eventualmente, não pudesse ser cumprida da forma como foi combinada.

Realmente, muitas vezes, pode ocorrer algum fato que impeça o cumprimento de determinada obrigação.

Por exemplo: alguém recebe determinado valor e promete fornecer 100 sacas de trigo em 30 dias acreditando na colheita, mas eis que ocorre um incêndio e impossibilita o devedor de cumprir seus compromissos.

Dessa forma, o devedor pode propor ao credor um acordo, entregando cabeças de gado de valor equivalente, para indenizá-lo por não ter podido entregar o trigo.

Quando o devedor, com a concordância do seu credor, dá algum bem diferente do combinado para cumprir a obrigação, diz-se que houve uma dação em pagamento (=datio in solutum).

Elementos das obrigações:

1. Sujeito Ativo: é o credor (ou creditor, ou ainda, reus credendi =credor da coisa); 2. Sujeito Passivo: é o devedor (ou debitor, ou ainda, reus debendi =devedor da

coisa);

3. Objeto da Obrigação: o que é devido, a dívida, o ato que o devedor deve fazer em benefício do credor.

O objeto da obrigação deve ser:

a) l ícito (não proibido por lei - por exemplo: a obrigação de fornecer drogas proíbidas é ilícita - não tem valor jurídico);

b) moral (não deve ser contrária aos bons costumes);

c) possível (por exemplo: a obrigação de plantar trigo na lua é fisicamente impossível);

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d) passível de valoração econômica (tem que ter valor determinado ou determinável).

4. Vínculo Jurídico: é a ligação jurídica entre o devedor e o credor.

I - As fontes das obrigações

Para o Imperador Justiniano, as obrigações podiam resultar de: 1. contrato;

2. quase-contrato; 3. delito; e

4. quase-delito

O jurisconsulto Modestino acrescentou que as obrigações podem nascer da lei (a lei pode obrigar alguém a fazer alguma coisa - pagamento de impostos, por exemplo) .

B.

CONTRATOS

I - CONTRATOS EM GERAL

O contrato tem uma longa história dentro do direito romano.

No período arcaico, quando o direito não era escrito, os contratos também eram feitos oralmente.

O costume impunha um ritual para os contratos verbais (orais).

Os contratantes deveriam dar as mãos e voltar-se de frente para o templo da deusa Bona Fides (Boa-fé). A partir de então, o contrato oral era considerado válido.

Daí provém o costume que chegou até os dias atuais de apertar as mãos para selar os compromissos.

Alguns contratos, em razão da maior importância de seu objeto (e os de maior valor) eram celebrados perante testemunhas e precedidos por um juramento de ambos os contratantes.

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I.1.1 - ELEMENTOS PARA A VALIDADE DOS CONTRATOS:

a) capacidade das partes- (dos contratantes): os contratantes têm que ter

capacidade civil para contratar. Os incapazes não podem contratar.

b) objeto lícito, possível, determinado ou determinável

não pode contrariar a lei (ex: não é possível contrato para fornecimento de drogas ilegais);

não pode ser contrário à moral e aos bons costumes (por exemplo, contrato para prestação de favores sexuais, não é possível) ; e

não pode ser impossível (contrato para o fornecimento de minérios do planeta Júpiter não é possível).

c) consentimento das partes - a livre manifestação da vontade das partes é

essencial para validade dos contratos.

A propósito, são considerados VÍCIOS DO CONSENTIMENTO, que podem invalidar os contratos:

a coação (alguém força o outro a assumir a obrigação – podendo ser coação física – mediante violência – ou psicológica – mediante grave ameaça);

o erro (sobre a essência do objeto - um criador de gado pensa estar comprando um touro reprodutor e compra um animal estéril -portanto, imprestável para a reprodução);

dolo (a má intenção de uma das partes que vende uma coisa diferente da que entrega - alguém apresenta um cavalo puro-sangue de corrida para venda, contudo entrega um animal parecido, mas mestiço e velho).

Aquele que foi lesado, pode pedir em juízo a anulação do contrato.

I.1.2 - A EVOLUÇÃO DO CONTRATO EM ROMA

O contrato verbal evoluiu muito em Roma.

No início (período arcaico), havia o contrato chamado nexum, que correspondia ao costume de o credor poder dispor da vida do devedor, caso este não cumprisse a obrigação.

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O nexum era uma instituição vexatória que feria a dignidade da pessoa humana. Sponsio era outro tipo de contrato verbal.

O sponsio era solene e formal. Os contratantes, diante do altar, respondiam a perguntas de forma solene. Tinha cunho religioso, mas com efeitos que obrigavam às partes. Era privativo dos cidadãos romanos.

O sponsio evoluiu para o que se chamou stipulatio (=estipulação, convenção, acordo - no direito romano, stipulatio era uma forma de contrato verbal; atualmente, também significa convenção, acordo, contrato ou mesmo cláusula contratual).

Stipulatio era uma fórmula geral de contrato verbal que atendia a várias finalidades e a grande diversidade de obrigações.

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A stipulatio consistia numa fórmula na qual o contratante perguntava:ao contratado: Spondes ...? (Promete...?);

o contratado devia responder: Spondeo (prometo). Por exemplo:

Fulano, você PROMETE me dar 100 moedas para que eu faça tal serviço? O devedor devia responder: PROMETO (Spondeo)

A forma devia ser solene para ter validade:

a palavra spondes devia constar na pergunta e a resposta devia ser spondeo.

A evolução continuou e, mais tarde, foi admitidos o emprego de outros verbos nos contratos (nos contratos verbais).

Contudo, as respostas deviam corresponder claramente às perguntas (os verbos empregados deviam ser os mesmos). Por exemplo:

Pergunta Resposta

Dará...? Darei

Fará...? Farei

Entregará? Entregarei, etc...

A stipulatio acabou evoluindo da forma oral para a escrita.

Contratos formais ou solenes : eram aqueles que, faltando uma formalidade, tornava-se inválido. Era fundamental seguir RIGIDAMENTE a regraPor exemplo a stipulatio. Caso algum dos contratantes não respondesse as perguntas corretamente (com o mesmo verbo da pergunta), o contrato não era válido.

Por exemplo a stipulatio. Caso algum dos contratantes não respondesse as perguntas corretamente (com o mesmo verbo da pergunta), o contrato não era válido.

Contratos não-formais: eram aqueles que não exigiam solenidades, por exemplo, traditio (tradição) que era o contrato de venda no qual a simples entrega da coisa caracterizava a venda.

Atualmente, a tradição (traditio), que juridicamente é a simples entrega ao comprador da coisa vendida, aplica-se à venda de bens MÓVEIS, bastando o vendedor receber o preço e entregar o bem ao comprador para caracterizar a compra e venda, dispensando qualquer formalidade.

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pagamento do preço e a entrega da coisa pelo vendedor concluem o negócio. Ou seja, com a entrega da coisa, transfere-se a sua propriedade - é algo bem simplificado.

I.2 - QUASE-CONTRATO:

Chama-se QUASE-CONTRATO os atos que as pessoas praticam voluntariamente, que as tornam credoras de outras, sem que tenha havido contrato ou mesmo qualquer ajuste entre elas.

Um exemplo que podemos citar é o caso de um vizinho que viaja e, durante sua ausência, ocorre um problema de vazamento na tubulação de água que inunda todo apartamento do vizinho.

Então, determinada pessoa, com a melhor intenção e boa-fé, contrata um profissional para solucionar o problema do vizinho e evitar maiores danos.

Assim, esse vizinho, mesmo sem ter autorizado ou se comprometido com essa determinada pessoa, tem obrigação de indenizá-la pelas despesas que ela teve para consertar o vazamento (evidentemente que não pode haver abuso).

Outro exemplo, é o do aluno que deixa o carro estacionado na faculdade e sai com amigos. O corre que ele esqueceu um cigarro aceso e o automóvel começa a se incendiar. Então, qualquer colega pode chamar um chaveiro e abrir o carro para apagar o incêndio.

Assim, o dono do carro tem a obrigação de indenizar o colega que contratou o chaveiro para abrir o carro.

Caso não o faça, o lesado pode acioná-lo judicialmente.

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I.3 - DELITO

Delito é o ato antijurídico, contrário ao direito.

Por isso, quem pratica delito, ou ato ilícito, tem o dever de indenizar a pessoa lesada (a vítima).

Assim, o delito, ou seja, o ato ilícito, também gera obrigação de que o autor desse ato indenize a vítima que sofreu o prejuízo. Por exemplo:

 O furto de um objeto, até hoje, gera a obrigação de o autor devolver o objeto furtado ao dono, ou a indenizá-lo pelo valor equivalente (art. 927 do Código Civil), sem prejuízo da sanção penal (art. 155 do Código Penal - pena de 1 a 4 anos).

Em Roma, em diversas épocas, havia casos em que a indenização deveria ser dobro, o triplo e até mesmo o quádruplo do valor do objeto.

(obs: Furto difere do roubo, porque no furto não há violência, enquanto no roubo há)  A Lei Aquília (século III a. C - na República), estabeleceu que aquele que causasse dano a coisa alheia, tinha obrigação de indenizar o proprietário pelo valor da coisa. Essa responsabilidade ficou conhecida como RESPONSABILIDADE AQUILIANA e está presente em nosso Código Civil no art. 927 (Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo).

I. 4 - QUASE-DELITO

Os delitos, ou atos ilícitos geram obrigações.

Mas em Roma havia, também, os chamados quase-delitos. No Direito Romano, os quase-delitos eram de quatro tipos:

1. Processo Mal Julgado: quando o juiz não atuava com correção. Provada a falha, surgia a obrigação de o juiz indenizar o prejudicado (atualmente, o Estado tem o dever de indenizar quando, por exemplo, condena um inocente à prisão) ;

2. Objeto Atirado: o arremesso de coisas de dentro de uma casa para via pública, causando dano a terceiros ou a seus bens, gerava a obrigação de o

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dono da casa indenizar o prejudicado (atualmente, de acordo com o art. 927 do C. Civil, quem causa dano deve indenizar) ;

3. Objeto Suspenso: objetos suspensos em uma residência sobre a via pública (vasos nas varandas, adornos nas fachadas, beirais de telhados, etc...), se caíssem causando dano, gerava a obrigação de o dono da casa indenizar o prejudicado (atualmente, também, porque é obrigação do proprietário a conservação e os cuidados com a prevenção de riscos a terceiros);

4. Danos de Prepostos (preposto é aquele que está representando o patrão): os empregados, agregados, enfim todo aquele que estivesse a serviço ou sob o comando de alguém, se causasse prejuízo a terceiros, gerava para o RESPONSÁVEL (O PATRÃO) a obrigação de indenizar o prejudicado (isso prevalece até hoje).

II - Extinção das Obrigações (aplica-se ao Direito Romano e atualmente)

As obrigações extinguem-se pelo:

Pagamento - ou seja, cumprindo a obrigação ou pagando o combinado, a obrigação estará extinta

(a falta de pagamento constitui mora - Diz-se que o devedor que não cumpre a obrigação está em mora para com o credor).

Dação em Pagamento - ocorre quando o devedor dá uma coisa diferente em pagamento, com o consentimento do credor - há um acordo. Assim extingue-se a obrigação.

Perdão da dívida - o credor perdoando a dívida, extingue a obrigação.

Compensação - compensação pode ocorrer, no caso de dívidas vencidas, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se até onde se compensem. (Exemplo: João deve 100 a Pedro. A dívida venceu ontem. Mas Pedro deve 30 a João e a dívida venceu anteontem. Então, João deve pagar apenas 70 a Pedro. Houve compensação de dívidas no valor de 30.)

Confusão: acontece quando as pessoas do credor e do devedor se fundem numa só. Ocorre quando o devedor se torna herdeiro do credor, ou quando uma empresa credora compra a empresa devedora.

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C - DIREITO DAS COISAS OU DIREITOS REAIS (JUS RERUM)

INTRODUÇÃO

Direito das Coisas ou Direitos Reais (Jus Rerum) é o conjunto de normas reguladoras das relações entre as pessoas e os bens materiais. Regula, por exemplo, o direito de propriedade sobre bens (ou coisas).

O Direito das obrigações (que vimos no tópico anterior) é designado Direito Pessoal - regula direitos entre pessoas (sujeito ativo e sujeito passivo da obrigação, ou credor e devedor).

O Direito que regula as relações entre pessoas e bens é chamado de Direito Real (Real provém de res que significa coisa).

Coisa (Res/rerum) - em sentido jurídico, é:

 tudo existe na natureza (mineral, vegetal ou animal);

 também tudo que foi transformado pelo homem (automóvel, tv, rádio, computador etc...);

 mas além disso, tem que ter VALOR ECONÔMICO.

Assim, COISAS, em sentido jurídico, tem o mesmo significado de BENS (pedra preciosa, jóia, dinheiro, casa, carro, cavalo, boi, caneta, lápis, óculos, livro, caderno, TV, computador, telefone, ouro, prata etc...).

No Direito Romano as coisas podiam ser classificadas em:

 Res mancipi: eram as coisas que somente podiam ser vendidas (ou transmitidas a terceiros) de forma solene. Eram admitidas duas formas solenes:

a) pela mancipatio : venda perante o libripens (pessoa que segurava uma balança – ou, simplesmente, porta-balança), o comprador, o vendedor e a coisa.

O vendedor devia pagar o preço e tocar a balança com um pedaço de metal para simbolizar a compra. Ou

b) pela in jure cessio (cessão perante o magistrado). Venda que ocorria com a presença do vendedor e do comprador, perante um magistrado.

Eram consideradas res mancipi as coisas ligadas à agricultura, tais como as terras situadas na península itálica e suas edificações, os escravos e os animais de carga.

No período arcaico, Roma era essencialmente agrícola. Assim, as coisas coisas ligadas à atividade agrícola tinham grande importância para os romanos dos primeiros

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tempos. Por isso, era exigida a forma solene para a venda das coisas mâncipes.

 Res nec mancipi: eram as coisas que NÃO faziam parte daquelas destinadas à atividade agrícola.

A venda das coisas não mâncipes (res nec mancipi) ocorria pela traditio (tradição), ou seja, pela simples entrega da coisa e pelo recebimento do preço. (já vimos que, atualmente, um exemplo de tradição é a compra de alimento em supermercado, na qual o vendedor entrega os alimentos e o comprador paga o preço, concluindo o negócio). Eram consideradas res nec mancipi os bens ligados à vida urbana, tais como os móveis, jóias e obras de arte.

Essa classificação (res mancipi e res nec mancipi), com o tempo, o desenvolvimento e crescimento do Império Romano, foi perdendo importância e desapareceu completamente na época do Imperador Justiniano.

As coisas admitem, também, outras formas de classificação. Para o Imperador Justiniano, as coisas (res) podiam ser classificadas em:

 Res in patrimonio: são as coisas que podiam integrar o patrimônio dos indivíduos, por exemplo: animais, jóias, terras, objetos de arte, metais e pedras preciosas, etc... e

 Res extra patrimonio: são as coisas que NÃO podiam integrar o patrimônio dos indivíduos, por exemplo: as coisas sagradas (templos e seus objetos) e as propriedades públicas.

Existem outras classificações das coisas, no Direito Romano, que vigoram até hoje, por exemplo:

 Res mobilies e Res imobiles:

a) móveis eram as coisas que podiam ser deslocadas de um lugar para outro (mobiliário, jóias, obra de arte, etc);

b) imóveis eram coisas que não podiam ser deslocadas (solo, construções, árvores, etc).

c) Os animais não são considerados nem móveis, nem imóveis, mas semoventes - porque podem se deslocar por si próprios.

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a) coisas fungíveis são aquelas que podem ser substituídas por outras da mesma espécie (por exemplo: o trigo, o vinho, o azeite, o dinheiro, etc); b) coisas infungíveis são aquelas que não podem ser substituídas por

outras da mesma espécie, por terem individualidade autônoma (por exemplo: um quadro de Picasso, uma determinada jóia, etc...).

 Res divisibiles e Res indivisibilies:

a) coisas divisíveis podem ser divididas sem perder as suas características (ex: um terreno, dinheiro, um saco de trigo, etc);

b) coisas indivisíveis não podem ser divididas sem perder as suas características (uma pedra preciosa, um quadro de fulano de tal, uma casa, etc).

As coisas podem ser, ainda:

a) PRINCIPAI S (são as que têm existência própria e, por si só, satisfazem às principais necessidades humanas); ou

b) ACESSÓRIAS (dependem, para existir, da coisa principal).

Exemplo: a plantação é acessória da terra (que é principal).

Em regra, no caso de venda, o acessório segue o principal (num negócio, se nada for declarado, vale essa regra, para alterá-la é NECESSÁRIO DECLARAR EXPRESSAMENTE).

Por exemplo: na venda de uma fazenda de soja, pode ficar combinado que a próxima colheita não faz parte do negócio.

Assim, o vendedor tem o direito de colher a soja antes de entregar a fazenda ao comprador. Caso não conste do contrato, a futura colheita (acessório) acompanha a terra (principal).

É importante distinguir, ainda, a diferença entre frutos e produtos. Juridicamente:  fruto é tudo que a coisa pode produzir e dela podemos retirar, sem diminuí-la

(a própria coisa) em qualidade e quantidade.

Ex: a colheita de uma plantação, o leite de uma vaca, os ovos das galinhas. Neste caso, coisa é qualquer bem: uma fazenda por exemplo, mas, relativamente à fazenda, a colheita, o leite retirado dasma vacas, os ovos de galinhas, e são frutos.

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qualquer rendimento de aplicações financeiras.

 Produto é toda utilidade que retiramos da coisa, mas que lhe diminui a quantidade até o seu completo esgotamento. Ex: os produtos retirados das minas, como o petróleo e o ouro.

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1 - A PROPRIEDADE

A palavra propriedade provém de proprius = pro + privus = título particular, privado.

O instituto da propriedade envolve um complexo de direitos que o ser humano pode exercer sobre a coisa, como segue:

 o direito de usar a coisa (jus utendi)

 o direito de obter os frutos que a coisa pode proporcionar (jus fruendi) - por exemplo: os frutos de uma árvore frutífera, os ovos das galinhas, os aluguéis (frutos civis).

 o direito de dispor da coisa, vendê-la, doá-la e até mesmo de abandoná-la (jus abutendi).

A propriedade envolve também o direito do proprietário de reivindicá-la de quem a detenha injustamente, ou seja, de ir buscar a coisa onde quer que ela se encontre e de tirá-la de quem injustamente a detenha.

Esse direito de reivindicação é também chamado de direito de seqüela.

Por exemplo: você é proprietário de um cavalo que é furtado. Então, você tem o direito de, caso ela seja encontrada em poder de um receptador, reivindicar a propriedade do animal (a justiça determinará que ele lhe seja devolvido).

1.1 PROPRIEDADE E POSSE

A posse difere da propriedade.

Na posse falta o título de proprietário (o título de DONO, falta o dominium). A posse é um poder de fato sobre uma coisa corpórea.

A posse é um estado de fato, a propriedade é um estado de direito.

Assim, a posse liga uma coisa a uma pessoa, mas o vínculo da propriedade é mais forte que o da posse (a prova da propriedade - pelo documento que confere a propriedade, ou seja, o título - é mais fácil que a prova da posse - que depende de testemunhas, por exemplo).

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juridicamente não tem o título aquisitivo);

Por exemplo: no caso de um imóvel, atualmente, diríamos que ele não tem o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

No caso de um automóvel, o dono tem que ter o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo - caso este não esteja em seu nome, é apenas possuidor. O possuidor pode usar, alugar (fruir) e até mesmo transferir a sua posse para um terceiro, mas mesmo assim, não é proprietário.

Normalmente, o proprietário também tem a posse, mas nem sempre isso ocorre. Por exemplo: o proprietário de um automóvel que tem o veículo furtado, é proprietário, mas perdeu a sua posse.

O Direito Romano protegia, desde o período clássico, tanto o proprietário, quanto o possuidor.

Atualmente, quem tem a posse pode recorrer à justiça para:

 manter a posse, caso alguém ameace tomá-la (ação de manutenção da posse),  impedir que alguém prejudique o seu uso (ação de contra a turbação da

posse);

 ter restituída a sua posse, injustamente tomada (ação de restituição da posse). A posse pode ser classificada como:

de boa-fé : se foi adquirida de forma pacífica e não clandestina. Toma-se posse de algo que foi abandonado pelo dono ou a adquire de alguém que era o antigo possuidor. O novo possuidor tem a convicção de que a coisa lhe pertence. É chamada também de posse justa.

de má-fé : A posse de má-fé tem como características:

 aquisição de forma clandestina (o possuidor viaja e alguém ocupa o terreno na sua ausência); ou

 violenta (expulsa o posseiro anterior); ou

 se foi adquirida de quem não era possuidor ou o era de má-fé, ou ainda  se a posse era precária, ou seja o possuidor não tinha a posse definitiva,

poderia estar apenas exercendo a vigilância da coisa, ou a detinha por mera tolerância (ou empréstimo) do verdadeiro possuidor, ou ainda

 de quem não tinha a posse - por exemplo no caso de um empregado que estivesse somente guardando a posse (um caseiro, ou vigia, por exemplo).

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O possuidor de má-fé sabe que outro é o verdadeiro possuidor da coisa. É chamada também de posse injusta.

Uma conseqüência da posse de má-fé é, por exemplo:

O possuidor de má-fé de uma gleba de terra faz uma plantação, mas depois é desalojado (judicialmente), então perde para o verdadeiro possuidor as sementes e a colheita.

No mesmo exemplo, caso o possuidor fosse de boa-fé, mas a justiça reconhecesse que outro era o verdadeiro possuidor, este teria obrigatoriamente que indenizar o investimento na plantação ao posseiro de boa-fé que foi desalojado.

Atualmente, posse ainda pode ser considerada:  Antiga: se tem mais de um ano (um ano e um dia).  Nova: se tem menos de um ano e um dia.

1.2 – USUCAPIÃO

Usucapião: é uma forma importante de aquisição da propriedade. A posse (de boa-fé) exercida por longo tempo pode transformar o possuidor em proprietário.

No início, era um instituto reservado ao cidadão romano.

Com o tempo, os imperadores passaram a entender que também os estrangeiros poderiam ter direito de usucapir, porque os proprietários não poderiam abandonar suas propriedades por longo tempo sem o risco de perdê-la.

Aplica-se a bens móveis e a imóveis

O prazo para usucapir coisa móvel era de três anos.

Inicialmente o prazo para usucapião de imóveis era de 40 anos, mais tarde reduzido a 30 anos.

Esse instituto tem grande alcance social, porque a posse de boa-fé, exercida por longo tempo, pode proporcionar àquele que não tem o justo título (não é o proprietário) se tornar o legítimo proprietário.

O princípio que embasa a usucapião é:

Dormientibus non succurrit jus (o direito não socorre os que dormem)! Vejamos ALGUNS artigos do Código Civil sobre a usucapião:

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Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé [...]

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 2o O direito [... da forma como está previsto neste artigo] não será

reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores, contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e [..] de boa-fé.

Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou boa-fé.

A perda da propriedade pode ocorrer:

 pela extinção da coisa – pelo seu perecimento – deixou de existir ou pela sua destruição;

 pelo abandono da coisa (jogou fora intencionalmente);

 pela transferência de domínio a outrem (pela venda, doação ou herança); ou pela renúncia (ao direito de ter a coisa – não aceita a doação ou renuncia à herança).

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FACULDADES INTEGRADAS UNICESP

CURSO DE DIREITO

HISTÓRIA DO DIREITO

Prof.ª Eliane Iunes

Unidade 2 – 5ª parte

Questionário - O Direito Romano

Obrigações, Contratos E Coisas.

Aluna: Josilene Nascimento de Souza

1º semestre-Noturno

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1) O que é obrigação?

Obrigação é um vínculo jurídico pelo qual alguém, chamado devedor, se compromete perante outra pessoa, chamada credor, a dar alguma coisa ,fazer ou não fazer, cumprir uma prestação - entregar uma determinada coisa a outra pessoa, sem transferir-lhe a propriedade. Obrigação representava o vínculo que ligava a própria pessoa do devedor ao seu credor (esse vínculo também recebia o nome de nexum).

È um dever, um encargo, um compromisso, uma imposição.

2) Com foi à evolução do instituto da obrigação em Roma? O que é obrigação aquiliana?

No início, em Roma, o credor podia dispor do devedor que não saldasse suas dívidas, podia matá-lo ou vendê-lo como escravo, com a evolução da sociedade, passou-se a entender que o patrimônio é que deveria responder pela obrigação, mas sim o seu patrimônio, passou-se a aceitar a possibilidade de composição das dívidas, podendo o devedor propor ao credor um acordo, através da Dação em pagamento, dando-lhe bem diferente do combinado para cumprir a obrigação.

Obrigação Aquiliana: Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

3) O que é contrato?

Forma verbal, solene de selar compromissos e garantir a realização de obrigações.

4) Com foi à evolução dos contratos em Roma?

No período arcaico havia o contrato chamado nexum, onde o credor podia dispor da vida do devedor, caso este não cumprisse a obrigação, instituto vexatório que feria a dignidade.

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cunho religioso, mas com efeitos que obrigavam às partes. Era privativo dos cidadãos romanos, evolui para a stipulatio - era uma fórmula geral de contrato verbal que atendia a várias finalidades e a grande diversidade de obrigações, consistia no contratante perguntar ao contrato: promete? Foi admitido o emprego de outros verbos nos contratos. A stipulatio evoluiu para forma escrita

5) Qual é a diferença entre res mancipi e res nec mancipi? O que é direito de seqüela?

Res mancipi - eram as coisas que somente podiam ser vendidas de forma solene.

Res nec mancipi – a venda ocorria pela simples entrega da coisa e pelo recebimento do preço

Direito de seqüela – Direito do proprietário de reivindicar a coisa de quem a detenha injustamente, ou seja, de ir buscar a coisa onde quer que ela se encontre e de tirá-la de quem injustamente a detenha.

6) Qual é a diferença entre propriedade e posse: O que é usucapião?

Propriedade - é um estado de direito, baseado em título válido pelo documento que confere a propriedade.

Posse - é um poder de fato sobre uma coisa corpórea, sem título. Usucapião - é uma forma importante de aquisição da propriedade. Trata-se de posse exercida de boa-fé) exercida por longo tempo pode transformar o possuidor em proprietário.

Referências

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