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Brasília
21 e 22 de novembro de 2013
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Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) em cidades
brasileiras: trajetória recente de implementação de um
instrumento de política urbana
Paula Freire Santoro
Profa. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAUUSP
Raquel Rolnik
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Significa a inclusão, no
zoneamento das cidades, de terras destinadas à implantação de Habitação de Interesse Social (HIS).
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Tipos mais comuns
1 “ZEIS de regularização”
– áreas já ocupadas por assentamentos informais, ou com alguma forma de irregularidade. Objetivo Reconhecimento de áreas já ocupadas por processos informais e sua integração definitiva na cidade.
4 2 “ZEIS de vazios” – áreas vazias, preferencialmente inseridas em regiões já urbanizadas Objetivo Instrumento de uso do solo para ampliar a
oferta de terra
urbanizada para novas moradias de interesse social.
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Trajetória
1980s
• modelo de exclusão territorial
• incidência sobre a regulação urbanística
Das lutas pelo reconhecimento dos direitos até a ampliação do acesso à terra urbana
Hipótese: intervir na normativa
urbanística para produzir o efeito
contrário!
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Contexto atual
Municípios que declararam possuir lei municipal de ZEIS/regularização
REGIÕES DO PAÍS PLANOS DIRETORES ZEIS Abs. %* Abs. %** NORTE 211 47,0 116 7,8 NORDESTE 627 34,9 403 27,1 SUDESTE 680 40,8 492 33,0 SUL 649 54,6 336 22,6 CENTRO-OESTE 151 32,4 142 9,5 BRASIL 2.318 41,7 1.489 100
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ZEIS como aumento de oferta de terra para produção de HIS
O caso de Diadema, a experiência mais documentada e avaliada
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ZEIS como reconhecimento do direito à moradia e como prevenção de despejos forçados
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Nova Constituinte Salvador/BA
ZEIS em Salvador tem como objetivo articular a urbanização de áreas ocupadas com a
produção de novas unidades de habitação de interesse social (HIS) próximas ou no interior das mesmas.
Rocinha ou Nova Vila Esperança
Salvador/BA 9
2
ZEIS como reconhecimento do direito à moradia e comoEdith
São Paulo/SP 10
2
No início da Operação Urbana:
• 15% das famílias foram removidas e realocadas em moradias no em Jaguaré, a 10 km do local;
• 5% foi para a Zona Leste, a 30 km do local;
Delimitar como ZEIS há sido um exito!
Fonte do mapa da OUC: Maleronka, 2010, p.136. Elaboração da autora a partir de informações da Emurb e do Grupo da Operação Urbana até o ano de 2009.
Jardim Edith
Jardim Edith São Paulo/SP
ZEIS como reconhecimento do direito à moradia e como prevenção de despejos forçados
Edith
São Paulo/SP 11
2
• Conflito de grande intensidade
• Mobilização e rede apoios •Judicialização
Reconhecimento de ZEIS e da obrigatoriedade da construção de HIS.
ZEIS como reconhecimento do direito à moradia e como prevenção de despejos forçados
Edith
São Paulo/SP 12
ZEIS requerem uma gestão ativa da política local de vivienda
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1 Foram mais efetivamente
implantadas (ex. Diadema com mais de70% das terras
negociadas); 2 Apresentaram melhor qualidade urbanística e arquitetônica; 3 Utilizaram os diversos recursos disponíveis (subsidiados ou não) de
programas de habitação para financiar a produção (sejam municipais, estaduais ou federais).
ZEIS que tiveram participação ativa do poder público como mediador:
Edith São Paulo/SP 13
3
Vila Portugal PAR – CAIXA Taboão da Serra/SP Oswaldinho 2 Taboão da Serra/SP 3 Utilizaram os diversos recursos disponíveis (subsidiados ou não) deprogramas de habitação para financiar a produção (sejam municipais, estaduais ou federais).
ZEIS requerem uma gestão ativa da política local de vivienda
Edith
São Paulo/SP 14
ZEIS em São Paulo
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Plano diretor de 2002
964 áreas de ZEIS em São Paulo (10% do território)
4 tipos:
• ZEIS 1 e ZEIS 4 – ocupadas (favelas e loteamentos); e
• ZEIS 2 e 3 que correspondem a terrenos ou edifícios vazios ou subutilizados para a produção de HIS.
Edith São Paulo/SP 15
4
ZEIS São Paulo ANTES: HIS de jan 2003 a dez 2007 352 projetos de HIS : • 242 (69%) fora de ZEIS e • 110 (31%) em ZEIS. 45.702 unidades: • 32.258 u. h. (71%) fora de ZEIS e •13.444 u. h. (29%) em ZEIS.GRANDE PARTE DOS
PROJETOS DE HIS EM ZEIS – PÚBLICOS (69%)
DEPOIS:
Aumento de unidades neste período:
2003 a 2007 – 45 mil unidades 2005 e 2010 – 68 mil unidades
ZEIS 3
do total de 1 milhão de metros quadrados: 51% foram ocupadas
23,8% HIS produzida pelo poder público 22,1% HIS produzida por construtoras privadas
22,2% - moradia que não é HIS 31,9% - equipamentos públicos
Edith
São Paulo/SP 16
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ZEISSão Paulo
1 - Condomínio Espaço Raposo, na Vila Sônia (Zona Oeste); 2 e 3 – Condomínio Family Santana (Zona Norte), alto padrão construído em área de ZEIS, comunidades que custam R$ 500 mil a R$ 1 milhão, arprox., além do conj. De prédios possuir piscinas, campo de futebol, ciclovia, entre outros 56 itens de lazer. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/04/1269766-predios-de-alto-padrao-ocupam-terrenos-destinados-a-habitacao-social.shtml, acesso 28/04/2013.
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2 3
Edith
São Paulo/SP 17
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ZEISSão Paulo
1 e 2 – Condomínio Liber Vila Prudente (Zona Leste) com aptos de 69m2 construído conforme as especificações para HIS. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/04/1269766-predios-de-alto-padrao-ocupam-terrenos-destinados-a-habitacao-social.shtml, acesso 28/04/2013.
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Iniciativa privada produziu de acordo com as normas de HIS
Edith
São Paulo/SP 18
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ZEISSão Paulo
Conjunto habitacional Jardim Olinda, onde antes havia moradias precárias a beira de um córrego; a área foi demarcada como ZEIS. Disponível em
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/04/1269766-predios-de-alto-padrao-ocupam-terrenos-destinados-a-habitacao-social.shtml, acesso 28/04/2013.
Poder público produziu HIS em áreas antes ocupadas
Edith
São Paulo/SP 19
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ZEISSão Paulo
Corruíras em ZEIS da Operação Urbana Água Branca. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/04/1269766-predios-de-alto-padrao-ocupam-terrenos-destinados-a-habitacao-social.shtml, acesso 28/04/2013.
Poder público produziu HIS em áreas antes ocupadas
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ZEIS como “mais do mesmo”
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ZEIS como estratégia de
diminuição de parâmetros do uso do solo.
Por vezes:
• menos requisitos de
infraestrutura;
• permitem áreas muito
ZEIS como “mais do mesmo”
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Residenciais Piracicaba I, II e III Edith São Paulo/SP ZEIS em Piracicaba é umexemplo de flexibilização das normas que exigem
infraestrutura urbana e
parâmetros de uso do solo com lotes maiores.
Recanto do Jupiá
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Perspectivas de réplica na América Latina
*
• produção de habitação, de forma preventiva, antecipando-se à demanda, fazendo política urbana;
• evitar os altos custos altos da urbanização ex-post, processos traumáticos e demorados;
• garantir que o lugar dos pobres seja na cidade e não fora dela
Desafios
• superar a ditadura do ”maior e melhor uso”! • ao mesmo tempo assegurar a viabilidade e a sustentabilidade de habitação de interesse social em áreas mais centrais e valorizadas;
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Debate atual
*
Experiência internacional
Inclusionary policies
• a inclusão de unidades com preços controlados nos
próprios empreendimentos, em outras regiões da cidade ou através de contrapartidas em dinheiro ou terra para produzir HIS
Proposta para mudar a Lei de Parcelamento do Solo (Ley 6.766/79):
• 15 % de HIS a cada novo empreendimento Proposta Bogotá/Colômbia
• qualquier processo de transformação do território da cidade (urbanização, construção, renovação ou
consolidação) deve concentrar 20% do terreno destinado a HIS – Habitação de Interesse Social
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Quito, Ecuador 5 al 10 de mayo de 2013
Información de contacto:
Zonas Especiales de Interés Social (ZEIS)
en ciudades brasileñas: trayectoria
reciente de implementación de un
intrumento de política de suelo
Paula Freire Santoro
Doctorado FAUUSP, Profa. Escola da Cidade, Ministério Público do Estado de São Paulo São Paulo/SP, Brasil - paulafsantoro@gmail.com
Raquel Rolnik
Relatora da ONU por el Derecho a la Vivienda, Profa. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAUUSP São Paulo/SP, Brasil - raquelrolnik@gmail.com - http://raquelrolnik.wordpress.com/author/raquelrolnik/