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Dê seu amor todinho a ela (Natália), Série: Narrativas de Parto, 2015

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Academic year: 2021

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METAgraphias: letra B de Belo (sobre belezuras baphônicas) v.1 n.3 setembro|2016 Parto como prazer • Clarissa Borges | clarissa.m.borges@gmail.com  

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METAgraphias: letra B de Belo (sobre belezuras baphônicas) v.1 n.3 setembro|2016 Parto como prazer • Clarissa Borges | clarissa.m.borges@gmail.com  

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Silêncio para Bento, Série: Parto e Êxtase, 2016

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METAgraphias: letra B de Belo (sobre belezuras baphônicas) v.1 n.3 setembro|2016 Parto como prazer • Clarissa Borges | clarissa.m.borges@gmail.com  

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Este trabalho artístico nasceu da pesquisa teórica que realizo no doutorado em História, investigando imagens de parto nas Artes Visuais após a terceira onda feminista. Depois de parir duas crianças, e ainda envolta nas questões maternais, comecei a pesquisar artistas que tivessem tratado do parto em suas produções artísticas. Em meio a obras de arte bastante críticas sobre a maternidade resolvi me aventurar nos partos de outras mulheres e a partir destes registros pensar minha própria produção artística. É assim que nascem duas séries fotográficas: “Narrativas de Parto” e” Parto e Êxtase”. A imagem fotográfica é usada aqui

também como instrumento de poder e convencimento, sua proximidade com as imagens da realidade faz com que um fragmento enquadrado e congelado do real ocupe o lugar da experiência e tome o status de verdade. Pois se é assim, uso aqui esta estratégia para assinalar algo possível, que foi cuidadosamente esquecido pela repressão sexual feminina, o prazer no parto. Êxtase e entrega de um corpo que sente dor e prazer intercalados em cada contração. Estas imagens buscam pensar a aproximação entre parto e sexualidade a partir do estranhamento entre a imagem e seu título, assim o trabalho se completa, tornando possível o afeto a partir do jogo entre imagem e texto.

Pergunto-me então, o que faz uma imagem nos remeter ao prazer? Ao buscar características semelhantes nestas imagens encontrei: rostos de mulheres que se encontram com a cabeça inclinada, olhos fechados, boca entre aberta. Acredito que tais características podem ter sido construídas como estereótipos do rosto de uma mulher em gozo, êxtase e prazer.

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METAgraphias: letra B de Belo (sobre belezuras baphônicas) v.1 n.3 setembro|2016 Parto como prazer • Clarissa Borges | clarissa.m.borges@gmail.com  

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A primeira referência encontrada na história da arte foi o “Êxtase de Santa Teresa” (escultura realizada por Gian Lorenzo Bernini em 1644-47 na capela de Santa Maria dela Vittoria, Roma). É curiosa a relação de tal imagem com as imagens apresentadas neste projeto também pelo estranhamento causado por uma Santa em êxtase, sabemos que o êxtase de Teresa é espiritual, mas

aparece em seu corpo representado de maneira

muito semelhante a um orgasmo. Bernini faz com que o prazer seja associado à pureza espiritual, bastante rara nas representações de Santos. Gombrich esclarece que a cena aqui representada pelo artista foi inspirada do livro da própria Teresa de Ávila onde, “a santa relata um momento de êxtase celeste, quando um anjo do senhor trespassou- lhe o coração com uma candente flecha de ouro, enchendo-a de dor e, ao mesmo tempo, de incomensurável

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METAgraphias: letra B de Belo (sobre belezuras baphônicas) v.1 n.3 setembro|2016 Parto como prazer • Clarissa Borges | clarissa.m.borges@gmail.com  

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Nos trabalhos aqui apresentados vemos sobreposições de imagens de uma sequência de fotografias tiradas em frações de segundos, o que denota então um acontecimento, uma narrativa. Mas, as imagens são apresentadas de forma estática, fazendo com que tomemos a cena inteira como representante do todo. Para Vilém Flusser “imagens

são códigos que traduzem eventos em situações, processos em cenas2, desta forma as imagens não eternizariam os

eventos, mas os transformariam e substituiriam por cenas. É dessa forma que descrição da dor de Teresa é substituída pelo êxtase, assim como a imagem de um parto com dor pode ser substituída por sua uma de prazer. Diante de tal provocação pergunto se realmente aquilo que vemos é a verdade sobre a imagem, ou é uma cena, uma comprovação de que é possível enganar pela simulação.

Já no campo dos estudos sobre a sexualidade, Foucault3 esclarece que um dos dispositivos de

poder a respeito do sexo seria a histerização do corpo da mulher, “processo pelo qual o corpo da

mulher foi analisado – qualificado e desqualificado – como corpo integralmente saturado de sexualidade

(FOUCAULT, 1988, p. 115), este corpo com elevada potência sexual teve que ser contido e controlado, pela medicina, pela sociedade, pela família e pela maternidade. A maternidade seria uma das formas mais duradouras de conter o corpo feminino, pois a vida que ela produz deveria também garantir, por uma responsabilidade quase biológica, durante todo o período de educação da criança.

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METAgraphias: letra B de Belo (sobre belezuras baphônicas) v.1 n.3 setembro|2016 Parto como prazer • Clarissa Borges | clarissa.m.borges@gmail.com  

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Talvez por este distanciamento entre a imagem da mãe e a imagem sexualizada da mulher, nos pareça hoje tão estranho, por exemplo, uma mulher se tornar mãe com prazer sexual, a ideia imposta sobre a imagem da mãe é a do sacrifício, da amorosidade, da paciência, em algumas vezes até da violência, mas raramente a do prazer.

Mostro aqui mulheres que descumprem a imagem da mãe verdadeira, doce e gentil. Revelo então uma mulher que ao se tornar mãe, ao parir, está em tal poder e liberdade com seu corpo que consegue ter prazer. Mas será que assim seria se seus desejos não houvessem sido reprimidos? Se o assunto não fosse velado provavelmente estas imagens não fariam sentido, elas só tem potência porque mostram algo que foi proibido, negado e silenciado.

                                                                                                               

1  GOMBRICH,  E.  H.  A  História  da  Arte.  Rio  de  Janeiro:  Ed.  Guanabara  Koogan,  1993.  (p.345)  

 

2    FLUSSER,  Vilém.  Filosofia  da  caixa  preta:  ensaios  para  uma  futura  filosofia  da  linguagem.  São  Paulo:  Hucitec,  2002.  (p.07)  

 

Referências

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