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CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA LEITEIRA EM CINCO COMUNIDADES DO MUNÍCIPIO DE ALTAMIRA-PARÁ

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA LEITEIRA EM CINCO

COMUNIDADES DO MUNÍCIPIO DE ALTAMIRA-PARÁ

Hildete Fernanda Silva de Andrade

Altamira – Pará – Brasil Outubro 2009

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA LEITEIRA EM CINCO

COMUNIDADES DO MUNÍCIPIO DE ALTAMIRA-PARÁ

Hildete Fernanda Silva de Andrade

Orientador: Prof. Dr. Simão Lindoso de Souza

Trabalho de conclusão de curso, apresentado a Faculdade de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Pará – Campus Altamira, como parte dos requisitos para obtenção do título

de Engenheiro Agrônomo.

Altamira - Pará Outubro de 2009

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais José Antônio e Ana Alice em reconhecimento pela ajuda e incentivo, ao meu irmão Raphael pelo carinho e aos produtores Alvino Souza, Domingas de Jesus, Gersino da Silva, Raimundo Linhares, Gilberto da Silva, Crispin Menezes, José da Silva, Antônio Alves, Luciano Nogueira, Luíz da Silva e Antônio Gonçalves e suas famílias, como também o meu orientador Simão Lindoso de Souza.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, pelo dom da vida, eu que com o coração repleto de sonhos, inicio essa longa jornada, venho agradecer-Te a conquista. Concedei-me a SABEDORIA para desempenhar da melhor forma a minha missão; a CORAGEM pra enfrentar os desafios e a HUMILDADE para reconhecer que sou eterna aprendiz.

Ao meu pai José Antônio e a minha mãe Ana Alice, que sempre acreditaram em mim e me deram total apoio nas minhas decisões, sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos de minha vida, que enxugaram minhas lágrimas nos momentos difíceis e sorriram comigo nos momentos de felicidade.

Ao meu irmão Raphael, que sempre torceu pelo meu sucesso e me apoiou nos momentos difíceis.

Ao meu orientador Simão, por ter acreditado no meu potencial.

Aos meus amigos e familiares que compreenderam minha ausência e distanciamento durante esses anos de luta na Universidade.

Em especial aos meus avós Albertina, Elpídio, Nilva e Antônio (in memoriam), que sempre torceram pelo meu sucesso e acreditaram em mim.

As minhas primas-irmãs Ariane, Danyelle e Karla, pelo incentivo, e pelo entusiasmo de sempre lutar pelos objetivos.

Ao meu amigo Olivan Saraiva, pela colaboração em meu trabalho de campo.

As minhas amigas Glória Maria, Priscilla Talita, que me acompanharam durante toda vida acadêmica, discussão, intrigas, risos, decepções, choros... . E também formando o meu grupo de estudos.

Aos meus colegas, foram quatro anos e meio, mas parece que foi ontem. Sendo esses vindos dos mais diversos lugares, fomos unidos por um sonho: ser engenheiros agrônomos! Éramos muito diferentes: alguns mais tímidos outros mais expansivos. Aos poucos, fomos nos aproximando segundo as afinidades de cada um. Vivemos bons momentos juntos, outros bem difíceis, alguns até tensos. Muitas amizades foram desfeitas, novas foram construídas. Aos poucos, fomos aceitando as nossas diferenças e aprendendo a conviver com elas. Alguns, mais do que colegas, tornaram-se nossos amigos. Compartilharam conosco momentos de alegria, entusiasmo, descontração, mas também de estresse, dúvida e decepção.

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Aos professores que fizeram parte de minha formação acadêmica, aconselhando sempre o melhor caminho a ser seguido.

Aos produtores acompanhados, nas comunidades Gaviãozinho; Maria Bonita; Monte Santo; Aurora e São João Batista.

A todos os órgãos, entidades e organizações, que colaboraram com a turma 2004 de Agronomia.

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______________________________________________________SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 1

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 3

2.1. PECUÁRIA LEITEIRA NO BRASIL ... 3

2.2. A PECUÁRIA LEITEIRA NA AMAZÔNIA LEGAL ... 4

2.3. A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA TRANSAMAZÔNICA ... 7

2.4. PRÁTICAS DE MANEJO ... 8

3. MATERIAL E MÉTODOS ... 11

3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO... 11

3.2. SELEÇÃO DAS FAMÍLIAS. ... 11

3.3. AS ENTREVISTAS ... 11

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 13

4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS REBANHOS ... 13

4.1.1. Padrão genético ... 13

4.1.2. Composição do rebanho ... 14

4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ... 15

4.2.1. Estrutura das Propriedades ... 15

4.2.2. Instalações ... 17

4.2.3. Pastagens ... 18

4.3. CARACTERIZAÇÃO DOS MANEJOS ... 20

4.3.1. Manejo alimentar ... 20

4.3.1.1. Sistemas de Pastejo e Manejos das Pastagens ... 20

4.3.1.2. Suplementação ... 22 4.4. MANEJO SANITÁRIO ... 22 4.5. MANEJO REPRODUTIVO ... 24 4.6. ORDENHA E PÓS-ORDENHA ... 25 4.7. PRODUÇÃO ... 27 4.8. COMERCIALIZAÇÃO... 27 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 30 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 32 ANEXOS ... 36 ANEXO I ... 37 ANEXO II ... 42 ANEXO III ... 43 ANEXO IV ... 44

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_____________________________________________LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Composição genética dos rebanhos das propriedades. ... 13

Quadro 2: Caracterização das propriedades estudadas ... 16

Quadro 3: Principais instalações existentes nas propriedades em estudo ... 18

Quadro 4: Caracterização das pastagens das propriedades estudadas ... 19

______________________________________________LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução da produção de leite no Brasil – (1997 – 2007). ... 4

Figura 2: Evolução da produção de leite no Estado do Pará – (1997 – 2007). ... 6

Figura 3: Localização das comunidades envolvidas no estudo, no Município de Altamira no Estado do Pará. ... 12

Figura 4: Número médio, mínimo e máximo das categorias de animais que compõem os rebanhos das propriedades estudadas. ... 15

Figura 5: Instalações típicas da atividade leiteira encontradas nas propriedades em estudo. A: curral e; B: bezerreiro. ... 17

Figura 6: Percentual de doenças mais comuns que acometem o rebanho leiteiro das comunidades estudadas... 24

Figura 7: Ordenha manual com o bezerro ao pé da vaca ... 25

Figura 8: Recipientes (A: polietileno e B: metal) de armazenagem do leite no momento da ordenha no curral ... 27

Figura 9: Percentual das formas de comercialização do leite das comunidades estudadas ... 28

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CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA LEITEIRA EM CINCO COMUNIDADES DO MUNICÍPIO DE ALTAMIRA-PARÁ

RESUMO: A pecuária leiteira desenvolvida pela agricultura familiar na região da transamazônica é caracterizada por sua dupla aptidão e pela baixa produtividade dos animais, possivelmente decorrente da utilização de animais com alto grau de mestiçagem de baixa aptidão leiteira, alimentação deficiente e do ineficiente controle sanitário. Diante desse contexto, o presente trabalho teve como objetivo, realizar a caracterização das práticas de manejo da pecuária leiteira e avaliar os fatores que influenciam a produção de leite desenvolvida por agricultores familiares, em onze propriedades agrícolas familiares, no município de Altamira, Estado do Pará. As vacas apresentaram produção por lactação que varia de 960 a 1.200 litros, com um período de lactação médio de 210 dias e produção média por dia de 4 a 5 litros. Alguns fatores devem ser levados em consideração para essa baixa produtividade, como os sucessivos cruzamentos com animais de baixa aptidão leiteira, a baixa qualidade da alimentação disponível e as estratégias de produção dos produtores. Sendo assim, as práticas de manejo identificados nos produtores, estão de acordo com os manejos encontrados na região da Transamazônica, em virtude da dinâmica de exploração do gado na agricultura familiar.

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1. INTRODUÇÃO

A criação de gado foi e ainda é a mais incisiva atividade no processo de colonização da Amazônia. Desde o início dos anos 90, a criação de bovinos ocupa um lugar cada vez mais importante nos sistemas de produções complexos desenvolvidos pela agricultura familiar. Essa dinâmica é particularmente forte nas fronteiras pioneiras da Transamazônica (FICHTJ & TOURRAND, 2003).

A agricultura familiar é o sistema predominante no mundo inteiro, uma forma de produção em que o núcleo de decisões, gerência, trabalho e capital é controlado pela família. Entre os agricultores familiares, a pecuária de leite é uma das principais atividades desenvolvidas, estando presente em diversos estabelecimentos classificados como de economia familiar (ZOCCAL et al., 2005).

A Região da Transamazônica está inserida no contexto, pois colabora com o crescimento da pecuária na região, que de acordo com o IBGE (2003), é detentora do terceiro maior rebanho bovino do Estado do Pará, com fortes tendências de crescimento para os próximos anos. A produção leiteira apresenta uma estreita relação com a agricultura familiar, caracterizada pela criação de animais de dupla aptidão (carne e leite) resultantes do cruzamento de animais mestiços euro-zebu, onde o leite é produzido em condição de pasto, a baixo custo e não suplementando adequadamente as vacas.

A atividade leiteira tem um importante papel na sustentabilidade das propriedades agrícolas familiares, tanto no autoconsumo, como na geração de renda, sobretudo diária. A dupla aptidão leite e carne permitem inserir o produtor em dois circuitos distintos de comercialização, ambos possuindo vantagens complementares. Essa atividade também permite a diversificação da propriedade e a integração agricultura-pecuária, especialmente no uso de subprodutos agrícolas na alimentação das vacas e do esterco na adubação dos cultivos (VEIGA et al., 2006).

Os problemas enfrentados pelas famílias nesse tipo de produção são: a baixa produtividade dos rebanhos e os baixos índices zootécnicos, conseqüentes do baixo padrão genético dos rebanhos, da deficiente alimentação, que se restringe, na maioria das propriedades, apenas em gramíneas, onde a pastagem, em alguns casos, é formada por uma espécie (Brachiaria brizantha cv. marandu) e encontra-se em processo de degradação. Mesmo

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sabendo desse entrave não podemos ignorar o potencial dos rebanhos, visto que mesmo submetidos às condições da região, ainda produzem de 4 a 5 litros de leite/dia (SIMÃO NETO et al., 1989).

Os baixos índices produtivos e reprodutivos têm sido atribuídos a vários fatores, dentre os quais o uso ineficiente dos recursos naturais disponíveis, estresse pelo calor e por doenças, alimentação não-compatível com as exigências do animal, manejo reprodutivo e sanitário inadequados, assim como o baixo potencial genético dos rebanhos (GONÇALVES et al,. 2000).

O índice de produtividade do rebanho bovino brasileiro é baixo em produção de carne e leite (MARQUES, 2003). Esta baixa produtividade é reflexo do nível tecnológico empregado e do pequeno conhecimento do comportamento reprodutivo das raças indianas e mestiças sob condições tropicais. Mesmo com fatores que limitam a criação, o rebanho brasileiro representa o segundo maior na pecuária mundial em termos quantitativos.

As pastagens constituem-se a principal fonte de alimentação do rebanho bovino na Amazônia. Com respeito ao manejo das pastagens, o maior desafio dos produtores é conseguir manter o equilíbrio do complexo solo-planta-animal, maximizando a produtividade animal por área, de forma econômica. Manter eficientemente esse equilíbrio requer o uso de práticas apropriadas de manejo de pastagem (BENDAHAN & VEIGA, 2003).

No município de Altamira, localizado na região oeste do Estado do Pará, a atividade leiteira é predominante junto aos produtores familiares, entretanto, a renda obtida por estes agricultores individualmente varia bastante dependendo do modo como é conduzida a atividade e sua forma de comercialização.

A importância desta atividade na agricultura familiar motivou a realização desta pesquisa, para caracterizar e analisar as práticas de manejo, a produtividade da pecuária leiteira, problemas e dificuldades nas comunidades estudadas. Os resultados deste trabalho poderão ser um instrumento importante para subsidiar a ação dos próprios produtores, e desta forma contribuir para políticas mais adequadas para agricultura familiar.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. PECUÁRIA LEITEIRA NO BRASIL

O leite e seus derivados representam uma das principais fontes de proteína e cálcio na dieta da população brasileira, apresentando assim, grande importância nutricional. Seu preço, geralmente acessível a classes de menor poder aquisitivo, contribui com o desenvolvimento social e econômico por desempenhar papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população brasileira (VICENTE NETO & GOMES, 2003).

O leite está entre os seis produtos mais importantes da agropecuária brasileira, ficando à frente de produtos tradicionais como café beneficiado e arroz. A cadeia produtiva e comercial do leite e seus derivados desempenha um papel relevante no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população (CARVALHO et al., 2002).

Segundo Martins (2004), o Brasil é o sexto maior produtor mundial de leite, com uma produção que corresponde a aproximadamente 4,5% do volume da produção mundial. Ressalta ainda que o setor é responsável pela sexta maior produção bruta da agropecuária nacional.

Ainda de acordo com o autor, num período de dez anos, a produção de leite cresceu a uma taxa média anual de 4,5% ao ano, passando de 18,7 bilhões de litros em 1997 para 26,1 bilhões de litros em 2007 (Figura 1). Neste mesmo período, o aumento na produção de leite ocorreu de forma significativa nas regiões de fronteira. Em 2002, o maior crescimento da produção foi registrado na Região Norte, com um incremento de 325 milhões de litros, superando o desempenho de regiões tradicionais na produção de leite.

Carvalho et al., (2002) registram que o significativo crescimento está associado ao ganho na produtividade, além da abertura de novas fronteiras, como a Região do Cerrado, as Regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba em Minas Gerais, e outras regiões emergentes como Rondônia, Mato Grosso e sul do Pará.

Em 2007 foram produzidos no Brasil, 26,1 bilhões de litros de leite, 2,9% a mais que em 2006. A produtividade média do rebanho nacional é de 1.237 litros/vaca/ano, embora existam significativas diferenças regionais. Quanto ao volume de leite produzido, os principais municípios são: Castro (PR), com 135,67 milhões de litros, Pompeu (MG) com 108,91

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milhões de litros e Marechal Cândido Rondon (PR) com produção de 106,0 milhões de litros (IBGE, 2007).

Figura 1: Evolução da produção de leite no Brasil – (1997 – 2007). Fonte: Embrapa- Gado de leite.

2.2. A PECUÁRIA LEITEIRA NA AMAZÔNIA LEGAL

O desenvolvimento e a prática da pecuária na Amazônia foram evidenciados a partir do século XVII, nas áreas de pastagem nativa da Ilha do Marajó e do Baixo Amazonas, considerados no início do século XX pólos pastoris da região, assim abasteciam em carne e leite os grandes centros urbanos da borracha. Nas outras regiões do Estado do Pará, como sul e sudoeste, longe dos grandes centros urbanos, a pecuária bovina abasteceu o mercado local em carne e produtos leiteiros, sendo também usada como poupança no meio rural principalmente por agricultores familiares (VEIGA, et al., 2003).

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A partir dos anos 70, com a colonização oficial da Região da Transamazônica1, a pecuária foi expandida em novas fronteiras agrícolas no Estado do Pará, ganhando no decorrer dos anos incentivos de políticas públicas como o Fundo Constitucional do Norte (FNO).

Segundo Tourrand et al., (2003), esses e outros fatores socioeconômicos e políticos, aumentaram a prática da atividade nos estabelecimentos agrícolas da região, o que favoreceu para que a pecuária se tornasse o principal sistema de uso da terra nas áreas de fronteiras agrícolas.

De acordo com Veiga et al., (2006) nos últimos anos, a taxa de crescimento da produção de leite da Região Norte é a que mais tem aumentado no País. No período de 1990 a 2001 essa taxa foi de 41,6% no Brasil sendo assim distribuído: pouco mais de 10% na Região Nordeste, quase 24% no Sudeste, 59% no Sul e 91% no Centro-Oeste. No entanto, foi de 122,7% na Região Norte.

Zoccal et al., (2006) discorrem que o Estado do Pará está entre os estados que se destacaram pelo crescimento da produção de leite. A produção leiteira anual está em torno de 270 milhões de litros, representando aproximadamente 40% da produção da Região Norte (NETO et al.,2000). Em São Félix do Xingu, uma das regiões que mais produzem leite no Estado, produzia 32 milhões em 1998, atualmente produz cerca 177 milhões de litros de leite Zoccal et al., (2006). A Figura 2 apresenta a produção leiteira no estado do Pará no período de 1997 a 2007.

Para Carvalho et al., (2000) na região de fronteira agrícola da Transamazônica a pecuária leiteira surgiu em grande parte devido à tradição dos agricultores nessa atividade, mas também devido à necessidade de alimentação além de ser uma fonte de renda diária importante no sustento das famílias.

Nascimento & Carvalho (2007)ressaltam que a pecuária leiteira praticada na região da Transamazônica é considerada como uma das principais atividades dentro dos sistemas de produção familiar. No entanto alguns fatores como os índices produtivos, a comercialização da

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Região conhecida pelo mesmo nome da rodovia BR 230 que cruza o Pará de Leste-Oeste. A região está situada no sudoeste do estado e compreende os municípios de Pacajá, Anapú, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Altamira, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará.

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produção e investimentos no setor, estão desestimulando os produtores que dependem da atividade.

Figura 2: Evolução da produção de leite no Estado do Pará – (1997 – 2007). Fonte: IBGE, 2007.

Nascimento (2006) verificou no município de Brasil Novo-PA, no período de 2002 a 2003, que a produção leiteira, por ser uma atividade paralela, ainda não gera a principal fonte econômica para muitos produtores, mas, complementa a renda familiar no fim do mês. Para muitos produtores o leite ainda é considerado um subproduto do bezerro, que por sua vez possibilita para as famílias uma renda equivalente ou até mesmo superior à venda do leite.

De acordo com o autor, tal fato se deve em parte ao baixo preço pago pelo litro do leite na porteira. Aliado a isso, a falta de infra-estrutura na região como estradas e laticínios leva os pequenos produtores a fazerem poucos investimentos na pecuária leiteira, resultando em baixa produção.

Para Ferreira (2003) alguns dos pontos benéficos da atividade dizem respeito ao fato de que a pecuária é pouco afetada pelas variações climáticas, não entra em conflito com as atividades da produção vegetal. Somado a isso, ainda constitui um estoque vivo e móvel, podendo se deslocar no momento da venda, fato importante nas condições precárias de transporte enfrentadas na região da Transamazônica.

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Ludovino (2003) ressalta que a pecuária possui papéis importantes na viabilidade dos sistemas, pois é essencial para acumulação de capital necessário para melhoramento da propriedade. Além disso, é uma atividade menos exigente em mão-de-obra e que permite valorizar uma maior área da propriedade.

No Estado do Pará, como em toda a Amazônia, a pecuária tem sido condenada por seus opositores, devido às suas conseqüências negativas no âmbito social e ecológico (desmatamento, concentração de terra, perda da biodiversidade e pequena contribuição ao desenvolvimento regional). Isso se dá devido à ausência de políticas agrícolas voltadas a sistemas de produção menos exigentes em terras e mais intensivos em outros fatores de produção (mão-de-obra em particular). O processo da pecuarização na agricultura familiar e o conseqüente desmatamento provavelmente têm pouca chance de serem revertidos. Outra maneira de quebrar essa tendência seria desenvolver sistemas de produção cuja renda, da pastagem ou da cultura, seja mais vantajosa que a derrubada da floresta (VEIGA et al., 2004).

2.3. A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NA TRANSAMAZÔNICA

No início dos anos 90 a cadeia produtiva de leite da região Amazônica se apresenta diante de um cenário competitivo. De acordo com estudos realizados por Ferreira, (1995) e Tourrand et al., (1997), a produção leiteira na área de fronteira agrícola apresenta as seguintes características: é uma atividade típica de agricultura familiar, a mão-de-obra familiar é utilizada por cerca de 90% dos produtores, menos de 10% têm empregados permanentes, a maioria das famílias mora nas propriedades, as áreas das propriedades geralmente têm tamanho de um a dois lotes (50 a 100 ha), o tamanho médio do rebanho é de 24 vacas, com produção que varia de 600 a 1.500 litros de leite ordenhado por lactação (6 a 8 meses) e produção diária de 4 a 5 litros em uma ordenha.

Pôde ser observado que embora o tempo tenha passado as características dos sistemas leiteiros desenvolvidos na região da Transamazônica, é a baixa produtividade média por vaca, em torno de 4-5 litros por dia, historicamente atribuída à alimentação deficiente das vacas, em termos de qualidade e ao baixo padrão genético do rebanho (Veiga et al., 2006).

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Para Nascimento & Carvalho (2007) a atividade é caracterizada pela baixa produtividade, por animais de baixa aptidão que já passaram por inúmeros cruzamentos entre as raças euro-zebu (alto grau de mestiçagem), pelos baixos índices zootécnicos e pela baixa qualidade da alimentação fornecida aos rebanhos, que em geral é resumida apenas na forragem produzida nas pastagens.

De acordo com Poccard-Chapuis (2003) as cadeias produtivas na região da Transamazônica são geralmente pouco desenvolvidas devido a vários fatores: infra-estruturas inadequadas, isolamento dos produtores, dificuldade de transporte e de conservação dos produtos, falta de energia elétrica. Entretanto é evidente que tais cadeias influenciam diretamente nas atividades dos agricultores familiares por não poderem obter renda a partir da venda do leite.

Para Veiga (2004) mesmo que as condições de isolamento dificultem a coleta e o escoamento da produção, o processo de urbanização das fronteiras agrícolas nos anos 80 levou à implantação dos primeiros laticínios ao redor dos médios e grandes centros urbanos. Os produtores de leite perceberam o crescimento da demanda local, impulsionada pelo aumento da população e das atividades econômicas. Assim esses pequenos empresários optaram em valorizar a produção, implantando os seus próprios laticínios.

2.4. PRÁTICAS DE MANEJO

Manejo é o conjunto de decisões e medidas tomadas pelo produtor com respeito aos recursos de seu estabelecimento. No caso dos animais, manejo do rebanho engloba todas as medidas que pode tomar o produtor com relação ao seu rebanho, por exemplo: como criar, alimentar, realizar as coberturas, entre outras (KIRCHOF, 1994).

Para Láu (2000) a saúde intimamente interagida com a alimentação e a genética do rebanho, forma a base sobre a qual se sustenta qualquer tipo de atividade pecuária, especialmente a leiteira. Portanto de nada adianta pastagens de boa qualidade e rebanhos de alto valor zootécnico, se não houver adequadas condições sanitárias.

O autor ressalta ainda que o bom estado sanitário dos rebanhos interfere de forma direta na produção, principalmente de exploração leiteira. Isso porque animais saudáveis, além

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de garantirem uma boa produção de leite, não representam gastos adicionais com medicamentos e serviços veterinários. Também não significam risco para a saúde pública, nem para os outros animais do rebanho. Além disso, o baixo índice de animais doentes no rebanho garante o menor número de mortes e de descarte do leite dos animais em tratamento, impróprio para consumo devido os resíduos de medicamentos, especialmente antibióticos.

Carvalho et al., (2000) discorrem que muitos são os problemas sanitários dos rebanhos na região da Transamazônica, na maioria dos casos não existe um tratamento profilático, nem nos animais adultos nem nos bezerros. Todavia, em outros casos, é feita a vacinação dos animais contra as principais doenças, como a febre aftosa e carbúnculo sintomático. A vermifugação é feita pela maioria dos produtores, porém a época varia bastante.

Para Brito et al., (2003) a qualidade higiênica do leite é influenciada pelo estado sanitário do rebanho, pelo manejo dos animais e pelos equipamentos utilizados durante a ordenha. A presença de microrganismos e resíduos de medicamentos também altera a qualidade sanitária do leite além de influenciarem no sabor e odor do leite. Por isso é de fundamental importância se ter um controle higiênico-sanitário dos rebanhos e da ordenha para garantir a composição ideal do leite e reduzir o risco de transmissão de agentes de doença.

A prática da ordenha dos animais na região é realizada de forma manual e rudimentar, sem as regras elementares de higiene, devido à ausência de instalações e equipamentos adequados. Esse conjunto de fatores, muitas vezes, se torna o principal responsável pela baixa qualidade do leite (CARVALHO et al., 2000).

Batalha et al., (2007) discorrem que a contaminação do leite na fazenda se dá a partir de quatro fontes principais: o úbere infectado, a superfície do úbere e das tetas, as mãos do ordenhador e equipamentos de ordenha ou de armazenamento de leite não higienizados corretamente.

Gonçalves & Vieira (2002) recomendam que à medida que o leite for sendo ordenhado deve ser filtrado em coadores de tela fina de 0,10 a 0,15 mm de abertura média, retirando-se assim os detritos que eventualmente estejam nele. Todos os detritos e impurezas que entram em contato com o leite são fortes fontes de contaminação e podem provocar fermentação na matéria-prima. Com a filtração imediata, retira-se grande parte dessas impurezas, o que diminui os focos de contaminação.

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Para obtenção de um leite de qualidade, são necessários: (a) realizar vacinações periódicas para controle de doenças como febre aftosa e brucelose, entre outras; (b) realizar exames periódicos para brucelose e tuberculose; (c) observar os animais em conjunto para facilitar a identificação daqueles que apresentam sintomas de doenças, para tomar medidas de controle rápidas; (d) realizar as vacinações e tratamentos contra carrapatos, vermes e bernes nas épocas recomendadas, (e) seguir rigorosamente os períodos de carência recomendados pelos fabricantes dos medicamentos. O período de carência é o tempo entre a aplicação da medicação e o dia que o leite poderá ser utilizado para consumo (EMBRAPA, 2007).

Segundo Carvalho et al., (2002) as instalações destinadas a alojar o gado leiteiro devem ser simples, eficientes, de baixo custo. Além de proporcionar aos animais condições de conforto, espaço e proteção em um ambiente limpo, seco, e de boas condições sanitárias para evitar doenças e permitir uma produção higiênica do leite. Além disso, devem ser localizadas em área ampla, de fácil acesso, boa drenagem e relativamente distante de construções particulares, para evitar possíveis problemas com doenças, moscas e odores.

No manejo alimentar o uso exclusivo da produção forrageira da propriedade não deve ser a única forma alimentar do rebanho. Outras formas de suplementação para o gado em regime de pasto são: o cultivo e o manejo de gramíneas de corte (capineiras), mais freqüentes em sistemas leiteiros especializados, e o pastejo complementar com banco de proteína, constituídos de áreas restritas de leguminosas e forrageiras cultivadas (VEIGA et al., 2004).

De acordo com Veiga et al., (1996) o manejo inadequado das pastagens pode produzir como resultado grandes áreas degradadas ou em processo de degradação, possibilitando o desequilíbrio biológico, com graves conseqüências para o meio ambiente e para a própria atividade agropecuária. Atualmente, é evidente a necessidade da adoção de práticas de manejo que tornem os sistemas de produção mais sustentáveis biologicamente e economicamente.

A pastagem não é suficiente para atender as necessidades nutricionais do gado, por isso, o uso da suplementação mineral tem um papel fundamental no equilíbrio da dieta dos animais em sistema de pastagem natural. A suplementação mineral proporciona maior aproveitamento no ganho de peso por animal/área, como também é a forma de suprir os animais com os nutrientes minerais necessários para corrigir as deficiências ou desequilíbrios de sua dieta (MORAES, 2001).

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

As propriedades envolvidas nesse estudo localizam-se no município de Altamira, situado na região da Transamazônica, no Estado do Pará. O estudo foi realizado em cinco comunidades (Figura 2) totalizando onze propriedades agrícolas com produção leiteira, assim distribuída: três propriedades na comunidade Gaviãozinho, uma propriedade na comunidade Maria Bonita, uma na comunidade Monte Santo, duas propriedades na comunidade Aurora e quatro na comunidade São João Batista. A pesquisa de campo foi realizada no período de estudo foi de 20 de dezembro de 2008 a 04 de fevereiro de 2009.

Foi realizado previamente um levantamento do número de produtores de leite existente nas comunidades em estudo e a escolha das mesmas deu-se em função de facilidade de acesso à zona urbana.

3.2. SELEÇÃO DAS FAMÍLIAS

A seleção das propriedades envolvidas neste trabalho foi realizada por meio de visita prévia e entrevistas informais com o intuito de identificar e selecionar os produtores leiteiros, onde pôde ser observada diferença no número de famílias por comunidade, fator esse, relacionado com o objetivo do estudo.

3.3. AS ENTREVISTAS

As entrevistas foram realizadas com o auxílio de questionários (Anexo I) elaborados com base no objetivo da pesquisa. Englobam questões sobre um conjunto de fatores que podem influenciar na pecuária leiteira. Os principais pontos abordados foram: criador e propriedade (localização, identificação, ano de início da atividade, histórico da família, dentre outros); infra-estrutura (instalações zootécnicas, composição do rebanho, pasto e tipo de gramíneas); práticas de profilaxia sanitária (ingestão do colostro, desinfecção umbilical,

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vacinações, vermifugações) e medidas zootécnicas (época de desmama, alimentação suplementar).

O estudo de campo teve também o acompanhamento das atividades do produtor no momento da ordenha, da armazenagem e da comercialização do leite e registro fotográfico de algumas práticas e instalações.

Figura 3: Localização das comunidades envolvidas no estudo, no Município de Altamira no Estado do Pará. Fonte: Fundação Viver, Produzir e Preservar, 2009.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS REBANHOS

4.1.1. Padrão genético

Nos rebanhos das localidades estudadas é comum a criação de animais resultantes do cruzamento de várias raças. Grande parte dos animais é mestiça de raças européias (como o gado holandês) com raças zebuínas. Os produtores procuram selecionar os animais para o duplo propósito, leite e carne, e por isso a presença do Gir também é bastante importante. Foram encontrados também animais de raças variadas como: Indu-Brasil, Nelore, Caracu, Girolanda e Simental.

Em vista da especialização na atividade leiteira, os produtores estão investindo na compra de animais especializados na atividade, com o objetivo de melhorar geneticamente seus rebanhos e aumentar a produção de leite. No Quadro 1 estão identificadas as raças existentes nas propriedades e o tipo de touro utilizado.

Quadro 1: Composição genética dos rebanhos das propriedades.

Propriedade Item

Touros utilizados Raça dominante das vacas Outras raças

01 Indu-Brasil, Gir e Nelore

Cruzadas de holandês com Indu-Brasil

Cruzadas de Nelore, Gir

02 Nelore Sem raça definida -

03 Simental e Nelore Cruzadas de holandês Cruzadas de Simental, Nelore

04 Holandês e Nelore Cruzadas de holandês Cruzadas de Nelore, Gir

05 Nelore e Gir Sem raça definida Cruzadas de Nelore, Indu-Brasil

06 Indu-Brasil e Gir Cruzadas de holandês Cruzadas de Nelore, Gir

07 Nelore e Gir Cruzadas de holandês Cruzadas de Nelore, Gir

08 Indu-Brasil, Gir e Nelore

Cruzadas de holandês Cruzadas de Nelore, Gir

09 Holandês e Nelore Cruzadas de holandês Cruzadas de Nelore, Gir

10 Holandês e Nelore Cruzadas de holandês Cruzadas de Nelore, Gir

(22)

Os produtores mudam as estratégias de condução do padrão genético de seus rebanhos de acordo com suas necessidades (leite ou carne). Desse modo, os reprodutores são substituídos a cada dois ou três anos para evitar o cruzamento com as filhas e a diminuição do padrão genético do rebanho, procurando amenizar prejuízos relacionados à produção e às exigências do mercado.

Apesar da utilização de raças com aptidão para carne os produtores tentam investir na pecuária de dupla finalidade, com a utilização de touros cruzados de holandês e raças que possuem características leiteiras. Essa estratégia é variável, dependente do mercado e dos incentivos de produção. Assim, os frigoríficos, os laticínios, os comerciantes e os atravessadores são constantemente abastecidos e, os produtores garantem suas atividades diante do investimento na dupla finalidade da pecuária.

4.1.2. Composição do rebanho

O número de animais que compõem os rebanhos das propriedades varia de 09 a 400 animais. As vacas (em lactação e secas) representam apenas 35% dos rebanhos. Os proprietários mantêm as fêmeas que nascem nas propriedades, para serem futuras matrizes e produtoras de leite. Já os machos são vendidos com oito meses de idade, geralmente logo após serem desmamados, para a recria e engorda em fazendas maiores. Foi observado que essas estratégias têm como objetivo garantir que os produtores permaneçam sempre na cadeia, tanto na produção de carne quanto na de leite.

A Figura 4 demonstra a amplitude da composição dos rebanhos das propriedades estudadas com mínima, média e máxima por categoria de animais. Pela visualização do gráfico é possível observar que existem propriedades com grandes números de animais, caracterizando assim grandes produtores de bovinos.

(23)

Figura 4: Número médio, mínimo e máximo das categorias de animais que compõem os

rebanhos das propriedades estudadas.

4.2. CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

4.2.1. Estrutura das Propriedades

As propriedades em estudo apresentam pequenas e grandes áreas, variando entre 53 a 367 ha. Essas propriedades localizam-se a uma distância média de 18 km da sede do município, sendo que a mais distante do centro urbano localiza-se a 28 km, e a mais próxima a 10 km. Em média as áreas são ocupadas por pastagens (58%), principal fonte alimentar do rebanho. As demais coberturas vegetais são: mata que representa em média 18% da superfície total, capoeira, com 21% e, por fim, as áreas ocupadas pelas culturas perenes e anuais, sendo essas pequenas (3%).

As propriedades têm como principal atividade a criação do gado leiteiro, utilizam principalmente a mão-de-obra familiar, embora trabalhadores sejam contratados em épocas de maior demanda de trabalho, como roço de pasto, construção de cercas, épocas de vacinação, dentre outros.

(24)

A atividade leiteira nessas propriedades assume um papel estratégico na diversificação dos sistemas de produção. Funciona como meio de auto-sobrevivência, sendo uma importante fonte de alimento para os membros das famílias, além de gerar divisas com o comércio do leite e carne, este último pela venda dos bezerros. Dessa forma, os agricultores buscam conciliar a produção de leite e carne através da criação de animais mestiços que são adaptados à região, embora tenham baixo potencial leiteiro.

No Quadro 2 pode ser verificado que, nas propriedades estudadas, o cultivo de culturas perenes, como o cacau, é mais freqüente. Isso ocorre devido essa cultura garantir maior valor à terra. No entanto, há também culturas anuais como o arroz, milho e feijão, porém em menor escala, devido os produtores optarem por comprar ao invés de cultivar.

Quadro 2: Caracterização das propriedades estudadas

Propriedade

Descrição

Localização Área da

propriedade (ha)

Mão-de-obra Atividades Número de

vacas em lactação

01 Monte Santo 60 Familiar Pecuária 22

02 Gaviãozinho 61 Familiar Pecuária,

perenes e anuais

20

03 Maria Bonita 100 Familiar e

contratada

Pecuária 30

04 Gaviãozinho 65 Familiar Pecuária e

perenes 09 05 Gaviãozinho 53 Familiar e contratada Pecuária, perenes e anuais 08

06 Aurora 250 Familiar Pecuária 26

07 Aurora 120 Familiar Pecuária 40

08 São João Batista 300 Familiar e contratada

Pecuária e perenes

25 09 São João Batista 300 Familiar e

contratada

Pecuária e perenes

17 10 São João Batista 330 Familiar e

contratada

Pecuária e perenes

45 11 São João Batista 367 Familiar e

contratada

Pecuária 47

(25)

4.2.2. Instalações

As instalações encontradas nas propriedades foram os cochos, onde é fornecida a suplementação mineral para o gado e o curral dispondo apenas de bezerreiro, que é uma baia onde os bezerros ficam apartados das vacas (Figura 5). Os materiais utilizados naestrutura dos currais de modo geral são: cerca com régua de madeira, coberto com telha de cimento e amianto e o piso de chão batido.

Figura 5: Instalações típicas da atividade leiteira encontradas nas propriedades em estudo. A: curral e; B:

bezerreiro.

Foi constatado nos currais a presença de lama, esterco, urina, calor excessivo e umidade, o quepermitia a ploriferação de moscas, atraídas pelo material fecal, além de poder causar contaminação do úbere das vacas e do leite. Essas condições sanitárias são contrárias às recomendadas por Carvalho (2002), que indica que as instalações devem proporcionar aos animais condições de conforto, que seja um ambiente limpo, seco, e que tenham boas condições sanitárias para evitar doença e contaminações do leite no momento da ordenha.

Em 81% das propriedades estudadas o curral não possui energia elétrica, e em nenhuma propriedade há fonte de água próximo ao curral. A limpeza do mesmo é realizada em média duas vezes ao mês e varia de acordo com o volume de esterco acumulado no curral.

(26)

No Quadro 3 estão listadas as principais instalações leiteiras existentes nas propriedades estudadas.

Quadro 3: Principais instalações existentes nas propriedades em estudo

Produtores Instalação

Curral Bezerreiro Cocho

01 Curral com divisões, coberto em partes

Com apenas uma baia Dois cochos cobertos 02 Curral com divisões, coberto em

partes

Com apenas uma baia Um cocho coberto 03 Curral sem divisão, todo coberto Com apenas uma baia Dois cochos cobertos 04 Curral com divisões, coberto em

partes

Não possui. Um cocho coberto 05 Curral com divisões, coberto em

partes

Com apenas uma baia Um cocho coberto 06 Curral com divisões, coberto em

partes, corredor para vacinação, embarcadouro

Com apenas uma baia Três cochos cobertos

07 Curral com divisões, coberto em partes

Com duas baias Dois cochos cobertos 08 Curral com divisões, coberto em

partes

Com apenas uma baia Três cochos cobertos 09 Curral com divisões e todo coberto Com apenas uma baia Quatro cochos cobertos 10 Curral com divisões, coberto em

partes, corredor para vacinação, embarcadouro

Com apenas uma baia Três cochos cobertos

11 Curral com divisões, coberto em partes, corredor para vacinação, brete de contenção, embarcadouro, balança

Com apenas uma baia Quatro cochos cobertos

4.2.3. Pastagens

As principais espécies de gramíneas utilizadas nas pastagens são: Braquiara brizantha cv. capim-braquiarão, que é o tipo de gramínea que predomina as pastagens das propriedades, e Panicum maximum cv. mombaça e tanzânia, porém em menor quantidade nas propriedades conforme o Quadro 4.

As propriedades 01, 03, 05 e 06 apresentam a menor diversificação de pastagens em relação às outras propriedades, por terem a pastagem formada exclusivamente pelo capim braquiarão. Essa prática, embora muito comum na região, não é indicada devido favorecer o desenvolvimento de pragas e doenças, além do sistema alimentar do rebanho ficar restrito em

(27)

apenas um tipo de forragem, o que para Veiga et al., (2004) é prejudicial, quando explica que o uso exclusivo de gramíneas nas pastagens não deve ser a única forma de alimentar o rebanho, devendo ser melhorada através do uso de capineiras e do banco de proteínas com leguminosas, para garantir uma melhor produção.

Em geral as propriedades estudadas têm áreas de pastagem subdivididas, com uma variação de 03 a 15 piquetes, havendo sempre uma subdivisão próxima ao curral destinada às vacas em lactação. Nas outras subdivisões mais distantes são colocados o gado de corte e as vacas leiterias secas. De acordo com os produtores a dificuldade de acesso aos pastos mais distantes dificulta a condução dos animais, o que inviabiliza algumas práticas de manejo com necessidade de maior freqüência.

Pôde ser observado ainda que as pastagens ocupam boa parcela da área total das propriedades. Esse fator pode ser resultado do aumento da atividade pecuária bovina na região, que é caracterizada pela necessidade de abrir novas áreas de mata para a implantação de pastos.

Quadro 4: Caracterização das pastagens das propriedades estudadas

Propriedade Itens Área de pastagem (ha) Percentual da área de pastagem Subdivisões Forrageira principal Outras forrageiras Aluga pasto de vizinhos Aluga pasto da propriedade

01 50 83 04 Braquiarão - Não Não

02 22 36 06 Braquiarão Mombaça Sim Não

03 60 60 13 Braquiarão - Não Não

04 30 46 06 Braquiarão Tanzânia Não Não

05 30 56 03 Braquiarão - Sim Não

06 110 44 06 Braquiarão - Não Não

07 90 75 04 Braquiarão Mombaça Sim Não

08 148 49 06 Braquiarão Mombaça Sim Não

09 138 46 09 Braquiarão Mombaça Não Não

10 280 84 15 Braquiarão Mombaça Não Não

(28)

4.3. CARACTERIZAÇÃO DOS MANEJOS

4.3.1. Manejo alimentar

4.3.1.1. Sistemas de Pastejo e Manejos das Pastagens

O sistema de pastejo adotado nas propriedades difere em primeiro lugar pelo número de piquetes que cada uma possui e pelo tamanho da área, em segundo, pela condução dos animais solteiros e das vacas em lactação e estratégias de exploração. Os sistemas de pastejos encontrados foram o rotacionado e o contínuo.

Para Oliveira & Faria (2006) o pastejo rotacionado é caracterizado pela mudança periódica e freqüente dos animais, de um piquete para o outro, de forma sucessiva, voltando ao primeiro após completar o ciclo da planta forrageira. Nesse sistema de pastejo é necessário um número de piquetes que permita a rotação. Também pode ser caracterizado pela utilização da área com a eliminação da ocorrência de pastejo seletivo, uma vez que controla a intensidade da pressão de pastejo. Os animais ao pastejarem uniformemente na área, na saída do lote animal, a pastagem deve apresentar a mesma altura. Com isso, favorece a rebrota vigorosa e rápida, pois sempre haverá uma reserva uniforme de área foliar para promover a fotossíntese. Isto não se observa quando há um super pastejo, pois a pastagem ocorre de forma irregular e rebrota ocorre nos pontos de crescimento de pouca reserva o que leva a pastagem a um atraso de rebrota.

Nas propriedades 02, 03, 04, 06, 08, 09, 10 e 11 é realizado o pastejo rotacionado, no qual os animais permanecem um determinado período num piquete e em seguida são conduzidos a outro, com intervalo de tempo que depende da disponibilidade de forragens dos pastos, do número e área dos piquetes. Neste sistema procura-se ajustar o pastejo aos hábitos de crescimento das plantas, permitindo períodos de descanso e recuperação dos pastos.

O pastejo contínuo consiste em deixar que os animais pastejem durante todo o ano, ou durante vários anos na mesma área. As variações neste sistema de pastejo referem-se à lotação fixa ou variável. Diversas práticas podem ser adotadas para aumentar sua eficiência e promover maiores produções de produto animal com oportunidades de melhoramento

(29)

crescente das condições da comunidade vegetal (MORAIS, 1995 apud OLIVEIRA & FARIA, 2006).

O pastejo contínuo é adotado nas propriedades 01, 05 e 07, que têm de três a quatro subdivisões de pastagem. A presença de subdivisões na pastagem não implica necessariamente que o sistema seja rotacionado uma vez que este último sistema leva em consideração ainda outros fatores. Neste sistema os produtores fazem o rodízio dos animais durante o ano nas subdivisões das pastagens, forma essa encontrada para que as pastagens possam ser recuperadas. Esse tipo de pastejo possibilita ao animal o pastejo seletivo, o que é prejudicial às pastagens, ocasionando superpastejo próximo aos cochos, aguadas e currais deixando outras áreas em subpastejo, o que implica em perda de forragem.

No presente sistema de pastejo é condicionado a todo o rebanho, no entanto, há separação das vacas em lactação dos animais de corte, estes últimos, geralmente ficam isolados em uma área nos fundos das propriedades.

O sistema de pastejo adotado pelos produtores tem por objetivo dar melhores condições às vacas em lactação e melhorar o uso dos recursos forrageiros disponíveis na propriedade. Já que o sistema contínuo apresenta maior carga animal que o rotacionado, pelo fato das áreas de pastagens manejadas de forma rotacionada terem um planejamento de lotação e tempo de pastejo.

A inadequada utilização da pastagem pode provocar sua degradação, possibilitando a invasão de plantas indesejáveis, não-forrageiras, comprometendo a alimentação do rebanho.

O controle das plantas daninhas nas pastagens é feito pelos proprietários com o roço manual, uma vez ao ano entre os meses de julho a agosto. O controle feito uma única vez ao ano não é suficiente para manter os pastos limpos de invasoras, segundo o relato dos agricultores. Devido a isso, os produtores 03, 04, 05 e 09, além do roço, também realizam a queima, entre os meses de outubro a dezembro, para diminuir a incidência e renovar suas pastagens. O principal motivo que leva os produtores a não queimarem os pastos como forma de controle de ervas está em função da proibição de queimadas e da fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA).

(30)

4.3.1.2. Suplementação

Os produtores restringem a alimentação dos seus rebanhos com o uso de gramíneas e suplementação mineral básica. Não utilizam capineiras e nem banco de proteínas nas pastagens, que são considerados por Veiga et al., (2004), fatores importantes na alimentação do rebanho leiteiro, pois disponibilizam forragens de melhor valor nutritivo aos animais, servindo como um complemento na alimentação.

Suplementação Mineral

Em todas propriedades estudadas é utilizada a suplementação mineral como complemento da alimentação dos animais, embora não seja adequadamente balanceada e em quantidades ideais de micro e macronutrientes. Esta limitação pode ser explicada pela carência de assistência técnica aliada à carência de produtos adequados no mercado regional.

Além disso, a suplementação mineral não é fornecida periodicamente aos animais, o que contribui para o surgimento de doenças causadas pela deficiência. O suplemento vitamínico é um recurso pouco utilizado pelos produtores, a não ser nos casos em que os animais apresentem aparência fraca e doentia.

As marcas comerciais da suplementação mineral utilizadas pelos produtores são: Matsuda, Fosbov 40 , Pontefox e o Altafox. Todos os produtores fornecem a mesma quantidade de sais minerais na proporção de 3 sacos de sal comum (25 kg) para 1 saco de sal mineral comercial (20 kg). Esta proporção não está de acordo com o indicado pelo fabricante que é de 1:1. Assim, o produtor está fornecendo ao seu rebanho basicamente o sal comum e não atendendo as necessidades minerais dos animais, o que pode causar doenças carenciais.

4.4. MANEJO SANITÁRIO

De acordo com Carvalho et al., (2000) muitos são os problemas sanitários dos rebanhos na região da Transamazônica, sendo um dos principais a falta de vacinação dos animais contra as principais doenças, como a febre aftosa e o carbúnculo sintomático. Os produtores realizam medidas preventivas como a vacinação dos animais para evitar a

(31)

incidência de doenças. Os tratamentos das principais doenças (Tabela 1) são realizados de acordo com as recomendações e calendários de vacinação, exemplo, contra a febre aftosa, são realizadas duas vacinações por ano e, contra o carbúnculo sintomático é feita a vacinação de todos os animais com idade inferior a 12 meses, duas vezes ao ano. A vermifugação é feita pela maioria dos produtores em estudo, no entanto há uma variação na época.

Tabela 1: Forma de controle das principais doenças e percentual de produtores que adotam as medidas de

manejo sanitário.

Doença Controle Percentual de produtores que

realizam o tratamento Aftosa Vacina 100 Brucelose Carbúnculo Sintomático Vacina Vacina 80 100 Raiva Vacina 63

Mal das oito pestes Vacina 100

Verminoses Medicamento 100

Mamite Medicamento 0

De acordo com relatos dos produtores as doenças mais freqüentes que acometem os rebanhos são: intoxicação provocada por erva (36%); timpanismo2 (20%); diarréia (13%); brucelose (15%); e a mamite (16%) (Figura 6).

2

Timpanismo também conhecido por empanzinamento é um distúrbio metabólico de animais ruminantes, que está associado a fatores que impedem que o animal elimine gases produzidos durante a fermentação ruminal. É caracterizado pela distensão do rúmen e retículo, no que acarreta um quadro de dificuldade respiratória e circulatória, com asfixia e morte do animal.

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Figura 6: Percentual de doenças mais comuns que acometem o rebanho leiteiro das

comunidades estudadas.

Fonte: Dados da pesquisa

Os produtores não consideram que a mamite seja perigosa, mas vale salientar que esta doença influencia diretamente na produção de leite das vacas, podendo danificar as glândulas mamárias e as tetas.

Nos bezerros recém nascidos, na cura do umbigo é aplicado somente cicatrizante com repelente para evitar os insetos e a infecção, ocorre também o fornecimento do colostro, que é de grande importância nos primeiros dias de vida. Nesse período os bezerros ficam por volta de oito dias no curral separado da mãe, sendo colocados para mamar duas vezes ao dia, até que tenham condições de sair para o pasto.

Outra prática realizada nos bezerros é a descorna, que é feita entre dois a quatro meses de idade, onde são retirados os chifres dos animais. Os produtores afirmam que animais descornados são mais fáceis de serem manejados e têm mais aceitação no mercado.

4.5. MANEJO REPRODUTIVO

A reprodução é caracterizada pela monta natural e pela separação dos animais leiteiros dos animais de corte. Nessa separação ocorre a utilização de touros especializados para cada

(33)

atividade. Ou seja, na leiteira é feita a monta com touros mestiços (alto grau sanguíneo da raça holandesa e girolanda) de raças com aptidão leiteira. Por outro lado para a finalidade corte são utilizados touros da raça Nelore e Indu-Brasil com aptidão pra carne.

4.6. ORDENHA E PÓS-ORDENHA

Em todas as propriedades estudadas, a ordenha é realizada pelos produtores de forma manual, nos currais com o bezerro ao pé da vaca (Figura 7). As vacas ficam no piquete próximo ao curral à espera para serem ordenhadas e os bezerros ficam presos no bezerreiro (estrutura que fica dentro do curral). No momento em que a vaca vai ser ordenhada, os bezerros são soltos de um a um para serem amarrados ao pé da vaca para estimular as glândulas mamárias para a liberação do leite. Após a vaca ser ordenhada é solta junto com o bezerro no pasto.

Figura 7: Ordenha manual com o bezerro ao pé da vaca

Os produtores adotam uma única ordenha diária, sendo essa feita no período da manhã que varia entre 02:00 às 08:00 horas. O horário da coleta do leite é outro fator complicado no que se refere à qualidade do leite, pois, geralmente, é efetuada entre as 06:30 às 09:30 horas e chegam ao consumidor ou no laticínio em torno de 07:00 até 10:00 horas no período de

B A

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estiagem e entre 07:30 às 10:30 horas no período chuvoso. Esse longo período que o leite fica acondicionado nos latões, sem resfriamento para conservação, leva a uma queda de qualidade do produto inicial e final do atravessador e principalmente do laticínio em conseqüência do horário.

Os produtores não realizam assepsia das mãos antes da ordenha, e a limpeza do úbere é feita com um pedaço de tecido ou com o próprio pêlo do rabo da vaca. Fatores que se encontram dentro das principais fontes de contaminação do leite descritos por Batalha et al., (2007).

Segundo Gonçalves & Vieira (2002) o processo de filtragem do leite deve ser iniciado no momento da ordenha com coadores de tela fina de 0,10 a 0,15mm de abertura média, retirando os detritos e as impurezas que estão em contato com o leite, os quais são fontes de contaminação que diminuem sua qualidade. No entanto, nas propriedades tais processos não são realizados conforme o indicado: após a ordenha, o leite é coado em um tecido e acondicionado em tambores de polietileno e transportado em temperatura ambiente para ser comercializado. E mesmo após a filtragem foi possível observar impurezas como: carrapato, fezes das vacas, moscas e pêlos dentro dos latões.

No processo de higienização dos utensílios (balde e tambor) utilizados na ordenha, não é usado água quente e sim água corrente e sabão. A secagem é feita com um pano, logo após deixam o tambor destampado para não suar, evitando assim, que o leite coalhe. Essa lavagem é realizada na casa do produtor em tanque ou jirau e a água que é utilizada no processo de limpeza dos utensílios é originada de poço e ou cacimba e não recebem nenhum tipo de tratamento.

O acondicionamento do leite nas propriedades se dá em baldes de PVC3 e em latões de polietileno ou metal, que ficam armazenados no curral (Figura 8) até o momento que o atravessador procede o transporte numa motocicleta até o consumidor e o laticínio de Altamira.

3

(35)

Figura 8: Recipientes (A: polietileno e B: metal) de armazenagem do leite no momento da ordenha no curral

4.7. PRODUÇÃO

A produção leiteira anual média por vaca está em torno de 950 a 1.200 litros. O período de lactação varia de seis a nove meses. A produção média diária por vaca é de 4-5 litros, sendo que a produção média diária por propriedade é de92 litros. Vários são os fatores que justificam essa baixa produtividade do rebanho, principalmente a baixa qualidade da pastagem, a falta de uma mineralização adequada e a baixa qualidade genética do gado.

Segundo informações dos proprietários, há uma diferença entre o volume da produção no período de estiagem e no período chuvoso, sendo que neste a produção é maior devido às chuvas, aumentando assim a biomassa de gramínea no pasto, já na época da estiagem o volume da produção é menor devido menor biomassa do pasto.

4.8. COMERCIALIZAÇÃO

A proximidade entre a fonte produtora (propriedades estudadas) e o mercado consumidor favorece grandemente a comercialização. A Figura 9 mostra as principais formas de comercialização do leite. O leite é comercializado nas seguintes formas: entregue ao atravessador, ao laticínio, ao comércio local e diretamente ao consumidor.

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Figura 9: Percentual das formas de comercialização do leite das comunidades estudadas.

Quando o leite é comercializado diretamente pelo produtor ao consumidor, em qualquer forma de pagamento, o preço do litro varia de R$ 1,00 a R$ 1,30. O valor do litro do leite vendido pelos produtores aos atravessadores varia de R$ 0,40 a R$ 0,50. Essa variação é devido às formas de pagamento entre o atravessador e o produtor, sendo o valor de R$ 0,40 quando pago semanalmente e R$ 0,50 quando pago mensalmente. Já o preço do litro de leite entregue pelo atravessador ao comércio é de R$ 0,80 e o valor vendido ao consumidor é R$ 1,00. O laticínio compra o leite do produtor diretamente na propriedade e paga pelo litro entre R$ 0,40 e R$ 0,50. Essa diferença de valor é também devido à forma de pagamento: R$ 0,40/L para os produtores que recebem o pagamento a cada três dias e R$ 0,50/L para os que recebem o pagamento quinzenalmente. O valor que o laticínio paga em cada frete da motocicleta é de R$ 19,00. O valor do litro de leite pasteurizado vendido pelo laticínio no comércio local é de R$ 1,20.

Além do leite vendido in natura, os produtores 08, 09, 10 e 11 produzem queijo em pequena escala para a venda e para o consumo familiar. São necessários dez litros de leite para um quilo de queijo.

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R$ 1,00 a 1,30/litro

R$ 0,40 a 0,50 /litro R$ 1,00 a 1,30 /litro R$ 0,40 a 0,50 /litro R$ 0,80/litro R$ 1,00/litro

R$ 0,40 a 0,50 /litro R$ 1,00/litro R$ 1,50/litro

________________________________________________________________________________________

Venda de queijos na cidade R$ 8,00/kg

Figura 10: Esquema representativo da cadeia de comercialização do leite Fonte: Pesquisa de campo

PRODUTOR (leite) CON S UMI DO R PRODUTOR (queijo) ATRAVESSADOR ATRAVESSADOR COMÉRCIO COMÉRCIO LATICÍNIO

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a dinâmica de exploração e os manejos adotados na criação de gado na agricultura familiar da região, os índices produtivos identificados no estudo, estão de acordo com as médias da região da Transamazônica.

A produção leiteira é diferenciada de acordo com as performances das vacas em lactação, decorrência das características individuais e da grande variação genética existente entre os animais mestiços. Sendo que os fatores ligados à alimentação, sanidade e estratégias de produção, também influenciam diretamente na produção.

Mesmo levando em consideração a diversidade racial dos animais existentes nas propriedades estudadas, pôde ser observado que não há diferenciação das práticas de criação que possam influenciar na produção leiteira dos rebanhos.

Os produtores realizam boa parte das regras básicas da produção pecuária em seus rebanhos, como o fornecimento do colostro e a cura do umbigo dos bezerros, entre outras, possibilitando aos produtores uma garantia de qualidade de seu produto final.

No entanto, quando se refere à qualidade do leite produzido, ainda está longe de alcançar melhorias dentro dos estabelecimentos estudados. Para isso os produtores teriam que adotar algumas medidas como: a limpeza adequada do úbere da vaca; a lavagem das mãos antes e depois da ordenha; melhorar as condições de armazenamento do leite nas propriedades; os órgãos responsáveis pela vigilância sanitária teriam que capacitar os produtores.

Fator que desestimula os produtores é o baixo preço pago pelo laticínio e atravessador, no litro de leite (R$ 0,40 a 0,50) dependendo da forma de pagamento que pode ser semanal, quinzenal ou mensal.

Um dos principais responsáveis pela estratégia dos produtores trabalharem com a dupla finalidade é o mercado da região, que não oferece incentivos para a intensificação da produção leiteira da agricultura familiar.

Ainda assim, a pecuária de dupla aptidão praticada pelos produtores traz maior estabilidade para os estabelecimentos, já que passam a diversificar seu sistema de criação com a exploração do leite e da carne. No entanto, a atividade leiteira dos rebanhos é vista como

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importante pelos produtores, gerando um incremento na renda familiar e disponibilizando um alimento rico em proteína.

Uma das primeiras características da produção na Transamazônica é a baixa produtividade relacionada ao baixo nível tecnológico dos sistemas leiteiros desenvolvidos pelos produtores. Ter um padrão tecnológico com produtividade média por vaca em torno de quatro a cinco litros de leite diários pode parecer uma desvantagem. No entanto, os produtores conseguem essa produtividade a custos de produção baixíssimos. Em condições amazônicas, a pastagem é logicamente a base de produção. Como pôde ser observado que, a pastagem é o único insumo do sistema.

Pôde ser constatado que nas propriedades em estudo não há diferença na produção de leite e nem nas práticas de manejo adotadas pelos produtores, em relação com o tipo de pastejo seja ele o rotacionado ou o contínuo.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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