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Colégio IMPULSO Prof.: Ramon Lamar BIOLOGIA - 1 É evidente que uma explicação aventada é a da criação. De acordo com os

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ORIGEM DA VIDA

A função dos cientistas é buscar evidências, explicações e realizar experimentos na tentativa de encontrar uma interpretação científica para qualquer fenômeno observável (fato). Isso, evidentemente, inclui o surgimento do primeiro ser vivo. Durante muitos anos duas correntes defenderam acirradamente suas explicações sobre a origem dos seres vivos: alguns acreditavam que a vida poderia originar-se da matéria morta (abiogênese ou geração espontânea) e outros acreditavam que os seres vivos só podiam originar-se de outros pré-existentes (biogênese).

O poeta romano Virgílio (70 a.C. - 19 a.C.) garantia que moscas e abelhas nas-ciam de cadáveres em putrefação. Na Idade Média, Aldovandro afirmava que o lodo do fundo das lagoas originava patos e morcegos. O padre Anastásio Kircher (1627-1680), professor de Ciência do Colégio Romano, explicava a seus alunos que do pó de cobra, espalhado pelo chão, nasceriam muitas cobras. No início do século XVII, o médico Jan Baptiste van Helmont, de origem belga, ensinava como produzir ratos e escorpiões a partir de uma camisa suada, trigo e queijo.

Em meados do século XVII, o naturalista italiano Francesco Redi elaborou experiências que, na época, abalaram profundamente a teoria da geração espontânea. O clássico experimento de Francesco Redi mostrou que vermes que apareciam na carne em decomposição não se originavam da matéria morta, e sim de ovos que as moscas haviam depositado sobre a carne. Este experimento foi muito importante no estabelecimento da biogênese mas não foi o suficiente para convencer as pessoas sobre o surgimento dos micro-organismos em caldos de cultura. (As pessoas acreditavam que eles eram muito pequenos para possuir órgãos reprodutores, portanto só podiam se originar por geração espontânea).

EXPERIMENTO DE REDI

Em 1745, John Needham aqueceu caldo de frango e legumes em tubos de ensaio, fechou-os e aqueceu-os novamente. Depois observou que ficavam repletos de micro-organismos. Poucos anos depois, Lazzaro Spallanzani repetiu a experiência de Needham, porém, aquecendo os tubos de ensaio por uma hora. Nesse caso, as amostras nos tubos de ensaio mantiveram-se estéreis por vários meses. Spallanzani concluiu que o aquecimento feito por Needham não foi sufi-ciente, permitindo a sobrevivência de micro-organismos que se multiplicavam pos-teriormente. Needham contra-argumentou dizendo que o aquecimento excessivo teria destruído a "força vital", necessária para o surgimento dos seres vivos.

Os experimentos de Pasteur (feitos entre 1860 e 1864) colocaram um ponto final na polêmica biogênese x abiogênese. Ele demonstrou, utilizando os frascos

"pescoço-de-cisne" e uma fervura prolongada do caldo nutritivo, que os

micro-organismos que surgem nestes caldos (e que provocam a putrefação dos mesmos) estão presentes no ar na forma de esporos e que estes esporos sim-plesmente contaminam os caldos. Com o gargalo curvo e cheio de vapor conden-sado em seu interior, os micro-organismos não conseguiam atingir o caldo nutritivo, que permanecia estéril por anos. Entretanto, bastava quebrar o pescoço do frasco para ocorrer a contaminação e proliferação de bactérias no meio.

EXPERIMENTO DE PASTEUR

Mas esta conclusão deixou uma questão a ser respondida. Se seres vivos só se originam de outros pré-existentes, como surgiu o primeiro ser vivo?

É evidente que uma explicação aventada é a da criação. De acordo com os criacionistas, os seres vivos teriam sido criados por uma entidade especial (um ou mais deuses). Esta explicação, apesar de fortemente entranhada em várias culturas, carece de rigor científico, sendo um produto de crença pessoal ou fé. Outra explicação interessante é a da panspermia cósmica (de Arrhenius). De acordo com essa hipótese os organismos vieram do espaço na forma de esporos ou sementes, que poderiam ser transportados em cometas ou corpos similares. Apesar de frequentemente voltar à evidência, esta teoria apenas transfere o problema da origem da vida para um ponto desconhecido do universo.

A explicação mais aceita no mundo científico é a Hipótese de Oparin-Haldane. Para estes pesquisadores a vida teria se originado a partir da evolução lenta

e gradual de sistemas químicos.

Para entender melhor esta hipótese devemos imaginar como era nosso planeta em torno de 4 bilhões de anos atrás, um pouco antes de surgir o primeiro organismo. A atmosfera era formada de gás hidrogênio, gás metano, amônia

e vapor d'água. Numerosas formas de energia (calor, descargas elétricas na atmosfera, radiação ultravioleta e radioatividade natural) contribuíram para

que estes gases reagissem entre si formando moléculas mais complexas. Desta forma, ao longo de milhões de anos, formaram-se moléculas como carboidratos, lipídeos, aminoácidos e nucleotídeos.

Esta hipótese de formação de moléculas orgânicas na ausência de seres vivos (síntese pré-biótica) foi demonstrada em laboratório por Stanley Miller. O experimento de Miller constou em se colocar em um recipiente previamente esterilizado os gases da atmosfera primitiva submetidos a calor e descargas elétricas. Após 24 horas ele verificou que 45% do carbono presente no gás metano havia sido convertido em aminoácidos e outros compostos orgânicos no interior do recipiente. Outros pesquisadores obtiveram compostos como bases nitrogenadas, e até mesmo ATP, mediante variações no tipo e nas quantidades dos reagentes utilizados.

EXPERIMENTO DE MILLER

Estas moléculas iam se agregando e formando combinações mais complexas. Aglomerados destas moléculas devem ter se formado nos mares rasos primitivos. Estes aglomerados - denominados coacervados, microsferas ou lipossomos - seriam envoltos inicialmente por uma membrana de hidratação que gradativamente foi substituída por uma membrana lipídica bimolecular. O ponto culminante deste processo ocorreu quando o aglomerado adquiriu uma molécula semelhante ao ácido nucleico. Admite-se que o primeiro ácido nucleico tenha sido mais semelhante ao RNA do que ao DNA. Adquirindo o ácido nucleico, esse aglomerado de moléculas passou a contar com uma maior auto-nomia e aí deve ter se originado a primeira célula, semelhante a uma célula bacteriana, ou seja, procariota. Estima-se que isso tenha ocorrido a 3,8 bilhões de anos atrás. As primeiras células eucariotas surgiram a "apenas" 1,5 bilhão de anos atrás. (Dados recentes indicam que os eucariotos podem ter se originado a

2,5 bilhões de anos atrás.)

Qual teria sido o mecanismo de obtenção de energia utilizado pelas primeiras células? Admite-se que estas células utilizaram um processo bem simples, como a fermentação. Elas devem ter fermentado a matéria orgânica que existia nos oceanos (como resultado da síntese pré-biótica), denominada

sopa primitiva ou caldo primordial. A fermentação liberou grandes

quantidades de gás carbônico para a atmosfera. A presença do gás carbônico propiciou o sucesso de organismos fotossintetizantes que devem ter surgido em seguida. Estes seres produziam matéria orgânica e gás oxigênio. A presença do gás oxigênio na atmosfera foi fundamental para o sucesso de organismos capazes de realizar processos oxidativos mais elaborados como a respiração aeróbica. Também é importante lembrar que o surgimento da fotossíntese renovou o estoque de matéria orgânica no planeta. Caso a fotossíntese não

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houvesse surgido, a vida microbiana fermentadora teria desaparecido após o esgotamento do caldo primordial. Desta forma, admite-se que a sequência tenha sido:

FERMENTAÇÃO FOTOSSÍNTESE RESPIRAÇÃO

AERÓBICA

CO2 O2

A esta hipótese damos o nome de hipótese heterotrófica (porque o primeiro ser teria sido um procarioto fermentador). Alguns cientistas admitem que havia uma boa quantidade de gás carbônico na atmosfera primitiva. Estes acreditam que o primeiro ser vivo teria sido capaz de realizar fotossíntese, é a hipótese autotrófica.

É importante lembrar que o processo de síntese pré-biótica não funciona na atmosfera atual. Nossa atmosfera tem oxigênio molecular que oxida qualquer

molécula orgânica que ocasionalmente se forme. A atmosfera primitiva era redutora, não tendo este efeito.

EVOLUÇÃO ORGÂNICA

Como surgiu a diversidade de seres vivos que temos hoje? Mais uma vez as convicções religiosas apontam para a criação divina. Deus ou deuses teriam criado todas as formas de vida conhecidas, é a hipótese criacionista. Junto a esta hipótese caminha uma outra ideia que é o fixismo. Os fixistas acreditam que os seres vivos são, hoje, do mesmo jeito que eram quando foram criados (“as espécies são fixas e imutáveis”). A ideia fixista nega frontalmente a ideia

evolucionista.

A descoberta dos fósseis trouxe novas hipóteses para explicar as evidentes mudanças ocorridas com os seres. O catastrofismo (de Cuvier) era uma ideia que procurava conciliar o criacionismo com os fósseis conhecidos. Segundo Cuvier, teria ocorrido mais de uma criação. Deus teria criado os seres e, não estando satisfeito com a criação destruiu tudo (formando os fósseis). Depois criou de novo e destruiu tudo de novo. Assim sucessivamente até se dar por satisfeito. Isso explicaria a existência de fósseis mais simples em camadas mais profundas e fósseis mais complexos em camadas mais superficiais (estratigrafia).

Não demorou muito para que surgissem as ideias evolucionistas. O

evolucionismo parte do princípio que os seres sofrem modificações ao longo de sua história tornando-se melhor adaptados ao ambiente. As

divergências existem em relação ao mecanismo pelo qual a evolução ocorre. Podemos distinguir três ideias, que surgiram em sequência, para explicar a evolução. Passemos a elas.

Lamarquismo (de Jean-Baptiste Lamarck, 1809)

Para Lamarck, o ambiente em mudança altera as necessidades de um organismo, que responde alterando seu comportamento, usando mais alguns órgãos do que outros. O evolucionismo de Lamarck baseia-se em dois princípios:

- Lei do Uso e Desuso: Quanto mais um órgão é usado, mais ele se desenvolve. Quanto menos é usado sua tendência é atrofiar.

- Herança dos Caracteres Adquiridos: As modificações criadas pela lei do uso e desuso passam para os descendentes, que, desta forma, tornam-se melhor adaptados ao ambiente.

A lei do uso e desuso contém alguma verdade. Entretanto, o tamanho dos órgãos não pode exceder a determinados limites que são impostos pelo genótipo do indivíduo (norma de reação). Já a herança dos caracteres adquiridos é uma ideia impossível. Weissman foi um dos primeiros a demonstrar que o que passa para a descendência é apenas o conteúdo das células germinativas (germe). O conteúdo das células somáticas (soma) não passa para os descendentes. Sendo assim, o esforço feito por um halterofilista em anos de treinamento altera as células somáticas dos músculos do braço, mas não pode passar para o descendente.

Exemplos clássicos das ideias de Lamarck são o aumento do pescoço da girafa (originado pelo esforço em alcançar os galhos superiores das árvores) e o desaparecimento das patas dos répteis originando as cobras (atrofia das pernas que não eram usadas quando o réptil se movia no interior de túneis).

Apesar de errônea, a concepção de Lamarck é importante por se tratar da primeira ideia evolucionista de grande repercussão. Um ponto interessante da teoria de Lamarck é sua facilidade de compreensão. Muitos leigos acreditam que a evolução ocorra exatamente dessa forma, pois faltam-lhes conhecimentos de genética.

Darwinismo (de Charles Darwin e Wallace, 1859)

O jovem naturalista Charles Darwin, então com 22 anos, partiu para uma viagem a bordo do navio inglês H.M.S. Beagle que daria volta ao mundo (de 1831 a 1836). Foi durante esta viagem que Darwin começou a esboçar sua teoria para a origem da diversidade de seres vivos. Diversas observações foram colhidas ao longo da viagem, principalmente no arquipélago de Galápagos. Neste arquipélago sua atenção foi atraída pela variedade de tentilhões (um tipo de pássaro). Darwin começou a suspeitar de que estes pássaros descendiam de um ancestral comum que teria habitado as ilhas. Talvez estes pássaros eram produto de um mecanismo semelhante ao da seleção que era feita pelos criadores de pombos, cavalos ou cães. A dificuldade era explicar como essa seleção podia acontecer na natureza. A observação da variedade de tartarugas existentes entre as diversas ilhas também chamou a atenção de Darwin.

Os tentilhões das Arborícola e Insetívoro Arborícola e granívoro Vive no solo e granívoro ilhas Galápagos

A leitura atenta das ideias de Thomas Malthus (sobre o crescimento das populações) e de Charles Lyell (sobre geologia e as alterações que ocorrem no planeta) levou-o mais próximo de suas conclusões.

Quando estava a ponto de publicar suas teorias, cuja publicação sempre era adiada (deste 1844 quando começou a esboçá-las) com receio das perseguições que sofreria, Charles Darwin recebeu uma carta de Alfred Russel Wallace. Nesta carta havia um artigo para ser lido - e se de acordo - publicado. Qual não foi a surpresa de Darwin ao reconhecer neste artigo sua própria teoria. Darwin e Wallace haviam tido a mesma ideia de forma independente e o trabalho dos dois foi apresentado numa reunião da comunidade científica inglesa em julho de 1858. Um ano depois Darwin publicava seu livro A Origem

das Espécies pelo mecanismo de seleção natural.

Os pontos principais da teoria de Darwin e Wallace são:

 Existem variações entre os seres vivos da mesma espécie.

Algumas variações são mais adaptativas contribuindo para um melhor

desempenho dos organismos que as possuem.

 Na natureza ocorre uma constante luta pela sobrevivência, devido a escassez de alguns recursos. As variações mais adaptativas conferem maior vantagem aos organismos que as possuem. Desta forma estes organismos se alimentam melhor, são mais saudáveis, vivem mais e deixam maior núme-ro de descendentes (aptidão darwiniana).

 A Seleção Natural elimina, gradativamente, os indivíduos que possuem as variações menos adaptativas.

As variações podem passar para os descendentes.

Darwin não conseguiu encontrar explicação razoável sobre como as características passavam para os descendentes. Esta explicação só veio muito depois, com a descoberta dos trabalhos de Mendel, após a morte de Darwin. Pela teoria darwinista o crescimento do pescoço das girafas é produto de seleção daqueles organismos que já possuiam pescoço ligeiramente maior do que a média. Milhares de anos de ação contínua da seleção natural teriam levado ao aumento do tamanho do pescoço.

É importante perceber que a seleção natural só atua sobre variações que já existem. A origem destas variações também era desconhecida para Darwin e

seus contemporâneos.

Neo-Darwinismo (Teoria Sintética da Evolução)

A Teoria Sintética, como o próprio nome diz, representa uma síntese de diversos conhecimentos que foram se acumulando após a morte de Darwin. Muitas descobertas tornaram mais compreensíveis os caminhos pelos quais as espécies evoluem. Uma das maiores contribuições veio da genética que esclareceu como as características eram transmitidas para os descendentes. A genética, posteriormente, explicou como surgiam as variações: através das mutações e recombinações cromossômicas (as mutações criam a

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A genética de populações forneceu importantes contribuições para entender como as frequências gênicas variam nas populações em evolução. Lembre-se que: a evolução se caracteriza pela variação nas frequências gênicas. Grande parte das ideias de Darwin são mantidas, inclusive a seleção natural e a concepção de que a unidade evolutiva é a população (são as populações

que evoluem e não os indivíduos).

Estudos de sistemática, botânica, zoologia e ecologia vieram a complementar ainda mais esta nova teoria. Diversos estudiosos colaboraram para o estabelecimento da teoria sintética. Dentre eles convém citar:

Ernest Mayr (sistemata) - Populations, species and evolution Stebbins (zoólogo) - Process of organic evolution

Ayala (geneticista) - Molecular evolution

Dobzhansky (geneticista) - Genetics of the evolutionary process

Um exemplo clássico da variação das frequências gênicas ocorreu na Inglaterra quando a fumaça das fábricas matou os líquens que cobriam os troncos das árvores próximas a áreas industriais, no início da Revolução Industrial. Nos bosques eram encontradas mariposas Biston betularia de cor clara (muito comuns pois se confundiam com os líquens, escapando da predação pelos pássaros) e outras, da mesma espécie, de coloração escura ou melânicas (raras pois facilmente eram encontradas pelos pássaros predadores que as devoravam).

A fuligem das fábricas matou os líquens e, desta forma, com os troncos escurecidos, a frequência de mariposas claras diminuiu drasticamente e a de mariposas melânicas aumentou muito nas áreas industriais. Esta variação das populações de mariposas claras e escuras é facilmente constatada através de coleções de insetos feitas nas regiões citadas, antes e depois da morte dos líquens e conservadas em museus. Trata-se de um exemplo simples de variação das frequências gênicas (a = claras, A = melânicas) que nos mostra que a seleção natural atua sobre fenótipos já presentes nas populações. UM POUCO MAIS SOBRE SELEÇÃO NATURAL

Reconhecemos três tipos de seleção natural: direcional, estabilizadora e disruptiva. Cada uma age selecionando determinados organismos. Sabemos que as características dos seres vivos, quando analisadas a nível populacional, seguem uma distribuição normal.

O gráfico ao lado mostra este tipo de distribuição considerando o compri-mento das asas de uma determinada espécie de pássaros.

Os tipos citados abaixo foram exemplicados para uma população de pássaros como a representada no gráfico.

pequenas médias grandes

Número de indivíduos

Comprimento das asasSeleção Direcional: é aquela que favorece um dos extremos da população,

isto é, ou favorece aqueles pássaros que têm asas pequenas ou os que têm asas grandes.

Seleção Estabilizadora: é aquela que favorece os indivíduos que têm asas de tamanho médio, eliminando os que têm asas muito pequenas ou muito grandes.

Seleção Disruptiva: é aquela que favorece ambos os tipos extremos, eliminando os que têm asas de tamanho médio.

DERIVA GENÉTICA E EVOLUÇÃO

Evolução, do ponto de vista genético, é a variação das frequências gênicas. Essa variação, em geral, ocorre no sentido de se eliminar o alelo menos adaptativo pela força da Seleção Natural. No entanto, a variação das frequências gênicas pode se dar de forma aleatória, oscilante. Assim a frequência de um alelo pode aumentar e depois diminuir. Essa flutuação que ocorre ao acaso é chamada deriva genética.

Tal flutuação pode ocasionar a fixação de uma característica (eliminação de um alelo e manutenção do outro) independente da pressão da seleção. Assim a frequência de determinado alelo, numa população, poderá oscilar aleatoriamente durante as sucessivas gerações, não respondendo às pressões seletivas do ambiente; e num estágio posterior esse alelo poderá ser fixado naquela população, em detrimento de outros, alterando a estrutura genética da mesma. Esse processo leva a perda de variação genética dentro das populações e na divergência genética entre elas, tudo de maneira aleatória, sendo mais importante em populações pequenas.

ESPECIAÇÃO

A formação de novas espécies é precedida de isolamento geográfico. Uma população é dividida em duas subpopulações que passam a viver em alopatria separadas por uma barreira geográfica que pode ser uma montanha, um rio ou um braço de mar. População Original A B Sub-espécie A Sub-espécie B Espécie A Espécie B Isolamento Reprodutivo Isolamento Geográfico

As espécies não se fundem quando em simpatria Quanto mais tempo as subpopulações permanecem isoladas mais vão se acentuando as diferenças entre elas. Alguns fatores podem acelerar essa diferenciação como: (1) diferenças entre os ambientes ocupados, (2) alimentação disponível diferente, (3) predadores diferentes em cada ambiente, (4) mutações diferentes ocorrendo nas sub-populações e (5) existência de variações no pool gênico das sub-populações iniciais.

Em determinado instante teremos as populações bastante diferenciadas mas elas ainda podem cruzar entre si originando descendentes férteis. Estas populações são sub-espécies ou raças geográficas.

Se o isolamento geográfico permanece por muito mais tempo, chegará um momento em que as populações ficarão tão diferentes que não mais poderão trocar informação genética, isto é, não originam descendência fértil. Estabelece-se o isolamento reprodutivo formando duas novas espécies.

MECANISMOS DE ISOLAMENTO REPRODUTIVO

Pré-zigóticos - Isolamento sazonal

- Isolamento etológico (comportamental) - Incompatibilidade anatômica - Incompatibilidate dos gametas

Pós-zigóticos - Inviabilidade do zigoto - Inviabilidade do embrião - Híbrido estéril ou de pouco fértil (fertilidade reduzida)

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OUTROS CONCEITOS IMPORTANTES

Órgãos homólogos: são aqueles que possuem mesma origem embrionária, exercendo funções iguais ou não. Órgãos homólogos derivam de um mesmo órgão presente num ancestral comum. Exemplo: braço do homem, asa do morcego e nadadeira da baleia. Importância: indicam parentesco evolutivo.

Órgãos análogos: são aqueles que possuem origem embrio-nária diferente mas exercem a mesma função. Exemplo: asa de inseto e asa de morcego.

Irradiação adaptativa: acontece quando organismos de um mesmo grupo adaptam-se a ambientes completamente diferentes. Exemplos: Répteis (aquáticos, terrestres e voadores), Mamíferos (urso-polar, morcego, baleia, cavalo, homem).

Convergência evolutiva: acontece quando organismos de grupos diferentes encontram a mesma solução para o mesmo problema, isto é, adaptam-se de forma semelhante ao mesmo ambiente. T ubarão Ictiossauro Golfinho Exemplos: Forma hidrodinâmica de ictiossauros, tubarões e golfinhos, posição das narinas de hipopótamos, jacarés e rãs.

Constância evolutiva (“fóssil vivo”): ocorre quando uma espécie mantém sua morfologia quase intacta durante milhões de anos. Exemplos: tubarão, barata, Limulus e gambá.

PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO

Anatomia comparada: A existência de estruturas anatômicas semelhantes muitas vezes indica a ocorrência de parentesco evolutivo (ancestralidade comum). Algumas destas estruturas são identificadas como órgãos vestigiais (apêndice vermiforme, por exemplo).

Bioquímica comparada: Quanto mais aparentados são os organismos, maiores são as semelhanças bioquímicas entre eles. Uma possibilidade de verificar este parentesco é o estudo da hibridização do DNA. Esta técnica consiste em fragmentar moléculas de DNA de duas espécies diferentes (que se deseja investigar o parentesco evolutivo), colocar os fragmentos juntos e verificar-se o pareamento dos fragmentos das duas espécies. Quanto maior o grau de pareamento, maior a semelhança entre as sequências de nucleotídeos e, consequentemente, maior o parentesco entre os organismos. O estudo da estrutura primária de proteínas de grande distribuição como o citocromo-c também tem mostrado enormes semelhanças entre os organismos, ajudando a traçar o caminho evolutivo que eles seguiram.

QUANTIDADE DE AMINOÁCIDOS DIFERENTES NO CITOCROMO-C DE ESPÉCIES COMPARADAS homem 0 macaco 1 0 cavalo 12 11 0 canguru 10 11 7 0 galinha 13 12 11 12 0 cascavel 14 15 22 21 19 0 atum 21 21 19 18 17 26 0 insetos 31 30 29 28 28 31 32 0 fungo 48 47 46 49 47 47 48 47 0

homem macaco cavalo canguru galinha cascavel atum insetos fungo

Embriologia comparada: O estudo da embriologia fornece valiosa informação sobre os órgãos homólogos e análogos, indicando se se trata de parentesco evolutivo ou simples evolução convergente.

- Lei de von Baer: Os estágios jovens do desenvolvimento embrionário de um animal são semelhantes aos estágios jovens do desenvolvimento embrionário de seus ancestrais.

- Lei de Haeckel (Lei Biogenética): A ontogênese repete a filogênese, isto é, o desenvolvimento embrionário recapitula as etapas que repetem estágios adultos de seus antepassados.

HOMEM PORCO GALINHA HOMEM PORCO GALINHA

Paleontologia (estudo dos fósseis): Fósseis são evidências da

existência de vida no passado. São representados por esqueletos, conchas,

pegadas, impressões, etc. Podem ser datados por métodos que utilizam isótopos radioativos ou pela comparação com as camadas estratigráficas conhecidas. Seu estudo é muito importante para tentar elucidar como eram as formas vivas que nos antecederam.

Fóssil de um trilobita.

Archaeopterix

Reconstrução da primeira ave baseada no fóssil

EVOLUÇÃO DO HOMEM

O estudo da evolução do homem é baseado principalmente nos fósseis encontrados e nas reconstruções feitas a partir destes fósseis. Por isso, é uma história que está em contínua mudança. Analisaremos aqui as linhas gerais da evolução humana.

Admite-se que o primata ancestral comum entre hominídeos e pongídeos (chimpanzé, gorila e orangotango) tenha surgido em torno de 10 milhões de anos atrás. Convém lembrar que os primatas já trazem duas importantes adaptações: o polegar oponível aos demais dedos e a visão estereoscópica (visão em profundidade). Este ancestral teria evoluído nas savanas africanas dando origem a estes dois grupos.

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O ancestral direto dos hominídeos deu origem aos Australopithecus (que é o hominídeo mais antigo). Os australopitecíneos viveram de 5 a 2 milhões de anos atrás. Eram pequenos (cerca de 100 a 120 cm). Tinham postura ereta, dentes semelhantes aos humanos, mandíbula prognata, cristas supraorbitais protuberantes, cérebro em torno de 500 cm3. Existiram várias

espécies como: A. robustus, A. africanus, A.

boisei, A. afarensis e A. ramidus. Australopithecus afarensis

Os australopitecíneos deram origem, há 2 milhões de anos atrás, ao gênero Homo. O

Homo habilis teria sido o primeiro a fabricar

toscos instrumentos de pedra lascada. Com o cérebro mais desenvolvido (cerca de 750 cm3)

e estatura um pouco maior, este hominídeo provavelmente já tinha alguma vida social. Ossos de animais de grande porte foram encontrados junto a fósseis desta espécie, o que é um indicativo de que caçava em bandos.

Homo habilis

O Homo erectus deve ter surgido há 1,5 milhão de anos atrás. O H. erectus diferenciou-se bastante do ancestral H. habilis. Com maior estatura (160 cm) e cérebro ainda mais desenvolvido (1000 cm3), construiu ferramentas melhores,

dominou o fogo, passou a morar em cavernas e teve sua alimentação muito

melhorada. Espalhou-se pela África, Europa e Ásia, tendo chegado até a

China. Muito provavelmente já possuia algum tipo de linguagem articulada.

Homo erectus

Há cerca de 300.000 anos, surgiam os primeiros membros da espécie Homo

sapiens. São conhecidas duas sub-espécies: Homo sapiens neanderthalensis

(Homem de Neandhertal) e Homo sapiens sapiens (Homem de Cro-Magnon), que é a nossa sub-espécie. Os dados sobre estas sub-espécies são imprecisos, admitindo-se atualmente que possam ser espécies diferentes (Homo sapiens e

Homo neanderthalensis). Admite-se que conviveram por alguns milhares de

anos, mas tal dado é controverso. Nossa sub-espécie teria surgido a uns 50.000 anos. O desaparecimento do Homem de Neandhertal pode ter acontecido por conflitos com nossa sub-espécie ou a incapacidade de resistir às glaciações. Atribui-se aos neandertais o início do sentimento de religiosidade (foram encontradas sepulturas com adornos e instrumentos que ele usaria numa vida posterior) e a consciência da morte.

O homem atual tem uma face mais plana do que os ancestrais, testa e queixo bem formados e uma capacidade craniana em torno de 1500 cm3.

Homo erectus H. sapiens neanderthalensis H. sapiens sapiens

Há 10.000 anos o homem deixou de ser um simples caçador e coletor de alimentos e firmou-se como agricultor e pastor. Esta mudança de vida, deixando de ser um nômade para se estabelecer em tribos de localização fixa, teve enorme influência na evolução cultural. O uso da linguagem e a tradição oral transmitiram as informações entre as tribos.

A Evolução da Cultura Humana

"Com a origem do Homo sapiens alcançamos o limite entre as ciências naturais biológicas e geológicas e as ciências sociais, mais ligadas à arqueologia, antropologia e história antiga. Até aqui deu-se ênfase somente às evidências diretas fornecidas pelos fósseis, a fim de se traçar a genealogia da espécie

humana. Contudo, nos registros da época pleistocênica, os crânios, ossos e dentes fósseis de homem são extremamente raros em comparação com os seus utensílios de pedra, que são muito mais resistentes à decomposição, e por isso, muito mais numerosos. Do estudo destes utensílios, os arqueólogos estabeleceram uma sequência de eventos culturais que podem, de um modo geral, ser relacionados à evolução física do homem. Para se discutir com pormenores este processo de evolução cultural, seria necessário escrever outro livro igual a este, mas julgamos que um esboço geral, sobre este assunto, será propositado ao finalizarmos a nossa história da vida no tempo geológico. Os antropólogos reconhecem três estádios principais na evolução cultural do homem: o Paleolítico, ou "Idade da Pedra Lascada", caracterizado por instrumentos de pedra quebrada; o Neolítico ou "Idade da Pedra Polida", caracterizado por instrumentos de pedra desgastadas e polidas, e finalmente, pela "Idade de Metais", quando os instrumentos foram feitos a princípio de cobre e bronze, e mais tarde de ferro. A maior parte da história do homem pleistocênico se enquadra na idade da pedra lascada, porque as culturas Neolíticas começaram somente há cerca de 10.000 anos, seguidas aproximadamente há 5.000 anos por culturas que passaram a utilizar-se dos metais. Portanto, toda a história cultural do Australopithecus e Homo erectus, bem como, a maior parte da existência do Homo sapiens é representada pelos instrumentos de idade paleolítica (pedra lascada). Notamos, no entanto, que os instrumentos paleolíticos mostram um aprimoramento progressivo na técnica de fabricação através do pleistoceno. Os mais primitivos eram machados rústicos e os mais adiantados eram facas e pontas de flecha feitas pelo Homo sapiens dos finais do paleolítico. Este usava, também, ossos para fabricar instrumentos de ponta, como agulhas, e já tinha, um senso artístico bem desenvolvido, fato evidenciado pelos objetos esculpidos em osso e pelas tão conhecidas pinturas rupestres das cavernas da França e Espanha no fim da Idade Paleolítica. A partir de 10.000 a 15.000 anos atrás os instrumentos de pedra lascada paleolíticos foram substituídos por outros mais adiantados, feitos por desgate e polimento das pedras. Os indivíduos pertencentes à idade neolítica que fabricaram tais instrumentos desenvolveram progressos culturais ainda mais acentuados, aprendendo a fabricar potes para guardar alimentos e água, sendo mais importante ainda, o cultivo de plantas e a domesticação de animais. Com este passo, pela primeira vez na sua longa história pleistocênica, o homem passou a não depender da caça e da procura de vegetais nativos, tornando-se capaz de produzir o seu próprio alimento. A prática da agricultura pelo homem neolítico foi um dos acontecimentos mais importantes de toda a história do homem, pois isso não só permitiu o aparecimento de comunidades fixas (algumas das quais tornaram-se mais tarde as primeiras cidades), como também, permitiu uma divisão do trabalho. Alguns dos homens providenciavam a comida enquanto outros se tornavam artífices, comerciantes, sacerdotes ou aprendizes. Depois do desenvolvimento da agricultura nesta "Revolução Neolítica", as culturas humanas evoluíram rapidamente. Há cerca de 5.000 anos, os metais eram usados pela primeira vez para fabricar instrumentos e aproximadamente ao mesmo tempo verificou-se o desenvolvimento da escrita no Egito e Mesopotâmia, conduzindo ao início da documentação escrita da história humana.

O registro pleistocênico do homem fóssil e dos seus utensílios deixam ainda sem resposta muitas questões fundamentais a respeito da evolução cultural. Assim é, que temos apenas vagas referências sobre muitos eventos de importância crucial, como por exemplo, a origem da linguagem, o desenvolvimento das vestes e a estrutura social das comunidades humanas primitivas. Muito embora estes importantes tópicos sejam ignorados, não resta a menor dúvida de que o desenvolvimento do homem a partir dos seus ancestrais primatas do cenozóico enquadra-se hoje entre os mais bem compreendidos eventos da história da vida."

in História Geológica da Vida de A. Lee McAlester

4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0 Australopithecus afarensis Australopithecus ramidus A. africanus A. robustus Homo habilis Homo erectus Homo sapiens H. sapiens neandhertalensis H. sapiens sapiens Milhões de anos

adaptado do site:

Referências

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