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Medicina Tradicional Chinesa Módulo I Lição nº 3

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Medicina Tradicional Chinesa

Módulo I – Lição nº 3

GUIA DE ESTUDO – Lição nº 3

1. Explicite a ideia principal da relação existente entre os pares de órgãos abaixo indicados.

Considero útil fazer uma pequena introdução, uma vez que os diversos órgãos do corpo humano têm uma relação de interacção energética nos distintos processos orgânicos que se estabelecem de forma harmoniosa entre os mesmos, bem como no desenvolvimento de enfermidades. As relações e trocas energéticas que se desenvolvem podem ser analisadas no âmbito da MTC sob várias perspectivas, respectivamente:

a) Os meridianos dos diferentes órgãos encontram-se relacionados numa perspectiva da sua polaridade Yin – Yang. Esta relação respeita à condição interna-externa que existe entre os órgãos Zang ou Yin e os órgãos Fu ou Yang. O Yang domina o exterior e o Yin o interior. Os órgãos associam-se em pares Yin e Yang através dos meridianos e colaterais.

b) O estudo da inter-relação dos órgãos de acordo com a teoría dos 5 elementos. A dinâmica energética dos cinco elementos processa-se consoante os ciclos de origem, controlo e invasão dos cinco elementos.

c) A relação energética desenvolve-se nas funções fisiológicas orgânicas e na formação, distribuição e armazenamento de Qi e de sangue.

Órgãos / Relação 1. Coração – Pulmão

O Coração domina o sangue e o Pulmão domina o Qi. A circulação do sangue depende da força impulsora do Qi, ao mesmo tempo o Qi está dependente do sangue para ser distribuído pelo corpo. Coração e Pulmão, Qi e sangue dependem entre si. Sem Qi o sangue estanca e sem sangue o Qi é débil. Consequentemente, os desequilíbrios ou disfunções orgânicas e energéticas podem ocorrer por exemplo aquando de uma falha de Zhong Qi que pode resultar num estancamento de sangue na zona superior. Esta situação irá fazer com que o Coração não funcione correctamente e por isso o Pulmão terá dificuldades em realizar a dispersão e a descida do Qi. Também, o órgão Pulmão é susceptível de uma invasão directa de factores patogénicos externos ou de Xie Qi, podendo este transmitir-se directamente ao Coração.

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2. Coração – Baço

O Coração domina o sangue e o Baço controla o sangue. A função de transporte e transformação do Baço depende da função do Yang Qi do Coração e do Rim. No entanto a formação do sangue depende da função de transformação e transporte das matérias essenciais dos alimentos e água. O sangue circula nos vasos e é impulsionado pelo Coração, o Baço por sua parte controla o sangue nos vasos e mantém-no no lugar natural, tal como a terra mantém o controlo sobre a água. A dinâmica existente entre estes dois órgãos reflecte-se, também, nos seus desequilíbrios patológicos. Assim e a titulo exemplificativos:

a) A falta de nutrição por deficiência do Qi do Baço ou uma hemorragia por deficiência do Baço em controlar o sangue podem resultar no consumo e esgotamento do sangue do Coração.

b) O sobrepensamento pode consumir o sangue do Coração, resultando numa deficiência das funções do Baço de transporte e de transformação.

3. Coração – Fígado

O Coração domina o sangue e o Fígado armazena-o. Só quando o sangue é suficiente, o Fígado o poderá armazenar, gerindo o volume de sangue necessário para o funcionamento orgânico. Desta forma, o Fígado tem um papel relevante na manutenção do livre fluir do Qi e do sangue, prevenindo o seu estancamento e consequentemente beneficiando a função do Coração de impulsionar o sangue.

Estes dois órgãos têm, ainda, uma relação especial na área das emoções e das actividades do espírito.

Afectam-se patologicamente mutuamente. Uma deficiência do sangue do Coração causará sempre uma deficiência de sangue do Fígado, que por sua vez provocará insónia, sonhos perturbadores, debilidade geral, enjoos, visão confusa, debilidade dos olhos, menstruação retardada. Também, a hiperactividade Yang do Fígado pode perturbar o Coração, causando enxaquecas, olhos vermelhos, irritabilidade, insónia, intranquilidade da mente, sonhos perturbadores.

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4. Coração – Rim

4.1.O Coração localiza-se no Jiao superior e domina o Fogo. O Rim domina a água, localiza-se no Jiao inferior. Numa relação de equilíbrio o Yang do Coração desce e conjuntamente com o Yang do Rim aquece o Yin e a água do Rim. Ao invés, o Yin do Rim sobe, para conjuntamente com o Yin do Coração acalmar e “humedecer” o Coração e prevenir que este entre numa hiperactividade desenfreada. Esta relação de controlo e ajuda mútua é conhecida como “harmonia do Coração e do Rim”. Quando a água e o fogo estão em harmonia, existe um balanço entre o superior e o inferior, a calma e a actividade, o Yin e o Yang, o que resulta numa função fisiológica normal e equilibrada entre o Coração e o Rim.

Assim na perspectiva da Teoria dos 5 Elementos podem referir-se as seguintes relações patológicas entre o Coração e o Rim:

a) Se o Yin do Rim falha em subir para nutrir o Coração, isto resulta, habitualmente, numa hiperactividade do Yang do Coração;

b) Por deficiência do Yang do Rim, este falha em evaporar o fluído, este pode subir e deprimir a função Yang do Coração, o que indica uma “retenção da água afectando o Coração”.

4.2.O Coração domina o sangue e o Rim guarda a essência. Como a essência e o sangue se promovem mutuamente, existe uma relação directa entre o consumo da essência do Rim e a deficiência do sangue no Coração.

4.3.O Coração é a residência da mente e a essência do Rim produz a medula, a qual comunica com o cérebro. Por isso, tanto a deficiência da essência do Rim, como a deficiência do sangue no Coração resultarão em sintomas inerentes ao equilíbrio do estado da mente.

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5. Baço – Pulmão

A relação principal estabelece-se na dinâmica Qi/ fluído do corpo. O Baço é responsável pela criação do Qi adquirido e do sangue. O fortalecimento do Qi do Pulmão depende da qualidade da acção de nutrição do Qi do Baço. Por outro lado, a acção do Baço no transporte e na transformação da água e dos alimentos, também, depende das acções coordenadas de descer e dispersar do Pulmão. Diz o texto clássico Neijing: “o Baço distribui o Qi ao Pulmão, o qual regula as passagens de água para encaminhar os fluidos em direcção à bexiga”.

Um desequilíbrio na relação fisiológica do Baço e do Pulmão provoca deficiência do Qi do Pulmão, o que resulta em falta de apetite, distensão abdominal, acompanhadas de tosse febril, debilidade e falta de vontade em falar. Por outro lado, o mau funcionamento do Qi Pulmão em descer e dispersar pode trazer uma acumulação de fluído na parte superior do corpo e estancamento de humidade no Baço, causando tosse com excesso de expectoração, bloqueio do peito, dilatação abdominal, borborismo (ruídos no abdómen) e edema.

6. Fígado – Pulmão

Esta relação energética manifesta-se principalmente na qualidade de fazer subir e descer o Qi. Numa relação harmoniosa e equilibrada o Pulmão promove a descida e dispersão do Qi e o Fígado a sua subida. Em desequilíbrio podem ocorrer situações como:

Se o Qi do Fígado for excessivo pode transformar-se em fogo e subir consumindo o fluído do Pulmão - “invasão do Pulmão pelo fogo do Fígado”.

a) Uma falha de Qi do Pulmão em descer pode levar à produção de secura e calor patológicos, que podem consumir o Yin do Rim e do Fígado, produzindo hiperactividade do Yang do Fígado.

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7. Pulmão – Rim

O Pulmão domina a respiração e o Rim domina a recepção do Qi. Ambos participam no metabolismo da água, influenciando directamente o movimento desta e do Qi. Perante desequilíbrios, como uma falha das funções de dispersão e descender do Pulmão, ou uma falha do Rim em evaporar a água, implicarão alterações anómalas no metabolismo da água, para além de que a influência recíproca que estes órgãos exercem entre si, fará agravar as alterações geradas.

O Pulmão dispersa e descende o Qi que o Rim recebe. Cada órgão deve cumprir com a função que lhe compete para que o todo funcione devidamente. Se o Rim é incapaz de receber o Qi do Pulmão, este ficará bloqueado na parte superior e surge obstrução, que provocará a desnutrição do Rim. Como se nutrem mutuamente uma falha do aspecto Yin de um órgão pode gerar danos na energía Yin do outro.

8. Fígado – Baço

O Baço é o responsável principal pelo transporte e pela transformação de substâncias e estas funções realizam-se adequadamente apenas quando o Fígado mantém a livre circulação de Qi.

O Baço produz e controla o sangue e o Fígado armazena-o, deste modo ambos têm um papel importante no funcionamento adequado do organismo.

Se o Qi do Fígado estancar, afectará a função do Baço e surge anorexia, digestão irregular, etc.

Se o Qi do Baço for deficiente será incapaz de produzir e controlar o sangue e consequentemente surgirá deficiência na quantidade e na qualidade do sangue, sendo a nutrição do Fígado afectada.

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9. Baço – Rim

Cada um destes órgãos é responsável pela aquisição e pelo armazenamento de dois tipos de Qi, respectivamente, o Qi congénito e o Qi adquirido. Dependem um do outro da seguinte forma:

- A essência do Rim depende da nutrição da água e dos nutrientes metabolizados pelo Baço.

- O Baço requer a capacidade de aquecer e de impulsionar do Rim para transportar e transformar. Por este motivo diz-se que o congénito promove o adquirido e este nutre o congénito.

No que concerne às patologias influenciam-se mutuamente. Quando o Rim Yang é deficiente falhará em aquecer o Baço Yang. Quando o Baço Yang é deficiente vai causar excesso de Yin no interior, o que vai afectar o Yang do Rim e causar deficiência.

10. Fígado – Rim

Cada órgão é responsável por armazenar componentes vitais. O Fígado armazena o sangue e o Rim a essência.

O sangue do Fígado depende da nutrição da essência do Rim e vice-versa.

Se existir deficiência da essência do Rim, o sangue do Fígado será mal nutrido, o que gerará uma deficiência de Yin do Fígado e também, do Rim. Assim, ocorrerá uma ascensão do Yang do Fígado e apresentar-se-ão os sintomas daí decorrentes.

11. Coração – Intestino Delgado

Se o factor patogénico fogo atacar o Coração, poderá transmitir-se ao órgão correspondente, o intestino delgado. Ocorrerá, também, a situação inversa, o fogo através do Intestino Delgado pode atingir o Coração.

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12. Fígado – Vesícula Biliar

Por serem meridianos correspondentes (paridade), o Xie Qi que afecte um, afectará, também, o outro.

13. Baço – Estômago

Estes órgãos estão situados no Jiao médio e estão relacionados com os seus canais na forma interna e externa. O Baço domina o transporte e a transformação, enquanto que o estômago controla a recepção dos alimentos. O Baço controla o subir e o estômago o descer, o Baço distribui os nutrientes ao Pulmão e ao Coração. O estômago move os líquidos e os alimentos digeridos em direcção abaixo. O Baço é Yin e prefere a secura, não gosta da humidade. O estômago é Yang e prefere a humidade, rejeita a secura. Um é Yin e o outro é Yang, um necessita do outro.

Uma falha no transporte e na transformação do Baço devido à humidade, pode causar uma inabilidade de subir “o claro” e afecta o estômago nas funções de receber e descer. Por outro lado, a falha do estômago em descer “o turvo” por causa da má alimentação, causará retenção de alimentos, o que, também, afectará o Baço em fazer subir o “claro”.

14. Pulmão – Intestino Grosso

Quando o Qi do Pulmão desce, a função do Intestino Grosso em mover “o turvo” será normal. Se o Qi do Pulmão falha em descer, falha em humedecer e enviar os líquidos em direcção abaixo, o que provocará obstrução intestinal. Se o Intestino Grosso está obstruído por estancamento pode impedir que o Qi do Pulmão desça. De facto, a obstrução do I.G. calor em excesso induzirá uma falha do Qi do Pulmão. Este ciclo de interacção mútua é contínuo.

15. Rim – Bexiga

A função metabólica de retenção e excreção de urina da bexiga depende do Rim e será adequada, se o Qi do Rim for suficiente. Se o Qi do Rim não estiver nos níveis adequados, surgirão problemas no controlo dos fluidos por parte da bexiga, surgindo incontinência, gotejamento de urina, etc.

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2. Que características especiais têm os seguintes Factores Patogénicos?

2.1. Vento Interno / Externo

O vento é o factor patogénico mais comum e as suas manifestações clínicas podem aparecer em qualquer época do ano, mas predomina na Primavera. Ataca principalmente o Fígado e a Vesícula Biliar. As patologias associadas ao vento aparecem fundamentalmente na Primavera, é o caso das alergias, por exemplo. Acresce o facto do vento ser um veículo de transmissão de outros factores patogénicos, tal como o frio, o fogo, etc, sendo o principal responsável pela geração de enfermidades com causa externa. O vento penetra no organismo através dos poros da pele que são controlados pelo Pulmão. O movimento típico do vento é de natureza Yang, é ascendente e exterioriza e por isso, tende a atacar partes Yang do corpo (exterior: pele e poros, superior: cabeça, pescoço, cara, ombros), bem como os meridianos Yang. Produz cefaleias, sudoração, temor ao vento, obstrução nasal, espirros, paralisia muscular, prúrido na garganta, nariz e olhos.

O vento é móvel e muda rapidamente de localização, pelo que a patología não tem um local exacto. O síndrome Bi provocado por vento-frio-humidade (dor muscular, reumatismo) pode apresentar dores erráticas. As doenças advindas deste factor patogénico externo tendem a ter uma evolução rápida.

Existem três tipos de vento interno: Vento Yang do Fígado, Vento de Calor extremo e Vento por Vazio de Sangue.

a) Vento do Yang do fígado – Resulta das emoções que consomem o Yin do fígado e do Rim, produzindo deficiência de Yin que não pode controlar o Yang e este eleva-se, transformando-se em vento.

b) Vento de calor extremo (Yin): aparece nas etapas avançadas de enfermidades febris que não foram devidamente erradicadas do corpo. O calor extremo danifica o sangue, esgotando o líquido orgânico e a energia nutritiva, causando a debilidade dos tendões e resultando em inúmeros sintomas.

c) Vento por vazio do sangue: Quando o Baço não produz sangue adequadamente, ou quando se perdeu por hemorragia ou se enfraqueceu na

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sequência de doença crónica, os meridianos, os tendões e os vasos sanguíneos são afectados e gera-se vento interno.

2.2. Frio Interno / Externo

O frio pode ser externo ou interno. Se externo ataca a superfície contraindo os poros e bloqueando desta forma o Wei Qi ou Qi defensivo e surgirão arrepios sem suor, pulso apertado, cara pálida e a língua apresentar-se-á com revestimento esbranquiçado, rigidez muscular, dores de cabeça e no corpo. Se existir uma deficiência de Yang no organismo, o frio penetrará directamente para o interior. O frio interno e o frio externo estimulam-se mutuamente. De facto, quando existe um vazio de Yang interior a pessoa fica susceptível de ser atacada por frio externo e sucede, também, que se o frio externo persistir por muito tempo criará condições para que a energia Yang interior se debilite e o frio penetre ou evolua no interior do corpo.

O frio é uma energia perversa de tipo Yin que ataca preferencialmente zonas Yang que nesta condição perdem a capacidade de permanecer quentes e sentir-se-á frio interno. Quando o frio ataca o Baço-Estômago, ataca a vertente Yang destes órgãos e surgem dores abdominais, vómitos de líquidos claros, diarreias, língua com revestimento branco.

O frio provoca estancamento de Qi e do sangue e dos fluidos orgânicos, os quais circulam livremente pela acção de aquecimento da energia Yang. Se o frio penetra no interior arrefece o sangue e este estanca e consequentemente estanca, também, o Qi e nesta situação existirá dor.

Por último, se o frio atacar os músculos, tendões e meridianos provocará o aparecimento de contracturas, dor e dificuldade ou impossibilidade de realizar movimentos.

No que respeita ao frio interno, este manifesta-se como um vazio do Yang Qi no organismo, que perde a capacidade de manter a temperatura. O Yang do Baço aquece as quatro extremidades e o Yang do Rim aquece os órgãos e as vísceras. Se houver vazio de Yang Qi em ambos os meridianos destes órgãos, perde-se a capacidade de gerar e manter a temperatura e assim surge o frio interno.

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2.3. Calor de Verão Interno / Externo

O calor é uma energia perversa Yang própria do Verão, os seus sintomas são calor e portanto de natureza Yang, algumas das suas manifestações clínicas podem ser febre alta, agitação ansiosa, cara vermelha, pulso amplo e rápido, língua vermelha com capa (revestimento) amarela, urina concentrada, obstipação, sede e outros.

A manifestação exagerada de calor vai consumir o fluído orgânico provocando sudação, o que dá lugar a sintomas como sede intensa com vontade de beber, urina concentrada e escassa, obstipação, etc. A energia escapa-se juntamente com a perda de fluído orgânico por sudação abundante, e com isso aparecem sintomas de vazio de energia como respiração curta, astenia, desvanecimento, pulso débil, etc.

Se o factor climatérico calor for acompanhado de humidade (chuvas intensas) isso surtirá efeitos no organismo, uma vez que os factores patogénicos externos calor e humidade actuaram conjuntamente, e se penetrarem no interior do organismo poderão verificar-se sintomas como astenia, os quatro membros pesados, opressão torácica, náuseas, fezes pastosas, diarreia, língua inchada e outros.

2.4. Humidade Interna / Externa

A humidade pode ser externa ou interna. A humidade externa tem relação com o clima e a humidade interna é consequência de um transtorno na função de transporte e transformação do Baço, o que favorece a acumulação de humidade no organismo e inclusive na “mente”. Estas duas classes de humidade, ainda que distintas, influenciam-se mutuamente. As pessoas com uma debilidade do Baço serão muito mais susceptíveis aos ataques da humidade, também, a dieta inadequada é uma razão comum para a criação de humidade.

A humidade é pesada e viscosa (impura). No caso de ataque de humidade, observam-se sintomas como peso na cabeça, corpo, astenia dos quatro membros, etc. A humidade perturba a harmonia entre a energia defensiva e a energia nutritiva,

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são fezes pastosas, urina turva, secreções brancas (leucorreia), língua com capa pegajosa, mucosidades, etc.

A humidade é uma energia perversa Yin. Perturba o Qi Ji (os movimentos de subida, descida, entrada e saída da energia), dando lugar a sintomas como opressão torácica, micção e defecação difíceis e outros sintomas de estancamento do Qi. Ataca sobretudo o Yang do Baço, que é um órgão que tem afinidade com a secura e detesta a humidade. Este órgão é fundamental no transporte e transformação dos líquidos orgânicos, pelo que as alterações no seu Yang geram uma perturbação nas suas funções de transporte e transformação, o que produz uma acumulação de líquidos, edema, hidropisia, distensão abdominal, etc.

A humidade é de natureza pegajosa. Isto manifesta-se pelas excreções ou secreções viscosas e difíceis. Regra geral, as enfermidades originadas pela humidade são de longa duração e persistentes, tendendo a ser crónicas.

A humidade tem tendência a atacar principalmente a parte inferior do corpo (parte Yin). Por exemplo, edema dos membros inferiores, perdas brancas anormais (fluxo), diarreia, etc.

2.5. Secura Interna / Externa

A secura danifica o fluído orgânico produzindo um consumo e uma insuficiência do líquido Yin do Organismo. Os sintomas que aparecem são secura na boca, nariz e garganta, sede, pele, penugem e cabelos secos, urina escassa, fezes duras ou obstipação, etc.

A secura ataca em especial o Pulmão. O Pulmão é um órgão que prefere a humidade. Controla a respiração, pele, pêlos e poros e comunica com o nariz. A secura perversa penetra no corpo pelo nariz e boca, consome o fluído orgânico do Pulmão e perturba sua função de distribuição e descida, dando origem a sintomas de tosse seca, escarro viscoso de difícil expectoração e descida de saliva sanguinolenta, respiração curta, dor torácica, etc.

A secura interna deve-se a uma insuficiência orgânica, a qual afectará os órgãos, tecidos e orifícios, que por não estarem suficientemente hidratados apresentarão diferentes sintomas de secura. As causas mais frequentes de secura interna são excesso de sudação, vómitos abundantes, obstipação e diarreias.

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2.6. Fogo Interno / Externo

O fogo é uma energia perversa de natureza Yang. Tende a subir em direcção à parte alta e as suas manifestações clínicas são febre alta, ataques de calor ou de sufoco, sede, sudação, pulso largo e rápido, língua vermelha com capa amarela e outras. O fogo pode atacar o Shen produzindo agitação, insónia, delírio, etc.

O fogo (calor) produz transtornos no sangue, acelera sua circulação e ataca os vasos sanguíneos. O sangue sobreaquecido sai dos vasos dando origem a hemorragias, hematúria, equimoses cutâneas, hipermenorreia, metrorragia e outras. O fogo é causa de furúnculos, úlceras, erosões e chagas. O fogo quando penetra a nível do sangue e se localiza num lugar concreto, consome-o e queima. Na prática clínica, os furúnculos vermelhos, úlceras, erosões e chagas pertencem ao fogo. As anginas, odontalgias e alguns transtornos cutâneos (sarampo, escarlatina e algumas psoríases), também, entram na classificação de alterações originadas pelo fogo.

O fogo interno ou calor interno é a manifestação de um excesso de Yang, um vazio de Yin com excesso de Yang ou o estancamento do Qi e do sangue, também, pode ser causado por uma enfermidade prolongada. Um desequilíbrio emocional pode incrementar o fogo do Fígado.

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3. A MTC utiliza as relações de produção e domínio dos cinco elementos para controlar os transtornos ou disfunções dos órgãos do organismo, pelo que as emoções negativas estão associadas ao ciclo dos cinco elementos.

3.1. Explicite a associação existente entre cada um dos cinco elementos e os órgãos internos.

O Coração associa-se ao elemento Fogo, O Fígado à Madeira, O Baço à Terra, O Pulmão ao Metal e o Rim à Água.

3.2. Refira as emoções inerentes a cada órgão.

Órgão Emoção Associada

Coração Alegria ou Euforia

Fígado Raiva, Fúria, ira

Baço Preocupação

Pulmão Tristeza

Rim Medo ou Terror

3.3. Indique, também, as manifestações físicas que ocorrem quando as emoções se apresentam em excesso.

A alegria em excesso pode tornar-se num elemento patogénico, porque consome e dispersa a energia do Coração e por conseguinte, o Shen escapa-se de seu lugar e perturba-se. Nestes casos os sintomas apresentados são sinais de astenia mental, negligência, dificuldade para o diálogo, delírio onírico, insónia, esquecimentos e em casos graves, loucura.

A fúria excessiva acarreta uma subida descontrolada da energia do Fígado com os seguintes sintomas: cara e olhos vermelhos, vertigens, cefaleia, vómitos de sangue e irritabilidade. A tristeza dissolve a energia (Qi).

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A tristeza em excesso consome o organismo, fragiliza a vontade e origina o pessimismo. A tristeza afoga em primeiro lugar a energia do Pulmão, por isso observamos na prática clínica uma respiração superficial, opressão torácica, astenia, lentidão, anorexia, suspiros, etc.

Quando a preocupação é excessiva, o pensamento fica bloqueado e como a energia segue o pensamento, significa que o Shen e o Qi bloqueiam. Como o Shen reside no Coração, a preocupação tem, também, uma relação com este órgão e ao bloquear o Shen, atenua o fogo e logo a alegria normal do Coração. Se excessiva a a preocupação transtorna o fluxo normal da energia produzindo um bloqueio do Qi do Baço e perturba a função de transporte e transformação deste, bloqueando-se a energia principalmente no Jiao Médio. Quando isso ocorre bloquear-se-á a capacidade do Baço em distribuir “o puro” em direcção acima e logo também, o Pulmão é afectado e se associa o sentimento de tristeza. Os sintomas mais frequentes serão anorexia, distensão torácica e abdominal, vertigem, insónia, esquecimentos, cansaço mental e outros.

O medo e o terror são manifestações emotivas que se produzem perante situações desconhecidas ou perigosas, e são imprevistos e instintivos. Geralmente indivíduos que apresentam um vazio de energia dos rins, ou uma insuficiência de sangue e energia são mais susceptíveis de apresentar esta emoção que, também, se relaciona com o Coração (Shen) e a vesícula biliar. O Coração guarda o Shen e estando o Shen transtornado o Coração (fogo) fragiliza-se e o medo aparece. O medo faz baixar a energia e ataca o Rim que perde o seu controlo. A sintomatologia associa-se a manifestações de cobardia, isolamento e evitar sair de casa, recear as outras pessoas e fobias diversas. Em casos extremos surge ansiedade e transtorno mental, delírio onírico e perda de urina ou fezes.

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4. Relativamente à Dieta Alimentar que conselhos daria aos seus pacientes?

A alimentação deve ser efectuada de forma racional e correcta para a saúde, evitando desequilíbrios alimentares (natureza dos alimentos inadequada poderá provocar perturbações nos órgãos específicos), alimentos contaminados e uma alimentação irregular (excessos ou carências). A utilização de alimentos frescos deve ser preferencial, optando-se pelos alimentos naturalmente produzidos em cada estação do ano. A forma de confecção é, também, relevante, devendo evitar-se fritos e gorduras não vegetais, bem como uma confecção prolongada, de modo a manter as propriedades e qualidades nutritivas dos alimentos.

No que respeita aos desequilíbrios alimentares, no diagnóstico a preferência do paciente por determinado alimento e desde logo pelo sabor indicará a que órgão corresponde a natureza de eventual problema, pode ainda significar uma inclinação patológica relacionada com o órgão. O excesso de cada um dos sabores pode prejudicar o órgão correspondente (o excesso de salgado prejudica o Rim, o doce o Baço e assim sucessivamente). Por isso em matéria dietética é necessário saber harmonizar os cinco sabores (amargo, doce, ácido, picante e salgado), e as cinco naturezas (fria, fresca, neutra, morna e quente), com o objectivo de não desequilibrar o organismo. Importa, ainda, referir a natureza Yin e Yang dos alimentos, devendo cada indivíduo adoptar a dieta que mais se lhe adeqúe consoante as suas necessidades energéticas e metabólicas.

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5. Quais os sintomas que podem indicar a existência de equimoses num paciente?

As manifestações clínicas são complexas e diversas, tal como a sua localização, resultam de um desequilíbrio circulatório do sangue e do Qi e podem ser divididas da seguinte forma:

Dor. Em geral será uma dor forte que reage à apalpação, com carácter fixo e intenso e que se agrava à noite.

Tumefacção. Situa-se à superfície e é de cor violeta ou amarelo esverdeado. No seu interior é dura à apalpação e dolorosa à pressão.

Hemorragia. Se os vasos e os meridianos estão obstruídos o sangue extravasa para o exterior aparecendo a hemorragia de cor escura com coágulos (dismenorreia, etc.).

Cor violácea e ou descoloração. A língua é vermelha escura ou violeta com manchas equimóticas. Os lábios e unhas são também violáceos. O pulso será fino, áspero e irregular. O semblante violeta-esverdeado ou enegrecido, a pele ressequida e os cabelos fragilizados.

Referências

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