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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN THAYSA LOPES FERREIRA

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NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

THAYSA LOPES FERREIRA

CRIAÇÃO DE MODA SUSTENTÁVEL: DESENVOLVIMENTO DE UMA COLEÇÃO DE ROUPAS UTILIZANDO O CONCEITO UPCYCLING E A TÉCNICA DE CROCHÊ.

CARUARU 2017

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CRIAÇÃO DE MODA SUSTENTÁVEL: DESENVOLVIMENTO DE UMA COLEÇÃO DE ROUPAS UTILIZANDO O CONCEITO UPCYCLING E A TÉCNICA DE CROCHÊ.

Projeto de graduação de Design apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Design pele Universidade Federal de Pernambuco, no Centro Acadêmico do Agreste.

Orientadora: Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo.

CARUARU 2017

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária – Marcela Porfírio CRB/4 - 1878

F383c Ferreira, Thaysa Lopes.

Criação de moda sustentável : desenvolvimento de uma coleção de roupas utilizando o conceito upcycling e a técnica de crochê. / Thaysa Lopes Ferreira. – 2017.

96f. ; il. : 30 cm.

Orientadora: Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo.

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Design, 2017.

Inclui Referências.

1. Moda. 2. Sustentabilidade. 3. Crochê. I. Justo, Iracema Tatiana Ribeiro Leite (Orientadora). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2017-302)

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CRIAÇÃO DE MODA SUSTENTÁVEL: Desenvolvimento de uma coleção de roupas utilizando o conceito upcycling e a técnica de

crochê.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Curso de Design do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco para a obtenção do grau/título de bacharel/licenciado em Design.

Aprovado em: 12/12/2017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profª. Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo (Orientador)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profª. Andrea Barbosa Camargo (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________ Profº. Nara Oliveira de Lima Rocha (Examinador Interno)

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A Universidade Federal de Pernambuco e seu corpo docente, por me proporcionaram grandes aprendizados, que me auxiliaram na concretização deste trabalho seja direta ou indiretamente.

A minha orientadora Profª Iracema Tatiana Ribeiro Leite Justo, pelo suporte dado sempre que necessário, pelas suas correções, incentivos e ideias.

Aos membros da minha família, que sempre me incentivaram a seguir meus objetivos e me deram suporte quando necessário. Principalmente minha vó, Maria José, e minha tia Fabiane Azevedo, que participaram diretamente deste projeto através do seu trabalho manual com o crochê.

A empresa Yanomami By Samkara, por ter cedido às sobras de malhas que estavam disponíveis no estoque da empresa.

A Everton Vieira, por me auxiliar na edição das imagens finais da coleção e por todos os incentivos dados.

A Joyce barros, por ser minha modelo e auxiliar na produção do editorial.

A José Neto, por me ceder seu olhar fotográfico e seu talento como maquiador para produzir lindas imagens para o editorial da coleção.

Aos meus amigos que sempre me incentivaram a levar este projeto adiante, seja com palavras de apoio ou ideias construtivas.

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RESUMO

O seguinte estudo busca uma resposta para a pergunta: “Como desenvolver uma coleção de roupas sustentáveis utilizando o conceito upcycling?”. Sendo a indústria da moda uma das mais poluentes do mundo, é preciso buscar maneiras de reverter os danos causados pela mesma ao meio ambiente. Para que o objetivo deste trabalho seja alcançado, o tema sustentabilidade deve ser analisado, para que seus conceitos sejam utilizados no desenvolvimento de uma coleção de roupas femininas. Tendo como objetivos específicos: mapear os conceitos de sustentabilidade, aplicar conceitos de sustentabilidade no vestuário, identificar métodos e materiais sustentáveis para produção de vestuário, utilizar conceitos do upcycling na coleção, utilizar uma metodologia de design de moda para o desenvolvimento da coleção, utilizar técnica de crochê e desenvolver 03 protótipos (peças piloto de pesquisa). Para a obtenção de melhores resultados, será utilizada a metodologia de produto de moda de Maria Celeste de Fátima Sanches (2008). A coleção resultante tem como inspiração algumas obras do artista Luiz Sacilotto, para a criação das roupas foram utilizados sobras de tecidos que seriam desperdiçados e também o crochê.

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ABSTRACT

The following study looks for an answer to the question: "How to develop a sustainable clothing collection using the upcycling concept?”. As the fashion industry is one of the most polluting in the world, it is necessary to find ways to reverse the damage caused by it to the environment. In order for the objective of this work to be achieved, the sustainability theme must be analyzed, so that its concepts are used in the development of a collection of women's clothing. With specific objectives: map sustainability concepts, apply sustainability concepts in clothing, identify sustainable methods and materials for clothing production, use upcycling concepts in the collection, use a fashion design methodology for collection development, use technique of crochet and develop 03 prototypes (pilot research pieces). To obtain better results, the fashion product methodology of Maria Celeste de Fátima Sanches (2008) will be used. The resulting collection has as inspiration some works of the artist Luiz Sacilotto, for the creation of the clothes were used leftovers of fabrics that would be wasted and also the crochet.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Preocupações com a usabilidade na relação de uso do vestuário...16

Figura 2 – Calçados produzidos utilizando conceitos do upcycling...35

Figura 3 – Papel produzido utilizando conceitos do downcycling ...35

Figura 4 – crochê tradicional...38

Figura 5 – Crochê filé...39

Figura 6 – Crochê tunisiano...40

Figura 7 – Broomstick-lace...40

Figura 8 – Crochê de grampo...41

Figura 9 – Crochê duplo...41

Figura 10 – Estoque de sobras de malhas da Yanomami...43

Figura 11 – Concreção 9216...44

Figura 12 – Concreção 0145...45

Figura 13 – Painel do tema...47

Figura 14- Painel do público-alvo...48

Figura 15 – Painel de referências...49

Figura 16 – Amostras de malha...49

Figura 17 – Aviamentos...50

Figura 18 – Ponto nº1...50

Figura 19 – Ponto nº 2...51

Figura 20 – Ponto nº 3...51

Figura 21 – Cartela de cores...52

Figura 22 – Geração de alternativas...53

Figura 23 – Croquis selecionados...54

Figura 24 – Vestido Trapézio...55

Figura 25 – Vestido Retângulo...56

Figura 26 – Vestido Quadrado...57

Figura 27 – Vestido Círculo...58

Figura 28 – Vestido Paralelogramo...59

Figura 29 – Top e saia Prisma...60

Figura 30 – Top e saia Pentágono ...61

Figura 31 – Vestido Hexágono...62

Figura 32 – Top e sai Cilindro...63

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Figura 34 – Top e saia Cubo...65

Figura 35 – Macacão Triângulo...66

Figura 36 – Vestido Losango...67

Figura 37 – Ficha técnica...69

Figura 38 – Ficha técnica...70

Figura 39 – Ficha técnica...71

Figura 40 – Ficha técnica...72

Figura 41 – Ficha técnica ...73

Figura 42 – Ficha técnica...74

Figura 43 – Ficha técnica...75

Figura 44 – Ficha técnica...76

Figura 45 – Ficha técnica...77

Figura 46 – Ficha técnica...78

Figura 47 – Ficha técnica...79

Figura 48 – Ficha técnica...80

Figura 49 – Ficha técnica...81

Figura 50 – Ficha técnica...82

Figura 51 – Ficha técnica...83

Figura 52 – Ficha técnica...84

Figura 53 – Ficha técnica...85

Figura 54 – Ficha técnica...86

Figura 55: Tabela de medidas femininas...87

Figura 56 – Tema da coleção...88

Figura 57 – Editorial Trama Concreta...89

Figura 58 – Editorial Trama Concreta...90

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas técnicas CGEE – Centro de gestão e estudos estratégicos MMA – Ministério do Meio Ambiente

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 11 1.1.Objeto de estudo ... 12 1.2. Problema ... 12 1.3. Questionamento ... 12 1.4. Justificativa ... 13 1.5. Objetivos ... 14 1.5.1. Objetivo geral ... 14 1.5.2. Objetivos especificos... 14 1.6. Metodologia ... 14 1.6.1. Metodologia de pesquisa ... 14

1.6.2 Metodologia de projeto de moda ... 15

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA... 17

2.1. Os conceitos da sustentabilidade ... 17

2.1.1. Moda e sustentabilidade ... 22

2.1.2. Os R’s da sustentabilidade ... 28

2.2. Estratégias de design sustentável ... 31

2.3. Crochê ... 37 3. COLEÇÃO ... 42 3.1. Dados da coleção ... 43 3.2. Tema ... 44 3.2.1. Release ... 45 3.3. Painéis semânticos ... 46 3.3.1. Painel do tema ... 46 3.3.2. Painel do público-alvo ... 47

3.3.3. Painel de referências visuais ... 48

3.4. Materiais ... 49

3.5. Cartela dos pontos de crochê utilizados ... 50

3.6. Cartela de cores ... 51 4. APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO ... 52 4.1. Geração de alternativas ... 52 4.1.1. Croquis ... 53 4.2. Ficha técnica ... 68 4.3 Modelagem... 87 4.3.1. Ciclo de produção ... 87 4.4. Editorial ... 88 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 92 REFERÊNCIAS... 94

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1. INTRODUÇÃO

Após anos de uso desenfreado das matérias-primas não renováveis deste planeta, chegamos à escassez das mesmas. Algo que aparentava apenas benefícios de crescimento e inovação, a revolução industrial, nos levou ao aceleramento do processo de desgaste do planeta. Apesar dos mais variados estudos sobre o tema terem nos avisados dos malefícios que estávamos causando ao meio ambiente, não foi possível parar o crescimento exacerbado da indústria.

A sustentabilidade não se refere apenas ao meio ambiente em si, como também a tudo que está integrado a ele, como a qualidade de vida das pessoas, assim como das futuras gerações. Para que nos tornemos seres sustentáveis, precisamos agir rapidamente, para tentar reverter à situação atual do nosso planeta. As mais abrangentes áreas da indústria necessitam de soluções para que continuem a produzir minimizando os impactos causados.

Sendo a indústria da moda uma das maiores causadora de problemas ambientais, este trabalho mantém seu foco na indústria têxtil, abordando de forma concisa, através de que meios é possível desenvolver uma coleção de roupas sustentáveis?

Mesmo o tema sustentabilidade estando em constante debate, existem poucas empresas dispostas a se adequarem aos padrões necessários para serem consideradas sustentáveis. Seja por motivos de aceitação do público-alvo ou por acreditarem que diminuirão seus lucros. Estas empresas precisam de novas propostas, que demonstrem que elas não podem ficar estagnadas no modo de produção atual. Para conseguir uma solução para a indústria, o processo proposto neste trabalho engloba a reutilização de materiais descartados pela mesma, dando um novo significado a eles.

A principal finalidade deste trabalho é desenvolver uma coleção sustentável autoral de roupas femininas, utilizando para isso o conceito do upcycling1 juntamente a técnica artesanal do crochê. Para se obter um bom resultado, será necessário o mapeamento dos conceitos da sustentabilidade, para que então os mesmos possam ser aplicados no vestuário, utilizando métodos e materiais sustentáveis.

1

Upcycling: A atividade de produzir novos produtos utilizando materiais usados ou resíduos. (CAMBRIDGE DICTIONARY, 2015)

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A relevância deste trabalho é refletida principalmente na possibilidade de alcance da sustentabilidade, além de apresentar aspectos econômicos, como a reutilização e diminuição de uso de recursos. Proporcionando uma mudança cultural de hábitos de consumo e preservação do meio ambiente.

Para o desenvolvimento do seguinte trabalho foram utilizadas pesquisas bibliográficas referentes ao tema proposto, embasadas por alguns autores como Gwilt (2014), Lee (2009) e Salcedo (2014). Para que o objetivo deste trabalho possa ser executado, será utilizada a metodologia projetual de moda de Sanches (2008), onde a autora apresenta etapas para o desenvolvimento de um projeto de produtos de moda no âmbito acadêmico.

Este trabalho encontra-se dividido em Duas partes, a primeira trata-se da fundamentação teórica, onde o primeiro capítulo está estruturado em três subcapítulos, dentre os quais o primeiro deles apresenta os conceitos da sustentabilidade, demonstrando as definições necessárias para se aprofundar sobre o tema. O segundo subcapítulo, aponta as mais variadas relações existentes entre a moda e a sustentabilidade. O terceiro subcapítulo expõe o que e quais são os R’s da sustentabilidade e como eles podem nos ajudar a sermos mais sustentáveis. No segundo capítulo, serão apresentadas algumas estratégias para que o design sustentável seja possível. O terceiro e último capitulo da fundamentação teórica trata do crochê, apresentando alguns dos principais tipos existentes dessa técnica artesanal.

A segunda parte deste projeto trata-se de todo o processo desenvolvido, seguindo a metodologia de Sanches, até a apresentação final da coleção, apresentando o resultado do projeto e as considerações finais obtidas com o mesmo.

1.1.Objeto de estudo

Crochê e os conceitos da sustentabilidade.

1.2. Problema

Como desenvolver uma coleção de roupas sustentáveis utilizando o conceito upcycling e a técnica de crochê?

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Na indústria da moda existem poucas empresas que prezam pela sustentabilidade.

1.4. Justificativa

Este projeto apresenta como um de seus maiores benefícios às possibilidades de desenvolver produtos de moda visando os princípios da sustentabilidade, mostrando a possibilidade de que dois caminhos divergentes podem estar juntos para um bem maior. Em seu livro, Moda ética para um futuro sustentável, Salcedo (2014, pag. 18) diz que “As paredes convergentes revelam que nossa forma de viver, consumir e gerir nossas empresas está reduzindo nossa margem de manobra e nos levando em direção a um colapso econômico e ambiental”.

Do ponto de vista cultural, procura dar uma maior visibilidade ao trabalho artesanal, através da técnica do crochê desenvolvida pelas mulheres da região. Visa também uma mudança no comportamento do consumidor de moda, o incentivando ao consumo consciente e pensamento coletivo.

Atualmente participamos de um sistema de consumo desenfreado que gera cada dia mais lixo e esgota nossos recursos naturais, além de participarmos involuntariamente da escravização de milhares de pessoas no mundo, que trabalham mais horas que o permitido, em condições desumanas, recebendo salários baixíssimos.

“[...] temos de mudar nossa forma de entender o funcionamento do mundo, deixando de lado uma visão em que a economia, a sociedade e o meio ambiente são sistemas interdependentes, porém separados (muito característica da cultura ocidental), e passando a adotar uma visão de sistemas integrados (mais característica da cultura oriental), em que o bem-estar econômico depende do bem-bem-estar social, que, por sua vez, depende do bem-estar do meio ambiente.”(SALCEDO, 2014, Pag. 16)

Do ponto de vista econômico, este projeto visa à redução de custos, que pode ser obtida através da reutilização e diminuição de uso de determinados materiais pela indústria da moda, além de ser uma nova maneira de obtenção de renda para as artesãs do crochê. Lee (2009, p.103) reafirma estas ideias ao dizer que:

“Um negócio sustentável não significa que se valorize as questões ambientais e sociais acima dos lucros — na verdade significa a combinação de estratégias de negócio que somem realidade financeira e medidas que visam a proteção, a sustentação e a melhora dos recursos humanos e naturais que serão necessários no futuro.”

Do ponto de vista educacional, será desenvolvido um projeto de moda baseado em artigos, publicações científicas e autores de prestígio no meio

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acadêmico, criando novos parâmetros, discussões e recomendações para projetos futuros nesta área do design. Os benefícios de design encontrados são os de aplicação de técnicas e métodos presentes no design de moda, mostrando como podem ser utilizados juntamente aos preceitos de sustentabilidade.

1.5. Objetivos

1.5.1. Objetivo geral

Desenvolver uma coleção sustentável de roupas femininas utilizando o conceito de upcycling e a técnica de crochê.

1.5.2. Objetivos especificos

 Mapear os conceitos de sustentabilidade;

 Aplicar conceitos de sustentabilidade no vestuário;

 Identificar métodos e materiais sustentáveis para produção de vestuário;  Utilizar os conceitos do upcycling na coleção;

 Utilizar uma metodologia de design de moda para o desenvolvimento da coleção;

 Utilizar a técnica de crochê no desenvolvimento das peças;  Desenvolver 03 protótipos (peças piloto de pesquisa)

1.6. Metodologia

1.6.1. Metodologia de pesquisa

Dentre os tipos de pesquisa existentes, trata-se de uma pesquisa projetual, pois será obtida uma solução para o problema da sustentabilidade através do design de moda. Para Munari (1981) a metodologia projetual demonstra como ultrapassar os empecilhos que aparecerão ao longo do caminho da melhor forma possível. O método projetual possui valores objetivos que auxiliam no trabalho do designer, estimulando a criatividade.

Possui uma pesquisa aplicada, cuja função Facca (2008) apresenta como a geração de novos conhecimentos, traduzindo as informações para que sejam úteis na solução de problemas, gerando um conhecimento que poderá ser acumulado,

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tornando o designer mais experiente para futuros projetos. Sendo assim, a pesquisa apresentada neste trabalho tem a necessidade de produzir uma solução para o problema da sustentabilidade na moda através do resultado adquiridos por meio de pesquisas.

A pesquisa é interdisciplinar, porque diz respeito a técnicas e metodologias referentes a áreas de conhecimentos distintas, como o Design e a sustentabilidade, pois segundo Moura (2003, p.112 apud FACCA, 2008, P.30): “A interdisciplinaridade diz respeito àquilo que é comum entre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento, ocorre quando uma única disciplina, campo de conhecimento ou ciência não é capaz de esgotar um assunto”.

Apresenta-se com cunho Objetivo, pois é feita com base em dados diretos que levam a um resultado específico.

Para a metodologia de abordagem deste projeto foi utilizado o método dedutivo, pois segundo Marconi e Lakatos (2003, pag.92) “o dedutivo tem o propósito de explicar o conteúdo das premissas.” sendo assim, parte da compreensão geral da sustentabilidade para então obter um resultado específico, o desenvolvimento de uma coleção de roupas sustentáveis.

1.6.2 Metodologia de projeto de moda

A metodologia de produto de moda que será utilizada neste projeto baseia-se nas diretrizes de Sanches (2008). Através de suas reflexões sobre o tema, ela destaca alguns itens que são necessários para o processo de desenvolvimento projetual. A organização desse processo deve ser dividida nos seguintes fases:

A primeira fase é o planejamento. Deve-se começar pela coleta de dados e análise das informações, a partir disto serão planejadas todas as decisões correspondentes a coleção. Como as necessidades e desejos dos consumidores, nicho de mercado que se pretende alcançar e o dimensionamento da coleção, através da coordenação de mix, escolhemos a quantidade de tops e bottons, peças básicas, fashion e vanguarda, dando um direcionamento ao projeto.

Outra etapa importante da fase de planejamento trata-se da tradução do conceito da coleção em uma linguagem visual. A definição do tema faz com que a coleção apresente harmonia e uniformidade. Para auxiliar no entendimento e no processo criativo, podem ser elaborados painéis de imagens que contenham referências estéticas e simbólicas.

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A segunda fase trata da geração de alternativas, onde surgem as ideias de produtos e suas possibilidades. Nesta etapa são necessários ferramentas, como o desenho ou a modelagem tridimensional, que auxiliem na expressão das ideias.

A terceira fase trata da avaliação e do detalhamento, onde as melhores alternativas devem ser selecionadas para fazerem parte da coleção, guiando-se pelos critérios dispostos na etapa de planejamento. Detalhes e especificações devem ser adicionados às criações, para que possam ser desenvolvidas as fichas técnicas, modelagens e os protótipos de teste.

Sanches (2008) ressalta que existem vários fatores que influenciam na relação entre o produto e o usuário. Estes devem ser levados em consideração, através da análise de usabilidade, esquematizada na figura 1 a seguir:

Figura 1 - Preocupações com a usabilidade na relação de uso do vestuário.

Fonte: Sanches (2008)

A quarta fase trata da produção, onde todo o planejamento deve ser minuciosamente refinado, através de correção e adequação dos protótipos para a geração de fichas técnicas definitivas e peças-piloto. Só então a coleção pode ser feita em produção seriada.

Vale salientar que todo o processo deve ser acompanhado pelo designer, mesmo as partes que não fazem parte de sua função. Sua participação nas outras etapas é fundamental para que a essência da coleção seja mantida.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Os conceitos da sustentabilidade

De forma geral, ser sustentável é pensar no próximo e em nosso planeta, mas para se obter uma definição da palavra sustentabilidade é necessário avaliar as ações relacionadas ao tema durante os anos, pois não se trata de um termo recente, apesar de estar em voga atualmente. Vários autores apresentam definições distintas que dialogam entre si, para Mikhailova (2004, p.25) “Em seu sentido lógico sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, de se manter. Uma atividade sustentável é aquela que pode ser mantida para sempre.”

Complementando esta linha de pensamento Pereira (2012, p.3) afirma que

“[...] o desenvolvimento sustentável, indica a preservação do patrimônio que será transmitido às gerações futuras e introduz a perspectiva do longo prazo, considerando a ação do homem sobre a natureza”.

A palavra sustentabilidade está diretamente ligada ao desenvolvimento sustentável, sem ele a mesma não seria possível, pois estão interligadas e possuem significados semelhantes, Mikhailova (2004, p.26) define o desenvolvimento sustentável como “[...] aquele que melhora a qualidade da vida do homem na Terra ao mesmo tempo em que respeita a capacidade de produção dos ecossistemas nos quais vivemos”.

Antes mesmo de existir a palavra sustentabilidade e suas definições, o homem demonstrava sua preocupação com o meio ambiente, o Worldwatch Institute2 (2013) relata que os povos iroqueses, nativos da América do Norte, demonstravam grandes preocupações com os efeitos que seus atos poderiam causar em seus descendentes, isto ocorria em períodos bastante antigos da humanidade.

Apesar de este pensamento existir desde os primórdios, não evitou que o nosso meio ambiente chegasse ao declínio. As preocupações foram deixadas de lado nos últimos séculos e nossa geração está colhendo os frutos dos excessos. Desde as descobertas sobre os prejuízos causados pelo homem ao meio ambiente, o mesmo vem tentando encontrar definições para o desenvolvimento sustentável que ajudem o ser humano a entender sua importância. Salcedo (2014, p.14) explana que:

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Worldwatch Institute: O instituto destaca-se na promoção de uma sociedade ambientalmente sustentável. Buscando atingir seus objetivos através de pesquisas que são publicadas mundialmente.

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“A expressão ‘desenvolvimento sustentável’ foi utilizada pela primeira vez quase trinta anos atrás, em 1987, no relatório Broundtlend, documento de caráter socioeconômico elaborado para a Organização das Nações Unidas (ONU) por uma comissão chefiada pela doutora Gro Halem Broundtlend. Originalmente o documento recebeu o nome de Nosso futuro comum [Our

Commom Future], e nele a expressão ‘desenvolvimento sustentável’ aparecia

definida como: ‘O desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente

sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras’”. Segundo o Worldwatch Institute (2013), do relatório Broundtlend podem ser

retirados dois pontos importantes. O primeiro é que qualquer tendência ambiental pode ser analisada quantitativamente através do provável impacto na capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Embora não seja possível prever precisamente os impactos ou reações dos futuros seres humanos, esta definição pode servir como base para as métricas da sustentabilidade, que podem ser aperfeiçoadas com o acúmulo de conhecimento e experiência.

A partir disto devemos nos fazer duas perguntas: ‘O que está acontecendo ao nosso redor?’ e ‘Isto que está acontecendo ao nosso redor pode continuar a ser desta maneira, nesta mesma escala e neste ritmo, sem afetar as futuras gerações e suas possibilidades de vida próspera?

O segundo ponto importante que pode ser retirado do relatório é o desenvolvimento. Precisamos entender separadamente o que é sustentabilidade ambiental e o que é desenvolvimento econômico, só então é possível fazer uma ligação entre ambos. É notável que tudo o que fazemos para melhorar as nossas vidas nos leva a insustentabilidade. É preferível que pensemos nas possibilidades de viver dentro dos nossos limites biofísicos e em como todos os seres humanos podem ter acesso a uma condição de vida saudável. A possibilidade de uma reforma econômica global talvez não seja tão eficaz o quanto pensamos e o que temos não será suficiente para atender a necessidade de consumo global sem afetar o futuro de todos (WORLDWATCH INSTITUTE, 2013).

De acordo com Salcedo (2014, p.18) “Desde os anos 1970, a demanda anual da humanidade sobre a natureza ultrapassou o que a terra é capaz de renovar em um ano (‘limitação ecológica’)”. Apesar das preocupações com a sustentabilidade ganharem destaque no fim do século passado, para Betiol et al (2012) o fim da década de 1980 trouxe uma sensação de fracasso aos defensores da sustentabilidade. Nesta época a parte industrializada do planeta correspondia a 20% da população mundial, essas pessoas consumiam 8 em cada 10 toneladas de alimentos e 7 em cada 10 quilowatts de energia. Os 7 países mais ricos do mundo eram responsáveis pelo lançamento da metade de todos os gases poluentes, e pelo

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agravamento do efeito estufa. As 20 nações mais ricas do mundo obtinham uma renda 60 vezes maior que as 20 mais pobres.

Há 30 anos os economistas estavam despreocupados com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável, pois eles mantinham esperanças de que o novo século traria soluções tecnológicas para essas causas. Após certo tempo veio à tona que os problemas ambientais haviam atingido um grau elevado, que representava um desafio à sobrevivência humana, isto contribuiu para o aceleramento dos estudos envolvendo a sustentabilidade (MIKHAILOVA, 2004).

Salcedo (2014, p.18) conclui estas ideias ao dizer que:

“Em 2008, a pegada ecológica da humanidade superou a biocapacidade da Terra em mais de 50%, o que significa que o planeta precisa de um ano e meio para repor os recursos renováveis utilizados pelas pessoas e absorver o gás carbônico (CO2) produzido em um ano (pegada de carbono). Nas últimas décadas, a pegada de carbono é um das principais causas dessa translimitação ecológica.”

Atualmente, olhando pelo lado do meio ambiente, os progressos são numerosos, de acordo com o Wordwatch Institute (2013), houve uma crescente conscientização da população em relação às mudanças climáticas, devastação das florestas e a diminuição da biodiversidade. Além disso, temos dezenas de governos tomando atitudes para a redução das emissões dos gases do efeito estufa e o aumento da utilização de energias renováveis.

Em contraponto a esta ideia, o Worldwatch Institute (2013) afirma que nós

vivemos na era do falatório da sustentabilidade, reproduzindo constantemente esta palavra para se referir a uma tendência ou qualquer coisa que seja melhor para o meio ambiente. Pelo uso excessivo, as palavras sustentável e sustentabilidade estão perdendo sentido e força. Seu uso frequente e inapropriado nos leva à crença de que tudo o que fazemos, compramos e usamos pode durar para sempre, assim como os recursos naturais no nosso planeta.

O conceito de desenvolvimento humano apresenta a hipótese de que para medir o avanço de uma população não se deve considerar apenas questões econômica, mas também suas características sociais, culturais e políticas (PEREIRA, 2012). O Relatório do Desenvolvimento Humano (2011) oferece novas e importantes contribuições para o diálogo global sobre a sustentabilidade, nele é possível visualizar como a sustentabilidade está ligada aos problemas de desigualdade social e a falta de qualidade de vida. A sustentabilidade não trata apenas do meio ambiente, ela está ligada ao nosso estilo de vida e suas consequências, tanto para a nossa geração quanto para as futuras. A sustentabilidade ambiental gira em torno do

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questionamento de que o que a natureza produz pode ser substituído pelas criações do homem ou seremos capazes de diminuir as ameaças aos recursos naturais? Não podemos prever o futuro, então é preferível que continuemos no caminho da preservação dos recursos naturais.

Sobre o conceito de desenvolvimento sustentável, Mikhailova (2004, p. 27) relata que:

“O conceito atual de desenvolvimento sustentável, que foi expresso na Cúpula Mundial em 2002, envolve a definição mais concreta do objetivo de desenvolvimento atual (a melhoria da qualidade de vida de todos os habitantes) e ao mesmo tempo distingue o fator que limita tal desenvolvimento e pode prejudicar as gerações futuras (o uso de recursos naturais além da capacidade da Terra).”

A Rio+20 pode ser vista como um marco na história do desenvolvimento sustentável, pois possibilitou a diversificação do espaço no qual governos locais, empresas, movimentos sociais, ONGs e a mídia pudessem aprofundar o debate, compartilhar experiências e estabelecer acordos voluntários para um mundo mais sustentável (WORLDWATCH INSTITUTE, 2013).

No documento ‘O futuro que queremos’, preparado pela Organização das Nações Unidas (2012) para orientar as discussões na Rio+20, é declarado que a economia verde pode ser um dos meios para a obtenção do desenvolvimento sustentável. Pois ela deve apresentar novos padrões de consumo e produção, ocasionando uma maior proteção aos recursos naturais, fazendo com que fiquem mais eficientes, ocasionando a diminuição do consumo de carbono.

Segundo o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos 3(2012) a economia verde e o desenvolvimento sustentável são conceitos complementares. Enquanto a economia verde não propõe mudanças nos padrões sociais, apenas na introdução de tecnologias mais limpas, o desenvolvimento sustentável se apresenta bem mais complexo, indo além da tecnologia, apresentando mudanças sociais, de padrões de consumo, paradigmas econômicos e civilizatórios. A princípio, o conceito de economia verde seria tão frágil quanto o conceito de desenvolvimento sustentável, pois ambos tendem a não atingir as metas de redução de assimetrias. Aliviar a pobreza não significa reduzir as desigualdades, e enfrentar este problema é grande parte da questão do desenvolvimento. A economia verde tem seu foco em

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Centro de gestão de estudos estratégicos: Associação privada sem fins lucrativos que tem como objetivo promover e realizar estudos e pesquisas nas áreas de educação, ciências, tecnologia e inovação.

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tecnologias, sendo assim, beneficia aqueles que possuem mais conhecimentos, mantendo a produção sobre o controle dos que já a possuem. Por outro lado, é através da economia verde que os dados científicos sobre o fim dos recursos naturais, ecossistemas e limites planetários são levados em consideração, sendo assim, ela é capaz de determinar limites para as atividades de produção, distribuição e consumo.

Para uma economia ser considerada verde, os ecossistemas devem ser levados em conta durante as decisões que vierem a ser tomadas. Algumas questões, como a mudança do clima, falta de água e eficiência energética são considerados elementos centrais, que devem ser inclusos nas discussões. Através da economia verde é possível encontrar uma forma mais acessível de modificar as economias atuais dos países e torna-las mais sustentáveis, sabendo das dificuldades impostas pelos mesmos (CGEE, 2012).

Todas as pessoas que tenham qualquer tipo de envolvimento com consumo e produção causam impactos e são impactados. Todos nós devemos repensar nossas formas de consumir e produzir, utilizando meios que contribuam com um sistema mais sustentável. Para isso, o poder público deve interceder, transformando os padrões produtivos, assim como também as formas de comprar e consumir. Para que isso aconteça, ele pode promover estilos de vida e comportamentos mais sustentáveis, remodelando sua infraestrutura, criando normas e incentivos econômicos favoráveis a conservação de recursos. Com o apoio e incentivo, as empresas serão levadas a inovação e reformulação de processos que viabilizem a sustentabilidade. O papel de fiscalização e atuação das empresas e governos cabe a população, que deve defender seus interesses, mantendo um controle social (BETIOL et al,2012).

Parece uma atitude simples a ser tomada, mas é difícil moldar o comportamento humano de acordo com as necessidades de um futuro favorável. Somos 7,1 bilhões de seres humanos, que necessitam do consumo de milhares de quilos de alimentos e litros de água, além de que a grande maioria das pessoas não está disposta a compartilhar seu espaço e abrir mão de seu conforto. Para garantir a nossa sobrevivência, será necessário que encontremos uma maneira de nos relacionarmos melhor uns com os outros e com o mundo a nossa volta

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2.1.1. Moda e sustentabilidade

Antes mesmo de nos perguntamos se a moda e a sustentabilidade podem trabalhar juntas, temos que saber o que a moda realmente significa. “De acordo com a Real Academia de La Lengua Española, moda é o uso, modo ou costume que estão em voga durante um determinado período, ou em um determinado país, especialmente no que se refere a roupas tecidos e acessórios” (SALCEDO, 2014, p.25). Levando em conta esta definição da palavra, podemos percebe que a moda está ligada a efemeridade, portando, como algo que sofre tantas mutações em poucos períodos de tempo pode ser sustentável?

A moda faz parte de um sistema onde os consumidores estão sempre sendo atraídos a comprar peças novas. Mesmo com o lançamento de novas coleções nem sempre se tem grandes novidades, na maioria das vezes são feitas pequenas alterações nos produtos mais vendidos da temporada anterior. Esse sistema está criando uma necessidade cada vez maior de consumo e descarte (GWILT, 2014).

Apesar de vivermos numa época voltada ao consumismo, é possível perceber que as pessoas anseiam por mudanças quando o assunto é a sustentabilidade. Algumas empresas já perceberam esta mudança no comportamento do consumidor e apresentam cada vez mais algumas soluções para este dilema, que envolve a possibilidade da moda ser ou não ser sustentável.

O conceito de sustentabilidade aplicada a moda é bastante recente, as primeiras preocupações com o impacto ambiental causado pela indústria têxtil surgiram na década de 60. Nesta mesma época o consumidor passou a ter conhecimento sobre o trabalho escravo que existe por trás da indústria da moda, que ocorre principalmente nos países em desenvolvimento. Com o aparecimento desta nova preocupação, surgiu o termo ‘mercado justo’, cuja maior preocupação é a redução das diferenças comerciais, sociais e éticas entre os trabalhadores e as grandes empresas. (BERLIM, 2012 apud SCHULTE e LOPES, 2013).

No final da década de 80 as preocupações se voltaram para os impactos causados pela matéria-prima, surgindo assim as primeiras plantações de algodão orgânico e roupas consideradas ecológicas. A partir disto começou a ocorrer uma necessidade de ser sustentável, tanto pela sociedade quanto pelos criadores, mesmo sabendo que nada pode ser 100% sustentável, qualquer prática que possa ser tomada pela indústria de produção de bens que minimize impactos ambientais é bem-vinda (BERLIM, 2012 apud SCHULTE e LOPES, 2013).

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Além de cobrar um maior envolvimento sustentável das empresas, os consumidores também devem ter responsabilidades com os produtos adquiridos. Com o envolvimento de ambas as partes é possível chegarmos a soluções bem mais vantajosas e possíveis. Gwilt (2014) relata que após a compra da roupa, o usuário se torna responsável por seu cuidado. A fase de uso é uma etapa que envolve os mais variados tipos de manuseio da peça, como lavar, secar, passar, usar. Alguns estudos apontam que a maioria dos impactos ambientais relacionados ao vestuário estão ligados a fase de uso, principalmente a forma de lavagem, devido ao consumo de energia, água e produtos químicos. O desperdício também é consequência do descarte antes do tempo de peças de roupa ainda em bom estado de uso. Existem muitas opções diferentes de reciclagem para as roupas que não são mais desejadas, é muito importante que o designer compreenda as formas de uso e descarte dos produtos de moda antes de começar a desenvolver novas peças.

Prezar pela sustentabilidade não significa perder lucros, ao contrário do que se imagina, a moda sustentável poder ser bastante rentável. As empresas precisam perceber que além de estarem evitando um colapso ambiental elas podem alcançar um novo tipo de público, mais consciente quanto as questões ambientais. Segundo Lee (2009) o consumo de moda ética na Inglaterra rendeu 29,3 bilhões de libras em 2005, os gastos com essas roupas cresceram 26% e neste mesmo ano 61% das pessoas escolheram um produto ou serviço devido a reputação de responsabilidade da empresa. Os consumidores estão pensando mais em questões éticas e de saúde quando compram roupas ou comida.

Para Schulte e Lopes (2013) a sustentabilidade está presente no dia a dia das pessoas, sendo assim, é perceptível que ela deve ser inserida dentro dos negócios, não apenas de moda, mas também em outros campos da indústria.

A tendência dos fast fashions4, aumenta cada dia mais o número de peças produzidas, compradas e descartadas. A quantidade de materiais diferentes encontrados nessas peças dificulta a reciclagem das mesmas após seu descarte (SALCEDO, 2014). No passado a moda era ditada pelas estações, havendo as coleções de primavera/verão e outono/inverno. A partir da década de 90 começaram a criar uma coleção para cada uma das 4 estações do ano, logo após aumentaram esse número e passaram a oferecer 6 ou 8 estações, depois 12 e hoje em dia alguns

4 Fast fashion: Moda rápida, termo utilizado para designar a renovação constante das peças comercializadas no varejo de moda. (SEBRAE, 2015)

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varejistas oferecem até 15 coleções por ano. Distante da realidade das estações do ano, as lojas passaram a mudar no espaço de semanas (LEE, 2009, p.17).

O aceleramento do sistema de produção e o consumo desenfreado causam graves danos ao nosso planeta. O modelo atual nos leva a produzir cada dia mais lixo, além de necessitar cada vez mais de novos recursos, levando ao esgotamento dos mesmos. “Sem novos padrões produtivos, estamos sendo conduzidos a um aquecimento global acima dos limites de segurança, definidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima” (BETIOL et al, 2012, pag. 14).

Visando sempre maiores lucros com menores despesas, estamos deixando de lado nossa responsabilidade ambiental. A grande demanda de produtos faz com que a indústria da moda acelere seus processos cada vez mais. Segundo Salcedo (2014, p.28) “Por causa de suas dimensões, especificidades e da tendência a uma moda cada vez mais rápida, a indústria têxtil é uma das que mais contribuem para a insustentabilidade do sistema”.

A globalização facilitou o nosso acesso a informação. São inúmeras possibilidades e opções de compra. A roupa que compramos em nosso país, pode ter sido feita em qualquer outro lugar do mundo. Informações que antes levavam meses para chegar a outros países hoje em dia levam apenas algumas horas ou minutos, basta um clique. Lee (2009) ressalta que com as tendências surgindo de todos os lugares e a todo o momento, os varejistas vão à busca de fornecedores que façam quantidades enormes em poucos dias. Visando o lucro, os fornecedores aceitam o desafio e são pressionados pelas companhias a reduzirem os prazos de entrega. Vendedores e fabricantes sabem que as demandas do varejo dependem de uma força de trabalho que pode ser substituída a qualquer momento, devido às altas tachas de desemprego, mal paga e que trabalha por muitas horas, em países pobres.

O setor de vestuário e confecções apresenta grandes desafios à sustentabilidade, pois o excessivo uso de matéria-prima e energia causados pela produção, distribuição e consumo causa uma série de impactos ambientais. Este mesmo setor também apresenta um amplo campo de pesquisa e desenvolvimento visando a sustentabilidade (MARTINS; MELLO e SAMPAIO, 2009).

Para Salcedo (2014) a indústria têxtil apresenta grandes efeitos de impacto ambiental, dentre eles estão: O uso intensivo de produtos químicos para extração, cultivo e produção de matérias primas, sendo responsável por 20% da contaminação das águas. As etapas de produção têxtil requerem um uso intensivo de água, podendo ter como consequências a escassez desse bem. Ela é responsável por 10%

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do total de gás carbônico emitido. Ao longo do ciclo de produção e de vida de uma peça de vestuário são gerados diversos resíduos sólidos que serão descartados. A fabricação de produtos requer cada vez mais o uso da terra, que poderia ser utilizada para outros recursos, além das matérias-primas dependerem de recursos finitos, como o petróleo. Na busca de eficiência produtiva e maior geração de economia, o ser humano vem apostando na monocultura, causando perda de biodiversidade.

Salcedo (2014) também aponta os impactos sociais causados pela indústria têxtil, como as condições de trabalho, que apresentam insegurança e insalubridade, com exploração de trabalhadores e menores de idade, gerando uma injustiça social. A exportação de resíduos têxteis para países de terceiro mundo causa a monocultura da moda, o que ocasiona a perda da identidade cultural que cada país possui, além de enfraquecer a indústria local, que perde espaço para as importações. Os produtos químicos utilizados na fabricação de têxteis são uma ameaça a saúde, tanto dos trabalhadores quanto das comunidades próximas.

Os efeitos ambientais e sociais causados pela moda preocupam cada vez mais o consumidor, que tem o papel de cobrar das empresas soluções para esses problemas, assim as empresas com consciência ambiental ganham cada dia mais visibilidade no mercado. Pereira (2012) enfatiza que cada vez mais os cidadãos se sensibilizam quanto à questão ambiental, tornando-se mais atentos às ações promovidas pelas indústrias, e às suas próprias ações, pois estão cientes da extensão dos impactos causados. Em relação ao comportamento do consumidor, a questão ambiental tem se configurado como um dos principais fatores de competitividade das empresas, definindo perfis de consumo e de repertórios ligados à cultura material.

Contudo são encontradas algumas dificuldades, que residem na busca do equilíbrio entre interesses individuais e coletivos. Estamos sempre em busca do menor preço ou custo, defendendo nossos interesses econômicos. Isto se contrapõe quando defendemos os direitos coletivos, exigindo uma melhor qualidade da água, do ar, das ruas e avenidas, ou cobrando aos políticos e empresas a preservação dos recursos naturais e diminuição da poluição (PEREIRA, 2005 apud PEREIRA, 2012).

As divergências presentes nos nossos interesses geram desafios para a indústria da moda, relacionados às possibilidades de redução de consumo dos recursos naturais. A necessidade de produzir cada vez mais gera um impasse entre a sustentabilidade e a economia.

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Neste cenário de desafios, o designer tem um papel extremamente importante. Ele deve procurar soluções e inovações que permitam uma mudança no cenário da moda atual. Para que isto ocorra, Gwilt (2014, p.22) ressalta que:

“Hoje a moda sustentável deve levar em consideração três áreas relevantes: a sociedade (que deve focar o direito de propriedade social); o meio ambiente (que, por sua vez, deve focar a estabilidade ecológica); e a economia (cujo foco deve estar centrado na estabilidade econômica). O desafio que os designers encontram está em diferenciar esses três aspectos de modo responsável e adotar uma abordagem holística à sustentabilidade”. Será um grande desafio para os designers fazerem com que a sustentabilidade e a economia caminhem juntas, pois o consumo desenfreado, do qual faz parte o sistema atual, não permite que as duas palavras possam estar interligadas. Tratando de consumo e o desenvolvimento sustentável a ONU (2012) estabeleceu que sejam necessários 10 anos para uma estruturação de programas para o consumo e produção sustentáveis como parte de um pacto global sobre os mesmos. Para que isto ocorra o governo deve fazer sua parte, pois segundo Betiol et al (2012, p.66) “Aos poucos o incentivo às compras sustentáveis se replica no Brasil, embora em alguns Estados as medidas neste sentido permaneçam no papel”. As micro e pequenas empresas são parte importante para que o sistema funcione, através delas podemos incentivar a compra local, gerando empregos na região, desmonopolizando as vendas das grandes empresas. De acordo com Betiol et al (2012), as micro e pequenas empresas brasileiras empregam 60% da força de trabalho e representam 99% das empresas do país. É fundamental para o desenvolvimento sustentável o estímulo a compra local, por seu caráter distributivo e socioeconômico, além da possibilidade de redução emissão de gás carbônico, pois a necessidade de transporte rodoviário é reduzida.

Outro quesito importante no tema sustentabilidade são os riscos que o consumidor sofre ao utilizar produtos têxteis, que passaram por exaustivos processos químicos. Porque devemos permitir que o nosso corpo entre em contato algo que foi exposto a substâncias altamente perigosas? Lee (2009) afirma que podemos arriscar nossa saúde ao nos vestirmos, ainda que os consumidores não estejam expostos diretamente a substâncias usadas para tingimento e acabamento. Milhões de trabalhadores da indústria têxtil tem contato com essas substâncias diariamente. Alguns metais podem ser detectados em altas concentrações em roupas prontas, substâncias que podem ser consideradas cancerígenas e tóxicas aos seres humanos, como o formaldeído que é utilizado no acabamento antipregas, ele é famoso por causar irritações na pele e membranas mucosas. Outra substância

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é o pentaclorofenol, utilizado para preservar e afastar pragas do algodão e da viscose, seu uso foi proibido na união europeia por ser altamente tóxico e cancerígeno. (LEE, 2009)

Além das substâncias químicas presentes nas fibras, podemos encontrar outros problemas ligados as questões sustentáveis que devem ser analisadas, tanto pelas empresas que pretendem tornar-se mais sustentáveis, quanto pelos consumidores antes da compra. Em relação às principais fibras utilizadas pela indústria têxtil e seu impacto ambiental, Salcedo (2014) aponta que para medir o nível de sustentabilidade de uma matéria-prima têxtil é necessário avaliar seis parâmetros distintos, sendo eles: o uso de energia/emissões de gases do efeito estufa, uso de água, uso de solo, uso da química, relação com a biodiversidade e produção de resíduos sólidos.

Analisando as fibras, para a fabricação do poliéster é necessário o uso intensivo de energia e de produtos químicos derivados do petróleo, o que implica em diferentes tipos de processo até chegar no tecido, ele é baseado em recursos naturais finitos e não renováveis e seu produto final não se decompõe na natureza (SALCEDO, 2014).

O algodão é a fibra natural mais produzida no mundo, sua produção está entrando em declive, pois as fibras naturais estão sendo substituídas pelas sintéticas, pela necessidade de cultivar alimentos em vez de fibras; seu cultivo demanda do uso de grandes quantidades de água e agroquímicos, degradando a fertilidade da terra, contaminando aquíferos e causando problemas de saúde e a biodiversidade; o cultivo do algodão também gera trabalho infantil, exploração de mão de obra, desigualdade e pobreza (SALCEDO, 2014).

A viscose é produzida através da extração da celulose encontrada em árvores de rápido crescimento, que podem ser facilmente transformadas em polpa, precisando ser tratada quimicamente até se dissolver, o que requer grandes quantidades de água e de produtos químicos, além do uso intensivo de energia; seu plantio contribui para a formação de áreas de desmatamento e acarreta riscos as florestas primárias (SALCEDO, 2014).

Para alcançar a sustentabilidade temos que ir além dos tecidos, em busca de novas estratégias, que evitem o acúmulo de resíduos e gerem uma nova fórmula de negócio.

Recentemente houve o surgimento de conceitos de negócios focados em serviços no lugar de produtos, eles têm demonstrado um grande potencial no

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mercado de moda, promovendo melhorias na busca pela sustentabilidade. Agora o desafio será modificar o formato da moda atual, para isso os consumidores devem mudar sua forma de pensar, percebendo que a moda atinge a vida de muitas pessoas e suas atitudes em relação ao modo de consumo podem fazer uma grande diferença (FLETCHER e GROSE, 2011 apud LOPES e SCHULTE, 2013).

Muitas questões precisam ser mudadas para que ocorra uma diferença visível nos impactos ambientais que causamos em nosso planeta. A informação da população é algo de extrema importância, para que o governo e as grandes empresas sejam cobrados e fiscalizados.

2.1.2. Os R’s da sustentabilidade

Reutilizar, reduzir e reciclar, são as três palavras chaves que devem fazer parte da vida de todos. A junção delas forma a regra básica para se alcançar a sustentabilidade, elas servem pra os mais variados tipos de produtos e podem ser utilizadas por qualquer pessoa.

Segundo Cândido (2008), os 3 R’s, reutilizar, reduzir e reciclar, fazem parte das ações cada vez mais praticadas pelas empresas na fabricação de seus produtos, visando melhorias nas condições ambientais e da qualidade de vida. A prática dos 3 R’s determina a construção de um novo comportamento em relação ao ambiente e seus recursos renováveis e não-renováveis, embasado no ciclo de vida das matérias-primas e dos produtos delas derivados.

Recentemente o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2009) nos apresentou como um de seus princípios a política dos 5 R’s, que seriam: Repensar a necessidade de consumo e os padrões de fabricação e descarte, reduzir os desperdícios consumindo menos produtos, reutilizar o que estiver em bom estado, reciclar materiais descartados para transformá-los em novas matérias-primas e recusar a possibilidade de consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos. Em relação a política dos 3 R’s, a política dos 5 R’s representa a vantagem de permitir uma reflexão do consumismo, em vez de focar na reciclagem.

Como vimos nos capítulos anteriores, essa reflexão sobre a sustentabilidade é bem atual. Ela passou a ser cada vez mais necessária com avanços tecnológicos trazidos pela revolução industrial. Produtos que antes tinham uma vida útil longa passaram a ser descartados rapidamente para que o consumidor pudesse ter sempre o novo modelo criado. A vida útil dos produtos também passou a ser

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programada para durar menos, pois as fábricas precisavam que os produtos fossem descartados rapidamente para houvesse a venda dos novos modelos.

De acordo com Teixeira (2007), a revolução industrial produziu o aumento de conforto e bem-estar aos seres humanos, o que levou a intensificação de materiais descartados e do aumento da quantidade de resíduos gerados e não utilizados, ocasionando à contaminação do meio ambiente, trazendo riscos à saúde.

A produção desenfreada de resíduos sólidos tem causado um grande impacto no meio ambiente, o que leva o governo e a sociedade a buscar alternativas para minimizar a degradação da natureza e aumentar o bem-estar da sociedade. Nos últimos anos nota-se uma tendência mundial de reutilização e reaproveitamento do lixo para a fabricação de novos objetos, através da reciclagem, representando uma economia de matéria prima e energia. O conceito de lixo vem sendo modificado, para algo que pode ser útil e aproveitável pelo homem (PEIXOTO, CAMPOS e D’AGOSTO, 2005).

São conceitos bastante simples que podem ser confundidos entre si, por isso é importante destacar a diferença entre reutilizar e reciclar. Para a MMA (2009) Reutilizar significa utilizar novamente determinado material ou objeto antes do seu descarte. Reciclar é transformar produtos em matéria-prima, criando um novo ciclo de produção, consumo e descarte.

Para facilitar o uso dos conceitos, Peixoto, Campos e D’agosto (2005, p.12) indicam como eles podem ser seguidos:

“Inicialmente, deve-se reduzir o volume de lixo gerado. Isso é obtido com a redução do nível de consumo, adquirindo apenas o necessário. Também se faz dando preferência a produtos biodegradáveis como papel, couro ou madeira e os de mais fácil reciclagem, tais como o vidro e os metais e evitando os plásticos, isopores e acrílicos. Entretanto, mesmo reduzindo o volume de lixo é essencial reaproveitar o que foi lançado no lixo. Isso se faz dando preferência aos produtos duráveis ao invés dos descartáveis e aumentando a vida útil dos produtos utilizados”.

Mesmo que você não saiba como reciclar ou reaproveitar o que vai ser descartado, é importante separar o lixo entre o que pode se reaproveitável e o que não pode. A reutilização de materiais gera novos empregos e é uma fonte de renda para muitas famílias.

A reciclagem é uma das alternativas mais vantajosas para o tratamento de resíduos sólidos, tanto do ponto de vista ambiental quanto social. Ela reduz o volume de lixo, poluição, o consumo de recursos naturais, poupa energia e água. Com um sistema de coleta seletiva bem elaborado é possível tornar a reciclagem uma

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atividade econômica rentável, gerando emprego e renda para famílias (MANUAL DE EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO SUSTENTÁVEL apud MMA, 2009).

Esta nova fonte de renda sustentável pode solucionar um problema social bastante alarmante em nosso país, o desemprego. São inúmeras as possibilidades do que pode se fazer com o lixo, tornando-se uma maneira fácil de criar produtos sem ser necessário o uso de novas matérias primas. “Dados do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) indicam que o índice de reciclagem de resíduos sólidos urbanos (em peso) saltou de 4% para 8% entre 1999 e 2002, no Brasil” (TEIXEIRA, 2007, p.29).

Para que a reciclagem aconteça é necessário que seja feita a coleta seletiva. Existe um código de cores que devem ser adotadas na identificação de coletores e transportadores dos diferentes tipos de resíduos existentes. Azul para o papel e o papelão, verde para o vidro, preto para a madeira, branco para resíduos laboratoriais e de serviços de saúde, marrom para os resíduos orgânicos, vermelho para o plástico, amarelo para o metal, laranja para os resíduos perigosos, roxo para os resíduos radioativos e o cinza para os resíduos gerais não recicláveis, misturados ou contaminados (MMA, 2009).

Além da conscientização da população, é importante que o governo repense suas propostas em relação ao tratamento do lixo. Em outros países podemos encontrar modelos mais eficazes, que vem demonstrando resultados significativos.

As principais diferenças de propostas de gestão de resíduos sólidos entre o Brasil e outros países são de natureza estrutural, as de maior relevância são: A Ausência de um modelo econômico de limpeza pública, nosso modelo é baseado em cobranças de taxas, enquanto em outros países, cada morador paga pela quantidade de lixo que produz, o que incentiva na diminuição dos resíduos que serão descartados. Outro ponto é a falta de responsabilização da indústria de bens descartáveis, alguns países já adotaram modelos onde às embalagens retornam as empresas fabricantes, para que as mesmas façam a reciclagem desses materiais (MINGO, 2002 apud PEIXOTO, CAMPOS e D’AGOSTO, 2005).

Para o MMA (2009, p.52) “Uma grande parte dos resíduos gerados na administração pública pode ser destinada para a reciclagem, mas, para que isso seja possível, é imprescindível a implantação de um sistema de coleta seletiva eficiente”. A população deve fazer parte deste processo de coleta, separando resíduos orgânicos e inorgânicos, que possam ser reciclados ou não. A separação do lixo evita que os materiais que podem ser reaproveitados possam ser contaminados por

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materiais que devem receber outro tipo de descarte. Após essa separação esses resíduos deverão ser recolhidos pela entidade responsável para que seja feito o seu reaproveitamento. O MMA (2009, p.53) reafirma estas palavras ao citar que “A coleta seletiva é uma importante atividade na gestão dos resíduos sólidos. Trata-se do processo de seleção do lixo, que envolve duas etapas distintas: Separação do Lixo e a coleta”.

A reciclagem tem despertado um maior interesse econômico nos últimos anos, devido a busca de matérias-primas de baixo custo. Contudo, é importante salientar que ela sozinha não funciona, a politica dos 3 R’s deve ser mantida para que o sistema funcione.

O principal foco da reutilização é eliminar os resíduos. Já a redução mantém seu foco nos futuros produtos que serão lançados, atuando na redução do uso de matéria-prima. Por fim, temos a reciclagem, que reutiliza os materiais para que não seja necessário o uso de novos. A regra dos 3 R’s deve servir de base para os novos projetos que serão desenvolvidos, só assim conseguiremos uma real redução de impactos ambientais (CÂNDIDO, 2008).

De acordo com a publicação ‘Como cuidar do seu meio ambiente’ (apud TEIXEIRA 2007) para a realização da politica dos R’s é necessário uma maior reflexão sobre o que é realmente necessário para nós. É preciso ter coragem de recusar o consumo de produtos desnecessários, reduzindo o consumo dos mesmos. É preciso tomar a decisão de reutilizar embalagens e outros produtos, isto aumenta sua vida útil e adia seu descarte. Também é preciso tomar a iniciativa de encaminhar produtos utilizados e reutilizados para a reciclagem.

Se seguirmos estes passos, contribuiremos para a preservação do meio ambiente. Sabemos que estas não são as únicas medidas que precisam serem tomadas, mas são uma boa forma de conscientizar a população diante do tema, e nos mostrar que é possível sim manter uma sociedade sustentável.

2.2. Estratégias de design sustentável

Como é possível alcançarmos a sustentabilidade se estamos cada vez mais produzindo uma maior quantidade de novos produtos? Não podemos ignorar a quantidade de recursos naturais que são necessários para a demanda industrial atual. É papel do designer criar soluções para as questões ambientais, só assim será possível chegarmos a um consenso entre a indústria e o meio ambiente.

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Pereira (2012) explana que diante da complexidade do desenvolvimento sustentável para a adoção de estratégias que causem a diminuição dos impactos ambientais, o designer é um dos profissionais que estão aptos a contribuir com algumas soluções. Suas ações podem favorecer tanto a diminuição de impacto causado pelo processo produtivo quanto para melhorar a imagem das empresas diante do público, demonstrando estratégias adequadas para as considerações ambientais atuais.

Sendo a indústria da moda uma das mais poluentes do mundo, temos urgência na criação de alternativas sustentáveis. Apresentar estratégias de design de moda que façam a diferença é de vital importância para a indústria têxtil.

Para que isto aconteça, Gwilt (2014) aponta que é necessário pensar no ciclo de vida que uma peça de roupa possui. Este ciclo pode ser dividido entre design, produção, distribuição, uso e fim de vida. Após essa análise é preciso avaliar as suas criações e pensar em melhorias que envolvam a sustentabilidade. Para a introdução dessas melhorias é necessário mapear o ciclo de vida do produto a ser desenvolvido, identificando os impactos socioambientais causados pelo produto. Então podemos escolher os assuntos mais importantes para serem trabalhados e criar estratégias que sejam relevantes para a sustentabilidade, ajudando a minimizar as questões socioambientais, sem gerar impactos negativos nas outras etapas do ciclo de vida da roupa.

Com a popularização do tema sustentabilidade, surgiram vários termos para definir as novas estratégias de design de moda. Salcedo (2014) apresenta algumas dessas alternativas para a moda mais sustentável, com diferentes terminologias e definições e explica a diferença entre elas, sendo:

A ecomoda (moda ecológica, moda bio ou moda orgânica) engloba todos os produtos de moda que foram fabricados com métodos menos prejudiciais ao meio ambiente, enfatizando a redução de impacto ambiental. Este termo também pode ser utilizado no ramo da fabricação das fibras, como uma forma de cultivá-las baseadas nos princípios da agricultura orgânica (SALCEDO, 2014).

A moda ética possui um aspecto ambiental e social, levando em conta o meio ambiente, a saúde dos consumidores e trabalhadores da indústria da moda.

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O Slow fashion 5 não é um conceito baseado no tempo de duração de uma peça e sim em sua qualidade, aqui existe uma maior conscientização das partes envolvidas, dos impactos causados pelas roupas no meio ambiente e nas pessoas. A moda mais sustentável inclui todos os citados anteriormente, o conceito de sustentável inclui todas as iniciativas que permitem que a indústria sobreviva com os recursos dos quais dispomos, garantindo igualdade e justiça social (SALCEDO, 2014).

O termo ecomoda pode ser considerado parte integrante do ecodesign, Pereira (2012) confirma essa ideia ao dizer que a adoção do ecodesign trata-se de um processo contínuo de melhoria dos produtos em busca de um menor impacto. Sendo assim, o ecodesign faz referência aos produtos que causam o menor dano ecológico possível ao longo do seu ciclo de vida.

Independente da escolha da nomenclatura ou do método que será utilizado é preciso salientar que a indústria têxtil é uma das mais antigas do mundo, e emprega milhões de pessoas, por isso é necessário que tenhamos cautela nas decisões tomadas, para que estas não gerem impactos sociais futuros.

Muitas das estratégias sustentáveis que podem ser aplicadas ao design e a produção seguem os seguintes princípios: Minimização do consumo de recursos; escolha de processos e recursos de baixo impacto; melhora das técnicas de produção e dos sistemas de distribuição; redução dos impactos causados durante o uso e aumento da vida útil de uma peça; Melhoras no uso após a vida útil do produto (GWILT, 2014).

Manzini e Vezzoli (2002 apud MARTINS, MELLO e SAMPAIO, 2009) também apontam algumas abordagens possíveis em relação ao design sustentável, com foco na redução de impactos causados pelos produtos. Para eles é possível atuar a partir do redesign ou do design de novos produtos sustentáveis, repensando todo o sistema de produção e consumo que engloba o produto, com isso é possível desmaterializar o consumo e criar propostas com cenários de estilos de vida sustentáveis.

Portanto, existem dois caminhos a serem seguidos, ser ou não ser sustentável. Salcedo (2014, p.39) nos direciona a esta ideia ao definir as duas linhas de pensamento que podem ser identificadas no processo de criação, seriam elas: “a que reflete o ciclo convencional de design e produção e a que reflete as estratégias

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Slow Fashion: moda lenta; onde produtores e consumidores estão mais conscientes dos impactos da moda no meio ambiente (SALCEDO, 2014).

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de design para a sustentabilidade (pensamentos agregados) aplicáveis ao longo desse ciclo”.

Não devemos considerar seguir o ciclo convencional de design, com o número cada vez maior de problemas ambientais, esta não é uma alternativa que possa ser seguida. É nosso dever superar os empecilhos encontrados entre o caminho da moda e a sustentabilidade.

Salcedo (2014) aponta que, uma resposta aos obstáculos da sustentabilidade na moda seria pensar no processo de desmontagem ainda no processo de concepção do produto. Isto seria possível através das seguintes práticas: Restringir o número de materiais de uma peça, o uso de tecido de composição mista e o uso de enfeites. Utilizar aviamentos que sejam fáceis de serem removidos, permitindo um concerto mais fácil e um melhor reaproveitamento da peça. Também é necessário criar laços emocionais entre o consumidor e a peça, para aumentar a vida útil da mesma, evitando a obsolescência programada. Outro ponto é pensar no bem-estar dos artesãos e agricultores. Outra estratégia de design sustentável é minimizar o desperdício, eliminando os resíduos das peças, seja através da modelagem ou utilizando-as como forro e entretelas. É preciso apostar em materiais de qualidade para a fabricação de peças duradouras.

Não é necessário que todas estas alternativas sejam utilizadas em seu processo criativo, também é pouco provável se posso conciliar todas elas. A escolha do melhor método exige paciência e dedicação. São necessários alguns testes para que esta escolha possa ser feita. Gwilt (2014, p.44) relata que “Para começar, pode ser muito útil tentar uma única estratégia. E verificar como você pode responder a uma meta ou objetivo estabelecido”.

Dentre as alternativas para a criação de moda sustentável, uma delas vem ganhando bastante espaço no mundo da moda, o upcycling. Este processo consiste em transformar resíduos em novos produtos, com uma nova vida útil.

Salcedo (2014) aponta que as palavras upcycling e downcycling são conceitos novos criados por McDonough e Braungart, onde o primeiro cria novos produtos com valor igual ou superior ao de origem, enquanto o segundo obtém uma perda de qualidade durante o processo de fabricação do novo produto.

Um exemplo de marca que utilizada os conceitos do upcycling é a Insecta Shoes, que utiliza tecidos de roupas que foram descartadas para a criação de sapatos.

Referências

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