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PROJETO DE LEI. O Prefeito Municipal de Cuiabá/MT: faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

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VEREADOR MÁRIO NADAF - PARTIDO VERDE - PV PROJETO DE LEI

"DISPÕE SOBRE A OBRIGATORIEDADE PARA AS NOVAS EDIFICAÇÕES PÚBLICAS OU PRIVADAS, QUE TENHAM ÁREA CONSTRUÍDA SUPERIOR A QUINHENTOS METROS QUADRADOS, SEREM DOTADAS DE RESERVATÓRIOS DE ÁGUAS CINZAS E PLUVIAIS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS." O Prefeito Municipal de Cuiabá/MT: faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º. As novas edificações, públicas ou privadas, que tenham área impermeabilizada superior a quinhentos metros quadrados deverão ser dotadas de reservatório de águas cinzas e pluviais.

Parágrafo Único: Entende-se por águas cinzas, expurgo de chuveiros, lavatórios, lavadoras de roupas, tanques e similares.

Art. 2º. Os reservatórios de águas cinzas e pluviais poderão ser:

I – reservatórios de acumulação, destinados ao acúmulo de águas cinzas e pluviais para uso com fins não potáveis.

II – reservatórios de retardo, destinados ao acúmulo de águas cinzas e pluviais e posterior descarga na rede pública de águas pluviais;

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VEREADOR MÁRIO NADAF - PARTIDO VERDE - PV

Art. 3º. Será exigida a construção de reservatórios de acumulação de águas cinzas e pluviais para fins não potáveis e pelo menos um ponto de água destinado a esta finalidade, nas novas edificações, nos seguintes casos:

I – edificações de qualquer natureza que apresentem área do telhado igual ou superior a 500 m.²(quinhentos metros quadrados);

II – edificações coletivas, residenciais, comerciais ou mistas, que tenham mais de 50 (cinqüenta) unidades.

Art. 4º. Os reservatórios de acumulação deverão ser dotados de sistema da captação das águas cinzas e pluviais, providos de grelhas ou outro dispositivo para retenção de material grosseiro, como folhas, pedaços de madeira, restos de papel, corpos de pequenos animais, entre outros, para o interior do referido reservatório.

Art. 5º. Os reservatórios de acumulação deverão atender às seguintes condições:

I – deverão ser construídos de material resistente a esforços mecânicos e possuir revestimento;

II – ter superfícies internas lisas e impermeáveis; III – permitir fácil acesso para inspeção e limpeza; IV – possibilitar esgotamento total;

V – ser protegidos contra a ação de inundações, infiltrações e penetração de corpos estranhos;

VI – possuir cobertura e vedação adequada de modo a manter sua perfeita higienização;

VII – ser dotados de extravasor que possibilite o deságüe dos excedentes hídricos para o reservatório de retardo;

VIII – ser dotado de dispositivo que impeça o retorno de água do reservatório de retardo para o reservatório de acumulação;

Art. 6º A limpeza e desinfecção do reservatório de acumulação será de responsabilidade do representante legal da edificação e deverá ocorrer a cada seis meses, ou quando houver intercorrência de ordem sanitária;

Parágrafo Único. A desinfecção deverá ser feita por um agente desinfetante a uma concentração mínima de 50 miligramas por

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VEREADOR MÁRIO NADAF - PARTIDO VERDE - PV litro.

Art. 7º. As águas cinzas e pluviais captadas, destinadas a fins não potáveis, terão destino menos nobre, não podendo ser usadas para o consumo humano, para lavagem de alimentos, para banho, ou para quaisquer outros fins que possam comprometer a saúde do ser humano e dos animais.

Art. 8º. As águas destinadas a fins não potáveis serão mantidas em reservatórios, em perfeitas condições sanitárias de forma que seu padrão de qualidade seja mantido e atenda às seguintes condições:

I – materiais flutuantes virtualmente ausentes; II – odor e aspecto indiscutíveis;

III – óleos e graxas toleráveis ao nível estipulado pela Vigilância Sanitária ou outro órgão especializado;

IV – PH esteja entre de 6 a 9.

Art. 9º. É terminantemente vedada qualquer comunicação entre o sistema destinado a água não potável, com a proveniente da rede pública, de forma a garantir sua integridade e qualidade.

Art. 10. Os pontos de água abastecidos pelo reservatório de acumulação de águas cinzas e pluviais deverão estar perfeitamente identificados, em local fora do alcance de crianças e com a seguinte inscrição: “Água imprópria para consumo humano”.

Art. 11. As águas pluviais provenientes de pavimentos descobertos impermeáveis, tais como estacionamentos, pátios, terraços e similares deverão ser encaminhadas diretamente ao reservatório de retardo.

Art. 12. Os reservatórios de retardo devem atender às seguintes condições:

I – ser resistentes a esforços mecânicos;

II – permitir fácil acesso para manutenção, inspeção e limpeza;

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VEREADOR MÁRIO NADAF - PARTIDO VERDE - PV III – garantir esgotamento total;

IV – ser dotados de extravasor, localizado na parte superior do reservatório, ligado por gravidade à rede pública de drenagem;

Art. 13. Caberá ao Poder Executivo regulamentar a presente Lei em todos os aspectos necessários para a sua efetiva aplicação, no prazo de 60 (sessenta) dias, da data de sua publicação

Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio Paschoal Moreira Cabral, Sala das Sessões, em Cuiabá-MT, 02 de dezembro de 2014.

MÁRIO NADAF VEREADOR - PV LÍDER DO PARTIDO

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VEREADOR MÁRIO NADAF - PARTIDO VERDE - PV JUSTIFICATIVA

O presente projeto de Lei contempla medidas extremamente relevantes quanto à gestão e ao manejo integrado de águas urbanas pluviais e cinzas. De forma inovadora, são estabelecidas as bases para uma política nacional com esse escopo, que reúne ferramentas regulatórias e também incentivos econômicos para determinadas iniciativas.

A gestão e o manejo de águas pluviais colocam-se, sem dúvida, como um dos mais relevantes problemas causados pela urbanização. A falta de atenção à drenagem urbana gera alagamentos com transtornos seriíssimos à população em termos de qualidade de vida, saúde, proteção de bens tangíveis e intangíveis, sem falar nas mortes por esses eventos que têm ocorrido com cada vez mais freqüência, principalmente em nossas grandes cidades.

A política aqui concebida estará direcionada a reduzir o volume escoado de águas pluviais sem manejo adequado, estimular o reuso direto das águas nos centros urbanos, contribuir com a salubridade ambiental das cidades e proporcionar instrumentos econômicos para a difusão de práticas de uso racional das águas nos centros urbanos. Encontra-se, desta forma, na interface com as Políticas Nacionais de Recursos Hídricos, de Meio Ambiente, de Desenvolvimento Urbano, de Saneamento Básico e de Saúde.

Nesse diapasão, o setor imobiliário é crescente com novos empreendimentos que surgem a todo momento. Esses empreendimentos podem ser verticais como edifícios e horizontais no caso de loteamentos e condomínios urbanísticos. Para ambos os casos, a infra-estrutura de saneamento existente não atende à demanda satisfatoriamente ou apresenta um alto custo de tarifas. Como alternativa a essa condição, surgem as propostas de reutilização das águas cinzas e pluviais com tratamentos próprios. Água cinza é o resultado dos efluentes gerados em banhos, pias, lavanderias, excluindo-se águas de vasos sanitários e de resíduos orgânicos moídos.

Quando adequadamente tratada, a água cinza pode ser uma fonte de recurso muito útil para uso doméstico, industrial e para

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VEREADOR MÁRIO NADAF - PARTIDO VERDE - PV

planejadores e construtores de paisagismo, devido à vantagem da possibilidade de “in situ”.

Observa-se que o fósforo, o potássio e o nitrogênio, elementos encontrados nas águas cinzas, são fontes de poluição de lagos, rios e lençol freático quando lançados na forma de esgoto “in natura”. Contudo, essas mesmas substâncias podem tornar-se fontes de nutrientes para plantas e vegetação, após recebimento de tratamento primário e secundário e disponibilização para irrigação na forma de água de reuso. É relevante salientar que esses efluentes correspondem entre 50 a 80% da água usada que vai para o esgoto.

Para se ter uma idéia do volume de água desperdiçada no nosso cotidiano e que, muitas vezes não percebemos, um banho de 15 minutos pode-se gastar até 135 litros de água. O simples fato de escovar os dentes você pode gastar 6 litros de água. Uma lavagem de rosto pode gastar 2,5 litros de água. Cinco minutos barbeando você pode gastar 12 litros de água. Quinze minutos lavando roupa em um tanque gasta-se 280 litros de água. Um ciclo de lavadora de roupas gasta 135 litros de água. Isso todos os dias.

Nesse contexto, estudos técnicos realizados indicam que há uma economia de 30% no consumo de água potável em edifícios que possuem sistemas de reuso de água cinza. A irrigação das áreas verdes dos edifícios com água potável configura-se como uma fonte de alto desperdício e representa a maior parte do consumo da edificação, elevando o pagamento da conta de consumo de água substancialmente.

Diferentemente de medidas ecológicas limitadoras, o reuso de águas cinzas faz parte de solução básica para muitos problemas ecológicos, e pela sua simplicidade irá permanecer até futuro distante. Os benefícios da reciclagem de águas cinzas incluem:

- redução do consumo de água tratada;

- redução do lançamento de efluentes não tratados na rede coletora;

- redução de riscos de trasbordamento no caso de falha da fossa séptica ou de central de tratamento;

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VEREADOR MÁRIO NADAF - PARTIDO VERDE - PV

instalação do sistema de tratamento, podendo, inclusive, ser construída em áreas inadequadas para o tratamento convencional;

- menor consumo energético e de produtos químicos; - auxílio na recuperação do lençol freático;

- inserção de nutrientes no solo, proporcionando um melhor desenvolvimento de plantas ornamentais, leguminosas ou herbáceas.

Com efeito, o valor do imóvel com reuso de águas cinzas e pluviais tem um acréscimo de 1,54% e o retorno do investimento no sistema de tratamento pode variar de um a dois anos. Aqui cabe citarmos o estudo intitulado “Avaliação Econômica dos Sistemas de Reuso de Água em Empreendimentos Imobiliários”, do professor José Carlos Mierzwa, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Universidade de São Paulo – USP. Segundo este estudo, para um empreendimento horizontal com 2.690 unidades com quatro habitantes por unidade, com um consumo de 325 litros de água por habitante dia, o custo de investimento será de R$ 3.204.116,00 e o de operação da ordem de R$ 7.669.924,00 por ano, gerando uma economia de 80% no consumo de água da rede potável. O mesmo estudo demonstra que, para empreendimentos verticais com 146 unidades com quatro habitantes por unidade com um consumo de 294 litros de água por habitante dia, o custo de investimento é da ordem de R$167.110,00 e o de operação é de R$377.322,00 ao ano. Observa-se que, em ambos os casos estudados de utilização de reuso de águas cinzas, os resultados apontam para uma grande redução do gasto mensal nas contas de água e esgoto, possibilitando com isso um retorno do investimento em prazos inferiores a dois anos.

O reuso de águas cinzas é normatizado pela ABNT, Associação Brasileira de Normas técnicas, por meio da NBR 13.969/97, que determina a possibilidade do uso dessa água, desde que seja sanitariamente segura. Diz o texto da norma:

“[...] o esgoto tratado deve ser reutilizado para fins que exigem qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura”.

“Diante da escassez dos recursos hídricos facilmente exploráveis, o atendimento da população das áreas urbanas com água potável em abundância está sendo tarefa cada vez mais difícil de ser

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VEREADOR MÁRIO NADAF - PARTIDO VERDE - PV

Cumprida. Com a crescente pressão demográfica, uma das alternativas para contornar este problema é, sem dúvida, o reuso de águas cinzas e pluviais, sendo esta a política que deve ser seguida tanto no setor produtivo, para o qual prevê-se sensível elevação do custo de água no futuro próximo, quanto pela população em geral. Com um bom planejamento, pode-se obter, não raras vezes, uma redução de até 50% (cinqüenta por cento) no volume de esgoto”.

O Brasil possui 12% da água doce disponível no mundo, mas sua distribuição não é equitativa. Com efeito, 9,6% encontra-se na região amazônica (o que equivale a 80% da água doce disponível no país) e atende a 5% da população, e 2,4% encontra-se distribuída no resto do país , o que equivale a 20% da água doce do Brasil, que atende a 95 % da população. Assim, dado esse quadro, é urgente que tenhamos normas claras sobre o reuso das águas urbanas, visando a uma redução drástica das enchentes e a uma maior eficiência ambiental no uso desse recurso finito e fundamental para a vida.

O Legislativo Municipal não dever ser omisso a esta realidade. Conclamo, assim, aos nobres Pares para juntos aprovarmos este Projeto de Lei e aperfeiçoamos durante a sua tramitação nesta Casa de Leis.

Com fundamento nesta justificativa peço o voto favorável dos senhores membros desta Egrégia Câmara Municipal de Cuiabá para a aprovação da presente propositura.

Palácio Paschoal Moreira Cabral, Sala das Sessões, em Cuiabá-MT, 02 de dezembro de 2014.

MÁRIO NADAF VEREADOR - PV LÍDER DO PARTIDO

Referências

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