• Nenhum resultado encontrado

OS BENEFiCIOS DA FORMACAO CONTINUADA E SEUS REFLEXOS NA CONDUTA ETICA PESSOAL E PROFISSIONAL DOS DELEGADOS DE POLiCIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "OS BENEFiCIOS DA FORMACAO CONTINUADA E SEUS REFLEXOS NA CONDUTA ETICA PESSOAL E PROFISSIONAL DOS DELEGADOS DE POLiCIA"

Copied!
60
0
0

Texto

(1)

OS BENEFiCIOS DA FORMACAO CONTINUADA E SEUS REFLEXOS

NA CONDUTA ETICA PESSOAL E PROFISSIONAL DOS

DELEGADOS DE POLiCIA

Monografia apresentada como cumprimento de requisito parcial para a Conclusao do Curso Superior de Polfcia - Especializagao ao Nfvel Estrategico de Doutoramento em Seguranga Publica.

Orientador de Conteudo: Ten. Cel. QOPM Sergio Filardo

Orientadora Metodol6gica: Prof. Dr8. Helena F. Nunes Silva

CURITIBA

(2)

princlpios nao existem, principios possuem valores e nao podem ser mudados.

(3)

Agrade<fo a DEUS pela oportunidade de trabalho, de estudo constante, do aprendizado que me conduz a a(f6es mais elaboradas e pela busca constante de uma postura definida diante de minhas realiza(f6es.

Aos Senhores: Secretario de Seguran(fa Publica Luiz Fernando Ferreira Delazari, Delegado Geral da Polfcia Civil Jorge Azor Pinto, Delegado Geral Adjunto Francisco Jose Batista da Costa; as Senhoras: Secretaria Executiva Delegada Alison Paludzyszyn de Souza, a Procuradora do Estado, integrante do Conselho da Policia Civil Gisela Dias; aos Comandantes Gerais da Polfcia Militar Coroneis QOPM Nemesio Xavier da Silva Fran(fa e Anselmo Jose de Oliveira pela oportunidade impar de participa<fao e integra(fao das polfcias atraves do CSP-2008, realizado na APMG e UFPR., Especializa(fao em Estrategias em Seguran(fa Publica.

Aos meus Orientadores Ten. Cel. QOPM Sergio Filardo, ProF.

o,.a.

Helena F. Nunes Silva e professores do Curso de Especializa(fao, minha gratidao.

Aos Delegados de Polfcia do Estado do Parana, que colaboraram com a pesquisa, inserindo-se nesse trabalho como fonte que emana a boa pratica, o dever consciente e esfor<fo dedicado para o efetivo cumprimento.

Aos meus familiares, pela paciencia, amor e espera, cujos labores aqui expressados exigiram deles urn sacriffcio - "minha ausencia" em muitas horas -, mas que ao final se revertem em bern continuo.

Aos companheiros do CSP-2008 de todo o Brasil, '"'Coroneis, Tenentes Coroneis, Majores e Delegados de Polfcia"" , conscientes de termos formados na APMG- "Ber<fo de Her6is"''- jamais serao esquecidos!!!

(4)

RESUMO... 5 1 INTRODU«;AO... 6 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA... .. . . ... . . ... ... ... .... .. . . .. .. . . ... .. .. . . .. . .. 7 1.2 JUSTIFICATIVA... 8 1.3 OBJETIVO... ... .. . ... .... ... ... ... ... .. .... ... .... ... .... .. 11 1.3.1 Objetivo geral... .. .. 11 1.3.2 Objetivos especfficos... 11

2 REVISAO DA LITERA TURA... ... .... .. .. . . ... ... .... ... . ... . .. . . ... ... . .. .. . 12

2.1 A ETICA COMO CIENCIA... 12

2.2 ORIENTA<;AO PARA A FORMA<;AO DO POLICIAL CIVIL... 16

2.3 COMPORTAMENTO ANTIETICO: REFLEXOS PESSOAIS, PROFISSIONAIS E SOCIAlS... 27

2.4 ESTRA TEGIAS ORGANIZACIONAIS: IMPORTANCIA DO COMPROMETIMENTO ENTRE INDIViDUOS... 34

2.5 EDUCA<;AO CONTINUADA... 37 3 METODOLOGIA. ... ... . ... . .... ... ... . .... .. . . ... .... ... . . .. . . .. . ... .. . .. . 44 3.1 COLETA DE DADOS... 45 3.2 INSTRUMENTO DE COLETA... 45 3.3 AMOSTRA... 45 3.4 PROCEDIMENTOS... 45

4 ANALISE DOS RESULTADOS... 46

5 DISCUSSAO... 47

CONCLUSAO... 51

REFERENCIAS... ... ... ... ... . ... ... ... ... .... ... .. .... .. . . ... .. . ... 56

(5)

Este estudo tern como objetivo identificar os beneffcios da forma<;ao continuada e seus reflexos na conduta etica pessoal e profissional dos Delegados de Polfcia. 0 metodo utilizado foi o quali-quantitativo, incluindo uma pesquisa de campo aplicada em 20 indivfduos (Delegados de Policia), profissionais residentes na cidade de Curitiba, Estado do Parana, Brasil, cuja idade variou entre 30 e 50 anos, por meio de instrumento de pesquisa (questionario) com 5 questoes objetivas e subjetivas. lncluiu ainda a revisao da literatura com consulta em obras jurfdicas especializadas de organismos publicos nacionais, artigos, pesquisa em sites da Internet, e outros especfficos como o Sistema Scielo, Constitui<;ao Federal, C6digo de Etica dos Delegados de Polfcia, Regulamento da Polfcia Civil, bern como a observa<;ao empfrica em campo. As conclusoes do estudo permitem relatar que os convenios efetuados entre a lnstitui<;ao da Polfcia Civil com Universidades publicas e particulares, para o ensino, educa<;ao, promo<;ao e produ<;ao do conhecimento merecem uma reanalise nas questoes-etico-profissionais, no sentido de proporcionar aos Delegados de Polfcia uma atualiza<;ao mais acurada no conhecimento, visando atender as demandas modernas e globalizadas, apresentadas pela ideologia do crime em pleno seculo XXI. Por fim, que a Secretaria de Seguran<;a Publica oferece cursos que possibilitam em algum grau a forma<;ao do profissional enquanto estiver disponfvel e

a

servi<;o do Estado, em favor da sociedade.

Palavras-chave: Etica; Delegados de Polfcia; Educa<;ao continuada; Forma<;ao etica.

(6)

Da necessidade de se estudar as questoes que envolvem a etica e sua relac;ao com a profissao advem a possibilidade de se levantar questionamentos que postulem novas estrategias para uma conduta mais coesa e ilibada, seja no campo individual ou profissional, seja ambito da empresa publica.

A gestao da coisa publica requer que seus profissionais estejam muito bern preparados para fazer frente na dinamica de problemas que se the apresentam diariamente, oferecendo, assim, ao cidadao e ao Estado, urn trabalho fundamentado no conhecimento, pautado na etica e na boa conduta,· requisitos necessarios e indispensaveis para os Delegados de Policia.

Ao se conceber o alto nivel de especializac;ao no desenvolvimento das condutas criminosas surgidas a partir do seculo XX, e dos crimes praticados pelos individuos tambem neste seculo (XXI), urge abstrair do elemento "etica", trazendo para o bojo de responsabilidade da lnstituic;ao, maior comprometimento da gestao em suas Unidades Policiais, a qual e feita por individuos que recebem do Estado o poder para governar em seu nome.

Ha

a necessidade premente dos profissionais que fazem parte da corporac;ao que presta servic;os de seguranc;a publica se especializarem mais continuamente para acompanhar a evoluc;ao criminol6gica proporcionada pelo uso impr6prio de metodos cada vez mais modernos e sofisticados, em que se faz o uso de instrumentos tecnol6gicos como celular, Internet, midia - e sequestra por intermedio destes meios -, aumentando consideravelmente o indice de indicadores

(7)

com soluc;ao incompleta. oferecidos oelos profissionais da SSP

a

sociedade brasileira.

A nova postura tecnol6gica atribui ao agente com volic;oes criminol6gicas maier facilidade quando se trata da comunicac;ao virtual, hoje obtida em tempo real, favorecendo a invasao em banco de dados para o desvio ou mesmo a c6pia de informac;oes, invasao a sites de bancos para o desvio de dinheiro das contas de seus respectivos clientes. Assim, a pratica de delitos foi facilitada com o avanc;o tecnol6gico e mesmo a utilizac;ao de veiculos cada vez mais ageis e potentes, tornando o agente criminoso mais preparado, veloz, ardiloso e cruel nas suas atitudes perante a sociedade civil e publica, exigindo do profissional uma formac;ao tanto moral como etica mu_ito mais adequada as situac;oes que se lhe surgem.

Nesse sentido, este trabalho preocupa-se com a qualidade de formac;ao do Delegado de Policia para o oferecimento de servic;os mais especializados, enquanto representante do governo perante estes dois escopos. Todavia, a produc;ao de servic;os mais qualitativos, consubstanciados e fundamentados no conhecimento e na ciencia, por meio da formac;ao de profissionais com uma postura gerencial atualizada, favorecera tanto a lnstituic;ao como ao usuario, tornando o profissional cumpridor de seu dever com etica, conforme recomenda o C6digo de Etica do Delegado de Policia.

0 planejamento do modelo de ensino praticado na Escola Superior da Policia Civil deve apoiar-se nas questoes etico-educativas, na produc;ao de urn saber mais responsavel e cientifico, que encaminhe e norteie o educando no cotidiano de seus labores profissionais, visando atender as lacunas de servic;o apresentadas pela empresa publica nas Unidades Policiais, fazendo com que o usuario torne-se urn

(8)

cliente inteiramente satisfeito, como desejo de buscar nas Unidades Policiais maior grau de resolu<fao para os problemas que ali apresentam.

0 mediador do conhecimento, pautado ciencia e nas novas tecnologias como instrumentos educacionais facilitadores, pode oferecer servi<fOS de ensino mais qualitativos, regado a competencia profissional e ao cumprimento de seus deveres perante sua lnstitui<fao, perante a Secretaria de Seguran<fa Publica, por consequencia, perante toda a sociedade.

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

0 trabalho desenvolvido pela universidade, ou seja, o ato de educar o aluno ou o profissional por meio dos saberes escolares-academico-cientificos deve proporcionar aos seus envolvidos urn melhor gerenciamento das praticas laborais, especialmente aquele relacionado a etica profissional dos Delegados de Policia.

A Policia Civil, ao identificar a necessidade da educa<fao continuada para seu corpo, engendra para si mecanismos que desvelam a ausencia de etica e a rna forma<fao do profissional, efeito pelo qual as organiza<foes publicas perecem contemporaneamente quanto aos seus objetivos, missao e rigor no cumprimento de a¢es mais celeres e eticas.

Os saberes universitarios quando, literalmente, incorporados as mentes dos gestores que desempenham fun<foes publicas, tern como finalidade articular novas resolu<foes para problemas que antes nem sequer eram percebidos ou identificados, maior celeridade nas atividades, etica, objetividade, respeito e equidade. Tais prerrogativas sao indispensaveis para a sociedade, considerando que esta se encontra organizada dentro de urn contrato social para o bem-viver, mas que carece

(9)

respostas imediatas. 0 gestor publico deve buscar o imediatismo, ou seja, respostas rapidas nas suas atividades para fazer frente

a

escalada criminol6gica.

Sob este enfoque, o trabalho busca conhecer: como o estudo sobre os beneficios da forma<;ao continuada e seus reflexos na conduta etica pessoal e profissional dos Delegados de Policia pode influenciar para que a corpora<;ao da Secretaria de Seguran<;a Publica se torne mais etica em suas a<;oes, resultando em vantagens para toda a sociedade?

1.2 JUSTIFICATIVA

Diante da apresenta<;ao da abordagem, o estudo justifica-se em busca de estrategias ·institucionais que contribuam para o oferecimento de solu<;ao para a ineficacia, tanto na produ<;ao do conhecimento, bern como para a existencia de profissionais mais eticos e comprometidos com a organiza<;ao, visando a realiza<;ao de servi<;os mais qualitativos, valorizando toda a corpora<;ao da Secretaria de Seguran<;a Publica.

De outro modo, entende-se que a educa<;ao continuada e de importancia vital para o aperfei<;oamento dos Delegados de Policia, estendendo-se tais beneficios aos demais da equipe

a

qual comandam. Todavia uma organizac;ao, ao contratar seus colaboradores, espera durante o periodo da ativa resultados compativeis com as necessidades e exigencias de cada func;ao e, ao estarem inaptos terminam por praticar a<;6es antieticas e isso demonstra nao apenas uma rna forma<;ao do sujeito, mas tambem repercute no comprometimento do trabalho que a organiza<;ao oferece ao cidadao.

(10)

Para Sa (2000), "a conduta do ser [humano] e uma resposta a urn estimulo mental, ou seja, e uma a9ao que se segue ao comando do cerebra e que, manifestando-se variavel, tambem pode ser observada e avaliada". No entanto, segundo o mesmo autor, tais respostas aos estimulos nem sempre sao as mesmas, variando sob circunstancias e condi9oes, assim, nao deve ser confundia com comportamento 1•

A Etica preocupa-se em estudar a a9ao comandada pelo cerebra, podendo esta a9ao ser observavel e variavel, o que representa a a9ao humana (SA, 2000).

Passos (2004 ). descreve que todas as organizayoes possuem uma filosofia,

a

qual da urn norte a ser seguido. A filosofia da empresa define a missao da organizayao, os objetivos que pretende atingir e sua forma de gestao, os papeis a serem desempenhados, prescrevendo normas, leis e regras a serem seguidas e os comportamentos admitidos ou refutados. Assim e definido o funcionamento de uma organizayao, seja de forma consciente ou inconsciente.

Segundo Passos (2004 ), na I dade Contemporanea a etica apresenta-se como forma de rea9ao contra o formalismo das teorias modernas, a favor de urn mundo concreto, hist6rico e do ser humano como "ser real".

ldeias e valores expresses no comportamento de urn empresario, vendedor ou gestor de neg6cios de urn 6rgao publico nada mais sao que sua a9ao representada par meio de constructos hist6rico-sociais, mas agora articulada num pracesso intersubjetivo, interagindo no meio social e entre pessoas, desde sua trajet6ria familiar, educacional, esportiva, prafissional ou religiosa. E composto pelo esplrito da epoca remanescente, ou seja, pelos valores, anseios e prindpios que vigoraram em determinado momenta, suas condi9oes economicas e sociais, ou seja,

1

0 comportamento tambem

e

uma resposta a urn estimulo cerebral, mas

e

constante, ou seja, ocorre sempre da mesma forma, e, nisso, diferencia-se da conduta. Pois esta sujeita-se

a

variabilidade de efeitos (SA, 2000, p. 24).

(11)

o individuo, no bojo da instituic;8o, traz consigo toda sua trajet6ria de vida, seja qual for, por isso, urge a necessidade dos gestores saberem lidar com as varias condutas, lapidando, em principia, a sua propriamente (PASSOS, 2004).

Sendo assim, a reac;8o dos funcionarios e dos clientes, neste caso, o cidad8o, toma-se urn elemento indicador sobre o tipo de valor que orienta a empresa e que normalmente faz parte das ideias e valores imbricados na mente dos principais gestores organizacionais.

As empresas ainda se encontram distantes da ascens8o de valores que orientem uma gest8o mais humana, capaz de colocar o bern social e a etica como meta de vida primeira. Neste aspecto, Vasconcelos apud Passos (2004) mencionou

"que toda ac;8o racional pressupoe uma a98o etica, ou seja, uma a98o etica engloba urn conjunto de valores que orientam a escolha de uma altemativa da a98o".

Diante do exposto, este trabalho vern oferecer uma percep<f80 aos leitores de como a educa98o continuada e importante para a forma<f8o da conduta etica dos Delegados de Policia, sem a qual a SSP deixaria, sem duvida, de realizar servi<{OS mais serios com influencia significativa para toda a popula<{§o. lsto e, n8o que OS Delegados n8o tenham uma boa forma<f8o, mas sim porque a aurea do ser humano, desde sua concep<f8o, e vulneravel, sujeita

a

influencia do meio, portanto, faz-se necessaria a lembran9a continua do comportamento etico em ambito empresarial, pois assim o Estado e visto, como urn gestor da coisa do povo.

(12)

1.3 OBJETIVOS

Como objetivos de estudo este trabalho busca:

1.3.1 Objetivo geral

• identificar os beneflcios da forma9ao continuada e seus reflexos na -conduta etica pessoal e profissional dos Delegados de Policia.

1.3.2 Objetivos especificos

• conhecer a etica como ciencia;

• relacionar como o comportamento antietico interfere negativamente nas rela9oes pessoais, profissionais e sociais, repercutindo na imagem da organiza9ao;

• demonstrar como estrategias organizacionais (forma9ao continuada) produzem individuos mais comprometidos e organiza9oes mais eficazes, tornando-as mais competitivas e o intercambio de rela96es mais harmonica;

• identificar, a partir de uma pesquisa de campo, os beneflcios da forma9ao continuada.

(13)

2 REVISAO DA LITERA TURA

Este capitulo tern como finalidade principal abordar a questao da etica e da formac;ao continuada como contributo aos gestores de empresas publicas ou privadas e, neste trabalho, 0 estudo sera focado com enfase as primeiras.

2.1 A ETICA COMO CIENCIA

A etica como ciencia examina teoricamente as ac;oes humanas, visando uma perfeic;ao mais integral do homem, conduzindo-o a felicidade terrena.

E

o principia que rege aplicac;oes especificas nos diferentes campos, profissional, politico e privado (STUKART, 2003).

A deteriorac;ao das relac;oes pessoais e profissionais contemporaneas advem, em grande parte, da antieticidade regada a ausencia de virtude, principios, valores, educac;ao adequada e continuada, injustic;as, julgamento antecipado ou deturpado sabre multiplas questoes, resultando na quebra do sigilo e descomprometimento profissional, amizades desfeitas, danos ambientais, entre muitos outros fatores.

A etica, preocupada com estes questionamentos, defende o direito a garantia de liberdade, dignidade, solidariedade, sexo, tolerancia, equidade e justic;a em uma sociedade democratica (KREMER, 1989).

A etica contribui para a definic;ao da conduta de inumeras profissoes, englobando aspectos como suborno2, aborto, eutanasia, manutenc;ao de aparelhos

2

0 comprador que aceita suborno torna-se corrupto e desonesto, age com rna fe e fraude em relavao ao seu empregador.

E

classificado como improbo, doloso e estelionatario, com

(14)

ligados para a manuten{(ao da vida, sendo problemas de origem etica e de relevancia economica. Neste sentido, verifica-se que a morale a regra geral para o comportamento adequado do gestor e do profissional (WALLS, 2001 ).

A garantia da liberdade produz o pensamento e a a<(ao livre no homem, assim, o bern realizado pela vontade humana inclui a virtude e felicidade. 0 procedimento etico implica em escolhas, na sele{(ao de altemativas com maior grau de resolutibilidade, visando aumentar o nivel de qualidade de vida das pessoas·, bern como proporcionar aos individuos maior grau de felicidade humana (SEGRE, 2002).

A reflexao · etica obriga ao individuo, sistema, empresa ou govemo a efetuarem escolhas, dispondo das multiplas solu{(oes possiveis, que correspondam aos criterios de eficacia, eficiencia, equilibria entre custos e beneficios, sobretudo, que priorize a equidade e a moralidade (SOARES, 2002).

A consciencia moral depende da capacidade humana e esta depende da

educa~o. A moralidade e frequentemente mais assimilada do que ensinada. A midia tern contribuido para influenciar desproporcionalmente a etica.

Stukart afirma que a moral abrange de modo absoluto, conceitos eticos primordiais, objetivos e prescritivos, validos por todos e esta baseada em preceitos religiosos ou em leis naturais. Acrescenta que os dez mandamentos recebidos por Moises no Monte Sinai possuem valor absoluto e universal. Outros preceitos, segundo o autor, passam a ser secundarios na esfera da conduta humana.

A etica na sua integralidade, tal como o ouro puro sob a fusao de 1.063°C, funciona universalmente da mesma forma. Embora o ouro, sob o ponto de vista dos diferentes profissionais Uoalheiros, financistas, fabricantes de produtos eletronicos), possa variar conforme sua utilidade, epoca, ou local e grupo que o utiliza, os

consequente dever de ser punido. A improbidade constitui sempre seria viola~o dos deveres do empregado, pouco importando o valor do objeto (Ac. 3a Turma do TST de 01.03.1971, Processo n°. RR-4.632/70)- (STUKART, 2003).

(15)

conceitos relativos e validos para determinado grupo (familia, tribo, associa<(ao,. empresa ou na9ao) pod em variar conforme a posi9ao geografica ou a epoca (LEVINE, 1999).

A atitude tomada para a realiza<(ao de uma determinada tarefa pode certamente diferenciar-se entre urn individuo e outro, todavia, uma correta avalia<(§o sobre os riscos de ser pouco etico deve ser adotada antes da tomada de decisao, visando a produ<fao de uma a9ao que nao sirva apenas para si, mas tambem· para os demais, bern como para as futuras gera96es (LEVINE, 1999).

A responsabilidade pelos eventuais prejuizos, resistencia profissional, ambiental e social da a9ao, agradabilidade para todo o corpo social envolvido na a9ao, direitos humanos, urgencia, regenera9ao do ambiente de subtra<(§o dos meios para a realiza<(ao da a9ao, possibilidade minima de interven<fao da natureza e solu96es economicas viaveis sao prioridades que reconduzem a pensar o seguinte: "o que nao quer que fa9amos a voce, nao fa9a aos outros" (STUKART, 2003).

Os C6digos de Etica variam de acordo com a profissao, com as raizes, valores e estilos diferentes, atraves dos tempos e de acordo com os grupos, cujas mudan<(as advem das mais diferenciadas necessidades e tambem para aperfei<(Oar as rela<f6es, visando o bern geral do grupo.

A moral estabelece os comportamentos Hcitos e ilicitos em determinada epoca e pontos da terra, defende a convivencia e sobrevivencia harmonica. T em como objetivo desempenhar a fun9ao de preserva9ao do grupo. Os grupos, hoje, precisam dos C6digos de Etica para disciplinar a escalada crescente das condutas humanas, levando-os a urn agir mais consciente e responsavel.

A etica ja existia na Gracia desde o periodo de Platao e Arist6teles, existe nas religi6es de todos os generos e em todos os lugares do mundo pregam urn

(16)

C6digo de Etica prescrito por Deus, fil6sofos desvinculados de qualquer religiao professavam e professam uma etica divina. Assim, para Voltaire, a moral e a mesma entre todos os homens que usam a razao. Acrescentou ainda que "a (mica medida boa ou rna moral e o bern da sociedade", "a etica vern de Deus, assim como a luz", a conduta certa e a conduta util e que atinja o bern (STUKART, 2003).

Teoristas afirmam que o surgimento da etica e da linguagem adveio da necessidade dos sujeitos regularem uma vida em comum mais hannoniosa. A mentira, o roubo, a inveja, o suborno, a dureza e rispidez de atitude foram consideradas praticas ruins por prejudicar o grupo. Hoje, embora este tipo de ~titude

persista nos mais diversos meios organizacionais e familiares, encontra resistencia em estabelecer-se definitivamente quando se depara com uma cultura mais refinada (SEGRE, COHEN, 2002).

A difusao do conhecimento atraves dos meios academicos formais, ou informalmente, por meio das familias e da midia, bern como o lastro atingido atraves do incentivo

a

pesquisa e extensao, esta mudando a realidade mundial e local, diferenciando-se substancialmente a "razao" do agir como fator preponderante nas rela¢es profissionais, politicas, sociais e comerciais (SEGRE, COHEN, 2002).

A etica teve sua origem na religiao, na intuic;ao humana e na reciprocidade, atravessando os seculos, por isso, e desejavel que cada familia, sociedade e Estado tenham suas instruc;oes eticas, adaptadas ao seu comportamento especifico. A etica tern atingido urn crescimento sem limites, a norma e produzir qualidade, embora demore maior tempo (STU KART, 2003).

Pensadores modernos investem no pensamento dos fil6sofos da antiguidade. Socrates enfatizou que a sabedoria e uma virtude, o mal, a ignorancia.

(17)

0 Direito e a etica regulamentam as rela<;oes entre os homens por meio de normas, transmudam de acordo com a evolu<;ao da cultura humana, sao cumpridas de acordo com a convic<;ao individual, mas normas juridicas precisam ser cumpridas embora urn individuo a considere injusta, por isso, a sociedade deve cobrar dos responsaveis pela elabora<;ao, urn conteudo mais condigno com a realidade vivida (STUKART, 2003).

Desta forma, tendo o comportamento etico como parametro, faz-se necessaria compreender como o comportamento antietico pode interferir no sucesso das organiza<;oes e tambem no relacionamento entre os profissionais, repercutindo em danos para todos os envolvidos.

2.2 ORIENTA<;AO PARA A FORMA<;AO DO POLICIAL CIVIL

A Lei Delegada n°. 100, de 03 de julho de 1973, que dispoe sobre a estrutura da Secretaria de Justi<;a e Seguran<;a Publica, cria a Escola de Policia. A fun<;ao desta lnstitui<;ao e a forma<;ao, aperfei<;oamento e especializactao tecnico-cientifico e cultural dos funcionarios da Secretaria. A competencia, os 6rgaos administrativos e suas atribui<;oes, regimento escolar, plano de ensino e outros sao regulados pelo Decreto n°. 2.089, de 18 de agosto de 1975, que dispoe sobre o Estatuto da Escola de Policia.

As medidas de promoctao cultural e qualificactao profissional contidas na Lei Delegada n°. 100, aparentemente contrastavam com os "anos de chumbo" e de arbitrio que se viveu na decada de 1970 no Brasil; por outro lado, criar regras para a forma<f8o dos policiais significava o controle sobre o processo de formactao e a garantia da productao de urn profissional adequado as exigencias da epoca. Com a

(18)

abertura democratica no Brasil, o poder eo abuso das policias sao questionados, e as Academias de Policia Civil (antigas Escolas de Policias) passam a desempenhar o papel de (re)educac;ao e elaborac;ao de novos valores junto aos novos e aos antigos policiais, como diz Comparato (1996, p. 108) sobre a etica na seguranc;a publica e o papel da Academia de Policia:

E

preciso enxergar a etica nesse quadro amplo que e o quadro politico, que

e

o quadro social, e em fun~o da seguran(ia, que nao se limita: simplesmente,

a

esfera do crime,

a

preven~o contra a atividade criminosa [ ... ] implica uma mudan9a de mentalidades, no povo e na policia [ ... ] e a educa~o. nesse caso, e urn trabalho Iongo, fatigante, e que precisa ser cuidado, evidentemente, pela Academia de Policia. Mas muito mais do que isso, atraves dos meios de comunica9ao de massa, a policia e o pc;>Vo podem e devem dialogar.

A conjuntura politica aponta para a consagrac;ao dos direitos humanos e o controle dos abusos policiais, sendo estes urn dos desafios da formac;ao policial no regime democratico.

0 desafio de transformar mentalidades na policia civil encontra varios obstaculos, urn deles criado pelo proprio ensino policial baseado nas antigas praticas: atitudes de desconfianc;a acompanhada pela hostilidade do policial em relac;ao

a

populac;ao, a representac;ao de uma sociedade como urn Iugar "ruim" e a expectativa de que essa sociedade esta pronta a agir contra o policial. Contudo, as Academias de Policia nos ultimos anos tern modificado a forma de selec;ao dos novos policiais, a estrutura curricular e o perfil dos seus professores; alem disso, os motivos que conduzem os novos ingressantes na atividade policial nao sao apenas os fatores s6cio-economicos, a atividade tipicamente masculina (a qual reforc;a os elementos de violencia e tortura), a noc;ao de onipotencia sobre a sociedade, mas tambem o objetivo de compor uma instituic;ao democratica, nao apenas legalista, mas justa, defensora dos direitos humanos e proxima do cidadao.

E

interessante

(19)

observar a existencia de valores ambiguos na personalidade do policial, quer novato ou antigo.

A sele<;ao de novos policiais visa nao apenas preencher as vagas originadas pelas necessidades do sistema de seguran<;a, mas transformar a cultura policial, muitas vezes, refor<;ada na desinforma<;ao, no baixo grau de instru<;ao escolar e na "ausencia" de elementos inibidores da violencia dos policiais, contrastando com o elevado nivel de informa<;ao, alto grau de forrna<;ao escolar e uma vigilancia ( controle) cad a vez maior da sociedade sobre os novos quadros policiais.·

Esses aspectos marcam os novos e velhos poficiais na policia civil, alem das mudan<;as nos discursos daqueles sobre suas futuras atividades profissionais. Embora a forma de pensar e agir dos "novatos" tenha influencia humanista, adquirida nas escolas secundarias e nas universidades, a cultura organizacional e os metodos dos antigos policiais refletem o campo policial como Iugar de disputas, nao apenas no distrito, mas na propria elabora<;ao de uma politica de seguran<;a.

Com o objetivo de humanizar e profissionalizar os policiais brasileiros, os cursos de forma<;ao policial passam a ter diretrizes de politicas governamentais. Em 1986, o Ministerio da Justi<;a elabora o Programa Nacional de Direitos Humanos que aponta a(/Oes para o aperfei<;oamento desses cursos, dentre eles pode-se destacar:

• Estimular o aperfei<;oamento dos criterios para sele<;ao, admissao, capacita<;ao, treinamento e reciclagens de policiais;

• lncluir nos cursos das Academias de Policia materia especifica sobre direitos humanos;

(20)

• lncentivar progre~mas de capacitactao material das policias, com a necessaria e urgente renovactao e modernizactao dos equipamentos de prestactao da segurancta;

• Apoiar programas de balsas de estudos para o aperfeictoamento dos policiais (BRASIL, 1986, p. 1617)

0 esforCfO na implementactao dessas actoes gerou o "Projeto Treinamento para Profissionais da Area da Segurancta do Cidadao" com os seg~intes objetivos:

• ldentifica«f3o das necessidades de formactao, aperfeictoamento e especializactao de pessoal das policias federais e estaduais;

• Proposta de compatibilidade dos curriculos, visando permitir o principia de equidade dos conhecimentos e a modernizactao do ensino policial (BRASIL, 2000, p. 6).

Este estudo apresenta uma proposta de curricula basico para a formactao dos profissionais da area de segurancta do cidadao constituida de uma base comum e de uma parte diversificada. Os aspectos pedag6gicos e profissionais devem atender o perfil desejado de profissional que, de acordo com as necessidades de cada regiao, deve responder as"[ ... ] expectativas da atuactao profissional em relactao as tarefas a serem desenvolvidas na functao que ocupara" (BRASIL, 2000, p. 11 ).

Uma das competemcias basicas requeridas e desenvolvidas no processo de forma«f3o e "o enfoque moral e etico que permitira ao profissional da area da segurancta compreender o seu papel de cidadao responsavel pela segurancta de outros cidadaos" (BRASIL, 2000, p. 12).

Os objetivos da formactao da base comum e da parte diversificada do curricula basico sao:

(21)

2. atender as especificidades de cada curso e as peculiaridades regionais e locais

Para alcanctar esses objetivos e recomendada uma carga horc~ria nao inferior a 380 e nem superior a 500 horas/aula. Cada area de estudo tern premissas especificas:

• A missao consiste em apresentar ao policial os fundamentos politicos, eticos e filos6ficos de sua atividade, bern como o contexto sociol6gico, psicol6gico e cultural responsavel pela criminalidade e a vioh3ncia;

• A T ecnica Policial a borda metodos e tecnicas utilizados pelos policiais, bern como a sua integractao com as diversas areas de interesse da atividade policial;

• A Cultura Jurldica Aplicada subsidia de elementos juridicos necessaries para a interpretactao das leis;

• A Saude do Policial inclui uma atenctao especial a saude fisica e psicol6gica do policial;

• A Eficacia Pessoal tenta otimizar a capacidade de equacionar problemas atraves de soluctoes alternativas e adequadas a cada situactao;

• A Linguagem e a lnformactao pretendem auxiliar o policial no uso das informactoes estrategicas a sua atividade;

0 estudo sobre os cursos de formac;ao da Academia de Policia, com base em dados da ADEPOL, permite conhecer o perfil dos alunos selecionados para o concurso. Ou seja, esses dados podem apontar para urn periodo maior de permanencia das mulheres no sistema de ensino e para uma rejeictao as atividades

(22)

policiais, uma vez que o cargo de Delegado de PoHcia e encarado. por muitos como uma atividade cartorial.

Estes parametros sao referenciais para os cursos de forma~o de profissionais da area da segurancta do cidadao no Brasil. Os policiais ingressam na Academia de PoHcia Civil, instituictao responsavel pela organizactao dos cursos de formactao dos policiais civis mediante concurso publico para os cargos de agente, escrivao e delegado de poHcia, com a exclusao de candidatos que tern apenas a Ensino Medio. Urn dado significativo dos policiais do Estado do Piaui, por exemplo, e que, dos que efetivaram matricula nos cursos de forma~o de agente e escrivao de policia na Academia no ano 2000, 56,3% cursavam a faculdade e 19,6% tinham seus cursos concluidos. Na turma de 2003 os dados foram semelhantes, 61,25% cursavam a faculdade e 17,5% tinham formactao superior. Ja grande maioria dos alunos do curso de formactao de agente e escrivao tinha o curso superior concluido ou em conclusao, revelando que a distinctao entre agentes, escrivaes e delegados para outras atividades profissionais, sendo outro problema da policia, a transitoriedade dos policiais de melhor formactao.

A comparactao entre os candidatos a agente, escrivao e ao cargo de delegado de pode ocorrer pelo desnivel de escolaridade. Porem, percebe-se que a mesma empafia existente nos cursos de Direito nas faculdades em relac;ao aos outros cursos da area de humanas e reproduzida no interior da Academia.

Os dados escolares sao positivos, entretanto, a baixa media de idade e a boa qualificactao associadas a uma carreira de dificil execuctao, alta-tensao e baixos salarios geram a emigractao poHcia esta localizada na hierarquia e no status que os cargos oferecem. Na Academia de Policia, a diferenc;a entre o grupo constituido pelos agentes e os escrivaes e o outro composto pelos delegados e not6ria. Ha

(23)

exigencia do uso de traje social e gravata para os ultimos, enquanto os primeiros recebem a orientactao de vestirem uma camiseta com o simbolo e o nome da instituiC{8o e caleta jeans, alem disso, alguns dos alunos do curso de delegado sao convidados· para ministrarem aulas nos cursos de formaC{8o de agente e escrivao, em especial, as materias juridicas.

A representa9ao social da functao que irao exercer e outro elemento de distinC{8o entre as dais grupos. Para a maioria dos alunos do curso de formaC{8o de delegados, a functao que irao assumir e uma especie de uma gerencia: solicitar · papel, combustive! para as viaturas, notar ausencia de servidores e, na presidimcia dos inqueritos, coletar informact6es dos policiais. Sao atribuiC{Oes do cargo de Delegado de Policia Civil:

• Exercer atividade de autoridade policial;

• Determinar a execuctao de todos os procedimentos administrativos e legais, visando o born (sic) desempenho das atividades de policia judicia ria.

Como exemplo dessa concep<fao, urn dos alunos do curso de formaC{8o de delegado, quando solicitado a responder sobre uma atividade que exigia a habilidade de percep9ao e de investigaC{ao e o contato direto com os bandidos, disse que para isso existiam os agentes de policia. Sendo assim, ao se ministrar esse tipo de curso e mediante a conduta de distanciamento do Delegado, o relacionamento entre os dois grupos fica distante, distanciando-se tambem o dialogo entre ambos.

Nesse contexto, percebe-se que as diferenctas entre os policiais aumentam na medida em que tomam conhecimento das atividades do campo policial e do sistema de segurancta publica. Neste sentido, o curricula, as disciplinas, a ordem dos blocos e o estagio nas Delegacias sao pec;as fundamentais na constituictao do

(24)

pensamento dos policiais envolvendo teoria e pratica. A disciplina "Delegacia Modelo" consiste na pratica policial nas Delegacias da Policia Civil, busca atender as especificidades da area de atua<;ao profissional do agente, do escrivao e do delegado de policia civil, associando teoria e pratica.

Os curriculos e seus conteudos partem do principia que, criando representa<;oes e nelas se apoiando, o homem capta as conexoes intemas do objeto, numa atividade relativamente independente da atividade pratica produtiva direta, imbuida de urn carater te6rico (SA VIANI, 2000, p. 55).

A analise da composi<;ao dos quadros de disciplinas dos cursos de forma<;ao aponta para certo distanciamento das Bases Curriculares e do Plano Nacional de Seguran<;a Publica, publicado em 2001.

Uma breve reflexao sabre os projetos de forma<;ao revela a falta de preocupa<;ao em definir o perfil de profissional a ser formado pela Academia. As disciplinas de carater humanistico e geral tern baixa carga horaria e sao mal distribuidas na grade curricular.

0 curricula preocupa-se em atender

a

exigencia legal que aponta a obrigatoriedade do curso de forma<;ao na ACADEPOL para os concursados para os cargos de policial civil e terminam por reproduzir as praticas policiais tradicionais. Estas ultimas sao transmitidas pela organiza<;ao da grade curricular, pelas regras institucionais da Academia e pelas praticas e discursos dos professores.

A metodologia dos cursos sugere aulas expositivas, leitura e discussao dos textos, estudo em grupo, consulta e pesquisa, seminarios, exposi<;Oes dialogadas, filmes, proje<;ao de slides, etc. Contudo, a predominancia

e

a da metodologia tradicional. 0 usa exagerado de aulas expositivas, a distancia mantida entre professor e aluno e a simbologia da figura do professor-autoridade real<;ada pelo

(25)

Manual do Aluno da ACADEPOL que diz que os alunos deverao levantar-se e permanecer em atitude respeitosa sempre que urn professor ou autoridade entrar em sala de aula refletem a op~ao institucional. Essa postura foi percebida por urn dos alunos do curso de forma~ao. Nesse sentido, comenta-se entao que os professores, sob urn ponto de vista mais dinamico devem ser escolhidos segundo o fator

capacita~ao, grau de intelectualidade, conhecimento pratico e eticidade, para que na verdade sejam chamados de professores, ao contrario, sao instrutores apenas.

A didatica adotada pode ser urn exemplo do conteudo utilizado em sala de · aula e para muitos professores, a propria vivencia. Os professores, de urn modo geral, delegados ou da area policial, professores de investiga~ao, comissarios ou agentes de policia devem passar o que estao vivenciando na pratica.

A for~a da experiencia/vivencia reduz a capacidade inovadora em conteudos tecnicos e humanlsticos que a Academia de Policia pode transmitir. A experiencia e a propria visao de mundo impregnada na pele dos policiais.

Parece urn tanto paradoxa! questionar o uso da experiencia pratica em sala de aula. 0 fato e que, geralmente, a experiencia e conservadora e significa uma pratica sem inova~oes tecnologicas e de desrespeito aos direitos humanos e a explicita~ao do modo de reprodu~ao das praticas policiais tradicionais.

Tal modo de reprodu~ao e transmitida em sala de aula, a Academia deve formar uma camada de alunos e professores com urn leque de conhecimento muito grande, porem, alguns nao podem ir

a

Academia, mas outros que vern a oportunidade de estar na Academia devem preparar a disciplina visando formar uma camada bern diferente da atual, cuja filosofia utilizada deve ser com base na perspectiva moderna e nao antiga. Mas a ideologia empregada ainda tern sido retrograda, deixando a desejar.

(26)

Hoje, as camadas que adentram as Academias . precisam superar as expectativas impostas pela propria Academia. Neste sentido, a op98o por uma metodologia tradicional e a omissao explicita de urn perfil profissional democratico do discente, por parte dos professores e da Academia, apontam para uma forma98o vertical e reprodutora de praticas autoritarias.

Dutro

aspecto e a propor<;ao carga horaria/conteudo por area profissional. As tres categorias profissionais: agente, escrivao e delegado de poHcia, apesar de serem policiais civis, exercerao papeis diferenciados no campo policial. Esta diferencia<;ao nao e refletida no curricula e na grade curricular. A homogeneidade na forma<;ao permite uma unidade de pensamento, ao mesmo tempo em que nao atende as especificidades de cada area profissional. No caso do escrivao de poHcia, que tern uma atividade burocratica no uso quase exclusivo da linguagem e da informa<;ao, o seu curso propicia apenas quarenta horas/aula para essa area de estudo e canto e cinquenta horas/aula para cultura juridica e tecnica policial. Uma minoria entre os escrivaes sai do curso preparado para auxiliar o delegado na peya do inquerito. A nao preocupa<;ao curricular com as especificidades das areas profissionais e refletida na ausencia da parte diversificada, responsavel por estes conteudos, pelos aspectos regionais, locais, raciais e de genero. A percep98o por parte dos novatos de que o ensino segue uma rotina distante das transformayaes sociais nao demora a se instalar.

Os "novatos" alunos da Academia de Policia Civil devem ser envolvidos no cenario onde todos os personagens sao importantes, com exce<;ao dales pr6prios, os professores (geralmente delegados e peritos criminais ). Esses professores, em regra geral, revelam uma postura autoritaria e de pouca comunica<;ao com os alunos e influenciam na rela<;ao posterior entre policial e o cidadao no dia-a-dia.

(27)

Os iniciantes assimilam rapidamente que sua inser~o no mundo policial depende da aceita9ao das praticas e das normas da organiza~o policial.

0 ensino policial e baseado no conhecimento jurldico e tecnico, justificando a predominancia nos quadros das ACADEPOL's (Academias de PoHcias) de bachareis em direito e de policiais, todavia, os procedimentos de transmissao de conhecimento sao precarios, principalmente, por parte do corpo docente, possibilitando a substitui9ao do ensino juridico e tecnico pelo testemunho da experiencia profissional, muitas vezes, carregada de violencia e tortura. Como exemplificayao dessa pratica, evoca-se Mingardi (1992) que relata sua experiencia como aluno da Academia de Policia Civil de Sao Paulo.

Segundo ele, os delegados professores:

[ ... ] "ensinam" as regras sobre quem vai para o "pau• e como aplicar a tortura. Os policiais que batem em todos os presos, como os ricos, os criminosos com dinheiro, pessoas de posi~o social, terminam tendo problemas no interior da institui~o e, consequentemente, sendo exonerados. Os "novatos" percebem que a experiencia policial tern ascendencia sobre o ensino juridico e tecnico, aumentando suas expectativas para o contato com. a pratica policial no distrito.

Para representativo numero de delegados propor estes conteudos, pelos aspectos regionais, locais, raciais e de genera nem sempre funciona. A percepyao por parte dos novatos de que o ensino segue uma rotina distante das transforma96es sociais nao demora a se instalar.

Para urn representativo numero de delegados, professores e policiais que estao nos distritos, a influ€mcia da Academia na forma9ao e pequena, uma vez que a pratica e supervalorizada, como diz Bretas (1997, p. 83):

Se existe hoje uma preocupa~o acentuada em oferecer a novos policiais urn treinamento mais adequado e melhor direcionado para temas com respeito aos limites legalmente estabelecidos de sua atua~o. urn dos pontos mais

(28)

dificeis de quebrar sera certamente o outro aprendizado, que e oferecido quando o novo policial passa da escola

a

rua, onde as verdades da profissao sao apresentadas de forma muito diversa. Apesar do aprendizado da sala de aula e da ampla autonomia na execu~o de suas fun¢es, a pratica policial e extremamente condescendente com atitudes, muitas vezes legais, porem, injustas diante do individuo. Alem disso, os policiais perdem o Mbito de questionar uma ordem, o agente policial abandona com facilidade suas a<;oes, e mesmo quando os antigos percebem uma injusti<;a, conformam-se, Considerando-a necessaria e "natural•, afinal de contas, e seu metodo de trabalho. Os novatos aprendem na Academia que o ideal, o dever ser e algo extremamente dificil de ser conseguido e, muitas vezes, o tempo e os recursos tecnicos disponiveis sao incompativeis com o desejado.

Nesse sentido, entende-se que a pratlca policial e influenciada pela instruc;ao recebida, pelos principios eticos imbuidos no individuo e tambem pelas situac;oes que se lhe apresentam enquanto profissional

a

servic;o da humanidade, e que esta

e

vulneravel nas suas condutas, bern como o proprio profissional.

2.3 COMPORTAMENTO ANTIETICO: REFLEXOS PESSOAIS, PROFISSIONAIS E SOCIAlS

A Policia Civil deve fiscalizar mais rigidamente o modo de atuac;ao de seus gestores e zelar pela boa qualidade do relacionamento no ambiente de trabalho e pelo respeito

a

dignidade humana, sendo que estes profissionais, alem de servir de modelo de conduta social, sao profissionais nomeados. por meio de competencia para reprimir a sociedade quando de suas ilicitudes. No entanto, os modelos de gestao desenvolvidos contemporaneamente ainda mantem culturas de relac;Qes desumanas e aeticas, predominando condutas negativas, estigmatizadas e dominadoras, chegando a negligenciar o abuso, desde que a situac;ao resulte em beneficios nao para a instituic;ao propriamente, mas para alguns dos cidadaos, seja para premiar o orgulho de tornar-se o "vencedor" ou para o atingimento de beneficios diversos (HIRIGOYEN, 2002).

(29)

Pesquisadores da medicina modema tern alertado para o aumento freqOente de doen98s que se desenvolvem em virtude da existencia de processos antieticos, ocorrendo o sucateamento do individuo, bern como a degrada~o dos servi~os publicos. Nesse sentido, a Policia Civil urge em buscar estrategias, atraves de planejamento do Departamento de Recursos Humanos, para orientar os gestores sabre quais os aspectos que podem ser considerados aeticos, quais prejuizos a

organiza~o podera obter e, principalmente, quais as emboscadas que a propria situa~o antietica desenvolvida pelo gestor pode colocar-lhe, abstraindo sua autonomia, privando-lhe ate mesmo do cargo per:tinente, tocando, desta forma, na sua imagem pessoal e profissional enquanto sujeito de oportunidades (OLIVEIRA, 2002).

0 Estatuto da Associa~ao dos Delegados de Policia do Parana (ADEPOL) e urn instrumento que orienta e normatiza as condutas que inspiram maior dignidade na a~ao do Delegado no transcurso de sua atividade, regulando rela<;Oes pessoais com a classe, poderes publicos e sociedade. Desta forma, cabe ao Delegado cumprir, em primeiro plano, o dever de consciencia inspirado na diferencia~o

cognitiva e espiritual do que e certo e do que e errado, do bern e do mal; em segundo, o dever da ordem juridica, zelando pela institui~ao sem preocupa~o

politica ou social (PARANA, 2004).

A reda~ao dos artigos 1°. e 2°. do C6digo de Etica da ADEPOUPR, descreve o seguinte:

Art. 1 °: 0 C6digo de Etica Profissional do Delegado de Policia tern por objetivo alertar para normas de conduta e comportamento que devem inspirar suas atividades profissionais, regulando relayoes interpessoais com a classe, poderes publicos e sociedade.

Art. 2°: lncumbe ao Delegado de Policia dignificar a classe com seu mais alto titulo de honra, tendo sempre em vista a elevayao moral e profissional, mostrada atraves de seus atos (PARANA, 2005).

(30)

Neste sentido, comportamentos impr6prios. nas rela~es laborais produzem, alem da desarmonia, doen<{as, desestabilidade nas rela~es de convivencia, prejuizos economicos e marais para o 6rgao, provocando o afastamento dos vinculos de afeto existentes entre os colaboradores, a perda do emprego, a descredibilidade do usuario e o prejuizo

a

toda a Policia Civil do Estado do Parana. A atitude tanto pode acontecer veladamente, nos bastidores, por meio da reuniao de urn grupo de profissionais, como tambem pode ser produzida abertamente pelo{s) autor{es)- {PARANA, 2005).

Observa ainda o Estatuto, artigo 3°, I, II, que o Delegado de Policia, no dever etico de sua profissao deve:

[ ... ] exercer sua atividade profissional com decencia, fundamentada na liberdade de investigayao e na dignidade da pessoa humana, sem aceitar pressao ou influencia, observando, nas suas fun~s e fora delas, as normas de etica profissional contida neste C6digo e na legislayao vigente, pautando seus atos por rigidos principios morais, de modo a se fazer respeitado e estimado por seus colegas, subordinados e pelas partes, preservando sempre a autoridade (PARANA, 2005).

A busca pelo gerenciamento dos conflitos entre papeis, sistema, institui<{8o ou individuos e uma tendencia das gera<{oes mais modemas, que imbuidas de maior conhecimento, inten<{oes mais civilizadas e busca pelo justa, conduzem

a

reflexao critica constante para a melhoria dos ambientes e das pessoas. Embora a moral represente os bons costumes, os quais sao adquiridos no campo familiar e na escola desde a mais tenra idade, por meio de uma educa<{ao familiar s61ida; a etica norteie estas rela<{oes ao Iongo de suas vidas; o Direito regule-as, prevenir e admoestar o profissional por meio do 6rgao competente ( educa<{ao continuada realizada com seriedade) e necessaria, visando o bern maior, o ser humano e o meio social (SOARES, PINEIRO, 2002).

(31)

A Corregedoria Geral da Policia Civil-e o Conselho da Policia Civil sao 6rgaos competentes e destinados a cobrar de seus gestores uma conduta retilinea, improba, etica, nao danosa aos interesses sociais, estando regulamentada atraves do proprio C6digo de Etica constituido, bern como do Estatuto da Policia Civil.

Ao ato improbo, iniquo e antietico devem ser aplicadas penalidades alem de cabiveis, justas, todavia, prevenir, orientar, ensinar, educar e motivar para o bern e uma tomada de decisao empresarial acertada. Trata-se de uma estrategia de amplitude, representando uma preocupac;ao como individuo e seus familiares, com o profissional e a guarda da moral de seus colaboradores, com a qualidade e precisao no oferecimento do servic;o, com a satisfac;ao do cliente e como repasse de uma imagem positiva da empresa para o usuario, envolve a esfera do cuidar humano e da responsabilidade empresarial frente

a

sociedade (GABARDO, 2004). Nesse sentido, a inteligencia da redac;Bo do Estatuto da Policia Civil, Regime Disciplinar, Capitulo I - Dos Direitos e da Transgressao Disciplinar descreve direitos e deveres em caso de transgressao do servidor policial (PARANA, 2005).

Do cumprimento dos deveres profissionais na sua integralidade certamente nao advira a transgressao do gestor. Entretanto, estudos realizados por pesquisadores modernos indicam certo grau de vulnerabilidade na educac;Bo familiar, bern como na esfera da educac;ao formal, por consequencia, do sujeito profissional na rotina de seu cotidiano laboral, tendo em vista lidar com os mais diversos problemas, sendo de natureza media e grave, oriundos dos mais distintos pontos da sociedade, resultante das questoes sociais como: violencia, pobreza, miseria, educac;ao, saude, entre outros (ARCOVERDE, 1999).

A vulnerabilidade profissional pode incluir a aceitac;Bo de subomo, concorrencia desleal entre colaboradores para a promoc;ao financeira por meio de

(32)

meios ilicitos, da auto-imagem ou auto-estima, visando, em grau maior, uma supervaloriza<;ao do sujeito profissional; a quebra do sigilo; ultraje da moral institucional atraves de condutas diversas que repercutam no mau profissionalismo da Policia Civil perante toda a sociedade (STUKART, 2003).

Nesse sentido, a psicologia, a administra<;ao, as ciencias juridicas, politicas, sociais e outros ramos do conhecimento tern evidenciado por meio de pesquisas, que o efeito globaliza<;ao exige de paises e de organiza<;Oes publicas ou privadas maior competencia nos processos operacionais, maior precisao e eficiencia no oferecimento de produtos/servi<;os em ambito nacional, no caso de acordos entre o Brasil e outros paises de primeiro mundo, para incentivo

a

pesquisa, repasse de tecnologias e de recursos. 0 nivel de comprometimento profissionaJ para o desenvolvimento dos servi<;os publicos e privados influencia largamente na dinamica de aspectos como lealdade, confiabilidade e exatidao.

Considerando ser o Brasil urn pais democratico, permitindo a liberdade de pensamento, de a<;ao e rea<;ao, pode-se colocar que ainda existem executivos responsaveis pelo alto gerenciamento de Universidades publicas e privadas, da Policia Civil ou outras organiza<;oes tambem privadas ou publicas, que consideram: apenas urn modelo flexibilizado de educa<;ao ofertada pela familia; o padrao educacional obtido nos bancos academicos anteriormente ao ingresso do Delegado de Policia mediante concurso; o oferecimento de cursos sem exigencia minima de cientificidade critica; horarios demasiadamente flexibilizados; presen<;a academica formal incompativel com os padroes exigidos pelo Ministerio da Educa<;ao e Cultura (ME); baixo nivel de comprometimento profissional para a docencia, sejam suficientes para a eficacia gestorial do Delegado de Policia na sua trajet6ria !aboral equivocam-se plenamente.

(33)

Por 6bice, e sabido que atingir "a excelencia" na forma<;ao familiar em ambito de Brasil nao e facil, considerando a propria hist6ria do Brasil. A educa<;ao formal do Ensino lnfantil, Ensino Fundamental e Mediae extremamente falha devido as politicas publicas nunca terem atendido e continuarem a nao atender os padroes e necessidades individuais ou coletivas de crian<;as, adolescentes ou adultos, no sentido de preparar o educando para ingressar num campo de trabalho futuro com conhecimento profissional e seguran<;a. ·

Por derradeiro, a forma<;ao universitaria - quando publica, o periodo letivo academico e regado a greves, insuficiencia de tecRologias para atender as necessidades academicas, seja na disponibiliza<;ao de obras recentes au na informatiza<;ao, seja em nivel de conhecimento cientifico do educador- com atua<;ao em pesquisas e projetos sociais e de extensao em nivel nacional e intemacional -nos cursos de mestrado, doutorado e p6s-doutorado, sem contar que o academico, nao raras vezes, necessita trabalhar para subsidiar seus estudos durante o periodo universitario.

As universidades privadas sao ostensivamente caras, tomando o ensino muito mais mercadol6gico do que propriamente comprometido com a ciencia e forma<;ao do educando para assumir urn homem responsavel que eminentemente esta a tornar-se, resultando no sucateamento da forma<;ao educacional necessaria, contracenando esse cenario com urn padrao minima de aproveitamento em ambos os casas (CARVALHO, 2000).

Conforme observado, a educa<;ao como unica fonte de acesso, oportunidade e possibilidades para a transforma<;ao dos cidadaos e das sociedades esta comprometida, prejudicando a mudan<;a e transforma<;ao dos individuos, dos

(34)

sistemas e das sociedades, reduzindo-os a urn recome~ constante (CARVALHO, 2003).

0 Delegado de Policia, a partir de sua aprova~o mediante concurso, recebe a competencia da func;ao. No entanto, a competencia somente e valida quando exercida e manejada para a satisfac;ao das finalidades as quais a lei busca, obedecendo a requisitos procedimentais normativamente estabelecidos, quando, tambem, presentes os motivos considerados aptos e que justifiquem o ato, adotando a forma instrumental e atraves de conteudo juridicamente idoneo (MEDAUAR, 2006). Neste sentido, o Delegado de. Policia, como representante da lei, deve buscar os motivos mais nobres que existem para que sua ac;ao resulte numa a~o

profissional e social boa, sem lisura. Se a regra de direito prenuncia que certo ato deve e pode ser produzido quando presente certo motivo, esta situa~o resulta em 6bvia condic;ao de lisura da providencia adotada. Mas, se o fato presumido pela lei nao existe, irrompe a competencia para a expedic;ao do ato, pois competencias sao conferidas para serem exercidas com o rigor e observancia da lei (MEDAUAR, 2006).

A atuac;ao laboral deve consubstanciar-se no escopo legal, de onde o motivo advem dos fatos, cuja ocorrencia deflagra-se do concreto. A competencia e abstrata, mas o fato

e

concreto, por isso, ambos devem ser observados conjuntamente (GABARDO, 2004).

Ao nao ocorrer os motivos previstos em lei, faltara a autoridade como requisito insuprimivel para a mobilizac;ao do poder que se encontra condicionado

a

presenc;a do evento ao qual justifica seu uso, e a mingua de autoridade produz o inatingimento da finalidade legal, por isso, motivo e finalidade sao elementos inseparaveis no processo de gestao empresarial (GABARDO, 2004).

(35)

Desse modo, a ~ficiencia da Policia Civil na modalidade de lnstitui~o

publica depende do trabalho desenvolvido pelos seus gestores e demais colaboradores, nisto reside a eficacia dos prop6sitos, missao, visao e objetivos da lnstitui~o. os quais representam perante a sociedade urn norte, apresentando-se sem culpa gestorial (BRUCE, 2005).

Assim sendo, estrategias organizacionais permitem ao profissional comprometer-se eticamente e gerar organiza9oes mais competitivas e eficazes nas suasa¢es.

2.4 AS ESTRATEGIAS ORGANIZACIONAIS E A IMPORTANCIA DO

COMPROMETIMENTO ENTRE INDIVIDUOS

Estrategia, segundo Oliveira (2006, p. 192) "pode ser entendida como o movimento feito por uma empresa para a ado9ao das linhas de a9ao e aplica~o dos recursos necessarios para alcan9ar as metas".

Segundo Rumelt apud Oliveira (2006), reune o conjunto de objetivos e de politicas importantes, bern como o conjunto de a9oes que determinam o comportamento a ser exigido em determinado periodo de tempo. Trata-se da manuten9ao do sistema empresarial em funcionamento, de form~ vantajosa.

A estrategia e urn plano uniforme, segundo Porter apud Oliveira (2006), compreendido e integrado que e estabelecido para assegurar que os objetivos basicos da empresa sejam alcan98dos. Trata-se da "busca de uma posi9ao competitiva favoravel em uma [empresa]" diante das outras.

Nesse sentido, verifica-se que as estrategias incluem urn programa amplo para se definirem e alcan9arem as metas de uma empresa, trata-se da resposta da

(36)

empresa a seu ambiente atraves do tempo. Com isso, a Policia Civil pode, por meio da sele~ao de alternativas mais eficazes, produzir maior indice de resolutibilidade atraves da etica praticada no dia-a-dia da organiza~o. come~ndo pelo fornecimento de uma educa~ao comprometida (BRUCE, LANGDON, 2005).

Todavia, conforme mencionado, o estudo traz a lume a questao da forma~ao academica e da forma~ao continuada com maior responsabilidade dos Delegados de Policia, bern como a problematica ligada a etica pessoal e profissional e seus beneficios, sendo, portanto, a empresa publica co-responsavel nessa a~o de produ~o do conhecimento academico com mais qualidade, metoda e ciencia.

A educa~ao brasileira caminha a passos largos para tornar os individuos a cada dia mais autonomos no conhecimento, por consequencia, com mai9r grau de iniciativa e maior nivel de licitude em suas a96es, incluindo a lealdade, sinceridade, racionalidade, dinamismo, destreza, habilidade e competitividade. Assim, a produ~o

responsavel do conhecimento pela Policia Civil nos cursos ministrados aos seus gestores aquilatara

a

Delegacia de Policia e as suas Unidades eficiencia no atendimento ao usuario, produzindo maior indice de resolutibilidade, satisfa9ao ao usuario e administra9ao proba, tornando a empresa enxuta operacionalmente, economicamente rentavel e moralmente limpa diante de seus colaboradores e dos usuarios, repercutindo nos meios internacionais como urn pais em franco prop6sito para o desenvolvimento quando se trata dos servi9os publicos.

A SSP e responsavel pela integridade humana, pelo recrutamento e pela permanencia de gestores descomprometidos com a organiza9ao e consequente satisfa9ao do cliente (a sociedade), cabendo-lhe proceder acurada analise do candidato quando do ingresso na lnstitui9ao, na tentativa de impedir aquele com

(37)

antecedentes eticos nocivos

a

lnstituiGaO, .acompanhando OS atos dos Delegados de Policia enquanto profissional representante da SSP.

A conduta antietica e descomprometida nos serviGOS por um(ns) gestor(e)s influencia no resultado final do serviGO realizado pelos demais. Assim, contribuir para proporcionar maior integridade do sujeito e merito empresarial valoroso, evidencia o alto grau de comprometimento dos executivos da Policia Civil com rela~o ao seu quadro humano, exterioriza o grau de responsabilidade social da empresa frente

a

sociedade (STUKART, 2003).

Nao ha mais espaGo para as organizaG6es modemas difundirem ideologias e metodos ineficazes, colocando em funcionamento modelos de trabalho em que gestores, colaboradores ou usuarios estejam em risco fisico-psiquioo-emocional constante, imperando uma aGao de sujeito-passivo deliberada por meio de lideranGa autoritaria (BRUCE, LANGDON, 2005).

Hoje, o gestor deve, por meio do conhecimento e luta por direitos mais eticos, contribuir para a mudanGa do quadro. Urn elemento antietico pode facilmente comprometer toda a relaGao e toda a boa fama do trabalho. 0 Delegado de Policia, uma vez concursado, s6 podera optar por duas escolhas: a demissao ou a livre convivencia com as situaGoes antieticas que se apresentem, porem, este profissional, tal como qualquer trabalhador, com base nos direitos e garantias fundamentais do cidadao e na observancia da antieticidade de sua classe ou da antieticidade da empresa, pode e deve propor urn comportamento mais etico entre ambos, rompendo com lacunas aeticas existentes nestes modelos organizacionais contemporaneos.

(38)

Visando romper com as ac;oes antieticas em 6rgaos como a Policia Civil percebe-se a importancia da educac;ao continuada como estrategia organizacional para uma melhor formac;ao na performance dos Delegados de Policia.

2.5 EDUCA<;AO CONTINUADA

Segundo Guilherme Ary. Plonski (2008), sob a perspectiva empresarial, a educac;ao continuada deve ser vista mais alem do que uma forma de treinar os individuos que a integram uma organizac;ao. A educa~o continuada e a espinha dorsal dos processes coletivos de readequac;ao estrategica da empresa, capacitando-a a lidar com as novas condi¢es do ambiente em que opera.

0 motivo tradicional desse processo e a necessidade de compensar a obsolescencia do conhecimento adquirido quando da realizac;ao do curso superior ( cuja meia vida, con forme bern lembrado pelo Prof. Decio de Zagottis, e da ordem de cinco anos). 0 arcaismo do conhecimento se manifesta em duas dimensoes. Longitudinalmente, que decorre do surgimento de novas informac;oes e tecnicas relevantes para o exercicio profissional competente. Mas igualmente importante e a obsolescencia em termos da latitude do conhecimento. Por exemplo, a partir de meados desta decada nao se concebe que um(a) profissional ignore os conceitos e tecnicas contemporaneas da qualidade, devendo ser capaz de integra-los aos conhecimentos especificos de sua especialidade.

Urn outro motivo bastante comum para participar de urn programa de educac;ao continuada

e

a necessidade de adquirir ou aprimorar habilidades inter-subjetivas necessarias ao born desempenho profissional. Entre elas, destaca-se a de comunicar ideias em forma escrita e oral de modo adequado para subsidiar

(39)

decisoes. A ausencia dessa habilidade leva a situa¢es tais como a manifesta na recente queixa de urn profissional, tecnicamente competente, de que o Comite decisor ao qual ele apresentava a sua ideia "nem me deixou acabar de expor a minha proposta". Outra habilidade muito valorizada pelas organiza¢es, atualmente, e a de trabalho em equipes multidisciplinares. Ela e imprescindivel, por exemplo, para o desenvolvimento integrado de novas produtos e servi~s. Observe-se que o aperfeictoamento dessas habilidades nao pode ser feito mediante aprendizagem individual. Requer urn ambiente de grupo e urn( a) facilitador(a) da aprendizagem que seja competente em gerir a sua dinamica, isto e, configura uma atividade formal de educactao continuada.

Uma terceira razao para se engajar em programas de educaCf8o continuada tern a ver com o desejo natural de ascender na carreira. Essa ascensao, para o(a) Delegado(a) de Policia, pode ocorrer na trajet6ria profissional com enfase tecnica, ou numa linha que combine aspectos tecnicos e de gestao. Esta ultima tern sido o caminho frequentemente almejado pelos(as) Delegados(as) de Policia ap6s alguns anos de carreira estritamente tecnica.

E, como variante e quarta causa nessa ret6rica, ainda que a competencia tecnica requerida para realizar urn servicto

a

empresa originaria seja a mesma, passam a ser necessarios outros conhecimentos, habilidades e atitudes, de natureza administrativa e empreendedora, indispensaveis no rankihg competitivo.

A quinta causa propulsora para a educactao continuada tern a ver com a chamada "segunda carreira". A perda da condictao de assalariado - por demissao sem possibilidade de reinserctao adequada no mercado de trabalho, ou por aposentadoria ainda em plena vigor - faz com que o(a) profissional busque uma nova fonte de renda. Mas, frequentemente, busca-se uma segunda carreira que

(40)

permita capitalizar ao menos parte da experiencia adquirida na primeira, requerendo-se, portanto, cursos de complementac;ao.

Nessa ret6rica, em sexto Iugar, ha certas atividades em que ha uma densidade elevada de profissionais, requerendo a certifica<;ao para seu exercicio e, por conseguinte, a participac;ao em cursos de educac;ao continuada especificos, oferecidos por entidades credenciadas.

A setima causa de demanda por educac;ao continuada prende-se

a

trajet6ria pessoal e profissional dos(as) Delegados(as) de Policia. No caso de afastamento, em especial para as mulheres, ap6s uma gestac;ao, por exemplo, ou licenc;a com uma finalidade qualquer, ou mesmo em ferias, quando de seu retorno, ap6s terem-se liberado de parcela substancial da ocupac;ao com os afazeres domesticos, e quase certo que necessitarao de urn programa de educac;ao continuada para a sua reinserc;ao profissional.

Por tim, como ultima razao geral para a participa<;§o em atividades de educac;ao continuada, e que gera maior empregabilidade e relaciona-se, alem dos aspectos ja apontados nos t6picos anteriores, com os seguintes pressupostos:

• 0 estabelecimento e cultivo de redes de relacionamentos com outros(as) profissionais que frequentam os mesmos cursos, uteis a media e Iongo prazos;

• A coleta de subsidios para o planejamento estrategico da trajet6ria profissional;

• Os temas declinantes e os emergentes;

• Caracterizac;ao das questoes-chave (issues) da area de Seguranc;a;

Referências

Documentos relacionados

A proposta é desenvolver um processo de Educação Ambiental através desses Clubes utilizando kits para o controle da qualidade da água que possibilitam o desenvolvimento de

Nas décadas futuras (2020, 2050 e 2080), provavelmente haverá a redução das áreas favoráveis a mancha de phoma no Brasil, tanto no período de maior favorabilidade a doença (março

O EBITDA ajustado de Minerais Ferrosos foi de US$ 3.228 bilhões no 2T18, principalmente como resultado de maiores volumes de vendas e de maiores prêmios

Para o futuro, pretende-se estudar o com- portamento de algumas invariantes de grafos, assim como condic¸˜oes mais fracas para garantir a conexidade do produto quando os fatores

[r]

2) AGORA QUE SABEMOS DE ATIVIDADES QUE PODEMOS PRATICAR EM CASA PARA EVITAR O SEDENTARISMO E A AGLOMERAÇÃO, VAMOS DESENHAR? FAÇA UM DESENHO SOBRE UMA ATIVIDADE

Icodial está recomendado uma vez por dia para a substituição de uma única troca de glucose, como parte do programa de diálise peritoneal contínua ambulatória (DPCA) ou diálise

5 Manuel Manuel (Corr e pr ecipitadamente para a por ta do quar to gritando): Mãe,