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UNIVERSIDADE PAULISTA MARÍLIA SOARES DE MELO

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE PAULISTA MARÍLIA SOARES DE MELO

VALIDAÇÃO DE PROTOCOLO DE DOCUMENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: CONTRIBUIÇÃO DA RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NO DIAGNÓSTICO DOS

DISTÚRBIOS ORAIS MIOFUNCIONAIS

BRASÍLIA 2007

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MARÍLIA SOARES DE MELO

VALIDAÇÃO DE PROTOCOLO DE DOCUMENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: CONTRIBUIÇÃO DA RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NO DIAGNÓSTICO DOS

DISTÚRBIOS ORAIS MIOFUNCIONAIS

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Radiologia e Imaginologia Dentomaxilofacial da Universidade Paulista – Unidade de Brasília para obtenção do título de Especialista.

Orientador: Prof. Ms. Paulo Alvino Galvão Pimentel

BRASÍLIA 2007

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MARÍLIA SOARES DE MELO

VALIDAÇÃO DE PROTOCOLO DE DOCUMENTAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA: CONTRIBUIÇÃO DA RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA NO DIAGNÓSTICO DOS

DISTÚRBIOS ORAIS MIOFUNCIONAIS

Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Radiologia e Imaginologia Dentomaxilofacial da Universidade Paulista – Unidade de Brasília para obtenção do título de Especialista.

Orientador: Prof. Ms. Paulo Alvino Galvão Pimentel

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________/___/___ Prof. Dr. Laudimar Alves Oliveira

Universidade Paulista

______________________________________________/___/___ Profª. Drª. Rosana Abrahão Mansur

Universidade Paulista

______________________________________________/___/___ Profª. Drª. Patrícia Cristine de Oliveira Afonso Pereira

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Milton e Maria, pelo apoio e encorajamento. Aos meus irmãos, Marina e Arthur, que acompanham minha busca pelo conhecimento. A você, Marcus, pela atenção, carinho e companheirismo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à equipe da Paulo Galvão Radiologia Oral, por ceder suas instalações para a realização deste trabalho; aos colaboradores Itamar, Enedina e Alessandro, que muito contribuíram na execução técnica das etapas iniciais do mesmo.

Ao meu orientador, Prof. Ms. Paulo Galvão, pelo incentivo, resolutividade e presteza.

Aos profissionais da fonoaudiologia que gentilmente me receberam e avaliaram o trabalho, agregando informações valiosas a este.

Aos demais colegas e professores do curso de especialização, pelas críticas e palavras de amizade.

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RESUMO

Distúrbios orais miofuncionais são alterações no sistema estomatognático que podem tanto ser reflexo de anormalidades craniofaciais e dentárias quanto ser fator etiológico das mesmas. Os exames complementares coadjuvam o exame clínico na obtenção do diagnóstico e possibilitam um melhor planejamento da terapêutica. Muitos exames radiográficos utilizados na Odontologia são de expressiva relevância para a Fonoaudiologia, pois fornecem dados craniofaciais de forma mais objetiva. Esta pesquisa validou um protocolo de documentação, realizado em clínica de radiologia, atendendo às necessidades diagnósticas de fonoaudiólogos e constituindo um elo de comunicação com a Odontologia, visando uma abordagem multidisciplinar. Foram realizadas radiografias (panorâmica, telerradiografia, póstero-anterior, carpal e transcraniana para ATM); fotografias (de corpo inteiro, de cabeça e pescoço, da oclusão, da cavidade bucal e da língua); modelos em gesso e filmagem (fonoarticulação, mastigação/deglutição). Os exames, realizados na própria pesquisadora, foram avaliados por 26 fonoaudiólogas atuantes na área de Motricidade Orofacial, que atribuíram notas quanto à relevância dos mesmos para o diagnóstico (1=irrelevante; 2=baixa relevância; 3=importante; 4=muito importante; 5=essencial). Os registros que obtiveram média de opinião subjetiva superior a 3,5, quais sejam filmagem (MOS=4.65/DP=0.48); fotografias de cabeça e pescoço (MOS=4.0/DP=0.69); telerradiografia (MOS= 3.69/ DP=0.61); fotografias de língua (MOS=3.65/DP=0.97), de oclusão (MOS=3.53/DP=1.02) e da cavidade bucal (MOS=3.53/DP=0.90) compuseram a documentação fonoaudiológica final, validada no presente trabalho. A Radiologia odontológica tem muito a contribuir para a sistematização e fornecimento de exames complementares à Fonoaudiologia, exercendo papel importante no diagnóstico dos distúrbios orais miofuncionais.

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ABSTRACT

Miofunctional oral disturbies are alterations in the maxilofacial system that can as much reflected being of craniofacial and dental abnormalitys how much cause them. The complementary examinations help the clinical examination in the attainment of the diagnosis and make possible one better planning of the therapeutic actions. Many radiographic examinations have huge relevance for threatment of miofunctional disturbies, therefore they supply craniofacial data with more objective form. This research intends to validate a protocol of documentation, carried through in radiology clinic, that takes care of to the diagnostic necessities of the professionals that leads with these problems and constitutes a link of communication with odontology. Radiografic examinations had been carried through (panoramic, cephalometric radiographies at two expositions [lateral and posteroanterior], hand and wrist exposition and TMJ radiography); photographs (of entire body, head and neck, occlusion, buccal cavity and tongue); models in plaster cast and filming (speaking and chew/deglutition). The examinations made at the proper researcher, had been evaluated by 26 operating professionals of Oral Motricity, that had attributed notes how much to the relevance of the same ones for the diagnosis (1=not important; 2= low importance; 3=important; 4=very important; 5=essential). The registers that had gotten superior average of subjective opinion than 3,5 had been selected to compose the final documentation: filming (SOA =4.65/SD=0.48); photographs of head and neck (SOA =4.0/SD=0.69); cephalometric lateral radiography (SOA = 3,69/DP=0.61); photographs of tongue (SOA =3.65/SD=0.97), of occlusion (SOA =3.53/SD=1.02) and of the buccal cavity (SOA =3.53/SD=0.90). Odontological radiology has much to contribute for the systematization and supply of complementary examinations to other areas, being exerted important paper in the diagnosis of the miofuncional oral disturbies.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 01 - Representação esquemática dos exames iniciais propostos... 34 GRÁFICO 01 - Perfil dos profissionais entrevistados... 40 GRÁFICO 02 - Inter-relação entre a Odontologia e a Fonoaudiologia de acordo com

profissionais da Fonoaudiologia... 41 GRÁFICO 03 - Principais razões de encaminhamentos de pacientes pelos

odontólogos aos fonoaudiólogos... 42 GRÁFICO 04 - Informações disponíveis para a avaliação

fonoaudiológica... 42 GRÁFICO 05 - Duração média da consulta fonoaudiológica

inicial... 43 GRÁFICO 06 - Distribuição das notas atribuídas à radiografia

panorâmica... 44

GRÁFICO 07 - Distribuição das notas atribuídas à

telerradiografia... 44 GRÁFICO 08 - Distribuição das notas atribuídas à radiografia póstero-anterior

cefalométrica... 44 GRÁFICO 09 - Distribuição das notas atribuídas à radiografia

carpal... 45 GRÁFICO 10 - Distribuição das notas atribuídas à radiografia transcraniana para

ATM... 45 GRÁFICO 11 - Distribuição das notas atribuídas às fotografias extrabucais de corpo

inteiro... 45 GRÁFICO 12 - Distribuição das notas atribuídas às fotografias de cabeça e

pescoço... 46 GRÁFICO 13 - Distribuição das notas atribuídas às fotografias intrabucais

(oclusão)... 46 GRÁFICO 14 - Distribuição das notas atribuídas às fotografias intrabucais

(língua)... 46 GRÁFICO 15 - Distribuição das notas atribuídas às fotografias da cavidade

bucal... 47 GRÁFICO 16 - Distribuição das notas atribuídas aos modelos em

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GRÁFICO 17 - Distribuição das notas atribuídas ao registro dinâmico de

fonoarticulação, mastigação e deglutição (filmagem)... 47

GRÁFICO 18 - Média (+/- desvio padrão) de opinião subjetiva relativa aos exames... 48

GRÁFICO 19 - Listagem dos exames em ordem crescente de aceitabilidade pelos profissionais entrevistados... 49

FIGURA 02 - Representação esquemática dos exames validados... 55

FIGURA 03 - Radiografia panorâmica... 62

FIGURA 04 - Telerradiografia... 63

FIGURA 05 - Traçado anatômico da telerradiografia... 64

FIGURA 06 - Radiografia póstero-anterior... 66

FIGURA 07 - Radiografia carpal... 67

FIGURA 08 - Traçado anatômico da radiografia carpal... 68

FIGURA 09 - Radiografia transcraniana – lado esquerdo... 69

FIGURA 10 - Radiografia transcraniana – lado direito... 69

FIGURA 11 - Fotografia de corpo inteiro - ventral... 71

FIGURA 12 - Fotografia de corpo inteiro – dorsal... 71

FIGURA 13 - Fotografia de corpo inteiro – lateral direita... 71

FIGURA 14 - Fotografia de corpo inteiro – lateral esquerda... 71

FIGURA 15 - Fotografia de cabeça e pescoço - frontal... 72

FIGURA 16 - Fotografia de cabeça e pescoço – perfil direito... 72

FIGURA 17 - Fotografia de cabeça e pescoço – perfil esquerdo... 72

FIGURA 18 - a, b, c – análises faciais frontais... 73

FIGURA 19 - a, b, c – análises faciais de perfil... 74

FIGURA 20 - Fotografia intrabucal – oclusão frontal... 75

FIGURA 21 - Fotografia intrabucal – oclusão lateral direita... 75

FIGURA 22 - Fotografia intrabucal – oclusão lateral esquerda... 75

FIGURA 23 - Fotografia intrabucal – protrusão lingual... 76

FIGURA 24 - Fotografia intrabucal – lateralidade da língua para direita... 76

FIGURA 25 - Fotografia intrabucal – lateralidade da língua para esquerda... 76

FIGURA 26 - Fotografia intrabucal – cavidade bucal... 77

FIGURA 27 - Fotografia intrabucal – soalho bucal... 77

FIGURA 28 - Fotografia intrabucal – palato mole... 77

FIGURA 29 - Modelos em gesso... 78

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 - Inter-relação entre a Odontologia e a Fonoaudiologia de acordo com profissionais da Fonoaudiologia... 41 TABELA 02 - Média (+/- desvio padrão) de opinião subjetiva relativa aos

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS mA - Miliamperagem Kvp - Quilovoltagem s - Segundos mm - Milímetros cm - Centímetros m - metros SP - São Paulo MT - Mato Grosso AM - Amazonas

USA - United States of América ml - mililitros

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES... vii

LISTA DE TABELAS... ix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS... x

1. INTRODUÇÃO... 12

2. PROPOSIÇÃO... 14

3. REVISÃO DA LITERATURA... 15

3.1. Sistema estomatognático... 15

3.2. Distúrbios orais miofuncionais... 16

3.2.1. Conceito e classificação... 16 3.2.2. Abordagens terapêuticas... 17 3.3. Motricidade oral... 18 3.4. Avaliação miofuncional... 20 3.4.1. Anamnese... 20 3.4.2. Exame clínico... 20 3.4.3. Exames complementares... 21 3.4.3.1. Registros radiográficos... 22 3.4.3.2. Registros fotográficos... 26 3.4.3.3. Modelos de estudo... 30

3.4.3.4. Registro dinâmico (filmagem)... 31

3.4.3.5. Outros exames... 33

4. METODOLOGIA ... 34

4.1. Obtenção dos exames... 34

4.2. Avaliação do protocolo... 38

4.3. Análise estatística dos dados... 38

5. RESULTADOS... 40

5.1. Características dos profissionais e seus métodos de trabalho... 40

5.2. Avaliação dos exames constituintes da documentação fonoaudiológica... 43

6. DISCUSSÃO... 50

7. CONCLUSÃO... 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 56

(13)

1. INTRODUÇÃO

O sistema estomatognático é constituído por diversas estruturas, como tecidos ósseos, dentários, musculares e estruturas vásculo-nervosas, que atuam em conjunto e, em condições de normalidade, de forma fisiologicamente cadenciada. Por conseguinte, a presença de disfunção em alguma dessas estruturas pode influenciar diretamente nas demais, gerando uma desarmonia no referido sistema. (NARAZAKI e FERREIRA, 2000)

Os distúrbios orais miofuncionais são exemplos de alterações que podem ser reflexo de estruturas craniofaciais comprometidas ou ainda podem ser fator etiológico para o desenvolvimento de alterações ósseas e dentárias. É notório que disfunções musculares podem atuar no crescimento e desenvolvimento facial e postural do indivíduo. Dessa forma, há uma atuação recíproca dos componentes do sistema estomatognático, que ora podem ser agentes de modificações estruturais, ora podem ser alvos dessas alterações. (MARCHESAN, 2003)

Portanto, conhecer intimamente as relações existentes entre tecidos duros e moles do crânio é essencial para conduzir adequadamente casos em que se observam alterações morfológicas e funcionais relacionadas à respiração, fonoarticulação, mastigação e deglutição.

Não obstante se verifique uma íntima conexão entre as porções anatômicas e as funções por elas realizadas, os profissionais da odontologia e da fonoaudiologia ainda realizam sua abordagem terapêutica de forma independente, o que é contraditório do ponto de vista fisiológico.

Os exames complementares coadjuvam o exame clínico na obtenção do diagnóstico e possibilitam um melhor planejamento da terapia a ser realizada. Isso ocorre porque geralmente fornecem dados mais objetivos acerca das condições estruturais do paciente. Essas informações direcionam o profissional no desenvolvimento de uma abordagem clínica individualizada, concernente à alteração morfofuncional detectada especificamente no indivíduo que está sendo avaliado. (SILVA e CUNHA, 2005)

Muitos dos exames radiográficos utilizados na odontologia para o diagnóstico de alterações craniofaciais são de expressiva relevância para a fonoaudiologia. Eles

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proporcionam detalhes acerca das estruturas ósseo-dentárias e fornecem dados que ajudam o fonoaudiólogo a elaborar estratégias terapêuticas compatíveis com o atual estágio de desenvolvimento do paciente.

Além dos exames radiográficos, outro artifício que é amplamente utilizado pela odontologia e pode contribuir no diagnóstico fonoaudiológico é o registro fotográfico do paciente. Imagens fotográficas podem contribuir na identificação de alterações e análise da harmonia facial, corroborando com as análises clínicas realizadas por esses profissionais. Tais imagens podem ser relevantes também do ponto de vista da documentação dos casos clínicos, com obtenção das mesmas antes e depois do tratamento. (SILVA e CUNHA, 2005)

Essas e outras contribuições podem ser oferecidas por centros de diagnóstico radiológico, beneficiando ambos os profissionais e ajudando a integrá-los. Esforços nesse sentido são verificados em trabalhos que visam formalizar um conjunto de exames importantes para a avaliação diagnóstica. Entretanto, ainda existe uma lacuna entre profissionais da Odontologia e da Fonoaudiologia que posterga os promissores resultados de uma abordagem multidisciplinar.

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2. PROPOSIÇÃO

1. Validar protocolo de documentação fonoaudiológica, composto por exames que atendam às necessidades diagnósticas de fonoaudiólogos e odontólogos no que diz respeito aos distúrbios orais miofuncionais.

2. Estabelecer um elo de comunicação mais efetivo entre a Odontologia e a Fonoaudiologia, contribuindo para uma abordagem multidisciplinar dos distúrbios orais miofuncionais.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Sistema estomatognático

O sistema estomatognático é constituído por um conjunto de tecidos ósseos e musculares e por espaços orgânicos que juntos desempenham diversas funções, sob o comando do sistema nervoso central. As principais funções desempenhadas são a respiração, fonação, mastigação, sucção, deglutição e postura da cabeça. (GOMES et al., 1984)

É importante ressaltar que cada uma dessas funções só é realizada de maneira satisfatória quando as estruturas envolvidas estão atuando conjuntamente e em harmonia. Caracteriza-se, pois, uma inespecificidade dos órgãos maxilofaciais, já que as funções por eles desempenhadas geram uma intersecção em suas atuações. (GOMES et al., 1984)

A interação entre os tecidos moles e duros craniofaciais é expressiva e por isso deve haver um equilíbrio de pressões entre os mesmos. Dessa forma, a pressão exercida pela língua sobre as arcadas dentárias deve ser equivalente à pressão exercida pelos músculos orbicular dos lábios e bucinador sobre as arcadas, permitindo uma estabilidade dessas estruturas. Igualmente, existe uma contraposição da força exercida pela corrente aérea em um sentido e pela língua no outro, sobre o palato duro. (GOMES et al., 1984)

A necessidade desse equilíbrio enseja a suposição de que possíveis alterações esqueléticas ou oclusais possam agir como fatores etiológicos no desenvolvimento de distúrbios orais miofuncionais e vice-versa. Pesquisando a respeito deste tópico diversos autores tentaram correlacionar distúrbios na fala e na deglutição a maloclusões.

As alterações na fala e nas demais funções do sistema estomatognático devem ser avaliadas cuidadosamente, ressaltando as características morfofisiológicas individuais de cada paciente. A forma ou função alteradas dos componentes desse sistema podem ocasionar distúrbios articulatórios. (MARCHESAN, 2003)

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Rossi e Ávila (1999) analisaram as produções de determinados fonemas em pacientes com oclusão normal e portadores de maloclusões. Observaram que apesar da maloclusão não atuar de maneira determinante na produção de substituições ou omissões dos fonemas, pode influenciar na obtenção dos mesmos.

As funções desempenhadas pelos tecidos maxilofaciais, como a mastigação e a deglutição, dependem do estágio de crescimento e amadurecimento dos mesmos. Assim sendo, o conjunto de músculos e movimentos realizados durante a sucção e deglutição do leite materno em neonatos será completamente diferente da mastigação e deglutição em pacientes com dentição completa, ingerindo alimentos sólidos. (GOMES et al., 1984)

3.2. Distúrbios orais miofuncionais

3.2.1. Conceito e classificação

Distúrbios orais miofuncionais são alterações nas funções realizadas pelos órgãos fonoarticulatórios, mais especificamente em grupos musculares, que executam as funções de respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala. (NARAZAKI e FERREIRA, 2000)

Alguns autores consideram-nos decorrência de dois quadros sistêmicos básicos: pacientes com alterações neurológicas e pacientes com alterações músculo-esqueletais. (NARAZAKI e FERREIRA, 2000)

Dentre os distúrbios orais miofuncionais mais frequentemente encontrados, podemos citar, em ordem decrescente de acometimento: deglutição disfuncional, respiração oral, hábitos de sucção, malposicionamento de língua em repouso, interposição lingual, interposição de lábio inferior, lábio superior curto, dentre outros. (GARRETTO, 2003)

Como fatores etiológicos da respiração oral podemos citar as malformações congênitas de septo e conchas, as alterações de natureza alérgica como as rinites e obstruções adenoideanas. A deglutição disfuncional, por sua vez, pode ser causada por maloclusões, deficiências sensoriais e hábitos de sucção. Ressalte-se que

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pacientes que apresentam respiração oral podem vir a apresentar deglutição disfuncional concomitantemente. (GARRETTO, 2003)

No que tange ao quadro de interposição lingual é relevante ressaltar que muitos autores consideram-na uma conseqüência de um relacionamento morfológico anormal, ao passo que outros pesquisadores afirmam que a interposição lingual atua como agente etiológico para as maloclusões. A concepção mais atualizada é a de uma aceitação da reciprocidade de atuação dessas estruturas. (BIANCHINI, 2001)

3.2.2. Abordagens terapêuticas

A terapia miofuncional visa reestabelecer ou obter um equilíbrio muscular orofacial, corrigindo a respiração oral, mastigação e deglutição e criando um novo padrão neuromuscular.

Para alcançar tal objetivo é necessário atuar em diversas funções e estruturas, realizando procedimentos que objetivam reeducar os padrões musculares inadequados e reabilitar as funções reflexo-vegetativas, que garantem a estabilidade e a saúde do sistema estomatognático. (COMIN e PASSOS FILHO, 1999)

As atividades realizadas para a obtenção de uma correta fisiologia orofacial visam melhorar a respiração nasal; obter um melhor vedamento labial; assumir correta posição de repouso de lábios, língua e mandíbula; melhorar a mobilidade lingual e reduzir a pressão dessa sobre os dentes; ter maior controle sobre os movimentos linguais, inclusive de sua porção posterior, exercitar e tonificar os músculos linguais; relaxar músculos faciais e não demonstrar expressões durante a deglutição; deglutir em oclusão; tonificar lábios e melhorar padrões de deglutição de líquidos. (GARRETTO, 2003)

É valido salientar que existem alguns fatores que condicionam a resposta do paciente à terapia miofuncional como a idade; o interesse e a motivação; a cooperação do paciente e dos familiares; os procedimentos utilizados; a compreensão do paciente da necessidade do tratamento; as possibilidades de reeducação; a freqüência e a duração do tratamento. (GARRETTO, 2003)

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3.3. Motricidade Oral

Motricidade Oral é um campo da Fonoaudiologia voltado para o estudo, pesquisa, avaliação, diagnóstico e tratamento das estruturas e funções relacionadas às regiões orofacial e cervical. (AMARAL et al., 2006)

O trabalho é realizado por equipe multidisciplinar, na qual o fonoaudiólogo avalia e trata grupos musculares dos órgãos fonoarticulatórios, de acordo com suas possibilidades estruturais, com o objetivo de prevenir, habilitar ou reabilitar funções orais de respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala. A atuação abrange as funções comprometidas por alterações neurológicas, músculo-esqueletais ou mistas, adquiridas ou congênitas, independentemente da faixa etária do indivíduo. (NARAZAKI e FERREIRA, 2000)

O reconhecimento de que os músculos exercem papel fundamental no crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático foi concebido por volta do ano de 1918, época em que diversos autores começaram a pesquisar sobre a influência da musculatura na forma e função dos tecidos orofaciais. A maioria desses pesquisadores tratavam-se de profissionais da Odontologia que estudavam mecanismos para favorecer o tratamento ortodôntico e evitar recidivas. (COMIN e PASSOS FILHO, 1999)

A partir desse contexto inicial, duas linhas de trabalho surgiram: a Ortopedia Funcional dos Maxilares, ramo da Odontologia e a Motricidade Oral, ramo da Fonoaudiologia. Ambas têm a finalidade de produzir condições favoráveis ao crescimento e desenvolvimento do complexo craniofacial utilizando, entretanto, de metodologias diversas. Não necessariamente as metodologias são excludentes, podendo uma complementar a função e a atuação da outra, tendo em vista que a filosofia de trabalho é a mesma. (COMIN e PASSOS FILHO, 1999)

O fato das estruturas ósseas, dentárias e musculares estarem em íntima relação e exercerem suas funções de maneira conjunta e indissolúvel, com interações recíprocas, faz com que a Odontologia e a Fonoaudiologia tenham tantos pontos em comum.

Amaral e colaboradores em 2006 exemplificam a importância da Fonoaudiologia nas mais diversas áreas da Odontologia. Na Ortodontia, por

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exemplo, citam a importância de ajustes funcionais na musculatura que garantam o equilíbrio das forças internas e externas, evitando recidivas. Na Odontopediatria, comentam a respeito da ação preventiva para inibição de hábitos deletérios e estímulo a hábitos saudáveis como a amamentação, que desenvolve a função de sucção. Os ajustes miofuncionais também são necessários àqueles pacientes que se submeteram a cirurgias buco-maxilo-faciais, como a cirurgia ortognática, verificando-se a necessidade de readaptação das estruturas moles.

Além dessas situações, casos de grandes reabilitações orais, casos de disfunções nas articulações temporomandibulares, situações em que a posição incorreta da língua comprometa a saúde do periodonto, dentre outras situações, também exigem a intervenção de profissionais da fonoaudiologia paralelamente. (AMARAL et al., 2006)

De maneira recíproca, autores revelam a importância da atuação da Odontologia no fornecimento de condições estruturais para desenvolvimento de funções harmônicas. É o caso de Felício e colaboradores que, em um trabalho realizado em 2003, afirmam que as relações espaciais entre as extremidades dentárias, bem como a relação entre os dentes, a língua e os lábios são determinantes na produção de fonemas, concluindo que, por essa perspectiva, a fala depende do crescimento e desenvolvimento craniofacial.

Desde a época do surgimento das especialidades na Odontologia e na Fonoaudiologia esforços são realizados por alguns profissionais na tentativa de atuarem de maneira multidisciplinar, visando benefícios aos pacientes. Entretanto a tendência seguida pela maioria dos profissionais foi a atuação isolada, com cerceamento da comunicação e do fornecimento de informações relevantes à condução do caso por ambas as partes. (COMIN e PASSOS FILHO, 1999)

A existência de equipes de trabalho com atuação interdisciplinar requer que os profissionais nelas inseridos detenham algum conhecimento sobre as demais especialidades para que a comunicação seja profícua e a atuação, eficiente. (DUARTE e FERREIRA, 2003)

O diagnóstico e a reabilitação realizados por equipes multi e interdisciplinares revelam uma atuação que ultrapassa a visão reducionista da Ciência. (KYRILLOS et al., 1996)

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3.4. Avaliação miofuncional

3.4.1. Anamnese

A avaliação fonoaudiológica, assim como as demais avaliações de saúde que visam o diagnóstico e a proposição de um plano de tratamento, deve iniciar-se com uma anamnese detalhada. É interessante que haja a realização de um relato espontâneo inicialmente para que o paciente exponha suas dificuldades e direcione a entrevista inicial. É nesse momento que o profissional inicia sua avaliação, anotando dados técnicos a respeito da articulação das palavras, do modo de respiração predominante, da deglutição de saliva, da postura habitual e demais informações antes mesmo que o paciente perceba que está sendo avaliado. (BIANCHINI, 2001)

É essencial que o profissional mostre ao paciente e aos responsáveis por este a importância da avaliação e do tratamento. Esse trabalho inicial servirá como base para definir a aceitabilidade e a motivação do paciente. Durante a entrevista é primordial avaliar estudos radiográficos, modelos e demais informações odontológicas e médicas que o paciente possua. (GARRETO, 2003)

3.4.2. Exame clínico

O objetivo da avaliação miofuncional é não somente constatar a presença de distúrbios, mas também compreender a correlação existente entre o problema e seus efeitos no desempenho das atividades que envolvem o sistema estomatognático. Ponderando esses fatores, uma outra etapa da avaliação é a de julgar a real possibilidade do profissional de intervir e contribuir para a melhora do caso. (BIANCHINI, 2001)

Bianchini (2001) relata que pelo fato de haver uma relação de interdisciplinaridade da Fonoaudiologia com áreas como a Odontologia e a Otorrinolaringologia é essencial buscar dados junto a essas áreas afins para

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complementação do diagnóstico. A autora demonstra também a importância da utilização de exames complementares e da discussão destes com profissionais das diversas áreas do conhecimento.

Durante o exame clínico são realizadas atividades que ajudam a avaliar as funções básicas de respiração, fala, mastigação e deglutição. A autora Garreto (2003) cita algumas dessas atividades, como a prova de Rosenthal, de Gudin e de Glatzel que são mecanismos para avaliação da capacidade respiratória do paciente. Evidencia-se nesse mesmo trabalho que a complementação dessas análises com exames que proporcionem informações adicionais e quantificáveis é extremamente relevante para o diagnóstico.

Métodos clínicos de avaliação, com realização de tarefas motoras pelo paciente, com respectivo registro pelo profissional são amplamente utilizados e contribuem significativamente para o diagnóstico. Entretanto, complementando a avaliação clínica é necessário utilizar mecanismos quantitativos que proporcionem maior objetividade às avaliações iniciais e às realizadas durante o curso do tratamento, para a verificação efetiva de mudanças. (BARROS, FELÍCIO e FERREIRA, 2006)

3.4.3. Exames complementares

Existem diversos exames e registros que podem ser realizados com objetivo de complementar o exame clínico fonoaudiológico, fornecendo informações adicionais que podem não ter sido percebidas durante avaliação ou que sejam de difícil percepção e mensuração. Tais exames geralmente conferem um caráter mais objetivo e padronizado à avaliação miofuncional.

Com base nesse princípio, autores como Silva e Cunha (2005) propuseram-se a propuseram-selecionar um conjunto de exames que fospropuseram-sem relevantes à avaliação fonoaudiológica, estabelecendo alguns critérios para a padronização dos mesmos.

Sem dúvida alguma, o estabelecimento de uma documentação de casos clínicos, como demonstra a experiência advinda da documentação ortodôntica na odontologia, impõe ao profissional uma ordem mental e uma disciplina que se revelam úteis no curso da terapia.

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Além disso, tem o poder de estabelecer uma comunicação efetiva entre profissionais; serve para confrontação de resultados pós-terapêuticos com a fase inicial; trata-se de um registro médico-legal; pode ser utilizada para publicação de casos clínicos, contribuição às instituições de ensino e pesquisa, demonstrando o tipo de patologia, o tipo de abordagem terapêutica realizada e a filosofia do profissional que conduziu o caso. (TANIGUTE, 2005)

Os exames complementares que, de acordo com a literatura, apresentam maior relevância serão abaixo elencados, acompanhados de suas respectivas contribuições para o diagnóstico dos distúrbios orais miofuncionais.

3.4.3.1. Registros radiográficos

Algumas imagens radiográficas de uso rotineiro da Odontologia são de grande valor para o diagnóstico, planejamento e execução do tratamento das disfunções orais miofuncionais, como é o caso das que a seguir serão descritas.

3.4.3.1.1.Radiografia panorâmica

A radiografia panorâmica oferece informações gerais a respeito da anatomia maxilo-mandibular, sendo importante como exame inicial das estruturas ósseas e detecção de possíveis lesões que acometam tais tecidos. Deve constar na análise preliminar de qualquer plano terapêutico odontológico e fonoaudiológico, pois a presença de lesões no complexo bucomaxilofacial poderá contra-indicar determinadas condutas. A movimentação ortodôntica e a terapia fonoaudiológica só poderão ser realizadas após a determinação desses fatores. (BIANCHINI, 2000)

As áreas nobres a serem avaliadas no exame radiográfico panorâmico são os seios maxilares, o septo e os cornetos nasais e as relações entre os elementos dentários. (GARRETO, 2003)

Utilizando a radiografia panorâmica, o fonoaudiólogo tem a possibilidade de informar-se sobre as condições gerais de saúde dentária do paciente que, de acordo

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com Bianchini (2000), interferem nas possibilidades funcionais, em especial na mastigação. Dados como a presença de falhas dentárias, uso de próteses, reabilitações com implantes, presença de patologias dentárias ou periodontais são importantes para avaliação da viabilidade de uma efetiva mastigação bilateral alternada.

3.4.3.1.2. Telerradiografia de perfil acompanhada de análise cefalométrica

A telerradiografia é um exame bastante explorado pela Odontologia nas fases de planejamento, acompanhamento e término da terapia ortodôntica. Devido à sua riqueza de detalhes, fornece informações a respeito do tipo facial, da presença e da posição dos dentes, da oclusão dentária, da estrutura da articulação temporomandibular, dentre outras. (GARRETO, 2003)

Os padrões craniofaciais, quando intensos, podem ser constatados visualmente no exame clínico. Entretanto uma caracterização mais definitiva deve ser buscada por meio de exames complementares como a telerradiografia. O acesso do fonoaudiólogo a esse exame, acompanhado de laudo e análises cefalométricas pertinentes, possibilita a obtenção de dados mais concretos e mensuráveis se comparados àqueles obtidos por uma avaliação clínica que, por mais minuciosa que seja, não capta detalhes no que tange à harmonia entre as partes ósseas da face, entre os dentes e os ossos e entre os ossos e tecidos moles (perfil mole, língua e adenóide). (BIANCHINI, 1998)

Essas informações são essenciais para definir o limite de atuação de cada profissional. Caso a estrutura esquelética tenha que ser modificada, recorre-se ao Ortodontista; se há harmonia óssea e disfunção muscular, a intervenção do Fonoaudiólogo é recomendada. Além dessas duas situações, há casos em que se requer a atuação conjunta, quando se verifica comprometimento mútuo das estruturas. Mais uma vez fica patente a relação de intimidade entre as duas atividades profissionais. (BIANCHINI, 1998)

A cefalometria contribui também para a visualização dos espaços orgânicos, direção do crescimento ósseo, previsão ou estabelecimento de padrões posturais de língua e lábios, além da documentação dos resultados do tratamento. A análise

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cefalométrica mais comumente utilizada é a de Ricketts, que oferece informações acerca do eixo facial, da profundidade facial, do plano mandibular, da altura facial inferior, do arco mandibular, da profundidade maxilar, dentre outras informações sobre o posicionamento dentário. Também são utilizadas análises cefalométricas específicas para evidenciação das vias aéreas, com mensurações pertinentes, e espaços adenoideanos. (BIANCHINI, 1998)

Tessitore e Crespo (2002) estudaram o posicionamento habitual da língua e utilizaram dois grupos de pesquisa. Um deles submeteu-se à realização de telerradiografias sem contraste (tradicionais) e o outro com contraste de sulfato de bário sobre o dorso da língua. O estudo demonstrou a relevância desse exame para a avaliação do posicionamento habitual da língua, que anteriormente era feita de forma subjetiva pelos fonoaudiólogos. A posição habitual da língua é um fator essencial para o desenvolvimento da oclusão dentária e tem relação com a dimensão antero-posterior e vertical da cavidade oral. Um mau posicionamento pode ser fator etiológico de maloclusões. A conclusão obtida foi de que a utilização do contraste permite a visualização das diversas regiões da língua, o que constitui significativo auxílio para uma análise objetiva da mesma em relação às estruturas vizinhas.

A aplicabilidade da cefalometria para o diagnóstico e tratamento odontológico e fonoaudiológico é vasta. A avaliação em conjunto é importante inclusive para evitar a recidiva de problemas, pois a posição de repouso dos lábios e língua é essencial para a manutenção da posição dos dentes e arcos dentários. Em contrapartida, para obter estabilidade postural de língua e lábios, forma e função (mastigação, deglutição e articulação dos sons) devem ser corrigidas.

3.4.3.1.3. Radiografia Póstero-Anterior

Esse exame serve como complemento para radiografia cefalométrica lateral, pois dá informações acerca de desvios craniofaciais transversais. Além disso, fornece informações sobre o estado dos seios paranasais (frontal, esfenoidal, etmoidais e maxilares) e evidencia a presença de alterações nos cornetos e no septo nasal. Geralmente é utilizado acompanhado de traçado cefalométrico em

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norma frontal de Ricketts, análise que nos dá informações sobre as variações esqueléticas e dentárias encontradas. (BIANCHINI, 1998)

3.4.3.1.4. Carpal

Exame radiográfico utilizado principalmente em crianças e adolescentes para verificação do crescimento e do grau de maturação óssea. Esse exame permite estabelecer uma comparação entre a idade óssea e a idade cronológica dos pacientes, com base em tabelas de valores consagrados em literatura. A importância da verificação da idade óssea do paciente para o tratamento fonoaudiológico consiste na determinação das possibilidades de alterações ósseas no indivíduo. Assim como a ortopedia funcional dos maxilares delimita uma faixa temporal para que os aparelhos músculo-estimuladores tenham efeito sobre a arcada e as bases ósseas, a fonoaudiologia deve conhecer o estágio de desenvolvimento em que o paciente a ser tratado se encontra. Essa informação irá direcionar e delimitar os esforços terapêuticos. (SILVA e CUNHA, 2005)

3.4.3.1.5. Radiografia transcraniana para ATM

O objetivo central da avaliação fonoaudiológica em pacientes portadores de disfunções na articulação temporomandibular é identificar possíveis desequilíbrios musculares e funcionais que interfiram negativamente em reabilitações orais extensas. Entretanto, para o adequado diagnóstico das alterações musculares, é essencial estudar as bases ósseas, para identificar possíveis limitações anatômicas à realização da movimentação normal. (BIANCHINI, 2000)

A técnica radiográfica utilizada para avaliação dos tecidos ósseos da articulação temporomandibular consiste em exposições do paciente em três estágios diferentes de abertura bucal: boca fechada; mordida topo-a-topo ou relação central e abertura bucal máxima. A primeira e a segunda exposições servem para identificar a posição do côndilo em relação à fossa articular e verificar a conformação do espaço

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intra-articular e a morfologia condilar. A terceira exposição se destina à análise do grau de movimentação anterior do côndilo, para identificação de processos de hipermobilidade ou bloqueio de movimento mandibulares, informações essenciais para o diagnóstico odontológico e fonoaudiológico. (TESSLER, 2000)

Existem exames ainda mais sofisticados como a tomografia computadorizada, a ressonância magnética, a eletromiografia e a eletrognatografia que oferecem dados específicos a respeito das estruturas ósseas e principalmente a respeito da atividade muscular, sendo importantes durante o acompanhamento da terapia muscular. Entretanto, devido à dificuldade de acesso a tais exames estes ficam reservados a casos específicos de disfunções mais severas. (TESSLER, 2000)

3.4.3.2. Registros fotográficos

A documentação fotográfica já é vastamente utilizada pela odontologia com diversas finalidades, quais sejam o registro de casos clínicos, a avaliação de tratamentos concluídos, a comunicação e a discussão de procedimentos clínicos, a pesquisa, o ensino, a utilização em conferências e demonstrações, publicações e, finalmente, como documentação legal.

Especialmente na especialidade de ortodontia já existe um protocolo de imagens que são rotineiramente solicitadas e são executadas em clínicas de radiologia odontológica que suprem as necessidades diagnósticas específicas dessa classe profissional. O protocolo geral é o fornecimento de imagens extrabucais de frente e de perfil direito e de fotografias intrabucais de frente, lados direito e esquerdo e oclusais. (MACHADO, 1982)

As imagens necessárias a uma avaliação fonoaudiológica completa do paciente são mais numerosas e têm enfoque diferenciado das imagens tradicionais para ortodontia, pois abrangem estruturas que não são avaliadas detalhadamente pela odontologia. As mesmas serão a seguir elencadas e descritas, associadas à sua finalidade e importância para a referida avaliação. (SILVA e CUNHA, 2005)

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3.4.3.2.1. Fotografias de corpo inteiro

Consistem em imagens de todo o corpo do paciente em quatro posições básicas: de frente (ventral), de costas (dorsal) e dos lados direito e esquerdo. O objetivo geral das imagens corporais é o de fornecer dados sobre a postura do paciente em sua posição habitual.

As fotografias ventral e dorsal são realizadas com intuito de demonstrar a relação postural entre as seguintes estruturas: cabeça e ombros, ombros e quadril. As fotografias laterais direita e esquerda objetivam demonstrar anteriorizações ou posteriorizações da cabeça em relação aos ombros. (SILVA e CUNHA, 2005)

Essas fotografias podem ser realizadas sobre um aparelho denominado simetógrafo, cuja finalidade é a de proporcionar uma uniformidade do posicionamento do paciente em todas as fotografias sem, no entanto, interferir na postura habitual do mesmo. (SILVA e CUNHA, 2005)

As imagens acima descritas são importantes porque revelam a presença de desarmonias posturais, que podem levar a alterações no posicionamento da cabeça e da língua durante a fala e a deglutição. Estes indícios podem revelar, ainda, a presença de respiração oral e mastigação unilateral. Para detecção dessas variações o paciente tem que se submeter à fotografia em sua posição postural habitual para que não haja mascaramento das mesmas.

Um artifício interessante que pode ser associado às imagens fotográficas é a realização de análises posturais. Tais análises podem ser realizadas por meio de softwares apropriados que, de acordo com as marcações realizadas pelo operador, tracejam linhas no sentido sagital e axial do paciente, fornecendo dados mensuráveis quanto a desvios posturais.

Rahal e Krakauer (2001) evidenciam a importância da análise postural do paciente para a avaliação miofuncional fonoaudiológica. As autoras afirmam que essa análise não é habitualmente realizada devido ao desconhecimento dos profissionais da fonoaudiologia quanto à sua execução e aplicação.

A análise da postura corporal é fundamental para que a avaliação fonoaudiológica se torne completa e o diagnóstico mais preciso. Nos planos ventral e dorsal, deve-se observar a simetria de ombros, escápulas, cotovelos, linha da cintura, linha do quadril, joelhos e pés. Nos planos sagitais (lateral direita e

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esquerda) é importante avaliar a postura da cabeça. Uma referência utilizada para essa última análise é a de que a orelha deve estar em linha com o meio do ombro. Situações diversas desta podem significar anteriorizações ou posteriorizações da cabeça. Avaliação semelhante deverá ser feita em relação aos ombros. (RAHAL e KRAKAUER, 2001)

A utilização de fotografias para a realização dessas análises é o recurso ideal, pois possibilita comparações posteriores, quando o tratamento já houver sido concluído. No entanto, é necessário estar atento à padronização das fotos no que diz respeito à distância, iluminação e fundo. Deve-se ressaltar também que o fotógrafo não deverá corrigir a posição do paciente, o que interferiria na análise da posição habitual. (RAHAL e KRAKAUER, 2001)

A relevância da análise postural está justificada pelo fato de que pacientes com déficit no controle postural apresentam alterações no tônus, postura e movimento dos órgãos fonoarticulatórios, prejudicando as funções de sucção, deglutição, mastigação, respiração e na coordenação entre tais atividades. (VAL et al, 2005)

3.4.3.2.2. Fotografias de cabeça e pescoço

Essas imagens se assemelham às requisitadas pela ortodontia, sendo acrescentada apenas a exposição do perfil esquerdo e não somente o perfil direito, já que a análise dessas imagens visa a detecção de assimetrias e expansões musculares de ambos os lados.

Desse modo, realizar-se-iam três fotos: uma de frente, com enquadramento focado no rosto e pescoço do paciente e duas de perfil (direito e esquerdo), mantendo a proporcionalidade em relação à primeira. A mesma inferência com relação à posição habitual do paciente feita para as imagens de corpo inteiro é válida para essas imagens.

Esse conjunto de fotografias proporcionará informações a respeito de assimetrias ósseas e musculares, da expressão facial, presença de olheiras, da postura e morfologia de lábios e bochechas e também da relação maxilo-mandibular. A presença de alterações oclusais e esqueléticas, a perda ou ganho de tônus

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muscular e indícios de respiração bucal também são informações captáveis. (SILVA e CUNHA, 2005)

Análises faciais já fazem parte da rotina dos ortodontistas. Acrescer essas análises às imagens voltadas para a fonoaudiologia seria uma contribuição interessante, até mesmo para que os dados referentes aos tecidos moles possam ser comparados com os dados obtidos nos exames radiográficos de telerradiografia e póstero-anterior.

A verificação da presença de tensão facial constante, repouso de lábios e língua, simetria da face e alguns hábitos como o apertamento dental pode ser realizada a partir dessas imagens iniciais. (BIANCHINI, 2000)

Habitualmente, as análises dos terços faciais do indivíduo são realizadas utilizando-se a mensuração com paquímetro durante o exame clínico fonoaudiológico. (SILVA e CUNHA, 2005) Essa atividade seria adequadamente suprida pelo fornecimento de dados, com medidas precisas, utilizando-se ferramentas computacionais sobre as fotografias.

3.4.3.2.3. Fotografias intrabucais

Esse grupo de imagens, como já mencionado anteriormente, abrange um número maior de enfoques que os habitualmente obtidos para a odontologia. Isso se deve à variedade de estruturas que são pormenorizadamente analisadas pela fonoaudiologia. Nesse caso, não somente as estruturas dentárias, a oclusão e a saúde do tecido periodontal são analisados, mas também todas as estruturas de tecido mole visíveis.

Silva e Cunha (2005) propuseram um grupo de imagens intrabucais que forneceriam informações relavantes à avaliação miofuncional. Essas imagens seriam: fotografias da oclusão de frente, lado direito e lado esquedo; fotografias da língua em três posições, quais sejam protrusão, lateralidade direita e lateralidade esquerda; imagens da cavidade bucal como um todo, da região de úvula e palato mole e, por último, da região de assoalho bucal. Os autores ressaltam que este grupo de imagens fornecerá informações a respeito das possibilidades de ajustes musculares dentro da forma esquelética já existente.

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Especificando a função de cada uma das imagens dentro da avaliação miofuncional, teríamos que as fotografias de oclusão (frente, lado direito e esquerdo) serviriam para classificação da oclusão, e identificação de características dentárias favoráveis e desfavoráveis ao tratamento fonoaudiológico.

As imagens relativas à língua (protruída, lateralidade esquerda e direita) seriam utilizadas para verificar o direcionamento das fibras musculares, a presença de assimetrias, presença de marcas dos dentes na língua, dentre outras informações.

Finalmente, as fotografias da cavidade bucal, palato mole e assoalho bucal serviriam para verificação da presença de lesões ou alterações na mucosa jugal; avaliação da região de palato mole, com a identificação de sua morfologia, bem como das tonsilas palatinas, verificando-se a presença ou não de hipertrofias; classificação do tipo de freio lingual, adaptação da língua no palato e no assoalho bucal.

A avaliação dos tecidos moles quanto à forma, postura, simetria, tônus, tensão, sinais em mucosa, presença de nódulos e outras informações pode ser adequadamente complementada com o fornecimento dessas imagens. É interessante também que estas sirvam como um registro antes e após o tratamento, para a verificação mais facilitada e didática das alterações ocorridas com a terapia fonoaudiológica. (BIANCHINI, 2000)

3.4.3.3. Modelos de estudo

Os modelos odontológicos em gesso são formas complementares de exame que se tornaram constituintes obrigatórios da documentação ortodôntica devido ao fato de serem uma representação tridimensional das arcadas dentoalveolares e oferecerem diversas informações relevantes para o planejamento e execução do tratamento. (RONCHIN et al., 1989)

Os modelos são utilizados para estudo das arcadas, com as respectivas mensurações das estruturas anatômicas, como o diâmetro de cada arcada e profundidade de palato; estudo da oclusão dentária, verificando-se as posições dentárias em relação de máxima intercuspidação. Além disso, os modelos são

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materiais importantes para ilustração de casos clínicos, demonstrações para pacientes e reuniões científicas, além de constituírem documentação legal.

Algumas mensurações paquimétricas podem ser executadas diretamente em modelos de gesso odontológico, facilitando o trabalho do operador e gerando medidas mais precisas. Um exemplo disso é o trabalho de Leonel (2005) que utiliza modelos de gesso para mensuração da profundidade de palato duro em sua amostra. O trabalho visa estabelecer medidas padrão que sirvam como guia para a classificação palatal, pois atualmente essa é feita de forma subjetiva durante o exame clínico, gerando conceitos como “atrésico”, “normal” e “ogival” de uma forma empírica.

Dessa forma, os modelos de estudo em gesso têm diversas contribuições a oferecer ao diagnóstico fonoaudiológico e odontológico concomitantemente.

3.4.3.4. Registro dinâmico (filmagem)

Além das formas de documentação discutidas até o presente momento, um outro tipo de registro oferece informações de uma forma dinâmica ao fonoaudiólogo: a filmagem. Este recurso permite o estudo da musculatura do paciente em ação.

Silva e Cunha (2005) explanam que é necessário avaliar a mastigação, a deglutição e a fonoarticulação em movimento e a filmagem se adequa a essa finalidade. Para a avaliação da mastigação e deglutição os autores sugerem que sejam oferecidos ao paciente alguns alimentos de consistências diferentes. A primeira avaliação seria realizada com a mastigação de pão francês, registrando-se o tipo de mordida, o número de golpes mastigatórios, a predominância de lado e a amplitude de ciclos mastigatórios. Numa segunda etapa, o paciente mastigaria uma maçã, para análise da força mastigatória e na terceira etapa mastigaria uma fatia de bolo para que o profissional avaliasse alguns músculos específicos da mastigação como o masséter e o temporal e verificasse a capacidade de retenção do alimento dentro da boca.

A avaliação da deglutição, além de ser realizada durante as etapas anteriores também seria feita com o paciente bebendo água (4ª etapa) em um copo transparente, para verificação da normalidade ou da ocorrência de projeção anterior

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da língua, contrações periorbiculares ou mentuais, movimentos de cabeça, ruídos, dificuldade para deglutir, engasgos, interposição de lábio inferior, dor e tosse após deglutição. (MARCHESAN, 2003)

A próxima etapa da filmagem seria realizada para avaliação da fonoarticulação, em que o profissional conduziria o paciente em uma conversa espontânea, seguida de uma repetição de uma lista de palavras com fonemas diversificados. Nessa fase seria avaliada a qualidade da voz, o posicionamento da língua na fala, a presença de compensações laríngeas e as distorções nos fonemas. (SILVA e CUNHA, 2005)

Marchesan (2003) relata uma análise ainda mais detalhada, em que sejam anotadas as omissões, as substituições, as distorções e as imprecisões na fala. Propõe ainda observar a presença de salivação durante a fala, com acúmulo nas comissuras, a existência de movimentos exagerados de mandíbula ou de lábios, o tom e a velocidade de pronúncia das palavras, a existência de problemas na voz e a presença de distorções nos fonemas sibilantes.

A análise da filmagem em que constem todos esses tópicos deverá ser realizada pelo fonoaudiólogo. A execução da filmagem, entretanto, poderá ser feita por profissionais bem treinados seguindo um protocolo determinado de ações, em um ambiente de clínica de diagnóstico odonto-fonoaudiógico. Essa proposta objetiva otimizar o exame clínico do fonoaudiólogo fornecendo informações confiáveis e padronizadas.

Garreto (2003) cita a importância da utilização da filmagem na avaliação fonoaudiológica. Sugere que sejam realizadas filmagens do paciente pelos pais em diversas situações cotidianas como durante o sono e a alimentação, para análise dos comportamentos registrados.

Val e colaboradores (2005) citam a utilização rotineira de gravações em vídeo durante as avaliações clínicas dos pacientes antes e depois do tratamento, para que possam avaliar quantitativa e qualitativamente os resultados obtidos com a terapia fonoaudiológica. Referência semelhante é realizada no trabalho de Duarte e Ferreira (2003).

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3.4.3.5. Outros exames

Existem exames ainda mais sofisticados e que se aplicam a situações mais específicas, podendo contribuir sobejamente para a avaliação fonoaudiológica. Garreto (2003) cita alguns deles, atribuindo-lhes suas características positivas e negativas, bem como sua aplicabilidade.

A polissonografia, em que são realizadas filmagens do paciente durante o sono em clínicas especializadas, é um exemplo de análise detalhada e específica de alguns hábitos do paciente. A autora também cita a fibroscopia, a videofluoroscopia e a eletromiografia como fontes alternativas de informação. Entretanto, esses exames geralmente apresentam custo mais elevado e deve-se levar em consideração as vantagens e desvantagens de sua realização.

Gonçalves e colaboradores (2004) sistematizaram um protocolo de avaliação da deglutição de adultos utilizando um método de videodeglutoesefagograma. Esse método consiste na obtenção de exames radiográficos durante a deglutição de alimentos enriquecidos com contrastes. Foram feitas análises tanto no sentido antero-posterior quanto no sentido lateral. O processo de mastigação e deglutição foi dividido em três etapas: fase oral (prensão e mastigação dos alimentos); fase faríngea (análise da capacidade de proteção das vias áreas com ou sem manobras facilitadoras) e fase esofágica (avaliação da motilidade e presença de refluxo). Esse exame, que deve ser realizado por radiologistas e fonoaudiólogos em conjunto, fornece dados importantes quanto à presença de disfagias e auxilia na determinação do tipo e modo de alimentação mais segura para o paciente.

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4. METODOLOGIA

4.1. Obtenção dos exames

De acordo com a literatura revisada foram selecionados os exames pertinentes ao diagnóstico fonoaudiológico abaixo representados.

Figura 01 - Representação esquemática dos exames iniciais propostos

4.1.1. Exames radiográficos

As seguintes incidências radiográficas foram realizadas para compor a documentação fonoaudiológica: panorâmica, telerradiografia, póstero-anterior, carpal e transcraniana para articulação temporomandibular.

Os quatro primeiros exames foram executados em aparelho do modelo Rotograph Plus® da marca Dabi Atlante (Ribeirão Preto, SP), utilizando os seguintes parâmetros: panorâmica (75 Kvp/10 mA); telerradiografia (75 Kvp/10 mA/1,6s);

RADIOGRÁFICA FOTOGRÁFICA REGISTRO

DINÂMICO MODELOS EM GESSO Panorâmica Telerradiografia Transcraniana para ATM Corpo inteiro Cabeça e pescoço Intrabucais Fonoarticulação Mastigação/ deglutição

DOCUMENTAÇÃO

FONOAUDIOLÓGICA

Póstero-anterior Carpal

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póstero-anterior (80 Kvp/10 mA/2,5s); carpal (65 Kvp/10 mA 0,3s). A radiografia transcraniana para ATM foi realizada em aparelho Spectro® da marca Dabi Atlante (Ribeirão Preto, SP), utilizando-se 70 Kvp, 10 mA e 1,2s.

Para realização da radiografia panorâmica, foi utilizada película radiográfica da marca Kodak® (New York, USA), do tipo Ektavision, de tamanho 12,5 x 30cm, acondicionada em chassis metálico e este foi acoplado ao aparelho para a exposição radiográfica. O paciente permaneceu imóvel durante a exposição, com a língua apoiada no palato duro; a cabeça foi estabilizada pelas olivas e placa de mordida, acessórios constituintes do aparelho. (Apêndice 03 – Figura 03)

Similarmente, na execução da telerradiografia foi usada película radiográfica da marca Kodak® (New York, USA), tamanho 20 x 25cm, que também foi colocada em chassis metálico e este posicionado no aparelho para a exposição. Nesta técnica, o paciente foi posicionado perpendicularmente à película, com sua cabeça estabilizada pelas olivas, permanecendo imóvel durante a exposição. (Apêndice 04 – Figura 04)

As radiografias póstero-anterior, carpal e transcraniana também foram executadas com filme da marca Kodak® (New York, USA) de tamanho 20 x 25cm. O posicionamento para póstero-anterior é dado com o paciente de frente para o chassis metálico, estabilizado pelas olivas, observando o paralelismo entre o plano de Frankfurt e o solo (Apêndice 05 – Figura 06). Na carpal procurou-se centralizar a mão esquerda do paciente na película radiográfica. (Apêndice 06 – Figura 07)

A transcraniana conta com três exposições diferentes. O cilindro localizador do aparelho radiográfico é posicionado cerca de 2cm atrás e 6cm acima do meato acústico externo do paciente, que deve manter seu rosto paralelo ao chassis metálico. A primeira exposição é feita com os dentes em máxima intercuspidação, a segunda com o paciente em repouso, sem oclusão dentária, e a terceira em máxima abertura bucal. A seqüência é repetida para visualização da articulação contralateral. (Apêndice 07 – Figuras 09 e 10)

Após a exposição, todas as películas foram processadas em aparelho automático da marca Gendex® (Illinois, USA), com soluções de processamento da Kodak® (New York, USA) e armazenadas em envelopes apropriados.

A telerradiografia, as radiografias póstero-anterior e carpal foram analisadas utilizando o software OrtoManager® (Coimbra, Portugal), que gerou análises cefalométricas e estimadores de idade óssea. Essas foram devidamente anexadas

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aos exames. A radiografia transcraniana para ATM recebeu traçado manual para facilitar a identificação das estruturas articulares.

Todos os exames foram submetidos à confecção de laudos, que fizeram parte da documentação radiográfica.

4.1.2. Registros fotográficos

As fotografias foram executadas com auxílio de uma câmera fotográfica digital da marca Canon® (New York, USA), modelo Rebel XT, com 8 megapixels, composta por lente 35-210mm e lente macro 100mm, flash circular Compactflash, com foco automático e manual e zoom analógico.

O paciente foi orientado a usar o cabelo preso e a remover todos os acessórios que porventura estivesse utilizando.

As exposições extrabucais de corpo inteiro foram feitas à distância de 1.50m, com enquadramento vertical, de modo que o paciente preenchesse completamente o quadro da foto, sem que houvesse sombras ou objetos de fundo que distraíssem a atenção. (Apêndice 08 – Figuras 11, 12, 13 e 14) As exposições extrabucais de cabeça e pescoço foram feitas à distância de 1.20m, com enquadramento vertical, nas quais o rosto do paciente preencheu o quadro da foto, sendo visualizados o topo da cabeça, as orelhas e os ombros do paciente. (Apêndice 09 – Figuras 15, 16 e 17) As fotos mencionadas acima foram obtidas com o paciente em sua posição postural habitual, sem correção da mesma para que não houvesse mascaramento de irregularidades.

As imagens foram inseridas em software de manipulação, o CEFX® (Cuiabá, MT), para realização de análises posturais e faciais, como complementação dos exames. (Apêndice 09 – Figuras 18a, 18b, 18c, 19a, 19b e 19c)

Obtiveram-se as exposições intrabucais com o paciente sentado em cadeira odontológica. Para as exposições de oclusão frontal, lateral esquerda e direita (Apêndice 10 – Figuras 20, 21 e 22) utilizaram-se afastadores bucais plásticos descontaminados com glutaraldeído a 2% (imersão em Glutacide II 2%, da marca Johnson por duas horas). Para verificação das imagens observou-se o seguinte padrão: os afastadores apareceram minimamente na imagem final; os arcos

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dentários foram centralizados de maneira eqüidistante no quadro de imagem e paralelos à base da foto, nas fotos laterais observou-se a oclusão até a região de molares. Para as demais imagens o enquadramento respeitou os limites anatômicos de cada estrutura a ser visualizada (Apêndice 11 – Figuras 23, 24 e 25/ Apêndice 12 – Figuras 26, 27 e 28).

4.1.3. Confecção dos modelos

As arcadas dentárias foram moldadas com hidrocolóide irreversível da marca Jeltrate® (São Paulo, São Paulo), manipulado de acordo com as recomendações do fabricante. O produto foi inserido em moldeiras plásticas, descontaminadas com glutaraldeído a 2% (imersão em Glutacide II® 2%, da marca Johnson por duas horas) e selecionadas de acordo com o tamanho das arcadas, e posteriormente levado de encontro às estruturas a serem reproduzidas. Após o tempo de presa do material, as moldeiras foram removidas da cavidade bucal. Os moldes sofreram descontaminação com hipoclorito de sódio (Hipoclor® 1% - São Paulo, SP) e posterior vazamento com gesso odontológico da marca Gesson® (São Paulo, SP). Terminado o período de presa do gesso, os modelos receberam recorte, acabamento e polimento. (Apêndice 13 – Figura 29)

4.1.4.Registros dinâmicos de fonoarticulação, mastigação e deglutição

A filmagem, última etapa da documentação, foi obtida com a filmadora digital da marca Leadership Gotec® DV3100 (New York, USA), estabilizada em tripé. Manteve-se uma distância de 1.20m do paciente, enquadrando rosto e ombros do mesmo.

A seqüência da filmagem foi estabelecida por etapas. Na primeira, de conversação espontânea com o entrevistado, o paciente apresentava respostas num contexto informal. Na segunda, conversa dirigida, o paciente repetia uma lista de palavras com diversos tipos de fonemas sugeridos pelo entrevistador.

Posteriormente foi realizada a análise da dinâmica de mastigação/deglutição, em que o paciente mastigou sucessivas porções pequenas de pão, maçã e bolo e

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bebeu uma porção de água (cerca de 300ml) em copo de material transparente. Nessa etapa o enquadramento da câmera foi mais aproximado, para registrar o comportamento muscular durante a função. Os dados foram disponibilizados por meio de mídia (Compact Disc-recordable SL80, Nipponic®, Manaus/AM). (Apêndice 13 – Figuras 30a, 30b e 30c)

4.2. Avaliação do protocolo

Após a realização dos exames e distribuição em pasta de documentação, os mesmos foram encaminhados para avaliação por fonoaudiólogos.

A avaliação ocorreu por meio de questionário qualitativo, composto de duas etapas. A primeira era constituída por itens referentes à qualificação do profissional, área de atuação, interesse na integração entre odontologia e fonoaudiologia, bem como dados referentes à sua rotina clínica. (Apêndice 14)

Na etapa subseqüente, os exames constituintes da documentação fonoaudiológica foram numerados e solicitou-se que a cada um deles fosse atribuída nota, correspondente à análise subjetiva do entrevistado quanto à relevância do material para a rotina clínica do mesmo, de acordo com o padrão: “1” para os exames considerados “irrelevantes”; “2” de “baixa relevância”; “3” “importantes”; “4” “muito importantes” e, finalmente, nota “5” para os considerados “essenciais” para uma avaliação fonoaudiológica satisfatória. (Apêndice 15)

Cada profissional entrevistado assinou termo de consentimento livre e esclarecido, constando os dados referentes à pesquisa e os contatos da pesquisadora.

4.3. Análise estatística dos dados

A seleção no número amostral foi realizada utilizando-se cálculo para intervalos de confiança de 95% [N= D2/E2; sendo N o número amostral, D o desvio padrão e E o erro padrão], pelo qual obteve-se uma amostra mínima de vinte e cinco entrevistados.

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Os profissionais foram selecionados com base nos seguintes requisitos: serem regularmente graduados em fonoaudiologia, possuírem inscrição junto ao Conselho Regional de Fonoaudiologia e atuarem rotineiramente na área de motricidade orofacial. Foram entrevistados 26 (vinte e seis) profissionais que preenchiam essas exigências.

Após a obtenção dos questionários respondidos, os dados foram plotados em planilha e, a partir daí, processados para a obtenção de valores de média de opinião subjetiva e desvio padrão correspondente.

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5. RESULTADOS

A partir da aplicação dos questionários qualitativos aos fonoaudiólogos (26), obtiveram-se dados tanto em relação ao perfil dos profissionais e métodos de trabalho quanto no que concerne à aceitação dos exames propostos no protocolo de documentação fonoaudiológica. Os resultados serão abaixo subdivididos e elencados de acordo com esse conteúdo.

5.1. Características dos profissionais e seus métodos de trabalho

O perfil dos profissionais entrevistados no que tange à sua área de atuação, local de trabalho e preparação acadêmica pode ser identificado pelo gráfico a seguir:

Nota: “MO” é a especialidade da Fonoaudiologia denominada Motricidade Orofacial

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Outro item avaliado no questionário foi a concepção que os profissionais da fonoaudiologia faziam da importância do trabalho interdisciplinar, com a possibilidade de integração do seu trabalho à Odontologia e outras áreas do conhecimento. Avaliaram também, no cenário atual, o que acreditam ser a regra de conduta de seus colegas de trabalho quanto a esse quesito. Por fim, demonstraram o grau de aceitabilidade que verificam quando solicitam colaboração de outros profissionais.

TABELA 01 – Inter-relação entre a Odontologia e a Fonoaudiologia de acordo com profissionais da Fonoaudiologia

Sim Não

1- É importante relacionar as duas profissões? 26 0 2- Há uma procura dos profissionais para trabalhar em

conjunto? 21 5

3- Fonoaudiólogos recebem encaminhamento de odontólogos? 26 0 4- Fonoaudiólogos procuram odontólogos para obter

informações dos pacientes? 19 7

5- Odontólogos fornecem dados e exames dos pacientes? 10 16 6- Fonoaudiólogos encaminham pacientes aos odontólogos? 26 0

NOTA: Amostra = 26 fonoaudiólogos que atuam na área de motricidade orofacial

GRÁFICO 02 - Inter-relação entre a Odontologia e a Fonoaudiologia de acordo com profissionais da Fonoaudiologia

Referências

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