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PROVA BIMESTRAL
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Sotaque mineiro: é ilegal, imoral ou engorda?
Gente, simplificar é um pecado. Se a vida não fosse tão corrida, se não tivesse tanta conta para pagar, tan-tos processos — oh sina — para analisar, eu fundaria um partido cuja luta seria descobrir as falas de cada re-gião do Brasil.
Cadê os linguistas deste país? Sinto falta de um tratado geral dos sotaques brasileiros. Não há nada que me fascine mais. Como é que as montanhas, matas ou mares influem tanto e determinam a cadência e a so-noridade das palavras?
É um absurdo. Existem livros sobre tudo; não tem (ou não conheço) um sobre o falar ingênuo deste po-vo doce. Escritores, ô de casa, cadê po-vocês? Escrevam sobre isto, se já escreveram, me mandem, que espero ansioso.
Um simples “mas” é uma coisa no Rio Grande do Sul. É tudo menos um “mas” nordestino, por exemplo. O sotaque das mineiras deveria ser ilegal, imoral ou engordar. Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo (das mineiras) ficou de fora?
Por que, Deus, que sotaque! Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de per-guntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.
Eu sou suspeitíssimo. Confesso: esse sotaque me desarma. Certa vez quase propus casamento a uma me-nina que me ligou por engano, só pelo sotaque. [...]
A conjugação dos verbos tem lá seus mistérios, em Minas... Ontem, uma senhora docemente me conso-lou: “preocupa não, bobo!” E meus ouvidos, já acostumados às ingênuas conjugações mineiras, nem se es-pantam. Talvez se espantassem se ouvissem um: “não se preocupe”, ou algo assim. A fórmula mineira é sin-tética, e diz tudo.
Até o tchau, em Minas, é personalizado. Ninguém diz tchau pura e simplesmente. Aqui se diz: “tchau pro cê”, “tchau pro cês”. É útil deixar claro o destinatário do tchau. O tchau, minha filha, é prôcê, não é pra ou-tra entendeu?
Deve haver, por certo, outras expressões... A minha memória (que não ajuda muito) trouxe essas por en-quanto. Estou, claro, aberto a sugestões. Como é uma pesquisa empírica, umas voluntárias ajudariam... Exi-gência: ser mineira. Conversando com linguistas, fui informado: é prudente que tenham cabelos pretos, es-pessos e lisos, aquela pele bem branquinha... Tudo, naturalmente, em nome da ciência. Bem, eu me explico: é que, características à parte, as conformações físicas influem no timbre e som da voz, e eu não posso, em honrados assuntos mineiros, correr o risco de ser inexato, entendem?
Felipe Peixoto Braga Netto. www.releituras.com/ne_fpbnetto_sotaque. asp
1. Após fazer a leitura atenta do texto, responda: a) Qual o assunto abordado pelo texto?
b) Qual o tipo de narrador? Comprove com duas passagens do texto.
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2. Explique o título da crônica “Sotaque mineiro: é ilegal, imoral ou engorda?”, considerando as afirmativas do narrador.
3. Assinale a alternativa que não corresponde às ideias presentes no texto:
a) O narrador gostaria de que alguém escrevesse um livro sobre a forma de falar dos mineiros. b) O narrador não aprova a forma de falar dos mineiros, pois há problemas verbais.
c) Os mineiros abreviam as palavras, mas transmitem toda a mensagem. d) Até o “tchau” dos mineiros é diferente, tem destinatário.
e) Pela leitura do último parágrafo, nota-se que o narrador interessa-se principalmente pela mulher mineira.
4. Nas orações a seguir, identifique e classifique o sujeito. a) “Um simples “mas” é uma coisa no Rio Grande do Sul.”
b) “Existem livros sobre tudo.”
c) “Eu sou suspeitíssimo.”
d) “Os mineiros têm um ódio mortal das palavras completas.”
e) “Aqui ninguém consegue nada.”
f) “Há, por certo, outras expressões...”
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6. Indique a predicação dos verbos destacados nas orações a seguir: a) “Gente, simplificar é um pecado.”
b) “Escrevam sobre isso...”
c) “Mineiras não usam o famosíssimo tudo bem.”
d) “Você não dá conta.”
e) “Não ouvirá nunca.”
7. Indique o tempo e o modo dos verbos nas orações a seguir: a) “Se a vida não fosse tão corrida...”
b) “Sinto falta de um tratado geral sobre os sotaques brasileiros.”
c) “... o leitor já esteja apaixonado pelas mineiras.”
d) “O supermercado não estará lotado...”
e) “Ontem, uma senhora docemente me consolou...”
8. Complete as frases a seguir, utilizando o verbo entre parênteses no tempo adequado ao contexto. a) Se você a mesma língua, ficaria fácil. (falar)
b) Quando nós ele dará a notícia. (autorizar) c) Espero que eles se hoje à noite. (entender) d) É possível que diferenças entre as falas. (haver)
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9. Leia atentamente este fragmento do texto e faça o que se pede. “Mineira devia nascer com tarja preta avisando: ouvi-la faz mal à saúde. Se uma mineira, falando mansinho, me pedir para assinar um contrato doando tudo que tenho, sou capaz de perguntar: só isso? Assino achando que ela me faz um favor.”
a) Retire as preposições: b) Retire a contração:
10. Faça a acentuação necessária nas palavras a seguir.
Egoista – Garagem – Sofa – Aneis – Proibida – Lampada – Carro Titulo – Gratuito – Serie – Crueis – Atitude – Estrategia – Raiz
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1.
a) O texto tem como assunto as diferenças e a beleza da fala mineira.
b) O texto possui narrador-personagem, o qual participa das ações que narra. “eu fundaria um partido” , “Sinto falta”, “me fascine”, “me mandem, que espero ansioso”.
Professor(a), há várias passagens que poderão servir como exemplo, apenas foram retiradas algumas.
2. O narrador afirma que “Sotaque mineiro: é ilegal, imoral ou engorda?” porque ele considera o falar mineiro muito prazeroso, e normalmente o que dá prazer está relacionado a um desses efeitos colaterais. “Porque, se tudo que é bom tem um desses horríveis efeitos colaterais, como é que o falar, sensual e lindo (das mineiras) ficou de fora?”
3. b
4.
a) Um simples “mas” – sujeito simples. b) livros sobre tudo – sujeito simples. c) Eu – sujeito simples.
d) Os mineiros – sujeito simples. e) ninguém – sujeito simples.
f) sujeito inexistente ou oração sem sujeito.
5.
a) é uma coisa no Rio Grande do Sul – predicado nominal. b) Existem – predicado verbal.
c) sou suspeitíssimo – predicado nominal.
d) têm um ódio mortal das palavras completas – predicado verbal. e) Aqui [...] consegue nada – predicado verbal.
f) Há, por certo, outras expressões – predicado verbal.
6.
a) é – verbo de ligação.
b) escrevam – verbo transitivo indireto. c) usam – verbo transitivo direto. d) dá – verbo transitivo direto. e) ouvirá – verbo intransitivo.
7.
a) fosse – pretérito imperfeito do subjuntivo. b) sinto – presente do indicativo.
c) esteja – presente do subjuntivo.
d) estará – futuro do presente do indicativo. e) consolou – pretérito perfeito de indicativo.
8. a) falasse b) autorizarmos c) entendam d) haja e) trouxer 9. a) com, para, de b) à
10. Egoísta – Garagem – Sofá – Anéis – Proibida – Lâmpada – Carro Título – Gratuito – Série – Cruéis – Atitude – Estratégia – Raiz