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PROCESSO PENAL I Fontes Formais Imediatas:

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Academic year: 2021

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PROCESSO PENAL I

1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS:

 Todo poder emana do Povo: Poder do Estado é limitado pelo direito e disciplina seu exercício.

 Surgimento do processo: meio determinado pelo direito para exercício do poder jurisdicional, como forma de regulamentar e disciplinar, de forma igualitária, o exercício do jus puniendi do Estado.

 Relação triangular: poder x direito x processo.

 Processo Penal: instrumento destinado à realização do poder punitivo do Estado, disciplinado por um conjunto de normas e princípios jurídicos. Trata-se de procedimento, que é uma sequencia ordenada de atos (sucessão de atos), abrangendo a formulação de uma acusação, o exercício de uma defesa, produção de provas (acusação e defesa) e uma decisão final.

 Instauração de uma relação jurídica processual triangularizada: Juiz x sujeito ativo x sujeito passivo, que ocupam posições distintas no processo com faculdade, direitos e obrigações.

2. FONTES DO PROCESSO PENAL: 2.1 – Fontes Materiais

2.2 – Fontes Formais

 MATERIAIS: fontes de produção (União - Art. 22, I, CF). Competência Privativa (cabe delegação por LC).

 FORMAIS: Leis em sentido amplo - fontes formais imediatas - fontes formais mediatas 2.2.1 Fontes Formais Imediatas:

 Constituição Federal: Proteção à intimidade (art. 5º, X), Sigilo Telefônico (art. 5º, XII), contraditório (art. 5º, LV), inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI), limitações à prisão do acusado (art. 5º, LXI), etc.

 Legislação Federal Infraconstitucional: CPP; Lei JECRIM; LEP. 2.2.2 Fontes Formais Mediatas:

 Costumes: regras de condutas reiteradas que se agregam na consciência da coletividade com caráter de obrigatoriedade.

 Princípios Gerais do Direito: “o Direito não socorre aos que dormem...”; “A ninguém é lícito alegar sua própria torpeza...”  Analogia: procedimento consistente em estender a um caso não

previsto aquilo que o legislador previu para outro caso semelhante.  Doutrina: opinião manifestada pelos operadores do direito ou

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 Jurisprudência: entendimento consubstanciado em decisões judiciais reiteradas sobre o mesmo assunto.

3. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS

3.1 – Sistema Acusatório: É o modelo adotado pelo processo penal brasileiro.. distinção entre as posições de acusar, defender e julgar. Assegura-se o contraditório e a ampla defesa.

 As partes exercem posições bem definidas: ao juiz agir com imparcialidade, cabendo à polícia judiciária a atividade investigativa sob controle externo do Ministério Público (acusação) e a defesa técnica exercer seu papel assegurar o direito ao réu em responder plenamente os termos da acusação.

 Mitigação: Produção de provas ex officio pelo juiz. Art. 156 do CPP (Lei 11.690/2008). Produção antecipada de provas urgentes e revelantes (inciso I) realização de diligências para dirimir dúvida de ponto relevante (II). Não ofende o sistema acusatório em homenagem ao princípio da Verdade Real.

 Outros exemplos: art. 196; 209; 234; 242, todos do CPP.

3.2 – Sistema Inquisitivo: Típico de sistemas ditatoriais. Processo judicial sigiloso, sem contraditório. Reunindo na mesma pessoa a função de acusar, defender e julgar.

3.3 – Sistema Misto: Duas fases processuais: inquisitiva, sem contraditório e ampla defesa e publicidade e outra de julgamento onde se assegura as garantias do processo acusatório.

4. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS

4.1 Princípio da Verdade Real: apurar os fatos como efetivamente ocorreram, de forma a se responsabilizar apenas quem o cometeu. Agasalha a possibilidade de diligências ex officio pelo Juiz.

 Seara diversa da esfera cível, onde o Juiz se restringe a julgar as provas produzidas pelas partes. Verdade Formal.

 Exceções: limitação do depoimento de testemunhas que conhecem os fatos em razão do ofício, profissão, função ou ministério (art. 208 CPP); proibição de provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º, LVI, CF), descabimento revisão criminal sentença absolutória (art. 621 CPP).

4.2 Princípio da iniciativa das partes: O processo penal só pode ser instaurado por iniciativa das partes, ou seja, MP (AP Pública) e ofendido ou representante legal (AP Privada ou subsidiária).

 Reexame necessário: art. 574, I e II CPP (sentença que conceder HC e absolver sumariamente o acusado). Não ofende o princípio, pois desprovido de voluntariedade do Juiz, pois é condição de validade e eficácia da decisão.

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4.3 Princípio do Devido Processo Legal: originado da cláusula do due processo of Law (direito anglo americano). Art. 5º, LIV e LV, CF: “Ninguém será privado de sua liberdade e de seus bens sem que haja um processo prévio, assegurado o contraditório e a ampla defesa”.

 Direitos inerentes: ser ouvido pessoalmente pelo Juiz; defesa técnica; motivação das decisões judiciais, direito a recorrer das decisões.

4.4 - Princípio Vedação das Provas Ilícitas (violação de normas constitucionais ou ilegais indiretamente constitucionais) – Provas que afrontam direta ou indiretamente normas constitucionais. Art. 157 do CPP

 Provas ilícitas – violação normas constitucionais ou indiretamente constitucionais (ilegais). Ex (1) interceptação telefônica sem ordem judicial (ofensa a norma constitucional). Ex (2) interrogatório judicial sem advogado (ofensa direta ao art. 185 CPP e indireta ao art. 5, LV, CF)

 Provas ilegítimas – violação de normas legais puramente processuais. Ex. perícia realizada apenas por um perito nomeado (art. 159, par. 1, CPP). Nulidade relativa.

 Possibilidade de utilização da prova ilícita em favor do réu, quando for a única prova para inocentá-lo.

4.5 Princípio da Presunção de Inocência ou Não culpabilidade – “Ninguém será considerado culpado até o transito em julgado da sentença” - art. 5, LVII, CF. Deve ser considerado sob três vertentes:

 Na instrução processual (ônus da prova cabe à acusação)

 Na avaliação da prova (na dúvida valorada em favor do acusado)

 Quanto à segregação cautelar da liberdade (presentes requisitos prisão preventiva).

Observações:

- Maus antecedentes: apenas com o trânsito em julgado da sentença. Art. 59 CP

- Regressão regime carcerário: basta a prática de crime, não ofende princípio presunção de inocência, posto que se discute a adaptação ao convívio social. Entendimento STJ (RHC 18.334).

- Exigência da prisão para recorrer: revogado art. 594, CPP, só podia responder em liberdade se reconhecido bons antecedentes e primário. Atualmente só estiverem presentes requisitos da prisão cautelar. (art. 387, § 1º, CPP).

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4.6 Princípio da obrigatoriedade da motivação das decisões judiciais: visa aos interessados impugnarem com efetividade as decisões judiciais e demonstrar a imparcialidade do Juiz.

 Art. 155 CPP, Juiz não pode fundamentar sua decisão exclusivamente em provas produzidas na fase de IP, exceto as cautelares, antecipadas e não repetíveis.  Exceção: decisões adotadas em fases pré processuais: prisão cautelar, busca e

apreensão, interceptação telefônica.

4.7 Princípio da Publicidade: Traduz transparência dos atos processuais.

 Exceções: Publicidade restrita: alguns atos serão restritos às partes, procuradores. Art. 93, IX, CF – preservação do direito à intimidade. Ex: art. 201, § 6º; art. 485, §2º, art. 792, § 1º, todos do CPP.

Princípio da Imparcialidade do Juiz: capacidade subjetiva e objetiva para

julgamento da demanda, desprovido de sentimentos pessoais, emoções, restringindo-se à lei e as provas do processo.

 Causas de Impedimento: Art. 252 CPP (incapacidade objetiva)  Causas de Suspeição: art. 254 CPP (incapacidade subjetiva)

Princípio da Isonomia Processual: As partes devem ser tratadas de forma

igualitária, com as mesmas oportunidades.

 Princípio “Favor Rei”: o acusado tem prevalência sobre a pretensão punitiva estatal: art. 386, VII (absolvição falta de provas); Art. 621 CPP (revisão criminal apenas para a defesa)

 Foro privilegiado em razão da função: proteção de pessoas? Ou da função púbica?

Princípio do Contraditório: Ninguém pode ser condenado antes de ter

oportunidade de se ouvido quanto aos fatos imputados. Assegurar às partes de serem cientificadas de todos os atos e fatos havidos no curso do processo, podendo se manifestar e produzir provas a respeito.

 Exceções: decisão inaudita altera pars: decretação prisão preventiva; sequestro de bens advindos da infração penal.

 Cabe contraditório no IP? Em regra não. Apenas IP Federal instaurado por requisição do Ministro da Justiça para expulsão de estrangeiro.

Princípio da Ampla Defesa: é o direito à mais complexa defesa quanto à

imputação que lhe foi realizada. Possui relação com o P. Contraditório.  Ter conhecimento amplo da acusação;

 Poder apresentar alegação contra a acusação;

 Ter acesso às provas produzidas e acompanhá-las e fazer contra-prova;  Ter defesa técnica;

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4..1 Análise de acordo com o prejuízo ocasionado ao réu:  Nulidade relativa: - perder prazo para recorrer;

- Não observar o prazo de 3 dias para juntada de documentos para julgamento pelo júri (art.479 CPP).  Nulidade absoluta: - falta de defesa prévia – art. 396 CPP

- falta das razões de recurso interposto, nomeia dativo.

4.12 Princípio Duplo Grau Jurisdição: Direito à revisão das decisões proferidas em primeiro grau.

Exceção: decisões originárias do STF (art. 102, I, CF)

4.13 Princípio do Juiz Natural: “Ninguém será processado e sentenciado, senão por juiz competente” – art. 5º, LIII, CF.

Consiste em assegurar aos indivíduos o direito de ser processado e julgado por

membro do Judiciário, investido e imparcial, de acordo com as regras anteriores à prática do crime. Vedação de juízo ou tribunal de exceção (não se confunde com as jurisdições especializadas, por. Exemplo), bem como a designação de juiz para atuar em determinado processo.

4.14 Princípio do Promotor Natural: Veda a designação pelo Procurador Geral, de promotor de justiça ou procurador da república para atuar em caso específico, abstraindo regras estabelecidas anteriormente à infração penal.

 Art. 28 CPP: Ofende esse princípio, no caso de nomeação de membro do MP, quando Juiz não acolheu pedido de arquivamento do IP? Não porque não visa afastar o promotor titular (questão concurso MP de Santa Catarina em 2008).

4.15 OUTROS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROCESSO PENAL

4.15.1 Legalidade: Os órgãos aos quais são atribuídas a função da persecução penal devem agir sem discricionariedade. O delegado deve instaurar IP tão logo tenha conhecimento da prática de crime (ação penal pública incondicionada).

4.15.2 Oficiosidade: A autoridade Policial e o membro do MP devem agir de ofício visando a apuração de crimes de ação penal pública incondicionada. Se condicionada, devem aguardar representação por ser tratar de requisito de procedibilidade da ação.

4.15.3 Impulso Oficial: uma vez instaurada a ação penal, o Juiz deve conduzir o processo, seguindo as etapas processuais, sem aguardar manifestação das partes. 4.15.4 Oficialidade: É atribuir-se a determinados órgãos do Estado a apuração de

delitos. Cabe ao delegado de polícia e ao MP a atividade persecutória e ao Judiciário a prestação jurisdicional penal.

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4.15.5 Indisponibilidade: A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos do IP (art. 17 CPP); O MP não poderá desistir da ação penal pública (art. 42 do CPP). Exceção: transação penal em crimes de menor potencial ofensivo.

4.15.6 Identidade física do Juiz: o juiz que presidiu a instrução deverá proferir sentença (art. 399, § 2º, CPP). Exceção: Juiz licenciado, convocado, afastado, promovido ou aposentado, passa-se ao sucessor (art. 132 do CPC). Aplica-se literalmente com relação ao conselho de sentença do Júri.

4.15.7 “In dúbio pro reo” ou “favor rei”: Apenas diante da certeza é que se pode condenar o acusado. Havendo dúvidas ou insuficiência de provas, deverá o réu ser absolvido (art. 386, VII, CPP).

Referências

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