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RECLAMADA: CARLOS ALBERTO PEDROSA FILHO - ME (BETO'S BAR)

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Academic year: 2021

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PROCESSO Nº: 01255-2006-005-19-00-1

RECLAMANTE: CARLOS GOMES DA SILVA

RECLAMADA: CARLOS ALBERTO PEDROSA FILHO - ME (BETO'S BAR)

SENTENÇA Vistos etc.

I - Dispensado o RELATÓRIO, a teor do art. 852-I, da CLT.

Trata-se de reclamação trabalhista, submetida ao procedimento sumaríssimo, ajuizada por CARLOS GOMES DA SILVA em face de CARLOS ALBERTO PEDROSA FILHO - ME (BETO'S BAR), em cuja audiência ocorreram os seguintes fatos relevantes: A reclamada apresentou contestação escrita, acompanhada de documentos sobre os quais o reclamante pronunciou-se imediatamente; o Juízo determinou a realização de perícia grafotécnica com relação ao documento de fls. 18; as partes não produziram prova oral; não obtiveram êxito as propostas de conciliação.

II - FUNDAMENTAÇÃO 1 - PRELIMINARMENTE

1.1- DA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA

Preclusa a impugnação ao valor da causa não suscitada no momento próprio das razões finais, nos termos da Lei nº 5.584/70.

1.2- DA INÉPCIA DA INICIAL/CARÊNCIA DA AÇÃO

A inicial atende aos requisitos do art. 840, § 1º, da CLT, contendo causa de pedir e os pedidos.

A questão de o reclamante ter recebido ou não os seus haveres rescisórios diz respeito ao mérito e com ele será analisada, não havendo que se falar em carência da ação.

Preliminar que se rejeita. 2 - MÉRITO

2.1- DOS ASPECTOS CONTRATUAIS

Do contexto dos autos, restaram incontroversos o vínculo empregatício clandestino entre as partes, o tempo de serviço (10/11/2006 a 28/11/2006), a função exercida (barista) e a

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dispensa sem justa causa.

Note-se que a defesa afirma que o reclamante recebeu todos os seus haveres rescisórios, tais como FGTS + 40%, aviso prévio etc, parcelas típicas de dispensa sem justa causa, logo, tal causa de extinção contratual foi considerada.

No tocante à remuneração, a defesa sustentou que o salário mensal foi de R$ 350,00, ou seja, salário mínimo, o que vai ao encontro da assertiva da inicial de que o autor foi contratado para receber 01 salário mínimo.

2.2- DA PERÍCIA GRAFOTÉCNICA

A defesa alegou que o reclamante recebeu o pagamento de todos os seus direitos, juntando em prol de sua alegação o documento de fls. 19 (original às fls. 21), recibo de pagamento no valor de R$ 900,00, ali constando que o valor corresponde a "meus tempo de serviço prestado mais restante do salario do Beto's BAR", o qual foi impugnado pelo autor sob o argumento de que não assinou o referido documento e que somente recebeu o valor de R$ 204,00 pelos dias trabalhados, sendo três recibos nos valores percebidos semanalmente, no caso, R$ 80,00, R$ 70,00 e R$ 54,00.

Suscitado o incidente de falsidade, foi determinada a realização de perícia grafotécnica quanto ao documento de fls. 21, cujo Laudo Pericial (fls. 37/47), ora utilizado como razões de decidir, foi conclusivo no sentido de que a assinatura aposta no documento tido como peça motivo não proveio do punho escritor do reclamante, sendo, assim, inautêntica, produzida através de um padrão para imitar (falsificação servil).

A reclamada não conseguiu reverter o respectivo quadro, sequer apresentou parecer de assistente técnico divergente nos autos, o que faz prevalecer o resultado do Laudo Pericial, não prosperando a impugnação oposta ao excelente trabalho do expert, cujos esclarecimentos (fls. 57) deixam evidente que foram analisadas letra por letra e o conjunto delas, com base em todas as assinaturas do autor colhidas em Juízo, sem necessidade de serem fotografadas todas as letras para formar sua convicção.

Assim, prevalece o resultado do Laudo Pericial, razão pela qual ora é declarada a falsidade do documento de fls. 21, e indefere-se o requerimento da reclamada para realização de complemento e/ou novo laudo.

Os honorários periciais são devidos pela reclamada, parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, e ora são arbitrados em R$ 1.000,00 (um mil reais), atualizáveis na época do pagamento.

2.3- DOS PEDIDOS

Em face da existência do vínculo empregatício clandestino, faz jus o reclamante à anotação da CTPS quanto ao contrato de trabalho, função e salário, na forma do item 2.1,

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devendo a reclamada cumprir a obrigação no prazo que lhe for assinado. Na sua omissão, o registro será realizado pela Secretaria da Vara.

Não comprovado o pagamento e/ou recolhimento das parcelas rescisórias e trabalhistas postuladas na inicial, são procedentes os pedidos de aviso prévio; férias proporcionais + 1/3; 13º salário proporcional; saldo de salário; FGTS + 40%, com incidência do aviso prévio e 13º salário, indeferindo-se a incidência de férias face à sua natureza indenizatória.

Determina-se a dedução do valor recebido de R$ 204,00, confessado pelo reclamante (Ata de fls. 11/12).

A multa do art. 477 da CLT é devida em face da mora rescisória.

Tendo em vista a controvérsia havida, não se aplica o acréscimo de 50% do art. 467 da CLT.

Não comprovado o fornecimento integral dos vales transporte, conforme alegado na defesa, defere-se o pleito de indenização respectiva, que é devida à razão de 50% do valor relativo aos vales transporte do período contratual.

O reclamante nada comprovou a respeito da jornada alegada na inicial, ônus que lhe incumbia, o que leva o Juízo a considerar quitadas as horas trabalhadas e rejeitar o pleito de horas extras.

Concede-se ao autor os benefícios da justiça gratuita, face à declaração de pobreza que prescinde de maiores formalidades, o que não implica, entretanto, o deferimento de honorários advocatícios, os quais só são devidos na hipótese de assistência judiciária sindical, conforme preconizada na Lei nº 5.584/70 e nas Súmulas 219 e 329 do C. TST. O reclamante está assistido por advogado particular, logo, são indevidos honorários advocatícios.

2.4- DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

A reclamada alterou intencionalmente a verdade dos fatos narrados na defesa, ao acusar o reclamante de inúmeras inverdades e de reclamar valores já recebidos, imputando-lhe a responsabilidade por litigar de má-fé, requerendo a condenação do mesmo nos termos dos arts. 187, 492, do CC e 17 a 18, do CPC, contudo, ela própria é que litiga de má-fé, haja vista que apresentou documento falso nos autos, conforme restou demonstrado no item antecedente.

O Juízo, inclusive, fez questão de registrar em Ata (fls. 12) a advertência de que a parte sucumbente no objeto da perícia grafotécnica seria considerada litigante de má-fé e condenada como tal, na forma da lei.

O Código de Processo Civil explicitamente incorporou ao direito pátrio o dever de veracidade, consagrando, outrossim, o princípio da lealdade processual, ao definir a

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litigância de má-fé, fixando penalidades para a parte que se valer conscientemente da mentira.

O pressuposto básico para a incidência do item II do art. 17 do CPC é que, como bem nos ensina José Carlos Moreira em Revista de Processo nº 10, p. 15, "o litigante deve ter afirmado o fato ciente da sua inexistência, ou lo negado ciente de sua existência, ou tê-lo narrado inexatamente, apesar de saber como se passara".

Assim, a reclamada é litigante de má-fé, de acordo com o art. 17, II, do CPC, incidindo, por conseguinte, nas sanções previstas no art. 18, porquanto não há como admitir a inexistência de dolo quando é intencionalmente alterada a verdade dos fatos narrados em Juízo.

Desta forma, com fulcro nos arts. 17 e 18 do CPC, o Juízo condena a reclamada a pagar ao reclamante indenização pelos prejuízos sofridos no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, no importe de R$ 329,00 (trezentos e vinte e nove reais). 2.4- DAS PARCELAS LÍQUIDAS E ATUALIZADAS

Conforme demonstrativo de cálculos em anexo, que fica fazendo parte integrante desta fundamentação, as parcelas líquidas e atualizadas deferidas são as seguintes:

Aviso prévio - R$ 354,89; Férias proporcionais + 1/3 - R$ 78,67; 13º salário proporcional - R$ 59,15; FGTS + 40% - R$ 25,17; FGTS sobre aviso prévio - R$ 39,75; FGTS sobre 13º salário - R$ 6,62; Saldo de salário - R$ 224,76; Multa do art. 477 da CLT - R$ 354,89; Indenização de 50% do vale transporte - R$ 24,34; Indenização por litigância de má-fé - R$.

DEDUÇÃO - R$ 206,85.

TOTAL ATUALIZADO ATÉ 10/10/2007 - R$ 961,38; TOTAL ATUALIZADO + JUROS - R$ 1.060,42.

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto e pelo que mais dos autos consta, decide a 5ª Vara do Trabalho de Maceió, nos termos da fundamentação supra:

1- REJEITAR a impugnação ao valor da causa e a preliminar de inépcia da inicial;

2- JULGAR PARCIALMENTE PROCEDENTE a postulação objeto da presente ação trabalhista movida por CARLOS GOMES DA SILVA em face de CARLOS ALBERTO PEDROSA FILHO - ME (BETO'S BAR), para, declarando a falsidade do documento de fls. 21, CONDENAR a reclamada a pagar, com juros e correção

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monetária na forma da lei, as parcelas líquidas e atualizadas a seguir relacionadas, de acordo com o demonstrativo de cálculos em anexo que fica fazendo parte integrante deste dispositivo:

Aviso prévio - R$ 354,89; Férias proporcionais + 1/3 - R$ 78,67; 13º salário proporcional - R$ 59,15; FGTS + 40% - R$ 25,17; FGTS sobre aviso prévio - R$ 39,75; FGTS sobre 13º salário - R$ 6,62; Saldo de salário - R$ 224,76; Multa do art. 477 da CLT - R$ 354,89; Indenização de 50% do vale transporte - R$ 24,34.

DEDUÇÃO - R$ 206,85.

TOTAL ATUALIZADO ATÉ 10/10/2007 - R$ 961,38; TOTAL ATUALIZADO + JUROS - R$ 1.060,42.

Condena-se a reclamada a pagar honorários periciais, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), atualizáveis na época do pagamento, e indenização por litigância de má-fé ao reclamante, no percentual de 20% sobre o valor da causa, no importe de R$ 329,00. A reclamada fica condenada, ainda, a anotar a CTPS do autor quanto ao contrato de trabalho, função e salário, fazendo constar o período de 10/11/2006 a 28/11/2006, a função de barista e a remuneração de 01 salário mínimo mensal, no prazo que lhe for assinado para a realização de tal ato. Na sua omissão, os registros serão efetuados pela Secretaria da Vara.

A reclamada deverá cumprir as obrigações por quantia certa no prazo de 15 (quinze dias), contado da data em que teve ciência da sentença, sob pena de incidir automaticamente a multa de 10% (dez por cento) sobre o montante da condenação, a teor do art. 475-J do CPC.

Em caso de recurso, o prazo de 15 dias será contado da data em que o devedor tenha ciência da atualização dos cálculos após a baixa dos autos à Vara ou, em caso de reforma da decisão sem especificação de valores, da data em que o devedor tiver ciência da quantia certa fixada em liquidação.

Quanto às contribuições previdenciárias incidentes sobre os salários pagos durante o período da anotação da CTPS (art. 876, parágrafo único, da CLT), a reclamada deverá comprovar, no prazo que lhe for determinado, o recolhimento das quotas do empregado e do empregador, sem nada descontar do reclamante, eis que, como responsável tributário, tinha obrigação legal de proceder ao recolhimento da contribuição do empregado por ocasião do pagamento dos salários e não o fez.

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A comprovação das contribuições previdenciárias (recolhimento e/ou parcelamento) deverá ser feita mediante a apresentação nos autos das GFIP, no código 650, e GPS relativas ao período reconhecido, sob pena de ser considerada não cumprida a obrigação e de execução pelos valores respectivos.

Para fins de recolhimento previdenciário, declara-se que possuem natureza salarial as parcelas atinentes a: 13º salário; saldo de salário.

Providencie a Secretaria as comunicações de praxe à DRT-AL e à Procuradoria-Geral Federal (art. 16, § 3º, II, da Lei nº 11.457/2007 e Portaria Conjunta RFB/PGFN/PGF nº 4.069, de 02/05/2007), para os fins de direito.

Custas pela reclamada no valor de R$ 21,21 (vinte e um reais e vinte e um centavos), calculadas sobre R$ 1.060,42 (um mil e sessenta reais e quarenta e dois centavos), valor da condenação.

Partes cientes, a teor da Súmula 197 do C. TST.

Maceió, 11 de outubro de 2007, às 16:02 horas.

E para constar, foi lavrada a presente ata, que vai assinada na forma da lei.

_________________________________________________ LÚCIA COSTA LIMA - Juiz(a) do Trabalho

_________________________________________________ VANESSA AGRA BARROS- Diretor(a) de Secretaria

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