• Nenhum resultado encontrado

2020 2a edição 2021 anuario_legis_2021.indb 3 30/01/ :45:48

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "2020 2a edição 2021 anuario_legis_2021.indb 3 30/01/ :45:48"

Copied!
41
0
0

Texto

(1)

2021

2

a

edição

• anuario_legis_2021.indb 3

(2)

DIREITO

CONSTITUCIONAL

1. DIREITOS E GARANTIAS

FUNDAMENTAIS

É inconstitucional lei distrital que preveja percentu-al de vagas nas universidades públicas reservadas para alunos que estudaram nas escolas públicas do Distrito Federal, excluindo, portanto, alunos de es-colas públicas de outros Estados da Federação

É inconstitucional a lei distrital que preveja que 40% das vagas das universidades e faculdades pú-blicas do Distrito Federal serão reservadas para alu-nos que estudaram em escolas públicas do Distrito Federal.

Essa lei, ao restringir a cota apenas aos alunos que estudaram no Distrito Federal, viola o art. 3o, IV

e o art. 19, III, da CF/88, tendo em vista que faz uma restrição injustificável entre brasileiros.

Vale ressaltar que a inconstitucionalidade não está no fato de ter sido estipulada a cota em favor de alunos de escolas públicas, mas sim em razão de a lei ter restringindo as vagas para alunos do Distrito Federal, em detrimento dos estudantes de outros Estados da Federação.

` STF. Plenário. ADI 4868, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020 (Info 973).

É inconstitucional lei que preveja requisitos dife-rentes entre homens e mulheres para que recebam pensão por morte

É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e mulheres (art. 5o, I, da

CF/88), a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de outorga de pensão por morte de ex--servidores públicos em relação a seus respectivos

cônjuges ou companheiros/companheiras (art. 201, V, da CF/88).

` STF. Plenário. RE 659424/RS, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 457) (Info 994).

Viola a liberdade de expressão a decisão de retirar da Netflix o especial de Natal do Porta dos Fundos porque seu conteúdo satiriza crenças e valores do cristianismo

Retirar de circulação produto audiovisual disponi-bilizado em plataforma de “streaming” apenas porque seu conteúdo desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra fundamento em uma sociedade democrática e pluralista como a brasileira.

` STF. 2a Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info 998).

A proibição da entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro, não significou censura nem restrição indevida à liberdade de imprensa

A decisão judicial que proibiu a realização de entrevista com Adélio Bispo, autor da facada contra Jair Bolsonaro, não significa restrição indevida à li-berdade de imprensa nem representa censura prévia. Logo, essa decisão não configura ofensa ao en-tendimento firmado pelo STF na ADPF 130, que julgou não recepcionada a Lei de Imprensa (Lei no 5.250/67).

A decisão judicial impediu a entrevista com o ob-jetivo de proteger as investigações e evitar possíveis prejuízos processuais, inclusive quanto ao direito ao silêncio do investigado. Além disso, a decisão teve como finalidade proteger o próprio custodiado, que autorizou a entrevista, mas cuja sanidade mental era discutível na época, tendo sido, posteriormente,

• anuario_legis_2021.indb 15

(3)

declarado inimputável em razão de “transtorno de-lirante persistente”.

` STF. 1a Turma. Rcl 32052 AgR/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/4/2020 (Info 973).

STF determinou a suspensão da investigação que estava sendo realizada pelo Ministério da Justiça contra servidores públicos e demais cidadãos inte-grantes de movimento político antifascista

A imprensa divulgou que o Ministério da Justiça estaria investigando e elaborando dossiês sigilosos contra um grupo de servidores públicos identificados como integrantes do “movimento antifascismo”. Os principais alvos da investigação seriam professores e policiais autointitulados de “antifascistas”.

Determinado partido político ajuizou ADPF para que o STF declare que essa investigação viola os preceitos fundamentais da liberdade de expressão, reunião, associação, inviolabilidade de intimidade, vida privada e honra.

O STF deferiu medida cautelar para suspender todo e qualquer ato do Ministério da Justiça e Se-gurança Pública (MJSP) de produção ou comparti-lhamento de informações sobre a vida pessoal, as escolhas pessoais e políticas, as práticas cívicas de cidadãos, servidores públicos federais, estaduais e municipais identificados como integrantes de mo-vimento político antifascista, professores universi-tários e quaisquer outros que, atuando nos limites da legalidade, exerçam seus direitos de livremente expressar-se, reunir-se e associar-se.

` STF. Plenário. ADPF 722 MC/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19 e 20/8/2020 (Info 987).

É constitucional a lei que determina que as rádios transmitam o programa “Voz do Brasil” em horário compreendido entre as 19h e as 22h

Presente razoável e adequada finalidade de fa-zer chegar ao maior número de brasileiros diversas informações de interesse público, é constitucional o art. 38, “e”, da Lei no 4.117/62, com a redação dada

pela Lei no 13.644/2018, ao prever a obrigatoriedade

de transmissão de programas oficiais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário (“Voz do Brasil”), em faixa horária pré-determinada e de maior audiência.

` STF. Plenário. Red. para acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 1039)

Jornal poderá acessar dados sobre mortes registra-das em ocorrências policiais

Caso concreto: o jornal Folha de São Paulo pediu para que o Governo do Estado fornecesse informa-ções relacionadas a mortes registradas pela polícia em boletins de ocorrência. O pedido foi negado sob o fundamento de que, apesar de terem natureza pública, esses dados deveriam ser divulgados com cautela e não seriam indispensáveis para o trabalho jornalístico.

O STJ não concordou e afirmou que não cabe à administração pública ou ao Poder Judiciário discutir o uso que se pretende dar à informação de natureza pública. A informação, por ser pública, deve estar disponível ao público, independentemente de jus-tificações ou considerações quanto aos interesses a que se destina.

Não se pode vedar o exercício de um direito – acessar a informação pública – pelo mero receio do abuso no exercício de um outro e distinto direito – o de livre comunicar.

Em suma: veículo de imprensa jornalística possui direito líquido e certo de obter dados públicos sobre óbitos relacionados a ocorrências policiais.

` STJ. 2a Turma. REsp 1.852.629-SP, Rel. Min. Og Fernan-des, julgado em 06/10/2020 (Info 681).

É inconstitucional o art. 6o-B da Lei no 13.979/2020,

incluído pela MP 928/2020, porque ele impõe uma série de restrições ao livre acesso do cidadão a in-formações

É inconstitucional o art. 6o-B da Lei no 13.979/2020,

incluído pela MP 928/2020, porque ele impõe uma série de restrições ao livre acesso do cidadão a informações.

O art. 6o-B não estabelece situações excepcionais

e concretas impeditivas de acesso à informação. Pelo contrário, transforma a regra constitucional de publicidade e transparência em exceção, invertendo a finalidade da proteção constitucional ao livre acesso de informações a toda sociedade.

` STF. Plenário. ADI 6351 MC-Ref/DF, ADI 6347 MC-Ref/DF e ADI 6353 MC-Ref/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgados em 30/4/2020 (Info 975).

• anuario_legis_2021.indb 16

(4)

LE GI SL ÃO E J UR ISP RU NC IA

A Lei no 9.656/98 não pode ser aplicada aos

contra-tos firmados anteriormente à sua vigência

As disposições da Lei no 9.656/98, à luz do art.

5o, XXXVI, da Constituição Federal, somente incidem

sobre os contratos celebrados a partir de sua vigência, bem como sobre os contratos que, firmados ante-riormente, foram adaptados ao seu regime, sendo as respectivas disposições inaplicáveis aos beneficiários que, exercendo sua autonomia de vontade, optaram por manter os planos antigos inalterados.

` STF. Plenário. RE 948634, Rel. Min. Ricardo Lewandows-ki, julgado em 20/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 123) (Info 995).

Não é possível atrelar-se ao salário mínimo o valor alusivo a benefício social e os respectivos critérios de admissão

Lei estadual criou um benefício assistencial e previu que seu valor seria o do salário mínimo vigente. Tal previsão, em princípio, viola o art. 7o,

IV, da CF/88, que proíbe que o salário mínimo seja utilizado como referência (parâmetro) para outras fi-nalidades que não sejam a remuneração do trabalho. No entanto, o STF afirmou que seria possível conferir interpretação conforme a Constituição e dizer que o dispositivo previu que o valor do benefício seria igual ao salário mínimo vigente na época em que a lei foi editada (R$ 545). Após isso, mesmo o salário mínimo aumentando nos anos seguintes, o valor do benefício não pode acompanhar automaticamente os reajustes realizados sobre o salário mínimo, conside-rando que ele não pode servir como indexador. Em suma, o STF determinou que a referência ao salário mínimo contida na lei estadual seja considerada como um valor certo que vigorava na data da edição da lei, passando a ser corrigido nos anos seguintes por meio de índice econômico diverso. Com isso, o benefício continua existindo e será necessário ao governo do Amapá apenas reajustar esse valor por meio de índices econômicos.

` STF. Plenário. ADI 4726/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020 (Info 998).

A EC 20/98 ampliou a proibição do trabalho in-fantil ao elevar de 14 para 16 anos a idade míni-ma permitida para o trabalho; essa alteração

é constitucional e tem por objetivo proteger as crianças e adolescentes

A norma fundada no art. 7o, XXXIII, da Constituição

Federal, na alteração que lhe deu a Emenda Consti-tucional 20/1998, tem plena validade constiConsti-tucional. Logo, é vedado “qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”.

` STF. Plenário. ADI 2096/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/10/2020 (Info 994).

O art. 522 da CLT, que prevê um número máximo empregados que podem ser dirigentes sindicais, é compatível com a CF/88 e não viola a garantia da liberdade sindical

O art. 8o, VIII, da CF/88 prevê que os dirigentes

sindicais não podem ser demitidos, salvo se come-terem falta grave.

O art. 522 da CLT prevê um número máximo em-pregados que podem ser dirigentes sindicais.

Assim que a CF/88 foi promulgada, alguns dou-trinadores começaram a sustentar a tese de que o art. 522 da CLT não teria sido recepcionado pela Carta Constitucional. Isso porque o inciso I do art. 8o da

Constituição prevê que a liberdade sindical, ou seja, proíbe que o poder público interfira na organização dos sindicatos.

O TST e o STF não concordaram com essa tese. A liberdade sindical tem previsão constitucional, mas não possui caráter absoluto.

A previsão legal de número máximo de dirigentes sindicais dotados de estabilidade de emprego não esvazia a liberdade sindical.

Essa garantia constitucional existe para que possa assegurar a autonomia da entidade sindical, mas não serve para criar situações de estabilidade genérica e ilimitada que violem a razoabilidade e a finalidade da norma constitucional garantidora do direito.

Logo, o art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988.

` STF. Plenário. ADPF 276, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 15/05/2020 (Info 980 – clipping).

A omissão injustificada da Administração em pro-videnciar a disponibilização de banho quente nos

• anuario_legis_2021.indb 17

(5)

estabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia

A omissão injustificada da Administração em pro-videnciar a disponibilização de banho quente nos es-tabelecimentos prisionais fere a dignidade de presos sob sua custódia.

A determinação de que o Estado forneça banho quente aos presos está relacionada com a dignidade da pessoa humana, naquilo que concerne à integri-dade física e mental a todos garantida.

O Estado tem a obrigação inafastável e impres-critível de tratar prisioneiros como pessoas, e não como animais.

O encarceramento configura pena de restrição do direito de liberdade, e não salvo-conduto para a aplicação de sanções extralegais e extrajudiciais, diretas ou indiretas.

Em presídios e lugares similares de confinamen-to, ampliam-se os deveres estatais de proteção da saúde pública e de exercício de medidas de assepsia pessoal e do ambiente, em razão do risco agravado de enfermidades, consequência da natureza fechada dos estabelecimentos, propícia à disseminação de patologias.

` STJ. 2a Turma. REsp 1.537.530-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/04/2017 (Info 666).

Lei 14.017/2020: Prevê ações emergenciais destinadas ao setor cultural durante a pandemia da Covid-19

uma das atividades econômicas mais afetadas com a pandemia da Covid-19 foi o setor cultural porque com as restrições de convívio presencial, os shows, concertos, peças e outras atividades artísticas que envolvam aglomerações foram suspensas por prazo indeterminado.

Diante disso, foi editada a Lei no 14.017/2020

prevendo algumas medidas para ajudar os artistas, produtores e demais pessoas que trabalham no setor.

O art. 2o da Lei prevê que a União entregará aos

Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em parcela única, no exercício de 2020, o valor de R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais) para apli-cação, pelos Poderes Executivos locais, em ações emergenciais de apoio ao setor cultural por meio de:

I – renda emergencial mensal aos trabalhadores e trabalhadoras da cultura;

II – subsídio mensal para manutenção de espa-ços artísticos e culturais, microempresas e pequenas empresas culturais, cooperativas, instituições e orga-nizações culturais comunitárias que tiveram as suas atividades interrompidas por força das medidas de isolamento social; e

III – editais, chamadas públicas, prêmios, aquisi-ção de bens e serviços vinculados ao setor cultural e outros instrumentos destinados à manutenção de agentes, de espaços, de iniciativas, de cursos, de produções, de desenvolvimento de atividades de economia criativa e de economia solidária, de pro-duções audiovisuais, de manifestações culturais, bem como à realização de atividades artísticas e cultu-rais que possam ser transmitidas pela internet ou disponibilizadas por meio de redes sociais e outras plataformas digitais.

„RENDA EMERGENCIAL MENSAL

Em que consiste essa renda emergencial mensal mencionada no inciso I acima?

É um benefício no valor de R$ 600,00, pago em 3 parcelas sucessivas, aos trabalhadores e trabalha-doras da cultura.

Esse benefício poderá ser prorrogado no mesmo prazo em que for prorrogado o benefício previsto no art. 2o da Lei no 13.982/2020 (auxílio emergencial a

trabalhadores informais).

Quem tem direito a esse benefício?

Farão jus à renda emergencial os trabalhadores e trabalhadoras da cultura com atividades interrom-pidas e que comprovem:

I – terem atuado social ou profissionalmente nas áreas artística e cultural nos 24 meses imediatamente anteriores à data de publicação da Lei no 14.017/2020,

comprovada a atuação de forma documental ou au-todeclaratória;

II – não terem emprego formal ativo;

III – não serem titulares de benefício previden-ciário ou assistencial ou benefipreviden-ciários do seguro-de-semprego ou de programa de transferência de renda federal, ressalvado o Programa Bolsa Família;

• anuario_legis_2021.indb 18

(6)

LE GI SL ÃO E J UR ISP RU NC IA

IV – terem renda familiar mensal per capita de até 1/2 (meio) salário-mínimo ou renda familiar mensal total de até 3 (três) salários-mínimos, o que for maior;

V – não terem recebido, no ano de 2018, ren-dimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 (vinte e oito mil, quinhentos e cinquenta e nove reais e setenta centavos);

VI – estarem inscritos, com a respectiva homologa-ção da inscrihomologa-ção, em, pelo menos, um dos cadastros previstos no § 1o do art. 7o da Lei no 14.017/2020

(cadastro estadual de cultura etc); e

VII – não serem beneficiários do auxílio emergen-cial previsto na Lei no 13.982/2020 (auxílio emergencial

pago aos trabalhadores informais).

Pessoas de uma mesma unidade familiar podem re-ceber?

SIM, mas limitado a duas 2 pessoas. Assim, o recebimento da renda emergencial está limitado a 2 membros da mesma unidade familiar.

Mulher provedora de família monoparental

A mulher provedora de família monoparental re-ceberá 2 cotas da renda emergencial.

Quem são os trabalhadores da cultura?

Compreendem-se como trabalhador e trabalhado-ra da cultutrabalhado-ra as pessoas que participam de cadeia produtiva dos segmentos artísticos e culturais descri-tos no art. 8o da Lei, incluídos artistas, contadores de

histórias, produtores, técnicos, curadores, oficineiros e professores de escolas de arte e capoeira.

„SUBSÍDIO MENSAL PARA MANUTENÇÃO DE

ESPAÇOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS

A Lei determina também que o Governo pague um subsídio mensal para manutenção de espaços artísticos e culturais, microempresas e pequenas empresas culturais, cooperativas, instituições e or-ganizações culturais comunitárias que tiveram as suas atividades interrompidas por força das medidas de isolamento social.

Esse subsídio mensal terá valor mínimo de R$ 3 mil e máximo de R$ 10 mil, de acordo com critérios estabelecidos pelo gestor local.

Farão jus a esse benefício os espaços culturais e artísticos, microempresas e pequenas empresas culturais, organizações culturais comunitárias, coo-perativas e instituições culturais com atividades in-terrompidas, que devem comprovar sua inscrição e a respectiva homologação em, pelo menos, um dos seguintes cadastros:

I – Cadastros Estaduais de Cultura; II – Cadastros Municipais de Cultura; III – Cadastro Distrital de Cultura;

IV – Cadastro Nacional de Pontos e Pontões de Cultura;

V – Cadastros Estaduais de Pontos e Pontões de Cultura;

VI – Sistema Nacional de Informações e Indica-dores Culturais (Sniic);

VII – Sistema de Informações Cadastrais do Arte-sanato Brasileiro (Sicab);

VIII – outros cadastros referentes a atividades culturais existentes na unidade da Federação, bem como projetos culturais apoiados nos termos da Lei no 8.313/91, nos 24 meses imediatamente anteriores

à data de publicação da Lei.

Esse benefício somente será concedido para a gestão responsável pelo espaço cultural, vedado o recebimento cumulativo, mesmo que o beneficiário esteja inscrito em mais de um cadastro ou seja res-ponsável por mais de um espaço cultural.

O que são os espaços culturais

Segundo o art. 8o da Lei, compreendem-se como

espaços culturais todos aqueles organizados e manti-dos por pessoas, organizações da sociedade civil, em-presas culturais, organizações culturais comunitárias, cooperativas com finalidade cultural e instituições culturais, com ou sem fins lucrativos, que sejam dedicados a realizar atividades artísticas e culturais, tais como:

I – pontos e pontões de cultura; II – teatros independentes;

III – escolas de música, de capoeira e de artes e estúdios, companhias e escolas de dança;

IV – circos; V – cineclubes;

• anuario_legis_2021.indb 19

(7)

VI – centros culturais, casas de cultura e centros de tradição regionais;

VII – museus comunitários, centros de memória e patrimônio;

VIII – bibliotecas comunitárias;

IX – espaços culturais em comunidades indígenas; X – centros artísticos e culturais afro-brasileiros; XI – comunidades quilombolas;

XII – espaços de povos e comunidades tradicio-nais;

XIII – festas populares, inclusive o carnaval e o São João, e outras de caráter regional;

XIV – teatro de rua e demais expressões artísticas e culturais realizadas em espaços públicos;

XV – livrarias, editoras e sebos;

XVI – empresas de diversão e produção de es-petáculos;

XVII – estúdios de fotografia;

XVIII – produtoras de cinema e audiovisual; XIX – ateliês de pintura, moda, design e artesanato; XX – galerias de arte e de fotografias;

XXI – feiras de arte e de artesanato; XXII – espaços de apresentação musical;

XXIII – espaços de literatura, poesia e literatura de cordel;

XXIV – espaços e centros de cultura alimentar de base comunitária, agroecológica e de culturas originárias, tradicionais e populares;

XXV – outros espaços e atividades artísticos e culturais validados nos cadastros aos quais se refere o art. 7o da Lei.

Fica vedada a concessão do benefício a que se refere o inciso II do caput do art. 2o desta Lei a

es-paços culturais criados pela administração pública de qualquer esfera ou vinculados a ela, bem como a espaços culturais vinculados a fundações, a insti-tutos ou instituições criados ou mantidos por grupos de empresas, a teatros e casas de espetáculos de diversões com financiamento exclusivo de grupos empresariais e a espaços geridos pelos serviços so-ciais do Sistema S.

Contrapartida

Os espaços culturais e artísticos, as empresas culturais e organizações culturais comunitárias, as cooperativas e as instituições beneficiadas com esse subsídio ficarão obrigados a garantir como contrapar-tida, após o reinício de suas atividades, a realização de atividades destinadas, prioritariamente, aos alu-nos de escolas públicas ou de atividades em espaços públicos de sua comunidade, de forma gratuita, em intervalos regulares, em cooperação e planejamento definido com o ente federativo responsável pela gestão pública de cultura do local.

Prestação de contas

O beneficiário do subsídio deverá apresentar prestação de contas referente ao uso do benefício ao respectivo Estado, ao Município ou ao Distrito Federal, conforme o caso, em até 120 dias após o recebimento da última parcela do subsídio.

Linhas de crédito e renegociação de dívidas

As instituições financeiras federais (ex: Caixa Eco-nômica, Banco do Brasil) poderão disponibilizar às pessoas físicas que comprovem serem trabalhadores e trabalhadoras do setor cultural e às microempresas e empresas de pequeno porte, que tenham finalidade cultural em seus respectivos estatutos, o seguinte:

I – linhas de crédito específicas para fomento de atividades e aquisição de equipamentos; e

II – condições especiais para renegociação de débitos.

Os débitos relacionados às linhas de crédito deve-rão ser pagos no prazo de até 36 meses, em parcelas mensais reajustadas pela Selic, a partir de 180 dias, contados do final do estado de calamidade pública.

É condição para o acesso às linhas de crédito e às condições especiais o compromisso de manutenção dos níveis de emprego existentes à data de entrada em vigor do Decreto Legislativo no 6/2020.

Vigência

A Lei no 14.017/2020 entrou em vigor na data de

sua publicação (11/07/2020).

• anuario_legis_2021.indb 20

(8)

LE GI SL ÃO E J UR ISP RU NC IA

LEI 13.979/2020: Estabelece medidas para en-frentamento do coronavírus

„INTRODUÇÃO

Sobre o que trata a Lei no 13.979/2020?

A Lei no 13.979/2020 prevê nove medidas que

po-derão ser adotadas pelo Brasil para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do Sars-CoV-2.

As medidas estabelecidas na Lei objetivam a proteção da coletividade.

Vale ressaltar que esta Lei foi publicada em 07/02/2020.

Originou-se de projeto de lei de autoria do Poder Executivo, apresentado à Câmara dos Deputados em 04/02/2020 e aprovado em regime de urgência. A União exerceu competência concorrente para legislar sobre defesa da saúde (art. 24, XII, da CF/88). A saúde é direito fundamental (art. 6o da CF/88), cuja garantia

é dever do Estado (art. 196 da CF/88).

Quanto tempo irá durar a situação de emergência de saúde pública?

Segundo a Lei, isso deve ser definido em ato do Ministro de Estado da Saúde, não podendo, contudo, ser superior ao que for declarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Vale diferenciar esta situação emergencial de saú-de pública do estado saú-de calamidasaú-de pública: este tem relação direta com a execução orçamentária e financeira e com a gestão fiscal, conforme previsto no art. 65 da Lei Complementar no 101/200 – LRF. O

Decreto Legislativo no 6/2020, de 20/03/2020,

reco-nheceu o estado de calamidade pública com efeitos até 31/12/2020.

„ROL MEDIDAS DE COMBATE AO CORONAVÍRUS O aspecto mais importante desta Lei está no art. 3o onde são previstas 9 medidas que poderão

ser adotadas pelo poder público para o combate ao novo coronavírus.

Vale ressaltar que se trata de um rol exempli-ficativo, ou seja, o governo poderá adotar outras

medidas além das que estão ali elencadas. Confira a redação do caput:

Art. 3o Para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional de que trata esta Lei, as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas competências, entre outras, as seguintes medidas:

(...)

Vamos ver agora cada uma das medidas previstas nos incisos do art. 3o.

I – isolamento

Isolamento consiste na separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de bagagens, meios de transporte, mercadorias ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a contami-nação ou a propagação do coronavírus.

As condições e o prazo de isolamento serão defi-nidos em ato do Ministro de Estado da Saúde.

II – quarentena

Quarentena é a restrição de atividades ou se-paração de pessoas suspeitas de contaminação das pessoas que não estejam doentes, ou de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou mer-cadorias suspeitos de contaminação, de maneira a evitar a possível contaminação ou a propagação do coronavírus.

As condições e o prazo de quarentena serão definidos em ato do Ministro de Estado da Saúde.

Ponto importante. Repare na diferença:

• isolamento: atinge pessoas doentes ou conta-minadas ou coisas afetadas;

• quarentena: envolve pessoas ou coisas suspei-tas de contaminação.

III – exames, testes, coletas, vacinação e trata-mentos obrigatórios

Determinação de realização compulsória de: a) exames médicos;

b) testes laboratoriais; c) coleta de amostras clínicas;

d) vacinação e outras medidas profiláticas; ou e) tratamentos médicos específicos;

• anuario_legis_2021.indb 21

(9)

Poder Público pode determinar a vacinação compul-sória contra a Covid-19 (o que é diferente de vacina-ção forçada)

O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 3o, III, “d”, da Lei no 13.979/2020. Ao fazer isso,

o STF disse que o Poder Público pode determinar aos cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei no

13.979/2020.

O Estado pode impor aos cidadãos que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei (multa, impedimento de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode fazer a imunização à força. Também ficou definido que os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios têm autonomia para realizar campanhas locais de vacinação.

A tese fixada foi a seguinte:

(i) A vacinação compulsória não significa vacina-ção forçada, porquanto facultada sempre a recusa do usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras, a restrição ao exercício de certas ati-vidades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e

(i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes,

(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos imunizantes,

(iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas,

(iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade e

(v) sejam as vacinas distribuídas universal e gra-tuitamente; e

(vi) tais medidas, com as limitações acima ex-postas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência.

` STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandows-ki, julgado em 17/12/2020.

III-A – uso obrigatório de máscaras de proteção individual;

Inciso incluído pela Lei no 14.019/2020.

A Lei diz que é obrigatório manter boca e nariz co-bertos por máscara de proteção individual, conforme a legislação sanitária e na forma de regulamentação estabelecida pelo Poder Executivo federal, para:

1) circulação em espaços públicos e privados acessíveis ao público;

2) circulação em vias públicas; e

3) circulação em transportes públicos coletivos, incluindo:

a) táxis ou veículos de transporte de passageiros por aplicativo (ex: Uber);

b) ônibus, aeronaves ou embarcações de uso coletivo fretados.

Obs.: as máscaras podem ser artesanais ou in-dustriais.

Empresas de transporte poderão impedir a entrada de pessoas sem máscara

As concessionárias e empresas de transporte pú-blico deverão atuar em colaboração com o Poder Público na fiscalização do cumprimento das normas de utilização obrigatória de máscaras de proteção individual, podendo inclusive vedar, nos terminais e meios de transporte por elas operados, a entrada de passageiros em desacordo com as normas estabele-cidas pelo respectivo poder concedente.

Estabelecimentos prisionais e de medidas socioe-ducativas

É obrigatório também o uso de máscaras de proteção individual nos estabelecimentos prisionais e nos estabelecimentos de cumprimento de medidas socioeducativas.

Ponto importante. Quem não é obrigado a usar a máscara:

A utilização das máscaras será dispensada no caso de:

• pessoas com transtorno do espectro autista; • pessoas com deficiência intelectual, deficiências

sensoriais ou com quaisquer outras deficiências que as impeçam de fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, conforme declara-ção médica, que poderá ser obtida por meio digital;

• crianças com menos de 3 (três) anos de idade.

• anuario_legis_2021.indb 22

(10)

LE GI SL ÃO E J UR ISP RU NC IA Cartazes

Os órgãos, entidades e estabelecimentos onde é obrigatório o uso das máscaras deverão afixar carta-zes informativos sobre a forma de seu uso correto e o número máximo de pessoas permitidas ao mesmo tempo dentro do estabelecimento.

IV – estudo ou investigação epidemiológica V – exumação, necropsia, cremação e manejo de cadáver;

VI – restrição à circulação em rodovias, portos ou aeroportos

Restrição excepcional e temporária, por rodovias, portos ou aeroportos, de:

a) entrada e saída do País; e

b) locomoção interestadual e intermunicipal; VII – requisição de bens e serviços

Requisição de bens e serviços de pessoas natu-rais e jurídicas, hipótese em que será garantido o pagamento posterior de indenização justa.

O que é requisição?

Requisição é o poder que o Estado possui de uti-lizar bens móveis, imóveis ou serviços de particulares, de forma compulsória, caso se esteja diante de uma situação de perigo público iminente.

Se houver dano, o Estado, depois do uso, irá indenizar o particular.

A requisição administrativa não viola o direito de propriedade por três razões:

• o particular não perde a propriedade do bem; • existe uma razão que justifica o uso: interesse

público de enfrentar o perigo público iminente; • o instituto está previsto na Constituição Federal: Art. 5o (...)

XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano.

Quem pode requisitar?

Vale ressaltar que o STF decidiu que os entes fe-derativos podem decretar a requisição administrativa de bens e serviços para enfrentar a Covid-19 sem necessidade de prévia análise nem de autorização

do Ministério da Saúde, mas deve se fundamentar em evidências científicas e ser devidamente moti-vada. Veja:

O art. 3o, caput, VII e § 7o, III, da Lei no 13.979/2020 autoriza que os gestores locais de saúde (secretarias estaduais e municipais, p. ex.), mesmo sem autori-zação do Ministério da Saúde, façam a requisição de bens e serviços.

O STF afirmou que esses dispositivos são cons-titucionais.

Não se exige autorização do Ministério da Saúde para que os Estados-membros, Distrito Federal e Municípios decretem a requisição administrativa prevista no art. 3o, caput, VII e § 7o, III, da Lei no 13.979/2020, no exercício de suas competências constitucionais.

` STF. Plenário. ADI 6362/DF, Rel. Min. Ricardo Lewan-dowski, julgado em 2/9/2020 (Info 989).

VIII – importação e distribuição de medicamentos sem registro na ANVISA

Autorização excepcional e temporária para a im-portação e distribuição de quaisquer materiais, medi-camentos, equipamentos e insumos da área de saúde sujeitos à vigilância sanitária sem registro na Anvisa considerados essenciais para auxiliar no combate à pandemia do coronavírus, desde que registrados por pelo menos 1 (uma) das seguintes autoridades sanitárias estrangeiras e autorizados à distribuição comercial em seus respectivos países:

1. Food and Drug Administration (FDA); 2. European Medicines Agency (EMA);

3. Pharmaceuticals and Medical Devices Agency (PMDA);

4. National Medical Products Administration (NMPA).

Essas agências se referem a quais países?

• FDA: EUA;

• EMA: União Europeia; • PMDA: Japão;

• NMPA: China.

Obs.1: o médico que prescrever ou ministrar medi-camento cuja importação ou distribuição tenha sido autorizada na forma do inciso VIII do caput deste

• anuario_legis_2021.indb 23

(11)

artigo deverá informar ao paciente ou ao seu repre-sentante legal que o produto ainda não tem registro na Anvisa e foi liberado por ter sido registrado por autoridade sanitária estrangeira (§ 7o-B do art. 3o).

Obs.2: posteriormente, a MP 1026/2021, editada em 06/01/2021, afirmou que a Anvisa poderá conceder autorização excepcional e temporária para a importa-ção e distribuiimporta-ção de vacinas e outros medicamentos sem registro no Brasil, desde que já tenham sido aprovados pelas agências acima listadas e também pela agência de saúde do Reino Unido. Confira:

Art. 16. A Anvisa, de acordo com suas normas, poderá conceder autorização excepcional e tempo-rária para a importação e distribuição de quaisquer vacinas contra a covid-19, materiais, medicamentos, equipamentos e insumos da área de saúde sujeitos à vigilância sanitária, sem registro na Anvisa e conside-rados essenciais para auxiliar no combate à covid-19,

desde que registrados por, no mínimo, uma das seguintes autoridades sanitárias estrangeiras e au-torizados à distribuição em seus respectivos países: I – Food and Drug Administration – FDA, dos Estados Unidos da América;

II – European Medicines Agency – EMA, da União Europeia;

III – Pharmaceuticals and Medical Devices Agency – PMDA, do Japão;

IV – National Medical Products Administration – NMPA, da República Popular da China; e

V – Medicines and Healthcare Products Regulatory Agency – MHRA, do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.

„QUEM PODE DETERMINAR AS MEDIDAS DE

COMBATE AO CORONAVÍRUS

Quem pode adotar cada uma das medidas, segundo o texto da Lei 13.979/2020

Órgão/entidade Medidas que pode adotar

1) Ministério da Saúde Todas as medidas do art. 3o, com exceção de uma: o inciso VIII (importação e

dis-tribuição de medicamentos sem registro no Brasil). 2) ANVISA Apenas a medida do inciso VIII.

3) Gestores locais de saúde (secretarias estaduais e municipais, p. ex.)

Mesmo sem autorização do Ministério da Saúde:

• determinação de realização compulsória de exames médicos, testes laboratoriais, coleta de amostras clínicas, vacinação ou tratamentos médicos específicos (inciso III).

• estudo ou investigação epidemiológica (inciso IV); • requisição de bens e serviços (inciso VII).

Somente se houver autorização* do Ministério da Saúde: • isolamento (inciso I);

• quarentena (inciso II);

• exumação, necropsia, cremação e manejo de cadáver (inciso V); • restrição à circulação em rodovias, portos ou aeroportos (inciso VI).

* O que o STF disse na ADI 6343/DF:

Estados, Distrito Federal e Municípios não preci-sam de autorização da União para adotar as medidas necessárias ao combate do coronavírus. Logo, essa exigência de que os gestores locais de saúde tenham autorização do Ministério da Saúde para adotar as

medidas não é compatível com a Constituição e, por isso, foi suspensa.

Autonomia dos entes deve ser respeitada

Para o STF, a União não deve ter o monopólio de regulamentar todas as medidas que devem ser

• anuario_legis_2021.indb 24

(12)

LE GI SL ÃO E J UR ISP RU NC IA

tomadas para o combate à pandemia. O governo federal tem o papel primordial de coordenação entre os entes federados, mas a autonomia deles deve ser respeitada. É impossível que o poder central conheça todas as particularidades regionais.

Não é possível exigir que Estados-membros e Municípios se vinculem a autorizações e decisões de órgãos federais para tomar atitudes de combate à pandemia.

Como exemplo, pode-se mencionar que a exclu-sividade da União quanto às regras de transporte intermunicipal durante a pandemia é danosa já que cada Estado e Município possui peculiaridades.

Restrição ao transporte

O art. 3o, VI, da Lei prevê que é possível a

res-trição excepcional e temporária por rodovias, portos ou aeroportos de:

a) entrada e saída do País; e

b) locomoção interestadual e intermunicipal; A Lei diz que ato conjunto dos Ministros da Saúde, da Justiça e da Infraestrutura disporá sobre essas medidas.

Essas medidas de restrição ao transporte de-verão ser precedidas de recomendação técnica e fundamentada:

I – da Anvisa, em relação à entrada e saída do País e à locomoção interestadual; ou

II – do respectivo órgão estadual de vigilância sanitária, em relação à locomoção intermunicipal.

Segundo decidiu o STF na ADI 6343, no caso da letra “b” (determinar restrições à locomoção inte-restadual e intermunicipal), os Estados e Municípios não precisam de autorização da União.

Vale ressaltar, no entanto, que os Estados, Distrito Federal e Municípios somente podem adotar tais restrições se houver recomendação técnica e funda-mentada, devendo ainda ser resguardada a locomo-ção dos produtos e serviços essenciais definidos por decreto da respectiva autoridade federativa, sempre respeitadas as definições no âmbito da competência constitucional de cada ente federativo.

Isso significa que a União está proibida de adotar qualquer medida relacionada com o transporte in-termunicipal?

NÃO. Não significa isso. A União tem a possibilida-de possibilida-de atuar na questão do transporte e das rodovias intermunicipais, mas desde que fique demonstrado que haja interesse geral. Ex: a União pode determinar a interdição de rodovias para garantir o abastecimen-to mais rápido de medicamenabastecimen-tos, sob a perspectiva de um interesse nacional.

Vale ressaltar, todavia, que os Estados também devem ter o poder de regulamentar o transporte intermunicipal para realizar barreiras sanitárias nas rodovias, por exemplo, se o interesse for regional. De igual modo, o Município precisa ter sua autonomia respeitada.

Em outras palavras, o que o STF afirmou na ADI 6343 é que cada unidade (ente federativo) pode e deve a atuar, mas no seu respectivo âmbito de competência.

Estados e Municípios não podem determinar o fe-chamento de fronteiras

O STF afirmou expressamente na ADI 6343 que Estados, Distrito Federal e Municípios não podem fechar fronteiras, pois sairiam de suas competências constitucionais.

Medidas de restrição à locomoção devem ser lidas em conjunto com o Decreto 10.282/2020

No enfrentamento da emergência de saúde, há critérios mínimos baseados em evidências científicas para serem impostas medidas restritivas, especial-mente as mais graves, como a restrição de locomoção.

A competência dos Estados, Distrito Federal e Municípios, assim como a da União, não lhes confere carta branca para limitar a circulação de pessoas e mercadorias com base unicamente na conveniência e na oportunidade do ato. A emergência internacional não implica nem muito menos autoriza a outorga de discricionariedade sem controle ou sem contrapesos típicos do Estado Democrático de Direito.

Assim, o inciso VI do art. 3o da Lei precisa ser lido

em conjunto com o Decreto 10.282/2020, que regula-menta a Lei no 13.979/2020, para definir os serviços

públicos e as atividades essenciais.

• anuario_legis_2021.indb 25

(13)

As medidas de restrição devem ser precedidas de recomendação técnica e fundamentada do respectivo órgão de vigilância sanitária ou equivalente.

É necessário também resguardar a locomoção dos produtos e serviços essenciais definidos pelos entes federados no âmbito do exercício das corresponden-tes competências constitucionais.

Em suma:

O STF concedeu parcialmente medida cautelar para: a) suspender parcialmente, sem redução de texto, o disposto no art. 3o, VI, “b”, e §§ 6o e 7o, II, da Lei no 13.979/2020, a fim de excluir estados e municípios da necessidade de autorização ou de observância ao ente federal; e

b) conferir interpretação conforme aos referidos dispositivos no sentido de que as medidas neles previstas devem ser precedidas de recomendação técnica e fundamentada, devendo ainda ser res-guardada a locomoção dos produtos e serviços essenciais definidos por decreto da respectiva autoridade federativa, sempre respeitadas as de-finições no âmbito da competência constitucional de cada ente federativo.

` STF. Plenário. ADI 6343 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Mo-raes, julgado em 6/5/2020 (Info 976).

Art. 3o Para enfrentamento da emergência de

saúde pública de importância internacional decor-rente do coronavírus, as autoridades poderão adotar, no âmbito de suas competências, dentre outras, as seguintes medidas:

(...)

VI – restrição excepcional e temporária, conforme recomendação técnica e fundamentada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por rodovias, portos ou aeroportos de:

b) locomoção interestadual e intermunicipal; (Redação dada pela Medida Provisória no 926/2020)

Art. 3o (...)

§ 6o Ato conjunto dos Ministros de Estado da

Saú-de, da Justiça e Segurança Pública e da Infraestrutura disporá sobre as medidas previstas no inciso VI do caput deste artigo, observado o disposto no inciso I do § 6o-B deste artigo.

(...)

§ 7o As medidas previstas neste artigo poderão

ser adotadas: (...)

II – pelos gestores locais de saúde, desde que autorizados pelo Ministério da Saúde, nas hipóteses dos incisos I, II, III-A, V e VI do caput deste artigo; (com redação dada pela Lei no 14.035/2020)

§ 8o Na ausência da adoção de medidas de que

trata o inciso II do § 7o deste artigo, ou até sua

su-perveniência, prevalecerão as determinações: I – do Ministério da Saúde em relação aos incisos I, II, III, IV, V e VII do caput deste artigo; e

II – do ato conjunto de que trata o § 6o em

relação às medidas previstas no inciso VI do caput deste artigo.

(com redação dada pela Lei no 14.035/2020)

„REQUISITOS E OBRIGATORIDADE DAS MEDIDAS

Requisitos para que essas medidas sejam adotadas:

1) só poderão ser determinadas com base em evidências científicas e em análises sobre as infor-mações estratégicas em saúde; e

2) deverão ser limitadas no tempo e no espaço ao mínimo indispensável à promoção e à preservação da saúde pública.

As medidas previstas no art. 3o são obrigatórias?

SIM. As pessoas deverão sujeitar-se ao cumpri-mento das medidas acima explicadas e, segundo a Lei no 13.979/2020, “o descumprimento delas acarretará

responsabilização, nos termos previstos em lei”. Podemos cogitar dois âmbitos de responsabili-zação:

O art. 10, V, da Lei no 6.437/77 afirma que essa

conduta configura infração sanitária:

VII – impedir ou dificultar a aplicação de medi-das sanitárias relativas às doenças transmissíveis e ao sacrifício de animais domésticos considerados perigosos pelas autoridades sanitárias:

pena – advertência, e/ou multa;

Na esfera criminal, o agente poderá responder pelo crime do art. 268 do Código Penal:

Infração de medida sanitária preventiva

• anuario_legis_2021.indb 26

(14)

LE GI SL ÃO E J UR ISP RU NC IA

Art. 268. Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa:

Pena – detenção, de um mês a um ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de um ter-ço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

Se, além de descumprir as medidas, o agente disseminar o vírus, causando epidemia, poderá res-ponder pelo crime do art. 267 do CP:

Art. 267. Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:

Pena – reclusão, de dez a quinze anos.

§ 1o Se do fato resulta morte, a pena é aplicada

em dobro.

§ 2o No caso de culpa, a pena é de detenção,

de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.

Além disso, o descumprimento das medidas de enfrentamento à pandemia, caso se enquadre em outros tipos penais, como desobediência (art. 330 do CP), por exemplo, durante o período compreendido no Decreto Legislativo no 6 de 20/03/2020, poderá

ter a pena agravada.

O Código Penal prevê como circunstância que sempre agrava a pena do agente o cometimento do crime em ocasião de calamidade pública, salvo quando esta for elementar do tipo:

Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: (...)

II – ter o agente cometido o crime: (...)

j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;

„SERVIÇOS PÚBLICOS E ATIVIDADES ESSENCIAIS Como vimos, o art. 3o da Lei no 13.979/2020 prevê,

em seus incisos, nove medidas para enfrentamento do coronavírus. Ex: isolamento, quarentena, restrição excepcional e temporária da locomoção interestadual ou intermunicipal, requisição de bens e serviços, entre outros.

O § 8o do art. 3o faz, contudo, uma ressalva

e afirma que essas medidas previstas nos incisos, quando adotadas, deverão resguardar o exercício e o funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais.

Além disso, é vedada a restrição à ação de tra-balhadores que possa afetar o funcionamento de serviços públicos e de atividades essenciais e as cargas de qualquer espécie que possam acarretar desabastecimento de gêneros necessários à popu-lação (§ 11 do art. 3o, com redação dada pela Lei no

14.035/2020).

As medidas a que se referem os incisos I, II e VI acima descritas, observado o disposto nos incisos I e II do § 6o-B do art. 3o, quando afetarem a execução de

serviços públicos e de atividades essenciais, inclusive os regulados, concedidos ou autorizados, somente poderão ser adotadas em ato específico e desde que haja articulação prévia com o órgão regulador ou o poder concedente ou autorizador (§ 10 do art. 3o, com

redação dada pela Lei no 14.035/2020).

Quais são os serviços públicos e atividades essen-ciais?

Os serviços públicos e atividades essenciais foram listados pelo Decreto no 10.282/2020.

São essenciais os serviços para atendimento de mulheres, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência vítimas de crimes

Art. 3o (...)

§ 7o-C Os serviços públicos e atividades essenciais,

cujo funcionamento deverá ser resguardado quando adotadas as medidas previstas neste artigo, incluem os relacionados ao atendimento a mulheres em si-tuação de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006, a crianças,

a adolescentes, a pessoas idosas e a pessoas com deficiência vítimas de crimes tipificados na Lei no

8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), na Lei no 10.741, de 1o de outubro

de 2003 (Estatuto do Idoso), na Lei no 13.146, de 6 de

julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), e no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940

(Código Penal).

São essenciais os serviços e atividades voltados ao atendimento de:

• anuario_legis_2021.indb 27

(15)

• mulheres em situação de violência doméstica e familiar;

• crianças e adolescentes vítimas de crimes pre-vistos no ECA ou no CP;

• pessoas idosas vítimas de crimes previstos no Estatuto do Idoso ou no CP;

• pessoas com deficiência vítimas de crimes pre-vistos no Estatuto da Pessoa com Deficiência ou no CP.

Para garantir que esse serviço essencial seja man-tido, foi acrescentado o art. 5o-A à Lei no 13.979/2020

prevendo que:

• os prazos processuais, a apreciação de matérias, o atendimento às partes e a concessão de me-didas protetivas devem continuar normalmente; • o registro de ocorrências relacionadas com

essas infrações penais poderá ser feito por telefone ou meio eletrônico.

Art. 5o-A Enquanto perdurar o estado de

emergên-cia de saúde internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019:

I – os prazos processuais, a apreciação de ma-térias, o atendimento às partes e a concessão de medidas protetivas que tenham relação com atos de violência doméstica e familiar cometidos contra mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas e pessoas com deficiência serão mantidos, sem sus-pensão;

II – o registro da ocorrência de violência doméstica e familiar contra a mulher e de crimes cometidos contra criança, adolescente, pessoa idosa ou pes-soa com deficiência poderá ser realizado por meio eletrônico ou por meio de número de telefone de emergência designado para tal fim pelos órgãos de segurança pública;

Parágrafo único. Os processos de que trata o inciso I do caput deste artigo serão considerados de natureza urgente.

Profissionais que atuam em serviços e atividades essenciais

O poder público e os empregadores ou contratan-tes adotarão medidas para preservar a saúde e a vida de todos os profissionais considerados essenciais ao controle de doenças e à manutenção da ordem pública (art. 3o-J).

E quem são esses profissionais?

São considerados profissionais essenciais ao con-trole de doenças e à manutenção da ordem pública:

I – médicos; II – enfermeiros;

III – fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fo-noaudiólogos e profissionais envolvidos nos proces-sos de habilitação e reabilitação;

IV – psicólogos; V – assistentes sociais;

VI – policiais federais, civis, militares, penais, rodoviários e ferroviários e membros das Forças Ar-madas;

VII – agentes socioeducativos, agentes de segu-rança de trânsito e agentes de segusegu-rança privada;

VIII – brigadistas e bombeiros civis e militares; IX – vigilantes que trabalham em unidades públi-cas e privadas de saúde;

X – assistentes administrativos que atuam no cadastro de pacientes em unidades de saúde;

XI – agentes de fiscalização;

XII – agentes comunitários de saúde; XIII – agentes de combate às endemias; XIV – técnicos e auxiliares de enfermagem; XV – técnicos, tecnólogos e auxiliares em radio-logia e operadores de aparelhos de tomografia com-putadorizada e de ressonância nuclear magnética;

XVI – maqueiros, maqueiros de ambulância e padioleiros;

XVII – cuidadores e atendentes de pessoas com deficiência, de pessoas idosas ou de pessoas com doenças raras;

XVIII – biólogos, biomédicos e técnicos em aná-lises clínicas;

XIX – médicos-veterinários;

XX – coveiros, atendentes funerários, motoristas funerários, auxiliares funerários e demais trabalha-dores de serviços funerários e de autópsias;

XXI – profissionais de limpeza;

XXII – profissionais que trabalham na cadeia de produção de alimentos e bebidas, incluídos os in-sumos;

• anuario_legis_2021.indb 28

(16)

LE GI SL ÃO E J UR ISP RU NC IA

XXIII – farmacêuticos, bioquímicos e técnicos em farmácia;

XXIV – cirurgiões-dentistas, técnicos em saúde bucal e auxiliares em saúde bucal;

XXV – aeronautas, aeroviários e controladores de voo;

XXVI – motoristas de ambulância; XXVII – guardas municipais;

XXVIII – profissionais dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas);

XXIX – servidores públicos que trabalham na área da saúde, inclusive em funções administrativas;

XXX – outros profissionais que trabalhem ou sejam convocados a trabalhar nas unidades de saúde du-rante o período de isolamento social ou que tenham contato com pessoas ou com materiais que ofereçam risco de contaminação pelo novo coronavírus.

Esses profissionais têm direito aos EPIs

O poder público e os empregadores ou contratan-tes fornecerão, gratuitamente, os equipamentos de proteção individual (EPIs) recomendados pela Anvisa a esses profissionais que estiverem em atividade e em contato direto com portadores ou possíveis portadores do novo coronavírus, considerados os protocolos indicados para cada situação.

Prioridade em testes de diagnóstico da Covid Os profissionais essenciais ao controle de doenças e à manutenção da ordem pública que estiverem em contato direto com portadores ou possíveis portado-res do novo coronavírus terão prioridade para fazer testes de diagnóstico da Covid-19 e serão tempesti-vamente tratados e orientados sobre sua condição de saúde e sobre sua aptidão para retornar ao trabalho. „DIREITOS

Direitos das pessoas

Ficam assegurados às pessoas afetadas pelas me-didas previstas no art. 3o:

I – direito de serem informadas permanentemente sobre o seu estado de saúde e a assistência à família;

II – direito de receberem tratamento gratuito; III – o pleno respeito à dignidade, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais das pessoas,

conforme preconiza o Artigo 3 do Regulamento Sani-tário Internacional, constante do Anexo ao Decreto no 10.212/2020.

Falta justificada

Se o indivíduo tiver que se ausentar do trabalho por conta das medidas acima explicadas, isso será considerado falta justificada seja ele servidor público, seja trabalhador da iniciativa privada.

„LICITAÇÕES E CONTRATOS REALIZADOS NO

PERÍODO

Diante da situação causada pela pandemia, a Lei no 13.979/2020 criou uma nova hipótese de

contrata-ção direta específica e temporária.

Embora guarde semelhança com as contrata-ções emergenciais “típicas” disciplinadas pela Lei no 8.666/93, com estas não se confunde. Há

diver-sos procedimentos diferenciados previstos na Lei no 13.979/2020 (projeto básico e termo de referência

simplificados, dispensa de estudos preliminares e obtenção de preços estimados, por exemplo), além da aplicação temporária.

Nova hipótese de licitação dispensável

A Lei no 8.666/93 prevê hipótese de licitação

dis-pensável em situações emergenciais, quando o tempo necessário à implementação da licitação produz risco de danos irreparáveis (art. 24, IV).

O art. 4o da Lei no 13.979/2020 (com redação dada

pela Lei no 14.035/2020) criou uma hipótese específica

de licitação dispensável (aquela em que há viabi-lidade de realização de licitação, mas o legislador expressamente dispensa a sua realização):

É dispensável a licitação para aquisição ou con-tratação de bens, serviços, inclusive de engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional de que trata esta Lei.

A dispensa de licitação é temporária e aplica-se apenas enquanto perdurar a emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus. Ou seja: é necessário que a contratação tenha a finalidade de atender às necessidades rela-cionadas ao enfrentamento da pandemia, presumin-do-se a urgência na licitação. O dispositivo permite,

• anuario_legis_2021.indb 29

(17)

inclusive, a contratação de serviços de engenharia, tais como a ampliação de hospitais.

Vale destacar que a nova hipótese de licitação dis-pensável prevista no art. 4o da Lei no 13.979/2020, não

constitui óbice ao uso das demais figuras previstas no art. 24 da Lei no 8.666/1993, seja com fundamento

no inciso IV ou nos demais incisos.

Inviabilidade de competição e contratação direta

Atenção! O § 3o do art. 4o prevê que, na situação

excepcional de, comprovadamente, haver uma única fornecedora do bem ou prestadora do serviço, será possível a sua contratação, independentemente da existência de sanção de impedimento ou de suspen-são de contratar com o poder público.

(com redação dada pela Lei no 14.035/2020)

Neste caso, é obrigatória a prestação de garan-tia nas modalidades previstas no art. 56 da Lei no

8.666/93, que não poderá exceder a 10% do valor do contrato.

Consumo sustentável: podem ser comprados equi-pamentos usados

A aquisição ou contratação de bens e serviços, inclusive de engenharia, a que se refere o caput do art. 4o desta Lei, não se restringe a equipamentos

novos, desde que o fornecedor se responsabilize pelas plenas condições de uso e de funcionamento do objeto contratado (art. 4o-A, incluído pela Lei no

14.035/2020).

Presunção absoluta de situação de emergência

Nas dispensas de licitação decorrentes do dispos-to nesta Lei, presumem-se comprovadas as condições de:

I – ocorrência de situação de emergência; II – necessidade de pronto atendimento da situa-ção de emergência;

III – existência de risco à segurança de pessoas, de obras, de prestação de serviços, de equipamentos e de outros bens, públicos ou particulares; e

IV – limitação da contratação à parcela necessária ao atendimento da situação de emergência.

(art. 4o-B da Lei no 13.979/2020, com redação dada

pela Lei no 14.035/2020)

Não será necessária a elaboração de estudos preli-minares

Para a aquisição ou contratação de bens, serviços, inclusive de engenharia, e insumos necessários ao enfrentamento da emergência de saúde pública de que trata esta Lei, não será exigida a elaboração de estudos preliminares quando se tratar de bens e de serviços comuns (art. 4o-C da Lei no 13.979/2020, com

redação dada pela Lei no 14.035/2020).

Gerenciamento de riscos

O gerenciamento de riscos da contratação so-mente será exigível durante a gestão do contrato (art. 4o-D, com redação dada pela Lei no 14.035/2020).

Termo de referência simplificado ou projeto básico simplificado

Nas aquisições ou contratações de bens, serviços e insumos necessários ao enfrentamento da emer-gência de saúde pública de importância internacional de que trata esta Lei, será admitida a apresentação de termo de referência simplificado ou de projeto básico simplificado.

O termo de referência simplificado ou o projeto básico simplificado referidos no caput deste artigo conterá:

I – declaração do objeto;

II – fundamentação simplificada da contratação; III – descrição resumida da solução apresentada; IV – requisitos da contratação;

V – critérios de medição e de pagamento; VI – estimativa de preços obtida por meio de, no mínimo, 1 (um) dos seguintes parâmetros:

a) Portal de Compras do Governo Federal; b) pesquisa publicada em mídia especializada; c) sites especializados ou de domínio amplo; d) contratações similares de outros entes públi-cos; ou

e) pesquisa realizada com os potenciais forne-cedores;

VII – adequação orçamentária.

(art. 4o-E da Lei no 13.979/2020, com redação dada

pela Lei no 14.035/2020).

• anuario_legis_2021.indb 30

(18)

LE GI SL ÃO E J UR ISP RU NC IA

Excepcionalmente, mediante justificativa da auto-ridade competente, será dispensada a estimativa de preços de que o inciso VI acima.

Oscilações de preços

Os preços obtidos a partir da estimativa de que trata o inciso VI acima não impedem a contratação pelo poder público por valores superiores decorren-tes de oscilações ocasionadas pela variação de pre-ços, desde que observadas as seguintes condições:

I – negociação prévia com os demais fornecedores, segundo a ordem de classificação, para obtenção de condições mais vantajosas; e

II – efetiva fundamentação, nos autos da contrata-ção correspondente, da variacontrata-ção de preços praticados no mercado por motivo superveniente.

Restrição de fornecedores ou de prestadores de ser-viço

Na hipótese de haver restrição de fornecedores ou de prestadores de serviço, a autoridade competente, excepcionalmente e mediante justificativa, poderá dispensar a apresentação de documentação relativa à regularidade fiscal ou, ainda, o cumprimento de um ou mais requisitos de habilitação, ressalvados a exigência de apresentação de prova de regularidade trabalhista e o cumprimento do disposto no inciso

XXXIII do caput do art. 7o da Constituição Federal

(art. 4o-F).

Se for caso de pregão (art. 4o-G)

Nos casos de licitação na modalidade pregão, ele-trônico ou presencial, cujo objeto seja a aquisição ou contratação de bens, serviços e insumos necessários ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional de que trata esta Lei, os prazos dos procedimentos licitatórios serão reduzidos pela metade.

Quando o prazo original de que trata o caput deste artigo for número ímpar, este será arredondado para o número inteiro antecedente.

Os recursos dos procedimentos licitatórios so-mente terão efeito devolutivo.

Fica dispensada a realização de audiência pública a que se refere o art. 39 da Lei no 8.666/93, para as

licitações de que trata o caput deste artigo.

Duração dos contratos

Os contratos regidos por esta Lei terão prazo de duração de até 6 meses e poderão ser prorrogados por períodos sucessivos, enquanto vigorar o Decreto Legislativo no 6/2020, respeitados os prazos

pactua-dos (art. 4o-H).

Contratação direta emergencial (art. 24, IV, da Lei no 8.666/93)

Contratação direta enfrentamento da Covid-19 (arts. 4o e 4o-I, da Lei no 13.979/2020)

Prazo máximo de 180 dias, vedada a prorrogação. Prazo de duração de até 6 meses, com possibilidade de prorrogação por períodos sucessivos enquanto durar a emergência da Covid-19

Art. 24. É dispensável a licitação:

IV – nos casos de emergência ou de calamidade públi-ca, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos;

Art. 4o É dispensável a licitação para aquisição ou

contrata-ção de bens, serviços, inclusive de engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional de que trata esta Lei. (Redação dada pela Lei no 14.035/2020)

(...)

Art. 4o-I. Para os contratos decorrentes dos procedimentos

previstos nesta Lei, a administração pública poderá prever que os contratados fiquem obrigados a aceitar, nas mes-mas condições contratuais, acréscimos ou supressões ao objeto contratado de até 50% (cinquenta por cento) do valor inicial atualizado do contrato. (Redação dada pela Lei no 14.035/2020)

• anuario_legis_2021.indb 31

Referências

Documentos relacionados

Devem ser feitas todas as considerações técnicas necessárias, como, análise das adequações físicas necessárias (construção, reforma, adaptação das

1.4 Aquisição de computadores, cadeiras e ar condicionados, para atender as demandas da Universidade tanto para servidores novos e reposição de equipamentos danificado e

A contratação direta é aquela realizada sem licitação, para a Administração comprar ou alienar bens ou contratar obras e serviços, em situações excepcionais, expressamente

4º que: “​é ​dispensável a licitação para aquisição ou contratação de bens, serviços, inclusive de engenharia, e insumos destinados ao enfrentamento da emergência de

De acordo com o art. 6º, XXXVIII, da Lei n° 14.133/2021, a concorrência se define como a modalidade de licitação a ser utilizada para contratação de bens e serviços especiais e

Os administradores da Altri centram a sua actividade, essencialmente, na gestão das participações do Grupo e na definição das suas linhas estratégicas. As decisões relativas

1.1 - O Processo Seletivo Simplificado será executado pela Prefeitura Municipal de Cabeceira Grande, por meio da Secretaria Municipal de Educação e da Secretaria

Autor de diversos livros jurídicos, entre eles: Leis de licitações públicas comentadas (9 Edição. Coleção Leis para concursos públicos: Ed. Jus Podivm); Direito