Importância da guia anterior no sistema
estomatognático
António Moacho
DMD, Mdent
Especialização em Ciências da Dor – Faculdade de Medicina, UL Assistente Convidado
Departamento de Oclusão e Disfunção Temporo-mandibular Faculdade de Medicina Dentária, UL
João Caramês
DDS, PhD
Diretor Clínico da Faculdade de Medicina Dentária, UL Professor Catedrático
Departamento de Oclusão e Disfunção Temporo-mandibular Faculdade de Medicina Dentária, UL
Gnatofisiologia 2ºano 1ºsemestre
Lisboa, 12 de Novembro de 2012
Anatomia... e alinhamento tridimensional
Outras funções...
Como fator de desoclusão… e de estabilidade da ATM
Desenvolvimento da oclusão e formação da guia anterior
- Desenvolvimento da oclusão
e formação da guia anterior
Nascimento
–- S.E. adaptado sobretudo a movimentos antero-posteriores
Erupção dos Incisivos decíduos (6meses) –
-
Formação do primeiro tripé oclusal formado por ambas as ATM´s e pelos dentes anteriores- Centricidade mandibular
- Modificação dos padrões cinemáticos
- Inicia-se a formação da eminência articular
Dentição decídua completa (±2anos) Guia canina decídua
Desenvolvimento da oclusão e formação da guia anterior
Desgaste do esmalte do canino decíduo (pouca quantidade e dureza)
Oclusão balanceada bilateral - Erupção dos 1ºs molares e incisivos definitivos (1ª etapa)
Função de grupo
Erupção dos caninos definitivos (3ª etapa) Erupção dos pré-molares (±12anos) (2ª etapa)
Formação da Curva de Wilson
Desenvolvimento da oclusão e formação da guia anterior
Desenvolvimento da oclusão e formação da guia anterior
Dentição decídua
- Relação corono-radicular decíduos:
Desenvolvimento da oclusão e formação da guia anterior
ATM -
Simultaneamente com o
final do desenvolvimento
da oclusão dentária, a
ATM atinge características
de articulação adulta
Músculos -
Os dentes inclinam os seus
eixos para assimilar as
resultantes dos grupos
musculares
Anatomia…
Grupo anterior -
ancoragem em profundidade
resistência às forças laterais
Anatomia…
Incisivos - Crista marginal - diminuição das forças de atrito Bordo incisal – projecção do canalAnatomia…
Caninos-
Ferulização anatómica
Oclusão Mutuamente
Compartida
Anatomia…
Zona Neutra -- Equilíbrio da musculatura peri-oral/língua - Inclinação, tonicidade e forma do lábio
inferior influencia o alinhamento tridimensional de todos os dentes antero-superiores
… e alinhamento tridimensional
Os incisivos laterais são mais curtos para permitir a passagem dos
caninos inferiores no movimento protrusivo
… e alinhamento tridimensional
Pontos de contato -… e alinhamento tridimensional
Pontos de contato -Ausência de pontos de contacto
1 – extrusão dos antagonistas 2 – migração dos adjacentes
3 – perda de pontos de contacto na arcada 4 – perda de contencões cêntricas
4 – perda de contencões cêntricas
… e alinhamento tridimensional
Pode levar a:
- abertura em leque do maxilar superior - apinhamento mandibular
Curva de Spee –
- Curva (de concavidade superior) anatómica estabelecida pelo alinhamento oclusal dos dentes
- Desde a ponta da cúspide do canino mandibular, passando pelas pontas das cúspides vestibulares dos pré-molares e molares, continuando pela borda anterior do ramo mandibular e terminando na porção mais anterior do côndilo mandibular
… e alinhamento tridimensional
Curva de spee -The glossary of prosthodontic terms, 2005
… e alinhamento tridimensional
Curva de spee - 101,6 mm Bonwill, 1899 Monson, 1932 65-70 mm em adultos Spee, 1890 69,1 ± 12,3 mm Hitchcock, 1983 83,5 ± 21,3 mm Orthlieb, 1997Wilson, 1920 - 18/300 com este raio Dawson, 1989 - valor médio utilizado
… e alinhamento tridimensional
-
Determinante da morfologia oclusal
Curva de spee -
Quanto mais acentuada a curva de Spee, mais ______ terão que ser as cúspides posteriores
Curva de Wilson –
- Curva no plano frontal desenhada através das pontas das cúspides vestibulares e linguais dos dentes posteriores do lado esquerdo e direito.
- Concavidade superior
Importância de uma correcta curvatura oclusal –
• Movimentos mandibulares sem interferências ( contatos oclusais indesejados) • Eficiência mastigatória no lado de trabalho mantida
• Melhor distribuição das cargas axias
• Proteção contra a sobrecarga nas ATM´s
A falta do alinhamento tridimensional da guia anterior pode causar problemas
estéticos, principalmente no maxilar superior, funcionais ou ambos
Como fator de desoclusão
Classe III
Fulcro – ATM
Potência – Músculos
Como fator de desoclusão
Uma
oclusão
correcta
deve estar vinculada a uma
correcta
des
oclusão
Como fator de desoclusão
Como fator de desoclusão
Guia anterior
dita a desoclusão
ATM
Ângulo de desoclusão:
T
rajetóriaI
ncisiva= T
rajetóriaC
ondilar+ 5º
45º
50º
Guia Anterior é um factor de desoclusão mais importante que a ATM pela sua maior proximidade com as peças posteriores a desocluir
Como fator de desoclusão
A guia anterior ideal é aquela em que o ângulo de desoclusão
é o mais pequeno possível capaz de desocluir os dentes
posteriores, para que os dentes anteriores no movimento
excursivo sofram o menor atrito possível e forças laterais
muito menores.
Como fator de desoclusão
Oclusão mutuamente protegida –
- No encerramento mandibular os dentes posteriores devem contactar com mais força, protegendo os dentes anteriores do impacto oclusal
- Aos dentes anteriores cabe a função de guiar a mandíbula e desocluir os dentes posteriores durante os movimentos excursivos.
Como fator de desoclusão
Tipos de guia -Lateralidade
• Função de grupo anterior total: Incisivos centrais, laterais e caninos (IL só no início do movimento)
• Função de grupo anterior parcial: incisivo lateral e canino (IL só no início do movimento)
• Função de grupo posterior: Canino, pré-molares e por vezes CMV do primeiro molar superior
• Guia canina
Protusão
- contactos bilaterais e simultâneos
•
Grupo incisivo suporta a desoclusão (incisivos laterais só no inicio do movimento)•
Caninos iniciam a protusão e a desoclusão final passa para o grupo incisivo (progressivaPorquê a guia canina?
melhor para forças horizontais
- relação corono-radicular
- bossa canina (osso compacto) - impulso sensorial
-
mais distantes do fulcro e da potência – músculos elevadoresGuia Canina Função de Grupo
Pressão necessária para que ocorra o reflexo inibitório dos moto-neurónios dos músculos elevadores
Como fator de desoclusão
Porquê a guia canina?
Porquê a guia canina?
Dente Força relativa à distância do fulcro (%)
Incisivo central 62,3 Incisivo lateral 64
Canino
66,5
Primeiro pré-molar 71,5 Segundo pré-molar 77 Primeiro molar 86 Segundo molar 100 Gosen, 1974Como fator de desoclusão
Função de grupo
-
mais frequente em maiores de 40 anosQuando utilizar?
- caninos afetados periodontalmente, ou com mobilidade - caninos inclusos ou não suficientemente erupcionados - vestibuloversões
- caninos em mordida cruzada - relações sagitais desfavoráveis
A
lturaF
uncional= D
esocluçãoI
nicial+ D
esoclusãoF
inal
Trajectória do incisivo inferior desde o seu ponto de acoplamento até metade da altura funcional
Trajectória desde metade da altura funcional até à posição de topo-a-topo
Protusão -
A desoclusão inicial dos dentes anteriores corresponde à altura funcional dos dentes posteriores A desoclusão final gera um verdadeiro espaço desoclusivo
Protusão -
A desoclusão final deve gerar espaços uniformes nos dentes posteriores no lado de trabalho
Lateralidade Protusão - -
O movimento protrusivo com desoclusão inicial e final correctas gera marcas ininterruptas nas áreas funcionais superiores
Protusão -
Os dentes antero-superiores sobrepõem os dentes antero-inferiores em quase metade das coroas inferiores
Como fator de desoclusão
Falta de desoclusão final por altura funcional insuficiente
Falta de desoclusão inicial por incorrecta relação
interoclusal
Ex. distoclusões
Protusão -
- como fator de estabilidade da ATM
Outras
funções..
Como fator de estabilidade da ATM
Oclusão mutuamente compartida –
O grupo canino é de todas as peças dentárias a que tem menor trespasse horizontal
Guia passivo no movimento de encerramento mandibular Os dentes posteriores consolidam esta posição
Expectativas Personalidade Grau de exigência
Estética
Planeamento - 1• Conceito altamente subjetivo:
• Depende de: • Fatores sociais • Fatores culturais • Fatores psicológicos • Varia com • Tempo • Valores • Idade do paciente
Lábio em repouso e a boca entreaberta, para avaliar a exposição dos incisivos superiores.
Estética
Planeamento - 2Lábio em repouso e boca entreaberta (foto de perfil), para a visualização do
posicionamento dos dentes e do volume dos lábios.
Sorriso frontal para observar a altura e largura do sorriso; inter-relação das bordas incisais dos dentes superiores com o lábio inferior
Dentes em MIH, de canino a canino para avaliar o
posicionamento e simetria entre os dentes anteriores.
Com fundo escuro avaliar as formas e os contornos dentais e verificar as proporções entre os dentes anteriores.
Estética
Planeamento - 2Fotografia em “close-up” dos incisivos superiores para registro de pequenos detalhes, como a textura, definição dos mamelões dentinários e áreas de translucidez…
Modelos de estudo da arcada superior e inferior:
• Visualização tridimensional dos dentes e tecidos adjacentes impossível clinicamente • Detalhes gengivais
• Posicionamento e inclinações • Formas dentárias
• Relações dos dentes em conjunto e com os seus antagonistas
Estética
Planeamento - 4Enceramento diagnóstico nos modelos de estudo Ensaios diagnósticos intra-orais (ou mock-up)
Importante para pacientes com dificuldade em imaginar as possíveis modificações que podem ser realizadas
AM, 2009
Estética
Planeamento - 4Enceramento diagnóstico nos modelos de estudo Ensaios diagnósticos intra-orais (ou mock-up)
Importante para pacientes com dificuldade em imaginar as possíveis modificações que podem ser realizadas
AM, 2009
Importante para pacientes com dificuldade em imaginar as possíveis modificações que podem ser realizadas
Estética
Planeamento - 4Enceramento diagnóstico nos modelos de estudo Ensaios diagnósticos intra-orais (ou mock-up)
AM, 2009
Estética
Centro do lábio superior como referência ideal para determinação da linha média facial do
paciente
Estética
Análise dento-labial -Exposição dos dentes antero-superiores em repouso
Varia entre: 1 a 5 mm Depende:
Altura do lábio
Idade (> em jovens) Sexo (> em mulheres)
Estética
Análise dento-labial - Bordo incisal Convexo sem contato Convexo com contato Convexo coberto Plano InversoEstética
Análise dento-labial -Linha do sorriso
Baixa – exposição ≤ 75% Média – exposição 75% - 100% Alta – exposição ≥ 100% + gengiva de altura variável
Muito estético exposição de 100% e ± 1mm de gengiva
exposição de 100% e ≤ 3mm
Estética
Análise dentária -Estética
Análise dento-labial -Corredor bucal
Dentes visíveis: 6 a 8 10 12 a 14
Análise dento-labial -
Linha interincisiva vs linha média facial
Uma variação entre a linha média facial e a linha interincisiva que se limite a 4mm, não é perceptível nem aos pacientes nem ao professionais em geral
Análise dento-labial - Plano oclusal Vista sagital plano oclusal // plano de Camper Vista frontal plano oclusal // plano horizontal
Estética
Análise gengival -Zénit
Contorno da margem gengival
Estética
Análise gengival -tarnow
Ponto de contato dente/dente – crista óssea
Ponto de contato dente/implante – crista óssea
Ponto de contato
implante/implante – crista óssea
≤ 5mm 6 mm 7 mm ≤ 5mm ≤ 3, 4 mm
Presença
Fonética
Desenvolvimento da fala –
• Recém nascido: choro
• 6 meses: emite sons para expressar alegria/ desconforto
• 1 ano: articulação de palavras
Fonética
2 - Ar expelido pelos pulmões
1 - Contração do diafragma
3 - Passagem pela laringe
4 - Cavidade oral
Fala
Fonética
Mecanismo da fala -• A fala ocorre durante a expiração
• Tonalidade através das contracções controlados das cordas vocais
• Não há contacto dentário durante a fala
Fonética
• Os sons são modificados pelos lábios, língua e dentes
Láb
ios
: Juntam-se para emitir o
M
,
B
e
P
Fonética
Língua e pa
lato:
• Pon
ta da língua eleva-se e toca no palato, atrás dos incisivos
D
• Porç
ão posterior da língua eleva-se e toca no palato mole
G
• Lábio inferior toca nos incisivos superiores
F
e
V
Reabilitação
Da teoria à prática -Raio 110mm – curva muito plana • Altura da coroa do superior
posterior muito pequena
Raio 60mm – curva muito acentuada • Altura da coroa do inferior
posterior muito pequena
Raio 75mm – curva permite harmonia entre as coroas dos posteriores
Personalização da guia anterior
1º - Levantar o pino incisal 1 a 2 mm e lubrificar com vaselina a ponta do pino
2º - Misturar a resina acrílica segundo as
indicações do fabricante, e colocá-la na mesa incisal
3º - Inserir o pino quando o acrílico está em fase plástica
Personalização da guia anterior
4º - Realizar os movimentos excursivos da
mandíbula (dentro dos limites fisiológicos) até presa final;
Bibliografia recomendada
• Alonso, Albertini & Bechelli, Oclusión y Diagnóstico en rehabilitación Oral,
Editorial Medica Panamericana, 3ª Edição, 2004
• Okeson JP, Tratamento das Desordens Temporomandibulares e Oclusão,
Mosby Elsevier, 6ª Edição, 2008
• Fradeani, Rehabilitación Estética en prostodoncia Fija, Análisis Estético,
Dúvidas???