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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

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Registro: 2011.0000221888 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0014157-34.2008.8.26.0604, da Comarca de Sumaré, em que é apelante FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO sendo apelado COMERCIAL EDG DE PRODUTOS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA - EPP.

ACORDAM, em 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores PAULO DIMAS MASCARETTI (Presidente sem voto), CARVALHO VIANA E JOÃO CARLOS GARCIA.

São Paulo, 28 de setembro de 2011.

Rubens Rihl RELATOR

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Apelação nº: 0014157-34.2008.8.26.0604

Apelante: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Apelado: COMERCIAL EDG DE PRODUTOS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA - EPP

Comarca: SUMARÉ Voto nº: 8047

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Execução fiscal Extinção com fundamento no artigo 794, inciso I, do CPC - Ônus sucumbenciais que devem ser suportados por quem deu causa ao ajuizamento da demanda Princípio da causalidade Contribuinte que declarou ser devedor de ICMS, não efetuando, porém, o pagamento do tributo em momento oportuno, ensejando a propositura de ação de execução fiscal - Pagamento da dívida tributária posterior à data da distribuição do feito - Circunstância que implica em reconhecimento por parte do devedor do pedido fazendário Artigo 26 do CPC Aplicabilidade Precedente do E. STJ Condenação fazendária em honorários advocatícios afastada. RECURSO PROVIDO.

A r. sentença de fls. 37 julgou extinto o executivo fiscal ajuizado pela FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO em face de COMERCIAL EDG DE PRODUTOS E EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA EPP, a teor dos artigos 794, I, e 795, do CPC.

Acolhendo os embargos de declaração opostos pela executada (fls. 40/41), o juízo singular carreou os ônus de sucumbência à Fazenda Estadual, impondo-lhe o pagamento das custas, despesas processuais e honorários de advogado, estes fixados em 10% do valor corrigido da causa (fls. 42).

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afastamento da condenação ao pagamento em honorários, vez que o ajuizamento da ação de execução fiscal se deu antes do pagamento da dívida (fls. 47/48vº).

Recurso recebido, processado e não respondido (fls. 53).

É, em síntese, o relatório.

O reclamo fazendário comporta provimento.

Com efeito, o fisco estadual ajuizou em outubro de 2008 a presente ação de execução fiscal, objetivando a satisfação do crédito tributário decorrente de ICMS declarado e não pago (ref. Mês de abril de 2007), nos termos do artigo 49 da Lei n. 6.374/89 (v.fls. 02/03).

Efetivada a citação do devedor em março de 2009 (fls. 11), noticiou o Sr. Oficial de Justiça a quitação da dívida por parte do executado, anexando ao mandado devidamente cumprido os comprovantes de pagamento respectivos, ocorridos no dia 22 de janeiro de 2009 (fls. 09/10).

Como se vê, o pagamento da dívida tributária se deu posteriormente ao ajuizamento do presente executivo fiscal, de modo que não se justifica a imposição dos ônus de sucumbência à Fazenda Pública.

Quem deu causa à instauração da execução foi a contribuinte, a qual, apesar de declarar ser devedora do ICMS, não efetuou o

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pagamento em momento oportuno, dando ensejo à propositura desta ação.

Portanto, equivocado o entendimento de que a Fazenda Pública deve arcar com a verba honorária. Quem, na realidade, deve suportar tal condenação é a empresa executada.

Deveras, a condenação nos ônus sucumbenciais é medida que se impõe em todos os casos em que há o movimento da máquina judiciária, como forma de remunerar a parte que precisou constituir advogado para o patrocínio da causa.

CHIOVENDA anota que: “o fundamento dessa condenação é o fato

objetivo da derrota; e a justificação desse instituto está em que a atuação da lei não deve representar uma diminuição patrimonial para a parte a cujo favor se efetiva; por ser interesse do Estado que o emprego do processo não se resolva em prejuízo de quem

tem razão (...)”1

Contudo, a regra do art. 202 do CPC deve ser interpretada

conjuntamente com o Princípio da Causalidade, que determina que aquele que deu causa à instauração do processo, ou ao incidente processual, deve arcar com os encargos dele decorrentes.

1 CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. vol III. Campinas: Bookseller,

2000. p. 242.

2 Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os

honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria

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Sobre a questão, veja os ensinamentos de Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, que assim se manifestam:

“Pelo princípio da causalidade, aquele que deu causa à propositura da demanda ou instauração de incidente processual deve responder pelas despesas daí recorrentes. Isto porque, às vezes, o princípio da sucumbência se mostra insatisfatório para a solução de algumas questões sobre responsabilidade pelas despesas do processo. Quando não houver resolução de mérito, para

aplicar-se o princípio da causalidade na

condenação da verba honorária acrescida de custas e demais despesas do processo, deve o juiz fazer exercício de raciocínio, perquirindo sobre quem perderia a demanda, se a ação fosse decidida pelo mérito. O fato de, por exemplo, o réu reconhecer o pedido imediato (CPC 269 II), ou deixar de contestar tornando-se revel, não o exime do pagamento dos honorários e custas, porque deu causa à propositura da ação (CPC 26). O mesmo se pode dizer do réu que deixa de arguir preliminar de carência de ação no tempo oportuno, devendo responder pelas custas de retardamento (CPC 267 §3º 2ª parte). Nesse último exemplo, mesmo se vencedor na demanda, o réu deve arcar com as custas de retardamento. O processo não pode reverter em dano de quem

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tinha razão para o instaurar (RT 706/77)”3

Ora, no caso em apreço, a Fazenda Estadual teve que ajuizar a demanda fiscal, objetivando a satisfação do seu crédito, cujo pagamento ocorreu tão-somente três meses depois de distribuída a ação, circunstância que implica em “reconhecimento do pedido” por parte do réu, atraindo, destarte, a incidência do artigo 26 do Código de Processo Civil4.

Assim, aliás, é o entendimento externado pelo Superior Tribunal de Justiça, o qual afastou a aplicabilidade do artigo 26 da Lei de Execuções Fiscais5 em caso análogo:

“PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL.

PAGAMENTO DO 'QUANTUM DEBEATUR' ANTES DA CITAÇÃO. ART. 26 DA LEF. INAPLICABILIDADE. CONDENAÇÃO DA EXECUTADA EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CABIMENTO. ART. 26 DO CPC. APLICABILIDADE.

1. Os honorários advocatícios são devidos pela parte executada na hipótese de extinção da execução fiscal em decorrência do pagamento extrajudicial do quantum, após ajuizada a ação e antes de promovida a citação, não incidindo o art. 26 da Lei nº 6.830/80 à hipótese.

2. É que o processo de execução também implica despesas para as partes. Desta sorte, na execução em si, pretendendo o executado quitar a sua dívida, deve fazê-lo com custas e honorários.

3. Como é de sabença, 'responde pelo custo do

3 NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade Nery. Código de Processo Civil

Comentado e legislação extravagante. 10ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. p. 222-223.

4 Art. 26 do CPC: Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as despesas e

os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu.

5 Art. 26 da LEF: Se, antes da decisão de primeira instância, a inscrição de Divida Ativa for, a

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processo aquele que haja dado causa a ele, seja ao propor demanda inadmissível ou sem ter razão, seja obrigando quem tem razão a vir a juízo para obter ou manter aquilo a que já tinha direito' (Cândido Rangel Dinamarco, 'Instituições de Direito Processual Civil', vol. II, 3ª ed., Malheiros, 2003, p. 648).

4. In casu, a Fazenda recorrida, por seus patronos, teve forçosamente de ingressar com a execução fiscal para obter os valores a ela devidos a título de ICMS, após a lavratura de auto de infração por conta do inadimplemento da contribuinte.

5. O pagamento do débito exequendo equivaleu ao reconhecimento da pretensão executória, aplicando-se ao caso o art. 26 do CPC.

6. Recurso especial improvido.” (REsp n.

1178874/PR; rel. Min. Luiz Fux; j. 17.08.2010)

Diante de todo o exposto, de rigor o afastamento da condenação fazendária pronunciada em primeiro grau.

Ressalto, em remate, que o presente acórdão enfocou as matérias necessárias à motivação do julgamento, tornando claras as razões pelas quais chegou ao resultado do recurso. A leitura do acórdão permite ver cristalinamente o porquê do decisum. É o que basta para o respeito às normas de garantia do Estado de Direito, entre elas a do dever de motivação (CF, art. 93, IX), não sendo mister divagar sobre todos os pontos e dispositivos legais citados pelas partes.

De qualquer modo, para viabilizar eventual acesso às vias extraordinária e especial, considero prequestionada toda matéria infraconstitucional e constitucional, observando o pacífico entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que,

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tratando-se de prequestionamento, é desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida (EDROMS 18205 / SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ 08.05.2006 p. 240).

Daí porque, pelo meu voto, dá-se provimento ao apelo da Fazenda Pública do Estado de São Paulo, para o fim de afastar a condenação em honorários advocatícios pronunciada em primeiro grau. Em decorrência lógica6, carreia-se à executada o pagamento da verba

honorária, esta arbitrada em 10% sobre o valor dado à causa.

RUBENS RIHL Relator

6 “Os honorários advocatícios decorre, da sucumbência da parte na demanda e por isso devem ser

fixados independentemente de pedido, tendo em vista o princípio da causalidade.” AgRg no REsp n. 1157197/SP; rel. Min. Nancy Andrighi; j. 21.06.2011)

Referências

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