P R O D U T I V I D A D E D E C L O N E S D E S E R I N G U E I R A (Hevea brasiliensis M u e l l . - A r g , ) N A R E G I Ã O D E C A M P I N A S (
1) . M Á R I O C A R D O S O . O S p r i m e i r o s e s t u d o s v i s a n d o a e x p l o r a ç ã o c o m e r c i a l da seringueira n o E s t a d o de S ã o P a u l o t i v e r a m início e m 1951, c o m a i m - p o r t a ç ã o , da L i b é r i a , de s e m e n t e s d o c r u z a m e n t o a b e r t o entre o s c l o n e s Tj-1 x T j - 1 6 , s e m e n t e s essas q u e d e r a m o r i g e m a á r v o r e s q u e seis ou sete a n o s mais tarde c o m p r o v a r a m a viabilidade da cultura na r e g i ã o (
2 3 4 5) .
A o m e s m o t e m p o q u e se e f e t u a v a m essas p l a n t a ç õ e s era p r o v i d e n - ciada, p e l o I n s t i t u t o A g r o n ô m i c o d o E s t a d o de São P a u l o , a introdu- ção de c l o n e s de seringueira d o país e d o exterior, a fim de dar início à f o r m a ç ã o de u m a c o l e ç ã o de c l o n e s , necessária ao d e s e n v o l v i m e n t o de futuros e s t u d o s .
N a presente n o t a s ã o relatados o s resultados preliminares da p r o - d u ç ã o de a l g u n s desses c l o n e s c u l t i v a d o s na E s t a ç ã o E x p e r i m e n t a l
« T h e o d u r e t o de C a m a r g o » , e m C a m p i n a s .
Material e Método — O s c l o n e s , p r i m e i r a m e n t e e n x e r t a d o s e m viveiros, f o r n e c e r a m as m u d a s para f o r m a ç ã o da c o l e ç ã o c o m p o s t a de 6 á r v o r e s de cada c l o n e . O transplante se fêz e m c o v a s de 50 x 50 x 50 c e n t í m e t r o s , a c o m p a n h a d o da seguinte a d u b a ç ã o : 270 g de sulfato de a m ô n i o ; 550 g de s u p e r f o s f a t o s i m p l e s e 180 g de c l o r e t o de p o t á s s i o . A d u b a ç õ e s p e r i ó d i c a s f o r a m efetuadas, para b o m d e s e n v o l v i m e n t o das plantas.
O e s p a ç a m e n t o a d o t a d o foi de 7,00 m x 2,50 m . O s o l o , e m ter- reno e l e v a d o , b e m d r e n a d o , p e r t e n c e ao g r a n d e g r u p o l a t o s s o l o ver- m e l h o - a m a r e l o o r t o . D e c o r r i d o s o i t o a n o s e m e i o da data d o plantio efetuou-se o teste de M o r r i s - M a n n , c o n f o r m e d e s c r i t o p o r M . F e r r a n (
6) .
ResuKados — a ) Circunferência d o s t r o n c o s — A fim de c o n h e c e r da o p o r t u n i d a d e da a p l i c a ç ã o d o teste de p r o d u ç ã o , t o m a - ram-se as m e d i d a s das circunferências d o s t r o n c o s , a u m m e t r o d o
( 1 ) R e c e b i d a para publicação em 3 de j a n e i r o de 1 9 6 8 .
( 2 ) C U N H A , J. F E R R E I R A D A . C u l t u r a e x p e r i m e n t a l da seringueira (Hevea brasiliensis M u e l l . - A r g . ) no m u n i c í p i o de Juquiá. B r a g a n t i a 2 2 : 5 4 9 - 5 5 8 , 1 9 6 3 .
(3) • . C u l t u r a experimental da s e r i n g u e i r a (.Hevea brasiliensis M u e l l . - A r g . ) em I g u a p e . Tiragantia 22:4,3-51, 1 9 6 3 .
( 4 ) . Cultura e x p e r i m e n t a l da seringueira (Hevea brasiliensis M u e l l . - A r g . ) no m u n i c í p i o de C a r a g u a t a t u b a . B r a g a n t i a 2 2 : 2 7 - 4 1 , 196.3.
( ã ) . C u l t u r a e x p e r i m e n t a l da s e r i n g u e i r a (Hevea brasiliensis M u e l l . - A r g . ) na F a z e n d a U n i d a s do S u l , em J u q u i á . Tiragantia 2 2 : 6 5 1 - 6 5 6 , 1 9 6 3 .
( n ) V E B R A N D , M . P h y t o t e c h n i e de VHcvca brasiliensis. G e m b l o u x , D u c u l o t , 1 9 4 4 . 435P'
N O T A N.° 8
solo. Os dados encontram-se no quadro 1. Verificou-se que a maior circunferência foi de 58 cm, alcançada pelo clone 13-3363.
Por se tratar cie clone tradicionalmente conhecido como excelente produtor de látex, incluiu-se no teste o clone RRI-600, muito embora a circunferência média do tronco não tivesse até então alcançado o mínimo de 45 cm indicado para inicio de sangria.
b) Tipo de cortes — Na realização do teste estava previsto a aplicação do sistema S/2, D/2, 100%, correspondente ao painel aberto em meia espiral, da esquerda para a direita, e sangria em dias alter- nados, com os pontos extremos a 180° e com a inclinação do corte de aproximadamente 30° em relação a linha do horizonte.
Houve, porém, certa variação na condução dos cortes. Os pontos extremos da meia espiral dos painéis ficaram em geral com mais de 180°, ou seja, com um comprimento de corte superior ao previsto.
Assim, observa-se no quadro 1. que o comprimento (calculado) do corte para o clone IAC-1 foi de 28 cm e não de 35 cm, como foi obser- vado. Para corrigir o comprimento de corte de cada clone, partindo da pressuposição que o tronco da seringueira é perfeitamente cilíndrico, recorreu-se à fórmula:
2 sen 60°
onde L é o comprimento do corte, c C a circunferência da planta.
'J omando-se o clone IAC-1 como exemplo tem-se:
50
L = L = 28 cm 1,732
c) Produção de borracha — A quantidade de borracha apresen- tada por clone é resultante da produção acumulada de um total de 15 sangrias.
Calculando o comprimento de corte de cada indivíduo, foram reti- ficadas a seguir as respectivas produções de borracha. Para tanto, calcu- lou-sc a produção de borracha por centímetro de corte, e pela multipli- cação do resultado pelo comprimento calculado desse mesmo corte ob- teve-se a necessária retificação.
(7) MEMDF.:;, L. O. T. Observações sobre a produtividade de seringueiras (llczca bra-
silicnsis Muell.-Arg.) plantadas de sementes. Bragantia 18:417-440, 1959.
Para o cálculo da produção teórica por hectare admitiu-se a exis- tência de 400 plantas para essa unidade de área, a realização de 150 sangrias por ano e látex com 30% de borracha seca (Dry rubber content).
Discussão e conclusão — Em conseqüência de deficiência técnica verificada na condução dos cortes, observou-se que em nenhuma das plantas estudadas a posição entre os pontos equidistantes em um mes- mo painel de sangria foi igual ou inferior a 180°, fato que evidenciou excesso no regime de sangria. Assim, tornou-se necessário corrigir a produção de borracha de cada clone em função do exato comprimento de corte de cada painel de sangria. Essa correção mostrou grande importância na classificação dos clones. O clone PB-86, por exemplo, com uma produção não corrigida de 119 gramas, mostrou-se inferior ao clone RRI-605, normalmente mais produtivo, com 116 gramas, o que indica estar este último clone sendo sangrado deficientemente em relação ao primeiro.
No que se refere à circunferência dos troncos, considerou-se bom o desenvolvimento vegetativo alcançado pelas plantas, conforme se observa pela figura 1, ao levar em consideração a idade das plantas e a situação geográfica da região, com 22° 52' de latitude sul; a altitu- de de 660 m ; a queda pluvial anual de cerca de 1.360 mm e tempera- tura média anual de 20,5°C.
Além disso, e de acordo com trabalho recentemente publicado (
8) , não se verifica o ataque em caráter epidêmico da S O U T H A M E R I C A N L E A F B L I G H T ( S A L B ) , moléstia causada pelo fungo Microcyclus ulei ( P . Henn) V . A r x . , nas condições climáticas da região. Dado o caráter preliminar do trabalho não se analisaram estatisticamente os dados de produção obtidos nos diversos clones.
As observações sobre o comportamento das árvores mostraram que todas, de modo geral, apresentaram desenvolvimento bastante sa- tisfatório nas condições ecológicas de Campinas, no planalto paulista.
Houve grande variação na produtividade dos numerosos clones em observação. Muitos apresentaram produções bastante elevadas, como o RRI-626, com mais de 1000 kg, por hectare e por ano, de bor- racha seca. Numerosos clones produziram mais de 500 kg, mos-
(8) CAMAKGO, A. PAES DE; CARDOSO, ROSA G. & SCHMIDT, NELSON O. Comportamento e
ecologia do "Mal das fõllias" da seringueira nas condições climáticas do planalto paulista. Bra-
gantia 26:1-18, 1967.
t r a n d o - s e t a m b é m p r o m i s s o r e s p a r a a c u l t u r a n a s c o n d i ç õ e s e c o l ó g i c a s e s t u d a d a s .
O s c l o n e s o r i e n t a i s , de alta s e l e ç ã o , f o r a m em geral os m a i s p r o - d u t i v o s . S E Ç Ã O D E P L A N T A S T R O P I C A I S , I N S T I T U T O A G R O - N Ô M I C O D O E S T A D O D E S Ã O 1 ' A U L O .
P R O D U C T I V I T Y OK RUBBER CLONES S U M M A R Y
I n this paper the a u t h o r shows the results obtained with various clones of rubber trees (Hevea brasiliensis Muell. A r g . ) planted at the E x p e r i m e n t a l Station
« T h e o d u r e t o de Camargo», in Campinas, São P a u l o .
T h e vegetative development of the clones was considered normal for the climatic conditions of the region.
T h e r u b b e r yield w a s most variable a m o n g the clones but the P a r E a s t clones almost always showed higher production than the national o n e s .
Considering that the disease «Microcyclus ulei ( P . H e n n . ) V . A r x . » does
not appear in epidemic character on the São P a u l o Plateau, plantations of rubber
trees of high production can be tested with relative success .
)
