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problemáticas, mais graves que você acha que eles apresentam? P_P.2: Em relação, é

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Academic year: 2021

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TRANSCRIÇÃO DE ENTREVISTA REALIZADA COM A PROFESSORA LÚCIA, DE PORTUGUÊS [25 de agosto de 2009]

PESQUISADORA: Como eu falei pra Beatriz, não é uma prova, não é um teste, é uma conversa, eu gravo mais pra eu poder refletir sobre isso, pra poder registrar Lúcia [P_P.2]: Ah, sim

PESQUISADORA: Ó, uma primeira questão é a seguinte, na sua disciplina que é português, né, descreva as dificuldades mais frequentes que os alunos apresentam, quais são as dificuldades mais frequentes, ou mais, é... problemáticas, mais graves que você acha que eles apresentam?

P_P.2: Em relação, é... se excluirmos a postura, não é, que são aqueles fatores que nós estávamos conversando de interesse mesmo, infelizmente, é esse conhecimento, acho que o conhecimento prévio mesmo, eles apresentam muitas dificuldades, eles não trazem conhecimento, é, relação de palavras, é, mais a leitura, né, estou pensando da leitura também, esse... conhecimento das palavras, eu acho que eles não trazem, é, uma relação, acho que eles não estabelecem uma relação com uma, com o que ele, vamos... é que eu estava pensando na aula de leitura ontem

PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: Lê uma palavra, e... que é isso? É alpismo? Procura, vamos procurar, que palavra, essa palavra te remete a outra que você também tem o conhecimento e o convívio? Eu acho que é essa dificuldade, de relacionar o que eles sabem com o texto, às vezes até de ele trazer o conhecimento, né, já o conhecimento prévio dele para a interpretação de um texto

PESQUISADORA: Hum, hum, quando você fala que ele não compreende a palavra, procura, procura onde? No dicionário?

P_P.2: Procurar no dicionário, muitas vezes, nem sempre, porque no texto, pelo contexto também, buscar o significado, mesmo sem o dicionário

PESQUISADORA: Hum, hum P_P.2: É... eles têm dificuldade

PESQUISADORA: Pra compreender?

P_P.2: Pra compreender, exatamente

PESQUISADORA: Então, você me corrige se eu estiver errada, se eu não tiver compreendido: você está dizendo que a dificuldade mais frequente é o aluno compreender aquilo que lê?

P_P.2: Exatamente, é isso

PESQUISADORA: É... muitas vezes eles esbarram em palavras

1:43

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P_P.2: Hum, hum

PESQUISADORA: Cujos significados eles não conhecem, e em vez de tentar relacionar com o contexto

P_P.2: Exatamente

PESQUISADORA: Eles simplesmente param...

P_P.2: Param, porque “eu não conheço essa palavra então eu não entendi o texto”

PESQUISADORA: Hum, tá P_P.2: E não é assim, não é?

PESQUISADORA: Entendi

P_P.2: Esse é um problema maior que eu vejo

PESQUISADORA: O que você acha que é a causa dessa dificuldade? O que pode ser?

P_P.2: Infelizmente, é um... são vários fatores, né, claro que o desinteresse é um deles, né, não é falta de material, não é?

PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: Às vezes, né, porque eles usavam uns dicionários em dupla, né, eu acho que deveria ser indivualmente, no meu ponto de vista

PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: O que mais? [silêncio] eu estou buscando nas aulas de leitura, uma resposta [risos]

PESQUISADORA: Ahn, ham... porque é uma aula específica de leitura, né, que eles têm por semana

P_P.2: É, isso, e é pra relacionar com a sua pesquisa, né?

PESQUISADORA: Não, pode pensar na sua prática, o que você acha, entendeu, o que você acha ou imagina que seja, os alunos têm dificuldade pra compreender, por que será que eles têm tanta dificuldade pra compreender?

[silêncio]

PESQUISADORA: Você disse logo no comecinho que você achava que faltava conhecimento prévio

P_P.2: É, de uma certa forma, não é, essa convivência, muitas vezes eles trazem pra escola, umas palavras, “vem aqui, vocês já ouviram essa expressão?”, “já”, “mas e aí, o que que significa?”, “não, minha mãe fala muito”, “sim, mas o que que ela quer dizer?”, estávamos comentando da fábula da topeira

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aí, o que que significa?”, “não, minha mãe fala muito”, “sim, mas o que que ela quer dizer?”, estávamos comentando da fábula da topeira

PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: Sua mãe fala “você é uma topeira”, e daí, “já questionou com a sua mãe, que é isso mãe?, o que que a senhora está querendo me dizer?”, eles não perguntaram, não trouxeram, e daí? Então esse conhecimento, eles conhecem a palavra, mas nunca questionaram fora da escola o que ela significa, e de repente ela está na sala de aula com uma palavra que de uma certa forma ela conhece, a palavra, mas não conhece o significado dela

PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: Então esse tipo de relação que falta, então se ele tivesse questionado quando ele ouviu uma palavra, “que é isso?”

PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: Esse conhecimento mesmo, anterior, fora da escola, ele teria relacionado, não é, ficaria muito mais fácil a interpretação. Não sei se eu fui muito clara, mas [risos]

PESQUISADORA: Não, não tem importância, pode ficar tranquila, fica sossegada, é mais pra gente pensar mesmo. É... como será que o aluno pode superar isso?

Porque, na verdade eu estou reformulando a pergunta, né, a primeira era descreva as dificuldades mais frequentes, depois seria, dentre essas dificuldades, quais você considera que são mais difíceis de superar, pro aluno.Você focalizou mais a questão da leitura, das dificuldades de compreensão

P_P.2: Hum, hum

PESQUISADORA: Eles param quando não conhecem alguma palavra, ou quando mesmo conhecendo a palavra, não sabem qual é o significado dela, né?

P_P.2: Isso

PESQUISADORA: É... vamos pensar assim, como é que você intervém quando isso acontece? Ele está lendo o texto e “professora, o que é isso?”, ou então quando lê o texto e fala assim, como você disse, “eu não entendi tal palavra, então eu não entendi o texto”, como é que você intervém, como é que você tenta mostrar pra ele, esse sentido do texto?

P_P.2: Às vezes, insinuando o significado, trazendo para a realidade deles, né, olha, isso pode significar/se colocar, é... o significado tal, faria sentido para o texto? Se usarmos o dicionário, inúmeros significados, vamos colocar todos aqui no texto, faz sentido?, né, pra estabelecer essa relação

PESQUISADORA: Pra eles verem que significado pode ser atualizado no texto P_P.2: Exatamente, e normalmente, às vezes por conta, de uma palavra no texto, não há necessidade de consultar o dicionário, não é, quando acontece, são poucas palavras e tem aquele problema de “sobe lá, pega o dicionário”, a aula vai acabando e aí quando chega o dicionário na sala, já finalizou a aula

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palavras e tem aquele problema de “sobe lá, pega o dicionário”, a aula vai acabando e aí quando chega o dicionário na sala, já finalizou a aula

PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: É... se não são inúmeras palavras, são três, duas, três palavras, vamos buscar no texto

PESQUISADORA: No texto mesmo

P_P.2: É, interferindo, vou fazendo as interferências ali, questionando, e aí, e as outras, o que que tem a ver uma ideia com a outra ideia pra buscar um significado pra’quela palavra

PESQUISADORA: Hum, hum, entendi, e os materiais impressos que você está utilizando agora, quais são, na aula?

P_P.2: Na aula, é... de português, né, que só estou com a 6ª B, é só o caderno do aluno, o livro didático também eu já excluí

PESQUISADORA: Já excluiu?

P_P.2: Ah, já, eu acho ele não está, o nosso livro de acordo com a proposta, algumas vezes eu uso outros materiais, né, outros livros, mesclando, alterna material

PESQUISADORA: Outros livros que você fala, é o que, outros didáticos?

P_P.2: Outros didáticos, isso, que tenham a matéria solicitada no caderninho do pro/do aluno, né

PESQUISADORA: Hum, hum, mas aí você traz impresso pra eles?

P_P.2: Às vezes, uso a lousa, muitas vezes uso a lousa, o texto, temos digitado, impresso, né, distribuo pros alunos, faz uso coletivo, né, com a mesma sala, não, com salas diferentes usa o mesmo texto, “olha, não rabisquem a folha, porque ela vai ser usada em outra turma”

PESQUISADORA: É você que xeroca e digita?

P_P.2: Alguns, e também em relação à aula de leitura, eu digitei textos, selecionei alguns textos, digitei e imprimi, claro que com uma certa colaboração deles, né PESQUISADORA: Ah, tá, ainda pode, né?

P_P.2: É

PESQUISADORA: Porque eu estava te falando que os alunos da prefeitura a orientação é explícita de não pedir nada

P_P.2: Nada, então, até, bom infelizmente nós tiramos mesmo do nosso bolso, mas pede-se sempre a colaboração

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PESQUISADORA: Porque não tem um auxílio que provenha de recursos da própria escola, né?

P_P.2: Não, infelizmente não, e eu particularmente faço o quê, eu falo, eu não escrevo “ó, por favor, colaborem, dez centavos, ou cinquenta centavos, colaborem”, tudo no verbal, nada por escrito

PESQUISADORA: Hum, hum P_P.2: Porque infelizmente...

PESQUISADORA: Que é pra produzir material pra ser usado com eles, né?

P_P.2: Exatamente, e todos, independente de terem contribuído ou não recebem o material

PESQUISADORA: Hum, hum, entendi. Quando você propõe uma atividade, você orienta os alunos oralmente, ou você apresenta a instrução por escrito, como eles têm que fazer?

P_P.2: Normalmente, oralmente, em alguns casos, quando “professora, o que?”

repetem por duas vezes que não entenderam, aí sim eu coloco por escrito, mas normalmente eu oriento, eu explico primeiro, e “professora, o que que é pra fazer mesmo?”, explico novamente, né, e na terceira, no terceiro questionamento eu escrevo, “pronto, olha, vocês fazem assim”, e na verdade, no ensino fundamental, isso acontece com mais frequência, no médio diminui um pouco

PESQUISADORA: Diminui o quê?

P_P.2: Essa, esse questionamento, né, de quantas vezes eles questionam,

“professora, o que que é fazer mesmo?”, “Ah, tá, tudo bem”, então ele vai e faz, quando o outro questiona, o outro fala “ô, você não viu que ela falou que era pra fazer assim, assim, assado?”

PESQUISADORA: Mas mesmo quando tem a orientação por escrito, o enunciado, ainda assim eles perguntam o que é pra fazer?

P_P.2: Algumas vezes PESQUISADORA: É?

P_P.2: É

PESQUISADORA: Então isso mostra o quê, que eles não entenderam a orientação, o que era pra fazer, por escrito?

P_P.2: Também

PESQUISADORA: Entendi, você acha que eles entendem melhor, então, quando você explica oralmente, ou quando você registra por escrito o que é pra fazer?

10:29

12:41

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P_P.2: Eu acho que oralmente PESQUISADORA: É?

P_P.2: É, eu acho que o resultado é, mesmo que, infelizmente nós trabalhamos com ruído, na sala, né, então você fala, e esse ruído atrapalha, muitas vezes, não só, você fala uma vez, é, duas, três vezes que você fala na sala, muitas vezes eles não compreendem, é... eu acho que 50% é por conta do ruído, barulho, não porque eles não entenderam a sua explicação, mas por conta da desatenção mesmo, está conversando com o outro e o professor explicando

PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: “mas, professor, o que é pra fazer mesmo?”, 50% é isso

PESQUISADORA: Entendi, então se você apresentar por escrito a possibilidade de eles não entenderem é menor, porque vai estar registrado

P_P.2: De uma certa forma, menor, mas eles registrarão e poderão também não entender

PESQUISADORA: E aí vão perguntar

P_P.2: Vão perguntar, exatamente, e isso acontece com frequência, ontem, exemplo, ontem, na aula de leitura, eu pedi pra que eles produzissem um texto, com uma estrutura narrativa, e sobre um fato da escola de um aluno igual nós lemos, o conto de escola, e o aluno apanhou por não ter ido à escola, depois ele foi pra escola, mas de uma certa forma ele apanhou também, não é, e, pra eles refletirem um pouquinho qual a postura dos alunos de hoje, não é, e nisso eu pedi pra que eles criassem uma história, é... contando um fato ocorrido na escola, algum aluno que cometeu um erro, criassem uma história, um aluno cometeu um erro na escola e foi punido, né, qual foi esse erro, qual foi a punição dele

PESQUISADORA: Esse era pra ser o enredo da história?

P_P.2: Isso, exatamente, o enredo, então isso que foi falado pra eles, eu falei por duas vezes, e “professora, mas como que é pra fazer mesmo?”

PESQUISADORA: Você não tinha passado nada por escrito ainda?

P_P.2: Não, ainda não, passei por escrito e, falei pra eles de novo, expliquei de novo, li, “ó, o que está escrito? Estrutura narrativa, é o que? O que que aconteceu, com quem, quando, onde, como, por quê? E, neste texto, deve constar um problema que aconteceu na escola, e este problema, que este aluno cometeu na escola, ele foi punido, então, eu quero saber qual é, qual foi esse problema, qual foi essa punição”

PESQUISADORA: Entendi, então você teve, você explicou oralmente, depois teve que colocar por escrito

P_P.2: Isso

PESQUISADORA: E explicar novamente

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P_P.2: Isso

PESQUISADORA: Isso na aula de português ou na aula de leitura?

P_P.2: Na aula de leitura, não, na verdade, nas duas, as aulas principalmente do fundamental, porque o fundamental que eu estou com português, é com a sala, a sexta série, mas é uma sexta do meu ponto de vista um pouco mais barulhenta, como eu tenho aula de português, seis aulas, e duas de leitura, eu sei que é bastante cansativo

PESQUISADORA: Na mesma turma?

P_P.2: Na mesma turma, então são oito aulas com a mesma turma, fica cansativo tanto pra eles quanto pra mim, né, então eles são mais agitados, é... o resultado, eu acho que vem mais lentamente, quando vem, né

PESQUISADORA: Entendi, e como é que, bom, uma coisa você já disse, né, que a questão é como é que os alunos demonstram que não entenderam alguma coisa, você disse que eles perguntam

P_P.2: Perguntam

PESQUISADORA: Sempre que eles não entendem eles perguntam? Ou não?

P_P.2: Na maioria das vezes, alguns não perguntam, alguns questionam com os colegas

PESQUISADORA: Ah, tá, não perguntam pra você mas perguntam pros colegas?

P_P.2: É, é

PESQUISADORA: E você percebe outras formas, que, assim, ah, olha, esse aluno não entendeu, mas ele não tinha manifestado que não tinha entendido

P_P.2: Na sala, dificilmente eu percebo, a não ser que ele está questionando com o colega, e eu “o que que foi?”, né, “não, professora, eu estou explicando pra ele porque ele não entendeu”

PESQUISADORA: Hum, hum, aí você vê que ele não tinha entendido e não tinha perguntado

P_P.2: É, exatamente

PESQUISADORA: Está certo

P_P.2: Agora, infelizmente, é...quando, às vezes, raramente eles vão, eles vão à mesa ou chamam o professor, né, pra irmos até a mesa deles, raramente isso acontece, eles fazem, o que que acontece, “se eu errei, depois ela corrige”, então eles não deixam, não, o que vai acontecer, nós só vamos perceber na hora da correção, “nossa, ele não entendeu”

15:59

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PESQUISADORA: E ele não tinha perguntado P_P.2: Não tinha perguntado

PESQUISADORA: Então aí pelo resultado da atividade você percebe que ele não entendeu

P_P.2: Exatamente, infelizmente só depois de terminada, né, não dá mais pra, para aquela atividade, não dá mais pra fazer intervenção, só na revisão, na reescrita, enfim, né, na atividade posterior

PESQUISADORA: Entendi, agora você vai só sintetizar um pouco o que você, a gente estava conversando, né, porque a questão era se você voltasse ao momento em que você optou pelo magistério, você faria a mesma escolha, né, e explicar por quê.

P_P.2: Ai, essa doeu

PESQUISADORA: Porque na verdade você voltando ao momento em que você optou pelo magistério, com o conhecimento que você tem hoje, porque naquele momento talvez você tivesse outras aspirações e motivações, né

P_P.2: Com certeza

PESQUISADORA: Talvez fosse outra visão que você tinha, mas com a visão que você tem hoje, naquele momento, você teria feito a mesma opção?

P_P.2: Ai, é tão dolorido, mas infelizmente não teria feito PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: Porque as condições que eu vejo não são as mesmas que eu imaginava [risos] naquela época, eu vejo que a realidade é bem diferente, né, e todo aquele respeito, aquela admiração e todas aquelas situações e todos aqueles desejos, e, respeito que nós tínhamos pelos nossos professores, e, por conta disso também, é...

fizemos a nossa, fiz a minha escolha PESQUISADORA: Hum, hum

P_P.2: Não é, eu vejo que hoje nós não temos o mesmo respeito, a mesma condição, é, até mesmo, na própria escola mesmo, o professor, ele é visto como, ah, um professor, muitas vezes “zinho”, né, ah, ele é só um professor, como se ele fosse nada, e infelizmente...

PESQUISADORA: Quem você sente que avalia os professores, dessa forma, de maneira geral?

P_P.2: Ah, eu acho que infelizmente até a sociedade toda, já infelizmente, eu tenho visto, “ah, ele é um professor”

PESQUISADORA: Menosprezando?

21:06

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P_P.2: Menosprezando, ainda, tem poucos que falam, “ah, aí é a casa da professora”, por exemplo, né, então de uma certa forma, “ah, a professora”, mas não é a... “a professora” [tom de desdém na voz], com menosprezo, felizmente, tem poucos, né, mas infelizmente, eu acho que é a própria sociedade mesmo que, menospreza, e, todos aqueles sonhos já se foram

PESQUISADORA: Entendi, bom...

P_P.2: Eu espero que [tenha demorado esses dez anos] (?) porque [palavras inaudíveis] no início, até quatro anos, cinco anos, ainda nós acreditamos, né

PESQUISADORA: Então esse sentimento é mais recente?

P_P.2: É

PESQUISADORA: De que não está correspondendo...

P_P.2: Exatamente

PESQUISADORA: Àquilo que você esperava

P_P.2: É, porque quando mudamos de escola, é... mudamos de comunidade, esse desejo às vezes, às vezes volta, mas ultimamente em pouco tempo você já vê que é tudo igual, não mudou não, eu não sei se somos nós que na verdade não mudamos, que eu não acredito que seja isso mesmo, mas, talvez sim, né, vamos fazendo, vamos desejando outras e vemos que o magistério...

PESQUISADORA: Vai perdendo aquela motivação que você tinha no início, né P_P.2: É

PESQUISADORA: Então, era mais isso mesmo que eu tinha que registrar pra gente pensar, tem alguma coisa que você quer comentar?

P_P.2: Não

PESQUISADORA: Não?

P_P.2: Acho que foi mais proveitoso de uma certa forma lá dentro do que aqui, né?

PESQUISADORA: Por quê? Será que você ficou constrangida, ou não?

P_P.2: Não, não

PESQUISADORA: Porque eu achei normal

P_P.2: Não, não, é que talvez, sabe aquela preocupação às vezes, Gema, que você está fazendo uma pesquisa, nós não sabemos se correspondemos ao que você deseja pesquisar, tem essa preocupação também, não é?

PESQUISADORA: De corresponder a uma expectativa? Do pesquisador, de repente...

Alusão da professora a uma

conversa informal que tivemos da sala dos professores, antes da entrevista propriamente dita.

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P_P.2: É, também, também, né

PESQUISADORA: Pela situação em si, né? A gente conversando sobre, duas professoras, sobre o que elas vivem, na sua prática, na sua vida, é diferente dessa...

você acha, se sente diferente de...

P_P.2: É, do meu ponto de vista sim, eu PESQUISADORA: Você se sente avaliada?

P_P.2: Ah, de uma certa forma, não que você faça isso, né, não tô dizendo que você, exatamente, a pesquisadora Gema faça isso, mas, é... eu acho que de uma forma geral, não é? Eu acho que essa sensação, não sei, mas é dependente que quem estiver na situação

PESQUISADORA: É mais pela situação em si, né?

P_P.2: É, eu acho

PESQUISADORA: É, não, compartilho com você também, eu acho que eu estaria...

tanto é que antes, assim, quando eu comecei, a minha ideia era acompanhar durante um período as aulas de alguns professores, né, é... mas eu me senti assim invadindo demais, entendeu, porque, não vai ser a aula, é... natural, daquele professor, né, não que ele vá fingir ou inventar coisas, mas é diferente com uma pessoa dentro da sala de aula, até quando tem estagiário...

P_P.2: É verdade

PESQUISADORA: já é diferente, né, então como, só se eu fosse uma mosquinha e ninguém me visse, mas aí é tanta questão ética no meio, também, né

P_P.2: É verdade

PESQUISADORA: Então aí eu tentei outras formas, né, ir pra uma outra escola, em que eu não trabalhava, pra ver se, mas não tem como...

P_P.2: Mas você percebeu isso de uma certa forma, não é, de todos os pesquisados?

PESQUISADORA: O quê? De se sentir menos à vontade, do que...

P_P.2: É, de uma certa forma, na sua maioria, né?

PESQUISADORA: É, por mais que a gente converse e esclareça que o objetivo não é avaliar o professor, o que ele está fazendo certo, se ele está fazendo errado, porque o meu ponto de vista é mais o ponto de vista do professor, entendeu?

P_P.2: Ah, sim

PESQUISADORA: Eu acho que a literatura acadêmica, as pesquisas e os documentos oficiais, estão focalizando muitas coisas mas não pelo ponto de vista que é o ponto de vista do professor, né

23:00

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P_P.2: Hum, hum

PESQUISADORA: É mais assim [toca o sinal de encerramento do período escolar e a gravação é interrompida]

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