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MANIFESTAÇÕES LITERÁRIAS NO CIBERESPAÇO: uma fanfiction inspirada em Stephen King

Jhonatan Edi Mervan CARNEIRO1

Márcio Roberto do PRADO2

RESUMO

O presente artigo visa enfocar a possibilidade de uma articulação teórico-crítica por meio de práticas literárias que, apesar de sua natureza ou pretensão artísticas, podem traduzir um exercício reflexivo que não apenas revisa certa parcela da tradição teórico-crítica como também pode oferecer novos rumos para essa mesma reflexão. Deste modo, propõe-se um estudo da produção literária de Stephen King, levantando seus principais aspectos e contrapondo-os a uma fanfiction inspirada na obra do autor, visando mapear a presença ou não de tais aspectos. A partir da aproximação dessa produção literária feita também para e a partir da internet, e levando-se em conta aspectos da literatura trivial, buscar-se-á verificar a possibilidade de uma prática teórico-crítica que se traduza em escrita criativa.

Palavras-chave: Fanfiction. Ciberespaço. Stephen King. 1 INTRODUÇÃO

É já consumado o fato de que, em suas respectivas épocas de instauração, os diversos novos suportes midiáticos, como a imprensa, o rádio e a televisão, propiciaram diferentes questionamentos quanto ao modo de enxergar, produzir e criticar a cultura e a arte – e, consequentemente, a literatura. Sendo assim, não seria nenhuma surpresa deparar-se com os limites da literatura – que não são estanques – mais uma vez problematizados com e pelo o advento da internet.

O computador, ferramenta amplamente usada hoje, surgiu, segundo o ciberteórico Pierre Levy:

[...] na Inglaterra e nos Estados Unidos em 1945. Por muito tempo reservados aos militares para cálculos científicos, seu uso disseminou-se durante os anos 60. Já nessa época era previsível que o desempenho do hardware aumentaria constantemente. Mas que haveria um movimento geral de virtualização da

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Graduando em Letras, habilitação em português, inglês e literaturas correspondentes pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). E-mail: jhonatan.carneiro@outlook.com.

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da vida social, ninguém, com a exceção de alguns visionários, poderia prever naquele momento. (LÉVY, 2010a, p. 31.).

Esse constante movimento de virtualização se dá a partir do chamado ciberespaço, que, segundo as palavras de Pierre Levy, é:

[...] o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (LÉVY, 2010a, p. 17).

Seguindo essa linha de raciocínio, considera-se que o ciberespaço é uma infraestrutura material que engloba a informação por ele disseminada e os seres humanos que dispõem dessa infraestrutura e informações. E que, desse modo, é capaz de afetar profundamente a base da vida social moderna. Essas modificações propiciadas pelo ciberespaço refletirão no advento da chamada cibercultura. Ao conceituá-la, Pierre Lévy preconiza que:

Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica [...] o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço. (LÉVY, 2010a, p. 17).

Nesse contexto do ciberespaço, diversas são as possibilidades e inovações. Ao postar um tópico em um blog, por exemplo, o indivíduo potencialmente pode ser lido em qualquer parte do mundo; ao participar de um chat, é possível manter diálogos coerentes com diversas pessoas ao mesmo tempo; em fóruns, podem ser efetuadas discussões entre usuários de idades e culturas totalmente diferentes, que de outra forma não poderiam sequer se encontrar. Essas práticas, dentre muitas outras, são só alguns exemplos da gama de opções que se tornam disponíveis com esse novo modo de pensar e agir. É o que Henry Jenkins chama de convergência dos meios de comunicação, quando se refere:

[...] ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando. (JENKINS, 2009, p. 29).

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É nesse contexto convergencial que surgem, em blogs, fóruns, comunidades no Orkut e sites na internet, as fanfictions. Esse tipo de produção literária compreende, em sua mais simplória conceituação, as obras escritas por fãs utilizando personagens e universos ficcionais que não foram criados por eles. Nesse caso, deve-se ressaltar que esse tipo de produção não visa fins lucrativos, pois, dessa forma, não há violação da propriedade intelectual do autor utilizado como base para a concepção da fanfiction.

Para evitar possíveis problemas judiciais, como os processos por quais alguns sites de fanfictions da série Harry Potter passaram, muitos dos autores de fanfictions acrescentam ao início de suas publicações uma pequena nota legal, declarando quem realmente é o detentor dos direitos autorais referentes aos personagens, espaços e outros recursos utilizados. Tais notas também reafirmam o caráter não comercial dos textos concebidos.

As diversas comunidades onde os ficwriters – escritores de fanfictions – se unem para ler, escrever e discutir as produções baseadas nas obras de seus autores preferidos chamam-se fandoms. Esses espaços podem ser desde blogs até websites especializados unicamente nesse tipo de produção. O website Fanfiction.net, por exemplo, é, em questão de acervo de fanfictions em línguas estrangeiras, um dos maiores fandoms encontrados. Quanto à produção em língua portuguesa, tem-se em Nyah! Fanfiction um dos maiores hospedeiros disponíveis.

Seria de se perguntar: o que impulsionaria um jovem a passar grande quantidade de tempo navegando, participando ativamente com suas produções ficcionais, de modo totalmente voluntário?

2 DESENVOLVIMENTO

Nota-se que um ponto importante para uma possível resposta a essa pergunta é justamente o caráter sentimental que está ligado à própria concepção de fã. Por exemplo, uma coisa é um aluno ser obrigado a trabalhar em sala de aula com um autor que nunca leu, produzindo algo que será lido pela professora e, na melhor das hipóteses, para seus colegas de classe. Outra coisa, completamente diferente, é produzir um texto que envolva seu personagem preferido, de um livro amplamente divulgado e discutido, onde ele se sentirá participante ativo do processo de criação da história, agindo ativamente em sua concepção. Além disso, para o ficwriter, é extremamente compensador receber um

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feedback de sua obra através de um recurso hipertextual simples como uma caixa de comentários. Nesse caso, o próprio conceito de hipertexto é importante. Segundo Lévy:

Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Os itens de informação são ligados linearmente, como em uma corda com nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que pode ser tão complicada quanto possível. Porque cada nó pode, por sua vez, conter uma rede inteira. (LÉVY, 2010b, p. 33).

Todavia, um hipertexto vai muito além de uma simples técnica de convergência. Pois novamente Pierre Lévy destaca que os hipertextos:

[...] vão se realizar sob o efeito da interação com o usuário. Nenhuma diferença se introduz entre um texto possível da combinatória e um texto real que será lido na tela. [...] O virtual só eclode com a entrada da subjetividade humana no circuito, quando num mesmo movimento surgem a indeterminação do sentido e a propensão do texto a significar, tensão que uma atualização, ou seja, uma interpretação, resolverá na leitura. (LÉVY, 2001, p. 40).

Pressupõe-se que, para a criação de uma fanfiction, torna-se necessário um diálogo íntimo e direto com a obra de inspiração, de modo que o modus operandi da poética do autor original seja resgatada em um exercício ao mesmo tempo prático, artístico e crítico. Esse resgate se dá, durante a produção da fanfiction, por meio das retomadas em maior ou menor grau das categorias da narrativa – foco narrativo, personagens, enredo, tempo e espaço.

Para efetivamente mapear esse processo de criação, mostra-se deveras instigante a análise de um exemplo de fanfiction baseada na obra do autor estadunidense Stephen King, que, no âmbito da grande rede, buscou explorar algumas possibilidades interessantes, como, por exemplo, a tentativa de publicação periódica de um romance online.

O exemplo de fanfiction selecionado, intitulado O Posto de Parada, utiliza elementos dos universos ficcionais de três obras de King: O Iluminado (1999), O Cemitério (1986) e a série A Torre Negra (2004). Esse tipo de fanfiction, que tem como ponto de partida mais de uma obra, chama-se crossover.

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conta a história de Danny Torrance, um garoto que possui certos superpoderes, como a possibilidade de ler mentes e observar fatos do passado e futuro. Ele, seu pai alcoólatra Jack, e sua mãe Wendy, mudam-se para um antigo hotel chamado Overlook, devido ao cargo de zelador que Jack ocupará. Por sua localização montanhosa, a família acaba ficando isolada durante o inverno. Nesse momento, entidades fantasmagóricas que habitam o hotel utilizam do vício de Jack para coloca-lo contra sua família. Somente depois de diversas peripécias, o hotel é destruído e Danny e Wendy conseguem escapar ilesos.

Por sua vez, O Cemitério (Pet Sematary, no original) foi publicado em 1983. Nele é narrada a história de Louis Creed, que se mudara com sua esposa Rachel, seus filhos Gage e Ellie e o gato da família, Church, para uma casa na beira da estrada, próxima à cidade de Ludlow. Após tornar-se amigo da família, Judson Crandall, o vizinho, os leva ao “Simitério de bichos”, um cemitério atrás da floresta onde as crianças da cidade enterram seus animais de estimação mortos. Quando Church morre, Judson e Louis vão ao cemitério Micmac, com o intuito de enterrá-lo e revivê-lo.

Posteriormente, após o atropelamento e velório do filho mais novo, Gage, o pai, Louis, extremamente perturbado, desenterra os restos mortais de seu filho e enterra-os no cemitério Micmac. Gage revive. Contudo, nota-se que ele não é o mesmo. Gage mata o vizinho Judson e sua mãe Rachel, e é novamente morto, desta vez por uma dose letal de morfina aplicada pelo pai. Louis desta vez enterra Rachel no cemitério Micmac, após queimar a casa de Judson, e o livro termina com Rachel chegando à sua casa, onde Luis a espera, após ser ressuscitada.

Por fim, A Torre Negra (The Dark Tower, no original), é uma série composta por sete volumes. Seu primeiro volume foi publicado em 1982. Pode ser considerada a obra mais audaciosa de King, pois, a partir de vários elementos inseridos na saga de Roland Deschain, são estabelecidas ligações com grande parte de sua obra.

A fanfiction selecionada narra fatos que acontecem em um momento posterior aos livros O Cemitério (1986) e O Iluminado (1999). Nela, Danny Torrance, adulto e controlando seus poderes, muda-se para Ludlow, pois alega que, de certa forma, algo no local o atraíra. Ao ocupar o cargo de médico que estava vago na universidade (justamente o cargo que antes era ocupado por Louis), ele conhece Russel Faraday, personagem emblemático de Stephen King, pois aparece em várias de suas obras, como A Dança da Morte (2005) e A Torre Negra (2004), utilizando-se de diferentes nomes e

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fisionomias. Depois de um dia aparentemente normal, com exceção de estranhas visões, um profético pesadelo atormenta Danny. Alguns dias depois, um acidente acontece e, quando ele recobra sua consciência, depara-se com um local nunca antes visto, onde Russel Faraday propõe-lhe um acordo.

Logo no início, a primeira referência à obra de King encontra-se no título da

fanfiction, O Posto de Parada é o nome do segundo capítulo do primeiro livro da saga A

Torre Negra (KING, 2004, p. 87). Na obra de King, esse título de capítulo refere-se a um local onde ocorre o encontro de dois personagens: Roland Deschain, o protagonista e Jake Chambers, que futuramente vem a fazer parte de sua equipe. Do mesmo modo, isso é refletido na fanfiction, através do encontro de Danny e Russel e de sua vindoura parceria.

Em seguida, pode-se perceber a mudança no foco narrativo, que não mais é uma terceira pessoa onisciente como em O Iluminado: “Mais adiante, muito bem posto na encosta, viu os pinheiros rigidamente fixados darem lugar a um gramado muito verde tendo ao centro, contemplando tudo, o hotel.” (KING, 1999, p. 45); ou em O Cemitério: “Encontrou-o na noite em que se mudou, com a esposa e os dois filhos, para uma grande casa branca de madeira, em Ludlow” (KING, 1986, p. 15). Na fanfiction, há um narrador autodiegético, o próprio Danny Torrance: “Trabalhei na Universidade durante o dia todo, já de posse de meu cartão de identificação: ‘Doutor Daniel Antonhy Torrance’” (MERVAN, 2011, online). Tal alteração, comumente utilizada em fanfictions, é, em alguns casos, demarcada pelos próprios ficwriters como Pov, sigla do inglês Point of

view.

Essa possibilidade de digressão do foco narrativo será extremamente importante para que sejam firmados certos limites. Pois, como se verá doravante, algumas categorias da narrativa, como as personagens, serão mais estanques, menos maleáveis do que outras categorias.

Uma das categorias mais maleáveis é o tempo, visto que diversas fanfictions constituem-se de fatos ocorridos em momentos anteriores ou posteriores à obra, como é o caso d’O Posto de Parada. No exemplo, a história se passa em um período posterior ao dos acontecimentos em O Cemitério (1986) e O Iluminado (1999). Essa característica pode ser constatada pelo fato de que Danny já é um adulto, trabalhando como um doutor, não mais um garoto que “Era muito jovem para entender”. (KING, 1999, p. 56). Além disso, o fator tempo é de fundamental importância para a criação de

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desencadeamentos lógicos de causa e consequência. Ou seja, quando Danny vê “O grande retângulo de terra escurecida no terreno à “[...] frente [da casa]” e diz que “[...]sabia que algo queimara ali” (MERVAN, 2011, online), ele refere-se ao incêndio da residência de Jud que ocorre no final de O Cemitério (1986).

A terceira categoria da narrativa a ser trabalhada, o espaço, pode ser retomada nas fanfictions de dois modos. O primeiro, através da nomeação do espaço, o que implica na recuperação de todo o significado presente na obra de origem. Em outras palavras, a simples menção do nome Overlook na fanfiction já remete àquele velho hotel, com todas as suas especificidades.

O segundo modo de retomar o espaço é feito por meio de descrições semelhantes àquelas utilizadas na obra de origem, como por exemplo, quando Danny acorda em meio ao cemitério Micmac e diz que:

[...] estava em um lugar nunca antes visto. Parecia ser a parte plana de um morro, que se elevava no meio da floresta. Um vento frio açoitava meu rosto e o céu estava pontilhado de infinitas constelações. Levantei-me e reparei que, em três pontos ao meu redor, a terra fora revirada, como se a raiz de uma árvore tivesse sido forçadamente arrancada. Ou, tentei afastar a todo custo esse pensamento, como se algo tivesse saído de debaixo da terra. (MERVAN, 2011, online).

Tal panorama é deveras semelhante à descrição em O Cemitério: “Inclinou a cabeça para trás e viu o fantástico esparramar de estrelas. Mas não conheceu nenhuma das constelações e, perturbado, desviou o olhar.” (KING, 1986, p. 346). Soma-se a isso a presença dos três pontos onde a terra fora revirada, que, claramente, indicaria o enterro e ressurreição de Church, Gage e Rachel.

Continuando a análise das categorias da narrativa, percebe-se que o enredo é uma categoria também maleável, pois muitos são os casos de fanfictions em que fatos paralelos ao enredo principal são contados, ou fanfictions que utilizam-se das personagens em contextos e universos ficcionais diferentes. Em O Posto de Parada, nota-se que, a possibilidade de ressurreição propiciada pelo Cemitério Micmac e as mortes causadas indiretamente pelo Overlook – pontos importantes dos enredos de O Cemitério (1986) e O Iluminado (1999), respectivamente – são interligadas de modo a criar um enredo próprio à fanfiction, que, em certo grau, altera a percepção das obras originais. Pois, a explicação do fenômeno de ressurreição por meio do Arco-Íris de Merlin – conceito presente em A Torre Negra (2004) – interliga ambas as obras.

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Por fim, a categoria narrativa personagens é possivelmente a mais estanque. No momento em que finalmente Danny nomeia-se, dizendo: “Trabalhei na Universidade durante o dia todo, já de posse de meu cartão de identificação: ‘Doutor Daniel Antonhy Torrance’”. (MERVAN, 2011, online), é indubitável o fato de que é relembrada a imagem do Danny Torrance de O Iluminado (1999). O mesmo acontece com Russel Faraday.

3 CONCLUSÕES

Retomando os fatos apresentados, não é preciso titubear ao afirmar que todas as categorias da narrativa são de fundamental importância para o processo de criação de uma fanfiction. Todavia, outros fatores mais sutis também corroboram para essa retomada da poética do autor.

O primeiro desses fatores discernível em O Posto de Parada é a utilização de conceitos próprios da obra original, como é o caso das “curvas do arco-íris”, referindo-se ao “Arco-íris de Merlin” existente na série A Torre Negra (2004).

Um segundo fator é a utilização daquilo que poder-se-ia conceituar como “frases de efeito” ou “frases icônicas”. Seriam elas aquelas expressões proferidas em momentos de forte impacto na obra, como é o exemplo da fala de Russel Faraday, quando diz: “– ‘O solo do coração de um homem é mais empedernido, Danny... Mas um homem planta o que pode... e cuida do que plantou.’” (MERVAN, 2011, online). Tal frase é constantemente repetida em O Cemitério (1986), e é Victor Pascow que a diz pela primeira vez: “– O solo do coração de um homem é mais empedernido, Louis, - murmurou o moribundo – Um homem planta o que pode... E cuida do que plantou.” (KING, 1986, p. 72).

Processo semelhante acontece na última frase da fanfiction, que diz: “O homem de preto seguia através de uma porta, e eu ia atrás...”. Essa é uma referência ao primeiro parágrafo de A Torre Negra: “O homem de preto fugia pelo deserto e o pistoleiro ia atrás.” (KING, 2004, p. 27).

Pôde-se notar aqui que as possibilidades de manifestações artístico-culturais – em especial, literárias – no ciberespaço ainda apresentam um campo deveras extenso que permite um continuado estudo. O intuito aqui foi apenas apresentar as mais marcantes problematizações no que cerne a produção de fanfictions e, no possível, demonstrar

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possibilidades interpretativas de tais fatores.

CARNEIRO, Jhonatan Edi Mervan; PRADO, Márcio Roberto do. Manifestações literárias no ciberespaço: uma fanfiction inspirada em Stephen King. Revista Primeira Escrita, Aquidauana, n. 1, p. 93-102, nov. 2014.

LITERATURE MANIFESTATIONS ON CYBERSPACE: a fanfiction inspired on Stephen King

ABSTRACT

This article aims to focus on the possibility of a articulation between theory and critics by literary practices that, in spite of its artistical nature or pretentions, can be translated into a reflexive exercise that not only revises part of the theory and critic tradition but can also offer new insights for this reflection. This way, we propose to study the literary production of Stephen King, underlining its principal aspects and opposing them to a fanfiction inspired by the author’s work, aiming to detect the presence of those aspects. By the approximation of that literary production made to and from the internet, and taking in mind the aspects of the trivial literature, we seek to verify the possibility of a theory and critics practice that translates itself into creative writting.

Keywords: Fanfiction. Cyberspace. Stephen King.

REFERÊNCIAS

FANFICTION.NET. Disponível em: <http://www.fanfiction.net/>. Acesso em: 10 jun. 2014.

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. Tradução de Susana Alexandria. São Paulo: Aleph, 2009.

KING, Stephen. O Cemitério. Tradução de Mário Molina. Rio de Janeiro: Rio Gráfica, 1986.

KING, Stephen. O Iluminado. Tradução de Betty Ramos Albuquerque. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999.

KING, Stephen. A Torre Negra: o pistoleiro. Tradução Mário Molina. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

KING, Stephen. A Dança da Morte. Tradução de Gilson Soares. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

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LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 3. ed. São Paulo: 34, 2010a.

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: O futuro do pensamento na era da informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2. ed. São Paulo: 34, 2010b.

MERVAN. O posto de parada. Fanfiction.Net. 12 jun. 2011. [Online]. Disponível em: <http://www.fanfiction.net/s/7075342/1/O_Posto_de_Parada>. Acesso em: 10 jun. 2014. NYAH! FANFICTION. [Online]. Disponível em: <http://fanfiction.com.br/>. Acesso em: 10 jun. 2011.

Recebido em 10 de junho de 2014. Aprovado em 19 de julho de 2014.

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