Conto antigo – por Gary Keller.
O CESTO DE COLETA
Ao sair de seu palácio, certa manhã, encontrando um pedinte, um rei perguntou: “O que queres?”. O pedinte, rindo, respondeu: “Perguntas como se fosses capaz de realizar meu desejo”. Ofendido, o rei retrucou: “É claro que posso. De que se trata?”. O pedinte avisou: “Pensa duas vezes antes de prometer alguma coisa”.
O pedinte não era um mendigo qualquer, mas o mentor do rei numa vida passada, que prometera, na existência anterior: “Voltarei para tentar acordá-lo em nossa próxima vida. Esta vida, perdemos, mas voltarei para ajudá-lo”.
O rei, sem reconhecer o antigo amigo, insistiu: “Cumprirei aquilo que pedires, porque sou um rei muito poderoso que pode realizar qualquer desejo”. O pedinte disse: “É um desejo muito simples. Podes preencher este cesto de coleta?”. “É claro!”, respondeu o rei, e instruiu seu vizir a “preencher o cesto de coleta do homem com dinheiro”. O vizir o fez, mas, conforme o dinheiro era depositado no recipiente, acabava desaparecendo.
Então, ele colocou mais e mais, mas, sempre que o fazia, o dinheiro desaparecia. O cesto de coleta continuava vazio.
Espalhou-se o rumor ao redor do reino, e uma grande multidão se reuniu. O prestígio e o poder do rei estavam à prova, então ele disse ao vizir: “Se meu reinado está para perder-se, estou pronto para perdê-lo, mas não posso ser derrotado por esse mendigo”. Ele continuou a despojar-se de sua fortuna, passando-a para o recipiente. Diamantes, pérolas, esmeraldas. Seu tesouro ia se esvaziando.
E, no entanto, o cesto de coleta parecia não ter fundo. Tudo o que era colocado nele sumia imediatamente!
Por fim, perante uma multidão em total silêncio, o rei ajoelhou-se em frente ao pedinte e admitiu sua derrota. “Venceste, mas, antes que te vás, mata-me a curiosidade. Qual é o segredo desse cesto de coleta?”.
O pedinte respondeu, humilde: “Não há segredo. Ele é feito, simplesmente, do desejo humano”. Não importa quais sejam as nossas motivações, boa parte do que fazemos na vida tem o sentido último de nos tornar felizes. E, no entanto, erramos na mão. A felicidade não acontece do jeito que pensamos. Um dos nossos maiores desafios é garantir que o propósito de nossas vidas não se torne, como o cesto do pedinte, um buraco sem fundo de desejo, continuamente em busca da próxima coisa que nos fará feliz. Essa é uma perspectiva que levará fatalmente ao fracasso.