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AS ATITUDES EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA E O DESEMPENHO EM CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL DE ALUNOS DE ENGENHARIA

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Revista Ceciliana Dez 4(2): 71-76, 2012 ISSN 2175-7224 - © 2011/2012 - Universidade Santa Cecília Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana

AS ATITUDES EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA E O DESEMPENHO

EM CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL DE ALUNOS DE

ENGENHARIA

Marcos Antonio Santos de Jesus, Juliana Tacacima

Centro Universitário da FEI, Universidade Santa Cecília – UNISANTA

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi analisar as relações entre as Atitudes em relação à matemática e o Desempenho em Cálculo Diferencial e Integral I de alunos que cursam Engenharia. Foi utilizada uma amostra com 809 alunos, matriculados no primeiro ano do curso de engenharia e distribuídos da seguinte forma: 698 cursavam a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, pela primeira vez (ingressantes), enquanto que 111 alunos cursavam pela segunda vez a disciplina (dependentes). Como instrumento de pesquisa, foi utilizada uma escala de atitudes em relação à matemática, adaptada e validada por Brito (1996,1998). Os alunos foram submetidos à escala de atitudes em relação à matemática no início do primeiro semestre do curso. Para análise das relações entre atitudes e desempenho foram consideradas as variáveis, pontuação na Escala de Atitudes e a média de desempenho em Cálculo Diferencial e Integral I, essa última extraída do sistema de notas da Instituição de Ensino Superior a que pertenciam os alunos. A pesquisa segue um modelo quantitativo explicativo e não experimental, com uma análise quantitativa das variáveis. Foi escolhido como nível de significância α=0,050, ou seja, foi estabelecido p<0,050 para parâmetro como tomada de decisões nas análises estatísticas apresentadas.

PALAVRAS-CHAVE: Atitudes; ensino-aprendizagem; engenharia; desempenho; cálculo diferencial e integral.

1. INTRODUÇÃO

Em tudo que fazemos em nossas vidas, fatores como interesse, satisfação, atenção, sentimento, es- forço, prática, habilidade e outros sempre são decisi- vos para obtermos sucesso naquilo em que nos pronti- ficamos a participar, seja no lar, numa atividade física, no trabalho, na escola ou em qualquer outro meio que precise de nossa participação. Na universidade não é diferente, ou seja, ao escolhermos um curso de gradu- ação para cursarmos, o ideal seria que tivéssemos consciência das exigências que esse curso fará durante todo período em que estivermos participando dele. Quando um jovem, ao terminar o Ensino Médio, esco- lhe para sua formação superior um curso da área de engenharia, seja ela mecânica, eletrônica, elétrica, produção, química ou outra qualquer, espera-se que, no mínimo, esse candidato à formação de engenheiro tenha interesse por estudos que envolvem disciplinas da área de exatas, tais como: física, química, matemá- tica, desenho e outras.

De um modo geral, os candidatos a escolas su- periores públicas já são selecionados pelo próprio vestibular, ou seja, somente aqueles alunos que têm um desempenho competitivo conseguem acesso a essas universidades. Assim, talvez, também tenham um bom desempenho nas disciplinas durante o curso

que escolhem. Mas, e a universidade de caráter priva- do ou fundações sem fins lucrativos que têm como meta, formar profissionais de alta qualidade, e tão competitivos quanto aqueles oriundos de algumas universidades públicas, que tipo de candidato recebe em seus vestibulares? Observa-se que há uma parcela de candidatos a esses vestibulares que têm uma for- mação de ensino médio adequada para os cursos que essas universidades oferecem, porém, a outra parcela de alunos ingressa e apresenta suas deficiências trazi- das do ensino médio. Nesse caso, essas universidades de caráter privado ou fundações têm como missão fazer com que esses alunos evoluam em seus aprovei- tamentos dentro de cada disciplina, mesmo sem que eles tenham tido uma formação no ensino médio ade- quada a um aproveitamento satisfatório durante o curso de graduação. Essas referidas universidades, na maioria das vezes, oferecem a seus ingressantes pro- gramas de apoio e nivelamento, tais como: plantão de dúvidas, monitorias, e outros.

Quando um candidato chega à universidade com um desempenho insatisfatório na área de exatas, em disciplinas como, física, química, matemática e outras, é necessário também que ele seja capaz de perceber que terá de estudar um pouco mais os con- teúdos relacionados ao ensino médio para diminuir essa defasagem e melhorar seu desempenho. Mas,

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que características cognitivas ou atitudinais terá o aluno para que seja capaz de perceber que precisa estudar um pouco mais assuntos anteriores a sua formação superior?

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O ser humano vive num mundo de crenças, ati- tudes e comportamentos. As crenças e atitudes são na maioria das vezes formadas socialmente e irão influen- ciar o comportamento de todos. No ambiente escolar, o professor, assim como o aluno, está sujeito a mani- festar um determinado comportamento, de acordo com sua atitude estabelecida a respeito de uma ciência ou apenas um conteúdo qualquer (Jesus, 2005).

A atitude, em relação a um objeto ou evento, é considerada um dos principais constructos psicológi- cos, e podemos dizer que existe consenso sobre a compreensão das atitudes como disposições mentais para avaliar um objeto ou evento psicológico, expres- sos em dimensões de atributos, tais como bom/mau, agradável/desagradável e outros (Ajzen, 2001 e Wood, 2000). Eagly e Chaiken (1993), citados por Faria et al. (2009) afirmaram que as atitudes podem não ser diretamente observáveis, pois estão relacionadas à predisposição que uma pessoa tem para avaliar de- terminado objeto, seja aprovando-o ou desaprovando- o. Mas as atitudes podem ser inferidas com base em respostas avaliativas.

O termo atitude é derivado da palavra latina

“aptus” que, inicialmente, significava “aptidão” ou

“adaptação” no sentido de aptidão física. Com o decor- rer do tempo, esse conceito foi ampliado para uma preparação mental para a ação. Segundo Brito (1996), atitude é uma disposição pessoal, idiossincrá- tica, presente em todos os indivíduos, dirigida a obje- tos, eventos ou pessoas, que assume diferente direção e intensidade de acordo com as experiências do indiví- duo.

Pesquisas desenvolvidas por Gonçalez (2002), Jesus e Alves (2003), Jesus (1999, 2005), Ardiles (2007), Utisumi e Lima (2008); Barros, Jesus e Pe- queno (2010) mostram a importância de se compre- enderem as relações entre atitude e matemática. Nes- ses estudos foi ressaltada a importância da introdução de novos programas com a finalidade de promover uma mudança das atitudes em relação à matemática, tanto por parte dos professores, como dos alunos, pois as atitudes dos professores podem influenciar as dos alunos. Também, as citadas pesquisas indicaram que o nível de desempenho do aluno pode ser relacionado à atitude positiva do mesmo em relação à matemática e, ainda que o aluno com atitude positiva não apresente um alto nível de desempenho, este será melhor do que aquele obtido pelo aluno que apresentou atitude nega- tiva.

No momento em que as atitudes de um aluno com relação a um conteúdo escolar são favoráveis, ele poderá estar altamente motivado para aprender. Além disso, ele pode investir em esforços mais intensos e mais concentrados durante o processo de ensino- aprendizagem. Mas, quando as atitudes são desfavo- ráveis, é possível que esses fatores venham a operar numa outra direção (JESUS, 2005). Sobre esse aspec- to, Gonzalez-Pienda et al (2006) comentaram que um ponto que pode influenciar a aprendizagem do estu- dante é atitude. Para os autores, quando professores criam um ambiente de aprendizagem em que os estu- dantes se sentem confortáveis e confiantes, são real-

çadas as atitudes positivas em relação à disciplina em questão.

3. Método e Materiais

Sujeitos e Delineamento da Pesquisa

Foram utilizados 809 alunos, regularmente ma- triculados no primeiro ano do ciclo básico do curso de engenharias e distribuídos da seguinte forma: 698 estavam cursando a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, pela primeira vez (ingressantes), enquanto que 111 alunos cursavam pela segunda vez (depen- dentes). Nesta pesquisa não existiu manipulação expe- rimental nem tratamento diferenciado para grupos de sujeitos. A pesquisa foi desenvolvida com a proposta de analisar relações e diferenças de escores entre algumas variáveis e, do ponto de vista cognitivo, acei- tou os sujeitos exatamente como estavam, seguindo, dessa forma, um modelo quantitativo explicativo e não experimental.

Variáveis de Interesse da Pesquisa

Pontuação na Escala de Atitude1: diz respeito ao valor da pontuação obtida na escala de atitudes em relação à matemática e admite valores de 20 a 80 pontos. Essa variável foi analisada quantitativamente.

Desempenho em Cálculo Diferencial e Integral I: diz respeito à nota que cada sujeito alcançou ao fim do semestre na referida disciplina. Essa nota tem pon- tuação que varia de 0 (zero) a 10,0 (dez) pontos. Essa variável foi analisada quantitativamente.

Procedimentos e Materiais

Foram coletados os dados através da aplicação da escala de atitudes em relação à matemática duran- te a segunda semana de aulas do início do primeiro semestre de curso para alunos ingressantes e para dependentes no mesmo momento, mas esses cursa- vam a disciplina pela segunda vez. A escala de atitu- des é um instrumento composto por 20 (vinte) afirma- ções, sendo que 10 (dez) retratam sentimentos nega- tivos e outras 10 (dez) os sentimentos positivos em relação à matemática. Após encerramento da coleta e encerramento do semestre, extraiu-se do sistema de notas da universidade a média de desempenho em Cálculo Diferencial e Integral I dos alunos participantes da pesquisa.

4. RESULTADOS

Observa-se, na Tabela 1, que a média de de- sempenho dos alunos que estavam cursando a disci- plina Cálculo Diferencial e Integral I pela primeira vez (4,11 com desvio padrão 2,76), quando comparada à média de desempenho dos alunos que cursavam pela segunda vez (3,22 com desvio padrão 2,28), mostra- va-se próxima a ela, ou seja, não foi observada grande diferença. Porém, de acordo com o teste t-Student, os resultados apresentados na Tabela 2 indicam que houve diferença significativa entre as médias de de- sempenho entre ingressantes e dependentes, pois p=0,001, (p<0,050). Isso mostra que alunos depen- dentes apresentaram desempenho estatisticamente inferior em relação aos ingressantes. Tal resultado indica que o fato de o aluno ser dependente e ter fre-

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ISSN 2175-7224 - © 2011/2012 Universidade Santa Cecília – Todos os direitos reservados.

73 quentado aulas sobre o assunto no semestre anterior

não quer dizer que o desempenho do mesmo seja

maior no semestre em que ele cursa a disciplina pela segunda vez.

Tabela1: Médias de desempenho dos sujeitos em Cálculo Diferencial e Integral I

Grupo de Alunos Média Desvio Padrão

Ingressante 4,106 pontos 2,7566 pontos

Dependente 3,225 pontos 2,2835 pontos

Diferença de médias = 0,881. Teste de Levene para igualdade de variância: F=7,155 e p=0,008

Tabela 2: Teste t-Student para igualdade de médias de desempenho dos sujeitos em Cálculo Diferencial e Integral I

Variância t-valor Graus de Liberdade Probabilidade P

Igual 3,197 807 0,001

Tabela 3: Distribuição de médias de pontuação dos sujeitos na Escala de Atitudes em relação à Matemática

Grupo de Alunos Média Desvio Padrão

Ingressante 62,23 pontos 8,401 pontos

Dependente 57,56 pontos 8,773 pontos

Diferença de médias = 4,67 Teste de Levene para igualdade de variância: F=0,007 e p=0,935

Tabela 4: Teste t-Student para igualdade de médias de pontuação na Escala de Atitudes

Variância t-valor Graus de Liberdade Probabilidade P

Igual 5,409 807 0,000

Observa-se, a partir do teste de Levene, que a variância pode ser considerada igual, permitindo a aplicação do teste t-Student, com resultados apresen- tados na Tabela 4. Com isso, constatou-se que a dife- rença de médias de pontuação na escala de atitudes entre alunos ingressantes e dependentes apresentadas na Tabela 3: média 62,23 com desvio padrão 8,40 para os ingressantes, e média de 57,56 com desvio padrão 8,77 para os alunos dependentes foi altamente significativa, uma vez que a probabilidade (p=0,000) foi menor que o nível de significância (α=0,050), de modo que as atitudes dos alunos dependentes também são inferiores às atitudes dos ingressantes. O desem- penho inferior dos alunos dependentes, quando com- parados aos alunos ingressantes, talvez esteja sendo influenciado por suas atitudes em relação à matemáti-

ca, que também são inferiores, conforme resultado apresentado.

Os resultados encontrados na presente pesqui- sa como pontuação na escala de atitudes em relação à matemática, tanto para os alunos ingressantes, quanto aqueles dependentes são superiores aos encontrados no estudo de Barros, Jesus e Pequeno (2010). No referido estudo, a média de atitudes para o gênero masculino chegou a 51,80 com desvio padrão 13,28 pontos e para o gênero feminino 50,77 com desvio padrão 11,99. Essa diferença talvez seja justificada pelo perfil dos sujeitos, ou seja, no atual estudo, os sujeitos são alunos que cursam engenharia, por isso esperava-se que eles tivessem uma atitude mais favo- rável à matemática que sujeitos comuns quaisquer.

Tabela 5: Coeficiente de correlação de Pearson (r) entre a pontuação na Escala de Atitudes e o desempenho em Cálcu- lo Diferencial e Integral I.

Grupo de alunos Coeficiente de

correlação r Probabilidade P

Ingressante 0,410 0,000

Dependente 0,340 0,000

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Os resultados apresentados na Tabela 5 mos- tram que, tanto para ingressantes como para depen- dentes, as correlações entre pontuação na escala de atitudes em relação à matemática e o desempenho em Cálculo Diferencial e Integral I foram significativas (p<0,050), sendo que essa correlação foi maior para ingressantes (r=0,410) quando comparada aos depen- dentes (r=0,340). O valor positivo para ambos os coeficientes de Pearson indicaram uma correlação direta entre as variáveis, de modo que é possível su- por que a atitude positiva em relação à matemática do aluno possivelmente contribuiu para a obtenção de seu

desempenho melhor em Cálculo Diferencial e Integral I, enquanto a atitude negativa do aluno pode influen- ciar na obtenção de um desempenho mais baixo. Tal resultado pôde ser comparado aos resultados encon- trados por Jesus (2005) que afirmou a existência de correlação significativa entre o desempenho em ma- temática e atitudes em relação à matemática. Confor- me Fuentes (2009) salientou, a predisposição negativa com que muitos alunos enfrentam algumas disciplinas desde o primeiro dia de aula irá antepor uma barreira que dificulta seu aprendizado (FUENTES, 2009).

Figura 1: Regressão linear entre o desempenho em Cálculo Diferencial e Integral I e Pontuação na Escala de Atitudes em relação à matemática dos alunos ingressantes

Figura 2: Regressão linear entre o desempenho em Cálculo Diferencial e Integral I e pontuação na Escala de Atitudes em relação à matemática dos alunos dependentes

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ISSN 2175-7224 - © 2011/2012 Universidade Santa Cecília – Todos os direitos reservados.

75 Analisando as Figuras 1 e 2, percebe-se que a

correlação entre o desempenho e a atitude foi baixa nos dois casos, devido aos baixos valores de R² obti- dos nas duas variáveis. Ainda assim, com os valores obtidos nos coeficientes de correlação de Pearson, foi possível verificar uma correlação positiva entre as variáveis. Observa-se através das inclinações das linhas de tendência que a maior inclinação de reta na regressão linear para alunos ingressantes indicou uma atitude mais favorável ao seu desempenho comparado à regressão linear dos alunos dependentes. Nota-se que a cada variação de uma unidade na pontuação de escala de atitudes, o desempenho de ingressantes variou em 0,1344 pontos, enquanto para os alunos dependentes a variação foi apenas de 0,0884. Mesmo o grupo de alunos dependentes tendo apresentado essa pequena variação no desempenho em relação a cada ponto de variação nas atitudes, eles apresenta- ram atitudes consideradas favoráveis em relação à matemática independente do desempenho, uma vez que uma pontuação na escala de atitudes desse grupo foi de 57,56 pontos, ou seja, acima do ponto médio da escala, que nesse caso é 50 pontos. Assim, a atitude em relação à matemática dos alunos dependentes é considerada favorável ao processo de ensino- aprendizagem de matemática. Notar-se-á, na Figura 2, que a maioria dos alunos dependentes apresentou atitudes entre 50 e 70 pontos, podendo assim ser considerada uma atitude favorável, porém o grupo de alunos ingressantes apresentou uma média superior à dos alunos dependentes.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES DA PESQUISA

Educadores que pretendem modificar as atitu- des de seus alunos devem considerar que há muitos fatores para isso ocorrer. No ambiente escolar, as atitudes de um determinado aluno podem ser diferen- tes conforme o momento e o espaço físico. Certo aluno que apresente atitude positiva em relação à matemáti- ca poderá apresentar tendência à atitude negativa em relação à outra disciplina qualquer, ou até mesmo à matemática, num outro momento. Considerando que as atitudes não são estáveis (BRITO, 1996 e UTSUMI, 2000) citados por Utsumi e Lima (2008), cabe a cada um dos educadores envolvidos nesse processo de ensino-aprendizagem intervir com técnicas adequadas, visando que seus alunos melhorem as atitudes em relação à disciplina ministrada por ele.

Sabe-se que o processo de ensino- aprendizagem é bastante complexo e nele intervêm inúmeros fatores, cabendo apontar as categorias in- trapessoais (fatores internos do aprendiz) e situacio- nais (fatores presentes na situação de aprendizagem), como destacam Ausubel et al (1980) e outros teóricos da aprendizagem. O processo de aprendizagem é intrinsecamente idiossincrático. Os resultados do tra- balho em sala de aula podem ser influenciados por variáveis da estrutura cognitiva, como o desenvolvi- mento de prontidão, a aptidão intelectual, a motivação e as atitudes, além de fatores de personalidade huma- na. Pode ser influenciado, também e dentre inúmeros outros elementos, por características relativas à práti- ca do professor, características da disciplina acadêmica e seu lugar nos programas escolares além de fatores sociais, e grupais, e de características do professor.

A atual pesquisa fortaleceu a ideia de que edu- cadores matemáticos devem compreender questões referentes ao processo ensino-aprendizagem, sobre relações entre atitude “sentimento” e o desempenho numa atividade acadêmica, e outros inúmeros aspec- tos que podem influenciar o trabalho na sala de aula, tais como: inteligência, motivação e relações interpes- soais. Espera-se que os resultados apresentados na presente pesquisa, considerando-se o alcance e limita- ções de uma pesquisa circunscrita a uma determinada amostra, possam contribuir para que os professores reflitam sobre a complexidade do processo ensino- aprendizagem, especificamente do Cálculo Diferencial e Integral.

Notas

1Escala de atitudes em relação à Matemática, do tipo Likert (Aiken e Dreger, 1961, Aiken, 1963), adaptada e validada por Brito, 1998.

6. REFERÊNCIAS

AJZEN, I. Nature and operations of attitudes. Annual Reviews Psycho- logy, v. 52, p. 27-58, 2001.

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