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Radiol Bras vol.35 número6

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Academic year: 2018

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V

Radiol Bras 2002;35(6):V–VI

QUAL O SEU DIAGNÓSTICO?

Celso Montenegro Turtelli1, Hélder de Souza Lima e Silva2

Trabalho realizado nos Departamentos de Radiologia da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro (FMTM) e do Hospital São Domingos, Uberaba, MG. 1. Professor Adjunto de Radiologia da FMTM, Chefe do Serviço de Radiologia do Hospital São Domingos. 2. Residente de Radiologia da FMTM. Endereço para correspondência: Prof. Dr. Celso Montenegro Turtelli. Rua Constituição, 751. Uberaba, MG, 38025-110. E-mail: celso@mednet.com.br

Paciente do sexo feminino, branca, 56 anos de idade. Há 20 anos iniciou quadro de pequenas lesões esbranquiçadas, duras e dolorosas nas extremidades dos dedos das mãos. Ao exame físico havia pápulas com base endurecida nos quirodáctilos,

fe-nômeno de Raynaud e placas endurecidas nas regiões do joelho e cotovelo esquerdos. Queixava-se também de pirose ocasional e disfagia, que se acentuaram no último ano. Exames laboratoriais sem alterações.

Figura 1. Radiografia da mão esquerda.

Figura 4. Seriografia do esôfago.

Figura 3. Radiografia do joelho esquerdo.

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VI Radiol Bras 2002;35(6):V–VI Achados de imagem

A radiografia da mão (Figura 1) eviden-cia calcificações grosseiras agrupadas no segundo dedo e afilamento das falanges distais com pequenas calcificações de par-tes moles. A radiografia do cotovelo (Fi-gura 2) mostra calcificações grosseiras e extensas em partes moles, próximas à ulna. A radiografia do joelho (Figura 3) mostra calcificações na topografia do tendão pa-telar. A seriografia do esôfago (Figura 4) demonstra dilatação com disperistalse e retardo do esvaziamento. A paciente tam-bém realizou endoscopia digestiva alta, com biópsia do esôfago, que revelou esô-fago de Barret, sem sinais de displasia.

COMENTÁRIOS

As alterações clínicas e radiológicas convergem para o diagnóstico de síndro-me CREST. Esta síndrosíndro-me corresponde à forma limitada da esclerose sistêmica e é caracterizada pelas seguintes alterações: calcinose (C), fenômeno de Raynaud (R), doença esofágica (E), esclerodactilia (S) e telangiectasia (T).

Todas as manifestações viscerais da esclerodermia difusa podem também ocor-rer na doença limitada, com exceção de doença renal, que é muito rara. Há predo-minância no sexo feminino, na proporção de 3/1, com início geralmente entre a ter-ceira e quarta décadas de vida. Não há tes-tes diagnósticos específicos. A velocidade de hemossedimentação pode estar ligeira-mente aumentada e o hemograma mostra anemia de doença crônica. Provas do lá-tex da artrite reumatóide e anticorpos an-tinúcleo podem ser positivas. Anticorpos anticentrômero são positivos em menos de 50% dos casos.

Manifestações clínicas

1 – O fenômeno de Raynaud é a quei-xa inicial em 70% dos pacientes,

ocorren-do a tríade palidez/cianose/eritema, na maioria das vezes em mãos e pés, e poden-do durar de poucos minutos a várias ho-ras. Pode haver predomínio de cianose, levando a fibroses depressíveis dos dedos, gangrena e auto-amputação.

2 – O aspecto da pele constitui carac-terística importante. O diagnóstico pode ser estabelecido ao se examinar a textura e a localização da pele endurecida. A ri-gidez da pele começa nos dedos das mãos em quase todos os casos. A fase inicial do comprometimento cutâneo caracteriza-se por edema depressível, indolor, seguido de perda gradual do edema, dando lugar a uma pele espessa, dura e esticada. Nos estágios mais avançados da doença pode ocorrer atrofia (adelgaçamento), resultan-do em frouxidão da derme superficial. A atrofia é observada principalmente nas articulações — nos locais das contraturas em flexão — como o cotovelo e as articu-lações interfalangianas proximais; essas áreas estão propensas ao desenvolvimen-to de ulcerações. São comuns alterações de pigmentação. Outras alterações cutâ-neas incluem calcificações subcutâcutâ-neas e telangiectasias dos dedos das mãos, face, lábios e antebraços.

3 – Esôfago: A principal anormalidade é atrofia e fibrose da musculatura esofági-ca, afetando a parte do músculo liso e sen-do mais acentuadas no esfíncter gastroe-sofágico (a pressão de repouso fica redu-zida). As ondas peristálticas primárias tor-nam-se progressivamente mais fracas, à medida que se aproximam do esfíncter. A anormalidade evidente é um esfíncter gas-troesofágico dilatado, que permite o reflu-xo livre do conteúdo gástrico. O paciente apresenta sintomas de refluxo (regurgita-ção, pirose, sangramento). Disfagia é me-nos comum. Os sintomas geralmente apa-recem em pacientes com alterações cutâ-neas típicas, mas os defeitos de motilidade podem anteceder outros achados da

doen-ça. Com o tempo, a esofagite intensa pode produzir estenose, e o encurtamento do esôfago pode levar a hérnia de hiato.

A síndrome CREST também pode afe-tar o sistema músculo-esquelético (artral-gia, artrite, miopatia, rigidez matinal), apa-relho respiratório (alveolite fibrosante, opacidades reticulares ou reticulonodula-res, sendo que a tomografia computadori-zada mostra opacidades em vidro fosco, bronquiectasia de tração e bronquioloec-tasia, distorção arquitetural, espessamen-to pleural ou derrame, com distribuição predominantemente periférica e nas ba-ses), trato gastrointestinal (pseudo-obstru-ção e má-absor(pseudo-obstru-ção de nutrientes), cora(pseudo-obstru-ção (miocardiopatia restritiva ou defeitos de condução). Cirrose biliar primária associa-se a escleroassocia-se sistêmica de longa duração, forma limitada.

Tratamento

A) Raynaud: Redução do vasoespas-mo, evitar “stress” ou frio. Bloqueadores do canal do cálcio (por exemplo: nifedi-pina, diltiazen). Para pacientes com úlce-ras digitais citam-se aspirina e dipiridamol. B) Artralgias: Agentes antiinflamató-rios não-esteróides.

C) Dismotilidade esofágica: Precauções contra refluxos.

D) Manifestações pulmonares: A fibro-se inflamatória intersticial tem sido trata-da com glicocorticóides e ciclofosfamitrata-da. Para hipertensão pulmonar, suplementa-ção de oxigênio e agentes vasodilatadores. Outras doenças com alterações cutâ-neas que simulam a esclerodermia são: fas-ciite eosinofílica, síndrome de mialgia eo-sinofílica, reação crônica de enxerto ×

Imagem

Figura 2. Radiografia do cotovelo esquerdo.

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